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Penal III – Resumo para Provas AV2 - AV3 D

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Penal III – Resumo para Provas
Penal_Concurso_de_Crimes_Quadro_Resumo
Penal III – Resumo para Provas
HOMICÍDIO: Art. 121
Bem jurídico tutelado – vida humana;
Sujeitos ativo e passivo – tratando-se de crime comum, pode ser cometido por 
qualquer pessoa; sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa viva.
Consumação e tentativa – consuma-se com a morte da vítima; a tentativa ocorre 
quando, iniciada a execução, o crime não se consuma por circunstâncias alheia à 
vontade do agente. A tentativa pode ser perfeita (crime falho) ou imperfeita.
Elementos objetivo e subjetivo do tipo – admite-se qualquer meio de execução; 
pode ser cometido por intermédio de ação ou omissão (art. 13, §2º do CP) ; por 
meios materiais ou morais; diretos ou indiretos. O elemento subjetivo é o dolo, que 
pode ser direto (de 1º ou de 2º grau) ou eventual.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz na hipótese de homicídio – a 
desistência voluntária e o arrependimento eficaz são previstos no art. 15 do CP. 
Aquela consiste na abstenção de uma atividade; este tem lugar quando o agente, 
já tendo ultimado o processo de execução, desenvolve nova atividade impedindo a 
produção do resultado morte. Se o agente dispõe de várias munições no tambor 
da arma, mas, dispara apenas uma e cessa sua atividade, há desistência voluntária 
ou não-repetição de atos de execução? Desistência voluntária. É diferente daquele 
que só efetua um disparo por só ter uma munição no tambor. O agente responde 
pelos atos já praticados (é a tentativa qualificada – retira-se a tipicidade dos atos 
somente com referência ao crime em que o sujeito iniciou a execução) – se o 
sujeito desiste de consumar o homicídio, responde por lesão corporal, mas, tanto 
na desistência voluntária, quanto no arrependimento eficaz, é preciso que não haja 
consumação.
Figuras típicas do homicídio – homicídio simples. Atividade típica de grupo de 
extermínio x homicídio simples – homicídio simples é a realização estrita da 
conduta de matar alguém. Quando o homicídio simples é praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, será hediondo. Extermínio é a matança generalizada 
que elimina a vítima pelo simples fato de pertencer a determinado grupo ou 
determinada classe social ou racial. Pode ocorrer a morte de uma única vítima, 
desde que com as características acima (impessoalidade da ação). Há 
entendimento de que o homicídio simples praticado em atividade de grupo de 
extermínio, passa a ser qualificado pelo motivo torpe.
Homicídio privilegiado – § 1º, do art. 121 do CP. Impelido por relevante valor social 
– a motivação e o interesse são coletivos, atingem a toda a sociedade (ex.: 
homicídio do traidor da pátria); impelido por relevante valor moral – encerra um 
interesse individual, mas, um interesse superior, enobrecedor (ex.: eutanásia). É 
preciso tomar como paradigma a média existente na sociedade e não analisar o 
sentimento pessoal do agente;sob domínio de violenta emoção, logo em seguida 
a injusta provocação da vítima – emoção é a viva excitação do sentimento, é uma 
descarga emocional passageira. É preciso que se trate de violenta emoção e que o 
sujeito esteja sob o domínio da mesma, ou seja, sob o choque emocional próprio 
de quem é absorvido por um estado de ânimo caracterizado por extrema 
excitação sensorial e afetiva. Além disso, é fundamental que a provocação tenha 
partido da própria vítima e que seja injusta, não permitida, não permitida, não 
autorizada por lei. A injustiça da provocação deve justificar, de acordo com o 
consentimento geral, a repulsa do agente. Por fim, é preciso que a reação seja 
imediata, isto é, entre a causa (injusta provocação) e a emoção, praticamente deve 
inexistir intervalo (ex improviso).
Redução da pena – no caso de homicídio privilegiado, a pena será reduzida de 1/6 
a 1/3. Embora o § 1º do art. 121 mencione que o juiz pode reduzir a pena, não se 
trata de faculdade, pois, ocorrendo qualquer causa de diminuição dentre as 
previstas no dispositivo, o réu tem direito subjetivo à redução. A facultatividade 
está noquantum da redução.
Concurso entre homicídio privilegiado e qualificado – as privilegiadoras não 
podem concorrer com as qualificadoras subjetivas, mas, nada impede que 
concorram com a qualificadoras objetivas. Ver art. 492, § 1º, do CPP e Súmula 162 
do STF. Aplica-se a pena do § 2º, com a diminuição do § 1º, do art. 121 do CP.
HOMICÍDIO QUALIFICADO:
Motivos Qualificadores – segundo a doutrina majoritária, os motivos qualificadores do 
homicídio não se comunicam, pois, são individuais e não constituem elementares típicas 
(sem os motivos qualificadores continua a existir homicídio). Fútil: é o motivo 
insignificante, banal (não se confunde com a ausência de motivo); torpe: é o motivo 
repugnante, abjeto, vil, indigno, que repugna a consciência média; paga e promessa de 
recompensa: é uma das modalidades de torpeza. Na paga o agente recebe perviamente 
e, na promessa de recompensa há somente uma expectativa de paga. A paga ou 
promessa de recompensa não precisam ser em dinheiro, podendo se dar através de 
qualquer vantagem. Respondem pelo crime qualificado quem executa e quem paga ou 
promete recompensa. Não é necessário o recebimento da recompensa, basta a 
promessa. Se o pagamento ocorreu depois do crime sem que tenha havido acordo 
prévio, ou se houve mandato gratuito, o crime não será qualificado.
– Meios qualificadores – Veneno: só qualifica o crime se utilizado sissimuladamente (é 
um meio insidioso). Para fins penais, veneno é toda substância que tenha idoneidade 
para provocar lesão no organismo (ex.: açúcar em excesso, ministrado para um 
diabético). Sua administração forçada ou com o conhecimento da vítima não qualifica o 
crime; fogo ou explosivo: podem constituir meio cruel ou meio de que pode resultar 
perigo comum; asfixia: é o impedimento da função respiratória e pode ser mecânica ou 
tóxica; tortura: é meio que causa prolongado, atroz e desnecessário padecimento. Se o 
agente tortura a vítima com a intenção de matá-la, responde por homicídio qualificado; 
se tortura a vítima sem intenção de matá-la, mas, a morte ocorre culposamente (crime 
preterdoloso), responde por crime de tortura (art. 1º, § 3º da Lei 9.455/97); se inicia a 
tortura desejando apenas torturar, mas, durante a tortura resolve matar a vítima, haverá 
dois crimes em concurso material (tortura e homicídio); meio insidioso ou cruel: 
insidioso é o recurso dissimulado, consistindo na ocultação do verdadeiro propósito do 
agente, é o meio disfarçado que objetiva surpreender a vítima; meio cruel é a forma 
brutal de perpetrar o crime, é o meio bárbaro, martirizante, que revela ausência de 
piedade; traição: é o ataque sorrateiro, inesperado, é a ocultação física ou moral da 
intenção, é a deslealdade; emboscada: é a tocaia, a espreita, verificando-se quando o 
agente se esconde para surpreender a vítima, é a ação premeditada de aguardar oculto 
a presença da vítima; dissimulação: é a ocultação da intenção hostil, do projeto 
criminoso para surpreender a vítima (o agente se faz passar por amigo da vítima, por 
exemplo); recurso que dificulte a defesa da vítima: é hipótese análoga à traição, 
emboscada ou dissimulação, do qual são exemplificativas (ocorre interpretação 
analógica);
– Fins qualificadores – assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de 
outro crime:na primeira hipótese, o que qualifica o homicídio não é prática de outro 
crime, mas o fim de assegurar a execução deste, que pode até não ocorrer; no caso de 
ocultação ou impunidade, a finalidade do agente é destruir prova de outro crime ou 
evitar-lhe as conseqüências jurídico-penais; no caso de vantagem de outro crime a 
finalidade é garantir o êxito do empreendimento delituoso e a vantagem pode ser 
patrimonial ou não, direta ou indireta.
Obs.: a premeditação, por si só, não qualifica o homicídio.
– HOMICÍDIOCULPOSO:
– Estrutura do crime culposo – no crime culposo não se pune a finalidade ilícita da 
conduta, pois, geralmente a conduta é destinada a um fim lícito, mas, por ser mal 
dirigida, gera um resultado ilícito. O fim perseguido é irrelevante, mas, os meios 
escolhidos são causadores de um resultado ilícito. Há uma divergência entre a conduta 
praticada e a conduta que deveria ser praticada. Na culpabilidade dos crimes culposos 
também é indispensável a imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e 
exigibilidade de conduta conforme o Direito.
– Dolo eventual e culpa consciente – ambos apresentam um traço comum: a previsão 
do resultado proibido. No dolo eventual o agente anui ao advento desse resultado; na 
culpa consciente, repele a superveniência do resultado, na esperança convicta de que 
este não ocorrerá. Havendo dúvida entre um e outra, deve prevalecer o entendimento 
de que houve culpa consciente (menos gravosa para o agente), em razão da aplicação 
do princípio in dubio pro reo.
– Tentativa de homicício culposo – segundo o entendimento majoritário, é impossível, 
pois, trata-se, na verdade, de crime preterdoloso (o resultado foi maior do que o 
inicialmente pretendido). Logo, como a tentativa fica aquém do resultado desejado, 
conclui-se ser inadmissível nos crimes preterintencionais. Na tentativa há o dolo de 
matar, mas, o resultado não se consuma; no homicídio culposo, não há o dolo de matar, 
mas, o resultado se consuma.
