Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Centro de Engenharias Curso de Engenharia Agrícola ESTUDO DA VARIAÇÃO DA ARMAZENAGEM DE ÁGUA DE UM PLANOSSOLO AO LONGO DO TEMPO EM DIFERENTES CAMADAS Relatório apresentado à disciplina Relação Solo Água Planta no 2° semestre de 2017. Componentes: Aline Farias Rossler Aline Krumreich Blank Gabriela Marroni Blank Ruan Bernardy Sthéfanie da Cunha Professores: Eloy Antonio Pauletto Cláudia Liane Rodrigues de Lima Pelotas, fevereiro de 2017. 1.INTRODUÇÃO O solo é um corpo natural e complexo, resultante da interação dos seus fatores de formação (material de origem, clima, organismos, relevo e tempo) que o torna um sistema dinâmico e variável, fundamental para a sustentação das diversas formas de vida no planeta (Filho & Libardi. 2005). Devido ao manejo inadequado, há variações físicas e químicas, seja elas normais ou forçadas pelo cultivo intensivo do solo, levam o mesmo a estar em constante mudanças no decorrer do tempo. Essas mudanças podem acarretar no favorecimento do crescimento das culturas, em um curto prazo. Por outro lado, se a ocorrência dessas mudanças se estender por vários anos, poderá haver uma degradação dos agregados, alterando a retenção de água e, por sua vez, reduzir a produtividade, inviabilizando economicamente o solo cultivado. Neste contexto, os atributos que influenciam na retenção de água no solo têm sido intensamente estudados por ser a água um dos fatores limitantes à produtividade das culturas (Beutler et al., 2002). O potencial da água no solo está mais diretamente ligado ao crescimento das plantas que o conteúdo de água disponível (Jensen et al., 1998). Acevedo et al. (1971) verificaram que o crescimento de folhas de milho foi drasticamente reduzido, com pequenas modificações no potencial da água no solo. Para isso, os tensiômetros possuem um papel importante, pois são utilizados para saber o momento em que o solo apresenta déficit hídrico e também para indicar a tensão com a qual a água está retida no solo, impossibilitando a utilização desta pelas plantas, com base em um potencial limite, considerando-se apenas o potencial da água no solo como fator de restrição ao crescimento das plantas. 2.METODOLOGIA 2.1 Armazenamento de Água no Solo O experimento foi realizado na área experimental do Departamento de Solos, em um Planossolo, localizado no campus da Universidade Federal de Pelotas, na cidade do Capão do Leão-RS. A avaliação no campo foi feita a partir da subdivisão da área em duas outras áreas, sendo realizadas leituras em um conjunto de cinco tensiômetros. Os valores encontrados nestas leituras foram utilizados para a realização das avaliações do potencial mátrico, variação da lâmina de água no solo e variação da umidade do solo. O tensiômetro utilizado no experimento, mostrado na figura 1, é composto por uma estaca que nela foi fixada uma régua, e na parte inferior da mesma foi posicionada uma cuba com mercúrio, dessa cuba parte um espaguete de plástico que foi posicionado ao lado da régua por toda a estaca e ligou-se a uma cápsula porosa contendo água destilada. A introdução da cápsula no solo foi feita com o auxílio de um trado e instalada em diferentes profundidades. Figura 1 – Detalhe do tensiômetro utilizado no estudo Fonte – Google Imagens (2018). As leituras dos tensiômetros foram realizadas uma vez ao dia, durante 50 dias, no período da manhã, para que houvesse regularidade no horário. As