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A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial EMPREGO DE FERRAMENTAS NUMÉRICAS E ANALÍTICAS NA DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS EM VIGAS Daniel Lombardi Resende (1) (daniel.ufsj@gmail.com), Samuel Alves de Freitas (2) (samuelengmec@gmail.com), André Luis Christoforo (3) (alchristoforo@yahoo.com.br) UniversidadeFederal de São João Del Rei (UFSJ); Departamento de Mecânica RESUMO:Vigas são elementos estruturais projetados para suportar carregamentos aplicados perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. A aplicação deste carregamento resulta em um deslocamento da mesma. Duas teorias analíticas são utilizadas para calcular tal deslocamento, sendo elas a Teoria de Vigas de Bernoulli e a Teoria de Vigas de Timoshenko. Nessas teorias, o deslocamento é obtido à partir da força aplicada, das propriedades do material e das dimensões do perfil transversal da viga. Entretanto, as teorias baseiam seus cálculos em elementos de barra, fugindo um pouco da realidade física da viga, que é tridimensional. Para testar a validade das teorias, os resultados dos deslocamentos obtidos por elas serão colocados em paralelo com resultados de deslocamentos obtidos por simulação numérica, utilizando um software computacional (HyperWorks), que utiliza o método de elementos finitos, aproximando mais à realidade. Com os resultados em mãos, é possível perceber que as teorias, quando aplicadas a vigas longas, se aproximam dos resultados numéricos e, a medida em que a viga diminui, os resultados se afastam. Para vigas curtas, a Teoria de Vigas de Timoshenko é mais aceita que a de Bernoulli, por considerar o efeito de cisalhamento da barra em seus cálculos. PALAVRAS-CHAVE:Método dos elementos finitos, teoria de vigas de Bernoulli, teoria de vigas de Timoshenko. ANALYTICAL AND NUMERICAL METHODOLOGIES USED TO DETERMINE THE DISPLACEMENTS IN STRUCTURAL BEAMS ABSTRACT:. Beams structural elements are designed to withstand loads applied perpendicularly to its longitudinal axis. The application of this load results in a displacement of the same. Two analytical theories are used to calculate such displacement, these being the Bernoulli Beam Theory and the Theory of Timoshenko beams. In these theories, the displacement is obtained from the force applied, the material properties and dimensions of the cross section of the beam. However, theories based their calculations on bar elements, fleeing some of the physical reality of the beam, which is three- dimensional. To test the validity of the theories, the displacement results obtained for them are placed in parallel with displacement results obtained by numerical simulation using a computer software (HyperWorks), which uses the finite element method, closer to reality. With the results in hand, one can see that the theories when applied to beams long, approaching the numerical results and the extent to which the beam decreases, the results deviate. For short beams, the Timoshenko theory of beams is more accepted than Bernoulli, by considering the effect of shear bar in their calculations. KEYWORDS:Finite element method, Bernoulli teory beams, Timoshenko teory beams. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 2 1. INTRODUÇÃO A análise de flexão de viga tem sido um tema de interesse para os investigadores há mais de um século, podendo ser encontrada como um capítulo padrão na maioria dos livros- texto de resistência dos materiais. A engenharia almeja a possibilidade de reduzir os gastos de matéria prima. Sendo assim, este tema desperta grande interesse por parte dos pesquisadores e estudantes, pois quanto mais conhecermos sobre os efeitos da flexão em vigas, melhor podemos trabalhar com os materiais e proporcionar uma redução de custos em um projeto. Existem inúmeras teorias de vigas que relacionam tensões e deslocamentos. No presente trabalho, a teoria de vigas de Euler – Bernoulli e a teoria de vigas de Timoshenko são comparadas com resultados advindos de simulação numérica feita no software HyperWorks. Esse