Buscar

Aula 2

Prévia do material em texto

Língua Portuguesa
Aula 2 – Gramática e Sintaxe
Gramática
	Para entendermos o conceito de gramática, vamos analisar o diálogo a seguir:
		- Oi Julia! Você foi à festa da Camila?
		- Fui, Ana! E conheci o namorado dela...
		- E o que você achou?
		- Hum... Não sei bem!
		- Por quê?
		- Ele fala “A gente fomos”! Não sabe gramática!
	Como você percebeu, a personagem Júlia afirma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua.
	Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos...
Tipos de Gramática
	 Há várias formas de definirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classificações. São elas:
Gramática Internalizada: É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem;
	Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já fiz”?
	Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical no verbo nas conjugações.
	Se a criança diz “Eu já bebi” e “Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um [i] final, ela dirá “Eu já fazi” (FAZER).
	Isso significa que ela criou uma regra em que [i] seria uma forma de expressar o passado.
Gramática Normativa: É um conjunto de regras gramaticais que estabelece um padrão de linguagem, cujo emprego deve se adequar aos contextos formais de uso da língua. Na verdade, essa gramática indica a formalidade do uso da língua.
	
	Agora, observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua...
	Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase:
		- O livro que eu gosto já esgotou.
	No entanto a gramática normativa prescreve uma construção diferente:
		- O livro DE que eu gosto também já esgotou.
	Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. 
	Exemplo: Eu gosto disso.
O estudo da gramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam:
Fonologia: Que trata dos fonemas;
Morfologia: Que trata das classes de palavras;
Sintaxe: Que trata das funções e das relações das palavras nas sentenças;
Semântica: Que trata do significado das palavras.
	Vamos entender melhor o que é a SINTAXE.
Sintaxe
	Vamos apresentar agora, alguns aspectos da sintaxe, ou seja, da função e da relação entre as palavras de uma sentença. Para isso, analise as falas do mestre Yoda – Personagem famoso da saga Star Wars (Guerra nas Estrelas).
	- Poderoso você se tornou. O lado escuro sinto em você.
Ele não pronuncia as palavras em ordem direta:
Sujeito + Verbo + Objeto
	Mas inverte os termos da oração, o que dificulta seu entendimento.
	Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinada ordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas.
	A seguir, vamos entender melhor o conceito de frase e de verbo.
Tipos de frase
	A FRASE é um enunciado que possui sentido completo. Há dois tipos de frase:
Frase Nominal: Aquela que não apresenta verbo.
Socorro! Uma barata.
Frase verbal: Também chamada de oração. Trata-se daquela que possui verbo.
Vou socorrer você.
De agora em diante vamos conversar um pouco mais sobre o verbo
	Como vimos o VERBO é a unidade que significa ação ou processo organizado para expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. Mas o que isso significa? Vamos descobrir a partir da análise do diálogo a seguir.
	O diálogo que acabamos de ver apresenta os tópicos mencionados que envolvem o verbo. São eles: Modo, Tempo, Número, e Pessoas do discurso.
Modo
Indicativo: Nas primeira e segunda falas, Lucas e Felipe afirmam: Acertei todas as questões da prova! Eu não estudei nada! Nesse caso o conteúdo é tomado pelo falante como certo.
Subjuntivo: Na segunda fala, diante da notícia dada pelo amigo, Felipe suspira: Se eu soubesse que você tinha estudado... Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como duvidoso.
Imperativo: Na quarta frase, Felipe avisa a Lucas: Não vai se esquecer dos amigos. Nesse caso o conteúdo expressa uma ordem, uma súplica, um conselho. Além disso ele pode ser:
Afirmativo – “Vai se esquecer”;
Negativo – “Não vai se esquecer”;
Tempo
Presente: Aquele que indica o momento atual, como na última fala: Você está salvo!
Passado ou Pretérito: Aquele que é anterior ao momento em que se fala, como nas primeiras falas: Acertei todas as questões da prova! Eu não estudei nada!
Futuro: Aquele que é posterior ao momento que se fala, como na última fala: A partir de hoje melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará!
Número
	As formas verbais podem se apresentar no singular ou no plural. No caso do diálogo, elas aparecem somente no singular. Vejamos: “Acertei”, “estudei”, “soubesse”, “tinha estudado”, “podia”, “está”, “melhorará”, “aprovará”.
Pessoas do Discurso
1ª Pessoa: Aquela que fala, como em: Acertei todas as questões da prova! Eu não estudei nada!
2ª Pessoa: Aquela com quem se fala, como em: (Você) Não vai se esquecer dos amigos.
3ª Pessoa: Aquela de quem se fala, como em: A partir de hoje melhorará seu desempenho, e a professora (ela) o aprovará!
Transitividade Verbal
	A transitividade indica se o verbo necessita ou não de complemento. O significado do verbo pode precisar ser completado por uma estrutura, ou seja, transitar até seu complemento. Quer ver um exemplo? Veja a seguir:
	Como você percebeu, João fica irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido.
	Mas por que isso acontece? Vejamos a seguir...
	Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu significado completo, não o entenderemos por si só.
	Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”?
	Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classificação sobre a qual discutiremos adiante.
	Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações.
	O diálogo que lemos anteriormente nos mostra que alguns verbos precisam de complemento – os chamados transitivos – e outros não – os chamados intransitivos. Quanto à transitividade, os verbos podem ser:
Transitivos Indiretos: Aqueles que exigem complemento preposicionado;
Transitivos Diretos: Aqueles que exigem complemento sem preposição;
 Bitransitivos ou transitivos diretos ou indiretos: Aqueles que exigem os dois tipos de complemento.
Regência Verbal
	Em uma visão bem tradicional, a regência verbal é o estudo da relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Lidamos o tempo todo com verbos que precisam ou não de complemento: é tão normal que não nos damos conta disso.  Agora, parando para refletir, você já pensou que usar ou não uma preposição pode alterar o significado de um verbo?  Por exemplo, considere que um juiz diga as frases a seguir:
	Eu assisto o jogo. – Nesta frase, temos o sentido de “prestar assistência, ajudar, socorrer.”: usa-se sem preposição;
	Eu assisto ao jogo. – Já nesta, temos o sentido de “ver, presenciar” e, nesse caso, a preposição é obrigatória.
	Observe os significados do verbo ASSISTIR em relação a sua regência:Transitivo direto: “prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente”.
ASSISTIR:	 Transitivo indireto: “presenciar, ver; caber, pertencer”.
		 Intransitivo: “morar, residir” – pouco utilizado atualmente.
Regência Nominal
	Assim como acontece com os verbos, os nomes também podem ser transitivos, ou seja, podem necessitar de complementos para que apresentem significação completa.
	Observe a transitividade dos nomes a seguir:
	Esse filme é impróprio para menores. (IMPRÓPRIO para quem?)
	Nossos pais estão contentes por você. (CONTENTES por que/quem?)
	Os membros da diretoria votaram favoravelmente ao projeto. (FAVORAVELMENTE a quê?)

Continue navegando