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SENAR GOIÁS Técnico em Agronegócios GO - Polo Itumbiara Márcio Carmona Costa GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO CADASTRO AMBIENTAL RURAL Goiás - GO 2017 Márcio Carmona Costa GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO CADASTRO AMBIENTAL RURAL Projeto Final apresentado como trabalho de conclusão do Curso Técnico em Agronegócio, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR da Regional de Goiás, orientado pelo tutor Leonnardo Gruvinel, como requisito para obtenção do diploma de habilitação técnica. Goiás - GO 2017 Resumo O presente trabalho irá descrever e comparar principalmente as definições gerais de forma sintetizada sobre Geoprocessamento aplicado ao Cadastro Ambiental Rural e as principais características e importância da aplicação do Cadastro Ambiental rural. Através de revisão bibliográfica, será relacionado o uso do Geoprocessamento e suas tecnologias relacionadas ao Licenciamento Ambiental, em caso específico o CAR, a importância da ferramenta, com as principais problemáticas observadas na prática do cadastramento de Propriedades no CAR, elucidando principalmente as técnicas aplicadas para o Geoprocessamento, qualidade de imagens, softwares utilizados e benefícios dessa aplicação. Em relação ao parâmetros supracitados, o objeto deste estudo é fazer um estudo geral sintetizado sobre Geoprocessamento, elucidar sobre o CAR como ferramenta do Geoprocessamento, mostrar as principais vantagens do sistema, conscientizar os proprietários rurais dos problemas existentes em relação à legislação ambiental e o correto preenchimento do cadastro ambiental, observando principalmente a falta de competência técnica para o preenchimento do CAR, falta de documentação exigida para o preenchimento por parte dos proprietários e ainda falta de informação para esclarecimento dos benefícios do CAR, demonstrando as soluções da correta aplicação e necessidade do Cadastro ambiental Rural nas propriedades através de um estudo de caso: A elaboração de um Cadastro Ambiental Rural em uma propriedade, mostrando suas principais características e o seu resultado final. Palavras-chave: Geoprocessamento. Cadastro Ambiental Rural. Licenciamento Ambiental. Legislação Ambiental. Softwares. Proprietários. Competência Técnica. Sumário INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 5 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................ 6 HISTÓRICO DO CAR ............................................................................................................................. 6 CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE APRESENTAÇÃO DO CAR 7 NÚMEROS DO CAR 8 MÓDULOS DO SICAR 10 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE CADASTRO AMBIENTAL RURAL (SICAR ............................ 10 SICAR – INTRODUÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA PLATAFORMA 10 TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO CAR ..................................................................................... 11 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DESENVOLVIDAS PARA O CAR 11 ETAPA GEO DO CAR 12 APLICAÇÕES DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS AO MÓDULO DO CAR .......... 12 ETAPA DE GEORREFERENCIAMENTO ............................................................................................ 13 PASSOS DO GEO 13 ESTUDO DE CASO .............................................................................................................................. 15 LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES PARA O CADASTRO 15 MAPEAMENTO DA ÁREA DO IMÓVEL .............................................................................................. 16 CADASTRO DA PROPRIEDADE NO SISTEMA DE CADASTRO AMBIENTAL RURAL (SICAR) .. 