Buscar

TRABALHO DE PENAL terrorismo

Prévia do material em texto

UNIRADIAL ESTACIO DE SÁ
DIREITO
TERRORISMO
Lei 13.260/16
SÃO PAULO
2018
BRUNO ALVEZ DE OLIVEIRA - 201602641781
GUSTAVO MESQUITA DA SILVA - 201601508001
KLEBER CADETE DOS SANTOS - 201602262624
MARCELO HENRIQUE -201601283831
STHEPHANY COSTA DA CRUZ - 201603123271
TERRORISMO
Lei 13.260/16
Falta escrever algo aqui
SÃO PAULO
2018
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CONSTITUIÇÃO DE 88, ART. 5º, XLIII 
	Comentários a constituição Brasileira
TERRORISMO- LEI Nº 13.260, DE 16 DE MARÇO DE 2016.
	Capitulo II A evolução Jurídica do tratamento do terrorismo no Brasil a partir de 1988
	Capitulo IV – Conceito de terrorismo e terrorismo internacional)
OS 10 MAIORES ATENTADOS TERRORISTAS DA HISTÓRIA
	Maratona de Boston 
	Atentados ao metrô de Londres 
	Atentado de Lockerbie
	Atentado de Madri 
	Atentado de Oklahoma
	Incêndio no cinema Rex
	Atentados de Bombaim
	Ataques de Sadr
	Massacre de Sinjar
	11 de setembro
O Estado Islâmico
	Origem do Estado Islâmico
	Qual o objetivo do Estado Islâmico
OS PRINCIPAIS ATAQUES COMPROVADAMENTE ORGANIZADOS OU INSPIRADOS PELO ESTADO ISLÂMICO
OPERAÇÃO HASHTAG
	PASSO A PASSO DA OPERAÇÃO HASHTAG
	SUSPEITOS PRESOS
	A MORTE DE UM DOS SUSPEITOS
	DECISÃO DA JUSTIÇA E A CONDENAÇÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
CONSTITUIÇÃO DE 88, ART. 5º, XLIII:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
COMENTÁRIOS A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
A primeira consideração que esse inciso merece refere-se ao conteúdo da expressão "crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia". Trata-se do que já comentamos no capítulo anterior? Determinamos crimes apresentam tal gravidade, que o cidadão que os comete não pode ser libertado condicionalmente, mediante o pagamento de fiança, dada a periculosidade demonstrada pela prática do delito.
Os crimes definidos como inafiançáveis são, também, insuscetíveis de graça e anistia.
Fundamentalmente, anistia é instituto que, uma vez concedida, apaga o crime, extinguindo a punibilidade e as demais consequências penais do ato praticado, como, por exemplo, a reincidência. Pode ser concedida antes ou depois da condenação; atingir todos os envolvidos (geral) ou apenas alguns, levando em conta uma condição pessoal (parcial); ser condicionada a determinado requisito ou incondicionada. Atinge, via de regra, os crimes políticos e pode ser concedida pelo Poder Legislativo.
Já a graçaé uma indulgência de ordem individual, que atinge a punibilidade de quem praticou crime comum. Sua concessão é de competência exclusiva do presidente da República. Pressupõe o trânsito em julgado da condenação, não podendo, como a anistia, ser concedida antes dela. (O indulto é a mesma medida, porém em caráter coletivo). Na graça, persistem os efeitos do crime, de modo que o condenado que a recebe não retorna à condição de primário.
Embora seja costume dizer que, no final do ano, o presidente da República concede anistia a presos, o que ele concede é graça aqueles que tenham mantido bom comportamento da prisão. Depende, portanto, sempre, do exame detalhado sobre a conduta daquele que será por ela beneficiado.
Os crimes mencionados no inc. XLIII não comportam anistia ou graça (nem, obviamente, indulto) sendo proibida a concessão desses benefícios aos que os praticaram. E quais são esses crimes?
A tortura, em primeiro lugar. Nada é tão degradante quanto, por exemplo, procurar obter confissões de criminosos por meio da tortura. Soubemos, horrorizados todos, que a tortura constitui prática normal do exército americano no Iraque, como aconteceu em Abu Ghraib. Há um movimento, denominado Anistia Internacional, criado para combater a tortura.
Num Estado Democrático de Direito, os julgamentos devem ser justos e céleres. Mas, á evidência, ao proibir-se a tortura, assegura-se a dignidade do criminoso, atribuindo ao poder público a tarefa de ser eficiente sem violar seus direitos com métodos infamantes como esse.
É por essa razão que o nosso constituinte sabiamente declarou ser esse tipo de crime inafiançável insuscetível dos dois favores governamentais: anistia e graça.
 O Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins também consta nesse inciso. Neste ponto, é necessário chamar a atenção para uma distinção extremamente importantes: não se confundem o traficante e o usuário. Este, muitas vezes não passa de uma vítima do tráfico. Muitas vezes, é apanhado pela polícia usando ou portando pequena quantidade de droga, mas não traficando ou obtendo algum lucro com ela. É evidente que possa haver punição, pois está praticando um ilícito, mas há toda uma construção jurisprudencial no sentido de não puni-lo, e sim de encaminhá-lo a uma clínica de recuperação.
Quem deve, na verdade, ser punido severamente é o traficante, aquele que vive em função do crime e constrói estruturas desse comércio.
É por essa razão que existe, hoje, uma legislação mundial voltada para o combate ao tráfico. Pode-se quebrar o sigilo bancário daqueles sobre quais pairem indícios de que sejam narcotraficantes, porque esse crime é considerado de extrema gravidade no mundo inteiro. Entretanto, ainda estamos longe de poder combater adequamente o narcotráfico, embora nossa Constituição já o submeta a regime severo, ao considerá-lo crime inafiançável e não suscetível de anistia e de graça.
