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Relatório de Iniciação Científica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL
ANÁLISE DO IMPACTO DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS
 (PAA) SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DE AGRICULTORES FAMILIARES
 EM VIÇOSA-MG
 BOLSISTA: Rafael Jr. S. Figueiredo Salgado
 ORIENTADOR: Prof. Marcelo Miná Dias
Relatório Final, referente ao período de agosto/2011 a julho/2012, apresentado à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do PIBIC/CNPq.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
JULHO/2012
	UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL
RESUMO
ANÁLISE DO IMPACTO DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS (PAA) SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DE AGRICULTORES FAMILIARES EM VIÇOSA-MG
O presente trabalho visou analisar a influência do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares, beneficiados por ele, ao longo de sua implementação no município de Viçosa/MG. 
Tendo como objetivo geral analisar o PAA no município de Viçosa/MG, para saber como este, ao longo de sua implantação e desenvolvimento, influenciou na qualidade de vida das famílias de agricultores familiares participantes do programa no município de Viçosa/MG.
Especificamente pretendeu-se:
Caracterizar o PAA no município de Viçosa-MG, a partir de seus gestores e agricultores familiares participantes.
Identificar a percepção dos agricultores, quanto ao que eles entendem por qualidade de vida.
Verificar como a qualidade de vida se modificou a partir da aderência ao programa.
Levantar dados socioeconômicos dos produtores atendidos pelo PAA antes da aderência ao programa.
Levantar dados socioeconômicos dos produtores atendidos pelo PAA, ao longo da implementação do programa, para saber como ele tem promovido melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares no município de Viçosa/MG.
Considera-se que a principal contribuição dessa pesquisa reside no fato de que são escassos trabalhos que mensurem e analisem o desenvolvimento da qualidade de vida dos agricultores familiares nos municípios brasileiros. Bem como pesquisas que tratem da influência do PAA nas condições socioeconômicas desses agricultores no município de Viçosa/MG.
Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos através da aplicação de questionários e entrevistas aos cinco agricultores familiares participantes do PAA, residentes na zona rural Sitio Reserva São Francisco e através de entrevistas junto aos gestores locais do programa e entidades beneficiadas. Como métodos de análise foram adotados análise tabular e a construção de indicadores de qualidade de vida.
Diante da percepção dos gestores e organizações locais, observou-se que o PAA apresentou aspectos positivos no favorecimento da melhoria de renda, no acesso à comercialização, diversificação da produção e dos produtos fornecidos e como consequência, diversificação dos alimentos adquiridos pelas entidades atendidas. Em relação às limitações, o principal problema refere-se à falta de estrutura e local adequado para entrega dos alimentos. Os alimentos fornecidos às entidades socioassistenciais (em quantidade e variedade de itens), evidenciaram aspectos positivos relacionados à qualidade nutritiva.
Os agricultores familiares beneficiados apontaram que todos os produtos agrícolas produzidos nas propriedades são aproveitados no processo de comercialização realizado junto ao PAA, sendo principalmente hortaliças, mandioca, inhame, frutas, feijão, milho e alguns produtos agroindustrializados como o fubá e a canjiquinha. 
Os principais pontos positivos apontados pelos agricultores fora a garantia de compra, fixação do agricultor no campo, melhoria na qualidade dos produtos, aumento na renda e diversificação e aumento da produção. Em relação às dificuldades apontadas estão a burocracia, tanto na prestação de contas quanto na aprovação e liberação de recursos, dificuldade na entrega, falta de planejamento da produção, formação e organização da associação, falta de regularidade no pagamento, preço de referencia baixo e a não continuidade do programa.
Para os agricultores, a qualidade de vida implica em ter uma alimentação saudável, estarem com saúde e ter conforto. Sendo estes os determinantes da qualidade de vida para o agricultor familiar. Estes itens fazem parte do ideário de qualidade de vida construído pelo agricultor.
Os resultados satisfatórios na qualidade de vida dos beneficiados ocorreram principalmente em relação ao acesso a bens de consumo duráveis e condições de moradia, o que em parte era esperado, pois entre os objetivos do programa está a geração de emprego e renda no meio rural, através da garantia de comercialização dos produtos agrícolas, com uma maior fixação do homem no campo e melhoria na infraestrutura dos domicílios dos beneficiados e consequentemente melhorias de sanidade domiciliar.
O PAA tem como alguns dos seus objetivos aumentar a produção e da renda do agricultor familiar beneficiado. Assim, presume-se que, isto ocorrendo, haverá reflexos na qualidade de vida dos agricultores beneficiados pelo programa. A análise da situação dos agricultores entrevistados, quanto aos indicadores socioeconômicos selecionados, possibilitou concluir através do acesso ao programa, houve melhoria na qualidade de vida dos agricultores, principalmente nos indicadores de moradia e acesso a bens duráveis.
Conclui-se que através do acesso ao Programa de Aquisição de Alimentos, houve melhora na qualidade de vida dos agricultores beneficiados, principalmente, em virtude do aumento da renda e da produção de alimentos saudáveis. O que propiciou melhorias nas moradias, posse de bens de consumo duráveis e através da diversificação produtiva, passaram a se alimentar melhor.
Data: ___/___/____
 ________________________________ ​​​​​​​​​​​​____________________________
 Prof. Marcelo Miná Dias Rafael Jr. S. Figueiredo Salgado
 ORIENTADOR BOLSISTA PIBIC/CNPq
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 6
1.1 Justificativa______________________________________________________7
1.2 Problema________________________________________________________8
2. REVISÃO DE LITERATURA ____________________________________________10
	2.1. Agricultura familiar______________________________________________10
	2.2. Programa de aquisição de alimentos (PAA) ___________________________10
	2.3. Qualidade de vida _______________________________________________12
3. OBJETIVO____________________________________________________________13
4. MATERIAL E MÉTODOS _______________________________________________14
	4.1. População e amostra _____________________________________________14
	5.2. Métodos de coleta de dados________________________________________14
	4.3. Técnicas de coleta de dados________________________________________15
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO___________________________________________15
Caracterização do programa de aquisição de alimentos no município de Viçosa-MG___________________________________________________________15
A percepção das entidades socioassitenciais beneficiadas_________________________________________________15
5.1.2 A percepção dos gestores locais _____________________________17
5.1.3 A percepção dos agricultores familiares beneficiados____________19
Impacto do programa de aquisição de alimentos na qualidade de vida dos agricultores familiares beneficiados ___________________________________26
6. CONCLUSÕES________________________________________________________31
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________36
INTRODUÇÃO
O presente trabalho analisou a influência do Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) na melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares, beneficiados por ele, ao longo de sua implementação no município de Viçosa/MG.
Este Programa foi instituído pela Lei 10.696, de 02/07/2003, regulamentada pelo decreto n° 4.772, de 7 de maio de 2008, objetivando incentivar a produção agropecuária e a sustentação de preços, adquirindo alimentos produzidos por agricultores familiares organizados em cooperativas ou associações. Este alimento é comprado pela Conab a um preço de referência, utilizando a da tomada de preço médio no mercado regional. O PAA ainda conta com a participação dos Conselhos Municipais de Segurança Alimentar (Comsea), como mecanismo de controle social do projeto, conferindo maior confiabilidade à sua fiscalização e execução. (BRASIL, 2010)
O PAA é uma das principais ações estruturantes do Programa Fome Zero. Como tal, busca também combater a pobreza e o desemprego, causadores da fome. Entende-se que os problemas da fome são oriundos da insuficiência da oferta de produtos agropecuários, dificuldades relativas à distribuição e comercialização dos produtos oriundos da agricultura familiar e também a falta de poder aquisitivo da população decorrente dos altos níveis de desemprego e subemprego. Estando o PAA intrinsecamente voltado à resolução dos problemas específicos de abastecimento alimentar, geração de renda e combate a fome (YAZBEK, 2004).
Pode-se citar também outros benefícios do programa, como distribuição de renda, valorização da cultura alimentar e culinária local, já que os produtos fornecidos são em sua maioria característicos da região, diversificação da produção, segurança alimentar, investimento local, planejamento organizacional e produtivo; acesso a técnicas de cultivo e manejo, por estarem em contato com órgãos de assistência técnica, e financiamentos públicos. Todos estes fatores têm o potencial de contribuir para um efetivo incremento de renda do produtor, possibilitando aumento nos índices de qualidade de vida (CERQUEIRA, ROCHA E COELHO, 2006).
Outros benefícios, como aumento de renda, estabilidade dos preços agrícolas, interações sociais entre os agricultores, entidades beneficiárias e gestores locais, aumento da capacidade técnica, possibilitaram, em alguns casos estudados, maior autonomia e estabilidade desses agricultores, contribuindo assim com aumento de confiança e da qualidade de vida dos envolvidos no Programa (DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010; SILVESTRE, CALIXTO e RIBEIRO, 2005).
O interesse em construir um conhecimento científico mais detalhado sobre o contexto supracitado, sobre como ele poderia melhorar as condições socioeconômicas de vida, trabalho e produção no meio rural, se deu a partir de uma experiência acadêmica extracurricular, realizada junto à Secretária de Assistência Social do município de Viçosa/MG. Esta experiência, posteriormente, permitiu uma percepção da necessidade de estudos que avaliasse se o PAA estaria promovendo melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares que aderiam ao Programa.
