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1. O modelo euroamericano de modernização da agricultura

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O modelo euroamericano de modernização da agricultura: os impactos sociais e ambientais
Difusão do modelo euroamericano a partir dos anos 1960, no âmbito da revolução verde
As atuais práticas agrícolas consideradas modernas não foram a única resposta técnica possível ou a mais eficiente para aumentar a produtividade do trabalho e os rendimentos da terra, para satisfazer as necessidades impostas pelo crescimento demográfico e o processo de urbanização.
É resultante do esforço técnico-científico para tornar viável a monocultura e contornar os efeitos de seu impacto ecológico sobre os rendimentos.
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Sistema de produção que tornou viável a difusão em larga escala da prática da monocultura
Sistema baseado na utilização intensiva de fertilizantes químicos combinados com sementes selecionadas de alta capacidade de resposta a esse tipo de fertilização, com o uso de processos mecânicos de reestruturação e condicionamento de solos degradados pela monocultura e no emprego sistemático de controle químico de pragas.
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Esse modelo nas práticas agrícolas difunde-se na Europa já no século XIX apesar do sistema de rotação de culturas tipo Norfolk – esse sistema, apesar da flexibilidade na combinação de culturas, era restritivo para os agricultores que praticavam uma agricultura especulativa, produzindo o produto mais rentável, apenas os cereais. 
Grande problema para esses agricultores para praticar a monocultura total era abandonar a criação de animal e o plantio de forrageiras, que era o problema da manutenção da fertilidade do solo.
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Já se multiplicavam os sistemas que abandonaram a criação animal para se dedicar ao cultivo das culturas mais rentáveis, utilizando o fertilizante artificial.
 
Estação experimental de Rothamsted em 1843 – era possível praticar a monocultura de cereais durante anos sobre uma mesma terra empregando apenas fertilizantes químicos. Nessas estações, testavam-se as diferentes formas de fertilizantes.
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A agricultura nos EEUU era menos um modo de vida que um meio de fazer dinheiro.
Característica de diferenciação da agricultura americana em relação à agricultura européia camponesa – seu caráter altamente especulativo – incompatível com práticas agrícolas que impliquem qualquer tipo de rigidez do sistema de produção em relação às flutuações do mercado, como o sistema de rotação do tipo Norfolk.
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As estações experimentais deveriam operar como fazenda-modelo, na qual a preocupação maior fosse a rentabilidade – desenvolvimento de técnicas agrícolas mais eficazes e rentáveis.
O problema da qualidade da fertilização química era uma das principais questões nas campanhas dos defensores dos produtos químicos.
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lado da demanda – concentração da comercialização da produção nas mãos de grandes complexos comerciais que especulavam com os produtos agrícolas em detrimento dos agricultores.
lado da oferta – os acidentes de produção se multiplicavam devido à degradação provocada por décadas de práticas agrícolas predatórias – solos erodidos, pragas infestavam grandes extensões de monocultura.
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Surgiram movimentos que defendiam a diversificação de culturas contra o monopólio dos grandes complexos comerciais.
O americano admitia a especulação “normal” que derrotou a idéia da diversificação de culturas. Houve intervenção do Governo Federal sem acabar com o caráter especulativo dessas estruturas de mercado.
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A solução adotada para os problemas de esgotamento do solo e infestação de pragas provocados pela monocultura consistiu no emprego de fertilizantes químicos e pesticidas. Emprego de avião com petróleo barato, reduzindo o custo de pulverização dos pesticidas.
Considerava-se sujo o uso do esterco em contraste com a limpeza de uma agricultura que não utilizava nenhum tipo de fertilizante orgânico e que começava a empregar os limpos fertilizantes químicos – não se admitia rotação de culturas, associação de culturas; no mínimo justaposição de culturas.
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Agricultura americana – origem: ausência de consciência conservacionista que facilitou a difusão de uma agricultura comercial extremamente especulativa. Considerar as restrições ecológicas representava custos insuportáveis. 
A substituição da monocultura de um cereal com preços atraentes por um sistema de rotações, visando a conservação do solo, era vista como algo irracional por parte do fazendeiro americano preocupado em fazer dinheiro.
Para o camponês europeu tradicional, conservar e melhorar o solo significava conservar e melhorar o patrimônio de fertilidade acumulado por gerações e gerações, resistindo à introdução de qualquer método de cultura que parecesse ir contra os princípios estabelecidos de uma cultura de “bom pai de família”.
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Os EEUU faziam com que os camponeses imigrantes europeus perdessem o sentido do longo prazo de seus antepassados. A solidariedade diacrônica entre gerações, da cultura camponesa tradicional, era destruída pela miragem do enriquecimento rápido e enorme quantidade de terras cuja fertilidade não era o resultado do trabalho acumulado de gerações de camponeses, mas um “dom”da natureza a ser consumido.
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Nos EEUU, a conservação do solo somente se tornava preocupação do agricultor quando sua degradação ameaçava a rentabilidade do negócio. 