software utiliza o método dos elementos finitos para plotagem de seus resultados. Segundo Azevedo (2003) o Método dos Elementos Finitos (MEF) tem como objetivo a determinação do estado de tensão e de deformação de um sólido de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores. Mazzieiro et al define o MEF como um método matemático, no qual um meio contínuo é discretizado (subdividido) em elementos que mantém as propriedades de quem os originou. Esses elementos são descritos por equações diferenciais e resolvidos por modelos matemáticos para que sejam obtidos os resultados desejados. Maurizi e Bellés (1991) estudaram as frequências naturais de um sistema massa – viga de uma viga uniforme utilizando a teoria de Timoshenko. Rossi et al (1993) apresentou a vibração livre da viga de Timosheko elasticamente montada com massas concentradas. Posiadala (1997) examinou a vibração livre de uma viga uniforme de Timoshenko com anexos, por meio da abordagem de Lagrange. Wang e Lee (1974) introduziu o método deflexão dinâmica para a análise de plano forçado pela vibração de uma viga circular de Bernulli-Euler com extremidades fixas. Silva e Urgueira (1988) estudaram a resposta em estado estacionário fora do plano de uma viga de Timoshenko curva, usando o método da matriz de rigidez dinâmica. Até o presente momento, não se encontrou, na literatura, estudos sobre uma análise comparativa entre as duas teorias com análise numérica. Com isto, o trabalho tem como objetivo analisar a validade das teorias analíticas, por meio de comparação de resultados encontrados em um software que considera elementos tridimensionais da viga. Sabe-se que as relações explícitas demonstram que existe uma diferença entre os resultados dos deslocamentos apresentados nos métodos teóricos e numérico, portanto, apresentaremos um conjunto de resultados para avaliar a validade dessas teorias. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 3 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Teoria de vigas de Timoshenko O Método das Forças Virtuais (MFV) é empregado sobre o modelo estrutural de flexão estática a três pontos (Figura 1), objetivando-se encontrar a expressão para o cálculo do deslocamento abaixo do ponto de aplicação da força, considerando-se para tanto, a parcela dos esforços momento fletor e cortante. FIGURA 1 - Flexão estática a três pontos. De forma genérica, considerando-se apenas os esforços fletores e cisalhantes, o deslocamento em um ponto de interesse para uma estrutura constituída por elementos de barra é expresso pela Equação 1, em que: 1 ( ) ( )( ) ( ) 1 i i n s i f Q x q xM x m x dx dx E I G A (1) – deslocamento linear ou rotação a ser calculado mediante o emprego da força ou momento virtual de módulo 1; M(x) – variação do momento fletor para um trecho daestrutura segundo o real histórico de cargas; m(x) – variação do momento fletor para um trecho da estrutura segundo o emprego de uma força ou momento unitário aplicado em um ponto de interesse; Q(x) – variação do esforço cortante para um trecho da estrutura segundo o real histórico de cargas; q(x) – variação do esforço cortante para um trecho da estrutura segundo o emprego de uma força ou momento unitário aplicado em um ponto de interesse; fs – fator de forma da seção transversal (dependente da geometria das seções transversais); E – módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young; I – momento de inércia da seção transversal; 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 4 G – módulo de elasticidade transversal; A – área da seção transversal; L – comprimento da viga; b – medida da base da seção transversal; h – medida da altura da seção transversal. Os esforços solicitantes determinados entre as seções AB e BC da Figura 1 são expressos respectivamente pelas Equações 2, 3, 4 e 5, segundo a convenção de sinais explicitada na Figura 2. FIGURA 2 - Convenção positiva para os esforços. ( ) ; ( ) 2 2 AB AB F 1 M x x m x x (2) ( ) 2 ; ( ) 2 4 4 BC BC F 1 M x x L m x x L (3) ( ) ; ( ) 2 2 AB AB F 1 Q x q x (4) ( ) ; ( ) 2 2 BC BC F 1 Q x q x (5) Explicitando-se