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Tratamento Térmico Profa. Dra. Daniela Becker Diagrama de equilíbrio Fe-C Fe3C, Fe e grafita (carbono na forma lamelar) Ligas de aços – 0 a 2,11 % de C Ligas de Ferros Fundidos – acima de 2,11% a 6,7% de C Ferro alfa – dissolve até 0,02% C Ferro gama – dissolve ate 2,11 % C Diagrama de equilíbrio Fe-C Ponto S : eutetóide - Aço Ponto C: eutético – ferro fundido Aço hipoeutetóide 0,008 - 0,77 C Aço hipereutetóide 0,77 - 2,11 Fe Fundido hipoeutético 2,11-4,3 Fe Fundido hipereutético > 4,3 Ferrita: ferro comercialmente puro (C < 0,008%), pouco resistente, mole e dúctil – ferro alfa Fe3C carboneto de ferro - 6,7% C (cementita) S C Diagrama de equilíbrio Fe-C Fe3C, Fe e grafita (carbono na forma lamelar) Austenita: solução sólida de C no F gama . Boa resistência e apreciável tenacidade, não magnético Cementita: Carbono na forma Fe3C (carboneto de ferro, 6,7% de C). Muito duro, porém frágil. Finas laminas. Ferrita: Ferro praticamente puro. Baixa dureza e resistência a tração, elevada dutilidade e resistente ao impacto (Ferro alfa). Diagrama de equilíbrio Fe-C Perlita: 88% ferrita (ferro alfa) + 12% cementita (Fe3C). Forma lamelar. Propriedades intermediárias Depende da liga e do tempo de resfriamento Exemplo de resfriamento lento de um aço a 0,35%(hipoeutetoide) e 1,4% de C (hipereutetóde). Exemplo de um ferro fundido a 2,7% de C (hipoeutetoide) Diagrama de equilíbrio Fe-C Em resumo, a austenita (Ferro gama) pode se transformar em: ferrita + perlita (ferrita +cementita) somente perlita perlita + cementita Ledeburita (glóbulos de perlita c/ fundo de cementita) Isto ocorre se houver tempo suficiente para permitir o equilíbrio Devido a isto os metais tem suas propriedades modificadas Resfriamento fora do equilíbrio Ocorrências de fases ou transformações em temperaturas diferentes daquela prevista no diagrama Existência a temperatura ambiente de fases que não aparecem no diagrama Transformações de fase COM DIFUSÃO Sem variação no número e composição de fases Ex: solidificação metal puro e transformação alotrópica Com variação no número e composição de fases Ex: Transformação eutética, eutetóide... SEM DIFUSÃO Ocorre com formação de fase metaestável Ex: transformação martensítica A maioria das transformações de fase no estado sólido não ocorre instantaneamente, ou seja, são dependentes do tempo Tratamentos Térmicos Velocidades de aquecimento e principalmente resfriamento provoca alterações nas transformações alotrópicas (ferro gama –ferro alfa) Altera propriedades mecânicas dos metais. Tratamentos térmicos é o processo que eleva-se a temperatura até a sua transformação e controla-se a velocidade de seu resfriamento para obter características desejadas. O diagrama chamada Curva TTT (tempo – temperatura – transformação) possibilita o controle das transformações. Diagramas TTT início final Curvas TTT Utilizados para o estudo dos tratamento térmicos Ex 1: Curva TTT para aço eutetóide Temperatura de austenitização γ α+Fe3C↓ Perlita -Como a martensita não envolve difusão, a sua formação ocorre instantaneamente (independente do tempo, por isso na curva TTT a mesma corresponde a uma reta). Martensita Microestrutura Perlita grossa Perlita fina Bainita Martensita Ex 2: curvas TTT para aço eutetóide com as durezas especificadas das microestruturas •Perlita grossa ~86-97HRB •Perlita fina ~20-30HRC •Bainita superior ~40-45 HRC •Bainita inferior~50-60 HRC •Martensita 63-67 HRC Ex 3: Curvas de resfriamento a temperatura constante Ex 4: Algumas curvas de resfriamento contínuo A (FORNO)= Perlita grossa B (AR)= Perlita + fina (+ dura que a anterior) C(AR SOPRADO)= Perlita + fina que a anterior D (ÓLEO)= Perlita + martensita E (ÁGUA)= Martensita No resfriamento contínuo, as curvas TTT deslocam-se um pouco para a direita e para baixo Microestruturas resultantes do resfriamento rápido MARTENSITA A martensita se forma quando o resfriamento for rápido o suficiente de forma a evitar a difusão do carbono, ficando o mesmo retido em solução. Como a martensita não envolve difusão, a sua formação ocorre instantaneamente (independente do tempo). AUSTENITA MARTENSITA TRANSFORMAÇÃO ALOTRÓPICA COM AUMENTO DE VOLUME, que leva à concentração de tensões Conseqüências: Geração de tensões residuais. Risco de empenamentos. Risco de trincas de têmpera (sempre intergranulares). Microestruturas resultantes do