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Apostila Direito Constitucional atualizada

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
1) INTRODUÇÃO: 
O Direito é uno e indivisível. Os assuntos jurídicos estão sempre relacionados uns com os outros, em maior ou menor grau, formando uma grande estrutura interligada. Porém, para fins didáticos, o Direito é dividido em ramos ou disciplinas. Assim, temos o direito Civil, Direito Administrativo, Direito Penal, etc. O Direito Constitucional é mais um desses ramos, especificamente, um ramo do Direito Público. 
O Direito Constitucional tem como objetivo central de estudo a Constituição. A Constituição no conceito jurídico bastante aceito do constitucionalista J.J Gomes Canotilho é definida como “a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuições de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas.”
A Constituição fundamenta, coordena e da coerência a estrutura de normas jurídicas que formam o direito vigente no país. As demais normas jurídicas contidas em leis, princípios, atos normativos infralegais deverão respeitar o sentido e as determinações provenientes da Constituição. É por isso que se diz que o ordenamento jurídico é organizado em pirâmide. No topo dessa pirâmide está a Constituição e as demais normas jurídicas irão sendo colocadas abaixo da Constituição, em ordem de importância, até chegarmos à base da pirâmide. E todas as demais normas terão seu fundamento de validade na Constituição, devendo sempre respeitá-la. 
Nossa atual Constituição é a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. A Constituição surge do trabalho do Poder Constituinte, que possui titularidade pertencente do povo. Assim a vontade constituinte é a vontade do povo. O Poder Constituinte é classificado em poder constituinte originário ou de primeiro grau e poder constituinte derivado constituído ou de segundo grau.
O Poder Constituinte Originário, segundo Alexandre de Moraes “estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade”. O Poder Constituinte originário ou de primeiro grau se verifica na elaboração de uma nova Constituição. É um poder inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado. Já o Poder Constituinte derivado é subornado e condicionado.
O Poder Constituinte derivado se subdivide em Poder Constituinte Derivado Reformador e Poder Constituinte Derivado Decorrente. O Poder Constituinte derivado reformador, ou competência reformadora, é a possibilidade de alteração do texto constitucional, nos termos permitidos pela própria constituição. O Poder Constituinte derivado ou decorrente é a possibilidade dos Estados-membros de se auto-organizarem através de constituições estaduais, respeitadas as regras e limites da Constituição Federal
2) Preâmbulo:
Como várias outras constituições no mundo, a nossa Constituição Federal de 1988 começa com um preâmbulo com o seguinte texto:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
O preâmbulo é como se fosse um cartão de visitas da Constituição. Ele diz para que veio a nova Constituição de 1988, todavia ele não contêm normas de valor jurídico autônomo para serem seguidas ou respeitadas. Porém, você precisa saber que o preâmbulo não é sem importância, pois ele fornece elementos de interpretação que ajudam a entender as razões e os objetivos da Constituição.
3) Fundamentos:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
O art. 1º lança as bases de como será o Estado Brasileiro e quais são os seus fundamentos, que orientam a interpretação e a aplicação de todas as demais normas contidas não só na Constituição, mas também, conforme visto acima, em todas as leis infraconstitucionais que vão formando a base da pirâmide jurídica.
Estado é uma sociedade politicamente organizada, com um território e um povo, sobre os quais exerce a sua soberania para atingir objetivos determinados. Desse conceito surgem os elementos estruturais do Estado: soberania, território, povo e objetivos. 
A soberania é o poder político supremo e independente. Supremo, porque, internamente, não há outro maior. Independente porque, na ordem internacional nosso Estado não obedece a nenhum outro. Daí decorre a capacidade do Estado de auto-organizar-se e criar seu próprio ordenamento jurídica. O poder político é a possibilidade de uso da força, da violência legítima pelo Estado. 
