Buscar

No passo crítico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Diversidade de gênero no contexto da sociedade democrática brasileira.
No passo crítico, muitas vezes poderá ser necessário investigar teses de natureza não filosófica. Por exemplo, alguém pode defender determinadas concepções baseando-se em textos religiosos como a Bíblia. É evidente que uma primeira forma de abordar a questão é discutir criticamente até que ponto um texto religioso pode ter algum papel normativo numa sociedade democrática, em que a liberdade de culto é assegurada. Mas também pode ser estimulante trabalhar em conjunto com o professor de ensino religioso e verificar se aquela concepção realmente está em consonância com o texto sagrado. O objetivo aqui não é dizer se o texto está certo ou errado ou se ele é bom ou mau, mas apenas compreender o que ele realmente diz, e essa preocupação é genuinamente filosófica. Esse passo crítico, como viu-se, não tem o propósito de demonstrar esta ou aquela teoria, mas de chegar a uma conclusão talvez mais Socrática:
 “não podemos dizer que esta ou aquela opção sexual é melhor ou pior do que outras, em sentido absoluto Talvez estejam certos aqueles que defendem que os homossexuais deveriam fazer tratamentos para “curar-se” e, assim, atingir uma suposta felicidade mais plena, a salvação, a purificação etc. Mas não há nada que demonstre isso racionalmente. Então, vai ser preciso deixar espaço para a decisão individual. Mas, então, mesmo que não concordemos com ela, teremos que reconhecê-la, respeitá-la e protegê-la, enquanto fruto de uma vontade tão livre e digna quanto a nossa.” 
O último passo é a consolidação do que foi aprendido, tanto em termos de conteúdos e argumentos, quanto em termos de habilidades e competências. É fundamental que haja estratégias de síntese, sistematização, reconstrução e avaliação do que for aprendido. De preferência, isso não deve ser feito apenas no final, mas ao longo do processo, para que a consolidação do que foi aprendido auxilie nas novas atividades que forem propostas. Existem muitas formas de fazer isso, desde esquemas e sínteses no quadro, revisões orais no início ou no final das aulas, respostas a questionários, elaboração de textos, aplicação do que foi estudado para compreender situações similares, dentre muitas outras. O importante é que o aluno compreenda o que vai ser feito, quais são os objetivos e quais são os critérios para determinar o que está certo e o que está errado. Também é importante que as atividades sejam, em algum nível, desafiadoras, para promover o desenvolvimento da autonomia intelectual dos estudantes. 
Conclusão 
As estratégias propostas aqui estão obviamente muito ligadas ao modo como eu compreendo atualmente a questão da diversidade de gênero no contexto da sociedade democrática brasileira. Quem compreende a questão de 28 Ensino de Filosofia, Gênero e Diversidade outra forma, obviamente considerará mais adequadas outras estratégias. De fato, essa discussão ainda está em aberto na sociedade. Por isso, não é de se esperar que haja unanimidade na Escola se ela não existe na sociedade. A Escola é, sob vários aspectos, um retrato da sociedade. Então, também será educativo que o aluno tenha contato com diferentes formas de abordar o tema, é claro que dentro dos limites estabelecidos tanto pela vida democrática quanto pelas ciências pedagógicas. Por outro lado, na filosofia o que um método didático pode fazer de melhor é “deixar o conteúdo falar”. É a própria natureza das questões em jogo o que deve atrair os alunos para participar das aulas. Assim, mudanças muito sutis na concepção filosófica do professor de filosofia podem implicar grandes mudanças metodológicas, pois o método terá de adequar-se para deixar as próprias questões em jogo conduzirem o processo pedagógico. O caminho do filosofar não é um meio para atingir a filosofia, mas antes é a própria filosofia.

Outros materiais