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Aula 05 Direito Constitucional p/ TJ-PE (Técnico - Função Administrativa) - Com videoaulas Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale !ULA 05 ORGANIZAÇÃO DO ESTAD! Sumário Organização do Estado .................................................................................................................... 2 1‑ O Estado: .................................................................................................................................... 2 2‑ A federação: ............................................................................................................................... 4 3‑ A federação brasileira: ............................................................................................................. 9 4‑ Alterações na estrutura da federação: ................................................................................. 24 5‑ Vedações Federativas: ........................................................................................................... 28 6‑ Bens Públicos: ......................................................................................................................... 29 Repartição de Competências ........................................................................................................ 31 1‑ Repartição de competências e a federação brasileira: ..................................................... 31 2‑ Competências Exclusivas e Privativas da União: ............................................................. 34 3‑ Competências Comuns: ......................................................................................................... 47 4‑ Competência legislativa concorrente: ................................................................................ 48 5‑ Competências dos Estados e do Distrito Federal: ............................................................ 52 6‑ Competências dos Municípios: ........................................................................................... 53 Questões Comentadas ................................................................................................................... 56 1. Organização do Estado ...................................................................................................... 56 2. Repartição de competências ............................................................................................. 59 Lista de Questões ........................................................................................................................... 67 Gabarito ........................................................................................................................................... 73 Para tirar dvidas e ter acesso a dicas e contedos gratuitos, acesse nossas redes sociais: Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Facebook da Profa. Ndia Carolina: https://www.facebook.com/nadia.c.santos.16?fref=ts Canal do YouTube do Ricardo Vale: https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Organizao do Estado 1- O Estado: A doutrina tradicional considera que os elementos constitutivos do Estado so o territrio, o povo e o governo soberano. O territrio a dimenso fsica sobre a qual o Estado exerce seus poderes; o domnio espacial (material) onde vigora uma determinada ordem jurdica estatal. O povo a dimenso pessoal do Estado, so os seus nacionais. O governo, por sua vez, a dimenso poltica; ele deve ser soberano, ou seja, sua vontade no se subordina a nenhum outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. Sintetizando o conceito de Estado, Manoel Gonalves Ferreira Filho afirma que Òo Estado uma associao humana (povo), radicada em base espacial (territrio), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) no sujeita a qualquer outra (soberana).Ó1 Os Estados possuem diferentes maneiras de se organizar, isto , existem diferentes formas de Estado. Forma de estado, ressalte-se, a maneira pela qual o poder est distribudo no interior do Estado; em outras palavras, ela ilustra a distribuio territorial do poder. Assim, os Estados podem ser classificados em: a) Estado unitrio: Nesse tipo de Estado, o poder poltico est territorialmente centralizado. Existe, aqui, a centralizao poltica do poder. O poder est centralizado em um ncleo estatal nico, do qual se irradiam todas as decises; no Estado unitrio, s existe um centro produtor de normas. Um exemplo de Estado unitrio Portugal. O Brasil, at a promulgao da Constituio de 1891, tambm foi um Estado unitrio. Para que se possa ter governabilidade, admite-se, no Estado unitrio, a descentralizao administrativa. o que se chama de Estado unitrio descentralizado administrativamente. Nesse tipo de Estado, mantm-se a centralizao poltica, mas a execuo dos servios pblicos e das polticas pblicas descentralizada. Parte da doutrina reconhece, ainda, os chamados Estados regionais, dos quais seriam exemplos Itlia e Espanha.2 Estes seriam um modelo intermedirio entre o Estado unitrio e o Estado 1 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edio. Editora Saraiva, So Paulo, 2012, pp. 75-76. 2 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edio. Editora Saraiva, So Paulo, 2012, pp. 75-76. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale federal. Neles, alm da descentralizao administrativa, parcela do poder poltico tambm descentralizada. So estados unitrios descentralizados administrativa e politicamente. b) Estado federal: Nesse tipo de Estado, o poder poltico est territorialmente descentralizado. H vrias pessoas jurdicas com capacidade poltica, cada uma delas dotada de autonomia poltica. So vrios os centros produtores de normas, permitindo-nos afirmar que, no Estado federal, existe uma pluralidade de ordenamentos jurdicos. O Brasil um exemplo de Estado federal, possuindo como entes federativos a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios. Todos eles so dotados de autonomia poltica, que lhes garantida pela Constituio Federal. Mais frente, estudaremos em detalhes as caractersticas de uma federao. H que se tomar cuidado para no confundir a federao com a confederao. Na federao, h uma unio indissolvel de entes autnomos, que tem como fundamento uma Constituio, a qual consagra e protege o pacto federativo contra violaes. Assim, a federao no pode ser desmantelada: no h direito de secesso. A confederao no uma forma de estado propriamente dita, mas sim uma reunio de Estados soberanos. O vnculo estabelecido entre esses Estados soberanos com base em um tratado internacional, o qual pode ser denunciado (dissolvido). Ao contrrio da federao, portanto, a confederao se forma a partir de um vnculo dissolvel. A confederao uma referncia histrica, pois no existe nenhumaatualmente. Historicamente, cita-se como exemplo de Confederao os EUA, entre os anos de 1781 a 1787.3 3 CARVALHO, Kildare Gonalves. Direito Constitucional: Teoria do Estado e da Constituio, Direito Constitucional Positivo, 16» edio. Ed. Del Rey. Belo Horizonte, 2010. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (PC / DF Ð 2015) A federao brasileira se compe dos seguintes entes federativos: Unio, estados, Distrito Federal, municpios e territrios. Comentrios: Pegadinha! Os Territrios no so entes federativos. Questo errada. (DPE / RO Ð 2015) A Constituio da Repblica Federativa do Brasil adotou, como forma de Estado, a federao. A existncia dessa federao caracterizada pela subordinao dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios Unio, nos termos da Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Comentrios: A relao que se estabelece entre a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios no de subordinao. No h que se falar em hierarquia entre os entes federativos. Questo errada. 