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SUA PETICAO S4

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SEÇÃO 4
SUA PETIÇÃO
Direito Constitucional
Sua causa!
Seção 4
Direito Constitucional
Olá, aluno! Bem-vindo a mais uma Seção do nosso NPJ! 
Ainda estamos no mesmo contexto da Defensoria Pública, 
onde estagia o nosso personagem José Afonso. Após resolvida 
a situação de Magnólia, assistida que acompanhas nas seções 
passadas, José realizou um novo atendimento, o qual vamos 
conhecer agora. 
Justino, é um jovem senhor de 54 anos, nascido e criado em 
Caicó, no Ceará, de onde jamais saíra. Seus antepassados todos 
se criaram na cidade, o que faz com que Justino tenha um apego 
afetivo ainda maior pela cidade. É conhecido por quase todos 
os moradores do município, está sempre ativo nas causas da 
cidade e luta para manter a cidade limpa, bem cuidada e segura. 
Porém, muitas vezes ele luta sozinho, sem conseguir o apoio 
dos governantes locais. 
Sr. Justino, em 01.12.2000, movido pelo amor que sente pela 
cidade, fundou a Associação dos moradores unidos de Caicó, 
uma entidade com personalidade jurídica de direito privado, sem 
fi ns lucrativos, a qual possui como objetivo a preservação do 
patrimônio histórico, cultural e do meio ambiente do município 
de Caicó. Diversos moradores imbuídos do mesmo intuito se 
juntaram ao Sr. Justino e passaram a compor a Associação, que 
atualmente conta com mais de 200 associados. 
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NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COM SUPORTE EM AVA
 DIREITO CONSTITUCIONAL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 4
Caicó uma cidade pequena e muito pouco desenvolvida do ponto 
de vista urbanístico, porém, possui algumas ruínas da época da 
colonização portuguesa, as quais fazem parte do patrimônio 
histórico e cultural da cidade. A ruína mais famosa “Colosseu” 
é administrada por uma empresa privada, a GUARARAPES 
ADM LTDA. e virou um ponto turístico de intensa visitação no 
município. Ocorre que nos últimos meses, mas precisamente 
desde de setembro de 2017, a empresa tem deixado de lado 
a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado 
precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que 
vai realizar, porém não faz. 
Sr.Justino, ciente e muito preocupado com o futuro convocou 
os diretores da Associação para buscar uma solução para o 
problema. Como é uma associação sem fins lucrativos sem 
muitos recursos financeiros, sempre que precisam de auxílio 
jurídico recorrem a Defensoria Pública do Estado para buscar 
orientação, e dessa vez não foi diferente, o grupo de moradores 
foi até a Defensoria noticiar a situação e verificar o que pode ser 
feito do ponto de vista jurídico. Os moradores foram atendidos por 
José Antonio, que prontamente preparou um Ofício à Prefeitura 
Municipal de Caicó, com quem a empresa GUARARAPES possui 
o contrato de convênio, solicitando informações e providências. 
A Prefeitura, no dia 10/01/2018 informou que já havia diligenciado 
junto à empresa as providências cabíveis, mas que também 
ainda não tinha obtido retorno. O Prefeito informou também 
quem em reunião com o responsável da empresa convocada 
para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, 
porém que o mesmo não havia sido cumprido. O contrato 
firmado entre a Prefeitura local e a empresa continua vigente 
mesmo com o descumprimento da contratação, sem que sejam 
tomadas as devidas providências para a revitalização do local, 
seja pela Prefeitura seja pela empresa privada responsável pela 
administração do local.
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
Fundamentando!
Agora, aluno, imagine você na condição de advogado, qual 
a ação cabível para resolver a situação? Como a Associação 
dos Moradores Unidos de Caicó pode pleitear juridicamente a 
preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade? Este é 
o problema que você tem que resolver nesta seção!