leituras basearam-se no quanto o mercúrio havia subido pelo espaguete. Nas tabelas 1 e 2 constam as leituras dos cinco tensiômetros nas respectivas áreas. Tabela 1 – Dados fornecidos para o estudo da área 1 Tensiômetros e respectivas leituras (cm) Dias 1 (15cm) 2 (30cm) 3 (45cm) 4 (60cm) 5 (75cm) 01 6,00 6,00 5,00 3,00 0,00 02 6,10 6,00 5,10 3,10 0,00 03 7,00 6,10 5,30 3,80 0,30 04 7,50 6,80 5,80 4,00 1,00 05 8,00 7,00 6,00 4,10 2,00 06 9,00 8,00 7,00 5,00 3,00 07 12,00 10,00 9,00 7,00 5,00 08 15,00 13,00 11,00 8,00 6,00 09 17,00 15,00 12,00 8,50 7,00 10 20,00 18,00 15,00 11,00 7,50 11 21,00 20,00 17,00 13,00 9,00 12 24,00 22,00 17,50 14,00 10,00 13 27,00 25,00 19,00 15,00 11,00 14 35,00 30,00 21,00 12,00 13,00 15 38,00 35,00 25,00 20,00 15,00 16 42,00 40,00 30,00 28,00 17,00 17 44,00 42,00 35,00 30,00 19,00 18 46,00 40,00 38,00 35,00 20,00 19 50,00 45,00 40,00 38,00 30,00 20 5,00 10,00 10,00 38,00 30,00 21 8,00 9,00 9,00 39,00 31,00 22 12,00 9,00 9,00 40,00 32,00 23 20,00 10,00 10,00 41,00 33,00 24 28,00 15,00 13,00 41,00 34,00 25 35,00 19,00 17,00 44,00 35,00 26 38,00 30,00 27,00 48,00 37,00 27 50,00 40,00 30,00 55,00 40,00 28 60,00 48,00 45,00 58,00 42,00 29 1,00 1,00 1,00 6,00 0,00 30 5,00 2,00 1,50 1,00 0,00 31 8,00 5,00 2,00 1,00 0,00 32 10,00 6,00 4,00 2,00 0,80 33 15,00 12,00 8,00 4,00 2,00 34 18,00 15,00 9,00 5,00 2,80 35 22,00 17,00 11,00 6,00 3,00 36 25,00 20,00 12,00 8,00 3,50 37 28,00 22,00 13,00 10,00 4,50 38 30,00 25,00 15,00 12,00 6,00 39 34,00 28,00 17,00 13,00 8,00 40 42,00 38,00 26,00 25,00 15,00 41 48,00 40,00 30,00 28,00 20,00 42 52,00 42,00 35,00 30,00 25,00 43 10,00 11,00 12,00 30,00 25,00 44 15,00 12,00 12,00 28,00 25,00 45 20,00 15,00 13,00 29,00 22,00 46 26,00 17,00 15,00 30,00 28,00 47 32,00 25,00 20,00 30,00 28,00 48 40,00 35,00 28,00 30,00 28,00 49 48,00 42,00 35,00 32,00 30,00 50 50,00 45,00 40,00 35,00 32,00 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Tabela 2 – Dados fornecidos para o estudo da área 2 Tensiômetros e respectivas leituras (cm) Dias 1 (15cm) 2 (30cm) 3 (45cm) 4 (60cm) 5 (75cm) 01 7,0 6,8 6,5 2,0 0,0 02 7,1 7,0 6,8 3,0 0,5 03 7,2 7,1 6,9 3,3 0,8 04 7,5 7,2 7,0 4,0 1,2 05 7,9 7,5 7,0 4,1 1,3 06 8,2 7,8 2,5 4,5 2,0 07 10,0 9,0 8,0 6,0 3,0 08 12,0 11,0 10,0 7,5 3,5 09 15,0 12,0 11,0 8,0 3,8 10 16,0 13,0 11,5 9,0 4,2 11 17,5 14,0 13,0 10,0 4,5 12 19,0 15,0 14,0 11,0 6,0 13 25,0 16,0 15,0 11,5 8,0 14 30,0 25,0 18,0 15,0 10,0 15 35,0 20,0 20,0 18,0 12,0 16 40,0 35,0 22,0 20,0 13,0 17 42,0 38,0 28,0 25,0 13,0 18 40,0 39,0 30,0 28,0 13,0 19 48,0 45,0 38,0 25,0 17,0 20 7,0 12,0 12,0 35,0 17,0 21 8,0 10,0 11,0 36,0 18,0 22 13,0 9,0 11,0 38,0 19,0 23 15,0 11,0 12,0 40,0 20,0 24 20,0 15,0 14,0 42,0 21,0 25 30,0 20,0 18,0 45,0 30,0 26 36,0 27,0 21,0 48,0 35,0 27 45,0 35,0 30,0 50,0 38,0 28 55,0 48,0 45,0 58,0 40,0 29 1,0 1,0 1,0 0,0 0,0 30 3,0 2,0 1,5 0,0 0,0 31 7,0 5,0 3,0 1,5 0,0 32 9,0 7,0 4,0 2,0 1,0 33 12,0 10,0 8,0 4,0 2,0 34 12,0 12,0 9,0 4,5 3,0 35 20,0 13,0 9,5 5,0 4,0 36 22,0 15,0 10,0 5,5 4,3 37 23,0 16,0 10,8 6,5 4,8 38 25,0 17,0 11,0 7,0 5,0 39 32,0 25,0 18,0 12,0 10,0 40 40,0 35,0 25,0 20,0 15,0 41 45,0 40,0 35,0 25,0 20,0 42 52,0 42,0 38,0 27,0 22,0 43 8,0 8,0 10,0 27,0 22,0 44 12,0 11,0 11,0 28,0 23,0 45 15,0 12,0 12,0 29,0 24,0 46 22,0 18,0 15,0 30,0 25,0 47 30,0 20,0 18,0 30,0 25,0 48 35,0 28,0 25,0 30,0 25,0 49 47,0 38,0 25,0 35,0 28,0 50 52,0 45,0 42,0 40,0 35,0 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). A partir