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Habeas Corpus

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	HABEAS CORPUS
	
	1 - Introdução
	A doutrina é unânime em afirmar que as origens desse instituto, remontam à Magna Carta Libertatum, promulgada por João Sem Terra, cedendo pressões ao clero, condes e barões, consignou na Constituição Inglesa de 1.215 a seguinte previsão:
Artigo 48: “Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdade, senão em virtude de julgamento de seus pares, de acordo com as leis do país” - by the law of the land, mais tarde, com a emenda constitucional americana, recebeu a denominação due process of law.
	No ano de 1.679, pelas mãos do rei Carlos II, surgiu o famoso “Habeas Corpus Act”, com força para a soltura de pessoa ilegalmente presa ou detida em uma prisão pública, cessando, portanto a restrição injusta à liberdade pessoal, que até então não estavam sendo respeitadas no reinado de João Sem Terra. Com a morte deste no ano de 1216, seu filho Henrique III, iniciou o longo e difícil processo de restabelecimento desse direito, sendo no século XVII sob o reinado de Carlos I, que reiniciou a ambição de ser livre.
	A pessoa que estivesse sofrendo uma restrição na sua liberdade, por força do “writ of habeas corpus” pedia ao Juiz a expedição de uma ordem, a fim de que o responsável pela ilegal detenção a apresentasse ao Magistrado, surgindo aqui a expressão habeas corpus – tomes o corpo e apresente, exiba a pessoa detida ao Juiz , para constatar a legitimidade, ou não, do encarceramento ou detenção.
	No ano de 1.816, o “Habeas Corpus Act”, ampliou e corrigiu arestas do anterior (writ of habeas corpus) que previa sua expedição apenas as pessoas acusadas de crime, não tendo aplicação nos demais casos de prisões ilegais
		
Com a promulgação do Código de Processo Criminal, no ano de 1.832, foi previsto pela primeira vez no Brasil, o instituto do “habeas corpus liberatório”, assim dispondo:
Artigo 340: “Todo o cidadão que entender que ele ou outrem sofre uma prisão ou constrangimento em sua liberdade tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus em seu favor”
	Com a reforma do Código de Processo, no ano de 1.871, estendeu-se o remédio heróico àquelas hipóteses em que o cidadão se encontra simplesmente ameaçado na sua liberdade de ir e vir. Estava sendo consagrada o habeas corpus preventivo, que nem sequer foi conhecido na Inglaterra.
	O instituto do habeas corpus foi levado tão a sério no Brasil e desenvolveu-se de tal forma que após a República, quando se organizou a Justiça Federal, por força do Decreto nº 848, de 11.10.1890, estabeleceu até recurso para a Suprema Corte, em todos os casos de denegação de ordem de habeas corpus.
	A Constituição republicana de 1.891 consignou no artigo 72, § 22, a previsão do habeas corpus, assim dispondo:
“Dar-se-á o habeas corpus sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência, ou coação, por ilegalidade, ou abuso de poder”.
	A previsão do “HC” na Constituição republicana, trouxe fervorosa discussão doutrinaria, principalmente entre Rui Barbosa e Pedro Lessa.
	Rui Barbosa, entendia que o remédio jurídico não tinha limites: “onde se der a violência, onde essa coação for ilegal, se essa coação produzir-se por excesso de autoridade, por arbítrio dos que a representam, o habeas corpus é irrecusável”. Portanto, essa teoria influenciou a Excelsa Corte a estender o remédio heróico do habeas corpus a casos de natureza não penal, para a proteção de qualquer direito que tivesse como pressuposto de exercício a liberdade de locomoção.
	Sem outra previsão legal, passou o habeas corpus a servir como medida capaz de amparar o livre exercício dos direitos, estendendo aos funcionários o 2 - direito de penetrar livremente em sua repartição e desempenhar o seu emprego e etc..
	
	A revisão constitucional de 1.926 modificou o texto original (artigo 72 § 22), com a seguinte redação:
“Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer violência por meio de prisão ou constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção”, alijando, portanto, os demais direitos subjetivos.