a Equação 1 para o caso do ensaio de flexão estática a três pontos (Figura 1), chega-se a expressão do cálculo do deslocamento (ΔB) abaixo do ponto de aplicação da força, assim como expressa a Equação 6. / 2 / 2 0 0 / 2 / 2 0 0 ( ) ( )( ) ( ) 1 ( ) ( ) ( ) ( ) L L BC BCAB AB B z z L L s AB AB s BC BC M x m xM x m x dx dx E I E I f Q x q x f Q x q x dx dx G A G A (6) O fator de forma (fs) para seções retangulares é igual a 6/5 (HIBBELER, 2010). Substituindo este valor assim como os das Equações de 2 a 5 na Equação 6 e fazendo-se 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 5 algumas manipulações algébricas chega-se a Equação 7, que permite determinar o deslocamento vertical no ponto B da viga (Figura 1). 3 3 48 10 B z F L F L E I G A (7) O primeiro termo do lado direito da igualdade apresentada na Equação 7 contabiliza a parcela de deslocamento referente ao momento fletor e, a segunda, do esforço cortante. Utilizando-se da relação entre módulo de elasticidade longitudinal e transversal para materiais isotrópicos juntamente com a substituição do momento de inércia da seção retangular e da área de seção transversal, de medidas b e h, chega-se a expressão analítica final (Equação 8) utilizada para o cálculo do deslocamento vertical no ponto médio da viga. 3 3 3 (1 ) 4 5 B F L F L E b h E b h (8) 2.2 – Método dos Elementos Finitos O Método dos Elementos Finitos (MEF) mostra-se como uma excelente ferramenta de cálculo utilizada para analisar o comportamento dos materiais empregados em projetos estruturais, assim como o de avaliar o desempenho mecânico dessas estruturas. Historicamente, o MEF surgiu em 1955, como evolução da análise matricial de modelos reticulados, motivado pelo advento do computador e elaborado com o intuito de se projetar estruturas de modelos contínuos. O MEF pode ser considerado como uma técnica de gerar funções de aproximação, que podem ser utilizadas para interpolar deslocamentos, esforços, tensões e deformações ao longo do domínio do elemento. Para a resolução aproximada de problemas estruturais segundo o MEF, as funções de forma podem ser aplicadas diretamente à sua equação diferencial (Resíduos Ponderados) ou a princípios energéticos, tais como o Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). O deslocamento em problemas estruturais elásticos é tido como incógnita fundamental, obtido por intermédio da resolução de um sistema de equações lineares, assim como expressa a equação 1, sendo que a sua construção fica em função da disposição da malha, e conseqüentemente, dos nós dos elementos finitos na estrutura, como pode ser visto na figura 3. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 6 FIGURA 3 - Exemplo de discretização de uma malha de elementos finitos em uma treliça. [K]{U}={F} (1) Em que: [K] - matriz de rigidez da estrutura; {U} - vetor dos deslocamentos nodais da estrutura; {F} - vetor das forças equivalentes nodais da estrutura. Com relação ao emprego do MEF na avaliação do desempenho mecânico de estruturas alguns trabalhos podem ser citados, como os de CHRISTOFORO, 2007; BRAESS, 2007; GÓES, 2004; KAOUA, 2008; LOPES, 2010; YAO e BAI, 2009 entre outros. 2.3 Problema Modelo Para comparar os resultados dos deslocamentos obtidos a partir das teorias analíticas de Bernoulli e Timoshenko, em paralelo a resultados advindos de software computacional, foram utilizadas vigas tridimensionais com seção transversal retangular cujas dimensões são apresentadas na Figura 4. FIGURA 4 - Viga a ser simulada. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 7 Esta seção retangular é mantida e varia-se o comprimento da viga, alterando a relação L/h. A Tabela1 apresenta como esta relação varia com o comprimento. TABELA 1 – Comprimento L e relação L/h das vigas. Dois materiais foram utilizados para realização dos cálculos, sendo o Aço USI-SAC 41, cujo módulo de elasticidade longitudinal (E) equivale a 205GPa (JAVARONI, 1999). Outro material utilizado foi a liga de alumínio AA2024-T351, com módulo de elasticidade longitudinal igual a 73,1GPa (Aires, 2007). Outras propriedades destes materiais estão detalhadas na Tabela 2. TABELA 2 – Propriedade dos materiais trabalhados. Aço Usi-sac 41 Liga AA2024- T351 Módulo de Elasticidade Longitudinal (E) 205GPa 73,1GPa Módulo de Elasticidade Transversal (G) 80GPa 23,6GPa Coeficiente de Poisson 0,3 0,33 Relação L/h Comprimento (cm) 30,0000 360 28,3333 340 26,6667 320 25,0000 300 23,3333 280 21,6667 260 20,0000 240 18,3333 220 16,6667 200 15,0000 180 13,3333 160 11,6667 140 10,0000 120 8,3333 100 6,666780 5,0000 60 3,3333 40 1,6667 20 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 8 As forças a serem aplicadas foram obtidas a partir da condição de pequenos deslocamentos. Da equação analítica de Bernoulli fixou-se deslocamento à medida L/300 para todas as geometrias estudadas, encontrando os respectivos valores de força. As simulações numéricas foram feitas no HyperMesh, uma das extensões do HyperWorks, utilizando vigas bi apoiadas. Um dos apoios é fixo e o outro é móvel. Assim como nas teorias analíticas da resistência dos materiais, na simulação numérica também é utilizada flexão na qual uma força pontual é aplicada no centro da face superior da viga, na direção negativa do eixo Y. A Figura 5 ilustra a força aplicada e a referência dos eixos cartesianos. FIGURA 5 – Força pontual no centro da viga. O elemento finito utilizado no HyperMesh foi tetraédrico isoparamétrico de 4 nós com 5mm de distância entre um nó e outro (Figura 6). A natureza da simulação foi linear tanto física como geometricamente. FIGURA 6 – Elemento finito tetraédrico isoparamétrico de 4 nós. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 9 3. RESULTADOS E CONCLUSÕES Tanto para o Aço Usi – Sac 41, quanto para a liga AA2024-T351, o maior valor de deslocamento é encontradoem vigas mais longas, com relação L/h igual a 30. A Figura 7 ilustra o resultado da simulação para o aço. Como se trata de uma viga bi apoiada com uma força pontual no centro, o maior deslocamento coincide com o local da força, representado na figura pela cor vermelha. FIGURA 7 – Viga de 360cm de comprimento - Aço Usi – Sac 41. Para vigas curtas, o maior deslocamento também coincide com o local da força pontual, mas diferentemente das teorias analíticas, o software computacional analisa a viga tridimensionalmente. Sendo assim, com uma viga muito curto e uma força pontual elevada, o software considera a endentação sofrida pelo material. A Figura 8 retrata este fato. FIGURA 8 – Viga de 20cm de comprimento - Aço Usi – Sac 41. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 10 De maneira análoga ao Aço Usi – Sac 41, a Figura 9 ilustra o resultado da simulação para uma viga de relação L/h igual a 30 para a liga AA2024-T351. FIGURA 9 – Viga de 360cm de comprimento – Liga AA2024-T351. A questão da endentação sofrida pelo aço, também é percebida na liga de alumínio. A profundidade desta endentação varia de um material para outro. A Figura 10 apresenta o resultado da simulação para uma viga de relação L/h igual a 1,667 para a liga AA2024-T351. FIGURA 10 – Viga de 20cm de comprimento – Liga AA2024-T351. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 11 As Tabelas 2 e 3 apresentam os valores dos deslocamentos encontrados nas teorias analíticas de Bernoulli e Timoshenko em paralelo aos resultados encontrados através de simulação numérica no HyperWorks, tanto para o aço, quanto para a viga de alumínio. TABELA 2 – Deslocamentos numéricos e analíticos do problema modelo para o Aço Usi – Sac 41. Relação L/h Força (N) Deslocamento Bernoulli (cm) Deslocamento Timoshenko (cm) Deslocamento software (cm) 30,0000 18222,222222 1,200000 1,204100 1,170000 28,3333 20429,065744 1,133333 1,137675 1,105000 26,6667 23062,500000 1,066667 1,071279 1,041000 25,0000 26240,000000 1,000000 1,004920 0,977600 23,3333 30122,448980 0,933333 0,938605 0,913800 21,6667 34934,911243 0,866667 0,872344 0,850200 20,0000 41000,000000 0,800000 0,806150 0,786700 18,3333 48793,388430 0,733333 0,740042 0,723100 16,6667 59040,000000 0,666667 0,674047 0,660700 15,0000 72888,888889 0,600000 0,608200 0,598800 13,3333 92250,000000 0,533333 0,542558 