16 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 23 5 1. INTRODUÇÃO A questão ambiental é um tema que está em evidencia na sociedade atual. A preocupação em relação a essa temática possibilita a mudança nos rumos do desenvolvimento em prol das gerações futuras, ou seja, estabelece mecanismos de comando e controle, impondo normas e padrões que devem ser seguidos (TOURINHO, 2005). Por outro lado, esses mecanismos de proteção ambiental podem criar sérios problemas à sobrevivência das pequenas propriedades rurais. No campo, estas formas de agir têm trazido inúmeras dificuldades para que proprietários rurais promovam a adequação ambiental de sua propriedade. Diante da dificuldade imposta pela antiga legislação ambiental, foi elaborado um novo Código Florestal capaz de compreender essas dificuldades e assim diminuir significamente alguns fatores limitantes para as propriedades rurais. A inovação da legislação florestal estabeleceu um novo modelo de regularização da propriedade, baseado num registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, que tem por finalidade integrar as informações ambientais de cada propriedade rural. Esse registro foi denominado de Cadastro Ambiental Rural (CAR) e tem um ambicioso objetivo de registrar 5,4 milhões de propriedades rurais em todo o País. O presente trabalho procurou subsidiar uma reflexão sobre a implantação desse instrumento e analisar suas ferramentas de Geoprocessamento. Analisar se as técnicas de Geoprocessamento e os devidos procedimentos que deverão ser utilizados para a realização do CAR são satisfatórios. Finalizando o trabalho mostraremos o resultado de suas informações na aplicação do Cadastro ambiental rural em uma propriedade rural. 6 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 HISTÓRICO DO CAR O Cadastro Ambiental Rural (CAR) deriva de ferramentas desenvolvidas em função dos avanços na utilização das metodologias de sensoriamento remoto para identificar os desmatamentos na região da Amazônia Legal. Assim, com a publicação do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), seguida pelos Decretos nº 7.830/2012, nº 8.235/2014 e da Instrução Normativa MMA nº02/2014, foi estabelecido o CAR em nível nacional, sendo um registro eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. O Cadastro Ambiental Rural, segundo redação dada pelo, art. 2o, II, do Decreto nº 7.830/2012, é definido como: Art. 2º [...] II - Cadastro Ambiental Rural - CAR - registro eletrônico de abrangência nacional junto ao órgão ambiental competente, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA), obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. Pode-se, ainda, afirmar que o CAR tem como fundamento o Georreferenciamento do imóvel rural,que consiste na utilização de coordenadas geográficas obtidas a partir de imagens de satélite de alta resolução espacial e/ou captadas com GPS (Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global) para a delimitação do imóvel e ocupação do solo: Reserva Legal (RL), Área de Preservação Permanente(APP), Áreas de Uso Restrito (AUR), remanescentes de vegetação nativa, áreas consolidadas e antropizadas (áreas de plantio e de pastagens etc.). O produto final do CAR é equivalente a uma “radiografia” que expõe as formas de ocupação do solo, dos remanescentes de vegetação nativa e dos passivos ambientais pelo produtor rural (MMA, 2012). Em sua essência, o CAR pode ser entendido como um instrumento administrativo de registro e controle das obrigações ambientais intrínsecas relacionadas aos imóveis rurais (ORTEGA, 2011). O Cadastro Ambiental Rural (CAR) deriva de ferramentas desenvolvidas em função dos avanços na utilização das metodologias de sensoriamento remoto para identificar os desmatamentos na região da Amazônia Legal. Durante a década de1990 tanto o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que já vinha apurando a taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal desde 1988 quanto, alguns estados amazônicos, passaram a intensificar os esforços de mapear o avanço do desmatamento a partir de imagens de satélites. A possibilidade de identificar com precisão 7 a localização dos desmatamentos levou à procura por mecanismos que também permitissem utilizar estas metodologias para promover a identificação e integração de todas as informações ambientais das propriedades e posses rurais. O CAR é o instrumento que possibilita ao detentor do imóvel rural declarar sua situação ambiental em relação a estas obrigações. Portanto, o CAR deve ser prévio e independente do licenciamento ambiental das atividades produtivas e de outras licenças e autorizações, tais como plano de manejo ou autorização de desmate. Assim, a definição ultrapassa o mero registro documental