Ressalta-se que os Estados-membros, assim como Minas Gerais, possuem autonomia, contudo não possuem soberania, assim como os municípios, apenas a República Federativa do Brasil possui soberania. Note ainda que Estado não é sinônimo de nação. Nação é um grupo de pessoas ligadas por características comuns, históricas, religiosas, linguísticas, culturais. Estado também não se confunde com país, que é o lugar, o espaço onde o povo habita, ou seja, o elemento espacial do Estado. Por isso, o nosso país chama Brasil e o Estado se chama República Federativa do Brasil. 
Além da soberania, o art. 1º da Constituição Federal anuncia como fundamento a cidadania, que significa a concessão de direitos políticos à população e, sobretudo, a possibilidade de exercício efetivo destes direitos pelo povo através dos demais direitos civis (educação, saúde, moradia, etc). Significa, ainda, o acesso ao conhecimento necessário à participação democrática.
Prevê, ainda, a Dignidade da Pessoa Humana, que diz respeito a valorização do ser humano que deve ser o objetivo final de todo verdadeiro Estado Democrático de Direito. A dignidade, segundo Alexandre de Moraes “é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico dever assegurar (...)”.
Esse fundamento preserva os indivíduos contra as situações degradantes e desumanas, tais como a tortura, a escravidão e a miséria. Representa também um compromisso constitucional de assegurar uma vida minimamente digna, notadamente através da concessão de direitos à saúde, moradia, alimentação, etc..
Já o fundamento dos valores sociais do trabalho e livre iniciativa é aquele que orienta a ordem econômica da República e que procura conciliar o direito do trabalhador de receber remuneração digna e condizente ao seu trabalho com a liberdade de iniciativa (auto-organização e espírito empreendedor do setor privado na busca do lucro). Esse fundamento indica que a intervenção do Estado na economia somente ocorrerá em casos especiais. 
Por fim, traz como fundamento o pluralismo político, que determina a existência de vários partidos políticos bem como a liberdade e a diversidade de convicções e crenças filosóficas e políticas. Por meio desse fundamento, a Constituição também quer garantir a existência de total liberdade
para associação, manifestação e discussão em suas variadas formas. 
4) Poderes:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
O artigo 2º consagra a teoria da separação dos poderes, sistematizada por Montesquieu. Na verdade essa divisão é apenas de natureza teórica e funcional, pois o Poder do Estado é uno e indivisível. O correto, pois, é usar a expressão “divisão orgânica do Poder”. 
Com a divisão orgânica do Poder foram atribuídas as funções acima a órgãos autônomos de modo que cada um limite o poder do outro, evitando, assim, abusos (sistema de freios e contrapesos). Cabe então ao Judiciário, precipuamente, solucionar as lides de forma definitiva; ao Legislativo produzir leis e ao Executivo a aplicação da lei de modo a satisfazer as necessidades concretas da população.
Cada poder tem sua função típica, conforme descrito no parágrafo acima, e a função atípica, que é o exercício de outras funções, como por exemplo o Poder Judiciário além de julgar as lides, também administra os cargos do seu corpo de servidores públicos ou no Poder Executivo que, em certas situações, legisla, mediante a edição de medidas provisórias, ou, ainda, o Poder Legislativo que julga o Presidente da República em casos de crime de responsabilidade. Isso ocorre com o objetivo de garantir a harmonia e o equilíbrio entre os poderes. 
5) Objetivos:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Ao estabelecer objetivos, a Constituição determina metas, ideias que devem ser perseguidos e alcançados. São as chamadas normas programáticas, normas de eficácia limitada que possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, uma vez que dependem da expedição de uma normatividade futura (mediata), em que o legislador integrando-lhes a eficácia mediante lei, dê-lhes capacidade de execução dos interesses visados.
Mesmo não sendo aplicáveis a situações concretas imediatamente, as normas programáticas têm a força de determinar o conteúdo de futuras normas e as ações dos três Poderes da República, bem como coibir a expedição de normas em sentido oposto ao legislador. 
6) Princípios:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
O art. 4º estabelece os princípios que devem ser levados em consideração nas relações do Brasil com outros países, ou seja, no plano internacional. 
6.1) Independência Nacional: Significa que o Brasil não deve submeter à qualquer outro Estado, assim como deve respeitar a independência dos demais países. É expressão da nossa soberania em relação aos outros países.
