O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COGNITIVA 01

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Disciplina: Teorias e Sistemas Psicológicos IV
PROFESSOR: PAULO COGO, Doutor.
Curso de Psicologia
Unidade I: Visão Histórica da Psicologia Cognitiva
O surgimento da Psicologia Cognitiva
O surgimento da Psicologia Cognitiva
A Psicologia Cognitiva é uma abordagem recente da Psicologia Científica.
Além dos avanços filosóficos e psicológicos, progressos em outros campos também contribuíram para o desenvolvimento do cognitivismo  e da moderna Psicologia Cognitiva, campo científico do conhecimento que defende a tese de que muito do comportamento humano pode ser compreendido se entendermos, primeiramente, como as pessoas pensam.
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Os campos que mais contribuíram para a emergência da moderna Psicologia Cognitiva são a Psicobiologia ou Psicologia Biológica, a Psicologia Fisiológica ou Biopsicologia, a Linguística e a Antropologia, assim como os campos tecnológicos dos Sistemas de Comunicação, Engenharia e Informática.
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Ironicamente, um dos primeiros discípulos de John Watson, o pai do Behaviorismo Radical, Karl Spencer Lashley (1890-1958), inclui-se entre os primeiros (em um simpósio de 1948) a articular a necessidade dos psicólogos irem além do Behaviorismo, estudando tópicos dificilmente explicados pelas simples relações de estímulo-resposta, e a adotarem outros métodos, além da manipulação experimental de contingências ambientais (Gardner, 1985).
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Lashley estava profundamente interessado em neuroanatomia (o estudo das estruturas cerebrais) e em como a organização do cérebro “governa” a atividade humana.
Ele contestou impetuosamente o ponto de vista behaviorista de que o cérebro humano é um órgão passivo, que simplesmente responde às contingências ambientais externas ao indivíduo.
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Ao contrário, considerou o cérebro como um organizador ativo e dinâmico do comportamento planejado.
Ele procurou entender como a organização do cérebro humano possibilita atividades tão complexas e planejadas como o desempenho musical, as atividades esportivas e o uso da linguagem, nenhuma das quais explicável em termos das simples relações de estímulo-resposta.
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Na oportunidade, os behavioristas não ousaram concordar com Lashley.
Ao contrário, B. F. Skinner (1957) escreveu um livro inteiro descrevendo como a aquisição e o uso da linguagem podiam ser explicados puramente em termos das contingências de estímulo-resposta.
Em 1959, o linguista Noam Chomsky escreveu uma contundente revisão das ideias de Skinner.
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Em seu artigo, ele enfatizou o potencial criativo da linguagem, a partir do número infinito de sentenças que podemos produzir com facilidade, desafiando as noções behavioristas, segundo as quais aprendemos a linguagem apenas por reforço.
Mesmo as crianças pequenas estão continuamente produzindo novas frases para as quais não poderiam ter sido reforçadas no passado.
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Chomsky afirma que nossa compreensão da linguagem é compelida não tanto pelo que ouvimos, mas por um dispositivo de aquisição da linguagem inato (DAL) que todos os seres humanos possuem.
Desse modo, é a estrutura da mente, em vez da estrutura dos padrões mundiais de estímulo-resposta, que determina nossa aquisição da linguagem.
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A aquisição e o uso da linguagem, como uma expressão da mente humana, também intrigaram antropólogos como Claude Lévi-Strauss.
Lévi-Strauss (1958/1963) percebeu que muitos fenômenos linguísticos diferentes, observáveis nas culturas ao redor do mundo, podem ser explicados em termos de variações sistemáticas.
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Para Lévi-Strauss, todas essas variações através das culturas são unificadas pela organização fundamental da mente humana.
Desse modo, a cultura humana é uma expressão da mente humana, a qual tem características fundamentais comuns que podem ser expressas de maneira diferente por meio das culturas, desde as sociedades menos orientadas tecnologicamente até as mais sofisticadas tecnologicamente.
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Contrário à ideia de superioridade e privilégio da civilização ocidental, acreditava e enfatizava que a mente selvagem e tribal é igual à mente civilizada.