das obrigações mencionadas e foca no monitoramento e planejamento do uso do imóvel, tornando o CAR um instrumento de gestão ambiental. Segundo MORETTI e ZUMBACH (2015) o CAR, busca oferecer no mínimo, três funções principais como um instrumento de gestão territorial e ambiental: • Planejamento do imóvel rural, com a definição do local das áreas de produção, das APPs e da RL, subsidiando o planejamento das áreas de proteção ambiental a partir da formação de corredores florestais; • Melhoria da eficiência das áreas passíveis de uso produtivo; • Primeiro passo para a regularização ambiental do imóvel rural, conferindo segurança jurídica à produção e à comercialização dos produtos, com acesso às linhas de crédito oficiais. Analisando mais detalhadamente os elementos que compõem o CAR, percebe-se que as obrigações intrínsecas dos imóveis rurais são as referentes à manutenção e/ou recomposição da APP, AUR e RL. Cabe ressaltar que a inscrição no CAR é a primeira etapa para regularização ambiental. As informações prestadas serão analisadas pelo órgão ambiental local responsável e poderão ser checadas em trabalho de campo. Caso seja constata da falsidade ou omissão, poderá o declarante sofrer sanções em âmbito penal e administrativo, conforme destacado no art. 7° do Decreto nº 7.830/2012: 2.2 CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE APRESENTAÇÃO DO CAR O não preenchimento pode acarretar multas e punições, bem como a restrição do acesso a financiamentos bancários, entre outras sanções, como por exemplo, a que se aplica à falta de informações perante o CAR, onde penalizam o Decreto nº 7.830 em seu art., 6º, §1º: “Art. 6º [...] § 1º As informações são de responsabilidade do declarante, que incorrerá em sanções penais e administrativas, sem prejuízo de outras previstas na legislação, quando total ou parcialmente falsas, enganosas ou omissas. ” A implicância na presente campanha preventiva, visa evitar episódios como o que aconteceu em Belém/PA na data de 17/06/2010[5], quando o IBAMA multou em cerca de R$16 milhões cinco 8 fazendas por falta de Cadastro Ambiental Rural (CAR), durante a Operação Oriente, que acontece em Tailândia, a 260 Km de Belém, no nordeste do Pará. A autuação se deu após termo de cooperação técnica firmado entre IBAMA, MPF e Polícia Rodoviária Federal para intensificar a fiscalização do transporte de gado, exigindo, além da Guia de Transporte Animal, também o CAR. Diz a notícia que uma única propriedade, com 4,3 mil hectares e duas mil cabeças de gado, foi penalizada em R$10 milhões e ainda que aquelas fazendas autuadas estão proibidas de negociar seus produtos no mercado. Adiante, cito ainda como consequências da não regularização do CAR um possível impedimento na obtenção de licenças ambientais para uso ou exploração dos recursos naturais da propriedade, no que podemos ver o exemplo da aquicultura, já expressamente proibida a atividade sem inscrição no CAR: “Art. 4º [...] § 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que: [...] IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR. ” 2.2.1 NÚMEROS DO CAR O Cadastro Ambiental Rural é uma importante ferramenta de gestão ambiental. O Serviço Florestal Brasileiro disponibiliza regularmente documentos com informações sobre o andamento desta política, com um panorama da situação nacional. O Boletim Informativo traz dados sobre o cadastramento em diferentes esferas: por região, estado e município. Nestas publicações é possível encontrar informações sobre área cadastrada, perfil de imóveis e outras. Até 31 de outubro de 2017, já foram cadastrados mais de 4.4 milhões de imóveis rurais, totalizando uma área de 418.749.003 hectares inseridos na base de dados do sistema. A Figura 1 mostra os números do CAR em todo o país. 9 Figura 1 - CAR em números. Fonte: Serviço Florestal Brasileiro. Este cenário também é mostrado por alguns extratos disponíveis no site do Serviço Florestal Brasileiro, nestes extratos estarão demonstrados os incrementos e decréscimos dos dados no CAR, como podemos verificar na Figura 2. Figura 2. Extrato Brasil do CAR. Fonte: Serviço Florestal Brasileiro. 