Para a elaboração do projeto de pesquisa foi realizado um levantamento de dados de caráter exploratório, realizado junto à Emater local e baseado na Proposta de Participação/Doação Simultânea de 2010, documento elaborado para acesso ao Programa. Este levantamento apresentou um conjunto de informações relevantes ao desenho da pesquisa, tais como o número de agricultores familiares atendidos pelo Programa e a localização destes no município, delineando o perfil dos atendidos pelo Programa. Nesta fase foram identificados nove agricultores familiares que fornecem 25 diferentes tipos de produtos alimentícios a cinco instituições filantrópicas. Estes agricultores receberam R$ 30.018,71 no ano de 2010. Porém, os dados e informações obtidos na pesquisa exploratória confirmavam a ausência de dados que caracterizassem a ocorrência de evolução das condições socioeconômicas. Afinal, qual teria sido a influência do programa no processo de produção e comercialização dos itens produzidos na unidade familiar? Mais, teria o Programa influenciado melhorias na qualidade de vida das famílias que aderiram ao mesmo?
Estes questionamentos conduziram à elaboração do projeto de pesquisa contemplado com uma bolsa e desenvolvido ao longo dos últimos meses. Este relatório apresenta os resultados alcançados e as conclusões possibilitadas pelo estudo.
Justificativa
As políticas específicas para a agricultura familiar surgiram na década de 1970, criadas inicialmente para compensar os efeitos negativos dos processos de modernização agrícola. Inicialmente tais políticas eram inicialmente direcionadas à compra de equipamentos e melhoria da infraestrutura comunitária, sendo que nos anos 1990 foi instituído o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) buscando estimular a produção por meio da oferta de crédito para investimento em infraestrutura (direcionado às municipalidades) e custeio (para os agricultores enquadrados como “familiares”) (RIBEIRO et. al., 2007). Tais políticas têm tomado corpo e vem se apresentando como alternativas de desenvolvimento para a agricultura familiar, levando à diversificação produtiva e ao fomento à pluriatividade, que buscam promover a segurança alimentar e maior autonomia dos agricultores (DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010).
Vieira, Albernaz e Viana (2007) argumentam que a agricultura familiar recentemente vem ganhando espaço nos debates sobre políticas públicas no Brasil, com diversos estudos e pesquisas mostrando sua importância para o desenvolvimento socioeconômico mais equilibrado e sustentável no meio rural. É nesse cenário que são desenvolvidas estratégias de desenvolvimento sustentável, geração de novas oportunidades de trabalho e renda, implementadas pelas políticas públicas. No entanto, os investimentos oriundos do poder público são ainda escassos ou de difícil acesso aos agricultores. Assim, políticas públicas de “fortalecimento da agricultura familiar” têm sido desenhadas como o Pronaf, que surgiu através da pressão de movimentos sociais ligados à agricultura familiar, buscando facilitar o acesso dos agricultores familiares ao crédito (SILVESTRE, CALIXTO e RIBEIRO, 2005).
Essas políticas se destinam prioritariamente às atividades de custeio e/ou investimento nas atividades produtivas e pouco beneficiam a comercialização dos produtos agrícolas. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), um dos braços do programa Fome Zero, veio para fazer frente as dificuldades enfrentadas nessa atividade (DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010). O PAA beneficia diretamente as instituições atendidas por esse Programa, já que visa fornecer alimentos de qualidade, diversificado o cardápio e estimulando os beneficiários a alimentar-se de forma saudável, fortalecendo assim a política de segurança alimentar adotada pelo programa Fome Zero. Por intermédio do PAA a produção familiar tenderia a adquirir papel importante na manutenção da segurança alimentar e nutricional do país (DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010; GHIZELINI, 2006).
No entanto, devem-se destacar ainda os problemas citados pelos agricultores atendidos pelo PAA. Segundo Cerqueira, Rocha e Coelho (2006), estes problemas seriam: a documentação exigida, a qualidade da produção, falta de sincronismo entre o calendário do Programa e a produção da região, a sazonalidade da produção e falta de apoio técnico para realizar as atividades propostas, sendo essas questões os principais gargalos que dificultariam a operacionalização do programa nos municípios (GHIZELINI, 2006).
Devido às situações enfrentadas pelos agricultores familiares, principalmente no que refere ao empobrecimento no meio rural, este estudo é de grande importância, pois dá ênfase às políticas públicas destinadas a esse meio, que possibilitariam melhorias significativas nos indicadores socioeconômicos dos agricultores familiares, auxiliando assim na melhoria da qualidade de vida dos mesmos (BUAINAIN, SABATTO e GUANZIROLI, 2004).
Estudos foram elaborados e implementados buscando
solucionar as dificuldades enfrentadas no escoamento da produção da agricultura familiar que foram, e ainda são, alvos de políticas seja do governo ou de organizações não governamentais (SILVESTRE, CALIXTO e RIBEIRO, 2005). Muitos destes estudos discorreram sobre os benefícios do PAA e seus entraves, mas poucos trataram da mensuração da “qualidade de vida” ao longo da implementação do Programa. Na verdade, pouquíssimos são os trabalhos que discorrem sobre a qualidade de vida no meio rural (ASMUS, 2004).
Diante dessa realidade, Siqueira (2008) afirma que o estudo da qualidade de vida se tornou uma área de grande interesse no meio cientifico. Através de pesquisas neste tema é possível compreender os processos que fortalecem os indivíduos diante de adversidades. Corroborando, Grisa (2009) acrescenta que as políticas institucionais são um meio capaz de contribuir para o desenvolvimento, redução da pobreza e fortalecimento da qualidade de vida dos indivíduos, principalmente dos produtores familiares, que muitas vezes se encontram desamparados. Diante do exposto, e a partir da revisão da literatura sobre o tema, a pesquisa empreendida justifica-se pela atualidade da questão, a falta de estudos sobre a questão específica da qualidade de vida no meio rural e a oportunidade de oferecer, a partir da elaboração de conhecimentos sobre uma realidade local de implementação de um programa de política pública, subsídios aos processos de acompanhamento e avaliação do Programa.
Problema
O PAA é um programa que cria mecanismos de comercialização da produção através da articulação com os mercados institucionais, buscando enfrentar um dos principais entraves para o desenvolvimento da agricultura familiar. Ele busca proporcionar maior estabilidade em termos de comercialização e ter impactos na melhoria de vida dos agricultores familiares, bem como beneficiar os enquadrados no Pronaf, através da compra condicionada, sem licitação, de produtos agrícolas. Essas aquisições são destinadas à formação de estoque e à distribuição de alimentos para pessoas em situação de insegurança alimentar (FUSCALDI, 2010; GRISA, 2009; CERQUEIRA, ROCHA E COELHO, 2006; GHIZELINI, 2006).
Os programas governamentais de fortalecimento da agricultura familiar visam também dinamizar a economia dos agricultores familiares, incentivando a produção e comercialização de seus produtos. De acordo com Silvestre, Calixto e Ribeiro (2005) as políticas de comercialização dos produtos da agricultura familiar têm como uma de suas orientações o cooperativismo, que busca reduzir as dificuldades de comercialização de pequenos produtores, que devido à possibilidade de obter ganhos em escala, proporcionaria menores custos de produção e comercialização, além da regularidade de oferta e maior poder de negociação dos preços.
Devido aos problemas enfrentados pelos agricultores familiares, que têm dificuldade para produzir e comercializar seus produtos, muitos vivem apenas do que produzem, sendo essencial e importante realizar estudos no contexto atual, sobre como as políticas públicas podem influenciar, localmente, no desenvolvimento socioeconômico desses agricultores, podendo ser este capital humano, recursos naturais e capital social, gerando maior desenvolvimento rural (FUSCALDI, 2010; BUAINAIN, SABATTO e GUANZIROLI, 2004).
Desenvolvimento rural pode ser entendido como um meio que envolve o crescimento da produção, de renda, implicando melhoria das condições de vida e trabalho das populações do meio rural, englobando também a formação e desenvolvimento da infraestrutura econômica e social, podendo melhorar os indicadores sociais de qualidade de vida (CASTILHOS et al. 2001). Neste contexto de desenvolvimento rural se inserem as politicas públicas, como o PAA, visto que elas se fundamentam na agricultura familiar como geradora de emprego e renda. Buscando aumentar a capacidade produtiva bem como a melhoria da renda dos agricultores familiares. Deste modo, se bem aplicadas, poderão contribuir para o desenvolvimento local e regional sustentável (DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010; GAMA, 2008).
Segundo Silvestre, Calixto e Ribeiro (2005, p. 3) “[...] no decorrer dos anos várias propostas foram elaboradas e implantadas visando à incorporação dos agricultores familiares ao mercado, buscando a melhoria da qualidade de vida através de incrementos na sua renda”. Esse é um dos objetivos do PAA em Viçosa-MG, que visa integrar os produtores do município aos mercados institucionais, através da compra direta de sua produção, para abastecimento das entidades filantrópicas municipais. Se aplicado corretamente no desenvolvimento equilibrado e sustentado desses agricultores, possibilitará a geração de renda e diversificação produtiva, o que contribui para dinamização da economia nos municípios DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010). Podendo possibilitar uma mudança significativa na qualidade de vida dos agricultores e das famílias atendidas pelas entidades. 