0,536500 11,6667 120489,795918 0,466667 0,477210 0,477600 10,0000 164000,000000 0,400000 0,412300 0,419700 8,3333 236160,000000 0,333333 0,348093 0,363300 6,6667 369000,000000 0,266667 0,285117 0,315400 5,0000 656000,000000 0,200000 0,224600 0,288200 3,3333 1476000,000000 0,133333 0,170233 0,314400 1,6667 5904000,000000 0,066667 0,140467 0,786100 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 12 TABELA 3 - Deslocamentos numéricos e analíticos do problema modelo para a liga AA2024-T351. Foi feito o teste 2 sample-t para analisar os resultados dos deslocamentos. Este método é usado para realizar um teste de hipóteses e calcular um intervalo de confiança da diferença entre duas médias populacionais quando os desvios padrão da população são desconhecidos. A Tabela 4 mostra os resultados do teste. Tabela 4 – Intervalo de confiança entre médias para os deslocamentos encontrados. Teoria de Timoshenko e Bernoulli Teoria de Timoshenko e software Teoria de Bernoulli e software Aço Usi-Sac 41 -0,251606; 0,222946 -0,252343; 0,177881 -0,271184; 0,168062 Liga AA2024- T351 -0,253771; 0,219128 -0,265868; 0,166355 -0,288818; 0,154663 À partir desses resultados, é possível concluir com 95% de certeza, que os deslocamentos encontrados estão relacionados. Todos os intervalos de confiança variam de Relação L/h Comprimento (cm) Força (N) Deslocamento Bernoulli (cm) Deslocamento Timoshenko(cm) Deslocamento software (cm) 30,0000 360 6497,777778 1,200000 1,204956 1,198000 28,3333 340 7284,705882 1,133333 1,138581 1,132000 26,6667 320 8223,750000 1,066667 1,072242 1,066000 25,0000 300 9356,800000 1,000000 1,005947 1,001000 23,3333 280 10741,224490 0,933333 0,939705 0,935800 21,6667 260 12457,278107 0,866667 0,873529 0,870600 20,0000 240 14620,000000 0,800000 0,807434 0,805500 18,3333 220 17399,008264 0,733333 0,741443 0,740400 16,6667 200 21052,800000 0,666667 0,675587 0,676500 15,0000 180 25991,111111 0,600000 0,609912 0,612800 13,3333 160 32895,000000 0,533333 0,544484 0,549300 11,6667 140 42964,897959 0,466667 0,479410 0,488900 10,0000 120 58480,000000 0,400000 0,414868 0,429500 8,3333 100 84211,200000 0,333333 0,351175 0,371800 6,6667 80 131580,000000 0,266667 0,288968 0,322500 5,000060 233920,000000 0,200000 0,229736 0,294400 3,3333 40 526320,000000 0,133333 0,177937 0,320000 1,6667 20 2105280,000000 0,066667 0,155873 0,792400 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 13 um valor negativo até um positivo, ou seja, o 0 (zero) está contido no intervalo, justificando a relação dos resultados. Os erros percentuais relativos aos deslocamentos tanto para o aço quando para a liga de alumínio estão visualizados na tabela 5. TABELA 5 - Erros percentuais relativos entre os deslocamentos analíticos e numéricos. Aço Usi-Sac 41 Liga AA2024-T351 Erro relativo Numérico e Bernoulli Erro relativo Numérico e Timoshenko Erro relativo Timoshenko e Bernoulli Erro relativo Numérico e Bernoulli Erro relativo Numérico e Timoshenko Erro relativo Timoshenko e Bernoulli 2,56 2,91 0,34 0,17 0,58 0,41 2,56 2,96 0,38 0,12 0,58 0,46 2,47 2,91 0,43 0,06 0,59 0,52 2,29 2,79 0,49 0,10 0,49 0,59 2,14 2,71 0,56 0,26 0,42 0,68 1,94 2,60 0,65 0,45 0,34 0,79 1,69 2,47 0,76 0,68 0,24 0,92 1,42 2,34 0,91 0,95 0,14 1,09 0,90 2,02 1,09 1,45 0,13 1,32 0,20 1,57 1,35 2,09 0,47 1,63 0,59 1,13 1,70 2,91 0,88 2,05 2,29 0,08 2,21 4,55 1,94 2,66 4,69 1,76 2,98 6,87 3,41 3,58 8,25 4,19 4,24 10,35 5,55 5,08 15,45 9,60 6,47 17,31 10,40 7,72 30,60 22,07 10,95 32,07 21,96 12,94 57,59 45,85 21,68 58,33 44,39 25,07 91,52 82,13 52,54 91,59 80,33 57,23 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 14 Analisando a Tabela 5, conclui-se que o material influencia nos erros comparativos entre a teoria e a simulação numérica. Para a liga de alumínio, o erro relativo é inversamente proporcional ao tamanho da viga. Já para o aço, não se observa uma proporção, o erro cai até certo ponto, e depois cresce á medida em que a viga diminui. Adotando 2% como limite aceitável para o erro relativo da liga AA2024-T351, pode- se concluir que a relação L/h mínima para a qual a Teoria de