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Aula 2 História da loucura

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A HISTÓRIA 
DA
 LOUCURA
No Período da Antiguidade e Idade Média
As populações eram reduzidas e com curta duração média de vida; 
O trabalho agrícola era de subsistência como o artesanato para consumo ou troca; 
Respeitava-se o tempo e o ritmo psíquico de cada um
Na Idade Média:
- Doente preso numa rede de significações religiosas (possessão) – o “pecado” era de natureza religiosa e moral; 
- Necessidade de um olhar objetivo para descobrir a deteriorização da natureza, onde até então se decifravam apenas perversões sobrenaturais.
Século XV – Renascimento 
Ao fim do século XV, a Europa, com o advento da manufatura inicial e a divisão social do trabalho ocorreu a ruptura da ordem feudal e a emergência do capitalismo mercantil com a urbanização maciça e a industrialização, o que resultou em: 
 - Aumento de desocupados, mendigos, vagabundos; 
 - Escassez de mão-de-obra. 
Meados do século XVII 
Desorganização social e crise econômica na Europa pelas mudanças estabelecidas nos modos de produção – o mundo da loucura torna-se o mundo da exclusão;
Todos aqueles que, em relação à ordem da razão, da moral e da sociedade, dão mostra de “alteração” eram encaminhados para estabelecimentos para internação (Não tinham função curativa);
O objetivo era limpar as cidades dos mendigos, prover trabalho para os desocupados, punir a ociosidade, reeducar para a moralidade, mediante instrução religiosa e moral. 
A partir do meio do século XVIII, com os princípios da revolução Francesa (nova ordem social e a industrialização), e a declaração dos direitos do homem nos Estados Unidos – iniciam-se os primeiros movimentos de denúncias contra as internações liberando-se todos os outros indivíduos, exceto os loucos; estes permaneceram herdeiros naturais do internamento e da exclusão;
Os “Reformadores” da Revolução Francesa delegaram a Phillipe Pinel (1745-1826) a tarefa de humanizar e dar sentido terapêutico aos hospitais gerais, onde os loucos encontravam-se recolhidos junto com outros marginalizados da sociedade. Mesmo quando reformadores médicos bem intencionados, tais como Phillipe Pinel, conseguiram amenizar em parte as aterrorizantes condições existentes nos asilos para loucos, ainda não existiam tratamentos de rotina realmente efetivos no começo do século XXI
		Philippe Pinel na França, foi o protagonistas de um movimento de reforma para separar os loucos dos seus colegas, passando a receber cuidado psiquiátrico sistematizado – tratamento moral – utilização conveniente da disciplina. 
Assim surge a Psiquiatria, passando o louco a ser visto como um doente. 
Ocupava-se o espírito e o corpo, em lugares – os asilos – onde os pacientes ficavam isolados da sociedade e o cérebro “em repouso”, longe das impressões irritantes, dos distúrbios, reprimindo a vividez, moderando a exaltação de ideias – tratamento alienista, moral. 
O isolamento era definido como algo terapêutico e indispensável.
TRATAMENTO 
A internação torna-se medida de caráter médico. 
Substitui-se a violência franca pela violência velada da ameaça e das privações. 
Pinel transforma o asilo numa espécie de instância perpétua de julgamento; 
O louco tinha que ser vigiado, a sanção tinha que seguir uma conduta normal sob a direção do médico que estava mais encarregado de um controle ético do que de uma intervenção terapêutica. 
Os tratamentos nos séculos XVII e XVIII consistiam em submeter o doente a banho para refrescar seus espíritos, injetar sangue fresco para remover sua circulação perturbada. Pinel e seus sucessores num contexto puramente repressivo e moral retomaram estas técnicas. 
TRATAMENTO 
A ducha não mais refrescava, mas punia; não se aplicava mais quando o doente estava “excitado”, mas quando cometia um erro.
BRASIL - PERÍODO COLONIAL
BRASIL - PERÍODO COLONIAL
A assistência médica e hospitalar dependia, sobretudo das irmandades religiosas – Santa Casas de Misericórdia que funcionavam como albergues para os pobres, órfãos, inválidos e, obviamente, loucos;
As Santas Casas de Misericórdia no Brasil – amontoavam nos porões insalubres, sem assistência médica, os loucos como os demais marginais, entregues a guardas e carcereiros, seus delírios e agitações reprimidos por espancamentos ou contenção. 
HOSPITAL NACIONAL DOS ALIENADOS (1842)
HOSPITAL NACIONAL DOS ALIENADOS (1842)
A Psiquiatria surge no Brasil, com a função de tomar para si a normatização social – transformação do desviante (o mendigo, o louco, o criminoso, o pobre em geral) num ser normalizado. 
A partir de 1830, um grupo de médicos alienistas (criadores da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro) começou a pressionar para que se construísse um hospício para os alienados;
O hospício Pedro II, foi criado no Rio de Janeiro, em 1841.
As primeiras instituições psiquiátricas surgiram no Brasil em meio a um contexto de ameaça à ordem e à paz social, objetivando a necessidade de tratamento segundo, as teorias e técnicas já em prática na Europa. 
- Indicação social: remoção e exclusão do elemento perturbador visando segurança dos cidadãos; 
- Indicação clínica: intenção de curá-los.
Virada do século XX – “reforma” passou a se orientar pela crítica à insuficiência do asilo, produzindo, por exemplo, o modelo das colônias agrícolas.
No Brasil, os movimentos para reformar a Psiquiatria têm ocorrido desde o século XIX. Até 1903, a psiquiatria tinha como maior representante o médico Juliano Moreira (1872-1933), grande defensor das colônias agrícolas para alienados. 
A ideia de que o doente mental deveria ser tratado com auxílio do trabalho foi então disseminada em todo o país
Tratamento – Colônias Agrícolas
Utilizavam modernas técnicas da medicina mental” do período:
Hidroterapia - aplicação externa de água – quente ou fria, por meio de longos banhos, de imersão ou duchas;
Malarioterapia - Febre induzida pela inoculação do germe da malária – no organismo do doente, para que a febre e os tremores “curassem” a doença mental.
Insulinoterapia – aplicação de insulina, em doses crescentes, que provocava convulsões, coma e um sofrimento físico intenso, para tratar esquizofrenia.
No Brasil, foi um consenso de elites. A assistência psiquiátrica pública tinha como única função social à exclusão do louco. 
Ideologia da nascente instituição psiquiátrica brasileira: 
Remover, excluir, abrigar, alimentar, vestir, tratar.
A loucura é apropriada pelo saber médico, torna-se então alienação mental
Nos anos de 1930, no período do Estado Novo, os grandes hospícios construídos foram reformados e ampliados, tornando-se o centro de toda a política de saúde mental. Até a década de 1950, foi visível a estatização dos grandes hospitais, seguindo uma política de estadualização.
Na metade da década de 50 , parecem alguns reflexos da psicanálise (Freud), com referências aos aspectos psicológicos do comportamento humano.
 Há o lançamento dos psicotrópicos. (Clorpromazina)
	
	No período posterior a II Guerra Mundial surgiram as comunidades terapêuticas, que acreditavam na importância do relacionamento entre os membros da equipe terapêutica e os pacientes, sendo estes últimos estimulados a assumir um papel dinâmico e responsável, no seu tratamento – surgem propostas que apontam um processo de desinstitucionalização.

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