Mãos à obra, advogado. Agora é com você! Elabore a peça 
processual da ação coletiva que pode ser ajuizada em 
nome da Associação, constituída há mais de 1 ano, para 
resguardar direito difuso da população do município de 
Caicó. Lembre-se de identifi car corretamente o polo ativo 
e o polo passivo da ação, bem como da fundamentação 
legal correta
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
O que são?
São direitos que possuem titularidade indeterminada, 
também por isso chamados de direitos transindividuais ou 
metaindividuais. Grandes exemplos desses direitos são os 
direitos fundamentais de 30 dimensão, como: direito ao meio 
ambiente protegido e equilibrado, direito à proteção do 
patrimônio cultural, dentre outros. 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
A Constituição os menciona no art. 129, III, porém não os 
conceitua, vejamos: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a 
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e 
de outros interesses difusos e coletivos.
Também possuem previsão infraconstitucional no Código de 
Defesa do Consumidor, onde já se encontra um conceito, nos 
seguintes termos (grifo nosso): 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e 
das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a 
título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se 
tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de 
que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por 
circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para 
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível 
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas 
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim 
entendidos os decorrentes de origem comum.
Disso, pode-se extrair o seguinte: 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
DIREITOS OU 
INTERESSES 
DIFUSOS
DIREITOS OU 
INTERESSES 
COLETIVOS
DIREITOS 
INDIVIDUAIS 
HOMOGÊNEOS
Transindividuais Transindividuais transindividuais
Natureza Indivisível Natureza Indivisível Divisíveis
Titularidade: pessoas 
indeterminadas
Titularidade: grupo de 
pessoas, categoria ou 
classe determinada
Pessoas 
determinadas
Pessoas ligadas por 
circunstâncias de fato
Pessoas ligadas por uma 
relação jurídica base
Origem em comum
Tabela da Classificação dos Direitos Coletivos
Fonte: elaborado pela autora
Tanto os direitos coletivos como os direitos difusos e os 
individuais homogêneos são transindividuais, o que significa 
dizer que não pertencem à um indivíduo específico. Os difusos 
e coletivos são de natureza indivisível, ou seja, não é possível 
determinar o quantum devido a cada detentor do direito. Nos 
casos em que as ações judicias que os pleiteiam gerarem algum 
tipo de restituição pecuniária, como indenização, este valor, 
por ser indivisível, não será divido entre as pessoas, mas sim 
direcionado a um fundo destinada a reconstituição do bem 
lesado. Já os direitos individuais homogêneos são divisíveis, 
sendo possível identificar o que é devido a cada pessoa, logo, 
logo, no caso de uma ação judicial cada qual receberá o seu 
quantum no momento da execução.
Há, portanto diferença entre eles, apesar das similaridades. 
Tais diferenças deverão ser verificadas de acordo com o caso 
concreto, pois um mesmo fato pode afetar tanto direitos difusos, 
como direitos coletivos. Por exemplo, imagine que há um grave 
dano ambiental próximo a um local de intensa produção agrícola, 
e que este dano afete os produtores da associação agrícola do 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
local e ao mesmo tempo cause a poluição deum rio. Quando 
se falar no direito dos produtores se estará tratando de direito 
coletivo (grupo pessoas ligadas por uma relação jurídica base, 
compõe uma associação). Entretanto, tal fato também afeta 
direito difuso de pessoas indeterminadas, vez que se trata de 
dano ambiental e atinge o direito fundamental ao meio ambiente 
de todos os indivíduos, tirem ele algum proveito direto do local 
ou não. 
Os direitos individuais homogêneos, por sua vez, podem ser 
pleiteados tanto individualmente como coletivamente, sendo 
esta última uma opção política ou estratégica e não necessária. 
O processo coletivo facilita, mas não impede que a pessoa 
acesse a justiça de forma individual.
Entendido o que são esses direitos, passemos então a conhecer 
os meios processuais disponíveis para a sua proteção judicial.