Considera-se que a principal contribuição dessa pesquisa reside no fato de que são escassos trabalhos que mensurem e analisem o desenvolvimento da qualidade de vida dos agricultores familiares nos municípios brasileiros. Bem como pesquisas que tratem da influência do PAA nas condições socioeconômicas desses agricultores no município de Viçosa/MG.
REVISÃO DE LITERATURA
Agricultura Familiar
Os agricultores familiares historicamente foram deixados à margem dos investimentos governamentais em políticas públicas. Estes, no brasil, são voltados principalmente para os grandes produtores e exportadores de commodities, buscando favorecer a geração de divisas para o país (SILVESTRE, CALIXTO e RIBEIRO, 2005). É nesse setor do agronegócio que a maior parte dos recursos públicos está sendo investido.
Mesmo com poucos recursos governamentais, a agricultura familiar responde por boa parte do abastecimento interno do país, segundo Guanziroli et al. (2001), ela constitui cerca de 85,5% dos 4.859.864 estabelecimentos rurais, ocupando 30,5% da área (107,8 milhões de ha) e responde por 37,9% do Valor Bruto da Produção agropecuária (18,1 bilhões do total). A análise da Renda Total (RT) mostra que os estabelecimentos familiares possuíam na época renda total média de R$ 2.717,00/ano, superior à alcançada pelos agricultores patronais. A produção familiar é a principal fornecedora de alimentos do país, mas está condicionada a receber poucos recursos de crédito e de investimentos oriundos do poder público. Por falta de investimentos nesse tipo de produção, os produtores estão empobrecendo, assim acabam deixando o campo para procurar melhores oportunidades nos centros urbanos.
Diante da importância da agricultura familiar no contexto brasileiro, programas e políticas governamentais que apoiem este segmento são necessários, para possibilitar melhores condições de vida e estruturação da produção dessas famílias. Um exemplo de política institucional eficiente de apoio aos produtores rurais é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
Este Programa foi instituído pelo Art. 19 da Lei n. 10.696, de 2 de julho de 2003, sendo regulamentado pelo Decreto n. 6.447, de 07 de maio de 2008. Tem como finalidade apoiar os agricultores familiares, por meio da aquisição de alimentos de sua produção, com dispensa de licitação até o limite máximo de R$ 4.500,00 (BRASIL, 2010). Surgiu como um braço do Programa Fome Zero. Seu objetivo principal está inserido na concepção de desenvolvimento rural, sendo seu público potencial beneficiado os agricultores familiares, incidindo sobre o principal entrave para o desenvolvimento desses agricultores: a comercialização dos produtos.
De acordo com Cerqueira, Rocha e Coelho (2006), o PAA é um programa de natureza interministerial, sua gestão é formada por representantes dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Desenvolvimento Agrário (MDA), Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Fazenda e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPGO). Sua operacionalização é de responsabilidade do MDS e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que é responsável também pela formação de estoques governamentais de alimentos. Já os recursos repassados ao Programa vêm do MDS, que é responsável pela maioria das ações do Programa Fome Zero.
Ainda segundo Cerqueira, Rocha e Coelho (2006), existem três modalidades desse Programa, que são gerenciadas pela Conab: Compra Antecipada da Agricultura Familiar (CAAF) que disponibiliza recursos ao plantio, é exclusiva para o público que não é atendido pelo Pronaf. O Contrato de Garantia de Compra da Agricultura Familiar (CGAF), que busca assegurar a opção de venda da produção familiar ao Estado a preço pré-determinado. Já a modalidade Compra Direta da Agricultura Familiar (CDAF) possibilita a venda de alimentos ao Estado a preços de referência, visando garantia de renda ao agricultor familiar. Finalmente a Compra Antecipada Especial da Agricultura Familiar – modalidade implantada no município estudado – que objetiva a formação de estoques ou a doação simultânea para a população em situação de insegurança alimentar.
A modalidade de Compra Antecipada Especial da Agricultura Familiar com Doação Simultânea adquire produtos agropecuários de agricultores familiares, beneficiando entidades beneficiadas que promovem a segurança alimentar. Os alimentos são entregues diretamente às entidades obedecendo a um cronograma, cuja execução é fiscalizada por um conselho municipal, no caso de Viçosa-MG, o Conselho Municipal de Segurança Alimentar (Comsea) (MÜLLER, SCHNEIDER e SILVA, 2007).
Essa política é operacionalizada via mercados institucionais, sendo uma alternativa para solucionar o empobrecimento dos agricultores no meio rural, além de favorecer a diversificação produtiva. A compra da produção familiar feita pelo governo permite que os agricultores planejem e repensem estratégias de sustentabilidade econômica e produtiva, baseadas no abastecimento local (GHIZELINI, 2006).
Cerqueira, Rocha e Coelho (2006) afirmam ainda que o PAA objetiva beneficiar os agricultores familiares, principalmente aqueles que produzem em pequena escala e que enfrentam dificuldades para agregar valor a sua produção, viabilizando a comercialização dos seus produtos sem a necessidade dos “intermediários”. Através da garantia de compra e da definição dos preços, minimizando assim os riscos da atividade produtiva e estimulando o aumento da produção, bem como a diversificação. 
Este programa visa também fortalecer a política global de combate à fome, incentivando a agricultura familiar através de ações vinculadas à distribuição de alimentos de origem agropecuária aos grupos sociais em situação de insegurança alimentar facilitando a comercialização no mercado local, além de promover estoques estratégicos (MATTEI, 2007).
Segundo Cerqueira, Rocha e Coelho (2006), o PAA, como política estruturante, atua como instrumento de sustentação de preços e garantia de renda aos agricultores familiares, reduzindo assim, a dependência dos agricultores em relação aos “intermediadores”, funcionando como mecanismo de sustentação de preços dos produtos oriundos da agricultura familiar. Há também um incentivo ao produtor em aumentar e diversificar sua produção, já que ele passa a ter garantias de venda, sabendo qual será seu retorno monetário. 
Para participar do programa os agricultores devem, de acordo com as normas do Programa, estar organizados em associações ou cooperativas, uma normativa que busca integrá-los a organizações, incentivando o associativismo. O programa visa ainda valorizar o agricultor familiar, assim como a sua importância para o abastecimento alimentar numa escala local e regional, o que tem o potencial de contribui para a dinamização da economia dos municípios (DEVES, RAMBO e FILLIPI, 2010).
Corroborando, Doretto e Michellon (2007) afirma que por estarem os agricultores organizados em associações e/ou cooperativas, eles passaram a perceber que sozinhos não poderiam alcançar resultados satisfatórios na sua produção. O associativismo traz responsabilidades, pois eles passam a ter que tomar decisões coletivas, que podem afetar o grupo como um todo. 
Por fim, Delgado, Conceição e Oliveira (2006) afirmam que do ponto de vista do desenho institucional, o PAA inovou ao criar instrumentos de crédito com garantia de compra, visando concretizar a estratégia de fortalecimento da agricultura familiar através do fomento à produção e garantia de renda, resultando no atendimento a populações em risco alimentar.
Qualidade de vida
Segundo Costa et. al. (2009), programas de políticas públicas, como o PAA, são alternativas viáveis e capazes de enfrentar problemas estruturais, que assolam especificamente os mais pobres, como o desemprego, pobreza, desnutrição, baixo nível de escolaridade, sendo esses decorrentes da atual conjuntura econômica brasileira, influenciando assim na qualidade de vida da população.
Para Herculano (1998), fazendo uma revisão do pensamento de Nussbaum e Amartya Sen, a qualidade de vida pode ser medida por meio da avaliação das necessidades, como o grau de satisfação e dos patamares desejados. Podemos medir a qualidade de vida pela distância entre o que deseja e o que se alcança ou também pode ser mensurada através do julgamento substantivo feito pelo próprio entrevistado, sobre como a vida se tornaria melhor. Assim a definição de qualidade de vida variará de acordo com as diferenças individuais, sociais e culturais e também pela acessibilidade a inovações (CROCKER, 1993; KHAN, 2001).
De acordo com Asmus (2004), a qualidade de vida de uma população pode ser estudada e medida através de dois objetos de análise: objetiva e subjetiva. A primeira reflete as circunstâncias de vida nas quais essa população esta inserida. Já a segunda está relacionada à forma com que os indivíduos percebem determinada situação ou circunstância. Também denomina “pesquisas de foco interno” em que os sujeitos da pesquisa emitem suas opiniões e respostas pessoais, expressando sua percepção da vida, no seu contexto de valores e em relação às suas expectativas, padrões e preocupações.
A autora supracitada acrescenta que a avaliação subjetiva tem sido relegada a um plano de menor importância, principalmente na área rural. Este eixo compreende a satisfação promovida pelas dimensões e a avaliação da sua importância para o individuo.
Utilizando como método a pesquisa bibliográfica, Asmus (2004) identificou sete dimensões subjetivas para avaliar a qualidade de vida: saúde, bens materiais, produtividade, bem-estar emocional, segurança, espaço na comunidade e relações afetivas. 
Corroborando, Neri (2007) afirma que o aspecto essencial do conceito de qualidade de vida e do bem-estar é o caráter subjetivo, onde a avaliação é feita pelo indivíduo com base em critérios pessoais e referenciados aos padrões e às expectativas sociais.
Desse modo, é possível aferir a qualidade de vida dos produtores familiares através dos benefícios e oportunidades oferecidos a eles pelo PAA. Pois este programa busca melhorar as condições de vida dessas famílias através da distribuição direta de renda, qualificação profissional e técnica, segurança alimentar, valorização dos costumes, hábitos e cultura regional e local.