– Majorante para homicídio culposo – O CP, no § 4º do art. 121, enumera taxativamente 
quatro modalidades de circunstâncias que determinam o aumento da pena no 
homicídio culposo: a)Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: não 
se confunde com a imperícia, pois, nesse caso, o agente conhece a regra técnica, mas 
não a observa. A imperícia, por fazer elemento da culpa, situa-se no tipo e a 
inobservância de regra técnica se localiza na culpabilidade. Qualquer modalidade de 
culpa (imprudência, negligência ou imperícia) permite a aplicação dessa majorante; 
b)omissão de socorro à vítima: não constitui crime autônomo como ocorre no art. 135 
do CP, mas, simples majorante. Só incidirá quando for possível prestar o socorro. O risco 
pessoal afasta a majorante; c) não procurar diminuir as conseqüências do 
comportamento: não deixa de ser uma omissão de socorro; d) fuga para evitar prisão 
em flagrante: a majorante incide em razão do sujeito ativo procurar impedir a ação da 
justiça. A fuga por justo motivo afasta a majorante, assim como ocorre na omissão de 
socorro à vítima.
– Homicídio doloso contra menor e contra maior de 60 (sessenta) anos – a Lei 
8.069/90 acrescentou essa causa de aumento no § 4º, 2ª parte, do art. 121 do CP. Trata-
se de causa de aumento de natureza objetiva e aplicação obrigatória sempre que o 
homicídio, em qualquer de suas modalidades dolosas (simples, privilegiado, ou 
qualificado), for praticado contra menor de 14 anos. Se o homicídio é praticado no dia 
em que a vítima completa 14 anos não incide a causa de aumento (não é mais, menor 
de 14 anos). Também sofre aumento de 1/3 a pena do homicídio doloso praticado contra 
maior de 60 (sessenta) anos. Porém, como esta regra foi acrescentada ao CP pelo 
Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que entrou em vigor em 30/12/2003, somente a 
partir desta data passou a valer. É preciso que a idade da vítima entre na esfera de 
conhecimento do agente.
– Homicídio culposo no trânsito – O art. 302 da Lei 9.503/97 (CTB) tipificou o homicídio 
culposo praticado na direção de veículo automotor como crime de trânsito. Alguns 
juristas entendem tratar-se de norma inconstitucional por ferir o princípio da isonomia, 
pois, o homicídio culposo do CP prevê pena de 1 a 3 anos de detenção e, o homicídio 
culposo do CTB prevê pena de 2 a 4 anos de detenção. Porém, outros entendem não 
haver inconstitucionalidade, pois, o desvalor da ação no homicídio culposo cometido na 
direção de veículo automotor é maior do que aquele existente no homicídio culposo 
genérico. É crime remetido (art. 121, § 3º do CP); culposo (se o atropelamento for 
doloso, aplica-se o art. 121 do CP e não o art. 302 do CTB); não admite tentativa; é crime 
de dano; é crime material (exige resultado naturalístico); tutela a vida; tem como sujeito 
passivo qualquer pessoa, desde que determinada; tem como sujeito passivo qualquer 
pessoa, desde que esteja na direção de veículo automotor (veículo automotor vem 
definido no anexo I do CTB); O art. 302 não faz menção expressa quanto ao local onde 
o delito pode ser cometido, mas, entende-se que, em razão do disposto no art. 1º, §1º e 
art. 2º do CTB que determinam que este código regerá o trânsito nas vias terrestres do 
Território Nacional abertas à circulação, é necessário que o sujeito ativo esteja na 
direção de veículo automotor e, além disso, que esteja em via pública (aberta à 
circulação), embora, Damásio de Jesus entenda que os delitos do CTB podem ser 
cometidos em qualquer lugar, público ou privado. Segundo a primeira corrente, se o 
delito acontecer em local privado (interior de uma fazenda, por exemplo) aplica-se o CP 
que prevê pena menor para o homicídio culposo com possibilidade, inclusive, de 
aplicação do art. 89 da lei 9.099/95.
– Perdão judicial – o § 5º do art. 121 do CP refere-se à hipótese em que o agente é 
punido diretamente pelo próprio fato que praticou, em razão das gravosas 
conseqüências produzidas, que o atingem profundamente. A gravidade das 
conseqüências deve ser aferida em função da pessoa do agente, não se cogitando aqui 
de critérios objetivos. As conseqüências não se limitam aos danos morais, podendo 
constituir-se de danos materiais (ex.: pai que causa, culposamente, acidente de trânsito 
no qual morre seu filho). Embora haja opiniões em contrário, a doutrina majoritária 
entende que, presentes os requisitos, a concessão do perdão pelo juiz é obrigatória.
– INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (art. 122 do Código Penal)
– Bem jurídico tutelado – vida humana
– Natureza jurídica da morte e das lesões corporais de natureza grave: segundo a 
doutrina majoritária a morte ou as lesões corporais de natureza grave constituem 
condição objetiva de punibilidade do crime de participação em suicídio. Para Cezar 
Roberto Bitencourt as condições objetivas de punibilidade não fazem parte do crime, 
mas, pressupões que este já esteja perfeito e acabado, sendo aquelas, apenas condições 
para imposição da pena. Portanto, o referido autor entende que a morte e as lesões 
corporais graves devem fazer parte do dolo do agente e, assim, seriam elementos 
constitutivos do tipo, sem os quais, a conduta de quem instiga ou induz se torna 
atípica.
– Sujeitos ativo e passivo – trata-se de crime comum e, por isso, sujeito ativo pode ser 
qualquer pessoa (capaz de induzir, instigar ou auxiliar) – admite-se co-autoria e 
participação em sentido estrito; sujeito passivo é a pessoa induzida, instigada ou 
auxiliada que pode ser qualquer pessoa viva e capaz de entender o significado de sua 
ação e de determinar-se conforme esse entendimento (é indispensável capacidade de 
discernimento), pois, caso contrário estaremos diante de homicídio.
– Consumação e tentativa – consuma-se o crime com a morte da vítima (mero 
induzimento, instigação ou auxílio não consumam o crime, pois, trata-se de crime 
material e não formal). A tentativa, para alguns é impossível (Damásio E. de Jesus) e, 
para outros, haverá tentativa quando a instigação, o induzimento ou o auxílio não 
produzirem a morte, mas, gerarem lesões corporais de natureza grave (Cezar Roberto 
Bitencourt denomina essa situação de tentativa qualificada).
– Classificação doutrinária – trata-se de crime comum, comissivo, excepcionalmente 
omissivo (auxílio), de dano, material, instantâneo, doloso, de conteúdo variado e 
plurissubisistente (se perfaz por meio de vários atos – é precisoa morte ou lesões 
corporais graves).
–“Pacto de morte” – verifica-se o pacto de morte quando duas pessoas combinam, por 
qualquer razão, o duplo suicídio. Nessa hipótese, o sobrevivente responderá por 
homicídio, desde que tenha praticado ato executório. Se nenhum morrer, aquele que 
realizou atos executórios contra o parceiro responderá por tentativa de homicídio e 
aquele que ficou somente na “contribuição” responderá por tentativa de induzimento, 
instigação ou auxílio ao suicídio, se houver, pelo menos, lesão corporal grave.
Ex.: A e B trancam-se em um quarto hermeticamente fechado. A abre a torneira de gás; 
B sobrevive. Nesse caso, B responde por participação em suicídio.
Se o sobrevivente é quem abriu a torneira, responde por homicídio, pois praticou ato 
executório de matar.
Os dois abrem a torneira de gás, não se produzindo qualquer lesão corporal, em face da 
intervenção de um terceiro: ambos respondem por tentativa de homicídio um do outro, 
pois, os dois praticaram ato executório de matar.
Se um terceiro abre a torneira de gás e os dois se salvam, não havendo lesão corporal 
de natureza grave, os dois não respondem por nada, pois sua conduta é atípica, mas, o 
terceiro responde por dupla tentativa de homicídio.
Se os dois sofrem lesões corporais graves, sendo que A abriu a torneira de gás e B não, 
aquele responde por tentativa de homicídio e este por participação em suicídio.
Nos casos de “roleta russa” o sobrevivente responde por participação em suicídio. No 
entanto, se um dos jogadores for coagido a participar e o coator sobreviver, responderá 
por homicídio.
– INFANTICÍDIO (art. 123 do Código Penal)
– Bem jurídico tutelado – vida humana. Protege-se a vida do nascente e do recém-
nascido.
– Sujeitos ativo e passivo – somente a mãe pode ser sujeito ativo e, desde que se 
encontre sob a influência do estado puerperal. Trata-se de crime próprio. Sujeito 
passivo é o próprio filhonascente (durante o parto) ou recém-nascido (logo após).
– Natureza jurídica do estado puerperal – tem natureza jurídica de elemento normativo 
do tipo.Porém, deve conjugar-se com outro elemento normativo que é a circunstância 
de ocorrer durante o parto ou logo após. São requisitos cumulativos. Devemos observar, 
no entanto, que, com relação ao estado puerperal, quatro situações podem ocorrer: 1) o 
puerpério não produz nenhuma alteração na mulher (caso em que haverá homicídio); 
2) acarreta-lhe perturbações psicossomáticas que são a causa da violência contra o 
próprio filho (caso em que haverá infanticídio); c) provoca-lhe doença mental (caso em 
que a parturiente será isenta de pena por inimputabilidade – art. 26, caput, do CP); d) 
produz-lhe perturbação da saúde mental diminuindo-lhe a capacidade de 
entendimento ou de determinação (caso em que haverá redução da pena, em razão da 
semi-imputabilidade – p. único, art. 26 do CP).
– Elemento normativo temporal – é previsto na expressão “durante o parto ou logo 
após”. Para o Direito, inicia-se o parto com a dilatação, ampliando-se o colo do útero e 
chega-se ao seu final com a expulsão da placenta, mesmo que o cordão umbilical não 
tenha sido cortado. Entre estes dois marcos, estaremos na fase do “durante o parto”. 
Após a expulsão da placenta, inicia-se a fase do “logo após”. A lei não fixou prazo, mas, 
devemos considerar o variável período de choque puerperal. A doutrina tem sustentado 
que se deve dar uma interpretação mais ampla, para poder abranger todo o período do 
estado puerperal. Antes do início do parto, haverá aborto; após o término do estado 
puerperal, homicídio.
– Consumação e tentativa – consuma-se o infanticídio com a morte do filho nascente ou 
recém-nascido, levada a efeito pela própria mãe. Basta que a vítima nasça com vida, 
não se exigindo que tenha viabilidade fora do útero. Admite-se a tentativa quando o 
crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade da agente.