	A Constituição de 1.934 suprimiu a expressão “locomoção”, assim dispondo em seu artigo 113, inciso 23: 
“Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer, ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade, por ilegalidade ou abuso de poder”.
	Para amparar os demais direitos, criou-se o “Mandado de Segurança”, assim dispondo em seu artigo 113, inciso 33:
“Dar-se-á mandado de segurança para a defesa de direito, certo e incontestável ou ilegal de qualquer autoridade”
As constituições de 1.946, artigo 141, §23, de 1.967, artigo 150, § 20, Emenda Constitucional nº 1, artigo 153, § 20 e o artigo 5º, inciso LXVIII, da Carta atual, mantiveram a mesma redação:
	“Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, pôr ilegalidade ou abuso de poder”. 
Não cabendo o “HC” nas transgressões disciplinares.
2 - Natureza jurídica do “habeas corpus”
O habeas corpus é uma garantia constitucional que se obtém por meio do processo:
O direito a liberdade de locomoção, direito de ir, vir e permanecer; 
Tutela o direito de não ser preso, a não ser em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente;
Direito de não ser preso por dívida, salvo os casos de alimentante inadimplente;
O direito de não ser recolhido à prisão nos casos em que se permite fiança ou liberdade provisória; 
Etc...
O Código de Processo Penal, o considera como recurso, muito embora, para a doutrina dominante, trata-se de uma verdadeira ação, vez que pode ser impetrado mesmo após o transito em julgado da sentença, visando sempre amparar o direito de liberdade (artigo 648 VI, VII do CPP – força de ação), artigo 648 I do mesmo estatuto, agora com força de recurso.
Para que haja recurso, indispensável se torna de regra, a existência de um ato jurisdicional. Para o habeas corpus, bastará a simples ameaça de violência ou ameaça à liberdade de ir e vir.
Trata-se de garantia individual destinada a fazer cessar o constrangimento ou simples ameaça de constrição à liberdade de locomoção.
Frederico Marques, Ada, Gomes Filho, Antonio Scarance Fernandes, esclarecem que o habeas corpus, em razão de qualquer pessoa poder impetrá-lo, pode ser considerado como uma verdadeira ação popular.
Por ser uma ação, esta sujeita às mesmas condições a que se subordinam as ações penais públicas e privadas – possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade “ad causam”.
Haverá possibilidade jurídica do pedido, sempre que houver violência ou coação ilegal ao exercício do direito de ir, vier, permanecer etc.;
Quanto a legitimidade, não existe restrição, podendo ser qualquer pessoa, nacional ou estrangeiro, maior ou menor, inclusive o próprio Ministério Público e o Juiz de ofício (artigo 654, § 2º do CPP);
Enquanto permanecer a coação, haverá o interesse de agir.
3 – Quem pode impetrar
O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa: 
Pelo próprio beneficiário, tenha ou não capacidade postulatória;
No caso de ser analfabeto, alguém poderá assinar o pedido a seu rogo;
Não existe a necessidade de procuração para o advogado impetrar em juízo o pedido do “HC”;
O representante do Ministério Público poderá deduzir a pretensão libertária, na condição de cidadão; bem como, o próprio Delegado de Polícia; 
Pode ser impetrado, pelo maior ou mesmo um menor, nacional ou estrangeiro;
Pode ser impetrada pela pessoa jurídica, não podendo ser impetrado em favor de pessoa jurídica, vez que falta a liberdade ambulatória;
O juiz não pode impetrá-lo, a menos que seja o paciente, no entanto poderá expedir de ofício, sem qualquer provocação, ao constatar que alguém sofre ou esta na iminência de sofrer coação ilegal (artigo654 § 2º do CPP).
Como se vê, o legislador brasileiro deu ampla e irrestrita liberdade para a postulação do “HC”, impedido qualquer obstáculo, a exceção é claro das condições da ação.