Aplicação de medidas de contenção mecânica do escorrimento da água das chuvas e de proteção contra o vento, que permitiam, com os fertilizantes químicos, pesticidas e trabalhos de reestruturação mecânica do solo, continuar com a monocultura na primeira metade do século XX.
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As práticas agrícolas camponesas européias melhoravam efetivamente a fertilidade do solo enquanto, nos EEUU, os investimentos consistiam na substituição dessas propriedades, perdidas com a erosão, por fertilizantes químicos. 
Modelo americano: agricultura como dinheiro; modelo europeu: agricultura como modo de vida em que o cuidado com a terra era fundamental. 
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No caso de monoculturas, a excessiva simplificação do sistema de cultura tem conseqüências nefastas para o solo, tornando necessária a utilização de uma série de procedimentos destinados a contornar os efeitos da degradação sobre a produtividade da terra. Os custos destes procedimentos crescem à medida que a qualidade natural do solo diminui.
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Solos arenosos não suportam, por muito tempo, certo tipo de monocultura, mesmo com uso abundante de fertilizantes químicos. A estrutura física se degrada rapidamente.
Os chernozen ucranianos – suportam monoculturas durante séculos, sem maiores problemas, apenas com um pousio de tempos em tempos. A chegada dos fertilizantes químicos, dos novos equipamentos de reestruturação dos solos e dos pesticidas, esse privilégio se estenderá a terras menos excepcionais, suficientemente boas em relação à média. 
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Na França do século XIX, a ampliação da monocultura nas regiões de boas terras foi bloqueada pela falta de fertilizantes e outros insumos. Os agricultores eram obrigados a cultivar um mínimo de forrageiras para alimentar o gado destinado a produzir esterco.
Fertilidade natural e fertilizantes químicos – quais as condições de diferenciação de produtividade?
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No século XIX – caso inglês, da grande propriedade bem sucedida (em solos pobres) e o caso belga, com sua região flamenga (de solos pobres) de pequenas explorações altamente rentáveis e sua decadente região wallônica (de boas terras) dominada por grandes propriedades.
O progresso técnico eliminou, para os grandes produtores, a necessidade de engajar trabalhadores assalariados.
O progresso técnico eliminou a necessidade de recrutamento de mão-de-obra assalariada.
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O próprio tempo de trabalho numa unidade de produção especializada, além de diminuir, concentrou-se em pontos do calendário agrícola, possibilitando maior flexibilidade para o agricultor dispor de seu tempo.
O primeiro passo havia sido dado com a introdução de fertilizantes químicos em substituição ao esterco produzidona unidade agrícola através da criação de animal. 
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Para Malassis (1958), existem dois grupos de fatores, interno e externos, que explicariam as diferenças de rentabilidade entre as explorações. Entre os fatores externos, têm-se os seguintes:
O nível dos preços dos produtos agrícolas fator os custos de produção, o que depende da estrutura da economia e da conjuntura econômica;
A organização de cada subsetor agrícola: nível de informação dos agricultores sobre as condições do mercado, capacidade de organização para a compra e venda de produtos e sistema coletivo de seguro;
A localização da exploração agrícola: seja do ponto de vista pedoclimático, seja do ponto de vista do mercado.
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Os fatores internos compreendem:
a habilidade do agricultor;
capacidade de adaptação da exploração ao meio econômico e seu equilíbrio interno;
eficiência do trabalho e dos demais fatores de produção;
os rendimentos físicos das espécies cultivadas e criadas;
a dimensão da exploração. 
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Síntese
Por modelo euroamericano, entende-se o sistema de produção que tornou viável a difusão em larga escala da prática da monocultura após a Revolução Industrial. Antes, a monocultura de culturas temporárias só podia ser praticada por longos períodos em condições muito especiais, como em regiões de solos excepcionais ou em regiões de conquista onde a degradação da terra não tem importância. O sistema é baseado na utilização intensiva de fertilizantes químicos e em processos mecânicos de reestruturação e condicionamento dos solos e o emprego sistemático de controle químico de pragas.
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A Revolução Verde provocou mudanças significativas nos arranjos comunais de emprego na Ásia. O direito comunal dos aldeões de participarem nos trabalhos de colheita foi substituído por um sistema de mercado em que o arroz era comprado pelos comerciantes antes da colheita.
Mecanizou-se a colheita provocando desemprego;
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No mundo, as inovações científicas e tecnológicas foram introduzidas pela incorporação de máquinas e insumos agrícolas importados e subsidiados pelos governos locais.
 
O aumento da produção agrícola foi acompanhado de uma redução das oportunidades de emprego, configurando um processo de crescimento econômico excludente. 
O direito feudal de posse da terra foi substituído pelo direito de apropriação privada da terra
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A modernização da agricultura brasileira 
O Brasil apresenta desde longa data capacidade científica e tecnológica para modernizar a agricultura de acordo com suas especificidades naturais e de recursos humanos. Se isso não ocorreu, deve-se ao fato de suas elites jamais tiverem quaisquer compromissos com a grande massa da população para a realização de um projeto nacional de desenvolvimento não excludente. 