OBJETIVO
O presente trabalho teve como objetivo geral analisar o acesso e a execução do PAA no município de Viçosa-MG a partir da experiência de um grupo de agricultores familiares e de gestores municipais do Programa, para saber como este, ao longo de sua implementação e desenvolvimento, influenciou ou não na qualidade de vida das famílias de agricultores familiares participantes do mesmo.
Considerando este objetivo geral, os objetivos específicos foram definidos:
Caracterizar o PAA no município de Viçosa-MG, a partir de seus gestores e agricultores familiares participantes.
Identificar a percepção dos agricultores, quanto ao que eles entendem por qualidade de vida.
Verificar como a qualidade de vida se modificou
a partir da aderência ao programa.
Levantar dados socioeconômicos dos produtores atendidos pelo PAA antes da aderência ao programa.
Levantar dados socioeconômicos dos produtores atendidos pelo PAA, ao longo da implementação do programa, para saber como ele tem promovido melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares no município de Viçosa-MG.
MATERIAL E MÉTODOS
População e amostra
A população investigada foi constituída pelas famílias atendidas pelo PAA no município de Viçosa-MG, especificamente as que se localizam na localidade conhecida como Córrego São Francisco (Comunidade Juquinha de Paula), sendo nove o total de famílias atendidas segundo a Proposta de Participação – Doação Simultânea (Conab). Porém, só foram entrevistados cinco agricultores, considerados pelas próprias famílias como “chefes” da mesma, pois os outros quatro haviam mudado de cidade e não mais estavam participando do Programa, o que impossibilitou a realização das entrevistas.
Por ser pequeno o número de famílias atendidas pelo PAA foi possível entrevistar e aplicar questionários a todos os chefes das famílias beneficiadas deste programa que residiam na cidade de Viçosa, com as exceções citadas anteriormente. Optou-se pelo método de amostra não probabilística, pois, segundo Gil (2002), quando a mostra for selecionada de forma precisa, é possível conseguir resultados fidedignos sobre a avaliação da população ou do universo da pesquisa, podendo assim representar significadamente a população estudada.
Foi utilizada amostra intencional, preconizada por Moresi (2003) que diz que deverão ser escolhidos casos para a amostra que representem o “bom julgamento” da população/universo. Optou-se por eleger os chefes de cada família pesquisada, independentemente de serem mulheres ou homens, para aplicar entrevistas e questionários, pois estes representam a família em geral e, por serem os responsáveis pelo projeto, poderão apresentar experiências práticas com o problema pesquisado.
Métodos de coleta de dados
Segundo Silva (2004), o procedimento técnico de estudo de caso deve ser usado quando envolve um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetivos de maneira que se permita o amplo e detalhado conhecimento. Boyd & Stasch (1985) apud. Campomar (2005) corroboram afirmando que:
[...] estudo de casos envolve a análise intensiva de um número relativamente pequeno de situações e, ás vezes, o número de casos estudados reduz-se a um. È dada ênfase à completa descrição e ao entendimento do relacionamento dos fatores de cada situação, não importando os números envolvidos.
Gil (2002) afirma que este tipo de estudo proporciona uma visão geral acerca do problema pesquisado, além de oferecer a possibilidade de detectar fatores que influenciam ou são influenciados por ele.
Diante deste contexto apontado pela literatura, optou-se por trabalhar com o procedimento de estudo de caso, pois este é o método mais adequado ao objetivo da pesquisa, que é avaliar as variações da qualidade de vida dos agricultores beneficiários ao longo da implementação do Programa de Aquisição de Alimentos no município de Viçosa-MG. Além de ser o tipo de estudo que mais apareceu nas pesquisas bibliográficas sobre o tema.
Técnicas de coleta de dados
Utilizaram-se técnicas de coleta de dados por meio de aplicação direta de entrevistas e questionários. Foram aplicadas preferencialmente nas unidades produtivas dos chefes das famílias atendidas pelo PAA no município de Viçosa-MG. Este procedimento auxiliou a tarefa de fazer uma análise visual da estrutura, podendo assim perceber-se características da propriedade e do produtor, que por serem delicadas, não seriam mencionados nos questionários e entrevista.
O método de coleta através de questionários foi usado, pois Gil (2002) afirmar ser um meio rápido e barato para se obter informações, além de não precisar possibilitar o anonimato dos entrevistados.
Segundo Yin (2001), entrevistas são usualmente aplicadas em estudos sobre questões humanas, tema chave deste trabalho. Estas questões devem ser registradas e interpretadas por intermédio da observação direta do pesquisador. Este tipo de coleta deve ser usado para corroborar com informações obtidas através de outras fontes, como por exemplo, o questionário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização do Programa de Aquisição de Alimentos no município de Viçosa-MG
A percepção das entidades socioassitênciais beneficiadas
Há cinco entidades denominadas “beneficiários consumidores” no projeto aprovado em 2010, sendo que a representante da Emater informou que várias outras entidades que não estão no projeto também recebem esses alimentos, totalizando 12 entidades. O principal público é formado por crianças, entre 0 e 14 anos, sendo que algumas entidades também atendem adultos, idosos, dependentes químicos ou a família. As entidades beneficiárias do referido projeto são compostas por um total de 1.578 pessoas, como é possível visualizar na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1. Relação das entidades beneficiárias e número de beneficiados do PAA em Viçosa.
	Entidades
	Número de Pessoas Atendidas
	Centro Educação Infantil Pingo de Luz
	36
	Associação Beneficente Santa Clara – ABESC
	83
	Conselho Central de Viçosa da Sociedade São Vicente de Paulo
	1000
	Rebusca Ação Social Evangélica Viçosense
	325
	Associação Assistencial e Promocional da Pastoral da Oração de Viçosa
	134
	TOTAL
	1578
Fonte: Proposta de Participação – Doação Simultânea, 2010.
As entidades socioassistênciais beneficiadas pelo Programa em Viçosa-MG estão aqui representadas pela APOV. Quanto à percepção dessa entidade sobre sua participação no Programa, o profissional responsável entrevistado da afirmou que tiveram acesso ao PAA por meio da Associação de Moradores do Córrego São Francisco. Antes de participar do PAA, os alimentos eram oriundos de compras no mercado local, de uma horta da própria Associação, de doações e de sobras de alimentos que eram coletados na feira municipal e nos mercados locais.
Os alimentos do PAA são preparados na própria cozinha da entidade, que tem a orientação de uma nutricionista. Essa profissional faz a triagem dos alimentos e orienta a forma de preparação. O controle de qualidade é feito primeiramente com base em conversas com os agricultores. Na instituição é a nutricionista quem orienta e faz o controle.
O entrevistado afirmou que os consumidores dos alimentos adquiridos por intermédio do PAA avaliam positivamente a mudança na composição de sua dieta, destacando aspectos quantitativos e qualitativos como maior diversidade de alimentos (frutas e legumes), fato que teria influenciado na criação de novos hábitos alimentares.
Quanto aos possíveis benefícios aos produtores dos alimentos, o entrevistado avalia positivamente o PAA nos seguintes termos: diversificação e aumento da produção; acesso desses agricultores a novos mercados; garantia de preço competitivo; estímulo à permanência dos agricultores em sua atividade profissional; melhoria na renda do agricultor; economia para as entidades beneficiadas, já que diminuem a quantidade de alimentos que precisam comprar. Segundo as próprias palavras do entrevistado “O agricultor está recebendo remuneração pelo seu trabalho, o que o incentiva a continuar no campo e melhorar a sua produção, ajudando a população vulnerável no campo”.
A principal limitação do Programa, de acordo com o entrevistado, é a falta de estrutura para a entrega dos alimentos. As entregas são realizadas ao ar livre, sem contar com uma logística adequada. Outras limitações apontadas foram: a falta de embalagem adequada para o fornecimento dos produtos, o que influenciava na qualidade final; o fato de ser um programa e não ser essencialmente uma politica pública, visto que ele está parado por não ser uma lei, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o que causa vulnerabilidade e a limitação do transporte dos produtos, por conta das estradas ruins.
Foram registradas sugestões
como a construção de um local adequado para entrega e armazenamento dos alimentos; aumento no financiamento da agricultura familiar, que produz 70% da alimentação para o mercado interno; criar parcerias para estruturar o programa no município; melhoria nas estradas rurais; ampliação no município para o PAA-leite; e a mudança do formato de programa para uma lei, que garanta a estabilidade do mercado institucional.
Em relação à continuidade do Programa, o entrevistado acredita que o PNAE veio para substitui-lo, pois ao longo prazo esta lei possui resultados melhores. As instituições carentes deveriam acabar no longo prazo e a questão de assistência social e nutricional deveria ser feita pelo Estado através das escolas. Além de o PNAE já ser uma rede organizada, fato que facilita a entrega por parte dos agricultores. Por outro lado, os hospitais, que são filantrópicos, devem continuar sendo beneficiados pelo programa, mas a questão da segurança alimentar deve ser feita pelas escolas.
Quando perguntado se houve impacto do PAA na qualidade de vida dos agricultores beneficiados, o entrevistado afirmou que há grande impacto na segurança alimentar, através da diversidade de produção e de seu consumo. O fato de o produtor ter a garantia de venda possibilita uma maior segurança econômica, passando a adquirir bens de consumo para sua familiar. Há também melhoria na saúde, pois o agricultor passa a se alimentar melhor, sendo menos propenso a contrair ou desenvolver doenças.