A possibilidade do representante do Ministério Público, impetrar com habeas corpus em favor de terceiro, postulando a liberdade ou fim da coação, gerou discussão, no entanto, a Lei Complementar nº 304 de 28.12.1982, artigo 39, inciso V, ratificado posteriormente pelo STF, permitiu ao Ministério Público paulista, impetrar mandado de segurança e habeas corpus, perante Tribunais locais competente, contra atos de autoridade administrativa ou judiciária. 
Se ainda restasse alguma dúvida, a Lei Orgânica Nacional do M.P – Lei nº 8.625, de 12.01.1993, artigo 32, inciso I, pois fim a está questão, dispondo que compete aos Promotores de Justiça, dentro de suas esferas de atribuições, impetrar habeas corpus e mandado de segurança e requerer correição parcial, inclusive perante os Tribunais locais competentes.
Quando o Juiz concede o habeas corpus, em face da provocação ou mesmo de ofício, nos termos do artigo 574, inciso I do CPP, deverá ocorrer o recurso necessário, ou seja, toda concessão deve subir obrigatoriamente ao Tribunal para o conhecimento da medida liberatória. O recurso consiste em consignar no final da decisão a seguinte expressão: “Dessa decisão recorro para o Egrégio Tribunal, podendo ser, conforme o caso, ao Tribunal de Justiça, Alçada, Regional Federal e Regional Eleitoral.
04 – Relaxamento da prisão
O Professor Fernando da Costa Tourinho Filho, discorre sobre uma questão interessante: Quando a autoridade policial encaminha ao Juiz cópia do auto de prisão em flagrante, verificando o juiz a ilegalidade da medida constritiva da liberdade a relaxa, neste caso, deverá, também recorrer de ofício?
Hélio Tornaghi entende afirmativamente;
A doutrina dominante entende o contrário, o relaxamento da prisão não se confunde com habeas corpus de ofício.
Comunicada a prisão ao Juiz, o preso passa a ficar à sua disposição, sendo a prisão ilegal, deve de imediato, relaxar a prisão, sem que esta providencie implique em concessão de habeas corpus.
05 – Competência originária
Qual o órgão competente para a concessão da ordem de habeas corpus?
A doutrina distingue duas espécies de competência: a) competência originária; b) competência recursal.
Competência originária:
O STF tem competência para processar e julgar, originariamente, o habeas corpus nas seguintes hipóteses:
Se o paciente for qualquer das pessoas elencadas no artigo 102, inciso I, letras “a” e “c” da C.., ou seja, o Presidente e Vice-Presidente da República, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros de Estado, os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.
Quando o coator for Tribunal Superior ( STJ, STM, TST, TSE), a competência para julgar o remédio heróico é do STF, 
Quando o coator ou paciente for autoridade ou funcionário (funcionário do próprio STF) cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição em uma única instância. Essas autoridades são aquelas referidas nas alíneas “b” e “c” do inciso I do artigo 102 da C.F, ressalvando, se a autoridade coatora for Ministro de Estado ou Comandante da Marinha ou da Aeronáutica (não obstante estejam elencadas na alínea “c” já mencionada) a competência para processar e julgar o habeas corpus é do Superior Tribunal de Justiça, conforme redação dada pelas Emendas Constitucionais nºs 22 e 23/99.
Se o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a” do inciso I do artigo 105 da Carta Magna, ou seja: Governadores, Desembargadores, membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, membros dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios ou membros do Ministério Público da União que oficiem perante Tribunais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral, o habeas corpus deve ser impetrado ao Superior Tribunal de Justiça, ou quando o coator for Tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral, nos termos da alínea “c” do inciso I do artigo 105 da C.F. e Emenda Constitucional nº 23/99.
Se a autoridade coatora for Juiz Federal, o habeas corpus deve ser impetrado ao Tribunal Regional Federal a que estiver vinculado o Juiz (artigo 108, I, “d” da C.F).
