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1 1. O QUE É SCORE E COMO ELE É PRATICADO? “Credit scoring”, também chamado de “credscore” é um sistema ou método utilizado para analisar se será concedido ou não crédito ao consumidor que pedir a concessão de um empréstimo ou financiamento. No “credit scoring”, a pessoa que está pedindo o crédito é avaliada por meio de fórmulas matemáticas, nas quais são consideradas diversas variáveis como a idade, a profissão, a finalidade da obtenção do crédito etc. Tais variáveis são utilizadas nas fórmulas matemáticas e, por meio de ferramentas da estatística, atribui-se uma espécie de pontuação (nota) para a pessoa que está pedindo o crédito. Quanto maior a nota, menor seria o risco de se conceder o crédito para aquele consumidor e, consequentemente, mais fácil para ele conseguir a liberação. Algumas das informações que são consideradas como variáveis na fórmula matemática do “credit scoring”: idade, sexo, estado civil, profissão, renda, número de dependentes, endereço, histórico de outros créditos que pediu etc. Com base em estudos estatísticos, concluiu-se que pessoas de determinado sexo, profissão, estado civil, idade etc. são mais ou menos inadimplentes. Logo, se o consumidor está incluído nos critérios considerados como de “bom pagador”, ele recebe uma pontuação maior. Para as empresas, todos os consumidores possuem uma nota que influencia naquele momento em que se concede, ou não, um crédito, seja para realização de um empréstimo, até mesmo para parcelamento de uma compra em uma loja de departamento ou supermercado. Por mais que não saibamos qual é nossa nota, todos a temos, e as empresas que se utilizam desta modalidade de avaliação para concessão de créditos podem estar negando créditos, ainda que tenhamos renda compatível, bem como capacidade de pagamento para a dívida que está sendo contraída. 1.1 MAS COMO FUNCIONA O SISTEMA DE PONTUAÇÃO? Vários são os bancos de dados consultados pelas empresas e várias também são as interpretações desta pontuação, que varia de acordo com a quantidade de crédito a ser tomado e a nota do consumidor. Em regra, o cadastro vai de 0 a 1000 pontos, em que cada consumidor começa com 500 pontos. Cada parcela adimplida (cumprida) de créditos tomados, pontos são acrescentados ao "score" do consumidor. Enquanto que a cada parcela atrasada ou não paga, pontos são retirados do "score" do mesmo. Assim, quanto mais pagamos por empréstimos ou compras parceladas atribuíram mais pontos ao nosso "score". 2. POR QUE ESSE ASSUNTO GEROU UMA SÚMULA NO STJ? Várias pessoas já entraram com uma ação judicial contra as empresas que administram o sistema de "scoring" pleiteando uma indenização por danos morais pelo simples fato de terem um cadastro no sistema de pontuação que é utilizado pelas empresas. Tal fato, inclusive, foi matéria de uma audiência pública realizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) - a primeira daquele órgão. Na ocasião, ficou entendido que o simples fato de estar o consumidor cadastrado neste sistema não acarretaria em danos morais. Tal decisão parece justa, uma vez que não é a empresa que realiza o cadastro que prejudica o consumidor, mas sim a empresa que nega o crédito utilizando-se deste cadastro de forma indevida. Desta forma, a melhor maneira do consumidor ingressar na justiça para pleitear seus direitos é contra a empresa que lhe negou crédito, mas, para isso, deve-se 2 provar que não está negativado, que possui renda compatível ao valor da parcela, bem como possui capacidade de pagamento para com a dívida que está contraindo. Esta matéria é bastante controversa entre os Tribunais por causa de seu ineditismo, mas, o consumidor que se sentir prejudicado e tiver seu crédito negado por causas desconhecidas, poderá exigir que a empresa que lhe negou crédito fundamente por escrito e de modo objetivo porque não concedeu o almejado crédito. 