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Introdução à Macroeconomia e ao PIB

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MACROECONOMIA AULA 1 
Boa tarde, Barbara! A Macroeconomia estuda a economia no agregado, vale dizer, estuda os fenômenos que afetam a economia como um todo. Trata dos assuntos que afetam a vida das pessoas em geral, como inflação, desemprego, crescimento econômico, taxa de juros, taxa de câmbio, temas que compõem a gama de notícias que aparecem normalmente na mídia dos países. Os formuladores das políticas governamentais dos países tentam resolver através de políticas macroeconômicas, como políticas fiscais, monetárias e cambiais, principalmente, os casos de desvios que podem ocorrer na economia. Desta forma, promovem o bem-estar da sociedade e estabelecem o caminho do progresso e do desenvolvimento. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos:
Demonstrar as relações entre as variáveis macroeconômicas;
Mensurar os impactos que as alterações de variáveis reais e nominais terão sobre a economia no curto prazo;
Identificar as políticas macroeconômicas que levarão ao progresso do país, diante das situações conjunturais.
Indicador da avaliação da economia
Na nossa primeira aula, vamos estudar o Produto Interno Bruto (PIB), evidenciando sua importância como indicador da avaliação da economia de um país. Vamos apresentar o PIB sob as óticas da produção, da despesa e da renda, mostrando sua importância, sua composição e o que é considerado ou não no seu cálculo. Para melhor entendimento do PIB, vamos definir o PIB nominal e o PIB real e apresentar a forma de cálculo destes dois tipos de PIB. Vamos introduzir o cálculo do deflator do PIB e da taxa de inflação, evidenciando sua utilidade para o estudo do crescimento da economia de um país. Por fim, vamos mostrar as limitações da consideração do PIB como medida do crescimento econômico e como indicador do bem-estar social, mencionando os conceitos de PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
MEDIÇÃO DAS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS. 
A Microeconomia estuda como as famílias e empresas tomam decisões e como interagem nos mercados. Basicamente estuda a relação entre vendedores e compradores, ou seja, entre a oferta e a demanda. O encontro entre os ofertantes e os demandantes acaba por determinar o preço do produto comercializado. A determinação dos preços é a essência da Microeconomia.
Já a Macroeconomia parte da relação entre a oferta e a demanda na determinação dos preços, mas consiste no estudo da Economia como um todo e tem por objetivo explicar as mudanças que afetam o seu funcionamento. Assim, procura explicar, por exemplo, por que a renda média é elevada em alguns países e baixa em outros, por que os preços sobem rapidamente em algumas épocas e permanecem estáveis em outras e por que a produção e o emprego aumentam em alguns anos e se contraem em outros.
PIB
Para monitorar o desempenho da economia em sua totalidade, os órgãos estatísticos calculam o Produto Interno Bruto (PIB), que vem a ser a produção total de um país ou de regiões. Uma vez que a produção que está sendo calculada é a produção vendida, o PIB de um país pode também ser mensurado através da despesa total dos compradores na aquisição dos bens e serviços produzidos na sua economia. O dinheiro gerado nas vendas totais no país vem a ser o total dos recursos financeiros que todos têm para viver. É a renda total de um país e indica se uma economia vai bem ou vai mal; se a população conta com mais ou menos recursos financeiros para viver. O PIB pode ser então mensurado ainda através da renda total. O PIB é o indicador mais utilizado na avaliação do desempenho de uma economia. Por ser a medição de estatísticas sobre a produção total do país, é acompanhado por responsáveis pela política econômica, por homens de negócio e pela comunidade financeira. Mais precisamente, o PIB pode ser definido como o valor de todos os bens e serviços finais produzidos em um país, em um dado período de tempo, geralmente o ano civil. O PIB soma vários tipos de produtos em uma economia em um valor total. É preciso atentar para o termo “valor”. Isto porque surge sempre uma dúvida inicial quando se diz que o PIB é a soma de tudo que é produzido no país.
