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Resumo para AV1 Direito Constitucional I

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RESUMO PARA AV1 – DIREITO CONSTITUCIONAL I 
 
Capítulo 1 – Teoria da Constituição 
 
Direito Constitucional 
 
É o ramo do Direito Público que estuda a organização e o funcionamento do Estado e a 
defesa dos direitos e garantias fundamentais. 
 
Constitucionalismo 
 
É o movimento social, jurídico e político que tem como principal característica a 
limitação do exercício do poder do Estado por meio do texto constitucional, com o 
objetivo de preservar os direitos fundamentais do povo. 
Na Idade Média, o grande marco do Constitucionalismo foi a Magna Carta de 
1215, assinada pelo rei inglês João I, mais conhecido como João sem terra. Em 1215, 
João I outorgou a Magna Carta, documento no qual reconhecia uma série de direitos do 
povo inglês, tais como o direito à propriedade e liberdade. Diante do documento, pode-
se cair no equívoco de concluir que João I era um rei garantidor de direitos, mas, na 
verdade, era um grande tirano, que foi obrigado a assinar a Magna Carta, pressionado 
pelos barões ingleses. A Magna Carta tem sua importância histórica, mas pouca 
importância prática, pois nunca foi verdadeiramente cumprida. 
Foi somente no século XVII que os direitos previstos na Magna Carta começaram 
a ser respeitados, quando alguns documentos elaborados na Inglaterra começaram a 
reafirmar os direitos previstos anteriormente. Os principais documentos criados para a 
efetivação dos direitos foram o Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act (1679), o 
Bill of Rights (1689) e o Act of Settlement (1701). 
No século XVIII, dois documentos mudaram a história do Constitucionalismo: a 
Constituição Norte Americana de 1787 e a Constituição Francesa de 1791. No meio 
dessas duas constituições, a Revolução Francesa em 1789 reforçou o movimento 
constitucionalista. Por influência dessas duas constituições e dos ideais da Revolução 
Francesa, o Constitucionalismo se espalhou por toda a Europa e cada monarquia foi 
caindo por terra. 
O Neoconstitucionalismo surgiu após a Segunda Guerra Mundial, como fruto do 
movimento do Pós-positivismo, tendo como marco teórico a Teoria da Força Normativa 
da constituição. O principal objetivo do Neoconstitucionalismo é buscar uma maior 
eficácia da constituição, em especial dos direitos fundamentais. Após a Segunda Guerra 
Mundial. 
O Neoconstitucionalismo objetiva assegurar uma maior eficácia dos direitos 
fundamentais, limitando o poder do Estado e exigindo dele o cumprimento integral do 
que está prescrito no texto constitucional. 
 
 
 
Conceito de Constituição 
 
É o conjunto de leis, normas e regras de um país ou de uma instituição. A 
Constituição regula e organiza o funcionamento do Estado. É a lei máxima que limita 
poderes e define os direitos e deveres dos cidadãos. Nenhuma outra lei no país pode entrar 
em conflito com a Constituição. 
 