Se o constrangimento partir de qualquer autoridade militar federal e se relacionar com crime cujo processo seja da competência da Justiça Militar Federal, o habeas corpus somente poderá ser impetrado perante o Superior Tribunal Militar, uma vez que os Conselhos de Justiça, órgãos inferiores da Justiça castrense, não tem competência para a concessão do writ.
Compete ao Juiz Federal processar e julgar habeas corpus em matéria criminal da sua competência, ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (artigo 109, VII, da C.F).
No Estado de São Paulo, a C.F, estabelece, no artigo 74, IV, competir ao Tribunal de Justiça processar e julgar os habeas corpus nos processos cujos recursos forem de sua competência, ou quando o coator ou paciente for autoridade diretamente sujeita à sua jurisdição, ressalvada a competência da Justiça Militar nos processos, cujos recursos forem da sua competência.
As autoridades sujeitas a jurisdição do Tribunal de Justiça, são: Vice Governador, os Secretários de Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador Geral do Estado, o Defensor Público Geral, os Prefeitos Municipais, os Juízes dos Tribunais de Alçada e do Tribunal de Justiça Militar, os membros do Ministério Público, o Delegado Geral de Polícia e o Comandante Geral da Polícia Militar.
06 – Competência recursal
Quando impetrada a ordem perante o Juiz de instância inferior e houver denegação, o interessado disporá de dois caminhos:
Interpõe o recurso em sentido estrito, previsto no artigo 581 , X do CPP (para interpor o recurso é preciso ter legitimidade);
Impetra outra ordem diretamente ao Tribunal competente (Tribunal de Justiça, Regional Federal, Regional Eleitoral ou Superior Tribunal Eleitoral).
Exemplos:
Se a coação estiver relacionada a matéria eleitoral e a denegação partir do Juiz Eleitoral, o recurso oponível é aquele previsto no artigo 581, X, do CPP, conforme previsão do artigo 364 do Código Eleitoral. Se a denegação partir do TRE, tanto poderá ser interposto o recurso ordinário-eleitoral, no prazo de 3 dias, para o TSE, nos termos do artigo 276, II, b, combinado § 1º, do mesmo dispositivo, todos do Código Eleitoral, como poderá também, o interessado impetrar outra ordem diretamente ao TSE.
Se o pedido for denegado pôr Juiz Federal, caberá ao interessado impetrar outro direitamente ao TRF da sua área, ou encaminhar o competente recurso (artigo 581, X do CPP);
Relacionando-se constrangimento com infrações da competência da Justiça Comum Estadual, e sendo autoridade coatora o Juiz de Direito, ou se impetra outra ordem ao Tribunal de Justiça, ou se interpõe o recurso em sentido estrito, conforme previsão já mencionada;
07 – O recurso ordinário-constitucional e o agravo de instrumento
	O recurso ordinário-constitucional é interposto perante o Presidente do Tribunal que denegou a ordem de habeas corpus. 
	Questão que se coloca é saber se o Presidente não tomar conhecimento do recurso?
	Embora não tenha sido previsto expressamente, por analogia, deverá ser interposto o agravo de instrumento para o STJ.
	No mesmo sentido, o Professor Antonio Scarance Fernandes: 
a) Ocorrendo a denegação de HC pelos Tribunais Superiores,nos termos do artigo 102, II, a, da CF, oponível será o Recurso Ordinário-Constitucional ao STF;
b) Se a denegação do HC for pelo TRF ou Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do artigo 105, II, a, da CF, o Recurso Ordinário-Constitucional deverá ser protocolado no STJ.
Procedimento:
- o prazo será de (5) cinco dias;
- a petição deverá ser endereçada ao Presidente do Tribunal recorrido, com as razões do pedido de reforma; 
	- O Ministério Público terá (2) dois para manifestar-se (parecer);
	- O relator ao receber o recurso, marcará a data para o julgamento.