2- A federao: 2.1- Caractersticas da federao: A federao, conforme j afirmamos, tem como caracterstica central, a descentralizao do poder poltico. Os entes federativos so dotados de autonomia poltica, que se manifesta por meio de 4 (quatro) aptides: FEDERAÇÃO • UNIÃO INDISSOLÚVEL • OS ENTES FEDERADOS SÃO AUTÔNOMOS • TEM COMO FUNDAMENTO A CONSTITUIÇÃO CONFEDERAÇÃO • UNIÃO DISSOLÚVEL • OS ENTES FEDERADOS SÃO SOBERANOS • TEM COMO FUNDAMENTO UM ACORDO INTERNACIONAL 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale a) Auto-organizao: Os entes federativos tm competncia para se auto-organizar. Os estados se auto-organizam por meio da elaborao das Constituies Estaduais, exercitando o Poder Constituinte Derivado Decorrente. Os municpios tambm se auto-organizam, por meio da elaborao das suas Leis Orgnicas. O Prof. Paulo Gonet chama o poder de auto-organizao dos estados de capacidade de autoconstituio.4 b) Autolegislao: Muitos autores entendem que a capacidade de autolegislao estaria compreendida dentro da capacidade de auto- organizao.5 No entanto, podemos consider-la uma capacidade diferente. Autolegislao a capacidade de os entes federativos editarem suas prprias leis. Em razo dessa caracterstica que podemos dizer que, numa federao, h diferentes centros produtores de normas e, em consequncia, pluralidade de ordenamentos jurdicos. c) Autoadministrao: o poder que os entes federativos tm para exercer suas atribuies de natureza administrativa, tributria e oramentria. Assim, os entes federativos elaboram seus prprios oramentos, arrecadam seus prprios tributos e executam polticas pblicas, dentro da esfera de atuao de cada um, segundo a repartio constitucional de competncias. d) Autogoverno: Os entes federativos tm poder para eleger seus prprios representantes. com base nessa capacidade que os Estados elegem seus Governadores e os municpios, os seus Prefeitos. Os Estados se organizam sob a forma de uma federao por razes geogrficas e culturais.6 Com efeito, um Estado com territrio muito extenso possui, normalmente, grandes diferenas culturais e de desenvolvimento, o que exige uma atuao estatal que no esteja preocupada somente com os anseios nacionais (do todo), mas tambm com as idiossincrasias (peculiaridades) locais. Dessa forma, o estabelecimento de um Estado federal tem como ponto de partida uma deciso do Poder Constituinte. a Constituio, afinal, que estabelecer o pacto federativo e criar mecanismos tendentes a proteg-lo. Na CF/88, essa deciso poltica se revela logo no art. 1¼, caput, que dispe que a Repblica Federativa do Brasil formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, 4 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocncio Mrtires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6» edio. Editora Saraiva, So Paulo, 2011. pp. 828. 5 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional, Ed. Juspodium, Salvador: 2013, pp. 429. 6 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocncio Mrtires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6» edio. Editora Saraiva, So Paulo, 2011. pp. 832. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Podemos afirmar que uma federao deve possuir as seguintes caractersticas:7 a) Repartio constitucional de competncias: Para que a ao estatal seja o mais eficaz possvel, cada ente federativo dotado de uma gama de atribuies que lhe so prprias. A repartio de competncias entre os entes federativos definida pela Constituio. Ressalte-se que, no Estado federal, existe tambm uma repartio de rendas. Nesse sentido, a CF/88 estabelece regras sobre o repasse aos Estados e Municpios de receitas oriundas dos impostos federais. Segundo a doutrina, h que existir um equilbrio entre competncias e rendas, de modo que no seria possvel aos entes federativos executar suas atribuies sem recursos financeiros suficientes para tanto. b) Indissolubilidade do vnculo federativo: Em uma federao, no existe direito de secesso; em outras palavras, os entes federativos esto ligados por um vnculo indissolvel. c) Nacionalidade nica: Os cidados dos estados da federao possuem uma nacionalidade nica; no h nacionalidades parciais. Aquele que nasce em Minas Gerais, So Paulo ou Pernambuco ter a nacionalidade brasileira. d) Rigidez constitucional: Em um Estado federal, necessrio que exista uma Constituio escrita e rgida, que proteja o pacto federativo. Isso decorre do fato de que a Constituio que estabelece o funcionamento da federao e, logo, somente poder ser modificada por um procedimento mais dificultoso e solene. Ressalte-se que, no Brasil, o princpio federativo uma clusula ptrea e, portanto, no pode ser objeto de deliberao emenda constitucional que tenda a aboli-lo. Como decorrncia da rigidez constitucional, existir em um Estado federal um mecanismo de controle de constitucionalidade das leis. Com isso, busca-se evitar que um ente federativo invada a esfera de competncia de outro. e) Existncia de mecanismo de interveno: Conforme j estudamos, no h direito de secesso em uma federao. Assim, atos que contrariem o pacto federativo daro ensejo utilizao dos mecanismos de interveno (interveno federal ou estadual, dependendo do caso). Por meio desse mecanismo, fica suprimida, temporariamente, a autonomia poltica de um ente federativo. 7 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 636. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale f) Existncia de um Tribunal Federativo: necessrio que exista um Tribunal com a competncia para solucionar litgios envolvendo os entes federativos. No Brasil, o STF atua como Tribunal federativo ao processar e julgar, originariamente, as causas e os conflitos entre a Unio e os Estados ou entre os Estados. Cabe destacar que, no Brasil, o STF no julga os conflitos envolvendo Municpios. g) Participao dos entes federativos na formao da vontade nacional: Nas federaes, deve existir um rgo legislativo representante dos poderes regionais. No Brasil, esse rgo o Senado Federal, que representa os Estados e o Distrito Federal. Destaque-se que, na federao brasileira, os Municpios no participam da vontade nacional. 2.2- Classificao das federaes: No h homogeneidade entre as federaes; ao contrrio, cada uma delas possui caractersticas peculiares. Isso levou a doutrina a estabelecer diferentes classificaes para as federaes: a) Quanto origem: As federaes podem ser formadas por agregao ou por segregao (desagregao). No federalismo por agregao, a formao do Estado federal ocorre a partir da reunio de Estados soberanos que o preexistiam. Exemplo histrico desse tipo de federao so os EUA, que se formaram a partir da reunio das 13 Colnias. Diz-se que, nesse caso, houve um movimento centrpeto (direcionado ao centro). No federalismo por segregao, um Estado que antes era unitrio se descentraliza politicamente. Um exemplo desse tipo de federao o prprio Brasil. At 1891, o Brasil era um Estado unitrio. Com a Constituio de 1891, passamos a ter um Estado federal: as provncias se tornaram estados membros e passaram a ser dotadas de autonomia poltica. Diz-se que, nesse caso, a federao se formou a partir de um movimento centrfugo (direcionado para fora). b) Quanto concentrao de poder: As federaes podem ser classificadas, quanto concentrao de poder, em centrpetas ou centrfugas. Na federao centrpeta, o poder est concentrado no centro; portanto, o governo central detm a maior parte do poder. Assim, nesse tipo de federao, h maior concentrao de poder na Unio, em detrimento dos Estados. Destaque-se que as federaes que se formaram por um movimento centrfugo (por exemplo, o Brasil) tm 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale uma tendncia de serem centrpetas quanto concentrao de poder. Na federao centrfuga, o poder est mais concentrado na periferia; em outras palavras, as entidades regionais detm a maior parte do poder, a maior parte das competncias. Portanto, nesse tipo de federao, h uma grande descentralizao, com menor concentrao do poder no governo central e ampliao dos poderes regionais. Ressalte-se que as federaes que se formaram por um movimento centrpeto (por exemplo, os EUA) tm uma tendncia de serem centrfugas, quanto concentrao de poder. Existe, ainda, o federalismo de equilbrio, assim chamado aquele em que se busca a distribuio equitativa de poderes entre os governos centrais e regionais. c) Quanto ao equacionamento de desigualdades: As federaes podem ser classificadas como simtricas ou assimtricas. Nas federaes simtricas, h uma distribuio igualitria de competncias e de receitas entre os entes federativos; trata-se de modelo especialmente eficaz quando h