Também consta nesse inciso o terrorismo, mesmo quando praticado por idealismo. Vejamos, por exemplo, o que acontece entre os terroristas árabes nos ataques suicidas. Ninguém pode contestar que são idealistas, pois se sacrificam a própria vida, é por acreditarem, efetivamente, que estão defendendo uma boa causa. Apesar disso, o terrorismo é um crime que não pode ser tolerado. Afinal, inocentes são, muitas vezes, as principais vítimas.
O terrorismo combate seus inimigos, atingindo a população civil, composta de crianças, mulheres, trabalhadores, inocentes, enfim, pessoas alheias aos "ideais" em nome dos quais a violência é praticada. É algo que, efetivamente, não se pode aceitar em um mundo civilizado. Esta é a razão pela qual, sabiamente, nosso constituinte pune com severidade o terrorismo, independentemente de sua motivação: dinheiro, ambição política, religião, ideal. Trata-o como crime inafiançável, atribuindo-lhe o mesmo grau de gravidade do narcotráfico e da tortura.
E também constam nesse inciso os crimes hediondos. Há inúmeros crimes que são definidos como hediondos pela lei ordinária, e, a partir de então, tornam-se inafiançáveis e não suscetíveis de anistia e de graça, por força desse dispositivo, constitucional.
Devemos analisar se a lei ordinária é razoável com os crimes assim considerados, ao categorizá-los. Muitas vezes, verificamos a inclusão de até mesmo alguns dos chamados "crimes ecológicos", que não têm características para entrarem nesse conceito. O problema não está na Constituição, mas na definição do legislador ordinário (deputado, senador). Isso porque as normas de Direito Penal só podem ser instituídas por lei federal. Só a União é competente para definir se um crime é ou não hediondo. 
E quem responde por esses crimes? Os mandantes, os executores e aqueles que, podendo evita-los, se omitem. Os mandantes, mesmo que não tenham praticado o crime, "contrataram" executores para praticá-lo e, evidentemente, sofrem a mesma punição. Mandante e executor são criminosos em igualdade de condições.
E quanto aos que, "podendo evitar esses crimes, se omitem"? Nesse caso, temos que analisar a situação em concreto para identificar quem pode ser considerado como tal. É necessário avaliar, por exemplo, se havia realmente a "possibilidade de evitar". Muitas vezes, pode-se fazer uma tentativa heroica para evitar um crime, e, ainda assim não ser bem-sucedido. Por outro lado, pode a lei exigir que todos os cidadãos se comportem comoheróis?
Suponhamos que alguém perceba a aproximação de um grupo de oito ou dez facínoras armados, prestes a atacar uma pessoa. Se o observado estiver desarmado, não terá condições de agir para evitar a agressão. Evidentemente, não poderá ser considerado coautor do delito. Só pode ser considerado omisso quem tem força potencial capaz de evitar o crime, e não o faz. Ou seja, quem deixou de fazer o que era possível.
Essa terceira hipótese é de difícil configuração, porque sempre haverá justificativas para que, em determinadas circunstâncias, porque sempre haverá justificativas para que, em determinadas circunstâncias, se possa considerar impossível evitar um crime. Entretanto, o nosso constituinte dispôs que, se houver possibilidades mais do que razoáveis para que o crime seja evitado e não havendo o esforço para fazê-lo, neste caso, teremos a equiparação, e o omisso será considerado coautor. 
TERRORISMO
LEI Nº 13.260, DE 16 DE MARÇO DE 2016.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 º Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista.
Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
§ 1º São atos de terrorismo:
I - Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa;
II – (VETADO);
III - (VETADO);
IV - Sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;
V - Atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei.
Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista:
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.
§ 1º (VETADO).
§ 2º (VETADO).
Art. 4º (VETADO).
Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.
§ lº incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo:
I - Recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou
II - Fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.
§ 2º Nas hipóteses do § 1o, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços.
Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei.
Art. 7º Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime previsto nesta Lei, se de algum deles resultar lesão corporal grave, aumenta-se a pena de um terço, se resultar morte, aumenta-se a pena da metade.
Art. 8º (VETADO).
Art. 9º (VETADO).
Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art. 5o desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei são praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios suficientes de crime previsto nesta Lei, poderá decretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei.
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
§ 2º O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1o.
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.
Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de compromisso.
Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens:
I - Fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita preferencialmente com o produto dos bens objeto da administração;
II - Prestará, por determinação judicial, informações periódicas da situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados.
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão levados ao conhecimento do Ministério Público, que requererá o que entender cabível.
Art.15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos nesta Lei praticados no estrangeiro.
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional, quando houver reciprocidade do governo do país da autoridade solicitante.
§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé.
Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agosto de 2013, para a investigação, processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei.
Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, aos crimes previstos nesta Lei.
Art. 18. O inciso III do art. 1o da Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, passa a vigorar acrescido da seguinte alínea p:
Art. 19. O art. 1o da Lei no 12.850, de 2 de agosto de 2013, passa a vigorar com a seguinte alteração:
“Art. 1º .......................................................................
§ 2º .............................................................................
II - Ás organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. ” (NR)
Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 16 de março de 2016; 195o da Independência e 128o da República.
DILMA ROUSSEFF
Wellington César Lima e Silva
Nelson Barbosa
TERRORISMO
LEI 13.260/16 COMENTADA
CAPITULO II A EVOLUÇÃO JURÍDICA DO TRATAMENTO DO TERRORISMO NO BRASIL A PARTIR DE 1988
Como já mencionado anteriormente neste trabalho, foi a Constituição federal de 1988 que fez a primeira menção ao crime de terrorismo no Brasil, equiparando-o aos crimes hediondos no seu artigo 5, inciso xliii.
Logo a seguir, a lei dos crimes hediondos (lei 8.072/90), cumprindo por mandamento constitucional acima citado, estabeleceu que o tratamento mais rigoroso aplicado aos crimes hediondos deveria ser utilizado também no caso dos crimes de terrorismo (artigo 2, da lei 8.072/90)
Mas, restava uma dúvida praticamente insolúvel: o que era crime de terrorismo na legislação brasileira? Será que sequer existia algum crime de terrorismo no nosso ordenamento jurídico-penal?