6.2) Prevalência dos Direitos Humanos: Estabelece que em suas relações com outros povos e culturas a República Federativa do Brasil deve colocar o respeito aos direitos humanos como prioridade.
6.3) Autodeterminação dos Povos e não-intervenção: É a afirmação, pela República Federativa do Brasil, de que cada Estado, com suas particularidades e valores, tem direito de criar suas próprias leis e organizar-se, não se admitindo a ingerência de um Estado nos assuntos internos dos outros.
6.4) Igualdade entre os Estados: A República Federativa do Brasil considera iguais todos os Estados, independente de sua condição política ou econômica.
6.5) Defesa da Paz: Representa a opção pela diplomacia e pelo diálogo ao invés dos conflitos armados para solução de qualquer desacordo internacional. Por isso o Brasil sempre se opõe aos conflitos, tais como tratados, ou mesmo optando pela via jurisdicional – arbitragem ou decisão de Tribunal Internacional.
6.6) Repúdio ao terrorismo e ao racismo: Reforçando a proteção aos direitos humanos e em respeito à dignidade da pessoa humana no plano internacional, esse princípio condena essas duas condutas degradantes, o que é uma tendência mundial desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O terrorismo pode ser definido como “uso de método criminoso e violento para atingir um fim determinado”, embora essa definição seja complicada, pois frequentemente o terrorismo se mistura com elementos históricos e políticos. Identificam-se principalmente três formas: os sequestros de autoridades, a tomada de reféns e o apoderamento ilícito de aeronaves – todos reprimidos através de tratados.
O racismo pode ser entendido como a prática de qualquer conduta de exclusão, restrição ou preferência imposta a um ser humano em razão da sua raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica e que tenha o fim de anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício de seus direitos humanos e liberdades fundamentais. 
6.7) Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade: Propõe o intercâmbio entre os Estados através do comércio, da cultura, da tecnologia, etc., para o benefício de todos os envolvidos.
6.8) Concessão de asilo político: No conceito de Alexandre de Morais, o asilo político “consiste no acolhimento de estrangeiro por parte de um Estado que não o seu, em virtude de perseguição por ele sofrida e praticada por seu próprio país ou terceiro”. As causas dessa perseguição, para possibilitar o asilo político, deverão ser dissidências políticas, livre manifestação do pensamento ou crimes relacionados à segurança nacional que não configurem crimes do direito penal comum. O asilo político é ato de soberania estatal, ou seja, não é obrigatório para Estado algum. No Brasil, é ato de competência do Presidente da República.
7) Direitos e Garantias Fundamentais:
Direitos Fundamentais são aqueles essenciais à dignidade da pessoa humana dentro do contexto Estado Democrático de Direito. São verdadeiros direitos de defesa do cidadão numa democracia. Implicam o poder de exercer direitos considerados fundamentais e de exigir omissões do poder público de forma a evitar lesões a esses direitos fundamentais. 
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu cinco espécies de direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º); direitos sociais (art. 6º a 11); nacionalidade (art. 12 e 13), direitos políticos (art. 14 a 16) e direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos (art. 17). 
Os direitos e garantias fundamentais não são absolutos ou ilimitados e sim relativos. Note que nem mesmo o direito à vida, é absoluto segundo a Constituição, tanto que o inciso XLVII do art. 5º da CF permite que haja pena de morte no Brasil, porém somente em caso de guerra declarada. Os limites de determinado direito fundamental são dados pelos demais direitos fundamentais. Os direitos e garantias devem ser harmonizados uns com os outros de modo que não haja sacrifício total de um para aplicação total de outro. Ex: O direito à inviolabilidade do domicílio é relativizado pelos princípios da legalidade e da segurança, o que implica na possibilidade de entrada forçada em domicílio alheio durante o dia mediante ordem judicial. 
7.1) Direitos Individuais e Coletivos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
Primeiramente, cabe salientar que o regime jurídico das liberdades públicas construído pelo art. 5º da CF protege tanto as pessoas naturais (chamadas de “pessoas físicas”), como as pessoas jurídicas (empresas, associações, etc). Protege também tanto o brasileiro quanto o estrangeiro em trânsito pelo território nacional. 