10 2.3 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE CADASTRO AMBIENTAL RURAL (SICAR) 2.3.1 SICAR – INTRODUÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA PLATAFORMA O SICAR apresenta módulo (plataforma) para inscrição no CAR, que está disponível em um site específico, disponível na internet, pelo qual é possível fazer o cadastro, a consulta e o acompanhamento da situação de regularização ambiental dos imóveis rurais. Importante ressaltar que pode haver especificidades em cada Estado, no entanto, para sanar essas particularidades é necessário consultar o órgão estadual ou municipal de meio ambiente. O SICAR também viabilizará a integração das informações ambientais dos imóveis rurais, destinando-se a: I. receber, gerenciar e integrar os dados do CAR de todos os entes federativos; II. cadastrar e controlar as informações dos imóveis rurais, referentes a seu perímetro e localização, aos remanescentes de vegetação nativa, às áreas de interesse social, às áreas de utilidade pública, APP, AUR, áreas consolidadas e às RL; III. monitorar a manutenção, a recomposição, a regeneração, a compensação e a supressão da vegetação nativa e da cobertura vegetal nas APP, AUR, e RL, no interior dos imóveis rurais; IV. promover o planejamento ambiental e econômico do uso do solo e conservação ambiental noimóvel rural; V. disponibilizar informações de natureza pública sobre a regularização ambiental dos imóveis rurais em território nacional, na Internet. 2.3.2 MÓDULOS DO SICAR Para realizar o CAR é necessário instalar o “Módulo de Cadastro” em seu computador e, em seguida, baixar as imagens do município onde está inserido o imóvel rural a ser cadastrado. O cadastro de um imóvel rural no SICAR possui duas etapas distintas: o preenchimento das informações no módulo de cadastro e o envio da declaração para o módulo receptor - sistema similar ao da declaração do imposto de renda disponibilizado pela Receita Federal. O módulo de cadastro consiste no preenchimento das 6 etapas descritas a seguir: • Cadastrante: identificação da pessoa apta a realizar o cadastro que não necessariamente será o proprietário/possuidor do imóvel rural; • Imóvel: dados de identificação do imóvel rural; • Domínio: identificação dos detentores do imóvel rural, podendo ser pessoa física ou jurídica; • Documentação: dados que comprovem a titularidade do imóvel rural; • Georreferenciamento: identificação da localização georreferenciadas da área do imóvel e das demais áreas ambientais relevantes ao CAR (remanescentes de vegetação nativa, áreas consolidadas, áreas de servidão administrativas, APP, AUR e RL); • Informações: dados complementares relativos à situação do imóvel rural. 11 2.4 TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO CAR Foi desenvolvido um programa para realizar o cadastro dos imóveis rurais, chamado de módulo de cadastro, facilmente obtido no site do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) criado pelo Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012 (BRASIL, 2012). O cadastro rural só pode ser feito pelo computador. O produtor entra na página do CAR na internet e baixa o programa, em seguida o proprietário deve preencher dados pessoais e da propriedade e o próprio sistema fornece as imagens de satélite do imóvel rural (PORTAL BRASIL, 2014). Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG), desenvolvidos com o intuito de aproveitar as tecnologias geoespaciais existentes, como o acesso às imagens de satélite de alta resolução, foram implantados nos projetos do CAR, agregando-as como aspectos qualitativos de grande credibilidade para a regularização dos imóveis rurais (MORETTI E ZUMBACH, 2015). Dessa maneira, com as tecnologias desenvolvidas pela TNC (The Nature Conservancy), ela conseguiu implantar, testar e aperfeiçoar sistemas informacionais que hoje são produtos disponibilizados gratuitamente para todos os envolvidos com projetos de CAR – governos, técnicos, produtores – e que, com capacitação adequada, facilitam os processos de cadastramento, regularização e licenciamento ambiental dos imóveis (MORETTI e ZUMBACH, 2015). 