homogeneidade socioeconmica entre os entes federativos. Nas federaes assimtricas, por sua vez, h o reconhecimento de que existem disparidades socioeconmicas entre os entes federativos; busca-se, portanto, por meio de polticas pblicas e opes feitas no texto constitucional, reduzir essas desigualdades. Embora exista certa controvrsia doutrinria, o mais seguro para a prova considerar que o Brasil uma federao assimtrica. Com efeito, h diversos dispositivos na CF/88 destinados a reduzir desigualdades regionais. Cita-se, como exemplo, o art. 3¼, III, que dispe como objetivo fundamental da RFB reduzir as desigualdades regionais. d) Quanto repartio de competncias: Segundo esse critrio, h dois tipos de federao: federao dual (clssica) ou federao cooperativa (neoclssica). Na federao dual, os entes federados possuem competncias prprias, que so exercidas sem qualquer comunicao com os demais entes. Cada um atua na sua esfera, independentemente do outro. Na federao cooperativa, os entes federados exercem suas competncias em conjunto com os outros. As competncias so repartidas pela Constituio de modo a permitir a atuao conjunta dos entes federativos. O Brasil adota um federalismo de cooperao; 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale com efeito, a CF/88 estabeleceu competncias comuns a todos os entes federativos (art. 23) e competncias concorrentes entre a Unio, os Estados e o Distrito Federal (art. 24). (SEAP / DF Ð 2015) A Repblica Federativa do Brasil classifica-se como federao por desagregao. Comentrios: A federao brasileira formou-se por um movimento centrfugo (direcionado para fora), o que caracteriza o federalismo por desagregao. O Brasil era um Estado unitrio at a Constituio de 1891, oportunidade em que se descentralizou politicamente. Questo correta. (SEAP / DF Ð 2015) Enquanto federao, a Repblica Federativa do Brasil comporta o direito de secesso por parte dos entes federados. Comentrios: O vnculo federativo indissolvel, ou seja, no h direito de secesso por parte dos entes federados. Questo errada. (Cmara dos Deputados Ð 2014) Entre as caractersticas comuns do Estado Federal incluem-se a representao das unidades federativas no poder legislativo central, a existncia de um tribunal constitucional e a interveno para a manuteno da federao. Comentrios: Todas essas so caractersticas de uma federao. Questo correta. 3- A federao brasileira: Segundo o art. 18, da CF/88, Òa organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, todos autnomos, nos termos desta ConstituioÓ. Os Territrios no so entes federativos e, portanto, no possuem autonomia poltica. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale At a promulgao da CF/88, os Municpios no eram considerados entes federativos; com a promulgao da atual Carta Magna, eles passaram a tambm ser dotados de autonomia poltica. Com base nisso, a doutrina dominante reconhece que a federao brasileira de 3¼ grau.8 H que se dizer que autonomia difere de soberania. Os entes federativos (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) so todos autnomos, isto , so dotados de auto-organizao, autolegislao, autoadministrao e autogoverno, dentro dos limites estabelecidos pela Constituio Federal. Note-se que h um limitador ao poder dos entes federativos. A soberania atributo apenas da Repblica Federativa do Brasil (RFB), do Estado federal em seu conjunto. A Unio quem representa a RFB no plano internacional (art. 21, inciso I),mas possui apenas autonomia, jamais soberania. O art. 18, ¤ 1¼, CF/88 determina que Braslia a capital federal. Braslia no se confunde com o Distrito Federal, ocupando apenas parte do seu territrio. 3.1- Unio: A Unio pessoa jurdica de direito pblico interno, sem personalidade internacional, autnoma, com competncias administrativas e legislativas enumeradas pela Carta Magna. esse ente federativo que representa a Repblica Federativa do Brasil no plano internacional. A Unio o ente federativo que atua em nome da federao. No que diz respeito sua competncia legislativa, pode editar leis nacionais (s quais se submetem todos os habitantes do territrio nacional) ou leis federais (que alcanam apenas aqueles que esto sob a jurisdio da Unio, como o caso dos servidores pblicos federais). Como exemplo de lei federal, citamos a Lei n¼ 8.112/90, que trata do regime jurdico dos servidores pblicos federais. Segundo o art.18, ¤ 2¼, os Territrios Federais integram a Unio; eles no so dotados de autonomia poltica, sendo considerados meras descentralizaes administrativas. Por isso, so considerados pela doutrina autarquias territoriais da Unio. Atualmente, no existe nenhum Territrio Federal. 8 O Prof. Manoel Gonalves Ferreira Filho diz que o federalismo brasileiro de 2¼ grau, apesar de reconhecer a existncia de 3 (trs) ordem jurdicas. Segundo ele, haveria um grau da Unio para os Estados e outro grau, dos Estados para os Municpios. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 3.2- Estados: Os Estados-membros ou Estados federados9, assim como a Unio, so entes autnomos, apresentando personalidade jurdica de direito pblico interno. So dotados de autonomia poltica e, por isso, apresentam capacidade de auto-organizao, autolegislao, autoadministrao e autogoverno. O art. 25, da CF/88, dispe sobre a capacidade de auto-organizao e autolegislao dos Estados-membros: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies e leis que adotarem, observados os princpios desta Constituio. A auto-organizao dos Estados-membros se manifesta por meio da elaborao de suas Constituies, fruto do exerccio do Poder Constituinte Derivado Decorrente pela atuao de suas Assembleias Legislativas. J a autolegislao ocorre pela edio de suas prprias leis, resultando da atuao do legislador ordinrio, tambm nas Assembleias Legislativas. No exerccio da sua capacidade de auto-organizao e de autolegislao, isto , ao elaborar suas leis e Constituio, os Estados devero obedecer aos: a) Princpios constitucionais sensveis: Esses princpios esto enumerados taxativamente pela Constituio (art. 34, VII). O nome ÒsensveisÓ se deve ao fato de que estes so de observncia obrigatria, sob pena de interveno federal, ou seja, caso contrariados, provocam uma reao.10 Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (...) VII - assegurar a observncia dos seguintes princpios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrtico; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestao de contas da administrao pblica, direta e indireta e aplicao do mnimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e desenvolvimento do ensino e nas aes e servios pblicos de sade. b) Princpios constitucionais extensveis: So normas de organizao que a Lei Fundamental estendeu a Estados-membros, 9 No confunda Estado federado (sinnimo de Estado-membro) com Estado federal (sinnimo de Repblica Federativa do Brasil). Os primeiros so parte do segundo. 10 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 697. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Municpios e Distrito Federal.11 Encontram-se dispostos em normas espalhadas pelo texto da Carta Magna. o caso dos fundamentos e objetivos fundamentais da RFB, por exemplo (art. 1¼, I a V; art. 3¼, I a IV e art. 4¼, I a X, CF/88). c) Princpios constitucionais estabelecidos: So normas espalhadas pelo texto da Constituio que, alm de organizarem a prpria federao, estabelecem preceitos centrais de observncia pelos Estados-membros em sua auto-organizao.12 Exemplo: arts. 27; 28, 37, I a XXI, ¤¤ 1¼ a 6¼; 39 a 41, CF. Segundo o STF, Òse certo que a nova Carta Poltica contempla um elenco menos abrangente de princpios constitucionais sensveis, a denotar, com isso, a expanso de poderes jurdicos na esfera das coletividades autnomas locais, o mesmo no se pode afirmar quanto aos princpios federais extensveis e aos princpios constitucionais estabelecidos, os quais, embora disseminados pelo texto constitucional, posto que no tpica a sua localizao, configuram acervo expressivo de limitaes dessa autonomia local, cuja identificao Ð at mesmo pelos efeitos restritivos que deles decorrem Ð impe-se realizar (STF, Pleno, ADI no 216/PB, RTJ 146/388). Para fixarmos melhor quais so os princpios constitucionais sensveis, que tal um esquema? Os Estados tambm possuem capacidade de autogoverno, elegendo seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo, os quais no tero qualquer vnculo de subordinao ao poder central. A Constituio Federal 11 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 697. 