A percepção dos gestores locais
A metodologia de pesquisa procurou combinar a obtenção de informações quantitativas e qualitativas. As de caráter primário resultaram da aplicação de um questionário semiestruturado e entrevista face a face junto aos órgãos executores do PAA, como também às organizações locais envolvidas.
As informações contidas nesta seção foram coletadas a partir de depoimento da representante extensionista da Emater/MG, escritório local e pelo representante da Prefeitura Municipal de Viçosa/Secretaria de Agricultura.
No que se refere às atribuições da Emater/MG no processo de implantação do PAA em Viçosa, as entrevistas revelaram que, quando da constituição da Associação dos Moradores do Córrego São Francisco, a Emater/MG juntamente com o COMSEA e Prefeitura Municipal de Viçosa, realizaram um processo de mobilização junto aos agricultores familiares, objetivando a construção/estruturação da Associação para atender o principal problema que era o processo de comercialização dos produtos agropecuários. A partir de então houve a mobilização para a elaboração do primeiro projeto para acesso ao PAA em 2005.
Os extensionistas locais tiveram conhecimento do PAA por meio de informações repassadas pela assessoria da Emater-MG a nível regional, além das informações compartilhadas entre os diversos técnicos no Estado. Atualmente, a atribuição deste ator é a assistência técnica aos agricultores familiares; a elaboração dos projetos do PAA; a conscientização das entidades beneficiadas; e a fiscalização das entregas. Entende-se que a Emater/MG assume responsabilidades em todas as etapas de implementação do PAA em Viçosa/MG, o que pode implicar em uma percepção, por parte dos outros atores envolvidos, de que esta organização é de fato a única responsável pelas ações de implementação e operacionalização.
Ao longo dos anos houve nove projetos no município de Viçosa. O primeiro projeto foi acessado pela comunidade do Paiol, que parou de fornecer no ano de 2009. Entre 2007 e 2009 as comunidades do Paiol e São Francisco acessaram o programa. O último acesso ao programa foi em 2010, onde foram beneficiadas doze entidades através do acesso do Programa por oito agricultores da comunidade São Francisco (Juquinha de Paula). Atualmente há dois projetos aprovados, dessas duas comunidades, mas até a presente data eles ainda não começaram a entregar, pois o recurso ainda não havia sido liberado.
Os gestores locais avaliam que os preços de referência dos produtos agrícolas estabelecidos pela Conab são compensadores para alguns produtos e para outros não, principalmente as hortaliças, que por ter grande oferta, têm preço muito baixo.
Consideram que são aspectos positivos do Programa: prover à agricultura familiar acesso à comercialização por meio de um mercado institucional; garantir “preço justo”; eliminar intermediários ou “atravessadores”; promover a inclusão social além do incentivo ao associativismo na agricultura familiar. Com relação às entidades beneficiadas, entendem que o aspecto positivo é promover acesso à alimentação diversificada e de qualidade.
Quanto às limitações do programa, constatou-se que estradas ruins, que impossibilitam, na época de chuvas, o escoamento da produção; falta de apoio para estruturação como irrigação; dificuldade de acesso ao crédito do Pronaf; preço dos produtos desatualizados; excesso de burocracia na liberação dos recursos e prestação de contas; e dificuldade em obter crédito agrícola são limitações que, de acordo com os gestores locais do Programa, impedem o desenvolvimento pleno do mesmo. Destacando-se a falta de estrutura e local adequado para entrega dos alimentos como principal problema.
Quanto às sugestões para melhoria do Programa, os gestores locais elencam uma série de decisões que possibilitaram, em sua visão, o incremento da eficiência do Programa: garantia de recursos para o programa, transformando-o em lei para que se torne uma politica pública efetiva, possibilitando que ao produtor manter seu planejamento para continuar fornecendo produtos de qualidade ao mercado; criação e construção de um “barracão do produtor”, para que ele comercialize sua produção e distribuição dos produtos, melhorando a sistemática de entrega, principalmente na garantia de entrega.
Quando perguntados qual a importância da continuidade do programa, os gestores afirmaram que o programa é muito importante; e como o país é essencialmente agrícola, é necessária a criação e manutenção deste tipo de política pública, principalmente para a agricultura familiar, de modo a incentivar os agricultores familiares a continuem no campo, especificamente os mais jovens.
O impacto na economia local é percebido pelos gestores, pois com a renda obtida com a comercialização por meio do programa, o produtor utilizará esta renda para fazer compras na cidade, o que acabaria dinamizando a economia local. Há também, na expressão dos entrevistados, a dinamização das informações sobre o setor agrícola e de como ele interfere na economia do município como um todo.
Para os gestores entrevistados, através do PAA houve melhoria na qualidade de vida dos agricultores beneficiados, sendo estes fatores: garantia de comercialização, motivação e interesse dos produtores, produção de produtos com qualidade através da reestruturação propiciada pelo programa, inclusão social dos produtores. Houve impacto positivo na qualidade de vida dos produtores, por conta da diversificação da produção, fazendo com que a família passasse a consumir os novos alimentos que passaram a fornecer. Assim, na visão dos gestores locais, o Programa teria tido uma influência direta na qualificação da dieta alimentar, o que pode gerar impactos positivos na saúde das famílias. O aumento da renda teria possibilitado o acesso a outros serviços e/ou bens de consumo. Para um dos entrevistados, o impacto na qualidade de vida dos agricultores familiares pode ser comprovado pelo grande interesse deles em dar continuidade no Programa, fornecendo sua produção.
Em relação à importância do PAA para os agricultores familiares e entidades assistenciais beneficiadas, a entrevistada afirma que: “O PAA é uma política pública muito importante, pois dá a oportunidade de desenvolvimento socioeconômico à família, ou seja, é um projeto de verdadeira inclusão. A oportunidade de um mercado certo para a agricultura familiar, além de ser uma ferramenta para a extensão rural”.
Os gestores locais do Programa concordam ao afirmar que o PAA deve evoluir no sentido de ser um importante/relevante
instrumento de comercialização da agricultura familiar, além da necessidade de manter sua continuidade.
A percepção dos agricultores familiares beneficiados
A associação dos Moradores do Córrego São Francisco foi fundada em 2006, atualmente possui dez sócios atuantes. Segundo o líder da associação, ela tem procurado agrupar os moradores e produtores rurais visando melhorar as condições de vida do local, pois a comunidade é desacreditada dos projetos governamentais. A associação oferece apoio na parte administrativa do projeto e assessoria técnica rural com os técnicos da Emater/MG. Para ele, os agricultores que participaram da associação “[...] tiveram nesse período uma visível melhora de suas condições de vida, tipo, acesso a bens e serviços, que antes não tinha condições financeira para ter, melhorias em seu imóvel com mais conforto para si e para a família”.
Em termos sociais foram levantadas informações sobre a faixa etária, escolaridade e número de filhos dependentes dos titulares do projeto PAA no ano de 2010. Em relação ao nível escolar dos agricultores, observou-se, conforme dados apresentados na Tabela 2, que a maioria não ultrapassou o ensino fundamental, sendo que a maior parte estudou no máximo até a 4ª série do Ensino Fundamental. Todos os agricultores entrevistados são associados ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), um dos entrevistados é o presidente do sindicado. Todos são casados e possuem filhos dependentes.
Tabela 2. Características dos agricultores beneficiados pelo PAA no ano de 2010.
	 
	Entrevistado 0
	Entrevistado 1
	Entrevistado 2
	Entrevistado 3
	Entrevistado 4
	Faixa etária
	48
	63
	30
	44
	43
	Escolaridade
	8ª série
	4ª série
	2º ano
	4ª série
	4ª série
	Nº de filhos dependentes
	2
	2
	2
	2
	2
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Buscou-se também verificar a presença de rendas não-agrícolas entre as famílias beneficiadas. Foi constatado que somente um agricultor possuía renda proveniente exclusivamente da exploração agrícola. Dentre os demais, observou-se que três agricultores possuem bolsa família e que um trabalha na cidade. Já a aposentadoria foi citada por um agricultor. Percebeu-se que uma parcela consistente de famílias beneficiárias do PAA (4/5) declarou ser também beneficiária de algum tipo de benefício social dos governos federal, estadual ou municipal, tais como Bolsa Família, Aposentadoria, Família Acolhedora, Mecanização Agrícola e Pronaf. Percebe-se, como resultado, uma tendência à agregação de políticas públicas no município.
A principal fonte de renda de todos os entrevistados é a agricultura, cultivando principalmente hortaliças, leguminosas e frutas. Todos os agricultores informaram que também criam animais, aves e suínos para subsistência e bovinos para atividade leiteira, utilizando-os como uma poupança para uma eventual necessidade, quando precisam de dinheiro para cobrir custos das dívidas.
A integração de atividades agropecuárias na propriedade resulta na produção diversificada no tempo e no espaço, aumentando tanto a eficiência do sistema agrícola do ponto de vista ecológico quanto a flexibilidade econômica da unidade produtiva face às incertezas decorrentes das flutuações dos preços agrícolas e das intempéries.
A diversidade agrícola, que permite o aproveitamento cíclico de subprodutos animais ou vegetais, é praticada por quatro os agricultores, sendo que dois agricultores, dentre os cinco pesquisados, optaram também por terem outra atividade mais segura fora da propriedade, compondo as famílias pluriativas.