2.4.1 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DESENVOLVIDAS PARA O CAR CARGEO: Sob uma ampla perspectiva, o CARGEO é uma ferramenta computacional científica desenvolvida pela TNC para dar suporte aos processos de regularização de APPs e RLs. É um aplicativo voltado ao cadastramento, ao Georreferenciamento e à análise da cobertura vegetal dos imóveis rurais. Acima de tudo, foi criado para agilizar e permitir alta escala na execução dessas tarefas, a custos bem mais modestos, sem prescindir de uma fácil interação com o usuário e da qualidade técnica necessária para a geração das bases de informações geográficas. LEGALGEO: Enquanto o CARGEO permite a identificação dos ativos e dos passivos ambientais dos imóveis rurais, isto é, o que se deve priorizar para atingir uma conservação ideais, o sistema LEGALGEO ajuda a determinar onde se localizam as áreas prioritárias que poderão compor uma interconexão ecológica que favoreça a preservação mais eficiente da região. Portal Ambiental (PAM): É uma ferramenta de informações desenvolvida pela TNC e disponibilizada em ambiente WEB, com o objetivo de atender às questões municipais relacionadas à gestão ambiental e territorial. Essas questões incluem, sobretudo, o CAR e o controle e monitoramento das APPs e RLs. Fluxo analítico do Código Florestal: Frente à grande complexidade de entendimento das diretrizes do Código Florestal, já considerando o novo texto vigente, a TNC também desenvolveu um fluxo analítico detalhado da lei, que facilita a interpretação de cada um de seus critérios e fornece as bases para o algoritmo de processamento de dados das ferramentas CARGEO, LEGALGEO e PAM. 12 2.5 ETAPA GEO DO CAR Na Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012, Art. 3°, IV, foi definido o conceito de área rural consolidada como sendo “a área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio”. Assim, as atividades exercidas no imóvel rural antes de 22 de julho de 2008 passam a ser consideradas consolidadas, estando sujeitas a um regime jurídico distinto. Atualmente, existe uma maior disponibilidade de imagens do satélite Landsat 5 de 2008, que podem ser utilizadas no monitoramento de remanescentes nativos, subsidiando o SICAR. Essas imagens são utilizadas para confrontar com o mapeamento mais recente, possibilitando a obtenção de informações sobre possíveis alterações após 22 de julho de 2008. Figura 3 - Tela SICAR Etapa GEO. Fonte: www.car.gov.br. 2.5.1 APLICAÇÕES DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS AO MÓDULO DO CAR Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) podem ser definidos como um conjunto de ferramentas para coletar, armazenar, consultar, transformar e apresentar dados geográficos para atender às necessidades de determinada aplicação. O SIG permite visualizar, compreender, questionar e interpretar dados de muitas formas que revelam relações, padrões e tendências dos fenômenos geográficos na forma de mapas, globos, relatórios e gráficos. Existem três maneiras de inserir os dados vetoriais no modulo de cadastro do SICAR, sendo elas: importação de um arquivo vetorial, memorial descritivo e delimitação das feições com base nas imagens de satélite georreferenciadas disponíveis no módulo de cadastro. 13 Uma das formas de georreferenciar as informações ambientais do cadastro são por meio da delimitação manual das feições (desenho), utilizando como referência as imagens de satélite disponíveis. Para isso, o cadastrante deverá conhecer os limites do imóvel e localizalo na imagem. Feito isso, utiliza-se a ferramenta de desenho para traçar essas feições. Esse método de Georreferenciamento é, entre todas as opções, o menos preciso devido a escala das imagens ser de 1:50.000, diferindo da escala de visualização no módulo de cadastro de 1:5.000. Nesta situação, cada 1(um) centímetro na imagem corresponde a 50 (cinquenta) metros na sua escala de delimitação. Na realidade, ao utilizar essa ferramenta, o cadastrante deverá ser cuidadoso ao delimitar as feições, pois um erro no desenho irá gerar uma grande imprecisão no cadastro do imóvel. 