Observação 1 Sendo o PIB uma medida de produto, não se pode chegar ao seu valor simplesmente somando todas as receitas registradas no país. Assim, todos os bens e serviços produzidos no ano devem apenas ser contados uma vez. Muitos bens passam por vários estágios de produção, antes de chegar às mãos do cliente final. Para se evitar a dupla contagem, é preciso que se retirem os bens que são usados em estágios intermediários da produção — bens intermediários — dos cálculos dos bens finais e serviços, que são aqueles comprados pelo usuário final, e não por quem vai revendê-los ou promover uma transformação produtiva neles. Um exemplo seria a produção do pão. Antes de o pão chegar às mãos do cliente final, ele passa por vários estágios intermediários do processo de produção: os agricultores produzem o trigo e o vendem ao moinho, que o utiliza na produção de farinha de trigo, que por sua vez é vendida à padaria. O padeiro produz o pão com a farinha e outros ingredientes para vendê-lo ao consumidor final. Se o PIB tivesse considerado os valores do trigo e farinha utilizados na fabricação do pão, os produtos intermediários estariam sendo contados mais de uma vez. Isto porque no valor da farinha de trigo vendida, o seu fabricante incluiu os gastos totais, dentre os quais a despesa com o trigo, além do seu lucro. Por sua vez, o padeiro considerou os gastos totais, dentre os quais a despesa com a farinha de trigo, além do seu lucro. Portanto, no valor do pão, já estão incluídos os valores do trigo e da farinha de trigo, que não precisam mais ser contabilizados. Somente o valor final do pão é incluído no PIB. É nesse sentido que se diz que os bens intermediários são excluídos do cálculo do PIB. Mas é bom que se diga que se parte da produção, como por exemplo, da farinha de trigo, for vendida ao consumidor final, seu valor será incluído no cálculo do PIB. Assim, o PIB só vai considerar os bens finais, isto é, os que irão para os consumidores finais.
Observação 2 As transações financeiras e as transferências de renda não estão incluídas no PIB porque não envolvem produção. Por exemplo: compra e venda de ações, debêntures, títulos da dívida pública, pois consistem em transferências de renda entre particulares ou agentes públicos.
Observação 3 Só a produção elaborada dentro do país é contada. Quando um estrangeiro ganha renda no Brasil, ela é contada no PIB brasileiro, mas não a renda recebida por brasileiros no exterior.
Observação 4 Só os produtos produzidos no período corrente são contados. Produtos produzidos no passado não são contados. O PIB mede duas coisas ao mesmo tempo: a renda total de todas as pessoas da economia e a despesa total com os bens e serviços produzidos na economia. O PIB consegue medir tanto a renda total como a despesa total porque, na verdade, para a economia como em seu toda renda deve ser igual à despesa.
PIB pela ótica da despesa / Pela ótica da despesa, o PIB é expresso pela seguinte equação:
Ótica da renda 
Fatores ou recursos de produção Para entender melhor a ótica da renda do PIB, é necessário introduzir os conceitos de fatores ou recursos de produção. Os fatores de produção são:
 As reservas naturais ou terra (solo, subsolo, águas etc.); O trabalho (ou mão de obra), que corresponde à parcela da população que se encontra disponível para o trabalho; O capital, que inclui máquinas, equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, edificações e construções, equipamentos de transporte etc.; A capacidadetecnológica (know-how), que é o conjunto de habilidades e conhecimentos que dão sustentação ao processo de produção; A capacidade empresarial, fator que mobiliza, aglutina e combina os demais fatores de produção de forma a atingir o objetivo de produzir. Esses fatores de produção são utilizados e remunerados pelas empresas que produzem os produtos. As famílias (proprietárias dos fatores de produção) adquirem os produtos e são remuneradas pela utilização dos fatores de produção como o trabalho, recebendo salários, por exemplo. PIB pela ótica da renda: Pela ótica da renda, o PIB pode ser calculado pela soma da remuneração dos fatores de produção utilizados na obtenção de todos os bens e serviços, durante o ano. A produção de bens e serviços tem custo porque os recursos devem ser alocados para a produção desses bens e serviços. Estes custos geram as rendas dos proprietários dos fatores de produção. Renda Y
PIB REAL Como já vimos, o PIB mede a despesa total em bens e serviços em todos os mercados de uma economia. Se a despesa total aumenta de um ano para o outro, pelo menos uma das duas situações pode ter ocorrido:
1) A economia está produzindo uma quantidade maior de bens e serviços e/ou
2) Os bens e serviços estão sendo vendidos a preços mais elevados.