A maioria dos agricultores afirma que o forneciam para outros mercados ou para o PNAE também, o que é praticamente unânime na pesquisa. Os agricultores apontam o PAA como complemento de renda. Mas, por outro lado, quando questionados sobre a possibilidade do término do Programa, os entrevistados manifestam a importância do PAA, em relação à manutenção da propriedade e na constituição de novos investimentos. Caso o programa não continue, o Entrevistado 3 afirma que:
Tem que diminuir muita coisa, porque a gente produz, por exemplo, a mandioca. Plantei muita mandioca focada no PAA, e tem muita coisa igual, o pomar é focado no PAA e da um reflexo muito grande porque ai você vai ter que diminuir né? Vai ter que diminuir aquele produto ali, porque eu vou produzir não sabendo onde vou colocar, não tem incentivo. (Entrevistado 3)
As propriedades pesquisadas possuem em média 12 hectares, dois possuem entre 2 e 4 hectares, um possui 8 hectares e dois agricultores apresentam áreas em torno de 22 hectares. A utilização de mão-de-obra é praticamente familiar. A maioria se utiliza de terceiros, geralmente na época de plantio e colheita, apenas um destes não emprega nenhuma mão-de-obra contratada, nos demais casos são contratados diaristas.
A associação dos moradores do Córrego São Francisco não apresenta participação significativa no mercado local de alimentos, pois a maioria dos produtores não comercializa no âmbito local e regional (grandes redes de mercado), levando em consideração entrevistas realizadas com os agricultores. Os entrevistados geralmente fornecem para a Merenda Escolar e eventualmente para algum mercado local.
Entraram no programa porque veem vantagens em comercializar o que produzem de imediato sem intermediários e atravessadores, o mercado e a melhoria da renda os incentivou. Outro elemento apontado como motivador foi a não especificação da produção, segundo o Entrevistado 1:
Não importa se era grande ou pequena, especificação não tinha, ai era um ótimo negócio, porque se você for classificar de mais igual manda pro CEASA, fica cheio de problema, manda mercadoria ruim não tem preço, você manda boa só, você não consegue, e a CONAB não, pegava primeiro, segundo e terceiro com o mesmo valor, o valor mínimo, mas bão. (Entrevistado 1)
Quando perguntados sobre o efeito do Programa sobre o preço dos produtos agrícolas na região, os mesmos relataram que os valores contratados com a Conab não influenciam o mercado local. Inclusive registram que no projeto do ano de 2010 foi fechado contrato em que os preços de alguns produtos eram 50% menores que o preço do mesmo produto comercializado no mercado local. Como o mercado agrícola possui preços muito oscilantes, principalmente em virtude da safra e entressafra, alguns agricultores têm que armazenar o produto ao longo do ano, para não comprometer as entregas, visto que para comprar o produto na entressafra, o preço pago pelo PAA estaria muito abaixo do preço de mercado, ocasionando prejuízos, de acordo com o que afirmaram na entrevista
Quanto ao estímulo na qualidade dos alimentos produzidos, relatam que houve aumento área de produção, diversificação produtiva, aumento da quantidade produzida e também melhora na qualidade dos produtos. Os agricultores também afirmam que através da assistência técnica da Emater/MG, passaram a utilizar novas técnicas no sistema produtivo, como por exemplo, deixaram de usar agrotóxico e passaram a usar adubação química e orgânica. Alguns afirmaram que através da melhora na renda, puderam adquirir equipamentos, como roçadeira e trator, investindo na propriedade.
A seguir, na Tabela 3, podemos observar os produtos entregues ao PAA em Viçosa-MG, em 2010 e de acordo com as informações prestadas pelos entrevistados.
Tabela 3. Alimentos do PAA em Viçosa.
	Projeto CPR – Doação Simultânea PAA – 2010
	Produto
	Kg/ano
	R$/Kg
	Valor total (R$)
	Banana
	5.198
	0,97
	5.042,06
	Laranja
	2.149
	0,82
	1.782,18
	Limão
	500
	0,83
	415
	Cenoura
	2.283
	0,89
	2.031,87
	Raiz de mandioca
	3.700
	0,58
	2.146,00
	Chuchu
	1.399
	0,63
	881,37
	Repolho
	1.000
	0,4
	400
	Couve
	954 (molho)
	0,36
	1.144,80
	Beterraba
	1.050
	0,93
	976,5
	Abobrinha
	60
	0,69
	41,40
	Alho
	30
	3,55
	106,5
	Canjica de milho
	1.159
	1,4
	1.622,60
	Cheiro verde
	767 (molho)
	0,27
	207,09
	Feijão
	300
	2,24
	672,00
	Couve chinesa
	1.230 (unidade)
	0,36
442,8
	Abóbora
	30
	0,69
	20,70
	Manga
	410
	1,84
	754,4
	Inhame
	2.100
	0,96
	2.016
	Jiló
	100
	0,76
	76
	Quiabo
	50
	1,45
	72,5
	Acerola
	449
	3,5
	1.571,50
	Milho verde
	2.066
	2
	4.132,00
	Ovos de galinha
	230 (dúzia)
	2,7
	621
	Fubá de milho
	2.324
	1,07
	2.486,68
	Almeirão
	671 (molho)
	0,56
	375,76
	TOTAL
	
	
	30,018,71
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Destacamos que estes dados são referentes ao projeto executado no ano de 2010. Observando os produtos, podemos considerar que o PAA influenciou a diversificação produtiva, devido ao rol de produtos fornecidos, além de levar ao processamento de produtos nas propriedades, tais como o fubá de milho e a canjica de milho.
Nota-se que majoritariamente são produtos possíveis de serem cultivados com menor utilização de insumos modernos e outras tecnologias sofisticadas, que demandam investimentos específicos para implantação. Esta relativa facilidade em produzir tais produtos, para propiciar uma abundância na quantidade ofertada, possivelmente implicaria dificuldades para comercializá-los junto aos mercados convencionais, em virtude da concorrência entre produtores. Tais fatos elevam a importância do Programa de Aquisição de Alimentos para estas famílias. As principais culturas exploradas pelos agricultores pesquisados são a mandioca, frutas e as olerícolas, estas representadas, sobretudo, pela couve, alface, cebolinha e cheiro verde, as quais estão presentes em quatro propriedades.
Em relação à diversificação produtiva, financeiramente, em um primeiro momento, talvez não pareça a opção mais lucrativa (em relação à monocultura), num espaço de tempo maior ela é mais segura. Entretanto a diversificação não deve incluir muitas atividades diferentes, que individualmente teriam pouca renda e exigiriam muitos cuidados específicos, ocupando tempo e mão de obra.
A aquisição de alimentos diretamente dos agricultores tem favorecido o aumento da produção de alimentos, não necessariamente em diversidade, mas preponderantemente em quantidade, o que permite ao agricultor vender o excedente.
Umas dessas características é apontada pelo Entrevistado 3, que relata em sua fala que: “Sim, comecei a plantar mais, também diversifiquei, anteriormente eu mexia só com milho, feijão e arroz, hoje eu passei para uns 10 produtos, eu melhorei bastante a produtos”. Corroborando, o Entrevistado 1 afirma que: “Compensou, bobo, eu colhia lá umas duas toneladas de inhame e vendia aquilo tudo, banana, você sabe que é toda semana né, se tivesse funcionando ainda tava bom demais, a renda era mais, eu não ganhava no preço mais na quantidade.”
Com relação à produção para subsistência, todos os agricultores afirmaram que tudo o que fornecem para o PAA também é consumido pela família. Ter parte do alimento consumido pela família produzido na propriedade é uma forma de se ter independência numa eventual crise financeira. Uma análise de um entrevistado mensurou a produção dos principais itens produzidos na propriedade; e os mais importantes foram: verduras e legumes, arroz e/ou feijão, pomar de frutas, animais de abate, ovos e leite.
Em determinadas propriedades rurais a produção ocorre de forma regular, por exemplo, quando fornecem também para a feira, outras apenas quando se tem um mercado “em vista”, ou seja, produz-se quando há a garantia de compra. Porém, todos os agricultores afirmam que os alimentos entregues, via PAA, constituem a base alimentar de sua família, ou seja, fazem parte também da produção de autoconsumo.
No que tange à comercialização, especificamente, observou-se que dentre os cinco agricultores pesquisados, todos destinavam o excedente da sua produção exclusivamente ao PAA. Dentre os cinco agricultores, três participaram do Programa no ano de 2008 e 2010 e dois participaram apenas em 2010. Os principais produtos comercializados junto à Conab correspondem às culturas exploradas. Isto indica que praticamente tudo o que é cultivado nas propriedades é aproveitado no processo de comercialização, sendo raros os casos em que os produtos se restringem ao autoconsumo. Isto pode ser comprovado pela afirmação do Entrevistado 0, quando afirma que: “Tudo aquilo que a gente produz a gente come, geralmente alimenta do mesmo produto que gente entrega pros programa”.
Os agricultores acessaram o último contrato em 2010. Eles elaboraram um projeto em 2011, que foi aprovado, mas que até a data da entrevista não havia sido liberado o recurso para o começo da entrega. Diante da demora na liberação de recursos para os projetos aprovados, o presidente da associação acredita que o interesse dos agricultores tende a diminuir. Segundo o Entrevistado 2, “[...] com essa demora de aprovação do projeto, cada vez mais tá piorando, porque ae já passam a não acreditar mais, é incerto”. A fala dos entrevistados demonstra a grande importância do Programa, pois os agricultores produziram e aumentaram sua produção acreditando na continuidade do Programa.
