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APS 2018

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1. O QUE É SCORE E COMO ELE É PRATICADO? 
“Credit scoring”, também chamado de “credscore” é um sistema ou método utilizado para 
analisar se será concedido ou não crédito ao consumidor que pedir a concessão de um 
empréstimo ou financiamento. No “credit scoring”, a pessoa que está pedindo o crédito é 
avaliada por meio de fórmulas matemáticas, nas quais são consideradas diversas 
variáveis como a idade, a profissão, a finalidade da obtenção do crédito etc. Tais 
variáveis são utilizadas nas fórmulas matemáticas e, por meio de ferramentas da 
estatística, atribui-se uma espécie de pontuação (nota) para a pessoa que está pedindo o 
crédito. Quanto maior a nota, menor seria o risco de se conceder o crédito para aquele 
consumidor e, consequentemente, mais fácil para ele conseguir a liberação. 
Algumas das informações que são consideradas como variáveis na fórmula matemática 
do “credit scoring”: idade, sexo, estado civil, profissão, renda, número de dependentes, 
endereço, histórico de outros créditos que pediu etc. Com base em estudos estatísticos, 
concluiu-se que pessoas de determinado sexo, profissão, estado civil, idade etc. são mais 
ou menos inadimplentes. Logo, se o consumidor está incluído nos critérios considerados 
como de “bom pagador”, ele recebe uma pontuação maior. Para as empresas, todos os 
consumidores possuem uma nota que influencia naquele momento em que se concede, 
ou não, um crédito, seja para realização de um empréstimo, até mesmo para 
parcelamento de uma compra em uma loja de departamento ou supermercado. 
Por mais que não saibamos qual é nossa nota, todos a temos, e as empresas que se 
utilizam desta modalidade de avaliação para concessão de créditos podem estar 
negando créditos, ainda que tenhamos renda compatível, bem como capacidade de 
pagamento para a dívida que está sendo contraída. 
 
1.1 MAS COMO FUNCIONA O SISTEMA DE PONTUAÇÃO? 
Vários são os bancos de dados consultados pelas empresas e várias também são as 
interpretações desta pontuação, que varia de acordo com a quantidade de crédito a ser 
tomado e a nota do consumidor. Em regra, o cadastro vai de 0 a 1000 pontos, em 
que cada consumidor começa com 500 pontos. Cada parcela adimplida (cumprida) de 
créditos tomados, pontos são acrescentados ao "score" do consumidor. Enquanto que a 
cada parcela atrasada ou não paga, pontos são retirados do "score" do mesmo. Assim, 
quanto mais pagamos por empréstimos ou compras parceladas atribuíram mais pontos 
ao nosso "score". 
 
2. POR QUE ESSE ASSUNTO GEROU UMA SÚMULA NO STJ? 
Várias pessoas já entraram com uma ação judicial contra as empresas que administram o 
sistema de "scoring" pleiteando uma indenização por danos morais pelo simples fato de 
terem um cadastro no sistema de pontuação que é utilizado pelas empresas. 
Tal fato, inclusive, foi matéria de uma audiência pública realizada pelo Superior Tribunal 
de Justiça (STJ) - a primeira daquele órgão. Na ocasião, ficou entendido que o simples 
fato de estar o consumidor cadastrado neste sistema não acarretaria em danos 
morais. 
Tal decisão parece justa, uma vez que não é a empresa que realiza o cadastro que 
prejudica o consumidor, mas sim a empresa que nega o crédito utilizando-se deste 
cadastro de forma indevida. 
Desta forma, a melhor maneira do consumidor ingressar na justiça para pleitear 
seus direitos é contra a empresa que lhe negou crédito, mas, para isso, deve-se 
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provar que não está negativado, que possui renda compatível ao valor da parcela, bem 
como possui capacidade de pagamento para com a dívida que está contraindo. 
Esta matéria é bastante controversa entre os Tribunais por causa de seu ineditismo, mas, 
o consumidor que se sentir prejudicado e tiver seu crédito negado por causas 
desconhecidas, poderá exigir que a empresa que lhe negou crédito fundamente por 
escrito e de modo objetivo porque não concedeu o almejado crédito. 
 