dos dados fornecidosnas tabelas acima, foram calculados os potenciais mátricos do solo nas diferentes profundidades. Para isso instalou-se cinco tensiômetros nas seguintes profundidades: 15 cm, 30 cm, 45 cm, 60 cm e 75 cm. No cálculo das avaliações utilizou-se a seguinte fórmula: Sendo: Ψm: Potencial mátrico (em cm de coluna de água); h(Hg): Altura, ou leitura da coluna de mercúrio lida nos tensiômetros; hc: Altura da cuba de mercúrio; z: Profundidade de instalação tensiômetros. No momento da instalação dos tensiômetros, os mesmos já foram calibrados de forma a dispor a régua de leitura à altura que fosse possível já incluir a altura da cuba de mercúrio e a profundidade de instalação do tensiômetro. Sendo assim, no cálculo do potencial mátrico esses dois fatores são desconsiderados. Os valores de umidade volumétrica foram obtidos através da equação de ajuste de Van Genuchten: Sendo: θv - umidade à base de volume (cm³/cm³); θr - umidade residual (cm³/cm³); θs - umidade volumétrica saturada (cm³/cm³); Ψm - potencial mátrico (cm); α, m e n - parâmetros empíricos de ajuste da equação. Os parâmetros θr, θs, α, n, m são dependentes das condições e características de cada solo e foram previamente calculados e fornecidos seguindo especificações (Planossolo) das áreas experimentais e são apresentados nas tabelas 3 e 4. [1 ( ) ]r m s r r m 𝛹𝑚=-12,6 × ℎ𝐻𝑔 + ℎ𝐶 + 𝑧 Tabela 3 – Curva característica da água de um Planossolo ao lado das estufas FAEM – UFPEL na área 1 Profundidade (cm) Parâmetros de Ajuste do modelo de Van Genuchten α M N θr Θs 0 – 15 0,1416 0,1327 0,1014 0,3022 0,3022 15 – 30 0,1852 0,2265 0,2596 0,0815 0,0815 30 – 45 1,9083 1,1909 1,3194 1,9700 1,9700 45 – 60 0,0760 0,0670 0,0500 0,0150 0,0150 60 – 75 0,4130 0,3500 0,3560 0,3480 0,3480 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Tabela 4 – Curva característica da água de um Planossolo ao lado das estufas FAEM – UFPEL na área 2 Profundidade (cm) Parâmetros de Ajuste do modelo de Van Genuchten α M N θr Θs 0 – 15 0,5437 0,0481 0,8538 -0,097 0,398 15 – 30 0,1816 0,1986 1,0714 0,083 0,363 30 – 45 0,1321 0,2258 1,3151 0,048 0,355 45 – 60 0,2159 0,1403 2,0083 0,055 0,369 60 – 75 0,2159 0,1403 2,0083 0,055 0,369 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Com os valores adquiridos pôde-se assim calcular a armazenagem de água no solo, aplicando-os na fórmula: Sendo: h - lâmina de água armazenada (mm; cm) θ - umidade volumétrica (m³/m³) z - espessura da camada de solo (mm; cm) 2.2 Infiltração de Água no Solo A avaliação foi realizada em um Planossolo, na mesma área do experimento anterior, em meio a uma área com cultivo de milho. Escolheu-se uma área aleatoriamente, onde efetuou-se uma prévia limpeza do local e em seguida foram encravados dois cilindros concêntricos com o auxílio de uma marreta. h z Primeiramente, colocou-se água no cilindro externo e no cilindro interno, depositando- se um plástico em contato com o solo no mesmo, antes de preenchê-lo com água. Isto para evitar o turvamento do líquido, o que poderia prejudicar a visualização da leitura da régua instalada no cilindro. Imediatamente após o enchimento do cilindro central, foram feitas várias leituras, sendo cinco leituras de 1 minuto, quatro de 3 minutos, três de 5 minutos e três de 10 minutos, visando avaliar a velocidade de infiltração de água no solo. Convém mencionar que o segundo cilindro externo objetivava apenas evitar o efeito de bordadura. Durante