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
A proteção judicial dos direitos difusos, coletivos e individuais 
homogêneos se dá por meio das chamadas ações coletivas. 
• AÇÃO POPULAR: É um importante meio de exercício da 
democracia direta no Brasil. É uma ação que pode ser proposta 
por qualquer cidadão para proteção de direitos difusos, que 
visem o benefício da coletividade e não interesse individual. 
Previsão Constitucional: Art. 50, LXXIII “qualquer cidadão 
é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade 
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 
custas judiciais e do ônus da sucumbência” (BRASIL, 1988). 
Previsão infraconstitucional: Lei nº 4.717/85 “art.1º Qualquer 
cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a 
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da 
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de 
entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de 
sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente 
os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços 
sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja 
criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou 
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio 
ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao 
patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos 
Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades 
subvencionadas pelos cofres públicos”. (BRASIL, 1985). 
Objeto: ato ilegal lesivo ao patrimônio público ou entidade de 
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Visa a proteção 
de direito difuso. A pessoa que irá propor a ação não está 
em defesa de direito subjetivo individual, mas de direito da 
coletividade. O art. 20, da Lei da Ação Popular determina que 
são nulos os atos lesivos ao patrimônio público, nos casos 
de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do 
objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. 
Finalidade: Anular o ato ilegal lesivo e buscar o ressarcimento 
dos danos causados por ele. É uma forma de controle da 
atuação da administração pública pelos próprios cidadãos. 
O art. 11 da Lei 4.717/85 trata da condenação ao 
ressarcimento aduzindo que “a sentença que, julgando 
procedente a ação popular, decretar a invalidade do 
ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e 
danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários 
causadores de dano, quando incorrerem em culpa”. 
Legitimidade ativa: qualquer cidadão, ou seja, pessoa física 
em pleno gozo de seus direitos políticos. A Súmula 365 do 
STF determina que pessoa jurídica não pode propor ação 
popular. A prova da cidadania deve ser feita através da 
certidão de quitação eleitoral ou do título eleitoral, que deve 
ser anexada na petição inicial para comprovar a legitimidade 
ativa, conforme dispõe o art. 10, §30 da Lei 4.717/85. 
Legitimidade passiva: Art. 60 da Lei da Ação Popular “A 
ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas 
e as entidades referidas no art. 10, contra as autoridades, 
funcionários ou administradores que houverem autorizado, 
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou 
que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e 
contra os beneficiários diretos do mesmo”. Logo, são três 
categorias de réu na ação: a pessoa jurídica, o agente e o 
beneficiário, em cada uma delas pode ter mais de um réu” 
ATENÇÃO! Em relação a legitimidade passiva na ação 
popular, é importante observar uma especificidade na 
legislação que aponta a pessoa jurídica lesada como ré. Na 
realidade, ela deveria figurar como assistente do autor, e não 
no polo passivo. Nesse sentido o §30 do art. 60, determina 
que a pessoa jurídica de direito público pode se abster de 
contestar a ação sem nenhum prejuízo processual, como 
também pode ainda deixar o lado passivo para atuar ao 
lado do autor. Porém, na petição inicial ela deverá ser 
indicada como ré, e deve ser requerida a sua citação 
independente da citação do agente que praticou o ato lesivo. 
Competência: A competência para julgar a ação popular é 
determinada pela origem do ato impugnado. Se for um ato 
cometido por agente de pessoa jurídica de direito público da 
União, será competente Justiça Federal, se for de pessoa jurídica 
de direito público do Estado, a competência será determinada 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
conforme as regras da organização judiciária Estadual, e assim 
por diante, conforme determina o art. 50 da Lei 4.171/85. 
ATENÇÃO! A Ação popular é sempre proposta no primeiro grau, 
não tem ação popular de competência originária do Tribunal. 