Vigas de Bernoulli é aceitável é 15. Já para a Teoria de Vigas de Timoshenko, essa relação mínima é de 12. Era de se esperar que a relação mínima referente a teoria de Timoshenko fosse menor, uma vez que as tensões de cisalhamento são consideradas. Como os erros relativos referentes ao Aço Usi – Sac 41 não assumem ordem crescente, o limite para as teorias será o momento em que os erros aumentam. Com isso, para a teoria de Bernoulli, a relação L/h mínima é 13,333. Já para a teoria de Timosehnko, essa relação mínima é de 10. Para vigas longas, ou seja, com relação L/h maiores que 20, as duas teorias analíticas e os resultados obtidos pela simulação numérica se aproximam de uma forma considerável. À medida que a relação de comprimento por altura diminui, os valores de deslocamentos obtidos se diferem mais. A teoria de Timoshenko estende a teoria de Bernoulli pela incorporação do efeito transversal de cisalhamento diferenciando os deslocamentos encontrados pelas duas teorias, já que as tensões de cisalhamento são maiores em vigas com relação L/h baixa. A Figura 11 mostra um gráfico comparativo entre as duas teorias analíticas e o resultado numérico para o Aço Usi – Sac 41. A discrepância de resultados entre o software e as teorias se dá pelo aparecimento da endentação na viga. De acordo com Brancheriau (2002) et al, as endentações causadas por efeito de carga não são insignificantes. A endentação depende da dureza do material. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 15 FIGURA 11 – Comparação entre as teorias analíticas e simulação numérica. A Figura 12, apresenta um gráfico comparativo entre as teorias analíticas e simulação numérica, para aliga AA2024 T351. FIGURA 12 -Comparação entre as teorias analíticas e simulação numérica. 0,000000 0,200000 0,400000 0,600000 0,800000 1,000000 1,200000 1,400000 D e sl o ca m e n to L/h x Deslocamento - Liga AA2024-T351 Bernoulli Timoshenko Software 0,000000 0,200000 0,400000 0,600000 0,800000 1,000000 1,200000 1,400000 D e sl o ca m e n to ( cm ) L/h x Deslocamento - Aço Usi - Sac 41 Bernoulli Timoshenko Software 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 16 AGRADECIMENTOS Agradecimento à empresa Altair por disponibilizar o software HyperWorks, possibilitando a geração de resultados através do método de elementos finitos. Agradecimento também à empresa Ômega Júnior por disponibilizar o espaço e os computadores para que o trabalho pudesse ser concluído. REFERÊNCIAS AIRES, L. M. N. Análise experimental do comportamento à fadiga em juntas soldadas por fricção linear de ligas de alumínio para a indústria aeronáutica, tese de mestrado, IST – Universidade Técnica de Lisboa AZEVEDO, A. F. M. Método dos elementos finitos. Faculdade de engenharia da Universidade do Porto, 1ª edição, pp 1-2, 2003. BRAESS, D.; KALTENBACHER, M. Efficient 3D-finite element formulation for thin mechanical and piezoelectric structures.International. Journal for Numerical Methods in Engineering, 2008, No. 73, 147-161. BRANCHERIAU L.; BAILLERES H.; GUITARD D. Comparison between modulus of elasticity values calculated using 3 and 4 point bending tests on wooden samples, wood Sci. Technol. 36 (2002) 367-383 CHRISTOFORO, A. L. 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Composite Structures, 2006, No. 75, 393-399. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federalde São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 17 KAOUA, S.; DAHMOUN, D.; BELHADJ, A.; AZZAZ, M. Finite element simulation of mechanical behaviour of nickel-based metallic foam structures. Journal of Alloys and Compounds, 2009, No 471, 147-152. LOPES, P. A. M.; GOMES, H. M.; AWRUCH, A. M. Reliability analysis of laminated composite structures using finite elements and neural networks. Composite Structures, 2010, No. 92, 1603-1613. MAURIZ,I M. J. Bellés M. Natural frequencies of the beam–mass system: comparison of the two fundamental theories of beam vibration. J Sound Vibration 1991;150:330–4 MAZIEIRO, E. T.; JÚNIOR, J. L.; LOTTI, R. S.; MACHADO, A. W. 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