Garimpando a legislação brasileira, chegou-se ao artigo 20 da lei de segurança nacional (lei 7.170/83), versado nos seguintes termos:
“Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados a manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.
Pena – reclusão, de três a dez anos ‘’
 Gonçalves afirma que se trata desde então do crime de terrorismo preconizado pela constituição federal o artigo de lei acima transcrito.
No mesmo diapasão se manifesta Behara.
Não obstante, tal entendimento não era unanime. Silva Franco destaca que o Brasil não tipificou na legislação codificada nenhum crime de terrorismo, ao reverso do que ocorre com países como Portugal e estanha. Para o autor a simples menção de “atos de terrorismo” no corpo do artigo 20 da lei de segurança nacional não é suficiente para erigir o dispositivo em “crime de terrorismo”. Mesmo porque, em seu entendimento, a expressão “ atos de terrorismo’’, sem qualquer qualificação ou complemento, configura uma “clausula geral”, um tipo penal aberto, infrator do princípio da legalidade estrita que exige não somente a previsão legal antecedente da conduta criminosa, mas uma previsão lega antecedente da conduta criminosa, mas uma previsão semanticamente inequívoca. Na visão de Silva Franco, portanto, na época, o Brasil falava em crime de terrorismo em seu texto constitucional, na lei dos crimes hediondos , mas isso não passava de uma verborragia insignificante. Não havia realmente em nosso ordenamento um tipo penal sequer de terrorismo e a utilização do artigo 20 da lei de segurança nacional seria inviável, seja porque se trata d crime comum e não de uma lei específica de combate ao terrorismo, seja porque , ao menos na parte em que descreve como conduta criminosa “ atos de terrorismo”, a legislação sob comento seria inconstitucional por violação da legalidade estrita.
Efetivamente o molde a que se chegou no moderno garantismo jurídico-penal, não permite, como bem lembra Ferrojoli, nosso contentamento com um princípio de legalidade ampla ou mera legalidade, mas exige uma “legalidade estrita”. Não basta haver lei a ser aplicada pelos juízes, mas tal lei deve ser elaborada pelo legislador com esmero de forma taxativa e com “precisão empírica”.
Na mesma linha de raciocínio se posiciona Monteiro:
“ Chama a atenção a expressão ‘ praticar atos de terrorismo’. A lei anterior trazia igual dispositivo, usando a expressão ‘praticar terrorismo’ no art.28. contudo, no decorrer desta breve análise, chegamos à conclusão de que a noção de terrorismo continua sob incertezas doutrinárias e sem definição legislativa. Utiliza a lei um discutido nomen iuris como definição legal do tipo. Ora, essa forma legislativa não é possível pela ausência de tipo autônomo definido como crime”
Similar é o pensamento de Leal:
“ Do ponto de vista técnico-jurídico, a redação confusa e ambígua deste dispositivo legal, parece-nos insuficiente para constituir uma definição jurídica de terrorismo como tipo penal autônomo. Por isso, como consequência da adoção do princípio da legalidade, cremos que ninguém poderá ser punido por este tipo de crime, enquanto uma lei específica não definir objetivamente o tipo de conduta denominada terrorismo. É preciso que a lei descreva , com prcisão e de forma objetiva, quais as ações caracterizadoras de um possível tipo legal de terrorismo. Ou seja, o crime previsto no art. 20, caput, da LSN, não pode receber o nomen juris de terrorismo, principalmente para fim de ser marcado como o rótulo da hediondez e de sofrer as consequências penais previstas na LCH”.
Em posição oposta, defendendo a tese de que o crime d terrorismo sempre esteve presente no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional, tal qual os já citados Victor Eduardo Rios Gonçalves e Fábio Ramazzini Bechara, vem Nucci. O autor por ultimo citado afasta a inflação á legalidade e o reconhecimento de um tipo penal aberto, alegando que o qie p legislador fez na Lei de Segurança Nacional foi utilizar-se do legítimo recurso da chamada “interpretação analógica”. Descreveu condutas concretas casuisticamente e deixou a fórmula genérica de “atos de terrorismo” fechando o tipo penal. Dessa forma, o intérprete não fará nenhuma analogia “in mallam partem” ou poderá incluir no tipo penal o que bem entender. Ao reverso, terá de tipificar como “atos de terrorismo” condutas similares àquelas descritas anteriormente no dispositivo. Para Nucci, o artigo 20 da Lei de Segurança Nacional seria então o crime de terrorismo a que fazem referência à Constituição Federal e à Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/90).
Ressalvando entendimento contrário, Bechara também apontava o artigo 20 da Lei de Segurança Nacional como sendo o crime de terrorismo preconizado pela Contituição Federa e pela Lei dos Crimes Hediondos.
Por seu turno também Capez afirma que o terrorismo está tipificado no artigo 20 da Lei 7.170/83. Admite, porém, o autor , que a tipificação legal ali constante poderia ser melhorada. Quanto ás críticas á constitucionalidade do dispositivo, Capez alega que a natureza multifária dos atos de terrorismo impede uma tipificação milimétrica da conduta, o que justificaria com razoabilidade e proporcionalidade a adoção pelo legislador de um “tipo penal aberto”.
Com base no escólio de AntonioScarance Fernandes, os autores Alezandre de Morares e Gianpaolo Poggio Smanio defendem a tese de que o rime de terrorismo estaria sim tipificado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional.
A jurisprudência sobre a matéria é inexistente, conforme aponta Monteiro, de forma que a questão se reduz á fonte doutrinaria no seio da qual prevaleceu a tese de que haveria na legislação brasileira um crime de terrorismo tipificado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional, inobstante uas falhas de redação e técnica.