Na ordem de importância do art. 5º da CF à vida se coloca em primeiro lugar por ser o mais fundamental de todos os direitos. Ter direito à vida significa tanto continuar vivo quanto ter direito a uma existência digna. A constituição protege inclusive a vida uterina. 
O princípio da igualdade ou isonomia não pode ser entendido como simples busca da igualdade formal, ou seja, que a lei deve sempre tratar todos da mesma maneira. Muito pelo contrário, a igualdade que a Constituição quer ver realizada é a igualdade material. Igualdade materiais exige em muitos casos equiparar aqueles que estão em situação desigual, de modo que passem a ter igualdade real de oportunidades. O que a Constituição veda são as diferenciações arbitrárias, discriminatórias, injustificáveis ou absurdos. 
A segurança a que se refere o art. 5º deve ser entendida em amplo sentido, englobando a segurança jurídica e também a segurança física ou pessoal. 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
O que a Constituição torna inaceitável é a utilização do critério sexo para desnivelar materialmente o homem da mulher por mero preconceito ou arbitrariedade. A própria Constituição admite, entretanto, a distinção entre os sexos quando a finalidade é atenuar os desníveis entre homens e mulheres. É o que ocorre, por exemplo, na licença maternidade (120 dias) e licença paternidade (5 dias), ou na isenção do serviço militar obrigatório para as mulheres ou na idade mínima menor para aposentadoria de servidora pública em relação ao homem. 
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Esse é o chamado princípio da legalidade. Ele procura, sobretudo, limitar o poder arbitrário do Estado. O princípio significa somente através de lei elaborada pelos representantes do povo é que se pode criar obrigações positivas ou negativas para o cidadão. O termo “lei” neste inciso refere-se somente às normas criadas pelo Poder Legislativo, ou seja, lei em sentido estrito e não amplo (decretos, resoluções, normativas).
O princípio da legalidade está associado ao princípio da reserva legal, mas com ele não se confunde. O princípio da legalidade determina que as obrigações, positivas ou negativas, só podem ser estatuídas em lei. É, portanto, mais genérico. A reserva legal, por sua vez, ocorre sempre que CF faça exigência de lei para regulamentar assunto específico: ‘a lei disporá’, “na forma da lei”, etc. Tem natureza específica, portanto.
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
O inciso III protege, mais uma vez, a existência digna, alinhado com os tratados internacionais. A Lei nº 9.455/97 definiu os crimes de tortura, que se trata de constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, acarretando-lhe sofrimento físico ou mental. 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
A liberdade de expressão é constitucionalmente garantida, incluindo aí a crítica, a caricatura, bem como toda e qualquer forma de opinião. Esse direito não pode, no entanto, ser exercido anonimamente, ou seja, o manifestante deve se identificar, para que possa responder por eventuais danos morais e materiais causados a terceiros. 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Este inciso destina-se a incentivar o uso consciente do princípio da livre manifestação cujo exercício pode, em certas circunstâncias, ser abusivo, causando danos injustos a terceiros. Assim, garante-se tanto a liberdade de manifestação quanto o direito de resposta e a eventual indenização ao ofendido pela opinião emitida. 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Trata-se mais um desdobramento da liberdade de pensamento e manifestação. O Brasil é um Estado laico, isto é não há uma religião oficial na República Federativa do Brasil ao contrário do que ocorre em alguns países. A norma do inciso VI consagra a tolerância e a liberdade religiosa no país. A proteção veda tanto o Poder Público de interferir quanto um grupo hostilizar a religião do outro.
O indivíduo tem o direito de manter a fé que desejar, aí incluída a opção de não ter crença alguma. Tem também o direito de manifestar sua religião através dos cultos. Esse direito, no entanto, não é absoluto, devendo ser respeitados o repouso noturno, as restrições de ruídos, etc. 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
São exemplos de entidades civis de internação coletiva os hospitais, asilos, presídios e similares, enquanto as militares são quartéis, bases aéreas e terrestres e embarcações militares.