Sentidos da Constituição 
 
A primeira concepção de constituição importante de ser abordada é a 
Constituição em Sentido Sociológico, cujo principal responsável foi o autor Ferdinand 
Lassale, considerado como o precursor da social democracia alemã no século XIX. Para 
Lassale, a constituição é a soma dos fatores reais de poder que emanam do povo, uma vez 
que a constituição não é somente uma folha de papel. Assim, todo agrupamento humano 
tem uma constituição. No pensamento de Lassale percebe-se a existência de duas 
constituições: uma constituição real, que corresponde à soma dos fatores de poder que 
regem o Estado, e uma constituição escrita, que, quando não cumprida, apresenta-se 
apenas como uma folha de papel. 
Cal Schmitt define a Constituição no Sentido Político e afirma que ela é “uma 
decisão política fundamental do povo”14. A posição decisionista é apontada por Schmitt, 
pois entende a constituição como um reflexo das escolhas, decisões, tomadas para a 
gestão do Estado. O ponto de encontro entre as duas teorias é o entendimento de Schmitt 
de que a constituição também não é só uma lei escrita em uma folha de papel. Diante 
dessa preocupação, Schmitt divide sua classificação da constituição em duas partes: a 
“constituição” e as “leis constitucionais”. A Constituição” trata somente de normas que 
são essenciais, no âmbito constitucional, para a proteção das decisões políticas do Estado. 
As “leis constitucionais" são as demais normas presentes no texto constitucional, mas que 
poderiam estar previstas em matéria infraconstitucional. Na teoria de Carl Schmitt, 
“constituição” é fundamento de existência política do Estado, ao passo que “lei 
constitucional” é escolha de se defender regras no texto constitucional. 
A mais importante concepção de constituição é a Constituição no Sentido 
Jurídico. Nessa concepção, Hans Kelsen afirma que a constituição é a lei mais importante 
de todo ordenamento jurídico. Diante dessa afirmativa, ele conclui que o ordenamento 
jurídico é um sistema hierárquico de normas, no qual a norma principal é a constituição. 
Kelsen representa o ordenamento jurídico de forma piramidal, colocando no topo da 
pirâmide a constituição, como norma que valida a existência de todo o ordenamento 
jurídico brasileiro. 
A constituição existe em dois planos para Kelsen: no plano lógico-jurídico e no 
plano jurídico-positivo. A visão lógico-jurídica refere-se ao ideal da norma hipotética 
fundamental presente nos Estados, ou seja, trata do fundamento lógico, valorativo, no 
qual o legislador constituinte irá se basear para a elaboração da norma constitucional 
positiva. No plano jurídico-positivo trata da constituição como norma suprema 
positivada. 
Conclui-se que Kelsen cria o ideal da Concepção Jurídica hoje adotado no 
ordenamento jurídico brasileiro. A constituição é, portanto, o pressuposto de validade de 
todas as leis e atos normativos, ou seja, para que uma lei seja válida ela precisa estar de 
acordo com a constituição. 
 
 
 
Classificação das Constituições 
 
Quanto à Origem 
Quanto à origem observar-se-á a forma de colocação da constituição no Estado, 
se será imposta ou democrática. 
A constituição é chamada de “promulgada”, “democrática” ou “popular” quando 
é elaborada com a participação do povo que irá ordenar, por meio da democracia direta 
ou da democracia representativa (eleição direta de uma Assembleia Nacional 
Constituinte). No Brasil, foram instituídas de forma democrática as constituições de 1891, 
1934, 1946 e 1988. 
As constituições nomeadas como “outorgadas” ou “impostas” são aquelas 
elaboradas sem a participação popular, impostas pelos governantes ao povo. Elas são o 
resultado de uma manifestação unilateral daqueles que exercem a gestão do Estado. No 
Brasil, foram instituídas de forma outorgadas as constituições de 1824, 1937, 1967 e a 
emenda constitucional de 1969. 
Há, ainda, na classificação de José Afonso da Silva, as constituições nomeadas 
como “cesaristas”. Elas são fruto de uma elaboração autoritária pelo Estado, mas passam 
por aprovação popular posterior por meio de plebiscito. 
 
Quanto à Forma 
Quanto à forma pode-se classificar as constituições como constituições “escritas” 
e “não escritas”. 
As constituições escritas são aquelas materializadas em um documento escrito a 
fim de se buscar instrumentalizar e garantir a obediência de suas determinações. Todas 
as constituições brasileiras são escritas. 
As constituições não escritas não são codificadas e, portanto, não se materializam 
de forma específica como constituição. Essas constituições baseiam-se nos costumes e, 
por isso, são utilizadas em Estados com consuetudinárias. Ex.: Constituição Inglesa em 
que parte das normas são costumeiras. 
 
Quanto ao Modo de Elaboração. 
As constituições poderão ser elaboradas de formas diferentes e em momentosdiferentes e esparsos. A constituição nomeada como “dogmática” é aquela elaborada em 
um único período, de uma só vez, sofrendo influências da época e do momento em que 
foi elaborada. A constituição “histórica” é elaborada “aos poucos”, pois surge com o 
passar do tempo e com a evolução da sociedade. 
 
