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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Negócios Curso de CS – Publicidade e Propaganda Trabalho de Conclusão de Curso O ADVERTAINMENT QUE DÁ ASAS Autor: Frederico Mesquita S. S e Carvalho Orientador: MsC Maria Cecília Alves Martinez Brasília - DF 2015 FREDERICO MESQUITA SILVA SAUERBRONN E CARVALHO O ADVERTAINMENT QUE DÁ ASAS Artigo apresentado ao curso de graduação em Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Comunicação Social. Orientadora: MsC. Maria Cecília Alves Martinez Brasília 2015 RESUMO SAUERBRONN, Frederico. O ADVERTAINMENT QUE DÁ ASAS. 2015. 30 páginas. Artigo para obtenção de bacharelado no curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília. O constante surgimento de inovações tecnológicas tem influenciado diretamente o mercado publicitário. A crescente multiplicação de mídias tem tornado os meios de comunicação de massa saturados devido ao aumento do número de canais, ao passo que os usuários vêm fragmentando o uso das mídias tradicionais (TV, rádio, jornal, revista) a fim de buscar um conteúdo mais personalizado, principalmente após o surgimento da internet e suas plataformas digitais, que vem configurando-se como um grande meio no estágio atual. Diante deste contexto, nunca se questionou tanto o real valor e a eficácia da inserção publicitária tradicional que visa a interrupção da programação para exibição de uma mensagem comercial. Em um mundo cada vez mais multimídia, repleto de opções e alternativas que atraem a atenção dos consumidores surge o conceito de advertainment que alia a propaganda ao entretenimento, inserindo a marca no conteúdo midiático relevante ao seu público. Estratégia esta, usada pela da Red Bull que cada vez menos investe em meios de comunicação de massa passando a investir mais na criação de um bom conteúdo multiplataforma que estimula o relacionamento entre o público e a mensagem. Desta forma o atual trabalho visou identificar a importância da utilização do advertainment na estratégia de mídia da Red Bull. Através de pesquisa bibliográfica abordou-se a atuação do consumidor atual, o cenário que se encontra a propaganda, o conceito de advertainment e as ações de comunicação apresentadas pela Red Bull. Palavras-chave: advertainment, Red Bull, entretenimento, propaganda ABSTRACT The constant emergence of technological innovation has directly influenced the advertising market. The increasing proliferation of media has become mass media saturated due to the increased number of channels, while users come fragmenting the use of traditional media (TV, radio, newspaper, magazine) in order to seek a content more personalized, especially after the emergence of the Internet and its digital platforms, which is configured as a great means at this stage. Given this context, it never questioned both the actual value and effectiveness of traditional advertising insertion aimed at switching display the schedule for a commercial message. In a world increasingly multimedia, full of options and alternatives that attract the attention of consumers the concept of advertainment arises that combines advertising with entertainment by entering the brand in media content relevant to your audience. This strategy, used by Red Bull that fewer invests in mass media going to invest more in creating a good multiplatform content that stimulates the relationship between the audience and the message. Thus, the current study aimed to identify the importance of using the advertainment the media strategy of Red Bull. Through literature addressed to the performance of the current consumer, the scenario that advertising is found, the concept of advertainment and communication actions presented by Red Bull. Keywords: advertainment, Red Bull, entertainment, advertising LISTA DE FIGURAS Figura 1: Propaganda da Viceroy. ............................................................................... 5 Figura 2: Pluralidade de mídias na cultura digital ...................................................... 10 Figura 3: Garrafas Absolut ........................................................................................ 13 Figura 4: Evento Absolut NY-Z. ................................................................................. 14 Figura 5: BMW Films ................................................................................................. 15 Figura 6: Filme Náufrago ........................................................................................... 17 Figura 7: Product Placement da Apple no seriado House. ........................................ 17 Figura 8: site de mídias da Red Bull Media House .................................................... 21 Figura 9 Red Bull Stratos .......................................................................................... 22 Figura 10: Red Bull X Fighters. ................................................................................. 23 Figura 11: Red Bull Air Race ..................................................................................... 23 Figura 12: Evento Red Bull Soapbox ........................................................................ 24 Figura 13: Red Bull Paper Wings .............................................................................. 25 Figura 14: Equipe Red Bull Racing ........................................................................... 25 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1 – A TRANSFORMAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO .................................. 3 1.1 – CULTURA DE MASSA .................................................................................... 4 1.2 – CULTURA DAS MÍDIAS ................................................................................. 6 1.3 - CULTURA DIGITAL ......................................................................................... 8 2 – A TRANSFORMAÇÃO DA PROPAGANDA ........................................................ 9 3 - ADVERTAINMENT .............................................................................................. 11 3.1 - BRANDED CONTENT ................................................................................... 12 3.2 - PRODUCT PLACEMENT .............................................................................. 15 4 – RED BULL .......................................................................................................... 18 4.1 – HISTÓRIA ..................................................................................................... 18 4.2 – COMUNICAÇÃO ........................................................................................... 20 5 – ANÁLISE ............................................................................................................. 26 6 - CONCLUSÃO ...................................................................................................... 