	8 – O habeas corpus na Justiça Militar
	Na Justiça Militar, os pedidos de habeas corpus são sempre dirigidos aos órgãos de 2º grau. Se a denegação partir do Tribunal Militar Estadual, o recurso será dirigido ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) ; se do STM (Superior Tribunal Militar) , para o STF (Supremo Tribunal Federal).
	9 – Casos que comportam a impetração de habeas corpus
Se o Juiz recebe denúncia ou queixa, cujo fato descrito não constitua crime em tese, cabe habeas corpus;
Mesmo que o fato descrito constitua crime, se os autos do inquérito ou peças de informação que instruíram a denúncia ou queixa não contiverem algum elemento sério de convicção quanto à existência do crime ou sua autoria, cabe o habeas corpus para trancar a ação penal, por falta de justa causa;
Se o condenado, após cumprir a pena, continuar no cárcere, cumprindo eventual medida de segurança, cabe o habeas corpus, com fundamento no artigo 648, II do CPP;
Mesmo depois de haver transitado em julgado eventual sentença condenatória, se o processo for manifestamente nulo, como por exemplo: se o crime deixou vestígio e não houver exame de corpo de delito direito ou indireto, se não houver citação ou esta se fez irregularmente, se a defesa não interveio etc., cabe o habeas corpus;
Se estiver extinta a punibilidade, cabe o habeas corpus;
Se o Juiz, no sursis, impuser condição estapafúrdia que implique constrangimento, cabe habeas corpus, como por exemplo: se o Juiz, num processo-crime pôr agressão do marido contra a esposa, na sentença condenatória conceder o sursis, estabelecendo como uma das condições, o dever do condenado, mensalmente, ir com a esposa ao Fórum;
Se o auto de prisão em flagrante não atender às exigências legais, cabe habeas corpus etc..
10 - Observação 
O pedido de habeas corpus deve ser formulado em duas vias; 
Poderá ser remetido pelo correio;
A segunda via deverá ser encaminhada, mediante ofício, a autoridade apontada como coatora para que possa prestar informações necessárias, que deverão ser prestadas dentro de um prazo exíguo;
O artigo 654 § 1º descreve os requisitos que deverá conter na petição de habeas corpus, sua falta, deverá provocar do Presidente do Tribunal ou mesmo ao Juiz de 1º instância, a devolução para o preenchimento correto, não ocorrendo, será indeferido liminarmente.
A incompetência, fatalmente gera liminarmente o indeferimento do pedido.
11 – Quando o constrangimento é ilegal:
O habeas corpus pode ser preventivo ou liberatório. O Primeiro pode ser impetrado quando houver ameaça à liberdade de locomoção. O segundo, quando o paciente já estiver sofrendo a violência ou coação na sua liberdade ambulatória. Ambas geram um constrangimento, podendo se dizer que o constrangimento é espécie de que são gêneros a violência e a coação.
O artigo 647 do CPP dispõe: “Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir”
O artigo 5º, LXVIII, da C.F, discorre: “ Conceder-se-á habeas corpus, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer......”
Sofrer violência ou coação ou se achar ameaçado de sofrê-la, parece claro que a violência tanto pode ser atual como iminente, a que esta ocorrendo e a que esta prestes a se desencadear.
O habeas corpus, como já foi visto, vem para proteger o direito de ir, vir e ficar, enfim, a liberdade de locomoção, desde que haja um constrangimento ilegal.
Quando o constrangimento pode ser considerado ilegal:
1 – Quando não houver justa causa. Se o ato de que se queixa o cidadão não tem sanção da lei, ou não satisfaz os seus requisitos, não há justa causa;
2 – Quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei. Se o réu foi condenado a 3 anos e já está no cárcere há 3 anos e um dia, evidente o constrangimento ilegal. A discussão doutrinaria surge nos casos de prisão provisória. 