as leituras a campo, quando a régua indicava 10 cm de coluna d’água, o cilindro era preenchido novamente até 15 cm. Isso foi repetido até que a diferença na velocidade de infiltração entre leituras se aproximasse de zero. Os dados foram anotados em uma planilha e em seguida foram obtidas as curvas de infiltração acumulada (I) e velocidade de infiltração (VI), plotando-se os dados de I e VI versus o tempo acumulado. A velocidade de infiltração é dada pela variação entre duas leituras consecutivas, de acordo com o intervalo de tempo entre as mesmas. A equação de infiltração acumulada foi ajustada pela Equação de Kostiakov ou potencial: Sendo: I: Infiltração acumulada (cm); a: Constante dependente do solo; T: Tempo de infiltração, em minutos; n: Constante dependente do solo, variando de 0 a 1. I = a Tn A equação de velocidade de infiltração foi determinada também por equação potencial, pela expressão: Sendo: VI: Velocidade de infiltração (cm/min); a: Constante dependente do solo; T: Tempo de infiltração (min); n: Constante dependente do solo, variando de 0 a 1. Para determinar os coeficientes e expoentes das equações potenciais utilizou-se o método de regressão linear, plotando-se um gráfico log I versus log T. Com a aplicação dos logaritmos, a equação potencial é transformada em uma equação linear do tipo: Sendo: y: log I; A: log a; B: n; x: log T. Obtidos os valores de A e B, determina-se a e n, ou seja, retorna-se a equação potencial de origem. O valor de a é encontrado aplicando o antilog de A, e n é o próprio valor de B. VI = a n Tn-1 y = A+ Bx 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Armazenamento de Água no Solo A partir dos dados fornecidos calculou-se o potencial mátrico semanal para cada profundidade e em cada área conforme mostram as tabelas 5 e 6 abaixo. Considerando-se 50 dias, dividiu-se os dados em sete semanas, sendo a última semana composta por oito dias. Tabela 5 - Potencial mátrico médio durante as sete semanas em diferentes profundidades na área 1 Ψ (cmca) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 1 94,50 85,68 73,08 50,40 12,60 2 264,60 252,00 214,20 151,20 113,40 3 529,20 504,00 378,00 441,00 252,00 4 441,00 239,40 214,20 554,40 441,00 5 126,00 75,60 50,40 50,40 10,08 6 428,40 352,80 214,20 163,80 100,80 7 365,40 264,60 220,50 378,00 352,80 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Tabela 6 - Potencial mátrico médio durante as sete semanas em diferentes profundidades na área 2 Ψ (cmca) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 1 94,50 90,72 86,94 50,40 15,12 2 220,50 176,40 163,80 126,00 56,70 3 504,00 441,00 277,20 315,00 163,80 4 378,00 252,00 226,80 567,00 378,00 5 113,40 88,20 50,40 25,20 12,60 6 403,20 315,00 226,80 151,20 126,00 7 327,60 239,40 207,90 378,00 315,00 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Deve-se levar em consideração que os menores valores, ou seja, aqueles mais distantes de zero, demonstram que o solo está com menor quantidade ou retenção de água, levando em conta a falta de chuvas como maior problema. As Figuras 2 e 3 mostram as médias semanais do potencial mátrico para a área 1 e 2, respectivamente, em relação às cinco profundidades estudadas, sendo os valores da coluna à esquerda considerados negativos. Figura 2 – Variação Semanal do Potencial Mátrico em relação à profundidade na área 1 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Figura 3 – Variação Semanal do Potencial