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Lei nº 8112 90 Regime Jurídico Único Das Disposições Preliminares

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Lei 8.112/90 | Material de Apoio
Professor Robson Fachini 
A Lei 8.112/1990 é o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União. 
A sua finalidade é regulamentar o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das 
fundações públicas federais. 
De forma resumida, podemos dizer que as finalidades específicas de um estatuto de servidores são: 
I. regulamentar as formas de acesso aos cargos públicos federais, as formas de vacância, os direitos e deveres do
servidor;
II. definir a sua responsabilidade;
III. impor penalidades administrativas em decorrência do descumprimento das obrigações;
IV. disciplinar a apuração das infrações administrativas por meio de processos administrativos e sindicâncias; e
V. regular também as normas relativas à seguridade social do servidor público federal.
1.1 TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Os artigos 1º ao 4º apresentam as disposições preliminares do Estatuto dos Servidores Públicos da União. Mais 
precisamente, este título trata do grau de abrangência desta lei, ou seja, a quem ela se aplica e, neste contexto, será 
apresentado o conceito de servidor e cargo público, bem como as suas principais características. 
1.2 ABRANGÊNCIA 
A Lei 8.112/90 é uma lei federal, isso significa que ela é aplicada apenas à Administração Pública Federal. 
Sendo assim, a Lei 8.112/90 não é aplicada aos estados, municípios e ao Distrito Federal. 
Cuidado para não confundir lei nacional com lei federal. Lei nacional é a lei criada pelo Congresso Nacional e 
que é aplicada a todos entes federados (União, estados, DF e municípios). Lei federal é a lei criada pelo Congresso 
Nacional e que é aplicada apenas à União, não tendo aplicação para os estados, o DF e os municípios. 
Apesar de a Lei 8.112/90 ser aplicada para a administração pública federal, ela não é aplicada para todas as 
entidades da administração pública federal. As entidades da administração pública federal que se submetem aos 
ditames da Lei 8.112/90 estão definidas no artigo 1º da referida Lei: 
 Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das 
autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais. 
Este estatuto é aplicado aos servidores públicos da administração pública federal direta e das autarquias 
federais, inclusive as em regime especial (como exemplo, as agências reguladoras federais), e as fundações públicas 
federais. 
Relembrando, este estatuto não é aplicado para toda administração pública federal. Ele alcança toda 
administração direta federal, mas não alcança toda a administração indireta federal. No que tange a administração 
pública indireta federal, este estatuto abrange as autarquias, inclusive as em regime especial e as fundações públicas, 
mas ele não alcança as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
Convém observar que a administração pública direta da União abrange os órgãos que compõe a estrutura 
administrativa dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário) e do Ministério Público da União. Logo, a Lei 
8.112/90 é aplicada aos servidores públicos que trabalham em todos os órgãos mencionados neste parágrafo. 
Por fim, este estatuto é aplicado apenas aos servidores públicos civis da União, ele não é aplicado aos 
servidores militares da União. 
1.3 SERVIDORES PÚBLICOS 
O artigo 2º da Lei 8.112/90 apresenta o conceito de servidor, veja: 
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. 
No rol dos agentes públicos encontra-se qualquer pessoa física que esteja no exercício de função pública 
(mandato, cargo, emprego e função pública não ligada nem a mandato, cargo ou emprego). Todavia, a Lei 8.112/90 é 
aplicada apenas para aqueles que possuem cargo público dentro da administração pública federal. 
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Sendo assim, a Lei 8.112/90 não é aplicada aos ocupantes de mandatos federais, empregos públicos federais 
e funções públicas federais não ligadas nem a mandato, cargo ou emprego público federal. 
1.4 CARGOS PÚBLICOS 
O artigo 3º da Lei 8.112/90 apresenta o conceito de cargo público, veja: 
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura 
organizacional que devem ser cometidas a um servidor. 
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com 
denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter 
efetivo ou em comissão. 
O parágrafo único do artigo 1º garante acessibilidade aos cargos públicos a qualquer brasileiro, seja nato ou 
naturalizado que preencha os requisitos exigidos. No entanto, o § 3º do art. 5º também garante aos estrangeiros o 
direito de ocupar cargo público na administração pública federal. Veja: 
§ 3º do art. 5º. As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais 
poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo 
com as normas e os procedimentos desta Lei. 