Para uma corrente, os prazos devem ser somados, para se verificar se ocorreu ou não o excesso. Num processo de rito ordinário da alçada do Juiz singular, entre a segregação e a sentença, nos termos da reforma do Código de Processo Penal, Lei nº 11.719/08, artigo 412, o prazo para conclusão da instrução é de 90 dias, se for ultrapassado, sem justificava, haverá constrangimento ilegal.
Vejamos os prazos: inquérito réu preso (10 dias); denúncia réu preso (05 dias); defesa prévia ou escrita (10 dias); manifestação do representante do Ministério Público ou querelante (5 dias); inquirição de testemunhas e diligências preliminares sobre os requerimentos apresentados (10 dias); audiência única para declarações da vítima, oitivas das testemunhas de acusação e defesa, esclarecimentos dos peritos, interrogatório do réu e os debates orais, decisão (10 dias) = 90 dias
Há excesso de prazo na conclusão ou remessa do inquérito de réu preso a juízo;
Quando, decretada a prisão preventiva, o inquérito volta à polícia para diligências;
Há excesso de prazo para o oferecimento da denúncia.
No entanto, tem sido tolerado o excesso de prazo global (81 dias), quando:
Decorra manobras da defesa;
Da internação do réu para exame psiquiátrico.
No STF, o entendimento dominante é no sentido de que os prazos se contam separadamente, sendo este, o mesmo entendimento do Professor Fernando da Costa Tourinho Filho.
Conclui-se que os prazos podem até se excederem, o que não pode ocorrer é a manutenção da prisão, redundando aqui, em verdadeiro constrangimento ilegal.
03 – Quando quem ordenar a coação não tiver qualidade para fazê-lo. Toda e qualquer autoridade policial, fora das hipóteses de flagrante delito, implica constrangimento ilegal, porque lhe falece competência para determiná-la;
04 – Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação. Se o réu há cumpriu a pena que se lhe impôs, sua permanência no cárcere traduz indisfarçável constrangimento ilegal; se a fiança já foi prestada; se a prisão preventiva foi revogada; se houve a despronúncia; se foi concedido o sursis etc.., em todos esses casos, se o réu continuar preso, o meio hábil e rápido de fazer cessar o constrangimento por haver desaparecido o motivo que autorizou a coação é o habeas corpus.
05 – Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza. Se a infração for afiançável, não se justifica a demora ou muito menos a sua concessão.
06 – Quando o processo for manifestamente nulo. É preciso tratar-se de nulidade evidente, ou seja, quando ausente pressupostos de existência da relação processual, ou de processo válido, ou faltar condição de procedibilidade. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, os atos processuais contaminados pela nulidade serão renovados.
07 – Quando extinta a punibilidade.
11 – Salvo Conduto
Em se tratando de habeas corpus preventivo, se concedido, será expedido um salvo-conduto, assinado pela autoridade competente, visando a conceder livre trânsito ao seu portador, de molde a impedir-lhe a prisão ou detenção pelo mesmo motivo que ensejou o pedido de habeas corpus.
12 – Finalidade do habeas corpus, pode ele trancar o processo?
A finalidade do habeas corpus consiste em fazer cessar o constrangimento ilegal ou ameaça de um ilegal constrangimento. Se for liberatório, o pacienteserá posto em liberdade ou, se estiver em liberdade, cessa o constrangimento, se preventivo, pôr meio dele se visa a impedir que o constrangimento venha a efetivar-se e, pôr isso, expede-se um salvo-conduto, não podendo o paciente, pelo fato que lhe deu origem, vir a ser preso ou sofrer ameaça de sê-lo.
Se houver inquérito policial ou processo criminal em andamento, implica a concessão do habeas corpus seu trancamento? 
Depende: se o juiz entender que o fato objeto de um inquérito policial é absolutamente atípico, aquele será trancado.
O trancamento de inquérito policial através do habeas corpus só pode ocorrer como medida excepcional, quando se verifica ausência evidente de criminalidade. Existindo suspeita de crime, não se tem como impedir se prossiga na investigação.