resfriamento rápido MARTENSITA É uma solução sólida supersaturada de carbono (não se forma por difusão) Microestrutura em forma de agulhas É dura e frágil (dureza: 63-67 Rc) Tem estrutura tetragonal cúbica (é uma fase metaestável, por isso não aparece no diagrama) REVENIDO Reaquecimento por tempos maiores MARTENSITA REVENIDA É obtida pelo reaquecimento da martensita (fase alfa + cementita) Os carbonetos precipitam Forma de agulhas escuras A dureza cai Maior ductibilidade Transformações AUSTENITA Perlita (∝ + Fe3C) + a fase próeutetóide Bainita (∝ + Fe3C) Martensita (fase tetragonal) Martensita Revenida (∝ + Fe3C) Ferrita ou cementita Resf. lento Resf. moderado Resf. Rápido (Têmpera) reaquecimento Tratamentos Térmicos Tratamento Térmico é um ciclo de aquecimento e resfriamento realizado nos metais com o objetivo de alterar as suas propriedades físicas e mecânicas, sem mudar a forma do produto. O tratamento térmico é normalmente associado com o aumento da resistência do material , mas também pode ser usado para melhorar a usinabilidade, a conformabilidade e restaurar a ductilidade depois de uma operação a frio. Logo, o tratamento térmico é uma operação que pode auxiliar outros processos de manufatura e/ou melhorar o desempenho de produtos, aumentando sua resistência ou alterando outras características desejáveis. Tratamentos Térmicos Os aços são tratados para uma das finalidades abaixo: Amolecimento - (softening) O amolecimento é feito para redução da dureza, remoção de tensões residuais , melhoria da tenacidade, restauração da ductilidade, redução do tamanho do grão ou alteração das propriedades eletromagnéticas do aço. As principais formas de amolecimento do aço são: recozimento de recristalização, recozimento pleno, recozimento de esferoidização e normalização. Endurecimento – (hardening) O endurecimento dos aços é feito para aumentar a resistência mecânica, a resistência ao desgaste e a resistência à fadiga. O endurecimento é fortemente dependente do teor de carbono do aço. A presença de elementos de liga possibilita o endurecimento de peças de grandes dimensões, o que não seria possível quando do uso de aços comuns ao carbono. Os tratamentos de endurecimento são: têmpera, austêmpera, e martêmpera. Para aumentar a resistência ao desgaste é suficiente a realização de um endurecimento superficial (que também leva ao aumento da resistência a fadiga). Pode-se assim proceder a uma têmpera superficial ou a um tratamento termo- químico, que consiste na alteração da composição química da superfície pela difusão de elementos como carbono, nitrogênio e boro. Têmpera Resfriamento rápido objetivando o aumento da dureza (martensita), da resistência ao desgaste, da resistência a tração e diminuição da ductilidade Têmpera Como mencionado antes, a martensita é muito frágil. Se um material tivesse estrutura 100% martensítica, seria frágil como o vidro. Então ospassos a serem seguidos no tratamento térmico, para obtenção de propriedades mecânicas adequadas num aço são: obter um material inteiramente martensítico por resfriamento rápido reduzir a fragilidade por aquecimento até uma temperatura onde a transformação de equilíbrio para as fases a e Fe3C seja possível reaquecer por um curto espaço de tempo a temperatura moderada, para obtenção de um produto de alta resistência e baixa ductilidade ou reaquecer por um longo espaço de tempo a temperatura moderada para obtenção de um produto de maior ductilidade Revenimento Revenimento é um processo feito após o endurecimento por têmpera. Peças que sofreram têmpera tendem a ser muito quebradiças. A fragilidade é causada pela presença da martensita. A fragilidade pode ser removida pelo revenimento. Revenimento O resultado do revenimento é uma combinação desejável de dureza, ductilidade, tenacidade, resistência e estabilidade estrutural. As propriedades resultantes do revenimento dependem do aço e da temperatura do revenimento. A martensita é uma estrutura metaestável. Quando aquecida, tende a estabilidade, ou seja, a transformar-se nas fases ferrita e cementita. A martensita é uma estrutura tetragonal de corpo centrado (a ferrita é cúbica de corpo centrado) supersaturada de carbono (a ferrita contém carbono em até seu limite de solubilidade no ferro). Apresenta a morfologia de finas agulhas. O aquecimento leva a difusão do carbono (em excesso na estrutura) e sua conseqüente precipitação em