Lamentável a situação em que ficou o país em tão relevante tema desde 1988, pois realmente o artigo 20 da Lei 7.170/83 é raquítico no que diz respeito á obediência necessária á legalidade estrita. Além disso, não se trata de um crime previsto especificamente com o fito de coibir o terrorismo, mais ainda, somente enfoca o terrorismo político, não sendo abrangente o suficiente para abarcar outras motivações para tais atos.
O advento da Lei 13.260/16 põe, finalmente, termo nessa discussão estéril e lamentavelmente longa. Agora não resta dúvida de que o artigo 20 da Lei de Segurança Nacional não é crime de terrorismo mencionado pela Constituição Federal e pela Lei dos Crimes Hediondos. O Princípio da Especialidade aponta que a Lei 13.260/26 trata especificamente da matéria enfocada, não deixando qualquer margem de dúvida para a constatação de que os crimes de terrorismo somente são aqueles ali previstos. O artigo 20 da Lei 7.170/83, mesmo desconsiderando sua inconstitucionalidade, é um crime comum contra a “segurança nacional” e não um crime de terrorismo.
CAPITULO IV – CONCEITO DE TERRORISMO E TERRORISMO INTERNACIONAL
No que se refere á conceituação de terrorismo, sempre houve bastante polêmica, mas pode-se afirmar que duas correntes básicas se conformaram na discussão:
A posição mais tradicional é aquela que aponta para a impossibilidade de definição ou conceituação. Doutra banda, embora reconhecendo ingentes dificuldades para a conceituação de terrorismo, entende-se ser possível superar as barreiras relativas á característica multifária d fenômeno e buscar uma conceituação razoável. A verdade é que é desejável a busca de uma definição, especialmente no âmbito jurídico, do que seja “terrorismo”, pois, conforme salienta Magnoli,
“a proliferação de definições contribui, obviamente, para a manipulação oportunista do termo, ao sabor dos interesses políticos de partidos , Estados e organizações internacionais”.
Citando Iureta Gojena, Sznick demonstra a dificuldade inerente á conceituação do delito em destaque:
“El terrorismo es uno de esos vocábulos que se llamam aureolados, cuyo contenido basta a hora nadie há podido precisar. Este delito es tan vago, tan abstrato, que siento certa inquietude de darle entrada a la jurisdición mundial, para castigar um delito cuja esfera de acción , cuyos limites no se han podido precisar basta a hora con la justeza necessária”.
Alguns dos principais traços a criarem barreiras a uma definição precisa do terrorismo é a variabilidade das condutas que pode abarcar, bem como a maleabilidade ideológica daquilo que se possa pretender em dado local e época, denominar “terrorismo”.
Por exemplo, o elemento da violência pode estar em regra presente em atos terroristas, mas não necessariamente. As práticas que podem receber o rótulo de terroristas são muito variadas e cada vez podem se expandir mas com o desenvolvimento tecnológico (explosivos, uso de energia elétrica, internet, informática, eletrônica, armas químicas, armas atômicas , armas biológicas, entre outros). Não bastasse isso, os fins ou motivações dos atos terroristas podem variar muito também.
O objetivo de ordem politica é comum, mas há também o religioso e ambos entrelaçados, questões étnicas, raciais etc. Por isso tudo, há um risco muito grande que uma legislação sobre terrorismo possa ser manipulada por interesse dominantes tão somente a fim de oprimir e sufocar minorias ou movimentos questionadores do “status quo”.
Sznick apresenta exemplos de definições de terrorismo levadas a efeito em conferências e fóruns internacionais:
Segundo a Conferência de Varsóvia, seria terrorismo o “emprego intencional de qualquer meio capaz de fazer correr um perigo comum”.
É interessante essa definição porque a palavra “intencional” tem a virtude de deixar claro que o terrorismo deve referir-se a condutas dolosas. Não obstante, trata-se de uma definição que nada define por ser por demais aberta, impossibilitando uma delimitação semanticamente aceitável do termo.
Essa dificuldade em apresentar uma definição abstrata ou genérica do termo “terrorismo” levou á tentativa de procurar um caminho de previsão de condutas de forma casuística, ensejando cada um dos caminhos acima citados obstáculos diversos. O critério conceitual genérico é muito elástico e acaba não cumprindo a função de fornecer uma definição segura do que se pode ou não considerar abarcado pela ideia de “terrorismo”. Por outra banda, o critério de previsão casuística de condutas, empresta maior respeito ao Principio da Legalidade, mas também deixa frequentemente de fora de suas previsões condutas que deveriam ali estar elencadas. Portanto, não somente o excesso de abrangência (critério conceitual geral) como também a formulação lacunosa (critério casuístico) são obstáculos a uma definição razoável do termo “terrorismo” e seu emprego especialmente na seara criminal.
Uma das características destacadas para se considerar determinada conduta como terrorismo tem sido o fim de provocar alarme e perigo comum. Valdir Sznick cita a definição do espanhol Cuello Calón:
“ Terrorismo significa a criação, mediante execução repetida de delitos, de um estado de alarme ou de terror na coletividade, ou em certos grupos sociais, para impor ou favorecer a difusão de determinadas doutrinas sociais ou políticas”. 
Fato é que etimologicamente a palavra “terrorismo” advém dos termos latinos “terrere” (tremer) e deterrere (amedrontar).
	Pode-se afirmar, portanto que dentre os elementos mais comuns ás conceituações estão a criação de uma situação de alarme, medo, um terror concreto e psicológico e as finalidades políticas, sociais, ideológicas ou religiosas.
Outra característica presente no fenômeno em estudo é que “o terror é um método de condução de conflitos assimétricos”. Seja o grupo terrorista ou o terrorismo individual, ambos se reconhecem como “uma minoria incapaz de desafiar o poder nos termos postos pelas regras política ou da guerra”. Em razão disso, tais regras são repudiadas “em nome de uma causa ou princípio maior”. Dessa forma, o terrorismo acaba se conformando dentro de uma contradição porque é, concomitantemente, “a negação da política”, mas se orienta e organiza quase sempre “na esfera da política”.