Quando os economistas estudam mudanças ao longo do tempo, esses dois efeitos devem ser separados. Ou seja, eles desejam estabelecer uma medida da quantidade de bens e serviços produzidos na economia que não sejam afetados pelas variações nos preços desses bens e serviços. Para isso, os economistas usam uma medida chamada de PIB real, que responde à seguinte questão hipotética: Qual seria o valor dos bens e serviços produzidos este ano se os avaliássemos aos preços vigentes em algum outro ano específico? Avaliando a produção a preços fixos em níveis passados, por exemplo, o PIB real mostra como a produção geral de bens e serviços da economia muda com o passar do tempo. Vale ressaltar que o crescimento econômico corresponde ao aumento do PIB. Como o cálculo do PIB é realizado pela multiplicação do preço pela quantidade, seu crescimento pode se dar tanto pelo aumento dos preços como pelo aumento das quantidades. Como no PIB real o que interessa é verificar se houve aumento das quantidades produzidas, a solução é imaginar que não houve aumento dos preços, ou seja, a ocorrência de inflação, pois desta forma, se houver variação do PIB, o aumento decorre de variação nas quantidades.
PIB real e nominal
Para se calcular o PIB real (a preços constantes) e nominal (a preços correntes), veremos, a seguir, o exemplo de uma economia que produz apenas dois bens: carne e frango.
No caso do PIB nominal, usam-se os preços correntes (que vigoram em cada ano) para atribuir um valor à produção de bens e serviços. CÁLCULO DO PIB NOMINAL: 
2008 R$ 10 por kg de frango x 100 kg frango + R$ 20 por kg carne x 80 kg de carne = R$ 2.600
2009 R$ 20 por kg de frango x 200 kg frango + R$ 30 por kg carne x 100 kg de carne = R$ 7.000
2010 R$ 30 por de kg frango x 300 kg frango + R$ 40 por kg carne x 200 kg de carne = R$ 17.000
Os dados do exemplo apresentado mostram que houve aumento contínuo do PIB real nos anos apresentados. O cálculo foi feito tomando-se o ano de 2008 como base e em todos os anos os cálculos foram feitos com preços constantes, com no ano base. CÁLCULO PIB REAL (BASE ANO 2008) 
2008 R$ 10 por kg de frango x 100 kg de frango + R$ 20 por kg de carne x 80 kg de carne = R$ 2.600
2009 R$ 10 por kg de frango x 200 kg de frango + R$ 20 por kg de carne x 100 kg de carne = R$ 4.000
2010 R$ 10 por kg de frango x 300 kg de frangos + R$ 20 por kg de carne x 200 kg de carne = R$ 7.000
DEFLATOR DO PIB 
Até este ponto, vimos a avaliação da evolução do valor do PIB (PIB nominal), e a evolução da quantidade produzida (PIB real). Podemos agora ver também como as variações dos níveis de preços podem ser aferidas, através do cálculo do chamado deflator. O deflator do PIB é calculado de forma a refletir apenas os aumentos dos preços dos bens e serviços. É uma medida do nível de preços calculada como a razão entre o PIB nominal e o PIB real multiplicada por cem.
