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* DIREITO EMPRESARIAL EMPRESA * OBJETIVOS Entender o conceito de empresa e seus elementos caracterizadores Identificar os quarto perfis da empresa e as atividades economicas que não são consideradas empresariais Conceituar o Estabelecimento Analisar a proteção ao ponto commercial Identificar o nome empresarial como forma de individualização do empresário. * EMPRESA Embora seja corriqueiramente tratada como sinônimo de pessoa jurídica, a empresa em seu sentido técnico não é uma pessoa (ver art. 40 e 44 do CC). Todavia, para efeito de direito previdenciário a empresa é tratada como sinônimo de pessoa jurídica (art. 15, da Lei 8.212/91). A empresa atualmente é entendida como “atividade econômica organizada de produção ou circulação de bens ou serviços” (COELHO); é a unidade técnica de produção. Tal conceito abrange os seguintes elementos: - atividade econômica - conjunto de atos destinados a uma finalidade comum, que organiza os fatores da produção, para produzir ou fazer circular bens ou serviços. A economicidade da atividade exige que a mesma seja capaz criar novas utilidades, novas riquezas, englobando aqui o aumento do valor de um bem. * EMPRESA dirigida para o mercado – deve ser destinada à satisfação de necessidades alheias, sob pena de não configurar empresa. a organização dos fatores da produção - o fim produtivo da empresa pressupõe atos coordenados e programados para se atingir tal fim. Tal organização pode assumir as formas mais variadas de acordo com as necessidades da atividade, abrangendo seja a atividade que se exercita organizando o trabalho alheio, seja aquela que se exercita organizando um complexo de bens, ou, aquela que se atua coordenando uns e outros - produção ou circulação de bens ou serviços para o mercado - na produção temos a transformação de matéria prima, na circulação temos a intermediação na circulação de bens. No que tange aos serviços devemos abarcar toda “atividade em favor de terceiros apta a satisfazer uma necessidade qualquer, desde que não consistente na simples troca de bens” (VEDONE). * EMPRESA Alberto Asquini considerou a empresa um fenômeno jurídico poliédrico, de diversos lados, podendo ser estudada sob quatro perfis: Perfil subjetivo identificando o empresário e os requisitos do empresário (art. 966 do CC); Perfil objetivo ou patrimonial o conjunto de bens utilizado pelo empresário para o exercício de sua atividade (o estabelecimento – art. 1.142 do CC); Perfil funcional o exercício de uma atividade empreendedora, conjunto de atos coordenados voltados para uma finalidade (art. 966 do CC); Perfil corporativo ou institucional o empresário organiza, ordena a mão-de-obra e o capital para exercer suas atividades (os prepostos - art. 1.169 do CC). * EMPRESA Entre as atividades economicas, NÃO são consideradas as atividades relativas a profissões intelectuais, científicas (médico, engenheiro etc), artísticas (ator/cantor) e literárias, as cooperativas, bem como os profissionais liberais (que prestem serviços de forma direta), ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (art. 966, parágrafo único do Código Civil). Tal constatação se deve ao fato de que em tais atividades prevalece a natureza individual e intelectual sobre a organização. A empresa não possui personalidade jurídica, pois ela é a atividade econômica que se contrapõe ao titular dela, isto é, ao exercente daquela atividade. A empresa não é nem sujeito nem objeto de direito, enquadrando-se perfeitamente na noção de fato jurídico em sentido amplo, pois falamos da atividade, do conjunto de atos, e não de cada ato isolado, que poderia ser enquadrado na condição de ato jurídico (BULGARELLI). O titular da empresa é o empresário. * ESTABELECIMENTO “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária” (Art. 1.142 do CC). É o instrumento da atividade do empresário. O estabelecimento é uma coisa coletiva ou universalidade (conjunto de bens unidos em virtude da sua finalidade) pertencente ao empresário, que pode ser vendido de forma conjunta ou separadamente. Engloba a ideia de projeção patrimonial da empresa. Não se pode equiparar o estabelecimento ao patrimônio, visto que se considera patrimônio os bens e os direitos assim como as dívidas. Portanto, o patrimônio é maior do que o estabelecimento. O estabelecimento é composto pelos bens organizados para o execício da atividade. * ESTABELECIMENTO Para integrar o estabelecimento os bens devem ser suscetíveis