Como salienta José Gomes Sobrinho Júnior, pode parecer uma tautologia, mas o terrorismo será catalogado como “internacional” quando tiver em mira alvos internacionais ou tiver alcance internacional. O autor sobredito se vale das lições de Heleno Fragoso para estabelecer o que seria essa característica internacional do terrorismo, alinhando o seguinte: a) o agente e a vítima são cidadãos de diferentes países; b) a ação é realizada, no todo ou em parte, em mais de um Estado.
Nesse passo, conforme saliente Ferreira, adquirindo o terrorismo uma feição internacional, poderá, eventualmente, adentrar na competência do Tribunal Penal Internacional seu processo e julgamento. Não obstante, é preciso lembrar-se do “Princípio da Subsidiariedade” que rege o Tribunal Penal Internacional, o qual, nas palavras de Steiner, “tem jurisdição complementar á jurisdição interna dos Estados”. Ou seja o tribunal Penal Internacional somente irá atuar naqueles casos em que a jurisdição interna dos Estados Membros quedar inerte ou mesmo for conivente com os atos criminosos.
OS 10 MAIORES ATENTADOS TERRORISTAS DA HISTÓRIA
- Maratona de Boston 
No dia 15 de abril de 2013, duas bombas artesanais explodiram próximo à linha de chegada da maratona de Boston, causando a morte de trêspessoas e ferindo outras 264. Analisando imagens de câmeras de segurança, o FBI identificou os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev como autores do ataque. Logo após a divulgação das imagens, os dois tentaram fugir de Boston e acabaram trocarando tiros com a polícia americana. Tamerlan foi morto e Dzhokhar foi capturado horas depois. Aos investigadores, Dzhokhar disse que realizou o ataque como protesto contra as guerras dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. Em 2015, ele foi condenado à morte por injeção letal.
- Atentados ao metrô de Londres 
Quatro explosões atingiram o transporte público de Londres no dia 7 de julho de 2005. Três trens do metrô e um ônibus de dois andares foram atingidos, matando 52 pessoas e ferindo cerca de 700. Um grupo ligado à Al Qaeda assumiu a autoria do atentado, que aconteceu um dia após a cidade de Londres ter sido escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2012.
- Atentado de Lockerbie
Outro grande atentado terrorista aconteceu no Reino Unido em 1988, quando um Boeing 747 da companhia americana PanAm explodiu no ar sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia. O voo partiu de Frankfurt, na Alemanha, parou para uma escala em Londres e seguia então em direção a Nova Iorque. No total, 270 pessoas morreram - 259 no avião e 11 em terra, atingidas por destroços da aeronave. As principais suspeitas são de que o ataque tenha sido planejado pelo governo líbio de Muamar Kadafi, mas muitas perguntas permanecem sem resposta até hoje.
- Atentado de Madri 
O pior ataque terrorista da história da Espanha e da Europa aconteceu no dia 11 de março de 2004, três dias antes das eleições na Espanha. Treze bombas explodiram simultaneamente em quatro trens que chegavam a estações da cidade de Madri, matando 191 pessoas e ferindo 2050. Mais de dez pessoas foram condenadas por estarem envolvidas com os ataques, mas as autoridades espanholas não conseguiram encontrar os autores intelectuais do atentado.
- Atentado de Oklahoma
Um caminhão cheio de explosivos explodiu em frente ao edifício governamental Alfred P. Murrah, em Oklahoma City, no dia 19 de abril de 1995. O atentado causou 168 mortes e deixou mais de 500 feridos, sendo o pior ataque terrorista em território americano até então. Ele foi planejado por Timothy McVeigh, um ex-soldado americano que afirmou agir como resposta a políticas e atitudes do governo dos Estados Unidos. McVeigh foi executado por injeção letal em 2001.
- Incêndio no cinema Rex
Cerca de 400 pessoas morreram em um incêndio no cinema Rex, no Irã, no dia 19 de agosto de 1978, quando quatro homens bloquearam as portas do local para então atear fogo sobre ele. Na época, a população culpou o xá Mohammad Reza Pahlevi pelo ato. O incêndio foi um dos principais fatos que levaram à revolução iraniana de 1978, que levou à proclamação de um regime teocrático islâmico no Irã em fevereiro de 1979. Anos depois, foi descoberto que militantes islamistas cometeram o ataque.
- Atentados de Bombaim
Treze bombas explodiram em diversos locais da cidade de Bombaim, na Índia, no dia 12 de março de 1993. Os ataques coordenados, que atingiram prédios do governo, bancos, hotéis e mercados, deixaram 257 mortos e 717 feridos. Eles foram planejados pela organização criminosa D-Company, liderada por Dawood Ibrahim, que permanece foragido até hoje.
- Ataques de Sadr
Seis carros-bomba e ataques com morteiros mataram cerca de 200 pessoas e feriram outras 225 em Sadr, subúrbio da cidade de Bagdá, no Iraque, no dia 23 de novembro de 2006. O ataque foi o mais violento desde a invasão dos Estados Unidos no país, em 2003.
- Massacre de Sinjar
Em agosto de 2014, cerca de 5 mil pessoas da comunidade curda yazidi foram mortas na região do Monte Sinjar (imagem), no norte do Iraque. A série de assassinatos em massa foi realizada pelas tropas do Estado Islâmico (EI), que desejava ocupar regiões estratégicas e islamizá-las - para eles, os yazidis são considerados infiéis. Muitos yazidis que conseguiram fugir acabaram depois encurralados em montanhas do norte do Iraque e enfrentaram sede, fome e calor. Combatentes curdos e bombardeios aéreos realizados pelos Estados Unidos fizeram com que o EI recuasse da área no fim de 2014, mas ela ainda continua bastante vulnerável.