12 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 697 P R IN C ÍP IO S C O N S T IT U C IO N A IS S E N S ÍV E IS DIREITOS DA PESSOA HUMANA FORMA REPUBLICANA, SISTEMA REPRESENTATIVO E REGIME DEMOCRÁTICO APLICAÇÃO DO MÍNIMO EXIGIDO DA RECEITA RESULTANTE DE IMPOSTOS ESTADUAIS, COMPREENDIDA A PROVENIENTE DE TRANSFERÊNCIAS, NA MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E NAS AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE PRESTAÇÃO DE CONTAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DIRETA E INDIRETA AUTONOMIA MUNICIPAL 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale tambm estabelece regras de organizao para os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio estaduais. O Poder Legislativo estadual unicameral, sendo formado apenas pela Assembleia Legislativa. Esse modelo diferente do Poder Legislativo federal, que bicameral, composto pelo Senado Federal e pela Cmara dos Deputados. Veja o que dispe o artigo 27, ¤1¼, da Carta Magna: ¤ 1¼ - Ser de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- se-lhes as regras desta Constituio sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remunerao, perda de mandato, licena, impedimentos e incorporao s Foras Armadas. Os deputados estaduais so eleitos para mandatos de quatroanos, pelo sistema proporcional. Seu nmero determinado pela regra estabelecida no art. 27, ÒcaputÓ, da Carta Magna: Art. 27. O nmero de Deputados Assembleia Legislativa corresponder ao triplo da representao do Estado na Cmara dos Deputados e, atingido o nmero de trinta e seis, ser acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. O nmero de deputados estaduais ser, ento, o triplo dos deputados federais. Se um Estado-membro possuir 10 deputados federais, ele ter por consequncia 30 deputados estaduais (3 x 10). No entanto, uma vez atingido o nmero de 36, sero acrescidos tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12. Assim, caso um estado tenha 20 deputados federais, fazemos a conta 36+(20-12), o que totaliza 44 deputados estaduais. No que se refere ao Poder Executivo estadual, destaca-se o art. 28 da Constituio: Art. 28. A eleio do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se- no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no ltimo domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do trmino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrer em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77. ¤ 1¼ Perder o mandato o Governador que assumir outro cargo ou funo na administrao pblica direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso pblico e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. ¤ 2¼ Os subsdios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretrios de Estado sero fixados por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que dispem os arts. 37, XI, 39, ¤ 4¼, 150, II, 153, III, e 153, ¤ 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 2¼, I. Observe que os subsdios do Governador, do Vice-Governador e dos secretrios de Estado so fixados por lei, a partir de projeto apresentado pela Assembleia Legislativa. Sujeita-se, portanto, a veto do Governador. Seu valor serve como limite remuneratrio (teto) no mbito do Poder Executivo estadual, exceto para os procuradores e defensores pblicos, cujo teto salarial ser de 90,25% do subsdio de Ministro do STF (CF, art. 37, XI). Mesmo diante dessa regra, os Estados-membros podem adotar um limite diverso para Legislativo, Executivo e Judicirio, um teto nico. o que determina o art. 37, ¤12, da Constituio: ¤ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu mbito, mediante emenda s respectivas Constituies e Lei Orgnica, como limite nico, o subsdio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do subsdio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no se aplicando o disposto neste pargrafo aos subsdios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. No que concerne ao Poder Judicirio, estabelece a Constituio que os Estados organizaro sua Justia, observados os princpios nela estabelecidos (art. 125, ÒcaputÓ, CF/88). A Carta Magna determina, ainda, que a competncia dos tribunais ser definida na Constituio do Estado, sendo a lei de organizao judiciria de iniciativa do Tribunal de Justia (art. 125, ¤ 1¼, CF/88). A lei estadual poder criar, mediante proposta do Tribunal de Justia, a Justia Militar estadual, constituda, em primeiro grau, pelos juzes de direito e pelos Conselhos de Justia e, em segundo grau, pelo prprio Tribunal de Justia, ou por Tribunal de Justia Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes (art. 125, ¤ 3¼, CF/88). Alm de auto-organizao, autolegislao e autogoverno, os Estados possuem autoadministrao. Assim, so competentes para se administrarem, no exerccio das atribuies definidas pela Constituio. Determina a Carta Magna que os Estados podero, mediante lei complementar, instituir regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrregies, constitudas por agrupamentos de municpios limtrofes, para integrar a organizao, o planejamento e a execuo de funes pblicas de interesse comum (art. 25, ¤ 3¼, CF/88). So, portanto, 3 (trs) os requisitos para que os estados atuem nesse sentido: a) Lei complementar estadual; 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) Os municpios envolvidos devem ser limtrofes; c) Finalidade de integrar a organizao, o planejamento e a execuo de funes pblicas de interesse comum. Mas, afinal, o que so microrregies, regies metropolitanas e aglomerados urbanos? As regies metropolitanas so formadas por um conjunto de Municpios cujas sedes se unem, com certa continuidade urbana, em torno de um Municpio-polo. As microrregies, por sua vez, so formadas por Municpios limtrofes, sem continuidade urbana, com caractersticas homogneas e problemas administrativos comuns. Finalmente, os aglomerados urbanos so reas urbanas cujos Municpios apresentam tendncia complementaridade de suas funes, exigindo, por isso, um planejamento integrado e uma ao coordenada dos entes pblicos. o caso da Baixada Santista, por exemplo. Em 2013, o STF julgou Ao Direta de Inconstitucionalidade que versava sobre a criao da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregio dos Lagos.13 Na oportunidade, o Tribunal considerou que: a) A criao de regies metropolitanas depende da edio de lei complementar, sendo compulsria a participao dos Municpios. Em outras palavras, a participao de Municpio em regio metropolitana no pode estar condicionada prvia manifestao da respectiva Cmara dos Vereadores. A obrigatoriedade de participao dos Municpios em regio metropolitana e microrregio no viola a autonomia municipal. b) O Òinteresse comumÓ que leva criao de regies metropolitanas e microrregies inclui funes e servios pblicos supramunicipais. Como exemplo, cita-se o caso da atividade de saneamento bsico, que extrapola o interesse local. c) Quando se cria uma regio metropolitana, no h uma mera transferncia de competncias para o Estado. Ao contrrio, deve haver uma diviso de responsabilidades entre o Estado e os Municpios. O poder decisrio e o poder concedente (dos servios pblicos) no podem ficar apenas nas mos do Estado. Deve ser constitudo um rgo colegiado responsvel pelo poder decisrio e pelo poder concedente. A participao dos entes nesse rgo colegiado no precisa ser paritria, desde que apta a prevenir a concentrao do poder decisrio no mbito de um nico ente. 13 ADI 1.842, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe: 13.09.2013. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (TCE/RJ Ð 2015) A funo pblica do saneamento bsico frequentemente extrapola o interesse local e passa a ter natureza de interesse comum no caso de instituio de regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrregies, motivo pelo qual, nessas hipteses, constitucional a transferncia ao Estado-membro do poder concedente de funes e servios pblicosde saneamento bsico. Comentrios: No se pode simplesmente transferir ao Estado-membro o poder concedente de funes e servios pblicos de saneamento bsico. Deve haver uma diviso de responsabilidades entre o Estado e os Municpios. Questo errada. (PRF Ð 2014) Na Federao brasileira, a Unio entidade soberana, enquanto os estados membros e o Distrito Federal so entidades autnomas. Comentrios: A Unio tambm um ente federativo dotado de autonomia. A Repblica Federativa do Brasil que possui soberania. Questo errada. 3.3- Distrito Federal: A natureza jurdica do Distrito Federal tem gerado algumas discusses. Alguns autores defendem que ele tem natureza hbrida, por apresentar algumas caractersticas dos Estados e outras dos Municpios. Para Jos Afonso da Silva, o Distrito Federal no nem Estado nem Municpio. J o STF afirma que o Distrito Federal um ente federativo com autonomia parcialmente tutelada pela Unio. O Distrito Federal ente federado autnomo e, como tal, dispe de auto- organizao, autoadministrao, autolegislao e autogoverno (CF, arts. 18, 32 e 34). A auto-organizao do Distrito Federal se manifesta por meio de Lei Orgnica, votada em dois turnos com interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros da Cmara Legislativa, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos na Constituio (art. 32, ÒcaputÓ, CF/88). No que se refere autolegislao, o Distrito Federal apresenta uma caracterstica peculiar: a ele so atribudas as competncias legislativas reservadas aos Estados e Municpios (CF, art. 32, ¤1¼ e 147). No se pode, porm, dizer que o Distrito Federal apresenta todas as competncias 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale legislativas dos Estados-membros. Algumas no lhe foram estendidas, como o caso, por exemplo, da competncia para dispor sobre sua organizao judiciria, que privativa da Unio (art. 22, XVII, CF). Alm disso, ao contrrio dos Estados-membros, a competncia para organizar e manter, no seu mbito, o Ministrio Pblico, o Poder Judicirio, a polcia civil, a polcia militar e o corpo de bombeiros militar da Unio (CF, art. 21, XIII e XIV). J no que tange ao autogoverno, a eleio do Governador e do Vice- Governador segue as regras da eleio para Presidente da Repblica. A dos deputados distritais segue a regra dos deputados estaduais. Outra peculiaridade do Distrito Federal que, diferentemente do que ocorre com os demais entes federados, no h previso constitucional para alterao dos seus limites territoriais. Ressalta-se, ainda, que, ao contrrio dos Estados-membros, o Distrito Federal no pode ser dividido em Municpios (art. 32, ÒcaputÓ, CF/88). Alm disso, no pode organizar nem manter o Judicirio nem o Ministrio Pblico, nem as polcias civil e militar e o corpo de bombeiros. Todos esses rgos so organizados e mantidos pela Unio, cabendo a ela legislar sobre a matria. Nesse sentido, determina a Smula Vinculante n¼ 39 que Òcompete privativamente Unio legislar sobre vencimentos dos membros das polcias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito FederalÓ. (FUB Ð 2015) A autonomia do Distrito Federal e sua organizao poltico-administrativa tm limitaes constitucionais. Comentrios: A autonomia do Distrito Federal parcialmente tutelada pela Unio, ou seja, apresenta limitaes previstas na CF/88. Como exemplo, competncia da Unio organizar e manter a polcia civil, a polcia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Questo correta. 3.4- Municpios: Os Municpios so entes autnomos, sendo sua autonomia alada, pela Constituio Federal, condio de princpio constitucional sensvel (CF, art. 34, VII, ÒcÓ). Essa autonomia baseia-se na capacidade de auto- organizao, autolegislao, autogoverno e autoadministrao. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Segundo Alexandre de Moraes, pode-se dizer que o Municpio se auto- organiza por meio de sua Lei Orgnica Municipal; autolegisla, por meio das leis municipais; autogoverna-se por meio da eleio direta de seu Prefeito, Vice-Prefeito e vereadores sem qualquer ingerncia dos Governos Federal e Estadual; e, por fim, se autoadministra ao pr em exerccio suas competncias administrativas, tributrias e legislativas, diretamente conferidas pela Constituio Federal. 14 Nos Municpios, ao contrrio do que acontece nos demais entes da federao, no h Poder Judicirio. O Poder Legislativo, assim como nos Estados- membros, unicameral. No que diz respeito auto-organizao, determina a Carta da Repblica que a Lei Orgnica do municpio ser votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado. Sero objeto da Lei Orgnica a organizao dos rgos da Administrao, a relao entre os Poderes, bem como a disciplina da competncia legislativa do Municpio.15 O poder de auto-organizao dos Municpios limitado pela Constituio Federal (art. 29, CF/88). apenas ela que fixar os parmetros limitadores do poder de auto-organizao dos Municpios. Segundo o STF, tais limites no podem ser atenuados nem agravados pela Constituio do Estado.16 Compete Lei Orgnica fixar o nmero de Vereadores, observados limites mximos definidos pela Constituio, escalonados segundo o nmero de habitantes do Municpio. Nos Municpios com at 15 mil habitantes, por exemplo, o nmero mximo de Vereadores 9 (nove); j nos Municpios com mais de 8 milhes de habitantes, o nmero mximo de Vereadores 55 (cinquenta e cinco). Art. 29. O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os seguintes preceitos: I - eleio do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de 14 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 714. 15 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 714. 16 ADI 2.112 MC, rel. min. Seplveda Pertence, j. 11-5-2000, P, DJ de 18-5-2001. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale quatro anos, mediante pleito direto e simultneo realizado em todo o Pas; II - eleio do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao trmino do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municpios com mais de duzentos mil eleitores; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1¼ de janeiro do ano subsequente ao da eleio; (...) V - subsdios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos SecretriosMunicipais fixados por lei de iniciativa da Cmara Municipal, observado o que dispem os arts. 37, XI, 39, ¤ 4¼, 150, II, 153, III, e 153, ¤ 2¼, I; (...) X- julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justia O Prefeito e Vice-Prefeito sero eleitos pelo sistema majoritrio, para mandato de 4 (quatro) anos. A eleio realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao trmino do mandato dos que devem suceder. No caso de Municpios com mais de 200.000 eleitores, a eleio de Prefeito e Vice-Prefeito ocorrer pelo sistema majoritrio de 2 turnos; caso o nmero de eleitores seja inferior a 200.000, haver apenas 1 (um) turno de votao. O artigo 29, X da Constituio trata do julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justia. Considerando que o constituinte no foi muito claro nessa determinao, o STF entende que a competncia do Tribunal de Justia para julgar prefeitos se limita aos crimes de competncia da justia comum estadual. Nos demais casos, a competncia originria cabe ao respectivo tribunal de segundo grau. Assim, em caso de crimes eleitorais, a competncia ser do Tribunal Regional Eleitoral; nos crimes federais, a competncia ser do Tribunal Regional Federal. H duas importantes smulas do STJ sobre esse assunto. A primeira delas a Smula 208, que determina que Òcompete Justia Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestao de contas perante rgo federalÓ. A segunda a Smula 209, que estabelece que Òcompete Justia Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimnio municipalÓ. Ainda segundo o STJ, o Prefeito ser julgado pelo Tribunal de Justia (e no pelo tribunal do jri) no caso de crimes dolosos contra a vida. No que se refere aos crimes de responsabilidade praticados pelo Prefeito Municipal, importante que os classifiquemos em prprios ou imprprios. Enquanto os primeiros so infraes poltico-administrativas, cuja sano corresponde perda do mandato e suspenso dos direitos polticos, os segundos so verdadeiras infraes penais, apenados com penas privativas de liberdade. Os crimes prprios devero ser julgados