de apropriação e possuírem valor econômico, podendo ser bens materiais ou corpóreos (perceptíveis pelos sentidos) quanto bens imateriais ou incorpóreos. - bens materiais - mercadorias do estoque, mobiliário, equipamentos e maquinaria. - bens imateriais – logística, patentes de invenção, marca registrada, nome empresarial, título do estabelecimento, e o ponto comercial. OBSERVAÇÃO: O local do exercício da atividade faz parte do estabelecimento, e não se identifica com o mesmo. Fundo de comercio é o ponto e a clientela. Ativo imobilizado são máquinas, móveis, imóveis, equipamentos. * ESTABELECIMENTO São atributos do estabelecimento: - o aviamento ou goodwill of a trade – é o sobrevalor decorrente da boa predisposição dos bens integrantes do estabelecimento, é seu potencial de lucratividade. O aviamento não é considerado um bem de propriedade do empresário, mas apenas o valor econômico do conjunto, é antes uma qualidade que um elemento. Aviamento = valor total do estabelecimento – valor da soma dos bens individuais. - clientela - “o conjunto de pessoas que, de fato, mantêm com a casa de comercio relações contínuas para aquisição de bens ou serviços” (GARRIGUES). Clientela não é freguesia, pois a última se relaciona com o estabelecimento em virtude do local. * ESTABELECIMENTO Estabelecimento comercial é objeto de direito. Pode sofrer alienação, arrendamento e usufruto. A alienação é feita via contrato de trespasse que somente produzirá efeitos em relação a terceiro depois de averbado no RPEM e publicado na imprensa oficial (art. 1.144 do CC). A alienação do estabelecimento não se confunde com a venda do controle da pessoa jurídica, são coisas distintas o controle sobre a pessoa jurídica e o estabelecimento. Após o trespasse, todas as dívidas serão do adquirente. Pelas dívidas anteriores ao trespasse, o adquirente responde desde que os débitos estejam regularmente contabilizados (art. 1.146 CC). O alienante continua solidariamente obrigado pelo prazo de 01 ano: -Se dívida vencida: a partir da publicação de informação de venda (art. 1.144 CC). -Se dívida vincenda: a partir da data do vencimento da dívida. * ESTABELECIMENTO No silêncio, a aquisição do estabelecimento importa a sub-rogação, em favor do adquirente, nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, salvo quando tiverem caráter personalíssimo (art. 1.148 CC) e não houver impugnação dos contratantes em 90 dias contados da publicação do trespasse. Se o trespasse envolver cessão de créditos, os devedores terão que pagar ao adquirente, a partir da publicação. Quando for possível alegar a boa-fé e o desconhecimento da transferência, o pagamento feito ao alienante exonerará o devedor (art. 1.149 CC). Se o contrato for omisso quanto à questão da concorrência (art. 1.147 CC) o alienante não poderá fazer concorrência pelo prazo de cinco anos. * PROTEÇÃO AO PONTO COMERCIAL O ponto comercial ou empresarial é protegido como bem incorpóreo, sendo a valorização atribuída ao lugar (imóvel) onde está situado o estabelecimento comercial e para o qual se destina a clientela. A proteção do ponto comercial dependerá da natureza do direito exercido sobre o imóvel: Se o imóvel pertence ao empresário utiliza-se as normas de tutela da propriedade do CC; Se o imóvel for alheio contratode locação não residencial prevista na Lei de Locações (Lei 8.245/91); A Lei de locação prevê a renovação compulsória da locação não residencial quando o locatário for empresário, contrato por escrito por prazo determinado, a soma dos contratos anteriores ser de no mínimo 05 anos, e haver exploração do mesmo ramo de atividade por no mínimo 03 anos. * NOME EMPRESARIAL O nome comercial ou empresarial é um dos elementos integrantes do estabelecimento, é o traço identificador do empresário tanto o individual, quanto da sociedade empresária. É inalienável!! O art. 1.155 do CC admite dois tipos de nome empresarial: a firma/razão (individual ou social) e a denominação. A firma/razão se caracteriza pela utilização do nome de pessoas físicas na sua composição, seja do próprio empresário individual, seja do sócio da sociedade empresária, podendo ou não indicar a atividade exercida. Artigo 1158, § 1º a firma social deve ser o nome de um ou mais sócios, desde que pessoa física, por inteiro ou abreviado. Ex: Antonio da Cruz – Livreiro ou A. da Cruz, mas não pode Tião, Zé, Cuca. * NOME EMPRESARIAL A firma pode ser: a) Firma individual ou de empresário: somente para o empresário individual. b) Firma