Mátrico em relação à profundidade na área 2 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Para ambas as áreas é possível perceber a diferença entre a primeira, segunda e quinta semana em relação as demais, que possuem um potencial mátrico médio “mais negativo”. Isso mostra que, ao passar do tempo, a quantidade de chuvas se reduziu bastante, evidenciado pelo distanciamento (em relação a zero) no valor do potencial mátrico em todasas profundidades, sendo que na quinta semana se obteve valores mais próximos de zero pelo fato da ocorrência de chuvas. O tensiômetro que ficou a uma profundidade de 75 cm obteve valores menores que os outros devido à proximidade do lençol freático. A gravidade possui papel importante também nos valores de potencial mátrico, pois a mesma sempre puxa a água para baixo. O nível de energia da água no solo a uma dada elevação no perfil, portanto, maior do que da água a um nível inferior. Essa diferença no nível de energia faz com que a água flua descendentemente. Isso explica o fato de, em algumas semanas, o tensiômetro 5 possui números mais elevados. A partir dos resultados de potencial mátrico calculou-se a umidade volumétrica semanal para cada profundidade e em cada área conforme mostram as tabelas 7 e 8 abaixo. Tabela 7 - Umidade volumétrica média nas diferentes profundidades na área 1 Média Semanal – ϴv (m³/m³) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 1 0,21 0,21 0,20 0,23 0,28 2 0,17 0,18 0,16 0,20 0,20 3 0,15 0,16 0,14 0,17 0,18 4 0,15 0,18 0,16 0,16 0,17 5 0,20 0,22 0,22 0,23 0,29 6 0,15 0,17 0,16 0,19 0,21 7 0,16 0,18 0,16 0,17 0,17 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Tabela 8 - Umidade volumétrica média nas diferentes profundidades na área 2 Média Semanal – ϴv (m³/m³) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 1 0,32 0,24 0,20 0,22 0,28 2 0,31 0,22 0,17 0,18 0,21 3 0,30 0,19 0,15 0,15 0,17 4 0,30 0,21 0,16 0,14 0,15 5 0,32 0,24 0,22 0,25 0,29 6 0,30 0,20 0,16 0,17 0,18 7 0,30 0,21 0,16 0,15 0,15 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Com base nesses valores, efetuou-se uma média e plotou-se as Figuras 4 e 5, onde se relaciona as médias com as profundidades estudadas. Figura 4 – Variação Semanal da Umidade Volumétrica em relação à profundidade na área 1 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Na área 1, foi possível observar que o solo possui uma boa infiltração de água devido ao fato de que, de maneira geral, não se teve uma grande diferença nos valores de umidade entre as semanas nas cinco profundidades de estudo. Observou-se também o tensiômetro 5 (75 cm) obteve valores superiores de umidade em relação aos demais, devido ao fato de estar mais próximo do lençol freático. Outro aspecto importante a ser colocado sobre o tensiômetro 5, por conter valores maiores, é o fato de as camadas superiores atingirem a capacidade de campo (CC), sendo a água excedente percolada para as camadas inferiores e sendo deposita na última em estudo. Figura 5 – Variação Semanal da Umidade Volumétrica em relação à profundidade na área 2 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Na área 2 observa-se que, na camada mais superficial, existe uma compactação maior, com maior número de microporos (maior energia de retenção de água), o que é evidenciado pelo fato de não haver diferença significativa nos valores de umidade volumétrica do tensiômetro 1 (15cm) no período avaliado e pelo mesmo possuir