forma de carboneto de ferro. A saída do excesso de carbono possibilita que a estrutura tetragonal torne-se cúbica, ou seja, torne-se ferrítica. Revenimento O aumento da temperatura leva assim ao crescimento das agulhas de ferrita e a coalescência dos precipitados. Logo tem-se que o aumento da temperatura de revenimento leva à redução da dureza e ao aumento da ductilidade. A temperatura de revenimento deve ser aquela na qual são obtidas as propriedades desejadas. O aquecimento para revenimento é mais eficiente quando as partes são imersas em óleo, para revenimentos até 3500 C. A partir desta temperatura o óleo contendo as partes é aquecido até a temperatura apropriada. O aquecimento em banho permite que a temperatura seja constante em toda a peça, proporcinando um revenimento uniforme. Para temperaturas acima de 3500 C é mais indicado usar um banho de sais de nitratos. Os banhos salinos podem ser aquecidos até 6250 C. Independentemente do tipo de banho, o aquecimento gradual é fundamental para evitar fissuras no aço. Depois de alcançada a temperatura desejada, as partes são mantidas nesta temperatura por aproximadamente duas horas. São então removidas do banho e resfriadas em ar sem convecção. Recozimento Objetiva remover tensões (devidas aos processos de fundição e conformação mecânica a quente ou a frio), diminuir a dureza, melhorar a ductilidade e ajustar o tamanho de grãos. As peças são aquecidas, e mantidas nesta temperatura por uma hora ou mais. A seguir são resfriadas por ar. Recozimento Para entender os passos do processo quatro conceitos devem ser conhecidos : trabalho a frio, recuperação, recristalização e crescimento de grão Recozimento Trabalho a frio Significa deformar um metal a temperaturas relativamente baixas. Exemplos são a laminação a frio de barras e chapas e a trefilação. A microestrutura trabalhada a frio mostra grãos altamente distorcidos, que são instáveis. Através do aquecimento pode-se promover a mobilidade dos átomos e tornar o material mais 'mole' com a formação da nova microestrutura. Recuperação É o estágio mais sutil do recozimento. Não ocorre alteração significativa da microestrutura. Entretanto a mobilidade atômica permite a redução de defeitos pontuais e a movimentação das discordâncias para posições de menor energia. O resultado é uma discreta redução da dureza e um aumento considerável da condutividade elétrica. Recozimento Recozimento Recristalização A temperatura onde a mobilidade permite alteração significativa das propriedades mecânicas situa-se entre 1/3 e ½ da temperatura de fusão Tf. O metal exposto a estas temperaturas sofre uma transformação microestrutural denominada recristalização. A redução de dureza no processo de recristalização é substancial. Recozimento Crescimento de Grão A microestrutura desenvolvida na recristalização forma-se espontaneamente. Ela é estável, se comparada com a estrutura original trabalhada a frio. Entretanto a microestrutura recristalizada contém uma grande quantidade de contornos de grão. A redução destas interfaces de alta energia pode ampliar ainda mais a estabilidade. Recozimento Etapas: Recuperação Recristalização (alívio de tensões) Aumento do tamanho do grão Normalização é o processo de elevação de temperatura dentro do campo austenítico, O material é deixado nesta temperatura até que toda a microestrutura esteja homogeneizada. Após é removido do forno e resfriado em temperatura ambiente sob convecção natural. Normalização A microestrutura resultante é formada por finos grãos de perlita com ferrita e cementita dispostas em finas lamelas. Esta microestrutura é de baixa dureza. O grau de ductilidade depende das condições do ambiente de resfriamento. Este processo é substancialmente mais barato do que o recozimento pleno, pois não existe o custo adicional de resfriamento no forno. A diferença principal entre peças recozidas e normalizadas é que as peças recozidas tem propriedades (ductilidade e usinabilidade) uniformes através de todo o seu volume enquanto que as peças normalizadas poderão ter propriedades não uniformes. Isto se dá porque no recozimento pleno, toda a peça fica exposta ao ambiente controlado do forno durante o resfriamento. No caso de peças normalizadas, dependendo da geometria da peça, o resfriamento não será uniforme, resultando em propriedades não uniformes do material.
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