27 7 - REFERÊNCIAS ................................................................................................... 29 1INTRODUÇÃO Desde a década de 70, o surgimento de novas mídias vem causando implicações diretas no mercado publicitário1. O advento da internet, da TV a cabo e o aparecimento de “novos” aparelhos tecnológicos como o controle remoto, fragmentaram a audiência dos grandes veículos de TV, rádio e jornal, que agora dividem a atenção dos espectadores com novos veículos e plataformas que oferecem um conteúdo mais personalizado e adequado a seus gostos. Se um dia o trabalho da propaganda foi apenas atingir o consumidor com suas mensagens, fazendo-a ser percebida através da inserção publicitária tradicional que visa a interrupção da programação para exibição de uma mensagem comercial, hoje a luta é pela real capacidade de envolver e engajar o consumidor que se encontra cada vez mais disperso. O surgimento de novas tecnologias também tem ‘minado’ a propaganda como é conhecida, servindo de trunfo para os espectadores que cada vez menos são impactados por ela, como por exemplo utilizando o controle remoto na forma de zapping (ato de trocar constantemente de canal), o skipping (ato de pular o anuncio nos breaks), o pay per view, os vídeos on demand, entre outros. Logo, a demasiada utilização dos meios de comunicação de massa e a maneira de atingir o consumidor estão sendo revistas. Em um mundo cada vez mais multimídia, repleto de opções e alternativas que atraem a atenção dos consumidores Waquin e Farias (2002), afirmam que cada vez mais, profissionais de marketing e comunicação tem buscado maneiras novas e alternativas para obter a atenção dos consumidores, e muitas destas alternativas passam pela mudança e diversificação de investimentos de seu composto promocional, tendo em vista aproximar-se de seus públicos e estreitar os laços com seus consumidores através de canais mais segmentados e interativos. No meio de se destacar no mercado cada vez mais competitivo de forma a obter não apenas a atenção das pessoas mas também motiva-las positivamente em relação 1 Embora haja diferenças históricas conceituais entre o termo propaganda e publicidade, no trabalho ele será usado como sinônimo. 2 as mensagens da marca surge o conceito de advertainment, termo que designa a comunicação da marca por meio de uma forma híbrida entre propaganda e entretenimento. (SÁENZ, 2004). Diferente do modelo tradicional que interrompe o entretenimento, o advertainment insere ‘levemente’ a marca no entretenimento midiático tornando-se parte do conteúdo. Caso da Red Bull que cada vez menos investe em meios de comunicação de massa passando a investir mais na criação de um bom conteúdo multiplataformas que estimula o relacionamento entre o público e a mensagem gerando mídia espontânea. Neste cenário de constantes desenvolvimentos tecnológicos, multiplicação das mídias e a crescente perda de relevância das mensagens publicitárias nos veículos de massa para o consumidor, o problema de pesquisa gira em torno de: qual a importância da utilização do advertainment como principal estratégia de mídia pela Red Bull? Portanto, este trabalho tem como objetivo principal explorar o uso do advertainment analisando sua utilização como estratégia de mídia pela empresa Red Bull. Nesse sentido buscou-se identificar o consumidor atual; analisar o cenário da propaganda; conceituar o advertainment e identificar as ações feitas pela Red Bull. A hipótese é que a Red Bull se adaptou as transformações ocorridas no campo da comunicação e reinventou sua forma de se comunicar com o público utilizando as mídias digitais, mais segmentadas, como plataforma para distribuir seu conteúdo. A metodologia se dará por meio da revisão de literatura, para fornecer subsídios teóricos para desenvolvimento do tema, coletando informações em bases secundárias como livros, artigos e filmes, nos meios audiovisuais, impressos e digitais. O estudo de caso foi realizado tendo fundo o histórico da marca Red Bull ao longo da última década, levantamos informações sobre sua trajetória e analisamos pelo conteúdo. O artigo está organizado em quatro partes, a primeira decorre sobre as mudanças ocorridas no consumo de mídia por parte dos espectadores desde o advento dos meios de comunicação de massa, trará as transformações que vem acontecendo no cenário publicitário que inviabilizam a forma tradicional de se fazer propaganda, logo depois conceituaremos o advertainment e em seguida desenvolveremos um melhor conhecimento sobre a Red Bull e como ela direciona sua comunicação. Por fim será feito uma análise da comunicação da empresa. 3 1 – A TRANSFORMAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO A tecnologia de uma televisão tem mudado consideravelmente desde sua invenção no final de 1940. Passou de uma imagem em preto e branco para a colorida, melhorou a qualidade do sinal, a nitidez das imagens, tornaram-se planas, mais finas e leves, passaram a ser feitas de LED e hoje transmitem até mesmo programação em 3D, porém, para Helena (2012), pouca coisa até então havia mudado em relação ao ato de sentar no sofá e assistir uma determinada programação. O hábito de consumir a mídia foi de fato mudado com a chegada de novas tecnologias que possibilitaram à audiência maior controle sobre o conteúdo televisivo e não simplesmente assistir de forma passiva a programação homogeneizada até então lhe oferecida, como por exemplo, a utilização do controle remoto para troca frequente dos canais e o uso do videocassete para gravar programas e assistir depois, isto, no instante em que crescia o número de canais televisivos. Assim, as pessoas passaram a dedicar seu tempo a outras plataformas que viriam a surgir como o videogame, o computador, o tablet entre outros. Graças a tais desenvolvimentos tecnológicos, mais do que apenas receber informações, as pessoas passaram a criar e compartilhar seus próprios conteúdos. Podem elas mesmas editar, adicionar trilhas e fotos aos seus vídeos, montar playlists, receber e enviar seus favoritos. Tudo isso para todos verem, compartilharem, responderem e opinarem. É neste momento que uma revolução se consolida: quando os hábitos das pessoas mudam. Sem a adoção em massa, nenhuma tecnologia revoluciona nada, é natimorta. Podemos no máximo concluir que a tecnologia viabiliza e incentiva. Mas a revolução só se estabelece de verdade quando cada vez mais e mais indivíduos adotam novos e inusitados comportamentos de consumo. (HELENA, 2012, p. 28). Quanto a isso, Santaella (2003), identifica e conceitua seis “eras culturais” que dividem a história da comunicação: cultura oral, cultura escrita, cultura impressa, cultura das massas, cultura das mídias e cultura digital. Para este artigo é relevante conceituar apenas as três últimas eras que sinalizam a ruptura entre o espectador passivo (culturas de massa) e o espectador seletivo (cultura das mídias e cultura digital). São estas as principais eras que trouxeram à tona na sociedade os hábitos e comportamentos fundamentais para o surgimento do advertainment. 