O atendimento espiritual é garantido, mas o Poder Público poderá delimitar os melhores dias e horários para sua ocorrência. 
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
Complementando a proteção ampla conferida às liberdades de manifestação e convicção filosófica ou religiosa a Constituição afasta a possibilidade de um indivíduo em razão de suas crenças ou convicções, ser privado de direitos. Assim, mesmo quando a constituição impõe obrigação a todos (serviço militar, voto, etc), oferece sempre prestação alternativa para aqueles que, por convicções pessoais não estão dispostos a cumprir a obrigação. Somente se a pessoa, além de recusar-se a cumprir a obrigação comum a todos, se nega também a cumprir a prestação alternativa é que poderá ser privada dos seus direitos até que regularize a situação. A disciplina da prestação alternativa fica reservada para a lei ordinária. 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Novamente é enfatizada a proteção à liberdade de expressão, desta vez do ponto de vista cultural e científico, vedada a censura (exame prévio ou controle de conteúdo por representante do Estado a fim de autorizar ou não sua divulgação). Porém, embora seja proibida a censura prévia, é permitida a classificação das produções, com indicativos de conteúdo, público-alvo e horários para a exibição. Este é mais um exemplo de equilíbrio entre dois direitos – a liberdade de expressão e a proteção à infância e juventude.
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
A Constituição quer garantir a privacidade do indivíduo contra intromissões de terceiros. No conceito constitucional de privacidade estão incluídos tanto o seu aspecto pessoal (intimidade) quanto os reflexos nas relações sociais e comerciais (vida privada), além da imagem física da pessoa (fotografia, filmagens, desenhos) e imagem social (reputação, opinião pública). A honra é protegida tanto no aspecto subjetivo (convicções sobre si mesmo, autoestima) quanto no aspecto objetivo (bom conceito junto à sociedade). 
A indenização pelo dano moral ou material será apreciada pela Justiça, e pode ser concedida tanto para as pessoas físicas quanto jurídicas, e pode ser concedida tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Dano material é a lesão que atinge bens materiais da pessoa. Já o dano moral diz respeito a atributos interiores da pessoa como autoimagem,
honra tranquilidade. 
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Protege-se aqui o espaço onde vive o indivíduo. O termo “casa” é utilizado em sentido amplo, abrangendo não somente o domicílio, como também qualquer ambiente fechado, de acesso restrito ao público onde a pessoa esteja estabelecida ou exerça profissão ou atividade, como por como, por exemplo, escritórios e consultórios profissionais. Além disso, a proteção é concedida ao morador, e não necessariamente ao proprietário, pois um e outro nem sempre são as mesmas pessoas. Mas como vimos, nenhum direito é absoluto. 
Desta forma, a Constituição estabelece exceções à inviolabilidade do domicílio. Durante o dia, a regra é, sem consentimento do morador, somente com ordem judicial será possível entrar em casa. Durante a noite, a regra é que nem mesmo com ordem judicial será possível entrar na casa. 
Excepcionalmente, tanto durante o dia quanto durante a noite, em casos de flagrante delito, desastre e em caso de prestação de socorro será possível entrar na casa sem o consentimento do morador e sem ordem judicial. 
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Confirmando a proteção à intimidade, a Constituição garante a inviolabilidade das comunidades do indivíduo, por quaisquer meios. A exceção ocorre com a chamada “quebra do sigilo telefônico”, só admitida quando presentes, conjuntamente, os seguintes requisitos: 
– determinação judicial (prévia a gravação);
– finalidade: investigação criminal ou produção de provas em processo penal;
– conforme disposições legais: Lei 9.276/96 intercepção telefônico.
Existe diferença entre interceptação e gravação. A intercepção telefônica é a capitação e registro de conversas telefônicas, no momento em que tal conversa ocorre, por uma terceira pessoa e sem o conhecimento daqueles que estão conversando. Já a gravação é realizada por um dos interlocutores sem que o outro saiba. Como regra geral, o STF entende que a gravação clandestina é meio de prova ilícito que afronta o inciso X, do art. 5º da Constituição Federal. 