valores maiores que os demais tensiômetros. Em ambas áreas, pode se verificar a ocorrência de chuvas com base nos valores de umidade volumétrica, visto que esses foram maiores na quinta semana, onde o potencial matricial obteve valores próximos de zero. A partir dos resultados de umidade volumétrica calculou-se a armazenagem de água no solo nas diferentes profundidades em cada semana e em cada área conforme mostram as tabelas 9 e 10 a seguir. Tabela 9 - Armazenagem de água nas diferentes profundidades na área 1 h (cm) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 1 3,16 3,18 3,02 3,45 4,23 2 2,54 2,65 2,34 2,93 3,06 3 2,24 2,37 2,06 2,50 2,72 4 2,31 2,67 2,34 2,42 2,50 5 2,96 3,25 3,30 3,45 4,37 6 2,32 2,51 2,34 2,89 3,11 7 2,40 2,64 2,33 2,56 2,59 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Tabela 10 - Armazenagem de água nas diferentes profundidades na área 2 h (cm) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 1 4,85 3,54 2,93 3,23 4,16 2 4,64 3,24 2,56 2,68 3,15 3 4,44 2,89 2,30 2,26 2,55 4 4,51 3,10 2,39 2,04 2,19 5 4,81 3,55 3,30 3,73 4,32 6 4,49 3,02 2,39 2,59 2,68 7 2,40 2,64 2,33 2,56 2,59 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). As figuras 6 e 7 mostram a variação da armazenagem de água semanalmente nas diferentes profundidades. Figura 6 – Variação Semanal da Lamina de Água em relação à profundidade na área 1 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Como mostrado no gráfico, os valores de lamina de água para o tensiômetro 5 foram maiores em relação aos outros. Explica-se por esse estar instalado mais próximo do lençol freático. Figura 7 – Variação Semanal da Lamina de Água em relação à profundidade na área 2 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). No tensiômetro 1 se obteve maiores valores de lâmina de água em relação aos demais devido a maior quantidade de microporos existentes nessa camada, fazendo com que retenha mais água. Pode-se inferir que na camada superficial do solo em estudo, na área 2, possui uma porcentagem de argila maior que nas outras profundidades, pois a mesma retém mais água. É possível perceber que houve uma maior variação da armazenagem de água na profundidade 45 cm entre a primeira e a quarta semana, uma vez que não houve precipitações nesse intervalo de tempo. Também se nota uma variação considerável na profundidade 60 cm entre a primeira e a quarta semana, resultado do agravamento a ausência de precipitações que passou a atingir zonas mais profundas. A ocorrência de estresse hídrico no estádio vegetativo, quando a planta está crescendo ativamente, reduz a elongação das partes da planta (Denmead & Shaw, 1960), afetando tanto o desenvolvimento de estruturas vegetativas, que mais tarde determina a capacidade de produção de matéria seca da planta, quanto o desenvolvimento, de estruturas reprodutivas (Claassen & Shaw, 197a,b). A partir dos resultados de lâmina de água calculou-se a variação da lâmina de água entre as semanas em diferentes profundidades e em cada área conforme mostram as tabelas 11 e 12 a seguir. Tabela 11 - Armazenagem de água nas diferentes profundidades entre semanas na área 1 h (cm) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 2ª-1ª -0,61 -0,54 -0,68 -0,52 -1,18 3ª-2ª -0,30 -0,28 -0,28 -0,43 -0,34 4ª-3ª 0,07 0,30 0,28 -0,08 -0,21 5ª-4ª 0,65 0,58 0,96 1,03 1,86 6ª-5ª -0,64 -0,75 -0,96 -0,56 -1,26 7ª-6ª 0,07 0,13 -0,01 -0,34 -0,53 