4 É importante explicitar que de acordo com Santaella (2003), uma era não desaparece com o início da outra, se trata de um processo cumulativo onde uma nova formação comunicativa e cultural se integra à anterior provocando nela reajustes e novas funcionalidades. 1.1 – CULTURA DE MASSA A cultura de massa teve seu início no começo do século XX, a partir da explosão dos meios de reprodução técnico-industriais, como a fotografia, o cinema e o jornal, seguido dos meios eletrônicos de difusão, como o rádio e a televisão. Estes adventos possibilitaram a disseminação de conteúdos midiáticos entre as diferentesconfigurações culturais existentes na sociedade, que até então, segundo Santaella (2003), constituíam-se por estratos culturais divididos em duas faces nítidas: o estrato erudito, com as belas artes (desenho, gravura, pintura, escultura), as artes do espetáculo (música dança e teatro) e as belas letras (literatura) e o estrato popular, folclórico, considerado baixa cultura. Logo, os “novos” meios de comunicação como o rádio, o cinema e principalmente a TV, produziram um grande impacto na sociedade que até então se caracterizava pelas relações interpessoais e distintas entre seus diferentes grupos sociais. O aparecimento destes meios, resultaram em cruzamentos culturais entre o erudito, o popular e agora o massivo, mesclando-se em tecidos híbridos e voláteis, próprios das culturas urbanas, ou seja, de uma massa popular. Santaella (2003), afirma que os meios de comunicação tornaram-se simultaneamente meios de produção de arte, caso da fotografia, do rádio, e do vídeo. Práticas voltadas para o consumo em grande escala, atuando de forma a transcender toda e qualquer distinção de natureza social, étnica, etária, sexual e psíquica, oprimindo as demais culturas e valorizando tão somente a homogeneização dos gostos da maioria no interior de uma população, sendo suas mensagens, transmitidas em um único sentido, sempre na direção do receptador, impedindo a audiência de responder a tais mensagens. A exacerbação do consumo valorizado pelos meios de comunicação de massa, transformou não só a família, mas o trabalho, o lazer, a vida cotidiana e os 5 ambientes urbanos, em um sistema que molda as relações individuais, construído pelos padrões do acesso, ou falta dele, aos bens materiais e simbólicos. Neste cenário, tende a prevalecer a opinião de grandes organizações e dos veículos de comunicação, que criam uma experiência que antecede a vivencia real. Para Ribaric (2009, p. 6), “A imagem se tornou uma mercadoria submetida à lógica da sociedade do espetáculo, ou seja, a da valorização das imagens vinculadas às mercadorias”. Como nas antigas propagandas usadas pela indústria tabagista entre os anos de 1927 e 1954 que exaltavam possíveis benefícios do fumo como o emagrecimento, acalmar as pessoas, fazer bem aos dentes e ser elegante, como relata (VERA, 2008). Figura 1: Propaganda da Viceroy. Fonte: Vera, 2008. Estes decidem onde, como e quanto de informação devem ser emitidas, procurando influenciar o ponto de vista da população para favorecer seus interesses, fato que solidificou a ideia de homem inserido em uma massa e o preceito de mass media. Trata-se de um mundo construído pelos meios de comunicação, que selecionam o que devemos conhecer, os temas a serem pautados para discussão e, mais que isso, o ponto de vista a partir do qual compreenderemos esses temas. Eles se constituem em educadores privilegiados, dividindo as funções antes destinadas à escola. E têm levado vantagem (BACCEGA, 2004, p.125). Castells (2000), afirma que os meios de comunicação de massa têm a capacidade de moldar a linguagem da comunicação societal utilizando-se de objetos e símbolos que passam a fazer parte da própria cultura devido ao consumo midiático homogeneizado e a passividade do telespectador. Esta influência de poder exercido pela mídia pode ser visto pela disseminação dos jargões de filmes e telenovelas, 6 replicados deliberadamente pelas pessoas, como o famoso “Hasta la vista baby”, dito pelo ator Arnold Schwarzenegger, no filme O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991), e em casos mais extremos como no episódio de Guerra dos Mundos (1938), onde o cineasta Orson Welles causou um pandemônio na sociedade ao simular em um programa de rádio que a Terra estava sendo invadida por alienígenas. Este tipo de comunicação massificada e hegemônica por parte dos veículos de comunicação de massa, que tinha a televisão como seu principal meio, começou a sofrer seus primeiros impactos a algumas décadas atrás, mais precisamente durante os anos 80, com o surgimento de uma nova cultura. 1.2 – CULTURA DAS MÍDIAS A cultura das mídias tem seu início durante os anos 80, época onde o domínio dos grandes meios de comunicação começa a diminuir progressivamente com o surgimento de novos canais nas diferentes mídias de massa que oferecem um leque maior de conteúdo segmentado aos seus públicos. Cavallini (2009), apresenta dados que no Brasil o número de veículos no meio jornal aumentou 57% em comparação a 1990, contando hoje com 3.076 jornais. Na mídia revista, houve crescimento de 900 títulos em 1991 para 3.833 em 2007. O meio rádio é o que apresenta o maior salto, de aproximadamente 500 estações na década de 50 para 4.000 nos dias atuais, sem contar as 2.408 rádios comunitárias e mais de 15 mil rádios piratas. No âmbito televisivo antes restrito a seis emissoras abertas, passou a oferecer outras opções nas frequências VHF e UHF, como a MTV, Rede Vida e Rede TV. A televisão fechada passou a ter 97 canais em 2008. Se as opções de mídia aumentam, o alcance diminui. O programa mais popular da televisão americana em 1975 era o All in the Family, assistido por 60% dos lares. Já em 2010, o programa número um de audiência foi o American Idol na Fox, assistido em menos de 15% dos lares. (HELENA, 2012) Além da fragmentação das mídias segundo Santaella (2003), nos anos 80, os meios de comunicação de massa passaram a ter que conviver também com novos produtos midiáticos e equipamentos tidos como desmassificadores, como o fax, o videocassete e o videogame. Assim, filmes antes passados exclusivamente nos 7 canais de TV, passaram a ter também sua disponibilização nas videolocadoras, expandindo não apenas o mercado cinematográfico, mas também o de videoclipes e de videogames. As músicas tocadas exclusivamente nas rádios, passaram a ser tocadas também nos walkmans. Estes novos processos comunicacionais propiciaram a audiência a opção de escolha entre diferentes formatos de entretenimento e informação mais segmentada, chamada narrowcasting, uma lógica de consumo diferente da oferecida pela cultura de massa, na qual o conteúdo é produzido por poucos e consumido por uma massa que não tem o poder de interferir na programação que consome, chamado broadcasting. Em meio a esta maior possibilidade de consumo midiático emergiu-se uma nova cultura do disponível e do transitório, ponto de partida para o surgimento