2.5.2 ETAPA DE GEORREFERENCIAMENTO. Figura 4 - Ferramentas Etapa GEO. Fonte: www.car.gov.br. A sigla GEO vem da palavra GEORREFERENCIAMENTO, que significa a demarcação da área do imóvel e de seus componentes, como o tipo de cobertura do solo, Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), sobre a imagem de satélite do município em que ele está localizado. Essa etapa será utilizada pelo usuário para realizar a demarcação da área do imóvel e das características físicas do mesmo. Essa demarcação será realizada por meio de um Georreferenciamento, ou seja, pela demarcação do imóvel em um mapa. O Georreferenciamento do imóvel é composto por5 (cinco) passos a serem executados pelo usuário. Para cada um desses passos é realizada a demarcação de características físicas específicas do imóvel. Além disso, para cada passo, o sistema disponibiliza um conjunto de ferramentas para que o usuário realize a demarcação da característica em questão. Antes de iniciar o Georreferenciamento, o usuário deverá certificar-se que a imagem do município onde se localiza o imóvel a ser cadastrado tenha sido baixada anteriormente. Caso contrário, o mapa desse município não será exibido, sendo necessário ao usuário baixá-lo primeiro. 2.5.3 PASSOS DO GEO Conforme citado anteriormente são 5 passos que o usuário deverá seguir para finalizar a etapa Geo. do CAR: 14 Figura 5 - Etapa GEO 5 PASSOS. Fonte: www.car.gov.br. Observe que apenas o primeiro passo vem habilitado para seleção antes de iniciar a demarcação do imóvel. Isso implica que o usuário deverá obrigatoriamente selecionar esse passo para iniciar o Georreferenciamento do imóvel. Os passos restantes serão habilitados após a conclusão desse primeiro. Observe também que o nome de cada um dos passos é mostrado logo abaixo de sua miniatura. Abaixo será descrito detalhadamente o que cada um destes passos representa. Em seguida serão detalhadas as ferramentas de navegação e marcação no mapa. 1 – Área do Imóvel: Este passo é obrigatório no cadastro ambiental rural. Corresponde à área total do imóvel que está sendo cadastrado. É considerada como sendo o conjunto de propriedades ou posses distribuídas de forma contínua, pertencentes a um ou mais proprietários ou possuidores rurais. Eventualmente a área declarada constante nos documentos podem não corresponder com o desenho elaborado, já que algumas áreas foram obtidas com instrumentos sem precisão, o que não impede a conclusão do registro no CAR. No entanto, deve ser evitado o desenho sobre áreas de outros imóveis rurais, evitando sobreposições, já que as declarações no CAR não geram benefício fundiário e no processo de análise o registro poderá ser suspenso. Neste passo, ainda é obrigatório a indicação da “Sede ou Ponto de Referência do Imóvel”; 2 – Cobertura do Solo: São áreas no interior do imóvel rural, que são constituídas por “Área de Pousio, “Área Consolidada” e “Remanescente de Vegetação Nativa”; 3 – Servidão Administrativa: Corresponde às áreas ocupadas por estradas, outras obras públicas que recortam o interior do imóvel rural. A descrição destas áreas é fundamental para que se obtenha o cálculo da área líquida do imóvel rural, o que dará condições de projetar a área necessária a ser mantida como dispositivo da Reserva Legal. O Georreferenciamento pode ser classificado como “Infraestrutura Pública”, “Utilidade Pública” ou “Reservatório para Abastecimento ou Geração de Energia”; 4 – APP/Uso Restrito: As APP’s são áreas definidas no Código Florestal como sendo aquelas destinadas à proteção da diversidade biológica associadas aos mananciais hídricos, ao relevo e às áreas especiais de grande relevância ambiental. As APP’s são definidas por parâmetros dimensionais que devem ser respeitados no desenho individual de cada APP’s existente no interior do imóvel. O Georreferenciamento pode ser classificado como Uso restrito ou Área de Preservação Permanente; 5 – Reserva Legal: São áreas no interior do imóvel rural que serão instituídas voluntariamente, temporária ou perpetuamente, para conservação dos recursos naturais. O Georreferenciamento neste passo pode ser classificado como “Reserva Legal Proposta”, “Reserva Legal Averbada”, “Reserva Legal Aprovada e não Averbada” e “Reserva Legal vinculada à compensação de outro imóvel”. 15 Concluímos que no Cadastro Ambiental Rural a etapa de Georreferenciamento vem a ser a mais importante a ser elaborada pois é nesta etapa que serão cadastradas as informações relevantes do cadastro, que compõem todo o imóvel rural, suas áreas consolidadas e principalmente áreas de reserva e área de preservação permanente. Assim os corretos estudos destas informações trarão com exatidão a real situação do imóvel rural, visto que, é necessário que o profissional cadastrante tenha um grande conhecimento da legislação e de suas situações para desenvolver de maneira correta sua interpretação observando todas as particularidades deste imóvel. Somente assim o propósito do Cadastro Ambiental Rural terá sua validade para ambas as partes envolvidas neste contexto. 