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Tabela 12 - Armazenagem de água nas diferentes profundidades entre semanas na área 2 h (cm) Semana 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm 75 cm 2ª-1ª -0,21 -0,29 -0,37 -0,54 -1,01 3ª-2ª -0,20 -0,35 -0,26 -0,42 -0,60 4ª-3ª 0,07 0,21 0,10 -0,22 -0,36 5ª-4ª 0,30 0,45 0,90 1,69 2,13 6ª-5ª -0,31 -0,53 -0,90 -1,15 -1,63 7ª-6ª 0,05 0,11 0,05 -0,40 -0,42 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). As figuras 8 e 9 mostram a variação da lâmina de água entre as semanas nas diferentes profundidades. Figura 8 – Variação Semanal da Lamina de Água em relação à profundidade entre semanas na área 1 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Figura 9 – Variação Semanal da Lamina de Água em relação à profundidade entre semanas na área 2 Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Para ambas as áreas houve ganho na armazenagem de água na quarta semana, pois como já evidenciado nos valores da componente matricial, houve precipitações nesse período. Em geral, a área 1 obteve maiores perdas. Como já visto nos resultados de umidade volumétrica, esse solo possui maior número de macroporos, menor retenção de água, e menor CC, percolando mais rapidamente a água dentro das camadas.O último tensiômetro obteve maiores perdas em ambas áreas, podendo ser explicado pela pouca ocorrência de chuvas, pelo estádio da cultura cultiva na área (crítico) e, também, devido as altas temperaturas que ocorrerão no período. 3.2 Infiltração de Água no Solo As taxas de infiltração calculadas a partir dos dados obtidos pelo método dos anéis concêntricos são apresentadas a seguir juntamente com os valores coletados. Tabela 13 - Determinação da Infiltração da Água no Solo pelo Método dos Anéis Concêntricos Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Após a linearização dos dados, plotou-se o gráfico abaixo para que se pudesse obter os parâmetros a e n. DADOS DE INFILTRAÇÃO Intervalo Tempo Régua Infiltração Acumulada (cm) Velocidade de Infiltração (cm/min) Hora Acumulado (min) Leitura (cm) Diferença (cm) 1 min 14:27 0,00 15,00 ― 0,00 0,00 14:28 1,00 14,00 1,00 1,00 1,00 14:29 2,00 13,30 0,70 1,70 0,70 14:30 3,00 12,40 0,90 2,60 0,90 14:31 4,00 11,90 0,50 3,10 0,50 14:32 5,00 11,40 0,50 3,60 0,50 3 min 14:33 0,00 15,00 ― ― 0,00 14:36 8,00 13,40 1,60 5,20 0,53 14:39 11,00 12,50 0,90 6,10 0,30 14:42 14,00 11,30 1,20 7,30 0,40 14:45 17,00 10,20 1,10 8,40 0,37 5 min 14:46 0,00 15,00 ― ― 0,00 14:51 22,00 12,70 2,30 10,70 0,46 14:56 27,00 11,10 1,60 12,30 0,32 15:01 32,00 9,60 1,50 13,80 0,30 10 min 15:02 0,00 15,00 ― ― 0,00 15:12 42,00 13,60 1,40 15,20 0,14 15:22 52,00 11,80 1,80 17,00 0,18 15:32 62,00 9,70 2,10 19,10 0,21 Figura 10 – Relação entre o log I de o log T Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Sendo a equação do tipo y= Bx+A e aplicando o antilog de A, constatou-se que o valor de a é 1,0631 e o de n é o próprio valor de B, ou seja, n é igual a 0,7022. Assim, foram obtidas as equações da infiltração acumulada: I = 1,0631T0,7022 e da velocidade de infiltração: VI = 0,7465T-0,2978. As variações da taxa de infiltração bem como a velocidade de infiltração da água no solo ao longo do tempo estão apresentadas nas figuras 11 e 12, respectivamente. Figura 11 – Taxa de infiltração da água ao longo do tempo Fonte – Elaborado pelo autor (2018). Figura 12 – Velocidade de infiltração da água ao longo do tempo Fonte – Elaborado pelo autor (2018). A análise da figura 11, juntamente com a figura 12, demonstra a relação inversa entre a velocidade de infiltração e a infiltração acumulada, ficando evidente que a velocidade de infiltração tende a diminuir e se estabilizar com o passar do tempo enquanto o valor da infiltração acumulada tende a aumentar. A infiltração de água no solo é um bom indicador dos efeitos da compactação do solo em função dos sistemas de manejo (Reichert et al. 2005). 