de um novo perfil de audiência, mais seleto e menos estático. Contudo, um fato interessante, é que mesmo com esta nova tendência de mídias que voltam-se para uma audiência mais personalizada e diversificada, a televisão “tornou-se nesse período mais comercializada do que nunca e cada vez mais oligopolista no âmbito global”. (CASTELLS, 2000, pag. 366:367). Ainda assim, pelo fato de nem todos assistirem a um mesmo tipo de conteúdo de entretenimento simultaneamente e o fato de uma determinada cultura ou grupo social ter estabelecido um relacionamento especifico com outros sistemas de mídias, foi suficiente para estabelecer novas mudanças no perfil e comportamento das audiências. Quanto a isso, Sabbah (2003) parece compartilhar da mesma opinião de Castells, já que para ele: [...] a nova mídia determina uma audiência segmentada, diferenciada que, embora maciça em termos de números, já não é uma audiência de massa em termos de simultaneidade e uniformidade da mensagem recebida. A nova mídia não é mais mídia de massa no sentido tradicional do envio de um número limitado de mensagens a uma audiência homogênea de massa. (SABBAH apud SANTAELLA, 2003, pag. 16). A circulação da informação de forma mais democráticanos mais diferentes níveis, gêneros e formas provocados pela cultura midiática, acaba ampliando os mercados culturais, expandindo os hábitos de consumo. Já nos anos 90, esses cenários começaram a conviver com uma revolução na informação e na comunicação que se torna cada vez mais onipresente chamada de revolução digital. 8 1.3 - CULTURA DIGITAL Uma nova mudança no hábito e na forma de consumir a mídia foi desencadeada com a introdução dos computadores pessoais e a chegada da internet no mercado doméstico no início dos anos 90. O espectador, antes passivo às mensagens análogas e segmentadas recebidas pelas culturas de massa e cultura das mídias respectivamente, tornou-se também usuário. Isto significa que a relação de sentido único que a audiência possuía com a televisão e demais mídias tradicionais foi alterada para um modelo interativo e bidirecional de comunicação onde todos podem ser um canal de informação. Segundo Lévy, (2003, p. 113). “no ciberespaço [...] cada um é potencialmente emissor e receptor num espaço qualitativamente diferenciado, não fixo, disposto pelos participantes, explorável”. O desenvolvimento tecnológico barateou e democratizou meios de produção e distribuição. Se antes o público se sentia oprimido pela grande mídia, pois só ela podia produzir conteúdo e transmitir através de seus canais, hoje cada pessoa pode se tornar produtor, criador, compositor, montador e distribuidor de seus produtos, difundindo-os na web, celulares, mp3’s players e outros meios. O anônimo agora possui ferramentas para se expressar. Para se ter uma ideia Helena (2012), descreve que uma garota canadense de 10 anos chamada Maria Aragon postou um vídeo no YouTube, onde interpreta no teclado uma música da cantora Lady Gaga. Um blogueiro chamado Perez Hilton assistiu e enviou o link para a própria Lady Gaga que escreveu em seu Twitter para seus milhares de fãs ter ficado emocionada com tal apresentação. A garota logo se tornou uma celebridade local da pequena cidade canadense passando a dar autógrafos, sendo convidada para participar de eventos e entrevistas nas rádios. Em uma destas entrevistas, Lady Gaga telefonou para a rádio e conversou com a pequena garota, que para completar convidou Maria para subir ao palco no seu próximo show em Toronto para realizarem juntas um dueto. Com tudo isso acontecendo, o vídeo ultrapassou a marca de 25 milhões de visualizações no YouTube. Onde o estúdio foi seu quarto e produzido por uma filmadora de US$300,00. A cultura digital é considerada uma revolução na comunicação pois com a utilização dos computadores foi possível fundir as quatro principais formas de 9 comunicação, o documento escrito (imprensa, livro), o audiovisual (televisão, cinema), as telecomunicações (telefone, satélites) e a informática (computadores) em uma só linguagem. Agora, através da digitalização e compressão de dados, as mídias podem ser traduzidas, manipuladas, armazenadas, reproduzidas e distribuídas digitalmente (SANTAELLA, 2003). É revolução também devido a sua propagação e difusão que alcançou todo o planeta por meio das redes de telecomunicações. Desta forma as informações circulam em um estado de liberdade, típico da era do acesso e diferente da “posse da informação” das culturas passadas. Assim, dados viajam por todo o planeta levando informação e entretenimento a todos que tenham conexão às redes. 2 – A TRANSFORMAÇÃO DA PROPAGANDA Com o crescimento dos canais de mídia e consequentemente a quantidade de mensagens que trafegam diariamente desde a cultura das mídias, as pessoas começaram a rejeitar o modelo de propaganda que visa chamar a atenção através da imposição de mensagens, base dos investimentos publicitário desde o surgimento dos meios de comunicação de massa por atingir uma grande quantidade de pessoas. Modelo este que constituiu em prover entretenimento e informação, interrompê-lo com mensagens comerciais e voltar a fornecer entretenimento e informação. É o intervalo comercial que interrompe o programa, o anúncio na revista que interrompe o artigo, o spot de rádio que interrompe a seleção musical e assim continuamente. (LONGO, 2007). Porém, como vimos com o surgimento da cultura da mídia, quando as opções de mídia aumentam, o alcance diminui. Conforme aponta Moore (2007), no ano de 1965, 3 inserções comerciais de 60 segundos na televisão eram suficientes para alcançar 80% dos telespectadores entre 18 e 49 anos. Já em 2002 eram necessários 117 comerciais no horário nobre para conseguir o mesmo impacto. Na doutrina midiática publicitária convencional reza a máxima impacto versus frequência. Longo (2007, p. 1), afirma que “[...] antes a luta era para que alguém visse nossa mensagem”. Hoje esta atenção está fragmentada entre os diversos meios e 10 plataformas de comunicação (FIGURA 2). A luta agora passa pela real capacidade de influenciar, motivar, emocionar e conversar com as audiências. Figura 2: Pluralidade de mídias na cultura digital Fonte: Muito além do Merchan, 2012. Para se ter uma ideia, de acordo com Steel (2006), somos expostos diariamente por quase 3.000 mensagens comerciais. Elas estão nas fachadas dos prédios, nos folhetos distribuído nas esquinas, na tela dentro dos elevadores, nos aplicativos de celular, em todos os cantos, enviando mensagens que na maioria das vezes não interessa ao público. Uma pesquisa feita pela Yankelovich Partners (2004), revelou que 2/3 dos consumidores se sentem “constantemente bombardeados” por mensagens publicitárias, 65% dos entrevistados disseram que deveria haver mais limitações para a publicidade e aproximadamente 70% concordam que gostariam de ter à disposição mais mecanismos para bloquear as mensagens comerciais (TARGET PRACTICE apud CHAMBERS, 2005). Diante deste crescimento no número de mensagens, a