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Alunas: Bruna Ricci Bicudo; Giselly Peterlini ESTUDO DA ESTRUTURA POPULACIONAL DA ESPÉCIE Tibouchina granulosa EM CAMPO MOURÃO/PR Resumo – O presente estudo avalia duas populações da espécie Tibouchina granulosa (popular Quaresmeira) com informações sobre sua estrutura populacional, como espaçamento entre os indivíduos, densidade (número de indivíduos/área) e proporção de cada faixa etária. As populações foram encontradas em dois locais distintos, sendo uma população da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - campus Campo Mourão e a outra da Praça Getúlio Vargas, na cidade de Campo Mourão, Paraná. Os estudos revelaram que há grandes diferenças entre os indivíduos das duas populações, sendo a população da UTFPR mais desenvolvida, com árvores de maior porte. Acreditamos que a causa dessa diferença seja pelo ambiente em que se encontram as quaresmeiras e pela ação antrópica. Palavras-chave – Quaresmeira, Densidade, Ecologia. Introdução População é um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie em uma determinada área que se unem para se reproduzir. A área da ecologia que investiga como os fatores bióticos e abióticos influenciam as características fundamentais de uma população é a Ecologia de populações. Estas características fundamentais nada mais são que a sua estrutura populacional, que compreendem: - Densidade (número de indivíduos por unidade de área); - Espaçamento entre os indivíduos; - Proporção de cada sexo; - Proporção de faixa etária. Tibouchina granulosa. O gênero Tibouchina é o maior da família Melastomataceae e possui cerca de 350 espécies, sendo elas 129 nativas do Brasil. Entre elas, a Tibouchina granulosa, popular Quaresmeira, que tem origem na Mata Atlântica. O nome Quaresmeira se deve ao período em que se inicia o florescimento da planta, que começa em fevereiro e termina em abril, período da quaresma. Também floresce de agosto à outubro, apresentando então florescimento duas vezes ao ano. As suas flores possuem cores que vão do roxo ao rosa, que medem cerca de 5 cm de diâmetro, dispostas em cachos. Os seus frutos possuem forma de taça, são pequenos e secos, com aproximadamente 1 cm de diâmetro, que ocorrem de abril a maio e outubro a novembro. Possuem grande número de sementes, porém pequenas no tamanho: em 1 kg encontra-se aproximadamente 3 milhões de sementes. As folhas da quaresmeira se apresentam em forma lanceolada, de 15 a 20 cm de comprimento, são pubescentes (com pêlos curtos e finos) com nervuras nítidas. A Tibouchina granulosa em fase adulta pode atingir de 8 a 12 m de altura e seu tronco 40 cm de diâmetro. É uma árvore perenifólia (com folhas durante o ano todo) ou semidescídua. Quanto ao modo de dispersão, é anemocórica, ou seja, sua dispersão é feita pelo vento e sua germinação é baixa. Nas Figuras 1, 2, 3 e 4 respectivamente, as flores, folhas, sementes e frutos da Tibouchina granulosa. A Quaresmeira ocorre nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, principalmente na floresta pluvial da escosta atlântica. Por ser uma planta ornamental, com sua beleza e porte, principalmente quando está em floração, é bastante procurada para projetos de paisagismo, arborização urbana em ruas estreitas e sob a rede elétrica, além de ser indicada para reflorestamentos mistos em áreas de preservação. Sua madeira também pode ser utilizada para a confecção de objetos leves, no entanto, a madeira tem baixa durabilidade, principalmente se deixada exposta e sujeita a intempéries. O objetivo deste é estudar a estrutura populacional de populações encontradas da espécie Tibouchina granulosa, analisando a densidade, o espaçamento entre os indivíduos e a proporção de cada faixa etária, bem como identificar o seu padrão de distribuição. Materiais e Métodos Para o presente estudo foram selecionadas duas populações de Quaresmeiras. A primeira localizada no campus da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e a segunda é uma amostra localizada na Praça Getúlio Vargas, ambas na cidade de Campo Mourão, Paraná. Foram analisados os seguintes aspectos: densidade, espaçamento entre indivíduos e proporção de faixa etária. Para determinar a densidade de cada população foram contados o número de indivíduos divididos pela área em que estão localizados. Para determinar o espaçamento entre os indivíduos foram feitas medidas das distâncias entre todos os indivíduos, alguns com precisão e outros por aproximação, pois se encontravam em uma distância considerável uns dos outros. E para determinar a proporção de faixa etária foi determinado um padrão de altura no tronco (40 cm) e