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Direito Civil sucessão provisória

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Prof. Wladimir Braga 
DEONTOLOGIA JURÍDICA 
TEORIA GERAL DO DIREITO 
 
 
1
 
AUSÊNCIA – Arts. 22 a 25 / CC 
 
Desaparecimento (voluntário ou involuntário) de uma pessoa. 
A lei não exige prazo mínimo para caracterização e conseqüente declaração judicial do 
desaparecimento. Caberá ao juiz decidir, pelas circunstâncias, se determinado prazo é razoável. 
 
Art. 22 / CC – Não será decretada judicialmente a ausência de uma pessoa: 
a) se ela tiver representante legal (� investido por lei); 
b) se ela tiver procurador (� investido pela vontade da pessoa, através do mandato). 
 
O desaparecimento de uma pessoa (que não tinha representante nem deixou procurador) 
provoca: 
1º) A arrecadação dos bens do ausente e nomeação de curador1 para eles (arts. 22 e 24 / CC); 
 [Nesta etapa privilegiam-se os interesses do desaparecido sobre interesses de terceiros] 
2º) A sucessão provisória dos bens do ausente; 
[Nesta etapa equiparam-se os interesses do desaparecido e de terceiros, atendendo-se ao 
direito dos credores e imitindo os presumíveis sucessores na posse dos bens do ausente, 
sendo que este ainda preserva sua propriedade] 
3º) A sucessão definitiva dos bens do ausente. 
 [Nesta etapa os interesses privilegiados são os de sucessores, herdeiros ou legatários] 
 
1Esse administrador, nomeado pelo juiz, não é curador do ausente, mas dos bens deste. 
 A nomeação, que pode ser requerida por qualquer interessado ou pelo MP (art. 22 / CC), 
normalmente irá recair sobre o cônjuge do ausente, a não ser que estejam separados 
judicialmente ou de fato há mais de 2 anos (art. 25, caput / CC), quando caberá a curadoria 
aos pais ou descendentes maiores (§§1º e 2º do art. 25 / CC). 
Não encontrando parentes, o juiz poderá escolher qualquer pessoa de confiança (§3º do art. 25 
/ CC). 
 
A curadoria prolonga-se – em regra – por um ano, durante o qual são publicados editais, 
de dois em dois meses, convocando o ausente a se apresentar (art. 1.161 / CC). 
 
Se o ausente regressar antes da abertura da sucessão provisória, cessa imediatamente a 
curadoria de seus bens, recuperando-os todos; terá direito de receber os frutos e rendimentos 
de seus bens, descontados unicamente o valor das despesas de administração e eventual 
remuneração do administrador. 
 Cessa também a curadoria, obviamente, havendo a certeza da morte do ausente. 
 
 
SUCESSÃO PROVISÓRIA – Arts. 26 a 36 / CC 
 
Esta sucessão é chamada provisória por conta de três fatos que podem alterar a situação 
jurídica dos sucessores: retorno do ausente; descoberta de que está vivo (art. 36 / CC) ou 
descoberta da data exata de sua morte (art. 35 / CC). 
 
Os interessados2 poderão requerer ao juiz a abertura da sucessão provisória: 
a) 1 ano depois a arrecadação dos bens da pessoa declarada judicialmente ausente; 
b) 3 anos após o desaparecimento de pessoa que possuía representante ou procurador. 
Prof. Wladimir Braga 
DEONTOLOGIA JURÍDICA 
TEORIA GERAL DO DIREITO 
 
 
2
2Cônjuge não separado; herdeiros presumidos; os que tenham sobre os bens do ausente direito 
condicionado à sua morte; credores de obrigações vencidas e não pagas (art. 27, I a IV / CC); 
o Ministério Público, não havendo outros interessados (art. 28, §1º / CC). 
 
Declarada a abertura da sucessão provisória – que só produz efeitos 180 dias depois de 
sua publicação (art. 28, caput / CC) –, havendo representante ou procurador do desaparecido, 
este será dispensado de suas funções e a responsabilidade pela administração dos bens passa a 
ser do titular do direito à posse provisória. 
 O cônjuge, descendentes e ascendentes não precisarão apresentar garantia para imitir-se 
na posse dos bens do ausente; já os demais titulares do direito à posse provisória terão que 
oferecer caução (art. 30, caput e §2º / CC). 
 
 Durante a fase de sucessão provisória os bens imóveis do ausente só poderão ser 
vendidos ou hipotecados com autorização judicial; estarão, contudo, sujeitos à desapropriação 
(art. 31 / CC). 
 
 Se o ausente (desaparecido involuntariamente) regressar depois da abertura da sucessão 
provisória, mas antes de aberta a definitiva, terá mantido o direito à propriedade dos bens, mas 
os frutos e rendimentos destes pertencerão, totalmente ou em parte, ao titular do direito à posse 
provisória. Totalmente, tratando-se de cônjuge, ascendente ou descendente. Em parte, ou seja, 
na metade, se se tratar de outros sucessores, que serão fiscalizados pelo MP e deverão prestar 
contas anualmente ao juiz (art. 33, caput / CC). 
 
Se o ausente tinha 80 anos quando desapareceu e já há 5 anos dele não se tem notícias, 
poderá ser aberta a sucessão definitiva sem a prévia sucessão provisória (art. 38 / CC). 
 
 
SUCESSÃO DEFINITIVA – Arts. 37 a 39 / CC 
 
Transcorridos 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a abertura da 
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a abertura de sucessão definitiva e o 
levantamento das garantias prestadas (art. 37 / CC). 
Os sucessores, assim deixam de ser provisórios, adquirindo o domínio dos bens. 
Mas esta sucessão, chamada pelo Código Civil definitiva, na verdade é quase definitiva, 
porque sujeita a condição resolutiva, qual seja: regressando o ausente nos dez anos seguintes à 
abertura da sucessão (definitiva) deverá ter restituídos seus bens no estado em que se 
encontrem. Ex.: se vendidos, terá direito ao valor obtido na venda; se, por ordem judicial, 
tiverem sido vendidos e convertido o produto da venda em imóveis ou títulos da dívida pública 
(sub-rogação), ficará com os (novos) bens adquiridos (art. 39 / CC). 
Não terá, em nenhuma hipótese, direito a fruto ou rendimento relativo ao tempo de sua 
ausência. 
 
Após dez anos da abertura da sucessão definitiva, aí sim, não terá mais o ausente 
nenhum direito sobre seus (antigos) bens.

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