3. O QUE SÃO BANCO DE DADOS E COMO SÃO REGULADOS? 
Antes de fazer uma liberação de crédito, os bancos avaliam de diversas formas o cliente 
e a possibilidade dele pagar o empréstimo até o final. Dentre essas informações 
avaliadas está o score. Ele é uma ferramenta que calcula à partir de alguns dados qual é 
a probabilidade de um cliente ser ou não um bom pagador. Se você teve um empréstimo 
reprovado e não sabe qual é o motivo, conhecer a sua colocação no score pode te ajudar 
a entender. Descubra agora quais são as informações que os bancos utilizam para 
liberação de crédito e entenda porque ter o nome limpo não é sinônimo de crédito 
liberado. 
O que influencia na pontuação do score: 
O score é uma ferramenta que, através de cálculos estatísticos, define a probabilidade de 
um cliente ser inadimplente. Para realizar o cálculo, são consideradas informações que 
vão desde a região onde o cliente mora, até a quantidade de títulos protestados que ele 
teve em um determinado período. Cada uma dessas informações tem um peso na hora 
de definir a sua colocação como consumidor no score, sendo que algumas influenciam 
mais e outras menos. Confira abaixo quais são as principais informações utilizadas. 
1. Dados pessoais 
Os bancos consideram no cálculo do score alguns dados pessoais revelados quando 
você abre um cadastro para liberação de crédito. Data de nascimento: as pessoas mais 
jovens costumam ter hábitos de consumo descontrolados e acabam se endividando 
facilmente, por isso, quem está nessa faixa etária pode ser considerado propício a não 
quitar suas dívidas. Endereço: com base em pesquisas sobre o mercado de trabalho e 
índice de inadimplentes de determinada região, elas acabam sendo considerados 
negócios arriscados, por isso, o lugar onde você mora pode diminuir a sua pontuação no 
score. CPF: é o documento utilizado para consultar se existe alguma pendência em seu 
nome, assim, se houver alguma dívida a sua pontuação no score também diminui. 
2. Histórico financeiro 
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Além das informações pessoais, a sua rotina como consumidor conta muito no cálculo do 
score. Quantas vezes houve busca de crédito no mercado: as instituições financeiras 
possuem muitos registros sobre os seus clientes e, dentre eles, também é possível 
descobrir quantas vezes cada um deles buscou crédito no mercado. À partir daí, se o 
cliente tiver um histórico com vários empréstimos, elas podem considerar que ele não 
tenha bons hábitos financeiros, e isso pode ser visto como negativo para o score. Se 
houve busca de crédito em financeiras: nas financeiras é possível conseguir um 
empréstimo com mais facilidade do que em bancos, inclusive se o cliente tiver alguma 
restrição no nome, desde que ele se proponha a pagar os juros altos cobrados por elas. 
Ter contratado empréstimos através de financeiras pode prejudicar a sua pontuação no 
score. Lugares onde os débitos foram registrados: além de quantas vezes você solicitou 
crédito, também é possível descobrir quais foram os lugares em que você se endividou e 
classificar se aquela compra foi feita por impulso ou o endividamento se deu por algum 
imprevisto. Assim, se for constatada que a compra foi feita por impulso como, por 
exemplo, dívidas em lojas de roupas, a sua pontuação no score diminui bastante. Valor 
de dívidas em aberto: caso seja constatada alguma pendência em seu nome, as 
empresas procuram saber qual é o valor dela. Quanto maior o valor de sua dívida, mais 
prejudicial será ao seu score. Existência de ações judiciais: ações judiciais como busca e 
apreensão são utilizadas em último caso pelas empresas – geralmente depois de tentar 
negociar a dívida por diversas vezes e não ter retorno do devedor. Desta forma, as 
instituições financeiras entendem que você se recusou a negociar a dívida e, assim, são 
grandes as chances dessa situação se repetir. 
O score não funciona comoum banco de dados, ele é calculado a cada vez que você 
pede uma liberação de crédito. Por isso, algumas mudanças de hábitos podem te ajudar 
a ter uma colocação melhor. 
O terceiro painel da audiência pública promovida 
pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para 
debater o sistema de pontuação de crédito 
(sistema scoring) foi presidido pela ministra Isabel 
Gallotti. Ela destacou a grande contribuição do 
encontro – o primeiro desse tipo realizado no STJ 
– para que a corte possa construir uma 
jurisprudência sobre o tema. 
Os cinco expositores do painel, todos favoráveis 
ao sistema de pontuação, defenderam que 
o scoring não é um banco de dados. Bruno 
Miragem, do Instituto Brasileiro de Política e 
Direito do Consumidor (Brasilcon), afirmou que se 
trata de um método de utilização de bancos de 
dados existentes que auxilia o exercício da 
liberdade de concessão de crédito pelas 
instituições financeiras e comerciantes. 
Nival Martins, da Confederação Nacional de 
Dirigentes Lojistas, afirmou que o 
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sistema scoring viabiliza, agiliza e padroniza as 
análises de risco com base em modelos 
matemáticos que consideram padrões de 
comportamento dos consumidores. Para o 
dirigente da entidade – que representa 
empresários do varejo e de serviços –, as 
empresas querem conceder crédito para vender 
seus produtos. “É preciso buscar o equilíbrio: não 
correr risco com crédito muito fácil nem perder 
negócio com crédito baixo”, disse. 
 