pela Cmara Municipal, 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale enquanto os crimes imprprios devero ser julgados pelo Judicirio, independentemente do pronunciamento da Cmara de Vereadores. Destaca-se, porm, que a Constituio Federal prev a competncia originria do Tribunal de Justia, salvo as excees anteriormente mencionadas, apenas para o processo e julgamento das infraes penais comuns contra o Prefeito Municipal. No se admite a extenso interpretativa para se considerar a existncia de foro privilegiado para as aes populares, aes civis pblicas e demais aes de natureza cvel. Essa proibio tambm vale para as aes de improbidade administrativa, por ausncia de previso constitucional especfica. A Constituio prev algumas hipteses de crime de responsabilidade do Prefeito em seu art. 29-A, ¤ 2¼ (rol exemplificativo): efetuar repasse que supere os limites definidos no artigo 29-A; no enviar o repasse at o dia vinte de cada ms; ou envi-lo a menor em relao proporo fixada na Lei Oramentria. Esquematizando: JU L G A M E N T O D O P R E FE IT O CRIMES DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESVIO DE VERBA SUJEITA A PRESTAÇÃO DE CONTAS PERANTE ÓRGÃO FEDERAL JUSTIÇA FEDERAL CRIMES ELEITORAIS TRE CRIMES DE RESPONSABILIDADE PRÓPRIOS CÂMARA MUNICIPAL CRIMES DE RESPONSABILIDADE IMPRÓPRIOS E CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA TRIBUNAL DE JUSTIÇA AÇÕES POPULARES, AÇÕES CIVIS PÚBLICAS E DEMAIS AÇÕES DE NATUREZA CÍVEL, BEM COMO IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PRIMEIRA INSTÂNCIA 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale A Constituio Federal no outorgou foro especial aos Vereadores perante o Tribunal de Justia. Contudo, segundo o STF, a Constituio do Estado pode faz-lo, se o legislador constituinte entender oportuno. A Carta Magna limitou-se a conceder-lhes inviolabilidade por suas opinies, palavras e votos no exerccio do mandato e na circunscrio do Municpio (CF, art. 29, VIII), a chamada imunidade material. No que se concerne ao subsdio dos vereadores, a Constituio determina, em seu artigo 29, VI, que este ser fixado pelas respectivas Cmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispe a Carta Magna, os critrios estabelecidos na respectiva Lei Orgnica e os seguintes limites mximos: No de habitantes Até 10.000 De 10.001 a 50.000 De 50.001 a 100.000 De 100.001 a 300.000 De 300.001 a 500.000 Acima de 500.000 Subsídio máximo do vereador (% subsídio deputados estaduais) 20% 30% 40% 50% 60% 75% Dispe, ainda, a Carta Magna, em seu art. 29-A, ¤ 1¼, que a Cmara Municipal no gastar mais de 70% (setenta por cento) de sua receita com folha de pagamento, includo o gasto com o subsdio de seus Vereadores. Segundo o art. 29, VII, o total da despesa com a remunerao dos Vereadores no poder ultrapassar o montante de 5% (cinco por cento) da receita do Municpio. Segundo o art. 29-A, ¤ 3¼, o Presidente da Cmara Municipal cometer crime de responsabilidade quando a Cmara Municipal gastar mais de 70% da sua receita com folha de pagamento. (TRF 1a Regio Ð 2015) No se considera o municpio entidade federativa, embora se reconhea que ele dispe de capacidade de auto-organizao, autogoverno e autoadministrao. Comentrios: O Municpio tambm um ente federativo. Ele dispe de capacidade de auto-organizao, autogoverno e autoadministrao. Questo errada. (TCM / SP Ð 2015) Lei orgnica municipal, como projeo da autonomia municipal, deve disciplinar a organizao municipal consoante os balizamentos 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale estabelecidos pela Constituio da Repblica, no sendo possvel que a Constituio Estadual o faa. Comentrios: A Lei Orgnica o instrumento por meio do qual o Municpio manifesta o seu poder de auto-organizao, sendo, portanto, projeo da autonomia municipal. A organizao municipal matria que cabe Lei Orgnica, devendo observar as regras gerais estabelecidas pela CF/88. A Constituio Estadual no pode versar sobre a organizao municipal, sob pena de violar o pacto federativo. Questo correta. (TCM / SP Ð 2015) Nos Municpios com menos de 200 mil eleitores, a Lei Orgnica deve definir se a eleio seguir o sistema majoritrio de um ou dois turnos. Comentrios: Essa no matria de Lei Orgnica. A CF/88 estabelece que, nos municpios com mais de 200 mil eleitores, a eleio seguir o sistema majoritria de 2 (dois) turnos. Questo errada. 3.5- Territrios Federais: Os Territrios Federais integram a Unio, sendo considerados meras descentralizaes administrativas; a doutrina os chama, por isso, de autarquias territoriais da Unio. Portanto, eles no so entes federativos e no possuem autonomia poltica. Atualmente,no existe nenhum Territrio Federal. Com a CF/88, os territrios de Roraima e do Amap foram transformados em estados federados; por sua vez, o territrio de Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco. Apesar de no existir, atualmente, nenhum Territrio Federal, estes podero ser criados a qualquer tempo. Para a criao dos Territrios Federais, necessria lei complementar. Apesar de no serem entes federativos, os Territrios podero ser divididos em Municpios. O Poder Executivo nos Territrios Federais chefiado pelo Governador, que no eleito pelo povo. O Governador do Territrio nomeado pelo Presidente da Repblica, com nome aprovado previamente, por voto secreto, aps arguio pblica pelo Senado Federal. Compete privativamente 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Unio legislar sobre a organizao administrativa dos Territrios (art. 22, XVII). As contas do Governo do Territrio so submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prvio do Tribunal de Contas da Unio (TCU). Isso se deve vinculao dos Territrios com a Unio; nos Estados-membros da federao, as contas dos Governadores so submetidas apreciao da respectiva Assembleia Legislativa. Existe Poder Legislativo nos Territrios? Sim, existe. O Poder Legislativo nos Territrios exercido pela Cmara Territorial. Segundo o art. 33, ¤3¼, CF/88, a lei dispor sobre as eleies da Cmara Territorial e sua competncia legislativa. A Cmara Territorial exercer apenas a funo tpica de legislar; a funo de controle externo da administrao dos territrios exercida pelo Congresso Nacional, com o auxlio do TCU. Cada um dos Territrios elege 4 Deputados Federais; trata-se, portanto, de nmero fixo, no proporcional populao. Os Territrios, por no serem entes federativos, no elegem Senadores. Isso se deve ao fato de que os Senadores so representantes dos Estados e do Distrito Federal; permitir que os Territrios elegessem Senadores significaria, em certa medida, equipar-los aos Estados. O Poder Judicirio, nos Territrios Federais, organizado e mantido pela Unio. Com efeito, a Unio tem a competncia privativa para organizar e manter o Poder Judicirio do Distrito Federal e Territrios. Nos Territrios Federais, a jurisdio e as atribuies cometidas aos juzes federais cabero aos juzes da justia local, na forma da lei. Assim como o Poder Judicirio, o Ministrio Pblico, nos Territrios Federais, organizado e mantido pela Unio. Assim, temos o TJDFT (Tribunal de Justia do Distrito Federal e Territrios) e o MPDFT (Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios). Existe, ainda, a Defensoria Pblica dos Territrios, tambm organizada e mantida pela Unio. Cuidado! Aqui, no h que se falar mais em Defensoria Pblica do Distrito Federal e Territrios (DPDFT). Isso porque, aps a EC n¼ 69/2012, a Defensoria Pblica do Distrito Federal (DPDF) organizada e mantida pelo prprio Distrito Federal. Temos, ento, dois rgos diferentes: a Defensoria Pblica do DF (organizada e mantida pelo DF) e a Defensoria Pblica dos Territrios (organizada e mantida pela Unio). Quando os Territrios tiverem mais de cem mil habitantes, alm do Governador, haver rgos judicirios de primeira e segunda instncia, membros do Ministrio Pblico e defensores pblicos federais. Em outras palavras, haver representaes do Poder Judicirio, do Ministrio 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Pblico e da Defensoria Pblica nos territrios em que a populao for maior do que 100.000 habitantes. 