Quanto à Extensão 
As constituições extensas são classificadas como “prolixas” ou “analíticas” e são 
aquelas que, além de versar sobre os conteúdos básicos de uma constituição, optam por 
abordar outros assuntos no texto constitucional, e por isso ficam bastante estendidas. 
As constituições “concisas” ou “sintéticas” possuem um conteúdo restrito ao que 
é estritamente necessário de ser tratado pela constituição. Ex.: a Constituição dos Estados 
Unidos da América é composta de apenas sete artigos originais e vinte e sete emendas. 
 
Quanto à Finalidade 
As constituições podem ser classificadas ao se analisar a finalidade da elaboração 
do texto constitucional. É nomeada como “constituição garantia” aquela que pretende 
garantir os direitos fundamentais frente ao Estado, determinando limites para a atuação 
do Estado. A constituição será “dirigente” ou “programática” quando os seus artigos 
definirem objetivos para o futuro e para a atuação estatal. O legislador constituinte 
“dirige” a atuação futura dos órgãos governamentais. As constituições dirigentes 
possuem, portanto, as chamadas “normas programáticas”, que requerem uma atuação 
futura do governo para serem efetivadas. 
 
Quanto à Estabilidade 
O nível de estabilidade de uma constituição leva em conta o grau de facilidade 
que se encontra para modificar o texto da constituição de um Estado. Entende-se que a 
colocação da constituição como norma suprema de um Estado exige uma proteção 
especial para que esse texto seja modificado. 
São classificadas como “constituições imutáveis” aquelas que não aditem qualquer tipo 
de modificação. Esse tipo de constituição não é popular, devido à dificuldade que ela 
coloca para a atualização do texto constitucional às novas demandas sempre trazidas pela 
evolução da sociedade. 
As “constituições rígidas” são aquelas que admitem a modificação de seus textos, 
mas que exigem que a alteração ocorra somente após um processo legislativo mais 
dificultoso do que o utilizado para a elaboração de leis ordinárias. 
As constituições “semi-rígidas” estabelecem um processo legislativo mais 
complexo para a modificação da constituição somente para parte de seu texto 
constitucional, sendo o restante modificado nos mesmos critérios de modificação de lei 
ordinária. Ex.: Constituição Brasileira de 1824. 
As “constituições flexíveis” são aquelas que permitem a mudança do texto 
constitucional, por meio do mesmo processo ordinário de elaboração e modificações de 
leis. 
A constituição brasileira de 1988 é classificada como uma constituição rígida pela 
maioria dos autores, pois possui um processo legislativo dificultado para a modificação 
do texto constitucional. Entretanto, para Alexandre de Moraes ela se classifica como um 
a constituição super rígida, pois além de possuir essa rigidez, possui artigos que são 
imutáveis, conhecidos como Cláusulas Pétreas (Art. 60, § 4º, Constituição). 
 
Quanto ao Conteúdo 
A constituição, quanto ao conteúdo, é classificada como ‘material’ ou ‘formal’. 
As constituições que possuem apenas conteúdos essencialmente constitucionais são 
chamadas de ‘materiais’, pois cuidam somente de matérias, assuntos constitucionais, e 
reservam à legislação infraconstitucional os outros conteúdos. As constituições formais, 
além do conteúdo material, tratam de assuntos extras, colocados na constituição por 
escolha do legislador constituinte, mas que poderiam estar previstos em outras normas. A 
constituição da República de 1988 é uma constituição formal, pois por ser prolixa, além 
de possuir o conteúdo materialmente constitucional também trata de assuntos que 
poderiam ser tratados por leis infraconstitucionais. 
 
Quanto à Sistemática 
As constituições, em relação à sua sistemática, são classificadas como 
‘codificadas’ quando estão contidas em um só texto, em um só código. 
As constituições variadas são as que são compostas por mais de um texto 
normativo, sendo formadas por um conjunto de leis. 
 