medidos os diâmetros dos mesmos. Os indivíduos que apresentavam troncos com diâmetro menor que 30 cm foram considerados jovens. Resultados Os resultados observados estão apresentados abaixo: Espaçamento entre indivíduos Esquema 1 – População da Praça Getúlio Vargas Tabela 1 – Espaçamento entre os indivíduos da Praça Getúlio Vargas em metros. Árvores 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 x 6 7,5 4,5 9,0 10,8 13,5 14,7 18 18,9 2 6,0 x 4,5 7,5 10,8 9,0 14,7 13,5 18,9 18,0 3 7,5 4,5 x 6,0 7,5 4,5 10,8 9,0 14,7 13,5 4 4,5 7,5 6 x 4,5 7,5 9,0 10,8 13,5 14,7 5 9,0 10,8 7,5 4,5 x 6,0 4,5 7,5 9,0 10,8 6 10,8 9,0 4,5 7,5 6 x 7,5 4,5 10,8 9,0 7 13,5 14,7 10,8 9,0 4,5 7,5 x 6,0 4,5 7,5 8 14,7 13,5 9,0 10,8 7,5 4,5 6,0 x 7,5 4,5 9 18,0 18,9 14,7 13,5 9,0 10,8 4,5 7,5 x 6,0 10 18,9 18,0 13,5 14,7 10,8 9,0 7,5 4,5 6,0 X Esquema 2 – População do campus da UTFPR em metros. Tabela 2 – Espaçamento entre os indivíduos do campus da UTFPR em metros Árvores 1 2 3 4 5 6 7 8 1 x 5,3 8,0 9,2 15,5 27,2 28,5 24,2 2 5,3 x 4,5 11,5 9,2 29,9 29,5 24,5 3 8,0 4,5 x 7,0 7,5 23,0 25,0 21,0 4 9,2 11,5 7,0 x 7,2 18,0 19,3 15,0 5 15,5 9,2 7,5 7,2 x 17,0 19,9 16,0 6 27,2 29,0 23,0 18,0 17,0 x 3,5 3,7 7 28,5 29,5 25,0 19,3 19,9 3,5 x 3,2 8 24,2 24,5 21,0 15,0 16,0 3,7 3,2 X Legenda: de 1m a 5m = distância curta de 5m a 10m = distância média de 10m ou maiores = distância longa Proporção de faixa etária Tabela 3 – População da Praça Getúlio Vargas em cm Indivíduos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 diâmetro 36,5 20,0 51,5 52,5 56,0 46,0 50,0 55,0 57,5 49,5 faixa etária Adulto Jovem Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Tabela 4 – População do campus da UTFPR em cm indivíduos 1 2 3 4 5 6 7 8 diâmetro 121,5 260,0 169,5 189,5 142,0 278,5 121,0 151,5 faixa etária Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Adulto Densidade populacional Praça Getúlio Vargas UTFPR- CM Área 273,938m² 514,872m² Número de indivíduos 10 8 Densidade 0,0365 ind/m² 0,0155ind/m² Ind= Indivíduos; Discussão Durante o estudo foi observado que não há grande variação no espaçamento entre os indivíduos da população da Praça Getúlio Vargas, pois todos foram plantados com 4.5m, 6.0 m e 7.5m de distância entre si. Já na população do campus da UTFPR observa-se que na área encontram-sedois grupos de indivíduos plantados. Um apresenta 5 indivíduos (nºs 1, 2, 3, 4 e 5) e outro 3 indivíduos (nºs 6, 7 e 8). A proporção de faixa etária das quaresmeiras para a população da Praça, que é predominantemente adulta, é de 10% de indivíduos jovens e 90% de indivíduos adultos, porém a altura e o diâmetro de suas árvores adultas é relativamente pequena se comparada à do campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em que a proporção de faixa etária para a população de quaresmeiras é exclusivamente adulta e amplamente desenvolvida. Quanto à densidade das populações: a área da Praça Getúlio Vargas é de 273,948 m² contendo uma amostra de 10 indivíduos. Assim, a densidade desta população é de 0,0365 indivíduos/m². A área da população do campus da UTFPR é de 514,872m² e foram encontrados 8 indivíduos, portanto sua densidade é de 0,0155 indivíduos/m². Conclusão Com os dados apresentados neste trabalho podemos concluir que, em relação ao espaçamento dos indivíduos, a população da praça possui distribuição uniforme. Já as quaresmeiras do campus apresentam uma distribuição agrupada. No entanto, as populações exibem essas distribuições diferenciadas por terem sido plantadas, já que a espécie Tibouchina granulosa em um desenvolvimento natural apresentaria distribuição aleatória. Quanto à faixa etária das duas populações, as quaresmeiras em idade adulta predominaram, porém os espécimes da universidade se mostraram mais desenvolvidos que os espécimes da praça, apresentando maior porte, como altura e diâmetro de tronco. Acreditamos que isso acontece porque as árvores da universidade puderam se desenvolver sem obstáculos, o que não aconteceu na população da praça, pois o local foi acimentado. A UTFPR também tem uma localização mais afastada do centro urbano, o que oferece um ambiente melhor para o desenvolvimento das plantas, deixando-as menos sujeitas aos efeitos antrópicos. Referências LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. vol. 01, 5 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. FERREIRA, C.J; SANTOS, M.A.C; PENNA, G.L; REIS, M.I; PASIN, P.A.A.L. Estudo Fenológico da Éspecie Tibouchina granulosa na Universidade do Vale do Paraíba, Campus Urbanova, São José dos Campos – SP. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba.
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