– Concurso de pessoas no infanticídio – uma corrente sustenta a comunicabilidade do 
estado puerperal da autora e, assim, os concorrentes responderiam todos por 
infanticídio; outra corrente sustenta a incomunicabilidade e, portanto, a mãe 
responderia por infanticídio e o participante, por homicídio.
Para Cezar Roberto Bitencourt, a influência do estado puerperal constitui uma 
elementar típica do infanticídio e, assim, de acordo com o que prevê o art. 30 do CP, 
haverá comunicabilidade, apesar de tratar-se de circunstância de caráter pessoal. 
Porém, é preciso analisar as seguintes hipóteses: 1) Mãe e terceiro praticam a conduta 
nuclear do tipo (pressupondo a presença dos elementos normativos específicos) – 
para alguns, de lege lata, haverá co-autoria em infanticídio. Porém, para outros, é 
preciso analisar o elemento subjetivo do agente. Se agiu com dolo de concorrer para o 
infanticídio, responderá por este delito. Entretanto, pode ser que haja no participante 
dolo de matar o filho da puérpera e com isso, aquele se utiliza desta como mero 
instrumento do crime, aproveitando-se de sua fragilidade. Nesse caso, se a mãe não 
tinha discernimento, haverá autoria colateral; se estava sob a influência do estado 
puerperal, mas possuía discernimento, pretendendo cometer infanticídio, responderá 
por este crime enquanto o participante responderá por homicídio. Nesse caso não 
haverá quebra da unidade da ação existente no concurso de pessoas, pois, aplicar-se-á 
à mãe o § 2º do art. 29 do CP; 2) o terceiro mata o nascente ou o recém nascido, com a 
participação meramente acessória da mãe – inquestionavelmente o fato principal 
praticado pelo terceiro é um homicídio. Quanto à mãe, em razão de sua especial 
condição, deverá responder por infanticídio, mas, para que não haja quebra da teoria 
monista, ambos teriam que responder pelo mesmo crime. Se dissermos que ambos 
responderão por infanticídio, haverá inversão da regra de que o acessório segue o 
principal e, se dissermos que ambos responderão por homicídio, a mãe estaria 
respondendo por fato mais grave do que aquele praticado. Assim, deve ser aplicado o § 
2º do art. 29 do CP, pois, embora tenha havido um crime único (homicídio), a puérpera 
quis participar de crime menos grave e, deverá ser-lhe aplicada a pena deste.
– Classificação doutrinária – O infanticídio é crime próprio, material, de dano, 
plurissubisistente (se perfaz em vários atos), comissivo e omissivo impróprio, 
instantâneo e doloso.
ABORTO:
– Bem jurídico tutelado – é a vida do ser humano em formação, embora, rigorosamente 
falando, não se trate de crime contra a pessoa, pois, o produto da concepção – feto ou 
embrião – não é considerado pessoa, para fins de Direto. Existe entendimento em 
sentido de que o nascituro já é pessoa. Quando o aborto é provocado por terceiro, o 
tipo penal protege também a incolumidade da gestante. É a vida intra-uterina (desde a 
concepção até momentos antes do parto).
– Sujeitos ativo e passivo – a) auto-aborto e aborto consentido (art. 124 do CP) – 
sujeito ativo é a gestante e sujeito passivo é o feto; b) no aborto provocado por 
terceiro (art. 125 do CP) – com ou sem consentimento da gestante, sujeito ativo pode 
ser qualquer pessoa; sujeito passivo, quando não há consentimento da gestante serão 
esta e o feto (dupla subjetividade passiva). No aborto não se aplica a agravante 
genérica do art. 61, II, h do CP.
– Espécies de aborto:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124 do CP) – no 
primeiro caso, a própria gestante interrompe a gravidez causando a morte do feto; no 
segundo, permite que outrem lho provoque. Trata-se de dois crimes de mão própria, 
pois, somente a gestante pode realizar. Porém, admite-se a participação em sentido 
estrito. Se o partícipe for além da atividade acessória, responderá pelo crime do art. 126 
do CP (esta é uma das exceções à teoria monista).
Aborto provocado sem consentimento da gestante (art. 125 doCP) – para alguns 
autores,pode assumir duas formas: sem consentimento real ou ausência de 
consentimento presumido (vítima não maior de 14 anos, alienada ou débil mental). Se 
houver consentimento da gestante, o crime será o do art. 124 do CP para esta e do art. 
126 para quem provoca o aborto (atipicidade relativa ou desclassificação). Não há 
concurso com o delito de constrangimento ilegal; não é necessária a violência, fraude 
ou grave ameaça, bastando que a gestante desconheça que nela está sendo feito 
aborto.
Aborto provocado com conhecimento da gestante (art. 126 do CP) – aqui, conforme já 
mencionado, há quebra da teoria monista, pois, a gestante responderá pelo art. 124 e o 
agente que nela provoca o aborto, pelo art. 126 do CP. O desvalor do consentimento da 
gestante é menor do que o desvalor da ação abortiva de terceiro. A conduta da primeira 
assemelha-se à conivência, embora não possa ser adjetivada de omissiva, enquanto a 
do segundo é sempre comissiva. O aborto consentido (art. 124, 2ª parte do CP) e o 
aborto consensual (art. 126 do CP) são crimes de concurso necessário, pois, exigem a 
participação da gestante e do terceiro.
– Consumação e tentativa do aborto – consuma-se o crime de aborto, em qualquer de 
suas formas, com a morte do feto ou embrião. Pouco importa que a morte ocorra no 
ventre materno ou fora dele. Também é irrelevante que o feto seja expulso ou 
permaneça nas entranhas da mãe. É indispensável a comprovação de que o feto estava 
vivo quando a ação abortiva foi praticada e que foi esta que lhe causou a morte 
(relação de causa e efeito entre a ação e o resultado). O aborto para alguns, pode ser 
praticado a partir da fecundação (Cezar Roberto Bitencourt); para outros, é preciso que 
tenha havido nidação.Admite-se a tentativa desde que, a morte do feto não ocorra por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. No auto-aborto, alguns sustentam ser 
impunível a tentativa, pois, o ordenamento brasileiro não pune a autolesão. Nesse caso, 
mais nos aproximamos da desistência voluntária ou do arrependimento eficaz do que 
de uma tentativa punível.
– Figuras majoradas do aborto – O art. 127 do CP prevê duas causas especiais de 
aumento de pena (e não qualificadoras como prevê a rubrica do artigo) para o crime de 
abordo praticado por terceiro, com ou sem o consentimento da gestante. Assim, se 
ocorrer lesão corporal grave, a pena aumenta-se de um terço; se ocorrer morte da 
gestante, a pena é duplicada. É indiferente que o resultado mais grave decorra do 
aborto em si, ou das manobras abortivas, ou seja, ainda que o aborto não se consume, 
se as manobras abortivas provocarem um dos dois resultados acima, haverá aumento 
de pena.As lesões leves integram o resultado natural da prática abortiva. Para que se 
configure o crime qualificado pelo resultado, é indispensável que o resultado mais grave 
decorra, pelo menos, de culpa (art. 19 do CP). Se houver dolo também em relação aos 
resultados mais graves, haverá concurso formal.
– Excludentes especiais de ilicitude: aborto humanitário e necessário – são previstas 
no art. 128 do CP, cujo inciso I, tem a rubrica de “aborto necessário” e o inciso II, a de 
“aborto em caso de gravidez resultante de estupro” que a doutrina e a jurisprudência 
encarregam-se de definir como “aborto sentimental ou humanitário”. Quando o CP diz 
que não se pune o aborto nas condições acima, está afirmando que, nesses casos, o 
aborto será lícito.
Aborto necessário – previsto no art. 128, I, do CP, também conhecido como terapêutico, 
constitui verdadeiro estado de necessidade. Exige dois requisitos simultâneos: a) perigo 
de morte da gestante; b) inexistência de outro meio para salvá-la. É necessário o perigo 
de morte, não sendo suficiente o perigo para a saúde. Se não houver médico no local, 
ainda assim o aborto pode ser praticado por outra pessoa, com base nos arts. 23, I e 24 
do CP. Havendo perigo de vida iminente, dispensa-se o consentimento da gestante ou 
de seu representante legal (art. 146, § 3º, I do CP). Além de tudo isso, o médico age no 
estrito cumprimento do dever legal nesses casos.
Aborto humanitário ou ético – previsto no art. 128, II, do CP pode ser licitamente 
praticado quando a gravidez é proveniente de estupro e há o consentimento da 
gestante. A prova tanto da ocorrência do estupro quanto do consentimento da gestante 
ou de seu representante legal, deve ser cabal. Atualmente a doutrina e a jurisprudência 
admitem, por analogia (já que trata-se de norma penal não incriminadora e a analogia é 
aplicada in bonan partem), o aborto sentimental quando a gravidez provém de atentado 
violento ao pudor. É desnecessária a autorização judicial, sentença condenatória ou 
mesmo processo criminal contra o autor do crime sexual e, além disso, a prova do 
estupro (ou do atentado violento ao pudor) pode ser feita por todos os meios em 
Direito admissíveis. Se o médico acautela-se da veracidade das informações, ainda que 
a gestante tenha mentido, a boa-fé daquele caracterizará erro de tipo, excluindo o dolo 
e afastando a tipicidade de sua conduta, mas, a gestante responderá pelo delito do art. 
124 do CP.
– LESÃO CORPORAL: Obs.: LEI 10.886/04 – Acrescentou os §§ 9º e 10 ao art. 129 do 
CP (inclusão da violência doméstica que causa lesão corporal.
– Bem jurídico tutelado – é a integridade corporal e a saúde da pessoa humana, isto é, a 
saúde do indivíduo.
– Sujeitos ativo e passivo – o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (é crime comum); 
o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa viva, exceto nas figuras qualificadas 
dos §§ 1º, IV e 2º, V, nas quais somente a mulher grávida pode figurar como sujeito 
passivo.
– Consumação e tentativa – consuma-se o delito com a efetiva lesão à integridade física 
ou a saúde de outrem. A pluralidade de lesões inflingidas num único processo de 
atividade não altera a unidade do crime. A tentativa é admissível, salvo nas modalidades 
culposa e preterdolosa. Caracteriza-se a tentativa quando o agente age com animus 
leadendi, mas não consegue concretizar o crime por circunstâncias alheias à sua 
vontade (é impedido por terceiro, por exemplo).