 Sendo assim, conclui-se que brasileiros e estrangeiros podem assumir cargo público na administração pública 
federal. 
1.4.1 CRIAÇÃO DOS CARGOS PÚBLICOS 
Os cargos públicos apenas podem ser criados por lei. Sendo assim, não se admite a criação de cargos públicos 
por outros atos estatais, tais como decretos, medidas provisórias ou sentenças judiciais. 
Em regra, a lei de criação de um cargo público federal é da presidência da república, porém essa regra é aplicada 
apenas aos cargos públicos federais subordinados ao poder executivo federal. 
1.4.2 EXTINÇÃO DOS CARGOS PÚBLICOS 
Em regra, os cargos públicos devem ser extintos por lei, todavia, caso o cargo público esteja vago, o artigo 84 
inc. VI alínea “b” da Constituição Federal determina que a presidência da república possa extingui-lo por meio de 
Decreto (Decreto Autônomo). 
A competência presidencial para extinguir os cargos públicos vagos mediante decreto pode ser delegada a 
outras autoridades públicas, conforme descrito no parágrafo único do art. 84 da CF: 
Art. 84. Da CF. Compete privativamente ao Presidente da República: 
VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e 
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da 
União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 
1.4.3 ESPÉCIES DE CARGOS PÚBLICOS 
Os cargos públicos federais podem ser classificados em três espécies: cargo efetivo, cargo em comissão e cargo 
de natureza especial. Além desses cargos, existem também as funções de confiança. 
1.4.3.1 CARGOS EFETIVOS 
Os cargos públicos efetivos são aqueles que somente podem ser providos mediante aprovação em concurso 
público, em razão disso, o ocupante de cargo efetivo não pode ser demitido ou exonerado por ato discricionário de 
autoridade superior, ainda que este não tenha adquirido a estabilidade. 
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1.4.3.2 CARGOS EM COMISSÃO OU DE CONFIANÇA 
Os cargos públicos em comissão, também chamados de cargos de confiança, são cargos de livre nomeação e 
livre exoneração, sendo assim, o provimento dos cargos em comissão não depende de aprovação em concurso público, 
ou seja, a autoridade competente poderá nomear qualquer pessoa que preencha os requisitos legais para preenche-
lo, servidor público ou não. 
Os ocupantes de cargo em comissão não se submetem a estágio probatório e não adquirem estabilidade no 
serviço público. 
Muito cuidado para não confundir cargo em comissão, que é sinônimo de cargo deconfiança, com função de 
confiança. 
Uma função de confiança é um tipo de função pública que somente pode ser ocupada por um ocupante de 
cargo efetivo. 
É importante destacar que os cargos em comissão e as funções de confiança destinam-se apenas as atribuições 
de direção, chefia e assessoramento. 
O art. 37 inc. V da Constituição Federal apresenta as diretrizes para o preenchimento de cargos em comissão e 
funções de confiança e a finalidade dos mesmos. Veja: 
Art. 37 inc. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes 
de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira 
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento; 
1.4.3.3 CARGOS DE NATUREZA ESPECIAL 
Os cargos de natureza especial são cargos públicos que o provimento não depende de aprovação em concurso 
público, logo, não se enquadram na categoria de cargos efetivos; e que o seu ocupante não pode ser dispensado 
livremente por ato de alguma autoridade pública superior, isto porque os ocupantes de cargo de natureza especial 
possuem um mandato ou vitaliciedade no cargo, portanto, como os ocupantes de cargo de natureza especial não 
podem ser dispensados livremente, este cargo também não se enquadra na categoria de cargo em comissão. 
Como exemplo de cargos de natureza especial, cite-se os dirigentes das agências reguladoras. 
1.4.3.4 FUNÇÃO DE CONFIANÇA 
Uma função de confiança é um tipo de função pública que somente pode ser ocupada por um ocupante de 
cargo efetivo. 
Muito cuidado para não confundir cargo em comissão, que é sinônimo de cargo de confiança, com função de 
confiança. 
Relembrando, tanto os cargos em comissão quanto as funções de confiança destinam-se apenas as atribuições 
de direção, chefia e assessoramento. 
O art. 37 inc. V da Constituição Federal apresenta as diretrizes para o preenchimento de cargos em comissão e 
funções de confiança e a finalidade dos mesmos. Veja: 
Art. 37 inc. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes 
de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira 
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento; 
1.5 VEDAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO GRATUÍTO 
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei. 
 
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