- 11 de setembro
Quase três mil pessoas morreram durante os ataques de 11 de setembro de 2001, que foram coordenados pela Al Qaeda. Quatro aviões comerciais foram sequestrados pelos terroristas - dois deles foram colididos propositalmente contra as Torres Gêmeas, na cidade de Nova Iorque; outro colidiu contra o Pentágono, em Washington; e o quarto caiu em um campo aberto na Pensilvânia, após passageiros e tripulantes tentarem reassumir o controle da aeronave. Após os ataques, países do mundo todo criaram ou alteraram leis antiterrorismo nacionais. Os Estados Unidos responderam aos ataques com a campanha da guerra ao terror, mobilizada pelo então presidente George W. Bush, em que invadiram o Afeganistão e o Iraque, onde teoricamente estariam as principais lideranças da Al Qaeda.
O ESTADO ISLÂMICO
Estado Islâmico (EI), que também é conhecido por Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS) e em inglês ISIS, é uma organização jihadista do Oriente Médio.
“Jihadista” é o termo usado para diferenciar os muçulmanos sunistas que apoiam a violência extrema dos que não concordam com ela. Os jihadistas acreditam que a luta é algo indispensável para defender o povo muçulmano e para eliminar tudo aquilo que impossibilita a restauração da “lei de Deus na Terra”.
ORIGEM DO ESTADO ISLÂMICO
O EI teve origem com a crise política que aconteceu no Iraque na época do Guerra que alastrou o país em 2003. O grupo surgiu como derivação do Al-Qaeda (grupo liderado por Osama Bin Laden, considerado responsável pelos atentados terroristas que aconteceram no da 11 de setembro de 2001).
O grupo recebeu o nome como hoje conhecemos em 2014, quando teve um califado (governo) proclamado. O líder Abu A-Bagdhadi se autoproclamou califa (chefe, sucessor de Mamomé). É ele quem tem o poder de aplicar a lei islâmica nos territórios que forem dominados por ele.
QUAL O OBJETIVO DO ESTADO ISLÂMICO
O EI pretende fundar um Estado islâmico sob um regime radical, expandindo seu califado por todo o Oriente Médio. Busca inicialmente controlar as áreas de maioria sunita da Síria, Iraque e possivelmente Jordânia e Arábia Saudita.
O grupo jhidaista também tenta estabelecer conexões no mundo por meio de métodos terroristas, a fim de expandir o modelo teocrático radical islâmico, tentando conquistar autoridade através do terror.
OS PRINCIPAIS ATAQUES COMPROVADAMENTE ORGANIZADOS OU INSPIRADOS PELO ESTADO ISLÂMICO
América do Norte
 - Canadá e Estados Unidos – 20, 22 e 23 de outubro de 2015
Três ataques (dois no Canadá e um nos EUA) causaram a morte de dois soldados, além de dezenas de feridos. Os agressores, todos convertidos ao islamismo radical, agiram sozinhos, sob influência de mensagens do Estado Islâmico.
- Estados Unidos – 2 de dezembro de 2015
Tashfenn Malick e o marido, Syed Rizwan Farook, matam 14 pessoas e ferem outras 21 utilizando armas automáticas e explosivos em San Bernardino, na Califórnia. Malick deixou mensagens no Facebook dizendo que obedecia à liderança do Estado Islâmico.
Europa
- França – 8 e 9 de janeiro de 2015
Na mesma sequência de fatos dos ataques ao semanário Charlie Hebdo, em Paris, o radical Amedy Coulibaly mata uma policial. No dia seguinte, invade um mercado judaico e mata quatro reféns antes de ser morto pela polícia. Ele agia sob influência do Estado Islâmico e era amigo dos irmãos Said e Cherif Kouachi, que mataram 12 pessoas no massacre do Charlie Hebdo (estes últimos eram ligados à Al-Qaeda).
- França – 26 de junho de 2015
Yassin Salhi, que já estava na lista das autoridades francesas, mata e esquarteja o chefe, para logo depois tirar selfies com o corpo. Na sequência, invade uma indústria química de origem americana perto de Lyon para tentar um ataque suicida. Investigadoresapontam que ele tirou fotos para alimentar as redes sociais do Estado Islâmico e arregimentar novos fieis.
- França – 13 de novembro de 2015
Uma série de ataques em Paris provoca a morte de pelo menos 130 pessoas e fere outras 350. É o maior ataque à França desde a Segunda Guerra Mundial, envolvendo eventos com explosivos e/ou metralhadoras em diversos pontos da cidade e imediações, com o Stade de France, onde ocorria um jogo entre França e Alemanha, a casa de shows Bataclan, palco de um show da banda Eagles of Death Metal, além de bares e restaurantes. A ação foi organizada e coordenada pelo Estado Islâmico e seus colaboradores na Europa.
- Bélgica – 22 de março de 2016
Duas explosões no aeroporto de Bruxelas e outra, em uma estação de metrô, matam dezenas de pessoas e deixa muitas outras feridas. O EI assumiu a autoria dos ataques.
- Rússia – 30 de março de 2016
Dois ataques com explosivos na república do Daguestão supostamente matam dezenas de oficiais e soldados russos. O EI assume os atentados, e o governo da Rússia insiste que o número de vitimas foi bem menor.
Oriente Médio e Norte da África
- Líbia – 27 de janeiro de 2015
Um ataque em um luxuoso hotel de Trípoli deixa dez mortos.
- Líbia – 15 de fevereiro de 2015
O Estado Islâmico divulga um vídeo no qual 21 cristãos sequestrados no Egito são decapitados em uma praia.
- Tunísia – 28 de março de 2015
Um ataque ao museu Bardo, em Túnis, deixa 23 mortos. Outras 44 pessoas ficam feridas.
- Arábia Saudita – 22 de maio de 2015
Um homem-bomba mata 21 pessoas em uma mesquita na cidade de Qudayh.
- Tunísia – 26 de junho de 2015
Um atirador invade um hotel na cidade de Sousse, matando 38 pessoas e deixando outras 40 feridas.
- Turquia – 10 de outubro de 2015
Duas bombas explodem durante manifestações pela paz em Ankara, matando 97 pessoas e ferindo 250.