– Lesão corporal leve ou simples – a definição de lesão corporal leve é formulada por 
exclusão, ou seja, configura-se quando não ocorrer nenhum dos resultdados previstos 
nos §§ 1º, 2º, 3º e 6º do art. 129 do CP. A lesão corporal abrange ofensa à saúde do 
corpo e da mente, além de ofensa à integridade corpórea. A lesão corporal do caput do 
art. 129 do CP é sempre dolosa e, nesse caso, exige os seguintes requisitos: a) dano à 
integridade física ou à saúde de outrem; b) relação causal entre a ação e o resultado; c) 
animus leadendi. A previsão do § 5º do art. 129 destina-se somente à lesão corporal 
leve. Por fim, é preciso lembrar que a lesão corporal leve exige representação, conforme 
art. 88 da Lei 9.099/95.
– Aplicação do princípio da insignificância na lesão corporal leve – freqüentemente, 
condutas que se amoldam a determinado tipo penal, sob o ponto de vista formal, não 
apresentam nenhuma relevância material. Nessas circunstâncias, pode-se afastar 
liminarmente a tipicidade penal, porque, em verdade, o bem jurídico não chegou a ser 
lesado. Em função disso, alguns autores entendem que a lesão à integridade física ou à 
saúde deve ser, juridicamente, relevante. É indispensável, em outros termos, que o dano 
à integridade física ou à saúde não seja insignificante (Cezar Roberto Bitencourt, 
Rogério Greco e outros). A irrelevância deve ser aferida não apenas em relação à 
importância do bem jurídico tutelado, mas, especialmente em relação ao grau de sua 
intensidade. Para alguns, deve ser aferida a insignificância não apenas em relação ao 
desvalor do resultado, mas também, em relação ao desvalor da ação.
– Lesão corporal grave: hipóteses – o § 1º do art. 129 relaciona quatro hipóteses que 
qualificam a lesão corporal,quais sejam: 1) incapacidade para as ocupações habituais, 
por mais de 30 dias – relaciona-se ao aspecto funcional e não apenas econômico 
(trabalho, lazer, recreação etc.). Por isso, crianças e até bebês podem ser sujeitos 
passivos desta modalidade de lesão corporal. A simples vergonha de aparecer em 
público em razão das lesões, por si só, não qualifica o crime. A atividade deve ser lícita, 
mas, pode ser imoral, tal como: prostituição (que não é ilícita). Somente o exame de 
corpo de delito é insuficiente para a caracterização dessa qualificadora, exigindo-se o 
exame complementar logo que tenha decorrido o prazo de 30 dias, exame esse que 
pode ser suprido por prova testemunhal (art. 167, §§ 2º e 3º do CPP); 2) perigo de vida 
(perigo de morte) – deve haver não a simples possibilidade, mas, a probabilidade 
concreta e efetiva de morte quer como conseqüência da própria lesão, quer como 
resultado do processo patológico que esta originou. O perigo deve ser pericialmente 
comprovado. Se a probabilidade de morte da vítima tiver sido objeto do dolo do 
agente, o crime será o de tentativa de homicídio e não de lesões corporais; 3) 
debilidade permanente de membro, sentido ou função – debilidade é a redução ou 
enfraquecimento da capacidade funcional da vítima. Permanente é a debilidade de 
duração imprevisível (não é necessário que seja definitiva, perpétua e impassível de 
tratamento). Membros são partes do corpo que se prendem ao tronco. Sentido é a 
faculdade de percepção e de comunicação (visão, audição, olfato, paladar e tato). 
Função é a atividade específica de cada órgão do corpo humano (respiratória, 
circulatória etc.); 4) aceleração de parto – é a antecipação do nascimento do feto, com 
vida e viabilidade para permanecer vivo fora do útero da mãe. O agente deve ter 
conhecimento da gravidez da vítima.
Obs. Todas as qualificadoras do § 1º do art. 129 do CP são de natureza objetiva e, por 
isso, havendo concurso de pessoas, haverá comunicação.
– Lesão corporal gravíssima – O § 2º relaciona cinco hipóteses que qualificam a lesão 
corporal. Onomen iuris lesão corporal gravíssima é atribuído pela doutrina. 1) 
incapacidade permanente para o trabalho – aqui a incapacidade não é temporária, mas 
permanente e para o trabalho em geral, não somente para a atividade específica que a 
vítima vinha exercendo (ex.: agente que causa lesão corporal nas mãos de um pianista 
que lhe impeça de tocar piano, mas, não lhe impeça de exercer outras atividades 
laborativas não responde por lesão corporal gravíssima do § 2º, I, do art. 129 do CP). A 
incapacidade, que pode ser física ou psíquica, deve ser para o trabalho e não para as 
ocupações habituais. A permanência da incapacidade não precisa ser perpétua, 
bastando um prognóstico de irreversibilidade. Mesmo que a vítima se cure no futuro, a 
lesão gravíssima terá se configurado. 2)enfermidade incurável – é a doença cuja 
curabilidade não é conseguida no atual estágio da Medicina. A incurabilidade deve ser 
aferida com dados da ciência atual, com um juízo de probabilidade, sendo suficiente o 
prognóstico pericial. São inexigíveis intervenções cirúrgicas arriscadas ou tratamentos 
duvidosos. 3) perda ou inabilitação de membro, sentido ou função – há perda quando 
cessa o sentido, a função ou quando o membro é extraído, por meio de mutilação ou 
amputação (aquela ocorre no momento da ação delituosa; esta decorre de intervenção 
cirúrgica). Há inutilização quando cessa ou interrompe-se definitivamente a atividade 
do membro, sentido ou função, sem exclusão (sem extração). Entende-se que, tratando 
de membro ou órgão que exista em duplicidade (ex.: braços, olhos, orelhas, rins, 
pulmões etc.), a perda ou inutilização de um deles, restando o outro intacto, caracteriza 
a lesão corporal do art. 129, § 1º, III e não a do § 2º, III. 4) deformidade permanente – a 
deformidade deve representar lesão estética de certa monta, capaz de produzir 
desgosto, desconforto a quem vê e vexame ou humilhação ao portador. Deve ser 
analisada caso a caso (ex.: cicatriz no rosto de uma jovem é muito mais grave do que no 
rosto de um homem adulto). É necessário que haja compromentimento permanente, 
definitivo, irrecuperável do aspecto físico-estético. A deformidade não perde o caráter 
de permanente quando pode ser dissimulada por meios artificiais, como cirurgia 
plástica, a qual ninguém está obrigado. 5)aborto – trata-se de crime preterdoloso. O 
agente não pode querer nem assumir o risco de provocar o aborto, pois, caso contrário, 
poderá por dois crimes em concurso formal impróprio ou por aborto qualificado (art. 
127 do CP). É necessário que o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima.
Obs. Não caracteriza a perda de membro, sentido ou função a cirurgia para extração de 
órgãos genitais de transexual,com a finalidade de curá-lo ou de reduzir seu sofrimento 
físico ou mental. A conduta é atípica, pois, falta o dolo de ofender a integridade física 
ou a saúde de outrem.
– Possibilidade de tentativa na lesão corporal grave e gravíssima – a grande maioria da 
doutrina admite a tentativa de lesão corporal grave ou gravíssima (ex.: agente que tenta 
mutilar a vítima com um machado, golpeando-lhe na perna, mas, apenas causa 
ferimento e é impedido de prosseguir por um terceiro). O STF já decidiu, inclusive, pela 
admissibilidade de tentativa de lesão grave, ainda que a vítima não tenha sofrido 
qualquer ferimento (RHC 53.705 de 31/10/1975). Porém, a tentativa não é possível nos 
casos previstos no art. 129, §§ 1º, IV e 2º, V e 3º por tratarem-se de delitos preterdolosos, 
caso em que o resultado mais grave não pode fazer parte do dolo do agente.
– Lesão corporal seguida de morte – é conhecida na doutrina como homicídio 
preterdoloso (dolo nas lesões e culpa na morte) e tem previsão no art. 129, § 3º do CP. 
Se o resultado morte for decorrente de caso fortuito ou força maior, o sujeito 
responderá apenas pelas lesões corporais; se houver dolo eventual quanto ao resultado 
mais grave, o agente responderá por homicídio. A competência é do juiz singular (vide 
art. 74, § 1º do CPP).
– Figura privilegiada – prevista no art. 129, § 4º do CP. Aplica-se o mesmo raciocínio 
estabelecido para o art. 121, § 1º do CP.
– Lesão corporal culposa – sua previsão está no art. 129, § 6º do CP e irá configurar-se 
se presentes: comportamento humano voluntário; descumprimento de dever objetivo 
de cuidado; previsibilidade objetiva do resultado; lesão corporal involuntária. Não 
importa que a lesão causada culposamente seja leve, grave ou gravíssima, a pena será a 
do § 6º do art. 129 do CP (a gravidade da lesão e as circunstâncias do crime serão 
avaliados no momento da aplicação da pena – art. 59 do CP).
– Perdão judicial – admite-se o perdão judicial para a lesão culposa, conforme prevê o 
art. 129, § 8º do CP. Aplica-se aqui o raciocínio estabelecido quando da análise do art. 
121, § 5º do CP. Tem natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX 
do CP). Segundo Delmanto, aplica-se também aos casos do art. 129, § 7º do CP, mas, 
somente no que se refere ao agravamento da pena da lesão corporal culposa.
– CRIMES DE PERIGO
– Perigo de contágio venéreo
O crime de perigo de contágio venéreo é definido como o fato de “expor alguém, por 
meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de 
que sabe ou deve saber que está contaminado” (art. 130, CP).
– Bem jurídico tutelado
No crime de perigo de contágio venéreo o bem jurídico tutelado é a incolumidade física 
e a saúde da pessoa. A vida, ao contrário do que pensam alguns autores, não está entre 
os bens tutelados pelo tipo penal em estudo, já que, não há sequer previsão para 
punição em caso de morte da vítima neste delito. Sobrevindo este resultado, 
poderemos ter a lesão corporal seguida de morte, o homicídio doloso ou o homicídio 
culposo, tudo a depender doelemento subjetivo do agente.