Limitações do uso do PIB Limitações do uso do PIB para medir o crescimento do produto: 
 O PIB não leva em conta a produção dos bens e serviços nos domicílios, uma vez que não envolvem uma transação de mercado; O PIB não computa a economia clandestina (atividades ilegais, como tráfico de drogas, prostituição etc.) e economia informal (pessoas que trabalham sem carteira de trabalho assinada, sonegação de impostos, vendas sem notas e serviços de autônomos sem recibo, por exemplo); O PIB exclui lazer como um bem valorizado pelas pessoas; A introdução de novos produtos e a variação na qualidade dos produtos dificulta medir de forma precisa as mudanças no produto real; O PIB não leva em conta efeitos colaterais negativos que acompanham a produção como a poluição, assim como os efeitos destruidores de fenômenos naturais (furacões etc.). 
Embora apresente limitações, o PIB é muito importante, porque medem, de maneira razoavelmente acurada, as flutuações de curto prazo no produto e na renda.
O que você entende de PIB como medida do bem estar? Para considerarmos o PIB como medida do bem-estar, precisamos, inicialmente, entender este conceito. Considerando-se o conceito de bem-estar econômico, pode-se afirmar que o crescimento econômico aumenta o bem-estar, na medida em que o aumento e a diversificação da produção permitem à população contar com mais produtos à sua disposição, bem como contar com a introdução de novos produtos (o celular e a internet são exemplos). Todavia, o PIB pode não captar alterações do bem-estar social, que apresenta um conceito mais amplo, envolvendo aspectos qualitativos como condições de saúde, educação, não violência urbana, distribuição de renda etc.
PIB PER CAPTA O PIB per capita, que é o PIB total dividido pelo número de habitantes, pode ser considerado uma medida natural do bem-estar econômico do indivíduo médio. Todavia, existem críticas quanto à validade do PIB per capita como medida perfeita do bem-estar, por não levar em consideração aspectos qualitativos da educação, saúde, lazer, qualidade do meio ambiente e distribuição de renda. Em síntese, podemos afirmar que o PIB per capita é uma boa medida do bem-estar econômico para a maioria dos propósitos, mas não para todos os propósitos. Uma maneira de avaliar a utilidade do PIB como medida do bem-estar econômico é examinar dados internacionais do PIB. Países pobres e ricos têm níveis muito diferentes de PIB per capita. Se um PIB elevado se traduz em melhor padrão de vida, deve-se observar que o PIB está fortemente correlacionado com medidas de qualidade de vida. Nos países ricos, como os EUA, Japão, Canadá, Suécia, Noruega, Alemanha, Inglaterra, Suíça e França, as pessoas têm expectativa de vida de 80 anos, quase toda a população sabe ler, grande parte usa internet regularmente, a taxa de mortalidade infantil e desnutrição são baixas e há acesso à água tratada. Já em países pobres como o Haiti, Paquistão, Somália, Nigéria e Bangladesch, a expectativa de vida é de 60 anos,grande parte da população é analfabeta, o uso da internet é raro, as taxas de mortalidade infantil e desnutrição são altas e não há acesso à água tratada, dentre outros aspectos que denotam baixa qualidade de vida ou sua ausência.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 
Um indicador utilizado para avaliar o bem-estar do ponto de vista social é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado periodicamente pelas Nações Unidas. Trata-se de um índice calculado a partir de uma média de indicadores sociais (taxa de alfabetização, nível de escolaridade e expectativa de vida) e econômicos (PIB real per capita). São considerados no cálculo do IDH os seguintes indicadores:
Índice de esperança de vida; esperança de vida ao nascer em anos;
Índice de educação;
Taxa de alfabetização de adultos (2/3 do índice);
Taxa de escolaridade bruta conjunta do 1º, 2º e 3º graus (1/3 do índice);
Índice do PIB: PIB real per capita, em dólares ajustados pelo poder de compra dos países.
Para a maioria dos países, a classificação a partir do IDH apresenta alto grau de correlação com o PIB per capita. Os maiores contrastes são registrados nos países árabes produtores de petróleo, que apresentam IDH baixo e estão entre os países mais ricos do mundo. Já os países que integram a União Soviética apresentam IDH proporcionalmente mais elevado que o PIB per capita.

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