 
 
 
Normas Constitucionais: Aplicabilidade e Eficácia 
 
As normas constitucionais, apesar de serem dotadas de obrigatoriedade, podem 
possuir diferentes graus de eficácia. Assim, as normas constitucionais, quanto ao grau de 
eficácia, são classificadas em: 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Plena 
 As normas constitucionais de eficácia plena têm a possibilidade de produzir 
efeitos desde o momento em que são editadas e entram em vigor, pois não dependem de 
outras normas para serem efetivadas. Elas já são completas e estão aptas a serem seguidas 
de imediato. 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Contida 
 As normas constitucionais de eficácia contida tiveram sua abrangência restrita 
após a sua entrada em vigor, pois eram de eficácia plena e foram restritas em sua 
aplicabilidade. 
As normas de eficácia contida poderão ser restritas: 
 pelo legislador infraconstitucional. (Ex.: art. 5º, VIII; art. 5º, XIII; art. 37, 
I da Constituição de 1988); 
 por outras normas constitucionais. (Ex.: arts. 136 a 141 da Constituição de 
1988); 
 por conceitos jurídicos consagrados na doutrina e na jurisprudência. (Ex.: 
conceito de ordem pública na aplicação do art. 5º, XXV da Constituição 
de 1988). 
 
Norma Constitucionais de Eficácia Limitada 
 As normas constitucionais de eficácia limitada são o oposto das normas de eficácia 
plena, pois, no momento de entrada em vigor do texto constitucional, não possuem a 
possibilidade de serem aplicadas, por dependerem de regulação específica do legislador 
ordinário para serem regulamentadas. 
 
Hermenêutica das Normas Constitucionais 
 
 A Hermenêutica Jurídica possui uma subespécie conhecida como Hermenêutica 
Constitucional, consagrada pelo ideal do Neoconstitucionalismo. Pela importância 
suprema da constituição é importante que ela seja abordada por técnicas de interpretação 
específicas. 
 A primeira posição da Hermenêutica Constitucional é o chamado 
“Interpretativismo”, que determina que o intérprete se limita pelo texto e pelos princípios 
explícitos na constituição. 
 A segunda abordagem é a do “Não Interpretativismo”, na qual o intérprete vai 
além da norma e defende a aplicação dos valores constitucionais para a compreensão da 
constituição. 
A Hermenêutica Constitucional questiona, também, se o intérprete da constituição 
deve buscar interpretar de acordo com a ‘vontade da lei’ (mens legis) ou de acordo com 
a vontade do legislador (mens legislatoris). Os autores subjetivistas entendem que deve-
se buscar a vontade do legislador. Entretanto, a doutrina majoritária entende que deve-se 
buscar interpretar de acordo com a ‘vontade da lei’, a que está no texto, de forma objetiva. 
Em especial porque a lei é mais inteligente que o legislador, sendo capaz de se adaptar a 
situações não imaginadas pelo legislador. 
Preâmbulo da Constituição 
 
Preâmbulo é a parte preparatória do texto constitucional, a própria palavra 
“preâmbulo” significa introdução. O preâmbulo brasileiro encontra-se, portanto, antes do 
artigo 1o da Constituição e determina que: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, 
a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmoniasocial e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de 
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
Todas as constituições brasileiras até hoje tiveram um preâmbulo, mas ele não é 
um elemento obrigatório para a existência das constituições. 
O Supremo Tribunal Federal tem entendido que o preâmbulo não é norma 
constitucional, não sendo dotado de força normativa. Portanto, o preâmbulo não é norma 
de repetição obrigatória nas constituições estaduais, ou seja, as constituições estaduais 
não precisam ter preâmbulo e, quando optarem por colocá-lo, não têm a obrigação de 
reproduzir os ideais do preâmbulo da constituição da República. 
Como o preâmbulo não é norma constitucional, ele não pode ser utilizado como 
parâmetro do controle de constitucionalidade. Se alguma lei ou ato normativo ferir o que 
está disposto no preâmbulo, não há configuração de inconstitucionalidade. 
 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) 
 
A principal diferença do ADCT, para a parte permanente do texto constitucional, 
é o fato de não ter um caráter permanente, ou seja, tem o objetivo de ser aplicado de forma 
transitória, por um tempo determinado. As normas contidas presentes no ADCT têm o 
objetivo de regulamentar o período de transição que se dá do regime jurídico estabelecido 
pela antiga constituição para o regime jurídico estabelecido pela nova constituição. 
 