Do processo: Art. 70 da Lei da Ação Popular determina que 
a ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no 
Código de Processo Civil, que além da citação dos réus, deve 
haver a intimação do representante do Ministério Público. O 
art. 50, § 40 da Lei também observa a possibilidade de pedido 
liminar para a suspensão do ato lesivo.
• AÇÃO CIVIL PÚBLICA: Assim como a ação popular, também 
é um meio de controle da Administração Pública, e visa 
a tutela de interesses difusos e coletivos. Entretanto ela 
não pode ser proposta diretamente pelo cidadão, existe 
um rol de legitimados ativos para a propositura da ACP. 
Previsão Constitucional: Art. 129, III “Art. 129. São funções 
institucionais do Ministério Público: II - promover o 
inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do 
patrimônio público e social, do meio ambiente e de 
outros interesses difusos e coletivos”. (BRASIL, 1988). 
Previsão infraconstitucional: Lei n0 7.347/85 
Objeto: ato lesivo que cause danos morais e patrimoniais ao 
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor 
artístico, estético, histórico, turístico, à ordem urbanística, à 
honra e a dignidade de grupos raciais étnicos ou religiosos, 
ao patrimônio público e social, ou a qualquer outro interesse 
difuso e coletivo. As pretensões que envolvem tributos, 
contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos 
institucionais com beneficiários individualmente determinados, 
não podem ser objeto da ACP. (art.10 da Lei 7.347/85) 
Finalidade: responsabilização por danos morais e patrimoniais, 
que pode ser através de condenação em dinheiro ou em 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
obrigação de fazer ou não fazer (art. 30 da Lei 7.347/85). 
Legitimidade ativa: Está prevista noart.50 da Lei da ACP. 
São legitimados para propor ação civil pública: o Ministério 
Público; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública, 
fundação ou sociedade de economia mista; a associação 
que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo 
menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; inclua, entre suas 
finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e 
social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, 
à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou 
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico 
e paisagístico. O Ministério Público, quando não for parte na 
ação, deverá obrigatoriamente atuar como fiscal da lei. Por isso, 
quando a ação for de autoria de qualquer outro legitimidade, 
deverá requerer a notificação do Ministério Público. 
Legitimidade passiva: qualquer pessoa que 
cometa ato lesivo nos termos do art. 10 da Lei 
da ACP, pode ser o sujeito passivo da ação. 
Competência: Será competente para julgar a ação o juízo 
do foro onde ocorreu ou deverá ocorrer o dano, quando 
a ação for preventiva. O art.20 determinar que a ACP 
será proposta foro do local onde ocorrer o dano, cujo 
juízo terá competência funcional para processar e julgar 
a causa. Não há foro privilegiado, assim como a ação 
popular, deverá ser proposta no juízo de primeira instância. 
Do processo: A ação civil pública seguirá, naquilo que não 
for conflitante com a sua lei específica, as regras do CPC, 
conforme determina o art. 19 da Lei 7.347/85). Cabe, no 
processo da Ação Civil pública, a propositura de ação cautelar 
na forma do art. 4o da lei que dispõe “poderá ser ajuizada ação 
cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar 
dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao 
consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de 
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.
• MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO: a grande diferença 
entre o mandado de segurança individual e o mandado de 
segurança coletivo é o seu objeto e a legitimidade ativa. 