social ou razão social: somente para a sociedade empresária. Se sociedade ilimitada, quando não constar o nome de todos os sócios, aparecerá “e Cia”. Exemplos: João da Silva firma individual, Casas José Silva Ltda, Irmão Correia e Cia. Denominação: somente para a sociedade empresária. Deve designar o objeto da sociedade (art. 1158 §2°). A denominação não utiliza o nome civil na sua formação, mas um elemento de fantasia e o ramo da atividade. Exemplos: Globex S/A, Companhia Brasileira de Distribuição, TNG comércio de roupas Ltda, Habra Engenharia Ltda. * NOME EMPRESARIAL * NOME EMPRESARIAL Observações relevantes: A sociedade anônima necessariamente adotará denominação integrada da palavra “sociedade anonima” ou “companhia”, mas pode levar o nome do fundador ou de um acionista (art. 1160 CC); A sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou denominação acrescida de “em comandita por ações“ (art. 1161 CC); A sociedade limitada pode adotar firma ou denominação seguida da palavra “limitada” ou “ltda”; A cooperativa adotará denominação social integrada da palavra “cooperativa” (art. 1159 do CC); A sociedade em nome coletivo ou em comandita simples (responsabilidade ilimitada) só podem adotar firma; O empresário individual necessariamente usará firma; As microempresas e empresas de pequeno porte acrescentarão ao final de seu nome empresarial as siglas “ME” ou “EPP”. * NOME EMPRESARIAL No caso da Sociedade Anonima deve constar a expressão “S.A.” por extenso ou abreviado, no inicio ou no fim. Ou ainda, a expressão “Cia” que pode também ser abreviada ou apresentar-se por extenso. Atenção: Se optar por “Cia” esta deve estar no início. No que tange a assinatura: a) A firma é a mesma assinatura. b) Na denominação a assinatura é do representante legal. Seja denominação seja firma, o nome comercial deve obedecer aos princípios da veracidade e da novidade (art. 34, da Lei 8.934-94). * NOME EMPRESARIAL Uma vez registrado, o nome comercial passa a gozar de proteção em relação apenas àquela unidade da federação onde foi registrado (art. 61 do Decreto 1800/96, art. 1.166 do CC). Para a extensão da proteção do nome a todo o território nacional é necessário fazer o registro na forma de lei especial, sendo que esta não existe. A princípio, o nome comercial é protegido pelo registro na Junta Comercial, que atua no âmbito estadual ou distrital, sendo vedado à mesma aceitar registro de nome já existente, ou de nome que faça confusão com nome já existente. * NOME EMPRESARIAL O Brasil é signatário da Convenção de Paris, incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, com hierarquia de lei ordinária, pelo Decreto 75.572/75. Tal tratado afirma que proteção do nome comercial se estende a todos os signatários da convenção, independente de depósito ou registro. A hierarquia do novo Código Civil implica a derrogação da Convenção de Paris, neste particular, passando a prevalecer a restrição da proteção do nome. IMPORTANTE: nome empresarial (GLOBEX S/A), marca (OMO, GOL, XEROX) e título do estabelecimento (PONTO FRIO, INSINUANTE) não representam o mesmo conceito. * NOME EMPRESARIAL O art. 1.164 do CC dispõe que o nome empresarial não pode ser objeto de alienação, sendo assim, impenhorável. Essa regra é flexibilizada no parágrafo único do mesmo artigo, que estabelece as seguintes condições para a alienação: Transferência por ato entre vivos; Permissão expressa no contrato; Transferência conjunta do estabelecimento; Uso do nome do alienante precedido do nome do adquirente com a indicação de que é sucessor. TÍTULO DO ESTABELECIMENTO: é o apelido que se dá para o estabelecimento. Ex: Companhia brasileira de distribuição (nome empresarial), Pão de Açúcar é o título de estabelecimento. * EXERCÍCIO 1. O adquirente do estabelecimento empresarial responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados. Por qual prazo continua o devedor primitivo solidariamente obrigado quanto aos créditos vencidos e os por vencer? a) 2 anos da publicação ou do vencimento. b) 3 anos da publicação ou do vencimento. c) 1 ano da publicação ou do vencimento. d) 5 anos da publicação ou do vencimento. 2. Assinale a alternativa que indica corretamente os princípios sob os quais, o nome empresarial deverá se pautar. a) princípios da veracidade e da novidade. b) princípios da veracidade e da reciprocidade. c) princípios da reciprocidade e da comodidade. d) princípios da especificidade e da novidade.
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