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Quatro séculos de desenvolvimento agropecuário: sucesso comercial das culturas de exportação; escassez relativa de gêneros alimentícios; exploração predatória da natureza; escravização da mão-de-obra seguida de precárias condições de acesso à terra e emprego; escassez relativa de alimentos e excedente estrutural de mão-de-obra num país com a maior área agrícola do planeta;
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Historicamente, concentrou-se na monocultura de exportação sendo relegada, a segundo plano, a produção de alimentos para o mercado interno; 
Parte da produção de alimentos existia dentro dos limites da grande propriedade para a subsistência de sua força de trabalho;
Outra parte provinha de pequenas explorações situadas nas zonas limítrofes da grande propriedade para a subsistência de sua força de trabalho;
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Outra parte provinha de pequenas explorações situadas nas zonas limítrofes entre os grandes latifúndios, nas quais vivia um contingente populacional importante forçado a complementar sua renda com o trabalho diante da exigüidade da área de que dispunha.
Existência de grandes latifúndios de criação extensiva de gado cuja produção para o mercado era menos importante que o seu papel como reserva de valor e fonte de prestígio;
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Os latifúndios bloquearam o acesso livre à fronteira agrícola para a massa camponesa;
A produção de alimentos ocupa áreas residuais não ocupadas pela agricultura de exportação ou áreas não ambicionadas por interesses mais poderosos (fronteira agrícola). 
Caráter precário da posse e uso da terra para a produção de alimentos, gerando instabilidade na produção e problemas de abastecimento. 
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Imigração européia – colonato – pagamento ao colono em parte com dinheiro e em parte com o resultado da colheita o colono tinha direito a um pedaço de terra para cultivos de subsistência. 
Sistemas de parceria – o trabalhador paga ao proprietário pelo uso da terra, dividindo a produção. 
Anos 1950 – estrutura agrária concentrada baseada em grandes latifúndios. Diminuição do crescimento urbano-industrial. O grande latifúndio não teria sido suficientemente dinâmico para fazer com que o setor agrícola cumprisse seu papel histórico no processo de desenvolvimento, quanto à produção de alimentos baratos que reduzissem o custo da reprodução da força de trabalho urbano-industrial. 
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A reforma agrária era vista como precondição para a expansão da agricultura capitalista moderna.
Estatuto do Trabalhador Rural – 1963. Igualaram-se direitos dos trabalhadores urbanos aos trabalhadores rurais. Expulsão dos trabalhadores rurais residentes no imóvel e substituição de suas lavouras temporárias por pastagens extensivas. Transformam-se em bóias-frias e migram para as cidades.
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Aceleração da modernização poupadora de trabalho- conjunção dos interesses dos grandes proprietários com os da indústria de insumos e equipamentos agrícolas que se instalara no país com o Plano de Metas. 
Lei de Terras de 1850 – as terras devolutas não eram mais passíveis de livre apropriação, mas somente mediante pagamento de uma certa soma de dinheiro. 
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Mecanização e quimificação das lavouras elevando o nível tecnológico da agricultura brasileira. 
Reformulação do sistema de crédito rural e do sistema de pesquisa agropecuária – ampla política de subsídios a fim de estimular a difusão das tecnologias 
Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária no início dos anos 1970 – criação da EMBRAPA
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EMBRAPA – estabelecer um sistema de pesquisa agrícola capaz de dar suporte para a transição da agricultura brasileira de uma agricultura baseada em recursos naturais para uma agricultura baseada na tecnologia.
Volume significativamente superior de recursos disponíveis e o número de pesquisadores e seu nível médio de qualificação. 
Pesquisa voltada para a produção de modernas técnicas que país precisava.
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5 princípios norteadores: 
a) “queimar” etapas através da transferência e adaptação de pacotes tecnológicos produzidos no exterior;
b) colaboração mais estreita com a indústria de insumos e equipamentos agrícolas, bem como com os agricultores na definição de projetos de pesquisa;
c) esforço de pesquisa por produto e concentrado nos mais importantes;
d) deixar sempre que possível o esforço de pesquisa fundamental a cargo de outras instituições (como universidades), fazendo apenas o suficiente para apoiar a pesquisa aplicada;
e) geração de tecnologias com alto retorno social e baixo retorno privado. 
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Os impactos ambientais do modelo euroamericano nos trópicos
São mais graves que nas regiões de clima temperado frio. Nos trópicos, a monocultura tem necessidade de controle químico para se tornar mais viável. 
No Brasil, o uso intensivo de agrotóxicos, muitos já proibidos em seus países de origem, representa um problema sério de saúde pública em virtude da intoxicação de agricultores e trabalhadores agrícolas, com casos fatais.
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Erosão dos solos agrícolas com a transposição para os trópicos de técnicas de preparo de solos desenvolvidas para as regiões de clima frio. Nas regiões de clima tropical, as chuvas torrenciais e o sol forte – destrói solo e sua microvida - mecanizaçãoexcessiva; assoreamento e poluição de lagos e rios.
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