Previsão Constitucional: Art. 50, LXX “o mandado de segurança 
coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com 
representação no Congresso Nacional; b) organização 
sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, 
em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 
Previsão infraconstitucional: Lei n0 12.016/09, Art. 21. O 
mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por 
partido político com representação no Congresso Nacional, 
na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus 
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização 
sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) 
ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, 
ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma 
dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas 
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
Objeto: assim como o mandado de segurança individual, o 
mandado de segurança tem por objeto ato ilegal ou abusivo 
que viole direito líquido e certo. Entretanto, a diferença 
é que esse direito ou interesse no mandado de segurança 
coletivo é transindividual, podendo ser um direito coletivo ou 
individual homogêneo. Sobre isso, o art. 21, parágrafo único 
da lei 12.016/09 determina que os direitos protegidos pelo 
mandado de segurança coletivo podem ser: I - coletivos, 
assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, 
de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma 
relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim 
entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem 
comum e da atividade ou situação específica da totalidade 
ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 
Finalidade: Garantir ou evitar a violação de direito líquido e certo 
transindividual. Por direito líquido e certo entende-se que não 
precisa de uma dilação probatória, ou seja, o direito é evidente 
e demonstrado por prova pré-constituída não precisando 
da fase de instrução processual para a sua constatação. 
Legitimidade ativa: prevista especificamente na Constituição 
e no art.21 da Lei do Mandado de Segurança: partido político 
com representação no Congresso Nacional na defesa do 
interesse de seus integrantes ou da fidelidade partidária; 
organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 
1 (um) ano, em defesa de parte ou totalidade de seus membros 
ou associados. ATENÇÃO! O requisito de pelo menos 1 ano de 
constituição e funcionamento aplica-se apenas às associações 
e não aos sindicatos, conforme jurisprudência do STF. 
Legitimidade Passiva: é impetrado contra a autoridade pública 
que comete o ato ilegal ou abusivo, chamada tecnicamente 
de autoridade coatora. (art.10, §10 da Lei 12.016/2009). 
Requisitos formais e materiais: O art. 5o da Lei 12.016/2009 
determina que não se concederá mandado de segurança 
quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo 
com efeito suspensivo, independentemente de caução; 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito 
suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. O 
art. Art. 6o determina que a petição inicial deverá preencher 
os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além 
da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à 
qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. O art. 
23 da Lei estabelece o prazo de 120 dias para a impetração 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
do mandado de segurança, contados a partir da data que 
o impetrante tomou conhecimento do ato impugnado. 
Competência: a competência para o julgamento do mandado 
de segurança é definida pela categoria e sede federal da 
autoridade coatora. Entretanto, a Constituição Federal possui 
algumas regras quanto a competência do STF no art.102, I, 
“d”, e II, “a”.
Pronto! Agora você já possui conhecimento suficiente para 
identificar e elaborar a peça processual cabível para resolver 
o problema proposto na situação fática desta Seção. Não 
esqueça que o objetivo é que você acumule conhecimentos, 
aluno. Por isso, não esqueça de todo o conteúdo que vimos 
anteriormente, ok? Por vezes, algum conteúdo pretérito poderá 
lhe ser solicitado.
PRIMEIRA FASE! 
QUESTÃO 01 – questão adaptada (CESPE- MPE/TO 2012) 
A Constituição Federal e o Código de defesa do consumidor 
tutelam a defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais 
homogêneos ou quais são chamados de direitos transindividuais 
por não pertencerem a um indivíduo em específico, mas sim à 
coletividade ou a um grupo de pessoas.
Com relação à teoria constitucional e à tutela dos direitos difusos 
e coletivos, assinale a opção correta:
A) Direitos ou interesses transindividuais são aqueles que 
pertencem a sociedade como um todo. 
B) São considerados direitos coletivos os transindividuais, de 
natureza divisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas 
e ligados por circunstâncias de fato.
1414
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
C) São considerados direitos individuais homogêneos os direitos 
de uma categoriaou classe de pessoas ligadas por uma relação 
jurídica base.
D) São considerados direitos difusos os transindividuais, 
indivisíveis e que pertencem a pessoas indeterminadas ligas por 
circunstâncias de fato.
E) Os direitos coletivos são transinidividuais, divisíveis, e 
pertencem à pessoas indeterminadas ligadas por circunstâncias 
de fato.