– Sujeitos ativo e passivo
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, assim também como o sujeito passivo, não se 
exigindo nenhuma qualidade especial dos mesmos. Podem ser sujeitos passivo ou ativo, 
o cônjuge, a prostituta, o idoso, o jovem desde que imputável no caso de ser sujeito 
ativo, a criança como sujeito passivo etc.
– Elementos normativos “sabe” e “deve saber”
Para alguns autores a expressão “sabe” representa o dolo direto e a expressão “deve 
saber”, o dolo eventual; outros identificam nesta última, o elemento culpa.
Cezar Roberto Bitencourt contesta o entendimento acima afirmando que, a elementar 
“sabe” significa ter consciência e a elementar “deve saber” significa possibilidade de ter 
consciência. Para ele, admitir que o “deve saber” seja significativo de dolo eventual 
impede que se demonstre em cada caso concreto, a impossibilidade de o agente ter ou 
adquirir conhecimento de seu estado de contagiado o que geraria uma presunção legal 
em desfavor do mesmo vindo a configurar uma responsabilidade objetiva que, em sede 
de direito penal é impossível. O referido autor afirma que as expressões “sabe” e “deve 
saber” não se prestam para a classificação das espécies de dolo, até porque o dolo 
eventual não se compõe de simples possibilidade de consciência (deve saber), pois, 
esta deve ser analisada em sede de culpabilidade e não em sede de tipicidade, onde, na 
verdade, o dolo está situado.
– Consumação e tentativa
O crime de perigo de contágio venéreo consuma-se com a prática de atos de 
libidinagem (conjunção carnal ou não), capazes de transmitir moléstia venérea, 
independentemente do efetivo contágio que poderá ou não ocorrer. A efetiva 
contaminação será mero exaurimento da conduta, sendo, por isso, crime formal.
A despeito desta classificação (crime formal), Damásio e Bitencourt entendem possível 
a tentativa, pois, freqüentemente apresenta um iter criminis, que pode ser objeto de 
fracionamento. Haverá tentativa quando, por exemplo, o agente pretende manter 
relação sexual com a vítima e não consegue por razões alheias à sua vontade.
– Hipótese de crime impossível
Quando fica provado que a vítima já era portadora da mesma moléstia apresentada 
pelo agente, não haverá crime configurando-se o chamado crime impossível (art. 17 do 
CP) por absoluta impropriedade do objeto.
– Concurso de crimes e princípio da subsidiariedade
De acordo com entendimento de Cezar Roberto Bitencourt, se ocorrer eventual 
contaminação da vítima, haverá somente um exaurimento do crime de perigo de 
contágio venéreo, desde que o agente tenha o dolo de perigo (e não de dano). Assim, 
seja na figura do caput, seja na figura do § 1º do art. 130 do CP, não haverá concurso 
com o delito de lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). Para o referido autor o tipo 
penal do art. 130 é especial em relação ao do art. 129, ambos do CP e, somente se 
sobrevier a morte da vítima o agente poderá responder por lesão corporal seguida de 
morte (art. 129, § 3º). As lesões corporais, com efeito, estão absorvidas pela intenção de 
expor a perigo ou de transmitir a moléstia.
Porém, em relação aos crimes contra os costumes (estupro, atentado violento ao pudor, 
atentado ao pudor mediante fraude etc.), poderá haver concurso formal com o delito de 
perigo de contágio venéreo. Este concurso será próprio se houver o dolo de perigo 
(art.130, caput) e impróprio se houver dolo de dano (art. 130, § 1º), pois, aqui haverá 
desígnios autônomos, isto é, dolo de praticar crime contra os costumes e dolo de 
transmitir moléstia venérea.
– PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
Para alguns doutrinadores, o delito tipificado no artigo 131 do CP seria subsidiário do 
delito de lesões corporais (art. 129), pois, como no delito do art. 131 do CP basta o fim 
de transmitir moléstia grave (crime formal), se ocorrer o efetivo contágio haveria 
apenas lesão corporal. Este entendimento não tem fundamento porque seria impossível 
admitir que um crime determinado possa ser subsidiário de outro menos grave, haja 
vista que a pena cominada ao delito de lesões corporais leves varia de 3 meses a 1 ano 
de detenção, enquanto para o crime de perigo de contágio de moléstia grave, de 1 a 4 
anos de reclusão e multa.
Obs.: a ação penal é pública condicionada à representação.
– Bem jurídico tutelado
O bem jurídico tutelado é a incolumidade física e a saúde da pessoa humana. A vida não 
está protegida por este tipo penal, haja vista que, se sobrevier resultado morte, não há 
previsão de punição. Nesse caso, haverá homicídio ou lesão corporal seguida de morte.
– Sujeitos ativo e passivo
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, desde que esteja 
contaminado por moléstia grave e contagiosa. O sujeito passivo, igualmente, pode ser 
qualquer pessoa desde que não esteja contaminada por igual moléstia.
– Consumação e tentativa
O crime de perigo de contágio de moléstia grave consuma-se com a prática do ato 
idôneo para transmitir a moléstia, sendo indiferente a ocorrência efetiva da transmissão, 
que poderá ou não ocorrer (trata-se de crime formal). A efetiva contaminação 
constituirá mero exaurimento da conduta.
O dolo do agente é de dano, não obstante tratar-se de crime de perigo.
Admite-se, em tese, a forma tentada, mesmo tratando-se de crime formal, pois, 
freqüentemente apresenta um iter criminis que pode ser objeto de fracionamento.
Obs.: a ação penal é pública incondicionada.
– PERIGO PARA A SAÚDE DE OUTREM
Trata-se de crime de perigo e essencialmente subsidiário (há subsidiariedade expressa), 
pois, o preceito secundário complementa-se com a expressão “se o fato não constitui 
crime mais grave.”
– Bem jurídico tutelado
A vida e a saúde da pessoa humana, ou, em termos mais abrangentes, a incolumidade 
pessoal constitui objeto da tutela penal.
Não é necessário que ocorra o efetivo dano, bastando o simples perigo de dano (crime 
formal).
– Sujeitos ativo e passivo
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo desse crime, desde que sejam 
determinados. Não se exige qualquer condição ou atributo especial dos sujeitos.
É preciso observar, porém, que determinadas pessoas não poderão ser sujeitos passivos 
deste crime como, por exemplo, bombeiros, policiais etc., que têm o dever de suportar 
o perigo. Também não se enquadram como sujeitos passivos pessoas que exerçam 
prosissões ou atividades às quais o perigo é imanente como enfermeiros, corredores 
automobilísticos etc, salvo quando o perigo extrapolar os limites dos riscos inerentes 
às atividades, caso em quepoderá existir a figura delituosa.
– Consumação e tentativa
O crime de perigo para a vida ou a saúde de outrem consuma-se com o surgimento 
efetivo do perigo.
Este crime pode ser realizado sob as formas comissiva ou omissiva (exs.: sujeito que, 
agindo com dolo de perigo, induz o ofendido a ultrapassar uma pequena ponte que 
sabe não oferecer segurança – comissão; patrão que não fornece equipamento de 
proteção ao empregado – omissão).
A tentativa, embora de difícil configuração, pode ocorrer. Damásio entende que só é 
impossível a tentativa nos casos de omissão.
Obs.: o dolo do agente neste crime é de perigo e a ação penal é pública incondicionada.
– ABANDONO DE INCAPAZ
O crime de abandono de incapaz é de perigo concreto, pois, é o próprio núcleo típico – 
abandonar – que exige que o risco seja efetivo, real, concreto. Os §§ 1º e 2º caracterizam 
crimes preterdolosos.
– Bem jurídico tutelado
O bem jurídico protegido pelo art. 133 do CP é a segurança da pessoa humana, o seu 
bem-estar pessoal, particularmente do incapaz de proteger-se contra situações de 
perigo decorrentes do abandono.
Cezar Roberto Bitencourt entende que o tipo protege também a vida e a integridade 
físico-psíquica do incapaz, pois, embora não haja definição expressa no tipo penal doart. 133, o Capítulo no qual o mesmo está inserido intitula-se “DA PERICLITAÇÃO DA 
VIDA E DA SAÚDE”.
É irrelevante o consentimento do ofendido em razão da incapacidade de consentir do 
sujeito passivo e da indisponibilidade dos bens jurídicos tutelados (embora após o 
advento da Lei nº 9.099/95, a integridade física passou a ser relativamente disponível 
em razão da exigência de representação do ofendido para que seja promovida ação 
penal por lesões leves e culposas).
– Sujeitos ativo e passivo
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que tenha especial relação de 
assistência e proteção com a vítima,ou seja, desde que a vítima esteja sob seu cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade (é crime próprio).
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa que esteja numa das relações acima 
referidas (cuidado, guarda, vigilância ou autoridade) e não somente o menor e desde 
que seja incapaz de defender-se dos riscos decorrentes do abandono. Esta 
incapacidade não se confunde com aquela disciplinada no direito privado, bastando que 
a vítima seja faticamente incapaz.
– Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o abandono efetivo do incapaz e desde que este corra perigo 
real, efetivo, isto é, concreto, ainda que momentâneo, pois, é irrelevante a duração do 
abandono. É indispensável a comprovação da efetiva exposição a perigo.
Teoricamente é possível a tentativa, pois, pode haver um iter criminis. Ex.: o agente 
pode abandonar um incapaz, mas, antes que se configure o perigo, a vítima vir a ser 
socorrida por terceira pessoa.
– Formas qualificadas
Os §§ 1º e 2º do art. 133 prevêem figuras qualificadas pelo resultado (ou preterdolosas), 
se do abandono resultar (a) lesão corporal de natureza grave, ou (b) a morte da vítima.
Quem abandona incapaz com o qual tem especial relação de assistência ou proteção, 
cria com sua conduta, o risco da ocorrência do resultado e, nesse caso, assume a 
condição de garantidor, mas, não aquela prevista no art. 13, § 2º do CP, pois, no caso do 
art. 133, o agente não responde pelo resultado.