 
Capítulo 2 – Poder Constituinte 
 
Conceito 
 
O poder constituinte é o responsável pela criação, reforma, revisão e mutação das 
constituições. 
A ideia básica é a de que não há mais um ser divino que comanda os ideais 
humanos, mas o próprio ser humano e sua racionalidade definirão as formas de 
organização das relações estatais. Esses ideais levam à criação da “Teoria do Poder 
Constituinte”. 
O poder constituinte não se confunde com os “poderes”4 constituídos do Estado, 
ou seja, com o Executivo, Legislativo e Judiciário. O poder constituinte existe a partir da 
origem popular, sendo um poder de fato. Ele possibilita a elaboração e modificação da 
constituição. Por outro lado, na constituição existirá o estabelecimento dos “poderes” 
constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário. 
No Brasil, o poder do povo está estipulado no artigo 1o, parágrafo único da 
Constituição da República de 1988: “Art. 1o - Parágrafo único. Todo o poder emana do 
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição”. 
A convocação para o exercício do poder constituinte se dá, via de regra, por meio 
da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. 
 
Espécies de Poder Constituinte 
 
Poder Constituinte Originário 
O poder constituinte originário é o poder constituinte que tem a capacidade de 
criar uma constituição, documento que organiza juridicamente um Estado. A constituição 
é um documento jurídico normativo que fará nascer um novo Estado do ponto de vista 
jurídico-formal. Ou seja, o exercício desse poder faz surgir, inaugurar, um novo Estado. 
O Estado nasce do documento editado pelo poder constituinte originário. 
Quando o poder constituinte originário se manifesta surge, portanto, a 
constituição. 
O poder constituinte originário histórico (ou fundacional) será aquele que cria 
a primeira constituição do Estado, no caso do Brasil efetivou-se com a elaboração da 
Constituição Imperial de 1824. 
Todas as demais constituições serão criadas por meio do poder constituinte 
originário revolucionário, que é o poder que cria uma nova constituição, em substituição 
à anterior, gerando uma profunda ruptura com a ordem jurídica anterior do Estado. 
 
Poder Constituinte Derivado 
O poder constituinte derivado é também chamado de poder constituinte instituído, 
secundário, de 2º grau ou remanescente. O poder constituinte derivado tem esses 
sinônimos porque tecnicamente ele não é um poder constituinte, mas um poder 
constituído, uma vez que no momento da elaboração da constituição o legislador 
constituinte irá determinar juridicamente como o poder constituinte derivado será 
exercido. Portanto, a própria constituição estabelecerá como deverá ser exercido, daquele 
momento em diante, quando se desejar alterá-la. É exatamente por essa característica que 
recebe o nome de poder constituinte “derivado”, pois deriva do exercício do poder 
constituinte originário, que traça suas características na constituição. 
 
Espécies de Poder Constituinte Derivado 
O poder constituinte derivado se divide em três espécies: Decorrente, Reformador 
e Revisor. As três espécies de poder constituinte derivado são previstas e estipuladas pelo 
próprio texto da constituição, tendo características próprias. 
 
Poder Constituinte Derivado Revisional 
A revisão é ampla e genérica, sendo exceção, pois é via extraordinária de 
modificação da constituição. A revisão constitucional se dá por meio de emendas 
constitucionais amplas, chamadas de revisionais, que possuem o intuito de analisar a 
adaptação do novo texto constitucional à sua aplicação prática, fazendo-se ajustes. 
A revisão constitucional está prevista no artigo 3º do ADCT: “Art. 3º. A revisão 
constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, 
pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão 
unicameral”. Assim sendo, a revisão só pode ocorrer 5 anos após a edição da constituição 
(limitação temporal) e em sessão unicameral do Congresso Nacional, sem distinguir 
Câmara dos Deputados de Senado Federal. Além disso, o quórum de aprovação da 
emenda constitucional revisional deve se dar pela maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, ou seja, "mais que a metade" do número total de indivíduos que 
compõe o Congresso Nacional. 
 