2.6 ESTUDO DE CASO Foi elaborado e desenvolvido o Cadastro Ambiental Rural – CAR, em uma propriedade rural situada no município de Itumbiara – GO, denominada Fazenda Boa Vereda, lugar conhecido como Córrego Cachoeirinha, sendo proprietário o Sr. Francisco de Oliveira Campos Junior e a Sra. Daniela Oliveira Campos Costa, sendo este imóvel uma área de cultura e cerrado com 16 (dezesseis) Alqueires e 36 (trinta e seis) Litros, ou seja, 79.61.80 Hectares, de matricula nº 10.463. O objetivo principal do desenvolvimento deste cadastro é permitir e possibilitar os direitos previstos a partir da legislação vigente ambiental aos proprietários, tornando assim, os mesmos, livres de possíveis penalidades e ainda, permitir a busca de novos benefícios perante à esta Lei. 2.6.1 LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES PARA O CADASTRO A primeira fase a ser desenvolvida para a elaboração do cadastro é o levantamento das informações necessárias para efetuar o cadastro, diante disto, e buscando diretamente com os proprietários, foi solicitado junto aos mesmos os seguintes documentos: 1- Certidão de Inteiro Teor da Propriedade registrada em cartório com data limite de pelo menos 30 dias a contar da data atual da sua solicitação; 2- Documentos pessoais dos proprietários: CPF, CI, Certidão de Casamento, Comprovante de endereço; 3- CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural junto ao INCRA; 4- Memorial descritivo da Propriedade; 5- Coordenadas Geográficas da localização do Imóvel; Após a solicitação dos documentos junto aos proprietários, foi constatado que o imóvel não possui o CCIR, nem Memorial descritivo, nem coordenadas geográficas da localização do imóvel. Foram entregues pelo proprietário do imóvel os seguintes documentos: Certidão de Inteiro teor do imóvel rural devidamente registrada em cartório e os documentos pessoais dos proprietários. Sendo assim foi necessário deslocamento até a propriedade para providenciar a localização exata e verificação das suas principais características, como: áreas de reservas, áreas de preservação permanente e demais benfeitorias. 16 2.6.2 MAPEAMENTO DA ÁREA DO IMÓVEL Para realizar o mapeamento da área do imóvel, fomos deslocados até a propriedade onde foram executados os seguintes procedimentos: 1- Com o auxílio de um GPS Garmin Etrex 30, foram demarcados os vértices da propriedade, a localização da sede da propriedade e a localização de uma represa artificial que consta na propriedade. Ainda foi utilizado um App (Aplicação móvel) Topografia APP para fazer o levantamento topográfico da propriedade. 2.6.3 CADASTRO DA PROPRIEDADE NO SISTEMA DE CADASTRO AMBIENTAL RURAL (SICAR) Com todas as informações em mãos, foi desenvolvido o cadastro ambiental rural no sistema SICAR, como a propriedade se encontra localizada no município de Itumbiara, Estado de Goiás, foi baixado o modulo de cadastro ambiental rural do estado de Goiás, pelo site: http://www.car.gov.br, opção “Baixar”, escolhendo o Estado de Goiás. Como mostrado na Figura 6. Figura 6 - Baixar Modulo de Cadastro. Fonte: www.car.gov.br. Após baixar o modulo do CAR, selecionando o estado de Goiás e instalando no computador o mesmo, iniciou-seas etapas de cadastramento. Onde: 1º Etapa – Baixar as imagens dos Municípios. Nesta etapa foi baixado da Internet as imagens do município de Itumbiara – GO. Conforme é mostrado na Figura 7. 17 Figura 7 - Baixar imagens dos municípios. Fonte: SICAR. 