3. O QUE SÃO BANCO DE DADOS E COMO SÃO REGULADOS? Antes de fazer uma liberação de crédito, os bancos avaliam de diversas formas o cliente e a possibilidade dele pagar o empréstimo até o final. Dentre essas informações avaliadas está o score. Ele é uma ferramenta que calcula à partir de alguns dados qual é a probabilidade de um cliente ser ou não um bom pagador. Se você teve um empréstimo reprovado e não sabe qual é o motivo, conhecer a sua colocação no score pode te ajudar a entender. Descubra agora quais são as informações que os bancos utilizam para liberação de crédito e entenda porque ter o nome limpo não é sinônimo de crédito liberado. O que influencia na pontuação do score: O score é uma ferramenta que, através de cálculos estatísticos, define a probabilidade de um cliente ser inadimplente. Para realizar o cálculo, são consideradas informações que vão desde a região onde o cliente mora, até a quantidade de títulos protestados que ele teve em um determinado período. Cada uma dessas informações tem um peso na hora de definir a sua colocação como consumidor no score, sendo que algumas influenciam mais e outras menos. Confira abaixo quais são as principais informações utilizadas. 1. Dados pessoais Os bancos consideram no cálculo do score alguns dados pessoais revelados quando você abre um cadastro para liberação de crédito. Data de nascimento: as pessoas mais jovens costumam ter hábitos de consumo descontrolados e acabam se endividando facilmente, por isso, quem está nessa faixa etária pode ser considerado propício a não quitar suas dívidas. Endereço: com base em pesquisas sobre o mercado de trabalho e índice de inadimplentes de determinada região, elas acabam sendo considerados negócios arriscados, por isso, o lugar onde você mora pode diminuir a sua pontuação no score. CPF: é o documento utilizado para consultar se existe alguma pendência em seu nome, assim, se houver alguma dívida a sua pontuação no score também diminui. 2. Histórico financeiro 3 Além das informações pessoais, a sua rotina como consumidor conta muito no cálculo do score. Quantas vezes houve busca de crédito no mercado: as instituições financeiras possuem muitos registros sobre os seus clientes e, dentre eles, também é possível descobrir quantas vezes cada um deles buscou crédito no mercado. À partir daí, se o cliente tiver um histórico com vários empréstimos, elas podem considerar que ele não tenha bons hábitos financeiros, e isso pode ser visto como negativo para o score. Se houve busca de crédito em financeiras: nas financeiras é possível conseguir um empréstimo com mais facilidade do que em bancos, inclusive se o cliente tiver alguma restrição no nome, desde que ele se proponha a pagar os juros altos cobrados por elas. Ter contratado empréstimos através de financeiras pode prejudicar a sua pontuação no score. Lugares onde os débitos foram registrados: além de quantas vezes você solicitou crédito, também é possível descobrir quais foram os lugares em que você se endividou e classificar se aquela compra foi feita por impulso ou o endividamento se deu por algum imprevisto. Assim, se for constatada que a compra foi feita por impulso como, por exemplo, dívidas em lojas de roupas, a sua pontuação no score diminui bastante. Valor de dívidas em aberto: caso seja constatada alguma pendência em seu nome, as empresas procuram saber qual é o valor dela. Quanto maior o valor de sua dívida, mais prejudicial será ao seu score. Existência de ações judiciais: ações judiciais como busca e apreensão são utilizadas em último caso pelas empresas – geralmente depois de tentar negociar a dívida por diversas vezes e não ter retorno do devedor. Desta forma, as instituições financeiras entendem que você se recusou a negociar a dívida e, assim, são grandes as chances dessa situação se repetir. O score não funciona comoum banco de dados, ele é calculado a cada vez que você pede uma liberação de crédito. Por isso, algumas mudanças de hábitos podem te ajudar a ter uma colocação melhor. O terceiro painel da audiência pública promovida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para debater o sistema de pontuação de crédito (sistema scoring) foi presidido pela ministra Isabel Gallotti. Ela destacou a grande contribuição do encontro – o primeiro desse tipo realizado no STJ – para que a corte possa construir uma jurisprudência sobre o tema. Os cinco expositores do painel, todos favoráveis ao sistema de pontuação, defenderam que o scoring não é um banco de dados. Bruno Miragem, do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), afirmou