audiência se torna mais exigente e seletiva em relação a qualidade do conteúdo que escolhe para dar atenção, e quando sua expectativa não é atendida a resposta natural tem sido ignora-las. Em relação a atenção, nos defrontamos atualmente com um número maior de opções que buscam driblar a propaganda. Isso passou a ser possível graças ao aparecimento de tecnologias que segundo Weiss (2014, p.1), prometem dar à 11 audiência uma “[...] total liberdade de poder assistir e interagir com os conteúdos que escolhe, decidindo quando, como e quantas vezes irá consumir”. Tecnologias estas como o controle remoto que passou a ser usado constantemente, instaurando o fenômeno do zapping e do TiVo, uma marca popular de gravador vídeo digital (DVR – digital vídeo recorder) que permite aos usuários salvar a programação televisiva para assistir depois sem a veiculação das propagandas. Tecnologias como estas e a atenção seletiva dos telespectadores e leitores estão inviabilizando o negócio da propaganda como conhecemos. Para superar todos estes obstáculos e conquistar o tempo do consumidor, tem que se entregar algo realmente surpreendente e inovador. 3 - ADVERTAINMENT Advertainment é uma hibridação resultante da contração entre as palavras inglesas “ advertising ” (publicidade) e “ entertainment ” (entretenimento, diversão). O termo designa as mensagens que resultam ser um misto entre a publicidade e o entretenimento. Com a virada do século XX e a constatação de um consumidor cada vez mais “sócio consciente”, crítico e resistente a propaganda convencional, uma nova estratégia de mídia vem ganhando força, o advertainment. Mais sutil que os spots televisivos e os anúncios convencionais que interrompem a programação da audiência para impor uma mensagem comercial, o advertainmentprocura aproximar emocionalmente marcas e pessoas estando presente de forma relevante e divertida no próprio conteúdo de entretenimento midiático (programa de televisão, música, shows, filmes, eventos). Advertainment são ideias que trazem valores de entretenimento para marcas e que integram marcas no entretenimento. São particularidades de cada marca na forma de programas televisivos, eventos sociais, filmes, jogos on- line entre outros, ligando importantes paixões a importantes marcas tendo por trás uma razão estratégica. Ao permitir essas novas experiências de entretenimento, as marcas ganham notoriedade e valor (BRANDED CONTENT MARKETING ASSOCIATION, 2006 apud BORSANELLI, 2007, p. 27). 12 Essa é uma tendência cada vez mais popular entre os anunciantes, a de criar laços mais estreitos entre suas marcas e as pessoas através do conteúdo editorial próprio, nos suportes midiáticos que patrocinam e se aliam. No lugar da mensagem direta e agressiva do anúncio tradicional, estas parcerias permitem às marcas se insinuarem dentro do próprio conteúdo de um jornal, uma revista, um livro, um website ou um programa de televisão, como parte do mix, quer seja de entretenimento ou de informação. “Se passar por informação, a comunicação parecerá mais objetiva: pode- se, portanto, “acreditar” nela mais facilmente” (QUESSADA, 2003, p. 87). Como aponta Ribaric (2009), a “simulação” de conteúdo editorial permite aos anunciantes sair dos canais convencionais da publicidade, dos quais os consumidores escapam, e fortalecer a ligação do consumidor com a marca, oferecendo-lhes alguma coisa do seu interesse pessoal. [...] em todo lugar as audiências estão cada vez mais difíceis. Eles não têm mais tempo para serem perturbados ou pressionados por propaganda ortodoxa old-fashioned. Precisamos parar de interromper o que as pessoas estão interessadas e começar a ser o que as pessoas estão interessadas” (CRAIG DAVIS apud HELENA, 2012, p. 97). Deve-se destacar que o conceito de advertainment está ligado à relevância do conteúdo da marca para o consumidor e não necessariamente à interatividade. Esta prática tornou-se possível quando a audiência passou a ter liberdade para escolher e acessar livremente os conteúdos midiáticos, sejam eles através dos meios de comunicação surgidos na cultura de massa, das mídias ou digital. O advertainment se divide em duas formas de oferecer o conteúdo. O branded content (conteúdo autoral gerado por iniciativa da própria marca em seus canais de mídia) e o product placement (presença da marca no conteúdo midiático de terceiros), como veremos melhor a seguir. 3.1 - BRANDED CONTENT O branded content (conteúdo da marca) é uma ferramenta de marketing que consiste na produção e distribuição de conteúdo jornalístico, educativo ou de entretenimento por iniciativa da própria marca através de canais próprios como seu site, webseries, YouTube, aplicativos ou mesmo na ativação de patrocínio e eventos. 13 Helena (2012, p. 103), afirma que o principal objetivo “é fazer com que as pessoas assimilem a mensagem, os atributos e os conceitos de forma leve e envolvente”. Ao branded content não confere o objetivo explícito de vender um produto ou serviço particular, mas sim relacionar diretamente o consumidor à marca, ligando-os emocionalmente a seus valores. Hoje, existem dois caminhos explorados em estratégias de branded content. Um deles é abordar histórias e assuntos ligados diretamente a marca. Um bom exemplo é o site da Absolut Vodka que disponibiliza conteúdos envolventes sobre sua história, curiosidades sobre suas garrafas e trechos de vídeos de como são produzidas as vodkas. Helena (2012), enfatiza que este é o dever de casa de uma marca, e todas deveriam investir em conteúdo proprietário sobre elas mesmas. Figura 3: Garrafas Absolut Fonte: highbrowdesigns.com – 2011 O outro caminho é a marca produzir e distribuir conteúdos de entretenimento que não tratem diretamente sobre ela, mas que tragam em si mesmo de forma implícita atributos de sua atmosfera que precisam ser reforçados. Neste caso o produto final deve ser altamente relevante ao público de interesse que se pretende impactar. Neste direcionamento, a Absolut criou um projeto de advertainment que integra a experiência presencial, branded content e responsabilidade social, 14 oferecendo um espetáculo na Madison Square Garden em Nova Iorque chamado “Absolut NY-Z”. No dia 11 de setembro de 2009, o cantor Jay-Z foi a principal atração da noite em um show beneficente onde toda a renda foi designada as famílias dos bombeiros e policiais que deram a vida nos resgates das vítimas do atentado terrorista de 11 de setembro. O cantor convidou diversos outros artistas para participar do tributo, como Alicia Keys, Kanye West, Rihanna e Beyonce, show que se tornou um marco na retomada do orgulho nova-iorquino. Todo esse momento oferecido por uma marca. Figura 4: Evento Absolut NY-Z. Fonte: ypsilon2.com – 2010 Paralelamente, o renomado diretor de videoclipes Danny Clinch foi convidado para dirigir um mini documentário exclusivo para fanpage da marca no Facebook. Um conteúdo de entretenimento relevante e bem produzido que aumentou sua base de fãs e seu relacionamento com eles. Helena (2012), discursa sobre a importância do conteúdo de entretenimento para o sucesso da presença das marcas no meio digital. As pessoas não criam contas no Facebook ou entram no YouTube para ver vídeos sobre a sua empresa. Elas querem ver e compartilhar vídeos sobre o Jay-Z. Conteúdos com histórias que são relevantes para elas. Pode até ser que alguma marca seja relevante em algum momento para determinado público. Mas, em sua grande maioria, as pessoas querem consumir conteúdos de entretenimento de verdade e não sobre as marcas. (HELENA, 2012, p. 112). 