Poder Constituinte Derivado Reformador 
O poder constituinte derivado reformador estabelece a via ordinária de alteração 
da constituição, tendo caráter pontual e específico, tratando de temas particulares do texto 
constitucional, em obediência aos limites impostos na própria constituição. 
A reforma se faz por meio de ‘emendas constitucionais’. O artigo 60 da 
constituição prevê a reforma constitucional, por meio de emendas constitucionais 
específicas, o que não se confunde com o exercício do poder constituinte originário 
revisor. 
Os limites circunstanciais são aqueles que impedem, diante de situações sociais 
excepcionais, a alteração do texto constitucional. O objetivo desses limites é preservar a 
integralidade do Estado Democrático de Direito quando esteja passando por momentos 
de instabilidade social, que possam impedir a livre manifestação do poder constituinte 
derivado. Nesse caso, quando o Estado está passando por um período de Estado de 
Legalidade Extraordinária, não poderão ser discutidas e aprovadas emendas 
constitucionais. As situações que não permitem a reforma do texto constitucional são: 
Estado de Defesa (Art. 136), Estado de Sítio (Art. 137) e Intervenção Federal (Art. 34). 
As limitações materiais referem-se a temas (matérias) que a constituição protege 
e as coloca como impossíveis de serem restritas ou abolidas pela reforma constitucional. 
O legislador constituinte, em regra, permitiu a alteração da constituição, mas alguns 
conteúdos afirmou que não podem ser restringidos ou abolidos da constituição. Esses 
temas são intitulados pela doutrina de Cláusulas Pétreas. 
Há a possibilidade de termos emendas constitucionais sobre temas de cláusulas 
pétreas, desde que não se restrinja ou extinga esses direitos, ampliando-os. É possível, 
portanto, a existência de emendas para ampliar e melhorar a defesa das cláusulas pétreas.O Poder Constituinte Derivado Reformador possui limitações formais que se 
dividem em limitações subjetivas e objetivas. 
As limitações formais subjetivas tratam de “quem” pode propor um Projeto de 
Emenda Constitucional (PEC). São 3 os legitimados para propor uma ‘PEC’: 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
As limitações formais objetivas tratam das outras condições que a constituição 
impõe para permitir a mudança de seu texto, por meio de emendas constitucionais. A 
primeira exigência é que a PEC seja discutida e votada, em cada casa do Congresso 
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), e que em cada uma das duas casas 
a votação tem que se dar em 2 turnos, ou seja, 4 votações ao todo. Vota-se 2 vezes na 
Câmara e, se aprovado, vota-se 2 vezes no Senado. Via de regra a PEC começa na Câmara 
dos Deputados, salvo se proposto por 1/3 do Senado. Ela só será aprovada se obtiver, em 
ambas as casas, 3/5 dos votos dos respectivos membros (60%) da maioria absoluta. O 
quórum é, portanto, maior que o da aprovação de leis (maioria simples) e da revisão 
constitucional (maioria absoluta). 
 
 
 
Poder Constituinte Derivado Recorrente 
O poder constituinte derivado decorrente é o poder outorgado aos entes estaduais 
da federação de editarem as suas próprias constituições. Nas federações há mais de um 
poder constituinte, pela existência do poder constituinte decorrente. O federalismo 
brasileiro, por ter características próprias, determina que os entes federativos brasileiros 
não tenham a mesma liberdade do federalismo estadunidense. Os estados-membros 
podem editar suas próprias constituições, mas o poder constituinte decorrente é limitado 
a obedecer aos ditames e estar de acordo com a Constituição da República. 
O art. 11 do ADCT estabeleceu a existência do poder constituinte derivado 
decorrente: “Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará 
a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição 
Federal, obedecidos os princípios desta”. 
Muitas normas das constituições estaduais são repetições da constituição federal 
e, por isso, recebem o nome de “normas de repetição”. Somente as normas 
constitucionais, que não são de repetição obrigatória, permitirão ao estado- membro agir 
de forma autônoma ao elaborar a sua constituição e estabelecer um regramento próprio. 
Portanto, nos estados existe poder constituinte, que é derivado da própria 
constituição e está, portanto, limitado e condicionado ao poder constituinte originário. 
Aos municípios entende-se que o município não pode exercer poder constituinte 
e criar constituições municipais, sendo que há somente uma lei orgânica do município 
que tem a mesma funcionalidade de uma constituição municipal, mas tecnicamente não 
é um documento constitucional. 
 