Seus estudos sobre as comunidades não-civilizadas, baseados no campo da linguagem e da linguística, possibilitaram novas perspectivas também para a psicologia, ajudando a entender como a mente humana trabalha.
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O antropólogo rejeita a ideia de privilégio do ser humano no mundo, e acredita que nós devemos mudar nosso comportamento em prol de um mundo melhor, conforme sua célebre frase dita em 2005, quando recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha:
" Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".
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Lévi-Strauss se diz convencido de que as leis do pensamento não diferem das que ocorrem no mundo físico e na realidade social que não é senão, ela mesma, um de seus aspectos.
Para ele a Antropologia tem por tarefa elucidar a variabilidade aparente dos fenômenos sociais e culturais trazendo à luz invariantes mínimos, isto é, regularidades recorrentes na organização de sistemas de relações cujo funcionamento obedece na maioria das vezes a regras inconscientes.
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A hipótese de que esses invariantes estão fundados tanto sobre determinações materiais (a estrutura do cérebro, as características biológicas do homem, as modalidades de sua atividade produtiva e as propriedades físicas dos objetos do seu ambiente), quanto sobre alguns imperativos trans-históricos da vida social.
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Além dos progressos científicos da Psicologia, Antropologia, da Linguística, etc., os avanços tecnológicos também influenciaram a maneira pela qual os psicólogos passaram a compreender a mente humana.
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Os avanços tecnológicos nas telecomunicações, na manipulação de fatores humanos e nos computadores digitais levaram a progressos análogos na teoria psicológica, particularmente em relação ao processamento da informação (processamento cognitivo e psicológico).
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Cada uma dessas ideias inspiradas pela tecnologia sustenta a noção de que ocorrem eventos importantes no interior da mente humana e que os psicólogos devem tentar compreender essas atividades mentais.
Além disso, alguns pesquisadores chegaram a acreditar que uma maneira de tentar entender a mente humana é observando e até criando modelos tecnológicos de processamento da informação.
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No final dos anos 50, alguns psicólogos estavam intrigados pela incômoda ideia de as máquinas podiam ser programadas para demonstrar o processamento inteligente da informação.
Em 1956, uma nova expressão entrou em nosso vocabulário: Inteligência Artificial (IA), a tentativa humana para construir sistemas que mostrem a inteligência e, particularmente, o tratamento inteligente da informação (Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary,10. ed., 1993).
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No início dos anos 60, os avanços em Psicobiologia, na Linguística, na Antropologia e em Inteligência Artificial, assim como as reações contra o Behaviorismo por muitos dos psicólogos de maior influência, convergiram para criar uma atmosfera propícia à atual revolução cognitiva.
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Os antigos cognitivistas (p. ex., Mille; Galanter & Pribram, 1960; Newell, Shaw & Si­mon, 1957) argumentaram que as explicações behavioristas tradicionais do comportamento eram inadequadas, precisamente porque nada diziam - na verdade, não tomavam conhecimento - sobre como de fato as pessoas pensam.
O surgimento da Psicologia CognitivaO livro de Ulric Neisser, Cognitive Psychology (1967), foi especialmente decisivo para tornar bem conhecido o cognitivismo, por meio da informação a estudantes de graduação e de pós-graduação e a professores universitários sobre esse campo de recente desenvolvimento.
Neisser definiu a Psicologia Cognitiva como o estudo da maneira como as pessoas aprendem, estruturam, armazenam e usam o conhecimento.
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Ulric Neisser é professor de Psicologia na Universidade de Emory.
Seu livro Cognitive Psychology lançou a “revolução cognitiva na psicologia”.
O pesquisador é também um importante proponente de uma abordagem ecológica à cognição e mostrou o valor de estudar-se o processamento cognitivo em contextos ecologicamente válidos.
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Posteriormente, Allen Newell e Herbert Simon (1972) propuseram modelos detalhados do pensamento humano e da resolução de problemas, partindo dos níveis mais básicos para os mais complexos.
Durante os anos 70, a Psicologia Cognitiva foi amplamente reconhecida como um importante campo do estudo psicológico, com um conjunto característico de métodos de pesquisa.