- Egito – 31 de outubro de 2015
Uma bomba destrói um avião russo que acabara de decolar do Egito, matando os 224 passageiros e tripulantes a bordo.
- Líbano – 12 de novembro de 2015
Dois homens-bomba se explodem em Beirute, causando a morte de 43 pessoas e ferindo outras 239.
Ásia e Oceania
- Austrália – 15 de dezembro de 2014
Um atirador faz 17 reféns em um café em Sydney. A polícia invade o local, e dois reféns são mortos, além do atirador – um refugiado iraniano. Durante o cerco ao café, o atirador abriu uma bandeira do Estado Islâmico.
- Paquistão – 18 de abril de 2015
Um homem-bomba em uma moto causa a morte de ao menos 33 pessoas em Jalalabad.
OPERAÇÃO HASHTAG
Operação Hashtag é uma investigação em andamento pela Polícia Federal do Brasil, deflagrada oficialmente em julho de 2016, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio contra uma suposta célula do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante no Brasil. Ela foi resultado de uma integração entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal (PF), as Forças Armadas e agências de informação internacionais. Essa foi a primeira ação antiterror ocorrida no Brasil depois da aprovação da lei 13.260, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 16 de março de 2016, e que tipificou os crimes dessa natureza, e as primeiras detenções, no Brasil, por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
PASSO A PASSO DA OPERAÇÃO HASHTAG
Novembro de 2015 
Uma mensagem postada no Twitter por Maxime Hauchard, integrante do Estado Islâmico, colocou o Brasil no alvo da organização terrorista. "Brasil, vocês são nosso próximo alvo. Podemos atacar esse país de merda", dizia o texto. A autenticidade da declaração foi confirmada pela Agência Brasileira de Inteligência.
Junho de 2016 
Primeiro canal jihadista em português é criado no Telegram.
21 de Julho 
Até então poucas pessoas sabiam de uma operação de combate ao terrorismo, mas foi a publicação da foto do mandado de prisão pela esposa de um dos integrantes do grupo autointitulado "Defensores da Sharia" que vazou a ação da Polícia Federal e apressou a decisão do governo de anunciá-la. Entre 30 e 40 estavam na mira da PF, mas para 12 havia mandado de prisão, um deles no Rio Grande do Sul. O jovem de 26 anos era morador de Morro Redondo, cidade próxima a Pelotas e teria jurado lealdade ao Estado Islâmico.
11 de Agosto. 
Duas pessoas foram presas em São Paulo na segunda fase da operação.
14 de Agosto 
Reportagem do Fantástico revelou um dos e-mails interceptados pela PF e que levou à prisão de 10 suspeitos por participação em atos preparatórios para ataques terroristas durante a Olimpíada no Rio. No e-mail, Leonid El Krade de Melo convocava os destinatários a formar um grupo para treinar, psicológica e fisicamente, para o combate.
18 de Agosto 
A prisão temporária dos 12 investigados na primeira fase da Operação Hashtag é prorrogada por mais 30 dias.
19 de Agosto 
É desencadeada a terceira fase, quando foi cumprido um mandado de prisão temporária em Brasília.
6 de Setembro 
A PF realizou a quarta fase da Hashtag. Foram cumpridos dois mandados de busca e duas conduções coercitivas (quando o interrogado é obrigado a comparecer para depor). O número de investigados presos na operação chega a 15 pessoas.
16 de Setembro 
O Ministério Público Federal (MPF) apresenta acusação contra oito pessoas envolvidas em crimes de recrutamento
SUSPEITOS PRESOS
Na primeira fase da operação foram presos onze dos doze suspeitos de planejar um ataque durante as Olimpíadas do Rio. Eles são suspeitos de realizar “atos preparatórios” visando ações terroristas.
As prisões foram realizadas em Amazonas, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os detidos foram conduzidos ao presídio federal de Campo Grande, a unidade é de segurança máxima e recebe presos perigosos.
Os suspeitos presos são: 
- Alisson Luan de Oliveira (RJ)
Alisson tinha ascendência síria e chegou a viajar para o país, mas não conseguiu entrar. Segundo um ex-patrão, dono do supermercado onde ele trabalhou, o jovem ficou empregado por cinco meses no estabelecimento durante o ano passado e juntava dinheiro para viajar.
- Antônio Andrade dos Santos Júnior (PB)
Antônio foi batizado cristão e passou a conhecer o islã durante treinos de boxe em uma academia. Ele se converteu à religião no período em que praticava o esporte no local, adotou o nome de Ahmed Al-Falluji e, entre um treino e outro, realizava orações na mussala - sala de orações que existe na academia. Segundo o treinador do local, Muhammad Al Mesquita, após cerca de um ano de treino e de religião Ahmed passou a apresentar sinais de que interpretava o islamismo "da forma dele".
– Israel Pedra Mesquita (RS)
Israel morava há cerca de 20 dias em Açoita Cavalo, área rural de Morro Redondo (RS), com a esposa, o filho e seu pai. Ele ia com o pai diariamente para Pelotas, a cerca de 38 km de onde morava, segundo vizinhos. "Eu nunca desconfiei de nada, acredito na inocência dele. A minha família nunca foi de briga, de violência. Não aceito que ninguém vá matar, tirar a vida de alguém, e ele sempre foi educado assim", diz seu pai
 - Levi Ribeiro Fernandes de Jesus (PR)
Levi tem 21 anos, é natural de Guarulhos (SP) e morava em Colombo (PR) há dois anos. Ele trabalha em uma rede de supermercados de Curitiba e não tinha passagens pela polícia. Levi Ribeiro de Jesus chegou a ser apontado pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moares, como o líder do grupo que exaltava terrorismo - mas, para o juiz que autorizou sua prisão, Levi não tinha um papel proeminente em relação aos demais. ", diz seu pai. ".
- Marco Mário Duarte (SP)
Marco tem 42 anos, é natural de São Luís (MA) e morava em Amparo (SP). Ele trabalhava como garçom em um restaurante e tinha um blog, no qual diz ter se convertido ao islamismo há 13 anos. Ele morou em um bairro da periferia da capital maranhense e, segundo vizinhos, era reservado e ouvia músicas árabes em volume alto.