que se trata de um método de utilização de bancos de dados existentes que auxilia o exercício da liberdade de concessão de crédito pelas instituições financeiras e comerciantes. Nival Martins, da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, afirmou que o 4 sistema scoring viabiliza, agiliza e padroniza as análises de risco com base em modelos matemáticos que consideram padrões de comportamento dos consumidores. Para o dirigente da entidade – que representa empresários do varejo e de serviços –, as empresas querem conceder crédito para vender seus produtos. “É preciso buscar o equilíbrio: não correr risco com crédito muito fácil nem perder negócio com crédito baixo”, disse. Seguro: Muitos dos oradores compararam o scoring de crédito ao sistema de pontuação dos seguros. Com base no perfil do proprietário de um automóvel, por exemplo, o seguro é mais caro ou mais barato. Isso é definido segundo critérios de análise de risco, como gênero, idade e o local onde o carro fica estacionado. Segundo Flávio Lima, com crédito é a mesma coisa. Ele representa a Boa Vista Serviços, empresa que recorreu ao STJ contra sua condenação a indenizar um consumidor que teve créditos negados com base nessa pontuação. Lima afirmou que o consumidor tinha uma pontuação classificada com boa, mas que já ficou inadimplente quatro vezes, o que revela alto risco para o credor. Esse recurso, que será julgado pela Segunda Seção, motivou a convocação da audiência pública pelo relator do caso, ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Os defensores do sistema também são unânimes em afirmar que a pontuação não define se um consumidor terá crédito ou não. A decisão é do credor, que, de acordo com a suas necessidades de capital de giro e capacidade de suportar riscos, pode adotar outros critérios, como a exigência de um avalista. Transparência: Fernando Fabris, representante da Câmara de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (CDL/RS), disse que existem no país aproximadamente 120 mil ações judiciais de consumidores contra a sistema scoring, muitas delas em seu estado. Fabris informou que, cumprindo decisão judicial, a CDL/RS colocou à disposição dos consumidores consulta à pontuação individual de cada um. Em dois anos, acrescentou, houve apenas 40 pedidos de informação. Disse que mesmo cumprindo as regras do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a entidade foi condenada por suposta falta de transparência. “Existe uma 5 excessiva dose de irracionalidade sobre esse tema”, reclamou. Estabilidade: O último orador do painel foi o procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira. Ele defendeu como fundamental a análise de risco de crédito, por considerar que a probabilidade de pagamento é a garantia da estabilidade de todo o sistema financeiro. “A instituição financeira que avalia bem o risco de crédito protege todos os consumidores”, disse. Para ele, a análise de risco de crédito é um dever que, se descumprido, configura gestão temerária de instituição financeira, tipo penal previsto na Lei 7.492/86, que define os crimes contra o sistema financeiro nacional. Segundo Ferreira, foi justamente o rigor da análise de risco para concessão de crédito que fez o Brasil ser o último a entrar e o primeiro a sair da crise financeira mundial de 2008, que teve origem numa avalanche de oferta de crédito sem garantia de pagamento. Por fim, afirmou que o sistema de pontuação torna o crédito mais farto e rápido a um custo menor para os consumidores, previne o superendividamento, diminui a inadimplência e favorece a estabilidade financeira. (Sistema scoring não é banco de dados, dizem oradores -Publicado por Superior Tribunal de justiça, há 04 anos). 