15 Outro case importante de branded content foi o “BMW Films”. Uma webserie desenvolvida pela BMW em 2001 onde diretores consagrados e estrelas de Hollywood foram convidados para assinar e atuar respectivamente em 8 filmes de 10 minutos, produzidos para serem disponibilizados apenas na internet. O projeto criado pela agência Fallon se tornou referência, mostrando as marcas como as novas plataformas e ferramentas poderiam ser usadas buscando construir relações emocionais com determinada audiência. Figura 5: BMW Films Fonte: bmwblog.com Seu sucesso pode ser identificado através de seus 50 milhões de registros de downloads, apenas no período inicial do projeto. Mais de 100 milhões de pessoas assistiram ao filme durante o tempo que ficou disponibilizado oficialmente no site da marca. Apesar de ter objetivos exclusivamente institucionais, a BMW viu o número de vendas de seus carros crescerem 12% em relação ao ano anterior. 3.2 - PRODUCT PLACEMENT Diferente do branded content que busca a produção e distribuição do conteúdo dentro de seus próprios meios de comunicação, o product placement procura inserir a marca no conteúdo de entretenimento desenvolvido por terceiros, como em filmes, seriados, jogos de computador, músicas, aplicativos, destinos turísticos, embalagem. 16 Em muitos casos o product placement é confundido com o merchandising e para melhor compreensão é necessário categorizar suas diferenças. Merchandising deriva da palavra inglesa merchandiser (negociante). Nos Estados Unidos, o termo merchandising é utilizado para englobar o conjunto de técnicas de marketing voltadas para explorar o chamado PDV (ponto de vendas) e para descrever produtos licenciados como camisas do Red Hot Chilli Peppers, o boné do timede basquete do Lakers ou uma caneca do CSI Miami. Outra nomenclatura de merchandising nos Estados Unidos é o termo tie in (tie – “amarrar” e in – “dentro de”), mais utilizada para designar ações de cross promotion - propriedades de um filme e produtos gerados a partir dele, como o lançamento do mais novo filme de Star Wars juntamente com seu livro e seu jogo de videogame. No Brasil o termo merchandising passou a ser referido a presença das marcas nos programas de televisão onde o apresentador interrompe a programação para falar de um determinado produto. Mesma mentalidade utilizada pelo modelo de publicidade tradicional, que interrompe o fluxo natural do entretenimento. Já no product placement a ideia é que a presença das marcas ocorra de forma fluída junto a trama que está se desenrolando. Para Helena (2012, p. 114), “A presença é mais sutil e gera menos repulsa por parte dos telespectadores”. A nomenclatura pode parecer nova, mas a técnica já é usada a algum tempo. Pavlik (2008), diz que em 1890 os irmãos Lumière já tinham um sócio que trabalhava no departamento de publicidade da empresa Lever Bros, hoje conhecida como Unilever. Ele afirma que não é por acidente que a Sunlight Soap (marca de sabão em barra) aparece constantemente nos filmes dos Lumière. Um bom exemplo de product placement nos cinemas é sua utilização no filme Naufrago no ano de 2000, estrelado por Tom Hanks onde seu coadjuvante é uma bola de vôlei da marca de materiais esportivos Wilson. 17 Figura 6: Filme Náufrago Fonte: singularesperolas.wordpress.com – 2011 O product placement na maior parte dos casos se utiliza em inserir no conteúdo, o produto em si. Pode ser o carro futurista do herói do filme, o celular ou computador do personagem principal ou a cafeteria onde o casal se esbarra pelas manhãs. Para tais setores como a indústria automobilística e de tecnologia, o território lúdico dos filmes já é considerado um campo estratégico de disputa por espaço tão acirradas como as que acontecem no mundo real. Figura 7: Product Placement da Apple no seriado House. Fonte: blogdamarco.wordpress.com – 2011. Helena (2012), relata que de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Anunciantes (ANA – Association of National Advertisers) 18 junto aos maiores gestores de marketing dos Estados Unidos, revelou que 55% deles consideram favorável o uso do product placement por: Estabelecer uma conexão emocional forte com os consumidores; Fortalecer o alinhamento das marcas com conteúdos relevantes; Gerar uma afinidade maior com os atributos da marca; Posicionar e posicionar seus conceitos. Em pesquisa similar realizada pela própria ANA (2012), porém com produtores e diretores de cinema, eles destacaram que os principais motivos que os levam a aderir o product placement são: Os personagens precisam se vestir, comer, ter carro e falar no celular; As marcas ajudam a definir o perfil do personagem; As marcas ajudam a divulgar o filme; Disponibilidade de um orçamento maior. O product placement portanto ajuda a construir uma atmosfera de atributos em torno da marca, usando do entretenimento para ajudar a contar uma história relevante para seu público. 4 – RED BULL 4.1 – HISTÓRIA Fundada em 1984 na Áustria, a Red Bull é uma empresa de bebidas energéticas mundialmente conhecida e líder de mercado em mais de 160 países. Sua história teve início quando seu fundador, o austríaco Dietrich Mateschitz, durante viajem de negócios a Tailândia, experimentou uma bebida que curou seu jet lag (alteração do ritmo biológico de 24 horas consecutivas, que ocorre após mudanças do fuso horário em longas viagens de avião), chamada Krating Daeng (Búfalo de Água em tailandês). Bebida esta, que entre outras substâncias estimulantes possuía altas doses de inositol, cafeína e taurina. Mateschitz que trabalhava na Unilever e fez carreira como líder de marketing dos cremes dentais da alemã Blendax. Largou seu emprego e associou-se a Chaleo 19 Yoovidhya, inventor tailandês da bebida Krafting Daeng, onde cada um investiu US$500 mil em 49% do empreendimento, os 2% restantes ficaram com o filho de Yoovidhya. A Startup foi batizada de Red Bull. Eles procuraram adicionar gás a receita para se familiarizar ao paladar ocidental, já que na Tailândia a bebida era considerada um tipo de chá, e mantiveram os três ingredientes básicos: o aminoácido taurino, a cafeína e a glucoronolactona, carboidrato derivado da glicose. Sua primeira venda foi realizada apenas no dia 1 de abril de 1987, após levar três anos para obter a aprovação de comercialização devido sua dose de cafeína 3 vezes maior que um refrigerante comum. Após as primeiras dificuldades de realizar as vendas, a empresa chegou ao seu ponto de equilíbrio