- Mohamad Mounir Zakaria (SP)
Mohamad foi casado com uma brasileira, mas se separou, e segundo o amigo Nabih Osman Mustafa tem três filhos (duas meninas,de 16 e 14 anos, e um menino, de 8). Mohamad tinha um comércio na Rua Oriente, no Centro de São Paulo, mas entregou o ponto há alguns meses, quando soube que passaria a pagar um aluguel mais caro. Desde então, passou a atuar como representante de vendas. Ele frequentava a mesquita para orar.
- Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo (AM)
Oziris é casado há 4 anos e tem um filho. Trabalhou como servidor temporário no cargo de auxiliar administrativo na Secretaria de Segurança Pública de Amazonas (SSP-AM) e atualmente cursa ensino superior em uma faculdade particular de Manaus. Segundo a secretaria, ele atuou no Centro Integrado de Operações (Ciops) até abril deste ano, mas o nome dele consta até maio no Portal da Transparência.
- Valdir Pereira Rocha (MT)
Valdir estava foragido e se entregou à PF nesta sexta-feira (22) em Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 km de Cuiabá. Ele ficou preso de 2003 a 2008: de maio de 2003 a outubro de 2004 na casa de prisão provisória de Palmas, até fevereiro de 2006 no Presídio de Cariri do Tocantins e até 2008 no Barra da Grota, quando foi beneficiado com saída temporária.
- Vitor Barbosa Magalhães (SP)
Conhecido como Vitor Abdullah, ele tem 23 anos é casado, tem dois filhos (um de 5 e outro de 2 anos) e trabalha com o pai em uma oficina em Guarulhos, na Grande SP. Segundo parentes, Vitor se converteu ao islamismo há seis anos e, após ganhar uma bolsa de estudos, viajou ao Egito para aprender árabe. Ele frequentava uma mesquita para orar.
- Leonid El Kadre de Melo
Leonid é mecânico. A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão em sua residência na quinta. Marissol Dias tem 21 anos, foi casada com ele por seis anos e oito meses e afirma nunca ter desconfiado da ligação do ex-marido com o Estado Islâmico.
"Ele era um bom pai e um bom marido. A única relação dele com o islamismo era a religião. Por causa disso, também me converti", afirmou. O casal está separado há cerca de quatro meses e mantém contato apenas por causa do filho. Marissol diz que a útlima vez que falou com o ex-marido foi no fim de semana, após ele passar alguns dias com o filho. "Desde então, não entrou em contato comigo ou com o filho."
A MORTE DE UM DOS SUSPEITOS
No dia 13 de outubro de 2016, Valdir Pereira da Rocha, um dos 8 denunciados que foram presos, foi transferido da Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul (MS), sob pedido da Justiça Federal, para que permanecesse na Cadeia Pública de Várzea Grande, com uso de tornozeleira eletrônica em regime fechado. Segundo a Corregedoria da Penitenciária Federal de Campo Grande, havia uma ordem de regressão de pena contra Valdir, determinada pela Justiça de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), por conta de outro crime que ele já havia cometido e pelo qual havia sido condenado.
Um dia após a transferência ter sido realizada, ele teve sua morte cerebral decretada, seis horas após ser espancado por outros detentos. Valdir, que tinha 36 anos, chegou a ser levado ao Pronto-Socorro Municipal da cidade de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá-MT, em estado grave, mas não resistiu.
DECISÃO DA JUSTIÇA E A CONDENAÇÃO
A Justiça condenou, na tarde desta quinta-feira (4), oito réus da Operação Hashtag. Eles podem recorrer da decisão. Todos foram condenados na lei antiterrorismo que fala em "promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista".
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, os denunciados se dedicaram a promover a organização terrorista denominada Estado Islâmico. Ainda conforme a acusação, essa promoção ocorria via redes sociais, compartilhamento de materiais extremistas e trocas de email, por exemplo.
Sentença:
Leonid El Kadre de Melo - 15 anos de reclusão, sendo 13 anos em regime inicial fechado;
Alisson Luan De Oliveira - 6 anos de reclusão, sendo cinco em regime inicial fechado;
Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo - 6 anos de reclusão, sendo cinco em regime inicial fechado;
Levi Ribeiro Fernandes De Jesus - 6 anos de reclusão, sendo cinco em regime inicial fechado;
Israel Pedra Mesquita - 6 anos de reclusão, sendo cinco em regime inicial fechado;
Hortencio Yoshitake - 6 anos de reclusão, sendo cinco em regime inicial fechado;
Luis Gustavo de Oliveira - 6 anos de reclusão, sendo cinco em regime inicial fechado;
Fernando Pinheiro Cabral – 5 anos de reclusão em regime inicial fechado.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	LIVRO- Conheça a Constituição- Comentários á constituição Brasileira Vol.1 
	Ives Gandra da Silva Martins ( Capitulo 12 - Art 5 incs, XLIII A XLVII - PAG 98 - 102 )
	Lei do terrorismo
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13260.htm
	LIVRO- Terrorismo lei 13.260/16 comentada
	Eduardo Luiz Santos Cabette e Marcius Tadeu Maciel Nahur (Capitulo 2- PAG 87 - 91. E 99 - 102)
	https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/os-maiores-atentados-terroristas-da-historia/
	https://www.estudopratico.com.br/o-estado-islamico/
	https://www.vix.com/pt/bbr/ciencia/5413/os-principais-ataques-comprovadamente-organizados-ou-inspirados-pelo-estado-islamico
	https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2016/09/o-que-ja-se-sabe-sobre-a-operacao-hashtag-7482324.html
	http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/07/veja-quem-sao-os-presos-suspeitos-de-planejar-ataque-na-olimpiada.html
	https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/justica-condena-oito-reus-da-operacao-hashtag.ghtml

Continue navegando