Poder Constituinte Difuso 
A sociedade interpreta a constituição de formas distintas a partir de sua evolução 
histórica e o poder social ganha o nome doutrinário de poder constituinte difuso. Há uma 
alteração informal da constituição, pois o texto não é alterado, mas o significado da norma 
constitucional se modifica provocando-se o fenômeno da MUTAÇÃO 
CONSTITUCIONAL. Há a mudança da interpretação da constituição, sem se alterar o 
texto da norma. 
É importante destacar que a mutação constitucional tem que estar presa às normas 
e ao sistema constitucional, sendo impossível a interpretação do texto constitucional de 
forma arbitrária. Assim, como se pode falar em mutação constitucional, pode-se falar 
também em mutação inconstitucional, que não é permitida, pois vai contra a própria 
constituição. 
 
Poder Constituinte Supranacional 
Segundo essa teoria, o poder constituinte é possível de ser exercido além das 
fronteiras territoriais dos Estados nacionais, por meio da união de Estados, em prol da 
elaboração de uma constituição comunitária que englobe mais de um Estado. Esse poder 
constituinte é chamado de ‘poder constituinte supranacional’. 
A intenção é observar direitos com o ideal de universalidade dos direitos humanos, 
gerando uma maior interação entre diferentes povos e integração no âmbito interno e 
internacional. 
A União Europeia tem passado por um processo de constitucionalização em 
“bloco”, e apesar de terem sido frustradas as suas tentativas de unificar os documentos 
constitucionais dos Estados, o Tratado de Lisboa, que entrou em vigor em 2009, tem 
fortes características de integração nacional, conforme defende a teoria do poder 
constituinte supranacional. 
 
Nova Constituição e a Ordem Jurídica Anterior 
 
No momento do surgimento de uma nova constituição, a constituição anterior 
pode sofrer três possíveis consequências: revogação, desconstitucionalização ou 
recepção. 
A revogação da constituição é a regra e estabelece a perda de validade do texto da 
constituição anterior, de forma tácita. Na desconstitucionalização, a constituição anterior 
deixa de ser constituição e permanece no ordenamento jurídico como norma 
infraconstitucional, ou seja, no que estiver de acordo com a nova constituição, continua 
em vigor, com um caráter hierárquico ordinário. Essa possibilidade é aplicada na França 
e em Portugal. O STF entende que não existe mais no Brasil essa possibilidade, apesar de 
já ter existido. Exemplo: O artigo 147 da Constituição do Estado de São Paulo de 1967 
desconstitucionalizou a constituição paulista de 1947. 
Na recepção, a norma constitucional anterior continua em vigor, mas mantém o 
seu status hierárquico constitucional, pois é recepcionada no que for materialmente 
compatível e nos pontos que a nova constituição determina que a constituição anterior 
será mantida. Exemplo: Art. 34 do ADCT que recepcionou as regras de 1967 do sistema 
tributário nacional por tempo determinado, ou seja, 5 meses (vacatio constitutionis). 
Além das consequências referentes ao texto da antiga constituição, entende- se 
que a entrada em vigor de uma nova constituição fará com que as normas 
infraconstitucionais sofram uma série de consequências jurídicas, uma vez que se entende 
que todas as normas infraconstitucionais devem estar de acordo com o novo texto 
constitucional. 
Em regra, no Brasil, a nova constituição opera uma total revogação da constituição 
anterior e, nesse sentido, as leis infraconstitucionais, existentes no Estado, ficam sem base 
de validade. Na medida em que as leis são utilizadas pelos juristas, elas passam, 
paulatinamente, por uma análise detalhada de questionamento de sua validade, diante do 
novo padrão de validade estabelecido pela nova constituição. 
Assim, as normas infraconstitucionais, que não estiverem de acordo com a nova 
constituição, serão revogadas, e as que estiverem de acordo serão recepcionadas. A 
recepção e a revogação poderão ser totais, quando se recepciona toda a lei, ou parciais, 
quando somente parte da lei mantém sua validade.

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