ALTERNATIVA CORRETA: D
RESPOSTA COMENTADA: Os direitos difusos, coletivos e 
individuais homogêneos são diretos transindividuais pois não 
pertencem à um indivíduo em específico, mas sim a sociedade 
como um todo ou a um grupo de pessoas determinadas ou 
não. Os direitos difusos e coletivos são indivisíveis, os primeiros 
pertencem a pessoas indeterminadas ligadas por circunstancias 
de fato, já os coletivos pertencem a um grupo determinado 
ou a uma categoria ou classe de pessoas ligadas por uma 
relação jurídica base, como por exemplo um Sindicato de uma 
categoria de trabalho. Os individuais homogêneos pertencem a 
pessoas determinados e são direitos que possuem uma origem 
comum, entretanto não são coletivos em sua essência, pode ser 
pleiteados por meio de ação individual e são divisíveis. 
QUESTÃO 02 – questão adaptada (CESGRANRIO – LIQUIGÁS – 
PROFISSIONAL JR 2012)
A Constituição Federal enumera diversos direitos e garantias 
fundamentais em seu texto. Dentre as chamadas garantias 
fundamentais, as quais são meios de ação colocados ao dispor 
de todo indivíduo para a proteção de direitos, está prevista a 
Ação Popular. 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
Sobre a ação popular, considere as assertivas abaixo: 
I – A ação popular pode ser ajuizada por pessoa jurídica de 
direito público
II – A ação popular pode ser ajuizada contra pessoas públicas 
ou privadas 
III – A ação popular deve ser ajuizada por cidadão em pleno 
gozo de seus direitos políticos.
Analise as assertivas acima e identifique os itens certos e 
errados. Após, assinale a alternativa abaixo que contêm apenas 
os itens corretos: 
A) I
B) I, II
C) I,II,III
D) I,III
E) II,III
ALTERNATIVA CORRETA: E
RESPOSTA COMENTADA: A principal característica da ação 
popular é o fato de ser uma ferramenta de exercício da 
democracia direta no Brasil, isso porque a sua legitimidade ativa 
é restrita ao cidadão em pleno gozo dos seus direitos políticos. 
A Sumula 365 do STF veda o ajuizamento de ação popular por 
pessoa jurídica. A legitimidade passiva, por sua vez, pertence 
tanto a pessoas de direito público como de direito privado.
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ 
Vamos peticionar!
Aluno, você está pronto para elaborar o que lhe foi solicitado no 
“Sua Causa”, fi que tranquilo e vá com calma e atenção. Lembre-
se que você estará atuando como advogado da Associação, em 
defesa de direito difuso da população do município de Caicó.
Procure identifi car qual a ação coletiva que pode ser proposta 
por Associação, ou seja, em que esta pode fi gurar no polo ativo 
da demanda. Veja ainda quais os requisitos legais para que reste 
confi gurada a legitimidade ativa da ação, você deve deixá-los 
demonstrados de forma expressa em sua peça. Atente também 
para o local em que a ação será ajuizada, o foro competente será 
o do local onde o patrimônio público que a ação visa proteger 
está situado. 
Você viu ainda que cada ação coletiva possui suas hipóteses 
de cabimento, logo, identifi cado que o objeto da ação será a 
proteção de patrimônio histórico e cultural, você deverá fazer o 
enquadramento legal do objeto na hipótese legal da respectiva 
lei que regulamenta a ação a ser proposta, demonstrando para 
o juiz que irá julgar a sua petição que a você propôs a peça 
processual correta.
Não esqueça de fazer uma robusta exposição dos fatos, e 
também de deixar expressa a fundamentação legal da peça 
e dos pedidos, obedeça também aos requisitos formais das 
ações coletivas, lembrando de verifi car se há a necessidade de 
notifi cação do Ministério Público e se deve haver o recolhimento 
de custas e emolumentos. Por fi m, não esqueça de atribuir valor 
à causa, seguindo minimamente uma correspondência com o 
valor econômico que se busca resguardar na ação, data-la e 
assina-la. Dito isso, vamos à prática!
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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