O § 3º do art. 133 prevê duas causas de aumento da pena caso (a) o abandono ocorra 
em local ermo, ou (b) o agente seja ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor 
ou curador da vítima.
– Forma culposa
Não há previsão de modalidade culposa para o delito tipificado no art. 133 do CP. No 
entanto, se, decorrentes do abandono culposo, que é impunível, resultarem danos para 
a vítima, o agente responderá por eles.
Obs.: a ação penal é pública incondicionada.
– EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
Segundo a melhor doutrina, as expressões “exposição” e “abandono” não foram 
utilizadas como sinônimas, nem mesmo como equivalentes na cabeça do art. 134 do CP. 
Entende-se que a exposição interrompe a guarda, mas, não a vigilância, ficando o 
agente, a distância ou disfarçadamente, na expectativa de que alguém encontre e 
recolha o exposto, ao passo que, no abandono, interrompe-se a guarda e a vigilância.
– Bem jurídico tutelado
O bem jurídico protegido é a segurança do recém-nascido, que, de acordo com Cezar 
Roberto Bitencourt, só pode seer quem veio ao mundo há poucos dias, não 
ultrapassando um mês e cujo nascimento não se tenha tornado público, já que exige o 
especial fim de agir (elemento subjetivo do tipo) “para ocultar desonra própria”.
Também de acordo com o autor supra protege-se, em termos genéricos, a vida e a 
integridade fisiopsíquica do recém-nascido.
– Sujeitos ativo e passivo
O sujeito ativo do crime de abandono de recém-nascido, para a doutrina e 
jurisprudência majoritárias, somente pode ser a mãe (crime próprio), visto que objetiva 
ocultar desonra própria. Entendo, porém, que não somente a mãe pode ser sujeito ativo 
deste delito. Suponha-se que um padre mantenha relações sexuais com uma das fiéis de 
sua paróquia e esta venha a conceber e dar à luz uma criança. Aquele, tentando ocultar 
sua desonra pode abandonar o recém-nascido.
Damásio de Jesus entende que o pai incestuoso ou adúltero também pode ser sujeito 
ativo deste delito.
Para os que entendem que somente a mãe pode ser sujeito ativo do crime, esta deve 
ser mulher honrada.
O sujeito passivo é o recém-nascido, com vida, fruto de relações extramatrimoniais, 
vindo ao mundo há poucos dias, não ultrapassando a um mês.
– Consumação e tentativa
Consuma-se esse crime com o abandono efetivo do recém-nascido, desde que este 
corra perigo efetivo, isto é, concreto, ainda que momentâneo, pois, é irrelevante a 
duração do abandono.
É possível a tentativa já que, há um iter criminis a ser percorrido pelo sujeito passivo. 
Exemplo: a mãe pode abandonar o filho recém-nascido, mas, antes que se configure o 
perigo, haver a intervenção de terceira pessoa.
– Forma qualificada
Segundo Bitencourt, com a Reforma da Parte Geral do CP e o advento do art. 13, § 2º, 
os §§ 1º e 2º do art. 134, assim como os §§ 1º e 2º do art. 133 sofreram revogação. No 
caso do art. 134, a mãe que abandona recém-nascido é duplamente garantidora, na 
condição de genitora (art. 13, § 2º, alínea a, do CP) e como criadora, com sua conduta 
anterior, do risco da ocorrência do resultado (art. 13, § 2º, alínea c, do CP). Assim, 
sobrevindo o dano, a mãe responderá por este, como autora, na forma de omissão 
imprópria.
Damásio de Jesus pugna pela manutenção das qualificadoras dos artigos 133 e 134 do 
CP, mesmo após a Reforma da Parte Geral do CP.
– Forma culposa
Não há previsão de modalidade culposa. Porém, se, decorrentes do abandono culposo 
(que não é previsto), resultarem danos para a vítima, o agente responderá por eles.
OMISSÃO DE SOCORRO
O crime de omissão de socorro é previsto no art. 135 do CP, cuja ação penal é pública 
inconsicionada.
O Direito Penal contém normas proibitivas e normas imperativas. A infração dessas 
normas imperativas constitui a essência do crime omissivo e consiste em não fazer a 
ação juridicamente ordenada.
– Bem jurídico tutelado
O bem jurídico tutelado é a preservação da vida e da saúde do ser humano fundada no 
dever de solidariedade humana. Trata-se de um dever geral que atinge a todos.
A assistência de um, desobriga todos os demais, desde que aquela seja suficiente.
– Sujeitos ativo e passivo
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e deve estar no lugar e no momento em que o 
periclitante precisa do socorro.
O sujeito passivo somente pode ser: a) criança abandonada ou extraviada; b) pessoa 
inválida ou ferida, desamparada; ou c) qualquer pessoa em grave e iminente perigo.
É fundamental que o sujeito passivo, mesmo nas condições acima descritas, não tenham 
capacidade de autodefender-se.
– Crimes omissivos próprios e impróprios
Os crimes omissivos consistem sempre na omissão de determinada ação que o sujeito 
tinha obrigação de realizar e que podia fazer. Dividem-se em: omissivos próprios que 
são os crimes de mera conduta, aos quais não se atribui qualquer resultado, sendo 
suficiente a simples omissão e devem sempre estar previsto em algum tipo 
penal;omissivos impróprios (comissivos por omissão) que são sempre crimes de 
resultado, não tendo tipologia própria. Ocorrem quando o agente podia e devia, por 
determinação legal, evitar o resultado. Sua previsão é feita no art. 13, § 2º do CP.
– Consumação e tentativa
Consuma-se a omissão de socorro no lugar e no momento em que a atividade devida 
tinha de ser realizada, isto é, onde e quando o sujeito ativo deveria agir e não o fez.
Por ser um crime omissivo próprio, não admite tentativa, pois, não exige resultado 
naturalístico produzido pela omissão. Trata-se de crime de ato único (unissubsistente), 
que não admite fracionamento, ou seja, se o agente ainda pode agir, não há omissão de 
socorro. A tentativa só é admitida nos crimes omissivos impróprios, pois, nestes deverá 
haver um resultado naturalístico.
1. – Concurso de pessoasnos crimes omissivos
Segundo Cezar Roberto Bitencourt, os crimes omissivos próprios admitem tanto co-
autoria quanto participação em sentido estrito. Se, por exemplo, duas pessoas recusam-
se a prestar socorro ao periclitante, respondem todas pelo crime, individualmente. 
Porém, se deliberarem, umas anuindo à vontade das outras, todas respondem pelo 
mesmo crime em concurso, em razão do liame subjetivo. Se alguém, mesmo não 
estando no local, por telefone, sugere, induz ou instiga a quem está em condições de 
socorrer que não o faça, responderá também pelo crime, mas, na condição de partícipe.
Também é possível a participação em sentido estrito e a co-autoria nos crimes 
omissivos impróprios.
Não se confunda, porém, participação em crimes omissivos com participação por 
omissão, em crimes comissivos. Esta ocorre quando o partícipe, através de uma 
omissão, facilita a ação dos (co) autores, como, por exemplo, o caixa que deixa o cofre 
aberto para facilitar o furto.
– Figuras majoradas
A superveniência de lesão corporal grave ou morte da vítima constitui circunstância de 
aumento de pena, conforme parágrafo único do art. 135 do CP, que deve ser apreciada 
na terceira fase da aplicação da pena.
– MAUS TRATOS
O crime de maus-tratos vem previsto no art. 136 e §§, do CP.
– Bem jurídico tutelado
Os bens jurídicos protegidos são a vida e a saúde da pessoa humana, especialmente 
daqueles submetidos a autoridade, guarda ou vigilância para fins de educação, ensino, 
tratamento ou custódia.
– Sujeitos do delito
O sujeito ativo é somente quem se encontre na condição especial de exercer 
autoridade, guarda ou vigilância, para fins de educação (atividade destinada a 
aperfeiçoar a capacidade individual), ensino (ministrar conhecimentos visando a 
formação cultural básica), tratamento (cura e subsistência) ou custódia (detenção de 
uma pessoa para fim autorizado em lei). Trata-se, por conseguinte, de crime próprio.
Não é qualquer pessoa, igualmente, que pode ser sujeito passivo do crime de maus 
tratos, mas somente pessoa que se encontra subordinada para fins de educação, ensino, 
tratamento e custódia. Qualquer outra subordinação ou submissão, para qualquer outra 
finalidade, além dessas relacionadas no tipo, não configurará o crime de maus-tratos.
– A relação de subordinação entre os sujeitos ativo e passivo como elementar delitiva
Para tipificar o crime de maus-tratos é indispensável a existência de uma relação de 
subordinação entre os sujeitos ativo e passivo.
Trata-se, no entender de Cezar Roberto Bitencourt, de uma elementar típica 
especializante, isto é, que torna essa figura típica um crime próprio ou especial, que só 
pode ser praticado por quem tenha uma das modaliddes vinculativas elencadas com a 
vítima. A ausência dessa especial relação de subordinação, afasta a adequação típica, 
mesmo que a conduta do sujeito ativo dirija-se a um fim educativo, corretivo ou 
disciplinar. Da mesma forma, ainda que exista a referida relação, se a finalidade das 
condutas tipificadas não se destinar a educação, ensino, tratamento ou custódia, não 
haverá o crime de maus-tratos.
– Distinção entre maus-tratos e tortura
A distinção entre maus-tratos e tortura se faz por meio do elemento subjetivo, isto é, o 
dolo do agente. Na tortura, a vontade do autor é a de causar dor, sofrimento; já no 
crime de maus-tratos, a vontade do agente é a de corrigir, de educar.
Há, porém, entendimento no sentido de que a diferenciação entre maus-tratos e tortura 
se dfaz por meio da intensidade do sofrimento.
– RIXA
Rixa é a briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violências 
físicas recíprocas e encontra-se tipificada no art. 137 do CP.
Exige-se, no mínimo, a participação de três pessoas lutando entre si, ainda que alguns 
sejam menores de 18 anos. Se existem duas pessoas lutando contra uma terceira não 
existe rixa. Também não há esse crime quando dois bandos se digladiam, praticando 
lesões corporais recíprocas, distinguindo-se o comportamento de cada componente. 