4- Alteraes na estrutura da federao: 4.1- Formao dos Estados: A federao clusula ptrea do texto constitucional, ou seja, no pode ser objeto de emenda constitucional que seja tendente sua abolio. Todavia, a federao poder sofrer alteraes em sua estrutura. As alteraes na estrutura dos Estados ocorrer nos termos do art. 18, ¤ 3¼, CF/88: ¤ 3¼ Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar- se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territrios Federais, mediante aprovao da populao diretamente interessada, atravs de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. A leitura do dispositivo supracitado nos permite afirmar que h 5 (cinco) diferentes tipos de alterao na estrutura dos Estados: a) Fuso: Um Estado A se une a um Estado B, formando o Estado C. Com isso, h a formao de um terceiro e novo ente federado, distinto dos anteriores e com personalidade prpria. Os Estados que lhe deram origem no mais existiro. b) Incorporao: Um Estado A se incorpora ao Estado B, o qual continua a existir. O Estado A deixa de existir e o territrio do Estado B aumenta. Perceba que, na incorporao, um dos entes federativos mantm a sua personalidade jurdica. Na histria do Brasil, temos um exemplo de incorporao. O Estado de Guanabara se incorporou ao Estado do Rio de Janeiro. c) Subdiviso ou ciso: Um Estado A se subdivide, dando origem ao Estado B e C. O Estado A deixa de existir, surgindo dois novos Estados (duas novas personalidades jurdicas). A subdiviso de um Estado pode dar origem a novos Estados ou territrios. Existe proposta para que o Maranho seja subdivido em Maranho do Sul e Maranho do Norte. Esse seria um bom exemplo de subdiviso. d) Desmembramento-anexao: Ocorre quando um ou mais Estados cedem parte de seu territrio para que este seja anexado ao territrio de outro Estado. Seria o caso, por exemplo, em que o Estado A perde parcela do seu territrio, que anexada ao territrio do Estado B. Perceba que, nessa operao, no houve extino de nenhum Estado. O Estado A perdeu parte de seu territrio, mas continuou existindo. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale e) Desmembramento-formao: Ocorre quando um ou mais Estados cedem parte de seu territrio para que haja a formao de um novo ente. Foi o que aconteceu com Gois, quando este cedeu parte de seu territrio para a formao do estado do Tocantins. Perceba que, nessa operao, no houve extino de nenhum Estado. Gois perdeu parte do seu territrio, mas deu origem a um novo Estado-membro. E quais so os requisitos para que sejam realizadas essas alteraes na estrutura dos Estados? De incio, ser necessrio que se proceda consulta s populaes diretamente interessadas, mediante a realizao de um plebiscito. Caso a populao seja desfavorvel, a modificao territorial ser impossvel. J quando favorvel, a deciso final sobre a modificao territorial do Congresso Nacional, pois este poder editar ou no a lei complementar. Na ADIN n¼ 2.650/DF, o STF considerou que se deve dar ao termo Òpopulao diretamente interessadaÓ o significado de que, nos casos de desmembramento, incorporao ou subdiviso de Estado, deve ser consultada, mediante plebiscito, toda a populao do (s) Estado (s) afetado (s), e no apenas a populao da rea a ser desmembrada, incorporada ou subdividida. Aps a manifestao favorvel da populao diretamente interessada, ser necessria a oitiva das Assembleias Legislativasdos estados interessados. Cabe destacar que a consulta s Assembleias Legislativas meramente opinativa, o que quer dizer que, mesmo que a Assembleia Legislativa for desfavorvel mudana territorial, o Congresso Nacional pode editar a lei complementar que aprova a subdiviso, incorporao ou desmembramento. Consultada a populao (mediante plebiscito) e feita a oitiva das Assembleias Legislativa, resta apenas a edio de lei complementar, o que um ato discricionrio do Congresso Nacional. Esse o passo final para a alterao na estrutura dos Estados. Assim, em resumo, os requisitos para a formao de Estados so os seguintes: a) Consulta prvia, por plebiscito, s populaes diretamente interessadas; b) Oitiva das Assembleias Legislativas dos estados interessados (art. 48, VI, CF/88); c) Edio de lei complementar pelo Congresso Nacional. Observe que a formao dos Territrios obedece aos mesmos requisitos necessrios para a incorporao, subdiviso e desmembramento de Estado. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 4.2- Formao dos Municpios: A formao de Municpios regulada pelo art. 18, ¤ 4¼ da Constituio, cuja redao foi dada pela EC n¼ 15/1996: ¤ 4¼ A criao, a incorporao, a fuso e o desmembramento de Municpios, far-se-o por lei estadual, dentro do perodo determinado por Lei Complementar Federal, e dependero de consulta prvia, mediante plebiscito, s populaes dos Municpios envolvidos, aps divulgao dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. De 1988 at 1996, a criao de Municpios era bem simples. As restries no eram to grandes e, como consequncia disso, multiplicaram-se os Municpios. Na tentativa de moralizar a criao de Municpios, foi promulgada a EC n¼ 15/1996, cujas regras esto vlidas at hoje. E quais so os requisitos para a criao de Municpios? So 5 (cinco) os requisitos para a criao, incorporao, fuso e desmembramento de municpios: a) Edio de lei complementar federal pelo Congresso Nacional, fixando genericamente o perodo dentro do qual poder ocorrer a criao, incorporao, fuso e desmembramento de municpios. Destaque-se que esta lei complementar at hoje no foi editada. b) Aprovao de lei ordinria federal determinando os requisitos genricos e a forma de divulgao, apresentao e publicao dos estudos de viabilidade municipal; c) Divulgao dos estudos de viabilidade municipal, na forma estabelecida pela lei mencionada acima; d) Consulta prvia, por plebiscito, s populaes dos Municpios envolvidos. O resultado do plebiscito, quando desfavorvel, impede a criao do novo Municpio. Por outro lado, caso seja favorvel, caber Assembleia Legislativa decidir se ir ou no criar o Municpio. e) Aprovao de lei ordinria estadual pela Assembleia Legislativa determinando a criao, incorporao, fuso e desmembramento do(s) municpio(s). Trata-se de ato discricionrio da Assembleia Legislativa, Tendo em vista que, at hoje, o Congresso Nacional no editou lei complementar dispondo sobre o perodo dentro do qual podero ocorrer alteraes na estrutura de Municpios, conclui-se que, atualmente, esses 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale entes federativos no podem ser criados. Alis, esse impedimento existe desde a promulgao da Emenda Constitucional n¼ 15/1996. No entanto, a realidade foi diferente. Mesmo aps a promulgao da EC n¼ 15/96, foram criados centenas de Municpios pelo Brasil afora. A doutrina os chamou de ÒMunicpios putativosÓ, pois existiam de fato, mas sua criao havia sido invlida, inconstitucional. Como no poderia ser diferente, o STF foi chamado a apreciar o problema na ADIN n¼ 3.682/MT. Na oportunidade, a Corte reconheceu a mora do Congresso Nacional, que deu Òensejo conformao e consolidao de estados de inconstitucionalidadeÓ. Foi atestada a inconstitucionalidade da criao dos Municpios. Todavia, em nome da segurana jurdica, o STF Òpassou a bolaÓ para o Congresso Nacional; no poderia o STF, da noite para o dia, determinar a extino de Municpios. O Congresso Nacional editou, ento, a Emenda Constitucional n¼ 57/2008, que convalidou os atos de criao, fuso, incorporao e desmembramento de Municpios, cuja lei tenha sido publicada at 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislao do respectivo Estado poca de sua criao. (TJDFT Ð 2015) Caso haja inteno de desmembrar um municpio, deve ser feita consulta por meio de plebiscito populao da rea a ser desmembrada, mas no h exigncia legal nesse sentido no que se refere populao remanescente. Comentrios: A consulta plebiscitria ser feita para toda a populao do Municpio, o que abrange tanto a populao da rea a ser desmembrada quanto a populao remanescente.. Questo errada. (MPE / PR Ð 2014) Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territrios Federais, mediante aprovao da populao diretamente interessada, atravs de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Comentrios: exatamente o que prev o art. 18, ¤ 3¼, CF/88. Questo correta. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 5- Vedaes Federativas: A Constituio estabelece, em seu art. 19, algumas vedaes aos entes federados. So as chamadas vedaes federativas. Art. 19. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de interesse pblico; II - recusar f aos documentos pblicos; III - criar distines entre brasileiros ou preferncias entre si. No que se refere ao inciso I, observa-se que o Brasil um Estado laico, leigo ou no confessional, no adotando qualquer religio oficial. Entretanto, admite-se a colaborao de interesse pblico com os cultos religiosos ou igrejas, na forma da lei. Seria o caso em que, aps uma enchente, o Municpio solicita a uma igreja que abrigue as pessoas desabrigadas por aquele desastre natural. O inciso II veda que um ente da Federao recuse f a documentos pblicos produzidos por outro, em virtude de sua procedncia. Assim, a Receita Federal do Brasil no pode recusar f a uma certido negativa de dbito emitida pela Secretaria da Fazenda do Tocantins, por exemplo. Trata-se de uma garantia que visa fortalecer o pacto federativo. Finalmente, o inciso III acima tambm refora o pacto federativo, ao vedar que os entes da federao criem preferncias entre si ou entre brasileiros, em funo de sua naturalidade. Assim, vedado, por exemplo, que um concurso pblico estabelea que somente os naturais de Minas Gerais podero concorrer a determinada vaga. Esse o princpio da isonomia federativa. (TRT / MG Ð 2015) As vedaes constitucionais expressas impostas simultaneamente Unio, aos Estados, aoDistrito Federal e aos Municpios alcanam o conceito de Estado laico; a proibio de recusa de f em documentos pblicos e a proibio de distines entre brasileiros ou preferncias entre si. Comentrios: o que estabelece o art. 19, incisos I, II e III, CF/88. Questo correta. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 6- Bens Pblicos: 6.1- Bens da Unio: O art. 20 relaciona os bens da Unio: Art. 20. So bens da Unio: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribudos; II - as terras devolutas indispensveis defesa das fronteiras, das fortificaes e construes militares, das vias federais de comunicao e preservao ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de gua em terrenos de seu domnio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros pases, ou se estendam a territrio estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes com outros pases; as praias martimas; as ilhas ocenicas e as costeiras, excludas, destas, as que contenham a sede de Municpios, exceto aquelas reas afetadas ao servio pblico e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econmica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidrulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrneas e os stios arqueolgicos e pr- histricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios. O inciso I nos mostra que o art. 20, ao tratar dos bens da Unio, trouxe um rol exemplificativo. Isso porque so bens da Unio os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribudos. O inciso II trata das terras devolutas, que so terras pblicas, ou seja, que no esto no nome de nenhum particular. Existem terras devolutas da Unio e terras devolutas dos Estados. So bens da Unio as terras devolutas indispensveis defesa das fronteiras, das fortificaes e construes militares, das vias federais de comunicao e preservao ambiental. Por outro lado, so bens dos Estados as terras devolutas que no forem da Unio. O inciso III trata do domnio hdrico. Sero rios federais aqueles que banhem mais de um Estado (ex: Rio So Francisco, Rio Tocantins). Tambm so bens da Unio os rios que se estendam a territrio estrangeiro ou dele provenham (ex; Rio Amazonas). Por outro lado, os rios que banham apenas um Estado sero bens daquele Estado. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale No inciso IV, verifica-se que as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes (fronteira) com outros pases so bens da Unio. Por outro lado, as ilhas fluviais e lacustres que no estejam em zonas limtrofes sero bens dos Estados. As ilhas ocenicas e costeiras so bens da Unio. No entanto, as ilhas costeiras, quando forem sede de Municpio, no sero bens da Unio. Cita-se como exemplo a ilha em que est contido o Municpio de Florianpolis. Os incisos V e Vi trata do domnio martimo. O mar territorial e os recursos naturais da plataforma continental e da zona econmica exclusiva so bens da Unio. Cita-se que na plataforma continental h uma enorme riqueza, especialmente petrleo. O inciso VII trata dos terrenos de marinha, que tambm so bens da Unio. Apenas para que se tenha uma noo, de forma bem grosseira, so terrenos de marinha aqueles que so adjacentes ao litoral, 33 metros medidos para a parte da terra (ou seja, 33 metros para dentro do continente). O inciso VIII trata dos potenciais de energia hidrulica. Mesmo nos rios estaduais (que banham apenas um Estado), os potenciais de energia hidrulica sero bens da Unio. O inciso IX trata dos recursos minerais, inclusive os do subsolo. Suponha que um fazendeiro descubra uma mina de ouro em suas terras. Esse ouro ser, por incrvel que parea, um bem da Unio. Cabe destacar que assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, bem como a rgos da administrao direta da Unio, participao no resultado da explorao de petrleo ou gs natural, de recursos hdricos para fins de gerao de energia eltrica e de outros recursos minerais no respectivo territrio, plataforma continental, mar territorial ou zona econmica exclusiva, ou compensao financeira por essa explorao. Para enriquecer nossos conhecimentos, reproduzirei o art. 176 da Carta Magna: Art. 176. As jazidas, em lavra ou no, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidrulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de explorao ou aproveitamento, e pertencem Unio, garantida ao concessionrio a propriedade do produto da lavra. Suponhamos, como exemplo, que seja encontrada uma mina de ouro em uma fazenda do Sr. Joo da Silva, em Gois. A propriedade da fazenda continuar sendo do Sr. Joo, embora o ouro encontrado seja da Unio. Caso uma concessionria venha a explorar essa jazida, dever pagar royalties Unio, proprietria dos recursos minerais. O produto da lavra (ouro extrado), entretanto, ser da concessionria. 47991593487 www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 73 DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE Teoria e Questões Aula 05 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O inciso X trata das cavidades naturais subterrneas (grutas) e stios arqueolgicos e pr-histricos. O inciso XI dispe que as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios so bens da Unio. A palavra ÒtradicionalmenteÓ no diz respeito ao tempo de ocupao, mas sim ao modo de ocupao indgena. Segundo o STF, essas terras so bens da Unio, mas de usufruto exclusivo dos ndios. 6.2- Bens dos estados: Os bens dos estados esto no art. 26, da CF/88: Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as guas superficiais ou subterrneas, fluentes, emergentes e em depsito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da Unio; II - as reas, nas ilhas ocenicas e costeiras, que estiverem no seu domnio, excludas aquelas sob domnio da Unio, Municpios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres no pertencentes Unio; IV - as terras devolutas no compreendidas entre as da Unio. Repartio de Competncias 1- Repartio de competncias e a federao brasileira: Na federao, o poder poltico descentralizado; os entes federados so dotados, portanto, de autonomia poltica. E essa autonomia dos entes federativos pressupe a existncia de uma repartio de competncias. O Estado federal tem como uma de suas principais caractersticas, portanto, a existncia de uma repartio constitucional de competncias: a Constituio Federal delimita as atribuies de cada um dos entes federativos. Nesse sentido, a repartio constitucional de competncias pode ser considerada como um elemento fundamental da federao. O objetivo da repartio de competncias na CF/88 dividir o poder poltico entre os entes federados de forma racional e equilibrada, garantindo o federalismo de equilbrio entre Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.
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