2º Etapa – Cadastrar – Nesta etapa foi escolhido um Novo cadastro, opção “imóvel rural”, como mostra a Figura 8. Figura 8 - Cadastrar imóvel rural. Fonte: SICAR. Nas próximas etapas foram cadastradas as informações pessoais do “Cadastrante”, do “Imóvel”, do “Domino” e do “GEO”. Iremos focar em demonstrar neste estudo de caso a etapa de Georreferenciamento, assim poderemos ter uma visão detalhada do imóvel rural e a partir delas concluir quais foram os resultados após a elaboração, levando em consideração principalmente como está a situação desta propriedade 18 perante ao Cadastro Ambiental Rural, quais serão as necessidades de mudanças e até os possíveis benefícios. Para cadastrar a etapa GEO e criar o mapa representando a superfície e as características da propriedade, utilizamos a própria ferramenta GEO do modulo do SICAR e com as informações de localização obtidas pela visita em campo na propriedade, nesta etapa foram desenhadas a área do imóvel, correspondendo a área total de 79.61.80 Hectares, foi criado o ponto de localização da sede da propriedade, a cobertura do solo, servidão e área administrativa, App e Reserva Legal, como é mostrado na (Figura 2.6.3.4). Após a conclusão do mapa na etapa GEO do SICAR obtemos os seguintes parâmetros para serem analisados e obtermos os resultados finais na Figura 9. Figura 9 - Imagem Etapa GEO Fonte: SICAR. 19 Figura 10 - Demonstrativo do CAR. Fonte: SICAR. Neste demonstrativo podemos verificar os seguintes dados após a confecção do Mapa na Etapa GEO do SICAR. 1- Dados do imóvel: 79.61.80. ha; 2- Módulos Fiscais: 3,32; 3- Coordenadas Geográficas: Lat: 18°24'44,37" S, Long: 49°27'36,17" O; 4- Área total de Remanescentes de Vegetação Nativa: 28,5531 ha; 5- Área total de Uso Consolidado: 40,9674 ha; 6- Área de Reserva Legal Proposta vetorizada: 31,5315 ha; 7- Total de reserva Legal declarada pelo proprietário/possuidor: 31,5315 ha; 8- Áreas de Preservação Permanente: 2,0350 ha. Diante deste cenário podemos concluir que: Na propriedade denominada Fazenda Boa Vereda, deveremos observar que a área total de uso consolidado é de 51,12% sob a área total da propriedade e que a área total de remanescentes de vegetação nativa na propriedade é de 35,83% sob a área total da propriedade e que a área de reserva legal na propriedade é de 39,60% sob a área total da propriedade e ainda que a área de preservação permanente é de 2,56% conforme mostramos na (Figura 2.6.3.6). 20 Figura 11 - Dados da área da Fazenda Boa Vereda. Fonte: AUTOR. Concluímos ainda que a propriedade está resguardada em relação à área de reserva legal, podendo até aderir ao PRA (Programa de Reflorestamento Ambiental), onde o produtor poderá fornecer cotas de reserva legal para outros proprietários, assim, obtendo maiores benefícios junto aos órgãos e ainda consequentemente promovendo uma atividade mais sustentável ao meio ambiente. Ainda com base no resultado final da etapa GEO do CAR da Fazenda Boa Vereda, tem um ponto negativo que provavelmente será cobrado em um futuro próximo a Compensação de reflorestamento junto a APP (Área de Preservação Permanente), pois a porcentagem de APP na propriedade é inferior a necessária. Remanescente de Vegetação; 35,8% Uso Consolidado; 51,1% Reserva Legal; 39,6% Area Preservação Permanente; 2,5% Dados da área da Fazenda Boa Vereda Área total de Remanescentes de Vegetação Nativa Área total de Uso Consolidado Área de Reserva Legal Proposta vetorizada Áreas de Preservação Permanente 21 Figura 12 - Resumo do CAR. Fonte: SICAR. 22 3. Conclusão Conclui-se ao termino deste trabalho que muitas são as barreiras que se encontram no caminho da total entrada do CAR (Cadastro Ambiental Rural) em todo o nosso País. Porém, todavia, nada novo é aceito rapidamente na sociedade, ainda mais se tratando de proprietários rurais, representando um contingente populacional significativo. Ainda é preciso mais campanhas de conscientização e principalmente capacitação técnica da parte dos profissionais envolvidos. Conclui- se ainda que o Geoprocessamento é sem dúvida, a ferramenta indispensável e de suma importância para o objetivo final deste instrumento, visto que, sem ele não seria possível acompanhar de perto todo este cenário. O estudo de caso descrito no trabalho mostra que o resultado final das informações processadas descreve com clareza e exatidão o objetivo proposto pelo CAR. Contudo muito tem que ser trabalhado em prol de colocar em funcionamento todos os verdadeiros objetivos desse tão esperado instrumento. Criado, o instrumento já está, neste momento, somente se necessita de incentivos a execução de todas as propriedades rurais e operá-lo de forma a realmente colaborar ao nosso meio ambiente. 23 4. REFERÊNCIAS www.car.gov.br. Acesso em: 16/10/2017. http://www.florestal.gov.br/. Acesso em: 17/10/2017. Manual do CAR. Acesso em: 17/10/2017. Cartilha do CAR. Acesso em: 17/10/2017.
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