Quando isso ocorre, os componentes de cada bando, sob o regime do concurso de 
agentes, respondem por lesão corporal ou homicídio.
– Bem jurídico tutelado
Embora a descrição típica não se refira expressamente à vida ou à saúde do agente, sua 
preocupação com esses bens jurídicos está exatamente na punição da simples 
participação na rixa, pois, o legislador reconhece que esta possibilita, em tese, a 
produção de maiores danos à integridade fisiopsíquica do indivíduo.
– Sujeitos do delito
Os participantes da rixa são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos, uns em 
relação aos outros. No entanto, ninguém pode ser, ao mesmo tempo, sujeito passivo e 
ativo do crime de sua própria conduta. Na realidade o rixoso é sujeito ativo da conduta 
que pratica em relação aos demais e sujeito passivo das condutas praticadas pelos 
outros rixosos.
Pode-se afirmar que a própria ordem e tranqüilidade públicas são, mediatamente 
atingidas (sujeitos passivos), pois, também constituem objetos da proteção jurídica.
Além disso,sam ser atingidos pela rixa também podem ser sujeitos passivos deste 
delito.
– Concurso de pessoas
A rixa é um crime de concurso necessário, pois, caracterizas-se pela pluralidade de 
participantes, que nunca será inferior a três. Participante, como regra, será todo aquele 
que estiver presente no lugar e no momento da rixa e entrar diretamente no conflito ou 
auxiliando qualquer dos contendores. O fato de tratar-se de um crime de concurso 
necessário não impede, por si só, a possibilidade de existir participação em sentido 
estrito, uma vez que o partícipe não intervém diretamente no fato material, “não pratica 
a conduta descrita pelo preceito primário da norma penal, mas realiza uma atividade 
secundária que contribui, estimula ou favorece a execução da conduta proibida. Não 
realiza a atividade propriamente executiva. Essa contribuiçào do partícipe, que pode ser 
material ou moral, será perfeitamente possível, especialmenrixa ex proposito.
– Rixa ex proposito e ex improviso
A rixa ex improviso é aquela que surge subitamente enquanto a rixa ex proposito é 
proposital, ou seja, a rixa é combinada por três ou mais pessoas.
Há entendimento jurisprudencial no sentido de que a rixa só se caracteriza se for ex 
improviso, pois, se for ex proposito, poderá haver outra infração penal, mas não a rixa. 
Para Damásio de Jesus, porém, seja ex proposito, seja ex improviso, o delito será o de 
rixa.
– Consumação e tentativa
Consuma-se a rixa com a eclosão das agressões recíprocas, isto é, quando os 
contendores iniciam o conflito. Consuma-se no momento em que o participante entra 
na rixa para tomar parte dela voluntariamente. Ainda que um dos participantes desista 
da luta antes de esta ter chegado ao fim, responderá pelo crime, inclusive pela 
qualificadora, que pode ocorrer após sua retirada. Para a consumação é desnecessário 
que qualquer dos rixosos sofra lesão.
A tentativa, segundo Damásio de Jesus e Cezar Roberto Bitencourt, só é possível na 
rixa ex proposito, pois, aqui os rixosos podem combinar a briga com antecedência e, 
assim, é possível visualizar-se atos preparatórios; já na rixa ex improviso é impossível a 
tentativa. Ou os rixosos começam a se agredir mutuamente e o fato está consumado, ou 
não existe início de agressão, hipótese em que inexiste qualquer delito.
– Concurso de crimes: ameaça, lesão corporal e homicídio
Será atribuída responsabilidade penal de todos os crimes que um ou alguns rixosos 
praticarem durante a rixa, desde que devidamente identificada a autoria. Responderá o 
autor identificado em concurso material com a rixa, simples ou qualificada. Excluem-se 
somente as vias de fato, que são integrantes do conteúdo do crime de rixa.
Há quem sustente que o rixoso identificado como autor e responsável pelo homicídio ou 
lesão corporalgrave não pode responder pelo mesmo fundamento, por rixa agravada, 
pois, violaria o princípio do ne bis in idem. Porém, a doutrina majoritária entende 
diversamente, afirmando haver uma duplicidade de elemento subjetivo, isto é, o agente 
atue com dolo de participar na rixa e com dolo de causar lesão grave ou morte de 
alguém, devendo responder por rixa qualificada em concurso com a lesão corporal ou o 
homicídio.
– Figuras típicas: rixa simples e rixa qualificada
A rixa simples é aquela prevista no caput do art. 137 do CP, cuja pena é a de 15 (quinze) 
dias a 2 (dois) meses, ou multa.
A rixa qualificada vem prevista no parágrafo único do art. 137 do CP, com cominação de 
pena de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
A ocorrência de lesão corporal grave ou morte qualificam a rixa, respondendo por ela 
inclusive a vítima da lesão grave. Mesmo que a lesão grave ou a morte atinja estranho 
não participante da rixa configura-se a qualificadora. Quando não é identificado o autor 
da lesão grave ou do homicídio, todos os participantes respondem por rixa qualificada; 
sendo identificado o autor, os outros continuam respondendo por rixa qualificada, e o 
autor responderá pelo crime que cometeu em concurso material com a rixa qualificada 
(no meu entender, nesse caso, deve haver o dolo de lesionar ou matar e o dolo de 
participar da rixa, sob pena de se aceitar a responsabilidade penal objetiva).
A morte ou lesões corporais graves devem ocorrer durante a rixa ou em conseqüência 
dela; não podem ser antes ou depois, isto é, deve haver nexo causal entre a rixa e o 
resultado morte ou lesão corporal. A ocorrência de mais de uma morte ou lesão 
corporal não altera a unidade da rixa qualificada que continua sendo crime único, 
embora devam ser consideradas na dosimetria da pena.
O resultado agravado deverá recair sobre todos os que dela tomam parte, inclusive 
sobre os desistentes e sobre aqueles que tenham sido vítimas das lesões graves.
Obs.: O atual Código Penal não recepcionou os sistemas da solidariedade absoluta e da 
cumplicidade correspectiva. Pelo primeiro, todos os rixosos respondem pelo homicídio 
ou lesão grave, se ocorrer durante a rixa; pelo segundo, não sendo apurados os autores 
dos ferimentos causadores da morte ou das lesões graves, todos responderiam por esse 
resultado, fixando-se, porém, a pena num termo médio entre a que caberia ao autor e 
aquela que se aplicaria ao partícipe. O CP vigente preferiu o sistema da autonomia, 
incriminando a rixa, independentemente da morte ou lesão grave, que, se ocorrerem, 
somente qualificarão o crime.
– Rixa e legítima defesa
Apesar de existir muita divergência entre os doutrinadores, Damásio de Jesus e Cezar 
Roberto Bitencourt entendem ser possível a legítima defesa no crime de rixa. Quem, por 
exemplo, intervém na rixa em defesa própria ou de terceiros poderá invocar a 
excludente, pois não há participação na rixa com animus rixandi. Damásio entende que, 
mesmo que haja animus rixandi, se um dos indivíduos passa a ter um comportamento 
mais violento, como, por exemplo, utilizar uma faca, os outros podem agir em legítima 
defesa contra o mesmo.
A legítima defesa, porém, não excluirá a qualificadora se houver lesões corporais graves 
ou morte em razão da aplicação daquela excludente de ilicitude. Assim, quem mata em 
legítima defesa durante a rixa, não responde por homicídio, mas, responde por rixa 
qualificada, assim como os outros rixosos.
Se houver reação a uma suposta agressão (legítima defesa putativa), estará afastada a 
tipificação do crime de rixa, ainda que o erro seja evitável, pois, falta a vontade livre e 
consciente de participar de rixa e, além disso, este delito não admite a modalidade 
culposa (ver art. 20, § 1º do CP).
– CRIMES CONTRA A HONRA
– Bem jurídico tutelado
O CP, nos artigos 138 a 141, protege a honra, conjunto de atributos morais, físicos, 
intelectuais e demais dotes do cidadão, que o fazem merecedor de apreço no convívio 
social.
A honra pode ser subjetiva e objetiva. Honra subjetiva é o sentimento de cada um a 
respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoa 
humana. É aquilo que cada um pensa a respeito de si mesmo em relação a tais 
atributos. Honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeito do 
cidadão no tocante a seus atributos físicos, intelectuais, morais etc. Enquanto a honra 
subjetiva é o sentimento que temos a respeito de nós mesmos, a honra objetiva é o 
sentimento alheio incidindo sobre nossos atributos.
Obs.: há entendimento no sentido de que, em se tratando de ofendido funcionário 
público, se a ofensa for proferida em sua presença e em razão de suas funções, o crime 
será o de desacato (art. 331 do CP); se for proferida na ausência do funcionário, haverá 
calúnia, difamação ou injúria, dependendo do casso.
– Consentimento do ofendido como excludente da tipicidade
Nos delitos contra a honra, tratando-se de objetividade jurídica disponível, o 
consentimento do ofendido capaz tem relevância. Presente, inexiste crime.
Há total possibilidade de aplicação dos institutos da renúncia (art. 104 CP) e do perdão 
(arts. 105 e 106 CP) nos crimes contra a honra. Da aplicabilidade desses institutos, 
deixando à absoluta discricionariedade do sujeito passivo a decisão de processar ou 
não o sujeito ativo, e, mesmo após ter decidido iniciar a ação penal, facultando-lhe 
poder renunciar ao direito de queixa ou perdoar o agente, decorre, inevitavelmente, que 
o consentimento do ofendido exclui a tipicidade da conduta do ofensor, pois, se mesmo 
após movimentar a máquina judiciária pode a vítima neutralizar a operação jurisdicional, 
é natural que se atribua esse efeito a manifestação anterior de concordância da vítima.
Porém, o consentimento somente surte esse efeito em relação aos bens disponíveis do 
sujeito passivo. Assim, por exemplo, se houver imputação falsa de crime e houver 
movimentação do aparelho estatal, instaurando-se inquérito policial ou mesmo ação 
penal, também serão atingidos os interesses da Administração da Justiça, 
criminalizados como denunciação caluniosa (art. 339 do CP). Nessas circunstâncias o 
consentimento do ofendido é irrelevante.