Para os agricultores é necessário reavaliar periodicamente os valores dos alimentos fornecidos ao programa, ou seja, apenas um entrevistado não chegou a enfatizar que o preço pago pelos alimentos do PAA é baixo. Os agricultores apontam o preço e demora no pagamento, decorrido da burocracia no processo de prestação de contas, como fatores negativos, ou que, de certa forma, desestimulam, mas não impedem de produzir alimentos para o programa, pois mesmo sem receber, continuaram entregando os produtos.
Quando perguntados sobre os aspectos limitantes do programa foram apontados, além da questão preço, o valor repassado por agricultor familiar (R$ 4.500,00 por pessoa física) e oficializado através da Declaração de Aptidão do Pronaf (DAP), considerado muito baixo pelos agricultores participantes. Um dos agricultores afirmou que com esse valor “Só que a gente entregava com 4 meses, 5 meses, por que a gente entregava bastante produto, com 3,4,5 meses no máximo a gente já entregou, e o resto do ano você fica sem entregar e as entidades que recebem ficam sem o produto”, o que demonstra que o valor que eles podem fornecer é muito baixo, aquém da quantidade que eles podem entregar.
Buscou-se averiguar, junto aos cinco agricultores pesquisados, as vantagens ou pontos fortes do PAA. Conforme Tabela 4, o fato de fornecer maiores garantia de venda foi o mais mencionado pelos agricultores. A fala do Entrevistado 3 exemplifica bem este resultado: “Eu vou produzir uma mandioca ali e vou saber que não vou perder ela, qualquer coisa que eu vou produzir no meu dia a dia eu sei que tenho um mercado garantido pra ela”. Foram registrados como pontos fortes a garantia do preço, mesmo que seja mínimo; melhora na qualidade dos produtos através da assistência da Emater/MG; fixação do produtor no campo e mercado garantido, pois podem vender praticamente todos os produtos agrícolas produzidos.
Tabela 4. Vantagens presentes na comercialização realizada por meio do PAA, segundos os agricultores pesquisados.
	Vantagens mencionadas
	Nº de Agricultores
	Garantia de venda
	4
	Fixação do agricultor no campo
	1
	Melhoria na qualidade do produto
	1
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Como aspectos negativos foram apontados a demora no pagamento, que segundo os agricultores, no contrato de 2010, demorou quase um ano para receberem o valor dos produtos entregues, a incerteza quanto à continuidade do programa, visto que a interrupção do programa trazia prejuízos, o preço muito menor que o preço de mercado local, o excesso de burocracia, tanto na prestação de contas como na aprovação e liberação dos recursos, falta de comunicação e de um órgão responsável pelo programa no município e também a falta de transparência.
No PAA, comumente chamado pelos agricultores de “projeto Conab” (sendo correta essa denominação, pois o convênio é firmado juntamente pela Conab/Associação), identificou-se algumas dificuldades relacionadas ao atraso e descontinuidade na liberação dos recursos,
diferenças dos preços de referência estabelecidos pela Conab e pelo Estado/Município e preço abaixo de mercado para alguns produtos agropecuários.
Por meio do levantamento das dificuldades junto aos agricultores, verificou-se que, embora muitos agricultores tenham demonstrado satisfação com relação à garantia de venda a um mercado a um preço mínimo, alguns declararam que possivelmente não mais participarão do Programa, caso continue a demora para a provação e liberação de recurso para o projeto aprovado em 2011. Dentre os entrevistados, o atraso do pagamento por parte do Programa, decorrente da burocracia para a prestação de contas, e da falta de organização, tanto dos agricultores quanto da Conab, foram citados como principais desvantagens presente na comercialização através do PAA.
Tabela 5. Dificuldades presentes na comercialização realizada por meio do PAA, segundo os agricultores pesquisados.
	Dificuldades
	Nº de Agricultores
	Burocracia
	3
	Atraso no pagamento
	3
	Organização
	3
	Transporte e entrega
	2
	Dificuldades relacionadas à produção
	2
	Falta de continuidade do programa
	2
	Preço baixo
	1
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Em relação às limitações do programa, os agricultores afirmaram que tiveram dificuldades na entrega dos produtos, pois quando chovia era muito complicado transportar a mercadoria para a cidade. A organização dos agricultores para formar a associação e a sazonalidade da produção impendia a entrega de produto em determinadas épocas do ano.
Impacto do Programa de Aquisição de Alimentos na qualidade de vida dos agricultores familiares beneficiados
A qualidade de vida dos agricultores beneficiados pelo PAA na comunidade de São Francisco foi avaliada tomando como base uma amostra de cinco produtores rurais. Foram levantadas as informações previstas no Roteiro de Qualidade de Vida (Apêndice B). Também foram realizadas entrevistas com representantes dos órgãos beneficiados e gestores locais: técnica da Emater/MG local, representante da Prefeitura Municipal de Viçosa, Presidente do COMSEA e representantes das entidades beneficiadas.
Na aplicação dos questionários, após as perguntas de identificação, buscou-se direcionar o assunto para o objetivo da pesquisa, que era averiguar a qualidade de vida dos agricultores familiares, e saber como eles a definem, por meio da pergunta: O senhor já ouviu falar de “qualidade de vida”? Três quintos deles responderam mais ou menos, um quinto respondeu que sim e um agricultor disse ser aquela a primeira vez que ouvia a expressão. Em seguida eram incentivados a explicar o que entendiam por qualidade de vida. O agrupamento das respostas em indicadores resultou na Tabela 5.
Tabela 6. Indicadores mais citados pelos agricultores beneficiados pelo PAA, considerando as respostas espontâneas relativas à compreensão de QV.
	Indicador
	Nº de citações
	Alimentação saudável
	4
	Bens Materiais
	3
	Saúde
	3
	Transporte
	2
	Moradia
	1
Fonte: Pesquisa de campo.
Três indicadores destacaram-se por receberem mais citações que as demais. Os indicadores que mais agregaram citações foram: alimentação saudável, bens materiais e saúde.
Quando perguntados quais os três principais determinantes da qualidade de vida para o agricultor familiar, todos afirmaram que em primeiro lugar têm que ter saúde, até mesmo o agricultor que afirmou nunca tinha ouvido falar de “qualidade de vida”, afirmou que para ter uma boa qualidade de vida, o agricultor deve possuir saúde. Em segundo lugar foi citado duas vezes a alimentação, uma vez o transporte e conforto, o terceiro lugar ficou dividido entre conforto, tranquilidade, transporte e agua de qualidade, todos citados uma única vez.
Em relação à alimentação saudável, o Entrevistado 3 afirmou que: “Qualidade de vida pra mim é eu viver assim igual eu vivo na roça. Qualidade de vida você têm que ter alimentação de qualidade, boa saúde e agua de qualidade”. A noção de alimentação de qualidade para o agricultor implica alimentação de produtos sem agrotóxicos, produzidos na própria propriedade, o que demonstra a grande preocupação dos agricultores participantes do PAA em fornecer produtos de qualidade e sem o uso de defensivos químicos nocivos à saúde.
As respostas espontâneas refletem os valores dos respondentes. Cada item citado, e agregado a seu indicador correspondente, faz parte do ideário de qualidade de vida construído pelo agricultor.
Para verificar se o Programa de Aquisição de Alimentos impactou na qualidade de vida dos agricultores beneficiados foram analisadas as circunstâncias que envolveram suas vidas, mensurando as dimensões que poderiam projetar seu bem-estar no contexto cultural brasileiro, tomando por base os itens estabelecidos pelos órgãos que avaliam as condições de vida das populações: IBGE, IPEA, Fundação João Pinheiro (FJP), Banco Mundial/PNUD, entre outros. A qualidade de vida foi avaliada pelos itens previstos no Roteiro para a Qualidade de Vida e por respostas extraídas do questionário.
Em relação à dimensão saúde, objetivou-se analisar a qualidade de vida por meio de um indicador que avaliasse o acesso aos serviços de saúde disponíveis para atender aos beneficiários do PAA e suas famílias. A mensuração foi feita a partir da variável “disponibilidade de serviços médicos” e também da alimentação com produtos de subsistência próprios.
Em relação à classificação do estado de saúde dos agricultores atualmente, todos avaliaram que seu estado de saúde é bom. A saúde também foi avaliada por todos como muito importante para o agricultor, sendo que o Entrevistado 1 afirma que: “Primeiro lugar tem que ter saúde né, se não tiver saúde não tem nada bom. Viver tranquilo aqui trabalhando você tem que ter saúde, se tiver doente cabo”. O depoimento demonstra o elevado grau de importância que a saúde representa para eles. Sem boas condições de saúde eles não poderão trabalhar, visto que eles vivem do campo. Sem trabalhar eles não terão como sustentar suas famílias, principalmente por a grande maioria não possuir nenhum contrato trabalhista ou paga o INSS, o que inviabiliza o recebimento de benefícios, tornando-os vulneráveis a perda da fonte de renda se ficar doentes.