em 1990. Em 1993, além da Áustria, já vendia na Hungria e Alemanha. As vendas passaram a ir tão bem, que em pouco tempo a marca não conseguia mais satisfazer a demanda nem comprar o alumínio para fabricação das latas. Porém, de um ano para o outro as vendas voltaram a cair. Mateschitz contratou um novo diretor de marketing que reverteu o quadro de redução nas vendas quando se dedicou a percorrer os clubes noturnos frequentados por estudantes. Mercado onde a Red Bull conseguiu se impor e hoje tem faturamento anual de mais de US$5,2 bilhões. (MC DONALD, 2011). Um fato intrigante é a existência de uma grande quantidade de reportagens voltadas para saúde que alertam sobre potenciais malefícios dos energéticos aos dentes, ao estômago e ao coração, embora não haja estudos que comprovadamente afirmam isto. Além disso a bebida Red Bull, nunca foi bem na prova de sabor com grupos de consumidores antes de ser lançada. Porém o paradoxo de rejeição quanto ao sabor e seu sucesso no número de vendas, não é enigma para seu criador, que segundo ele: “A bebida não é gostosa, mas isso é secundário. A Red Bull não é só uma bebida. É uma filosofia, um produto funcional que fortalece o esportista e melhora seu desempenho” (MATESCHITZ, apud TROIANO, 2014, p.5). 20 4.2 – COMUNICAÇÃO A estratégia de comunicação da Red Bull segundo Troiano (2014), tem sido composta por três características peculiares: a baixa presença publicitária nos meios tradicionais; criação ou patrocínio de eventos esportivos não convencionais e/ou radicais e o apoio a esportistas. Porém, engana-se quem pensa que por investir pouco em mídias tradicionais como a TV aberta, o orçamento destinado a comunicação da marca seja baixo. A Red Bull investe cerca de 30% de sua receita na construção da imagem de sua marca enquanto a Coca Cola investe menos de 10%. Embora a companhia resista em explicar as chaves de suas campanhas e suas ações, em entrevista à HSM Management, representantes da Red Bull Media House (RBMH – agência interna da Red Bull), que por regras da empresa não podem ser identificados, afirmaram que o sucesso da marca se deve a centralização das estratégias de negócios voltadas para o branded content, ou seja, a empresa tem destinado um orçamento maior para geração e financiamento de conteúdos jornalísticos, educativos e de entretenimento próprios, que são oferecidos em sua ampla rede owned media (canais próprios de comunicação como a fanpage no Facebook, canal no YouTube, Twitter, aplicativo, site). Por trás de todo o investimento em produção de conteúdo está a Red Bull Media House (RBMH), responsável por produzir e comercializar os materiais da marca oferecendo uma ampla gama de produtos premium de mídia com foco em esportes, cultura e estilo de vida que vão desdemateriais produzidos pra TV, cinema, revistas, games, internet, redes sociais e aplicativos. Hoje há certo consenso de que a Red Bull já não é uma fabricante de energéticos e muito menos de bebidas. É uma enorme empresa de comunicação que, sob uma marca forte como guarda-chuva, produz e comercializa todo tipo de conteúdo de alto impacto. (TERENZZO, 2014, s/p). Para se ter uma ideia, hoje, a Red Bull possui um canal de TV veiculado em três países da Europa, um selo de discos para novos artistas, uma revista mensal que circula em 12 países, uma plataforma de desenvolvimento de games, aplicativos para tablets, smartphones e smart TVs, o primeiro canal comissionado do YouTube feito 21 por uma marca e uma distribuidora de videoclipes, filmes e séries para os principais canais de internet e TV do mundo. (AUGUSTO, 2013). Figura 8: site de mídias da Red Bull Media House Fonte: redbullmediahouse.com Como citou Augusto (2013), segundo Bernhard Hafenscher, diretor de desenvolvimento de negócios da RBMH, em palestra no Rio Content Marketing em 2013, o mais poderoso princípio de marketing da Red Bull é “não fazer propaganda, mas sim contar histórias”. Ao invés de simplesmente anunciar, a marca prefere criar conteúdos surpreendentes para entreter engajar e conquistar seu público. Foi da RBMH que surgiu a ideia do projeto chamado Red Bull Stratos, que em outubro de 2012 permitiu ao paraquedista Felix Baumgartner saltar da estratosfera, a exatamente 39.040 metros e ser o primeiro homem a romper a barreira do som em queda livre. Segundo Troiano (2014), foram duas horas e meia para subir e apenas quatro minutos e vinte segundos para voltar, a uma velocidade de 373 metros por segundo. De acordo com o site da Red Bull (2012), a meta principal do projeto era coletar dados relevantes para que a ciência possa melhorar a segurança das viagens espaciais e capacitar fugas de espaçonaves em alta atitude. Além disso, tentar quebrar vários recordes, como o de maior velocidade em queda livre, o de salto mais alto, o de voo mais alto em um balão tripulado e queda livre mais longa. 22 Figura 9 Red Bull Stratos Fonte: redbullstatos.com Este projeto quebrou recordes não apenas de maior velocidade em queda livre, mas também na audiência mundial. 8 milhões de pessoas assistiram o salto ao vivo no canal da Red Bull no YouTube e vários outros milhões simultaneamente nas 40 transmissões de TV para todo o mundo. Neste dia a marca ganhou 140 mil novos fãs no Facebook, 240 mil seguidores no Twitter e 300 milhões de visitas no Youtube. (TERENZZO, 2014). Ano também que a Red Bull deu um salto de 40% no seu lucro. Seguindo esta linha de projetos a empresa busca desenvolver seus próprios eventos e distribui-los em seus canais. Exemplo do Red Bull X Fighters, um torneio internacional de motocross estilo livre, organizado pela Red Bull desde 2001, que reúne os melhores pilotos do mundo nesta área. É um dos maiores e mais conhecidos eventos criado pela marca. É sediado em diferentes lugares como na Plaza Monumental de Toros na Cidade do México, em Valencia, na Plaza de Toros Las Ventas em Madrid, entre outros lugares. 23 Figura 10: Red Bull X Fighters. Fonte: redbull.com.au O Red Bull Air Race, uma corrida de aviões criada em 2001, para fazer parte de um conjunto de modalidade de esportes radicais pouco convencionais da marca. Nesta corrida a habilidade dos melhores pilotos são desafiadas não só em velocidade, mas também em precisão. Assim, os pilotos têm de enfrentar obstáculos em alta velocidade, em percursos criados que disparam a adrenalina tanto dos pilotos quanto dos espectadores. Figura 11: Red Bull Air Race Fonte: redbullairrace.com Em uma outra linha que desta vez insere o consumidor no mundo da marca está o Soapbox, uma corrida de pilotos amadores cuja condição para participar é que tenham criado e construído seus próprios carros (sem motor) que devem descer um determinado percurso criado em ladeiras nas várias partes do mundo. Para ganhar 24 mais pontos, os participantes usam a criatividade para se fantasiar, fazer shows e criar a própria música que é tocada em sua descida. O resultado são carros divertidos, em formas inusitadas como pizza e até vaso sanitário. Figura 12: Evento Red Bull Soapbox Fonte – redbull.com O Red Bull Paper Wings, um campeonato mundial de aviões de papel que acontece desde 2006 onde estudantes universitários arremessam aviõezinhos de papel em vários países. O campeonato consiste em criar e fabricar o melhor avião de papel possível com uma folha de tamanho A4. A concorrência foi homologada segundo as normas da Paper Aircraft Association em três categorias: distância percorrida, tempo no ar e acrobacias. Participam estudantes de 86 países e a final é realizada no Hangar 7 da Red Bull, na Áustria monitorada por oficiais do Guiness Book of Records que computam cada record batido. Na categoria tempo de vôo, conseguem planar por cerca de 10 segundos, de acordo com o blogmoscabranca.com.br (2015). Na categoria distância percorrida, ultrapassam a barreira dos 30 metros. 