– Sujeito ativo e passivo: a pessoa jurídica como sujeito passivo
Os crimes contra a honra não são próprios nem de mão própria. Isso quer dizer que 
podem ser cometidos por qualquer pessoa.
Qualquer pessoa pode, também, ser sujeito passivo desses crimes, mesmo que 
desonradas, desde que, no entendimento de Damásio de Jesus, a ofensa atinja a parte 
ainda não lesada.
Parte da doutrina afirma que os doentes mentais não podem ser sujeitos passivos do 
delito de calúnia, pois, esta é a falsa imputação de crime e, os doentes mentais não 
possuem culpabilidade (são inimputáveis) o que torna impossível o cometimento de 
crimes por estas pessoas. Para Damásio de Jesus, entretanto, a culpabilidade não 
integra o conceito de crime, sendo, apenas, pressuposto da pena e, por isso, o referido 
autor entende que os inimputáveis podem ser sujeitos passivos de calúnia. Para os 
doutrinadores que não aceitam a sujeição passiva dos inimputáveis nos crimes de 
calúnia, o fato falsamente atribuído aos mesmos deve ser tratado como difamação.
Parte da doutrina ensina que a pessoa jurídica não tem sentimento de dignidade 
própria, uma vez que é entidade abstrata. Os seus representantes e diretores, na 
qualidade de pessoas físicas, é que se podem dizer lesados em sua honra, quando a 
ofensa à entidade os fira. Outros autores, em sentido contrário, afirmam que pode ser 
sujeito passivo de difamação ou injúria, uma vez que possui patrimônio particular e até 
mesmo honra. Uma terceira corrente entende que a pessoa jurídica não pode ser sujeito 
passivo de calúnia nem de injúria, uma vez que não pode ser sujeito passivo de crime e 
nem possui honra subjetiva, podendo ser vítima dedifamação, em face de possuir, 
inegavelmente, reputação, boa fama etc. (honra objetiva). Por fim, um quarto 
entendimento, em meu entender o mais coerente, dirige-se no sentido de que a pessoa 
jurídica pode ser vítima de calúnia quando esta se referir aos delitos contra o meio 
ambiente (arts. 3º, 21 e 24 da lei 9.605/98) e de difamação, pois, possui honra objetiva; 
jamais de injúria.
No caso do art. 138, § 2º, o sujeito passivo não será o de cujus, mas os seus familiares.
– Semelhanças e dessemelhanças entre calúnia, difamação e injúria
Dos três crimes contra a honra, a calúnia e a difamação são os que mais se aproximam 
quanto a seus conteúdos materiais: em ambas há imputação de fatos. Por essa razão 
admitem, em tese, a retratação e a exceção da verdade, enquanto a injúria não, pois 
nesta, em que não há imputação de fato, não há do que se retratar ou o que se provar, 
salvo a exceção prevista na Lei de Imprensa, que admite a retratação nas três espécies 
de crimes contra a honra. Além disso, assemelham-se as três figuras típicas pelo fato de 
protegerem a honra e pelo fato de que a ação penal é, de regra, exclusivamente privada.
As semelhanças essenciais entre calúnia e difamação são: ambas lesam a honra objetiva 
do sujeito passivo; referem-se a fatos e não qualidades negativas ou conceitos 
depreciativos e necessitam chegar ao conhecimento de terceiro para consumar-se.
A semelhança entre calúnia e injúria é a previsão de procedimento idêntico para ambas, 
salvo quando houver previsão diversa em lei especial (arts. 519 e segs. CPP). Entre 
difamação e injúria a semelhança reside na não-exigência do elemento normativo 
falsidade.
Diferencia-se a calúnia da difamação pelo fato de que naquela, imputa-se fato 
criminoso, enquanto nesta, imputa-se fato ofensivo, depreciativo de seu apreço social, 
mas não é fato criminoso. Além disso, na calúnia exige-se a falsidade da imputação, o 
que não é exigido na difamação.
Entre difamação e injúria a diferença reside no fato de que, na primeira há imputação de 
fato ofensivo à reputação da vítima; já na segunda, o agente limita-se à emissão de 
conceitos depreciativos, sem imputar-lhe objetivamente, a autoria de qualquer fato. 
Entre calúnia e injúria, a diferença é que, na calúnia, imputa-se fato criminoso e, na 
injúria, conforme já mencionado, emite-se conceitos depreciativos.
– Exceção da verdade
Exceção da verdade significa a possibilidade que tem o sujeito ativo de poder provar a 
veracidade do fato imputado, através de procedimento especial (art. 523 do CPP).
A exceção da verdade é admitida na calúnia e, provada a verdade da imputação, 
desaparece a elementar do tipo “falsamente” o que torna a conduta atípica. Na 
difamação, em regra, não é admissível a exceção da verdade, salvo quando o fato 
ofensivo for imputado a funcionário público e relacionar-se com o exercício de suas 
funções. Nesse caso, há interesse da Administração Pública em apurar a veracidade da 
imputação, a bem do interesse público. Por isso admite-se a exceptio veritatis. Se a 
difamação é cometida por meio de imprensa amplia-se a possibilidade da exceção da 
verdade (art. 21, §1º, da Lei 5.250/67). Na injúria, como não há imputação de fato, mas 
de opinião que o agente emite sobre o ofendido, a exceção da verdade nunca é 
permitida.
Determinado segmento doutrinário tem sustentado que não se justifica punir alguém 
porque repetiu o que todo mundo sabe e todo mundo diz, pois está caracterizada a sua 
notoriedade. Assim é que alguns autores admitem a chamadaexceção da notoriedade. 
Cezar Roberto Bitencourt argumenta contrariamente dizendo que, quando o CP proíbe 
a exceção da verdade para o crime de difamação, está englobando a exceção da 
notoriedade, além disso, a notoriedade é inócua, pois é irrelevante que o fato 
difamatório imputado seja falso ou verdadeiro, já que isso não altera sua natureza 
difamatória. Por fim, diz o renomado mestre que ninguém tem o direito de vilipendiar 
ninguém.
Na calúnia a exceção da verdade não é admissível em três hipóteses: a) nos crimes de 
ação privada, quando o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível (art. 138, 
§3º, I do CP), pois, seria paradoxal que, deixando ao exclusívo arbítrio do ofendido no 
crime atribuído propor ou não a ação penal, fosse permitido que terceiro viesse a juízo 
proclamar publicamente a existência do fato e ainda autorizá-lo a provar judicialmente; 
b) nos fatos imputados contra o Presidente da República, ou contra Chefe de Governo 
estrangeiro (art. 138, §3º, II do CP) – aqui pretende-se proteger o cargo e a função do 
mais alto mandatário da Nação e dos Chefes de Governo estrangeiros. Entende-se que 
são abrangidos também os Chefes de Estado. Nos casos de motivação política, haverá 
crime contra a segurança nacional (art. 2º, I c/c art. 26 da Lei 7.170/83); c) se o ofendido 
foi absolvido do crime imputado por sentença irrecorrível (art. 138, §3º, III do CP) – Esta 
hipótese representa somente o reconhecimento da autoridade da res iudicata, já que a 
sentença penal absolutória transitada em julgado não pode ser revista em hipótese 
alguma.
– CALÚNIA
Calúnia é o fato de atribuir a outrem, falsamente, a prática de fato definido como crime 
(art. 138, CP). Tutela-se a honra objetiva.
– Consumação e tentativa
O momento consumativo da calúnia ocorre no instante em que a imputação chega ao 
conhecimento de um terceiro que não a vítima. Não é necessário que um número 
indeterminado de pessoas tome conhecimento do fato, sendo suficiente que apenas 
uma pessoa saiba da atribuição falsa.
A calúnia verbal não admite tentativa, ou o sujeito diz a imputação e o fato está 
consumado ou não diz e não há conduta relevante. Já a calúnia escrita admite a 
tentativa. Ex. o sujeito remete uma carta caluniosa que vem a ser extraviada.
– Calúnia contra os mortos
Evidentemente, o morto não é o sujeito passivo do crime. Segundo Damásio de Jesus, 
por analogia, empregando o disposto no art. 100, § 4º do CP, podemos dizer que 
sujeitos passivos são o cônjuge, o ascendente, o descendente ou o irmão. Estes são os 
titulares da objetividade jurídica, que se reflete na honra dos parentes sobrevivos.
Não se há extensão aos crimes de difamação e injúria em função do princípio da estrita 
legalidade.
– Classificação doutrinária
A calúnia constitui crime formal, porque a definição legal descreve o comportamento e 
o resultado visado pelo sujeito ativo, mas não exige sua produção. Para que exista o 
crime não é necessário que haja efetivo dano a honra objetiva da vítima. Além disso é 
instantâneo, consumando-se em certo e exato momento. É crime simples, pois, atinge 
um só objeto jurídico que é a honra objetiva; comum, porque pode ser cometido por 
qualquer pessoa; e unissubsistente, pois, realiza-se em um só ato. Para Damásio de 
Jesus, na forma escrita, o crime será plurissubsistente.
1. – DIFAMAÇÃO
Difamação é o fato de atribuir a outrem a prática de conduta ofensiva à sua reputação 
(art. 139 do CP). O legislador protege a honra objetiva (reputação).
– Consumação e tentativa
A difamação atinge o momento consumativo quando um terceiro, que não o ofendido, 
toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação.
A tentativa é inadmissível quando se trata de difamação cometida verbalmente. 
Tratando-se, entretanto, de difamação por escrito, admite-se a tentativa.
– Classificação doutrinária
Difamação é crime formal, pois não exige, para a sua consumação a efetiva lesão do 
bem jurídico, contentando-se com a possibilidade de tal violação. Basta que o fato 
imputado seja idôneo para macular a honra objetiva, não sendo preciso que o sujeito 
passivo seja prejudicado pela imputação.
É delito simples, pois, ofende um só bem jurídico (honra objetiva); além disso é comum, 
já que pode ser cometido por qualquer pessoa; comissivo (não existe difamação por 
omissão);

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