Seguro: 
 Muitos dos oradores compararam o scoring de 
crédito ao sistema de pontuação dos seguros. 
Com base no perfil do proprietário de um 
automóvel, por exemplo, o seguro é mais caro ou 
mais barato. Isso é definido segundo critérios de 
análise de risco, como gênero, idade e o local 
onde o carro fica estacionado. 
Segundo Flávio Lima, com crédito é a mesma 
coisa. Ele representa a Boa Vista Serviços, 
empresa que recorreu ao STJ contra sua 
condenação a indenizar um consumidor que teve 
créditos negados com base nessa pontuação. 
Lima afirmou que o consumidor tinha uma 
pontuação classificada com boa, mas que já ficou 
inadimplente quatro vezes, o que revela alto risco 
para o credor. Esse recurso, que será julgado pela 
Segunda Seção, motivou a convocação da 
audiência pública pelo relator do caso, ministro 
Paulo de Tarso Sanseverino. Os defensores do 
sistema também são unânimes em afirmar que a 
pontuação não define se um consumidor terá 
crédito ou não. A decisão é do credor, que, de 
acordo com a suas necessidades de capital de giro 
e capacidade de suportar riscos, pode adotar 
outros critérios, como a exigência de um avalista. 
Transparência: 
Fernando Fabris, representante da Câmara de 
Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul 
(CDL/RS), disse que existem no país 
aproximadamente 120 mil ações judiciais de 
consumidores contra a sistema scoring, muitas 
delas em seu estado. 
Fabris informou que, cumprindo decisão judicial, a 
CDL/RS colocou à disposição dos consumidores 
consulta à pontuação individual de cada um. Em 
dois anos, acrescentou, houve apenas 40 pedidos 
de informação. Disse que mesmo cumprindo as 
regras do Código de Defesa do 
Consumidor (CDC), a entidade foi condenada por 
suposta falta de transparência. “Existe uma 
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excessiva dose de irracionalidade sobre esse 
tema”, reclamou. 
 
Estabilidade: 
O último orador do painel foi o procurador-geral do 
Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira. Ele 
defendeu como fundamental a análise de risco de 
crédito, por considerar que a probabilidade de 
pagamento é a garantia da estabilidade de todo o 
sistema financeiro. “A instituição financeira que 
avalia bem o risco de crédito protege todos os 
consumidores”, disse. 
Para ele, a análise de risco de crédito é um dever 
que, se descumprido, configura gestão temerária 
de instituição financeira, tipo penal previsto na 
Lei 7.492/86, que define os crimes contra o 
sistema financeiro nacional. 
Segundo Ferreira, foi justamente o rigor da análise 
de risco para concessão de crédito que fez o Brasil 
ser o último a entrar e o primeiro a sair da crise 
financeira mundial de 2008, que teve origem numa 
avalanche de oferta de crédito sem garantia de 
pagamento. 
Por fim, afirmou que o sistema de pontuação 
torna o crédito mais farto e rápido a um custo 
menor para os consumidores, previne o 
superendividamento, diminui a inadimplência e 
favorece a estabilidade financeira. 
(Sistema scoring não é banco de dados, dizem 
oradores -Publicado por Superior Tribunal de 
justiça, há 04 anos). 
4. OPINIÃO 
 