4. CONCLUSÃO O solo estudando possui mais perdas de água, seja por infiltração ou por escoamento superficial, o que pode ser reduzido com introdução de sistemas de irrigação. Outras práticas, como revolvimento do solo, no caso da área 2 que possui maior compactação superficial, poderia melhorar a infiltração para as camadas mais profundas. A armazenagem de água no solo é função da granulometria e consequente porosidade total do solo e está diretamente ligada ao potencial mátrico. Este, por sua vez, é um bom indicador das condições hídricas do solo, pois além de indicar a retenção da água no solo pode, também, através de uma série de medições, mostra em detalhes o histórico das precipitações às quais esteve submetido o solo. Conhecer o perfil do solo manejado também é importante para as práticas de irrigação, pois garante ao profissional maior segurança e precisão em suas decisões uma vez que lhe permite conhecer as taxas de infiltração de água do solo trabalhado. Essa informação é de vital importância já que dimensionamentos equivocados, sejam por erros, negligências ou desconhecimentos, podem comprometer todo um sistema conservacionista implantado e causar até mesmo sérios prejuízos econômicos. 5. REFERÊNCIAS PAIXÃO, F.J.R.; ANDRADE, A.R.S.; AZEVEDO, C.A.V.; SILVA, J.M.; COSTA, T.L.; FEITOSA, R.M. Estimativa da Infiltração da água no solo através de modelos empíricos e funções não lineares. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.5, n.1, p.111, 2004. ALVES SOBRINHO, T.; VITORINO, A.C.T.; SOUZA, L.C.F.; GONÇALVES, M.C.; AMORIM, R.S.S.; SILVA, D.D.; PRUSKI, F.F; MATOS, A.T. Influência da declividade do solo e da energia cinética de chuvas simuladas no processo de erosão entre sulcos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.5, n.1, p.124130, 2001. FILHO, J.F.M.; LIBARDI, P.L. Estabilidade temporal de medidas do teor e do potencial mátrico da água no solo em uma transeção. R. Bras. Ci. Solo, 29:497506, 2005. BEUTLER, A.N.; CENTURION, J.F.; SOUZA, Z.M.; ANDRIOLI, I.; ROQUE, C.G. Retenção de água em dois tipos de latossolos sob diferentes usos. R. Bras. Ci. Solo, 26:829834, 2002. BERTOL, I.; BEUTLER, J.F.; LEITE, D.; BATISTELA, O. Propriedades físicas de um Cambissolo Húmico afetadas pelo tipo de manejo do solo. Scientia Agricola, v.58, n.3, p.555560, 2001. CLAASSEN, M.M. & SHAW, R.H. Water defecit effects on corn: I. Vegetative components. Agron. J., Madison, 62:649652, 1970a. CLAASSEN, M.M. & SHAW, R.H. Water defecit effects on corn: II. Grain components. Agron. J., Madison, 62:652655, 1970b. DENMED, O.T. & SHAW, R.H. The effects of soil moisture stress at different stages of growth on the development and yield of corn. Agron. J., Madison, 52:272274, 1960. REICHERT, J.M.; REINERT, D.J.; CASSOL, E.A. & SILVA,V.R. A infiltração da água no solo sob manejo conservacionista. In: CONGRESSO BRASILEIRO DECIÊNCIA DO SOLO, 30., Recife, 2005. Anais... Recife, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2005. CDROM.
Compartilhar