25 Figura 13: Red Bull Paper Wings fonte: redbullpaperwings.com Quanto ao product placement, que utiliza o conteúdo gerado por terceiros para inserir sua marca, a Red Bull no ano de 2011 já apoiava mais de 500 atletas em mais de 97 modalidades (MC DONALD, 2011). Um fato curioso, é que por sua fórmula conter a taurina, estimulante também utilizado em antidepressivos, seu uso é vetado nos esportes de alto rendimento, o que não impediu a empresa de investir em atletas e times de tais modalidades. Através destes patrocínios a marca se faz aparecer nos principais campeonatos do mundo filmados por diversos canais de mídia. Figura 14: Equipe Red Bull Racing Fonte: infinity-redbullracing.com 26 5 – ANÁLISE Como uma empresa relativamente nova, fundada em 1984, a Red Bull, sempre procurou desenvolver sua comunicação de forma a oferecer eventos de esportes radicais ousados e não convencionais aos seus consumidores, como por exemplo os eventos Red Bull X Fighters em 2001 e o Red Bull Air Race em 2003. Diferente de obter a atenção dos consumidores interrompendo o conteúdo midiático para impor uma mensagem comercial e fazendo crescer a irrelevância da mensagem, a Red Bull prefere oferecer um entretenimento de qualidade que os divirtam e despertem o desejo das pessoas de se envolverem voluntariamente. Ao permitir essas novas experiências a marca ganha prestígio e valor. Durante os primeiros anos do Século XXI, a Red Bull optou em direcionar sua comunicação para o product placement, patrocinando uma grande quantidade de atletas e importantes campeonatos de esportes radicais, como o mundial de motocross, wakeboard e os X Games (evento que reúne as principais categorias de esportes de ação). Neste contexto a marca aparecia constantemente exposta nos principais veículos de mídia, sejam eles de massa ou segmentados, sempre estando ligado diretamente aos esportes. A hipótese de que a Red Bull se adaptou as transformações ocorridas no campo da comunicação e reinventou sua forma de se comunicar com o público utilizando as mídias digitais, mais segmentadas, como plataforma para distribuir seu conteúdo acaba por se sustentar, pois o surgimento da internet e suas plataformas digitais permitiu à Red Bull oferecer além dos conteúdos presenciais como os eventos, uma gama maior de produtos midiáticos no meio digital sem precisar do intermédio dos principais veículos de massa e canais especializados em esportes para inserirsua marca. A criação de canais próprios nas redes sociais como o Facebook, YouTube, Twitter, Instagram e ainda aumentar sua rede owned media nas plataformas digitais com revistas especializadas, sites, rádios, TVs, gravadora de vídeo e de música, aplicativos e jogos, possibilitou a Red Bull ampliar suas redes de contato com seu público e gerar uma quantidade maior de produtos midiáticos sobre o mundo dos esportes de ação, onde a própria marca “alimenta” seu público com vídeos de entrevistas com atletas patrocinados, expedições de aventura, cobertura dos seus eventos e músicas. 27 A Red Bull acaba por conquistar seu público de forma a oferecer um conteúdo único e “ousado” fazendo com que as pessoas que tenham interesse em esportes de ação procurem esses conteúdos que apenas as plataformas de comunicação da empresa têm a oferecer, como o Red Bull Stratos, Red Bull X Fighter, Red Bull Racing, Red Bull Air Race entre outros. Utilizando assim a multiplicação dos meios segmentados de forma a envolver seu público. 6 – CONCLUSÃO Em busca da resposta ao problema de pesquisa e o objetivo geral, sobre a importância da utilização do advertainment como principal estratégia de mídia pela Red Bull foi estudada a relação do consumidor com a propaganda pelas mídias de massa tradicionais e as segmentadas. Este estudo do comportamento do consumidor, dos processos comunicacionais e da mídia, possibilitou entender as necessidades e motivações que movem os espectadores para comprovar a eficiência do direcionamento da estratégia de mídia da Red Bull voltada para o advertainment. A mudança da era onde predominavam os veículos de comunicação de massa no início do século XX até a pluralidade de mídias da cultura digital trouxeram grandes implicações no campo da comunicação e consequentemente no cenário publicitário. Neste caso, o hábito de consumir o conteúdo midiático mudou, as pessoas não se contentam mais em sentar no sofá e assistir de forma passiva a programação que lhe é empurrada, seja assistindo TV, ouvindo rádio ou lendo jornal. Mais que um simples espectador o consumidor se tornou usuário. Eles assistem a seus programas de televisão com o smartphone na mão compartilhando suas opiniões com seus amigos e seguidores podendo ser ouvido e respondido por pessoas de todo o globo. Mais que apenas consumir eles podem criar seus conteúdos e compartilha-los. Agora é o consumidor que escolhe o que, quando e como irá consumir o conteúdo midiático. Neste contexto, ao verificar a eficácia das mensagens publicitárias nas mídias de massa tradicionais, constatou-se que as mensagens em tais mídias vêm cada vez mais perdendo relevância, diante de um consumidor mais exigente e seletivo. Ainda, a multiplicidade de meios e mensagens em que o consumidor está exposto, torna a 28 propaganda tradicional cada vez mais irrelevante, uma vez em que o modelo de interrupção adotado pela propaganda tradicional acaba por satura-lo. Ao dedicar uma parte maior de seu orçamento para a criar conteúdo de entretenimento relevante ao seu público, a Red Bull dribla a dispersão da atenção das pessoas, passando a ser o seu produto midiático o centro das atenções. Assim, unir conteúdo e marca tem se tornado uma das formas mais promissoras de chegar ao consumidor atual, seja na forma de product placement, onde a marca faz parte do contexto do conteúdo de terceiros ou no branded content onde a marca é responsável por criar e oferecer o próprio conteúdo. 29 7 - REFERÊNCIAS BACCEGA, Maria Aparecida. Comunicação/educação: apontamentos para discussão. Revista Comunicação, Mídia e Consumo, São Paulo, v.1, n.2, 2004. BORSANELLI, R. Advertainment: uma estratégia de comunicação na era digital. 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