O acesso ao atendimento médico na comunidade pode ser analisado através da Tabela 5. Todos os agricultores afirmaram que acessam o atendimento médico em um posto de saúde localizado no Bairro de Nova Viçosa, a aproximadamente 12 km da comunidade. Três famílias têm acesso ao atendimento por agente de saúde, mas segundo o Entrevistado 3: “O agente de saúde dá uma assistência, não como deveria, mais dá”. O acesso ao atendimento médico é precário, pois os membros da comunidade têm que percorrer grandes distâncias para serem atendidos, quando há casos graves, eles tem que recorrer ao hospital na cidade de Viçosa, sendo que o serviço público de saúde não envia nenhuma ambulância para transporte do paciente.
Tabela 7. Disponibilidade de serviços médicos para as famílias beneficiadas pelo PAA.
	Indicador
	Nº de Agricultores que acessam
	Posto de saúde com serviços
	5
	Atendimento por agente de saúde
	3
	Hospital da rede pública
	1
	Atendimento particular
	1
	Plano de saúde
	0
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Dentro da dimensão saúde também foi analisada a produção de autoconsumo dos agricultores. Todos os produtores produzem parte dos alimentos que consumem no dia-a-dia, tais com verdura e legumes, frutas, arroz e/ou feijão, mandioca, ovos e leite. Quando perguntados se houve melhora na satisfação com a saúde a partir da participação no PAA, três responderam que não houve nenhuma melhora. Já dois agricultores afirmaram que houve melhora, principalmente por causa da melhoria na alimentação e do aumento na renda. Tal resposta está possivelmente relacionada à diversificação produtiva e a consequente qualificação da dieta, uma vez que parte da produção é destinada ao autoconsumo, como já destacamos anteriormente.
Em relação à dimensão Educação,
objetivou-se analisar a qualidade de vida por meio de um indicador que avaliasse o “acesso à educação aos diversos níveis escolares” disponíveis para atender aos beneficiários do PAA e suas famílias.
Em relação ao acesso à Educação, observa-se na Tabela 8 que a todas as famílias têm acesso ao ensino fundamental, através de um ônibus que busca os estudantes e os leva para as escolas na cidade. Quanto à estrutura de ensino, na comunidade outrora existiu uma escola pública, mas segundo o Entrevistado 1: “[...] passou tudo para [o Bairro] Nova Viçosa, faz uns 10 anos que parou, por conta de eles têm aluno e arruma professor, mas tudo que você punha eles rebentavam e roubavam tudo”, dessa forma o município optou por fechar a escola e transferir os alunos para a escola mais próxima.
Tabela 8. Acesso à educação aos diversos níveis escolares pelos beneficiários do PAA.
	Indicador
	Nº de Famílias que acessam
	Acesso ao ensino fundamental
	5
	Acesso ao ensino médio
	4
	Sem
	0
	Acesso ao ensino médio profissionalizante
	0
	Acesso ao ensino superior
	0
Fonte: Pesquisa de campo.
Quando perguntados se houve melhora na satisfação com a educação a partir da participação no PAA, quatro responderam que não houve nenhuma melhora, que “continuou a mesma coisa”. Um dos agricultores afirmou que houve melhora, pois com o aumento na renda, os seus filhos passam a ter maior oportunidade de estudar, passando a trabalhar menos na roça para ajudar no sustento da família.
Em relação a condições de moradia e posse de bens materiais dos agricultores, avaliaram-se objetivamente seis itens ou variáveis: propriedade da terra, tipo de construção do domicílio, quantidade de cômodos existentes na moradia, quantidades de cômodos utilizados como dormitório, tipos de energia elétrica usada nas residências, condições sanitárias e acesso a bens duráveis.
O bem material mais importante para o produtor rural é a terra. Quatro entrevistados são proprietários de terra. Um deles mora na propriedade e produz através de um contrato de parceria com outro agricultor. A área média de cada produtor é de 12 hectares, variando de 2 a 22 hectares. Quatro dos agricultores entrevistados disse já ter recebido a propriedade parcelada por herança e dois afirmaram que aumentaram a área inicial através da compra. Apenas um dos agricultores não possui casa própria. É fato comum os filhos construírem casa própria na propriedade dos pais ou em propriedade próxima, comprada ou adquirida por herança.
Com relação às condições de moradia, a pesquisa mostrou que três agricultores possuem a moradia constituída de tijolo com reboco (alvenaria), piso e forro; dois agricultores possuem a moradia apenas com tijolo com reboco e piso. A presença de energia elétrica na moradia foi outra variável considerada dentro da dimensão de condições de moradia. Todos os entrevistados têm acesso a esse bem, sendo que eles tiveram que pagar os materiais usados para instalar a energia nas suas propriedades.
O acesso à agua no campo é um bem particular e caro, pois as municipalidades não distribuem nem canalizam a água na área rural. Em relação ao abastecimento de água, todos os agricultores afirmaram que a água para abastecimento domiciliar é proveniente de mina. Quatro afirmaram que não tratam a água consumida, pois vem da mina e mostram muito orgulho nisso, apenas um afirmou que usa filtro dentro de casa para tratamento da água. Na comunidade não há nenhuma infraestrutura no que se refere a encanamento para abastecimento d’água aos produtores por parte do Serviço Autônomo de Agua e Esgoto-SAAE.
A instalação sanitária com descarga dentro de casa é um bem material. Todas as residências contêm sanitário com descarga. Quando perguntados sobre o destino dos dejetos humanos, quatro dos agricultores afirmaram que possuem fossa (poço negro), enquanto que para um, o destino dos dejetos é a céu aberto. No que se refere ao destino dado ao lixo domiciliar, para três agricultores, o mesmo é queimado; um agricultor entrevistado joga o material a céu aberto e um agricultor junta o lixo e o leva para recolhimento por carros da prefeitura na cidade. 
A falta de informação e conhecimento sobre o assunto, aliados à ausência de locais apropriados para coleta, leva os produtores à escolha da prática mais simples, de depositar a céu aberto ou queimar, com consequências danosas, as quais eles demonstram ter pouco ou nenhuma consciência em relação a essa prática, principalmente no que se refere às questões de saúde e de preservação ambiental.
A posse de bens duráveis foi considerada para analisar o nível de renda dos produtores, sendo estes distribuídos em três grupos de acordo com o valor econômico de cada bem. Todos os agricultores beneficiados pelo PAA possuem pelo menos um dos bens do grupo I (bicicleta, rádio, ferro de passar, fogão a gás e máquina de costura), II (televisão, som, geladeira, liquidificador e moto) e III (carro de passeio, caminhão, vídeo cassete, DVD e máquina de lavar roupa).
Quando perguntados se houve melhora com sua satisfação em relação às condições de moradia após passarem a fornecer ao PAA, quatro afirmaram que melhorou, segundo o Entrevistado 3: “Algumas coisas que a gente conseguiu fazer na casa é, por exemplo, fazer um acimentado no chão, o forro da minha casa foi colocado com o dinheiro do PAA, nisso a gente teve uma melhora. Teve uma renda a mais”. O aumento da renda contribuiu para a melhoria nas condições de moradia dos agricultores, apenas um afirmou que não houve melhora, sendo que a propriedade em que mora foi cedida em contrato de parceria, o que não o motivou a fazer nenhuma melhoria no domicilio.
Em relação à posse de bens duráveis, quatro afirmaram que através da renda obtida com o PAA conseguiram compra novos bens e/ou trocar por mais novos, melhorando sua satisfação. Apenas um agricultor afirmou que não houve melhora nesse quesito, pois “Não adquiri novos produtos, foi mais terminar a casa só, o dinheiro [do PAA] deu foi pra isso”.
A principal fonte de renda dos agricultores beneficiados pelo PAA provém, em todos os casos, da agricultura. Somente um agricultor recebe aposentadoria, sendo que está não é sua fonte de renda principal, é concomitante à agricultura.
A atividade produtiva dos agricultores pode não ser restrita à propriedade e tampouco à agricultura. Muitos agricultores e/ou seus familiares são pluriativos, ou seja, têm atividades não agrícolas que lhes proporciona renda. Entre os agricultores que participam do PAA, dois são pluriativos. Os casos em questão são: contratado de uma firma terceirizada; e outro agricultor que também é caseiro, duas vezes na semana.
O transporte coletivo comercial é realizado por uma empresa de ônibus particular, que faz o trajeto Centro/Juquinha de Paula/Centro duas vezes na semana. Os ônibus respeitam os horários e estão em bom estado de conservação. Já o transporte público, não é seguro. O transporte dos alunos para escolas próximas é feito por ônibus da prefeitura, antigo e sem manutenção adequada. Este atende a dois períodos: manhã e tarde. Quando chove é fato comum não haver transporte coletivo para os moradores da comunidade e nem para os alunos, em virtude das estradas muito ruins. 
Todos os entrevistados consideram o seu acesso ao transporte bom, pois possuem moto para se locomoverem. Em relação ao transporte público, eles o consideram ruim, pois o ônibus só atende a comunidade duas vezes na semana e quando chove não há transporte público.
Para os agricultores entrevistados o transporte é muito importante, pois segundo o entrevistado 4 “É muito importante, porque sem o transporte não dá pra entregar as mercadorias. Precisa do transporte para os filhos irem à escola”.
Quando perguntados se houve melhoria em relação a sua satisfação com os meios de transporte quando começaram a participar no PAA, apenas um agricultor afirmou que sim, pois ele pode trocar uma Kombi velha por uma mais nova. Em relação ao transporte público, o Entrevistado 3 afirma

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