Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estélio Natário ingressou com demanda indenizatória na 1ª Vara Cível de Arapiraca-AL em face da operadora de telefonia fixa Lig & Fale Pouco LTDA., da representação local do SPC e do SERASA, partes patrocinadas por diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, argumentando ausência de relação contratual com a primeira ré e inscrição indevida de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito pelos outros réus. Pediu tutela de urgência para retirada do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito SPC e SERASA, sob pena de multa diária de R$ 500,00, e, no mérito, a) a declaração de inexistência de relação jurídica com a primeira ré e b) a sua condenação em R$ 10.000,00 a título de danos morais, assim como c) a condenação das outras rés na obrigação de fazer quanto à exclusão definitiva do nome do autor dos seus respectivos banco de dados. Ajuizada a demanda por meio de processo eletrônico, foi concedida a tutela provisória para retirada do nome do autor do SPC e do SERASA, e determinada multa diária no valor de R$ 200,00 no caso de descumprimento. Por entender que as representações locais do SPC e do SERASA não eram partes legítimas, o julgador determinou sua exclusão do processo. Em contestação, a primeira ré apresentou o contrato firmado entre as partes dezoito meses antes e comprovou a falta de pagamento das faturas dos últimos seis meses. Pediu a produção de prova quanto à autenticidade da assinatura do autor no contrato, o que foi negado pelo juiz. Em réplica, o autor alegou que fez o pedido da linha telefônica, mas que apenas seu irmão mais novo, Trambi Queiro, teria feito uso do serviço, restando indevida a inscrição do seu nome no cadastro de devedores. Reiterou o pedido de justiça gratuita indeferido anteriormente. Concluída a fase instrutória, o processo foi extinto com resolução do mérito, julgando procedente apenas o pedido de declaração de inexistência de relação jurídica com a primeira ré, embora a decisão tivesse fundamentação para julgamento de procedência de todos os pedidos do autor. O autor foi intimado da decisão de mérito em 1º/03/2017, e a operadora de telefonia, em 03/03/2017. Ante o exposto, responda de forma fundamentada as seguintes questões: 1. Após a concessão da tutela provisória, qual o recurso adequado para os advogados da operadora de telefonia requerer a redução da multa diária e qual o prazo para a sua interposição? Perante qual órgão jurisdicional o recurso deve ser interposto? É exigível o preparo recursal? (4,0) A decisão que versa sobre tutela provisória tem natureza de interlocutória (art. 203, §2º) e por tratar de matéria expressamente contida no rol do art. 1.015, é impugnável por agravo de instrumento (art. 1.015, I), a ser interposto no prazo de 15 dias (art. 1.003, §5º), sendo dirigido diretamente ao tribunal competente (art. 1.016, caput), mediante comprovação do respectivo preparo (art. 1.007, caput, c/c art. 1.017, §1º). 2. Qual é o recurso cabível para o autor exigir, no mérito, o pronunciamento judicial sobre os demais pedidos formulados? Perante qual órgão jurisdicional o recurso deve ser interposto? É exigível o preparo recursal? Aponte o termo final do prazo para interposição do recurso cabível. (4,0) A decisão que extingue o processo com resolução do mérito é sentença (art. 203, §1º, c/c art. 487, I). A sentença fundamentou a procedência dos 3 pedidos mas apenas julgou procedente 1 deles, sendo, pois omissa e contraditória, vícios que ensejam a interposição de embargos de declaração (art. 1.022, I e II) ou apelação (art. 1.009, caput). No caso, tanto os embargos declaratórios como a apelação são interpostos no juízo que proferiu a decisão viciada, conforme art. 1.023, caput e art. 1.010, caput, respectivamente. Como o autor tem prazo simples e foi intimado da decisão em 1º/03/2017, o termo final do prazo para recorrer por meio dos embargos de declaração é em 08/03/2017 e em 22/03/2017, no caso de apelação. 3. Considerando julgamento de procedência parcial, como poderia ser impugnada a decisão proferida pelo juiz da causa que indeferiu a produção de prova formulado pela primeira ré? (1,0) A decisão que indefere a produção de prova formulado pela primeira ré, apesar de ser interlocutória (art. 203, §2º), trata de matéria estranha ao rol do art. 1.015, não sendo agravável por instrumento. Nesse caso, a parte deve impugná-la em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a sentença (art. 1.009, §1º). 4. Em relação aos recursos, é correto afirmar: (1,0) a) A legitimidade do Ministério Público para recorrer não está limitada aos processos em que é parte. Correta. O recurso pode ser interposto pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica (art. 996, caput). b) O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal, de modo que a isenção objetiva no preparo da apelação principal se estende à apelação adesiva. Correta. Apenas as isenções subjetivas do preparo do recurso principal não se estendem ao recurso adesivo. c) O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, cabendo aos mesmos demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. Falsa. A demonstração do nexo de interdependência entre o interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial se restringe aos terceiros apenas (art. 996, parágrafo único). d) Pode o relator do agravo interno condenar o agravante, em decisão fundamentada, a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. Falsa. A competência para aplicação de multa no agravo interno não é do relator do agravo interno, mas do órgão colegiado (art. 1.021, §4º).
Compartilhar