13 – Apresentação do paciente
Impetrada a ordem de habeas corpus, estando preso o paciente pode o Juiz ou até mesmo o Tribunal, se entender conveniente, determinar sua apresentação em dia e hora que forem designados. O não atendimento a essa determinação, sem justo motivo, pode redundar ao responsável, prisão e processo. Em caso de enfermidade grave, nada impede que o Juiz, possa dirigir-se até o local onde o paciente se encontra.
14 – Sanções
Uma vez concedida a ordem, resta saber se houve ou não má-fé ou indisfarçável abuso de poder por parte da autoridade que determinou a coação. Em caso afirmativo, será condenado a pagar as custas respectivas, devendo ser extraídas certidões das peças necessárias do habeas corpus e encaminhas ao representante do Ministério Público, vislumbrando infringência aos artigos 3º e 4º da Lei 4898/65 – que definem os crimes de abuso de autoridade.
15 – Pedido de Informações
Impetrado o habeas corpus, o Juiz, ou o Tribunal, se entender necessário, poderá requisitar À autoridade tida como coatora as informações sobre o constrangimento ou ameaça de constrangimento à liberdade. Recebidas as informações ou dispensadas, será o habeas corpus apreciado dentro de 24 horas, se o órgão julgador for Juiz singular ou Tribunal.
16 – Intervenção do Ministério Público
Embora possa o representante do Ministério Público recorrer da decisão concessiva do habeas corpus, não é ouvido, para sua concessão.
17 – Como pode ser impetrada a ordem de habeas corpus
O pedido é formulado por meio de petição circunstanciada que deverá conter:
Indicação do órgão a quem é dirigida – juiz ou Tribunal;
O nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
A declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça ou coação, as razões em funda o seu temor;
A assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências.
Dependendo da urgência, o habeas corpus pode ser impetrado pôr telegrama, ou faz.
No habeas corpus usam-se as expressões: 
Paciente – para designar a pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer um constrangimento ilegal;
Impetrante – a pessoa que pede a ordem de habeas corpus;
Impetrada – a autoridade a quem é dirigido o pedido;
Coator – a pessoa que exerce ou ameaça exercer o constrangimento;
Detentor – a pessoa que detém o paciente.
Conforme já foi visto, não se exige capacidade postulatória para impetrar com o habeas corpus, no entanto, tal capacidade, torna-se indispensável para a interposição do recurso em caso de indeferimento do pedido, bem como para a sustentação oral nos Tribunais.
18 – Concessão
Concedida a ordem, será expedido ofício assinado pela autoridade competente (Juiz, Presidente de Tribunal, Presidente de Turma, de Câmara ou da Secção Criminal). Este ofício é encaminhado à autoridade coatora, podendo ser dirigido ao detentor ou até mesmo ao carcereiro.
Em se tratando de habeas corpus liberatório, será expedido alvará de soltura, salvo se o paciente, por outro motivo, dever continuar preso.
O carcereiro, diretor da prisão, o escrivão, oficial de justiça ou autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição da ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução ou apresentação do paciente, ou a sua soltura, será processado criminalmente por desobediência, sendo ainda submetido ao pagamento de multas arbitradas pelo juiz ou Tribunal que julgar o feito.
19 – Liminar em habeas corpus
A doutrina cita como uma das mais belas criações da nossa jurisprudência, a liminar em pedido de habeas corpus, assegurando de maneira eficaz o direito de liberdade.
Em novembro de 1964 a Auditoria da 4º Região Militar decretou a prisão do Governador do Estado de Goiás, Mauro Borges. Quando as tropas sediadas em Anápolis-GO, já se encontravam marchando em direção a Goiânia para o cumprimento da decisão, impetrou-se o habeas corpus, que recebeu o número 41.296, distribuído ao relator, Ministro Gonçalves de Oliveira. Naquele dia não havia sessão no STF e, o referido Ministro, concedeu a liminar, pois, do contrário, de nada adiantaria a apreciação do habeas corpus: a violência já estaria consumada.