4. OPINIÃO Após pensarmos a respeito dessa atividade, concluímos que ela é nociva tanto quando estabelece baixos percentuais de desempenho comercial como quando os estabelece em percentuais mais altos. Se forem baixos, a pessoa física ou jurídica (consumidora ou não), sem saber o motivo, poderá ter o seu acesso ao crédito negado ou dificultado, pelo comércio, pela indústria ou pelos bancos; mas, se forem altos, fruto das rendas que são informadas por presunção desses órgãos, segundo critérios “matemáticos” que eles alegam adotar e que enviam aos seus clientes, através de computador; poderá fazer com que na compra a crédito ou no negócio bancário, a pessoa (jurídica ou física) tenha de assumir valores ou taxas de juros que poderão vir a ser majorados, face ao valor da renda bruta que for informada por eles. As dezenas de ações que atacam essa acintosa ilegalidade, sustentam que esse “negócio” fere disposições do Artigo 43, caput e §2º, do CODECON; já que esses órgãos mantêm dados sem o prévio consentimento esclarecido daquele ao qual as informações se referem. 6 Mesmo não caracterizando um banco de dados, eles estão tendo acesso às informações sem as devidas autorizações, de fato mais uma decisão pugnando pelo não pagamento do direito violado. art. 5 º CF inciso XIV - e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; V - e assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. Ainda, fere os preceitos do §1º, desse mesmo Artigo 43, por serem dados originados de cálculos que não se mostram objetivos, claros, e, até mesmo verdadeiros, visto que partem de estimativas e presunções, como consta das informações que eram fornecidas pelas CDL´s dos municípios e por empresas que se dedicam a essa atividade. Além do mais, por serem bancos de dados criados e mantidos sem anterior aquiescência (ou, ao menos, ciência) das pessoas físicas e jurídicas, não lhes permitem exigir a imediata correção das inexatidões que foram inseridas nessas coletâneas de informações individuais; fato que agride, também, as disposições do Artigo 5º, inc. LV, da Constituição Federal. Causa espanto quando se verifica que esses bancos guardam dados que dizem respeito a anos de vida comercial das pessoas físicas e jurídicas; fato que faz lembrar que o CDC; mesmo quando se trata de inclusão por inadimplência do consumidor, determina que só poderá ser mantido o registro por no máximo 5 (cinco) anos. A Lei 12.414/2011, que regula a abertura de cadastro positivo (e não o negativo), estabelece que: “Art. 4º A abertura de cadastro requer autorização prévia do potencial cadastrado mediante consentimento informado por meio de assinatura em instrumento específico ou em cláusula apartada.” Portanto, agora resta esperar a desenvoltura desse sistema e como se dará na prática, porque embora o STJ tenha estabelecido alguns parâmetros como respeito aos direitos sensíveis do consumidor, é perceptível de que será algo difícil de se controlarcaso o método seja utilizado de forma subjetiva sem clareza e transparência ao consumidor. 5. BIBLIOGRÁFIA ARAÚJO, Elaine Aparecida. Risco de Crédito: Desenvolvimento de modelo Credit Scoring para a gestão da inadimplência de uma instituição de microcrédito. Premio IPEA Caixa 2006 in Tema 3: Sistema Financeiro e Desenvolvimento Econômico. Trabalho Disponível pelo ESAF. Disponível em www.esaf.fazenda.gov.br/...1/...3/2-lugar-tema-3- profissionais . BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado. Htm>. 7 _________.LEI Nº 12.414, DE 9 DE JUNHO DE 2011. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12414.htm. _________.LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. CARMONA, C. U; AMORIN NETO, A. Modelagem do Risco de Crédito: Um Estudo do Segmento de Pessoas Físicas em um Banco de Varejo. Revista Eletrônica de Administração da UFRGS - REAd. 40 ª Edição, Porto Alegre, Vol. 10, Jul/ago, 2004IDEC. Noticias dos consumidores publicada em 26 de Agosto de 2015. Disponível em: http://www.idec.org.br/em-ação/noticia-consumidor/sistema-de-score-de- creditoediscutido-em-audiencia-pública-no-stj Acesso em:8 de Agosto de 2015. LEAL, Rogério Gesta. Impactos econômicos e sociais das decisões judiciais: aspectos introdutórios Brasília: ENFAM, 2010. P.20 Disponível em: http://www.enfam.jus.br/wp- content/uploads/2014/04/Impactos-Economicos_site.pdf Revista Consultor Jurídico. Textos de 26 de fevereiro de 2015. Proteção ao crédito. STJ decide se consumidores podem pedir dados de avaliação de risco. Disponível em http://www.conjur.com.br/2015-fev-26/stj-decide-consumidores-podem-pedir-exibicao- dados-scoring STJ. Audiência Pública do STJ: Score de Crédito. Transmitido ao vivo em 25 de ago de 2014. Youtube. Disponível em Youtube.
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