Após pensarmos a respeito dessa atividade, concluímos que ela é nociva tanto 
quando estabelece baixos percentuais de desempenho comercial como quando os 
estabelece em percentuais mais altos. Se forem baixos, a pessoa física ou jurídica 
(consumidora ou não), sem saber o motivo, poderá ter o seu acesso ao crédito negado ou 
dificultado, pelo comércio, pela indústria ou pelos bancos; mas, se forem altos, fruto das 
rendas que são informadas por presunção desses órgãos, segundo critérios 
“matemáticos” que eles alegam adotar e que enviam aos seus clientes, através de 
computador; poderá fazer com que na compra a crédito ou no negócio bancário, a pessoa 
(jurídica ou física) tenha de assumir valores ou taxas de juros que poderão vir a ser 
majorados, face ao valor da renda bruta que for informada por eles. As dezenas de ações 
que atacam essa acintosa ilegalidade, sustentam que esse “negócio” fere disposições do 
Artigo 43, caput e §2º, do CODECON; já que esses órgãos mantêm dados sem o prévio 
consentimento esclarecido daquele ao qual as informações se referem. 
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Mesmo não caracterizando um banco de dados, eles estão tendo acesso às 
informações sem as devidas autorizações, de fato mais uma decisão pugnando pelo não 
pagamento do direito violado. 
 
art. 5 º CF inciso XIV - e assegurado a 
todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação; 
V - e assegurado o direito de 
resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem. 
 
Ainda, fere os preceitos do §1º, desse mesmo Artigo 43, por serem dados originados 
de cálculos que não se mostram objetivos, claros, e, até mesmo verdadeiros, visto que 
partem de estimativas e presunções, como consta das informações que eram fornecidas 
pelas CDL´s dos municípios e por empresas que se dedicam a essa atividade. Além do 
mais, por serem bancos de dados criados e mantidos sem anterior aquiescência (ou, ao 
menos, ciência) das pessoas físicas e jurídicas, não lhes permitem exigir a imediata 
correção das inexatidões que foram inseridas nessas coletâneas de informações 
individuais; fato que agride, também, as disposições do Artigo 5º, inc. LV, da Constituição 
Federal. Causa espanto quando se verifica que esses bancos guardam dados que dizem 
respeito a anos de vida comercial das pessoas físicas e jurídicas; fato que faz lembrar que 
o CDC; mesmo quando se trata de inclusão por inadimplência do consumidor, determina 
que só poderá ser mantido o registro por no máximo 5 (cinco) anos. A Lei 12.414/2011, 
que regula a abertura de cadastro positivo (e não o negativo), estabelece que: “Art. 4º A 
abertura de cadastro requer autorização prévia do potencial cadastrado mediante 
consentimento informado por meio de assinatura em instrumento específico ou em 
cláusula apartada.” Portanto, agora resta esperar a desenvoltura desse sistema e como 
se dará na prática, porque embora o STJ tenha estabelecido alguns parâmetros como 
respeito aos direitos sensíveis do consumidor, é perceptível de que será algo difícil de se 
controlarcaso o método seja utilizado de forma subjetiva sem clareza e transparência ao 
consumidor. 
 
5. BIBLIOGRÁFIA 
 
ARAÚJO, Elaine Aparecida. Risco de Crédito: Desenvolvimento de modelo Credit 
Scoring para a gestão da inadimplência de uma instituição de microcrédito. Premio IPEA 
Caixa 2006 in Tema 3: Sistema Financeiro e Desenvolvimento Econômico. Trabalho 
Disponível pelo ESAF. Disponível em www.esaf.fazenda.gov.br/...1/...3/2-lugar-tema-3-
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Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado. 
Htm>. 
7 
 
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em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12414.htm. 
_________.LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Disponível 
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. 
CARMONA, C. U; AMORIN NETO, A. Modelagem do Risco de Crédito: Um Estudo do 
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Administração da UFRGS - REAd. 40 ª Edição, Porto Alegre, Vol. 10, Jul/ago, 2004IDEC. 
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LEAL, Rogério Gesta. Impactos econômicos e sociais das decisões judiciais: aspectos 
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Revista Consultor Jurídico. Textos de 26 de fevereiro de 2015. Proteção ao crédito. STJ 
decide se consumidores podem pedir dados de avaliação de risco. Disponível 
em http://www.conjur.com.br/2015-fev-26/stj-decide-consumidores-podem-pedir-exibicao-
dados-scoring 
 
STJ. Audiência Pública do STJ: Score de Crédito. Transmitido ao vivo em 25 de ago de 
2014. Youtube. Disponível em Youtube.

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