Na decisão, observou o que segue:
“Se no mandado de segurança pode o Relator conceder a liminar até em casos de interesses patrimoniais, não se compreenderia que, em casos em que está em jogo a liberdade individual ou as liberdades públicas, a liminar, no habeas corpus preventivo, não pudesse ser concedida”
Até então, a liminar estava prevista apenas para as questões relacionadas ao mandado de segurança, agora, por analogia, em pedido de habeas corpus, restando, como requisito, além das condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse e legitimidade para agir) a existência do periculum in mora (grave dano) e o fumus boni juris (em conformidade com as regras jurídicas).
20 – Extensão
O habeas corpus só tem cabimento, em favor de pessoa determinada, no entanto, havendo possibilidade de individualizar uma delas, os demais poderão ser beneficiados, aplicando-se, pôr analogia, a regra do artigo 580 do CPP. Exemplo: os empregados de determinado estabelecimento, os moradores de alguma casa etc..(pessoas indeterminadas).
21 – Reiteração
	O pedido de habeas corpus pode ser reiterado no juízo de 1º grau, de 2º grau, ou até mesmo no STJ ou STF, pela mesma pessoa que impetrou o primeiro, ou pôr outra. A reiteração deve ser formulada com novos documentos ou novos argumentos, pois, se for mera reprodução de outro já indeferido, a Excelsa Corte, dele não irá conhecer.
	Se for impetrado pedido de habeas corpus e o interessado quiser substituí-lo pôr outro, poderá fazê-lo, desistindo do primeiro e apresentando novo.
	22 – Recursos extraordinário e especial
Se a concessão ocorrer na 1º instância (Justiça Comum Estadual, Justiça Comum Federal, Justiça Eleitoral), oponível será o recurso em sentido estrito, com fundamento no artigo 581, X, do CPP, podendo o próprio Juiz recorrer de offício, conforme prescreve o artigo 574, I, do CPP;
Se a decisão denegatória partir do TRE, poderá ser interposto o recurso a que alude o artigo 276, II, b do Código Eleitoral, dentro no prazo de 3 dias, a partir da publicação da decisão (Código Eleitoral, artigo 276, § 1º);
Nos demais casos, se concedido o remédio heróico, o recurso oponível será o extraordinário ou especial. O primeiro dirigido ao STF e o segundo, ao STJ.
Se a decisão concessiva do habeas corpus, proferida em única ou última instância, provier dos Tribunais Regionais Federais, Tribunais de Justiça, Tribunais de Justiça Militar, cabível será o recurso especial.
23 – Quando não cabe o habeas corpus?
Nas transgressões disciplinares não cabe o habeas corpus. Em se tratando de punição disciplinar militar, o § 2º do artigo 142 da C.F, não permite o uso de HC, contudo, se, quem punir não tiver autoridade para fazê-lo, se houver excesso de prazo da medida constrangedora. Se não houver previsãolegal, será cabível sim, o habeas corpus. A constituição atual não cuidou do assunto, portanto, nos casos elencados, cabe.
24 – Ato de particular
A questão que se coloca é de saber, se pode ser impetrada ordem de habeas corpus contra ato do particular?
Para uma corrente, o constrangimento há de provir de uma autoridade. Quando a violência provier de particular, dizem, caberá a ação da polícia para frustrá-la;
No entendimento de Costa Manso, Magalhães de Noronha, Pedro Lessa, Aureliano Guimarães, João Mendes Jr., Bento de Faria, entendem que a ilegalidade pode emanar do particular.
A Constituição Federal, não trata da questão, referindo-se apenas em liberdade ou abuso de poder, expressões amplas que não se circunscrevem à conduta de autoridade.
A Jurisprudência oscila no seu entendimento. Diante da ilegalidade do particular, não intervindo a polícia, restará a medida cautelar do habeas corpus. A doutrina cita o exemplo do filho que internou os pais no Departamento de Geriatria D. Pedro II, da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, no Jaçanã, em São Paulo.

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