No caso de sigilo de dados – fiscais e bancários – podem ser devassados tanto por ordem judicial quanto por determinação de Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, desde que respeitados os limites constitucionais de sua atuação. 
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Em regra qualquer trabalho ou profissão pode ser exercida livremente no Brasil. Ocorre que há profissões nas quais há o interesse público de que o Estado exerça um controle e exija requisitos (por exemplo, imagine se qualquer aventureiro pudesse livremente exercer a medicina!) Assim, algumas profissões têm suas leis regulamentadoras para ingresso na atividade e exercício. É o caso, por exemplo, da medicina, da advocacia, da odontologia. 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Trata-se do direito de informar (exercido pelo jornalista) e do de ser informado (população). A omissão da fonte é permitida para viabilizar o trabalho do jornalista, mas não afasta a responsabilidade deste sobre as notícias que veicula. 
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Tanto os nacionais quanto os estrangeiros têm o direito de ir e vir garantido pela Constituição. A lei, no entanto, pode estabelecer condições para esse exercício (passaporte, registro, tributos, etc), tendo em vista a prevalência do interesse público. Esses direitos poderão ser objeto de restrição em caso de guerra ou estado de sítio. 
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Por, reunião entende-se o encontro eventual e temporário de duas ou mais pessoas, que se juntam para debater ou alcançar um objetivo comum. O inciso inclui o direito de iniciar a reunião e de permanecer reunido, assim como efetivamente participar da reunião e manifestar-se nela. A exigência de comunicação ao Poder Público se justifica para a proteção dos próprios associados e da sociedade, em caso de necessidade de policiamento no local, por exemplo. É simplesmente um aviso, nunca um pedido, pois a reunião com fins pacíficos não pode ser proibida. 
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
A associação não se confunde com a reunião, porque enquanto a reunião é eventual e temporária, na associação há um caráter de permanência ou duração ao longo do tempo. Exige-se, entretanto, que a associação tenha fins lícitos e o não militarismo, isto é, não é tolerada uma associação comum finalidade de treinamento dos seus para atividades de guerra ou conflito ou que tenha uma configuração semelhante à estrutura militar. 
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Associações são uniões de pessoas que se organizam para fins não econômicos. As cooperativas são sociedades que reúnem pessoas que se unem para satisfazer necessidades econômicas, sociais e culturais comuns com base em regulamentação legal especial. Esse inciso XVIII consagra a vedação de intromissões do Estado o funcionamento de tais entidades. 
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
As associações podem ser dissolvidas por decisão de seus próprios membros. Mas para que sejam dissolvidas por ato de terceiros, exige-se decisão final do judiciário de que não caiba mais recurso (trânsito em julgado) e fundada no reconhecimento da ilicitude da licitação. No entanto, por decisão judicial fundamentada, a atividade da associação poderá ser suspensa até a liberação final sobre sua dissolução. 
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
O dispositivo visa a proteger a liberdade de associação garantindo ao indivíduo o direito de decidir se quer associar-se ou permanecer associado. 
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
O Poder Judiciário aplica o direito aos casos litigiosos obrigatoriamente seguindo um rito ou um procedimento totalmente descrito na lei: esse rito é o que se chama processo. O processo começa com a iniciativa da parte (autor) que ao judiciário pedir o reconhecimento de um direito diante de um réu. Em regra só o próprio titular de um direito tem o poder de exigir através do processo o pronunciamento do judiciário. Segundo a Constituição Federal, inciso XXI as associações, quando devidamente autorizadas, terão legitimidade para representar seis associados judicialmente ou extrajudicialmente. A autorização em questão poderá estar no estatuto da associação ou, de forma genérica, na lei de criação da entidade, não se exigindo obrigatoriamente a autorização individual dos associados. 
XXII – é garantido o direito de propriedade;
A Constituição Federal garante nesse inciso o direito à propriedade privada dos meios de produção e demais bens. A propriedade já foi um direito absoluto na época do Estado Liberal. Hoje não mais. Basta pensar nos casos onde o interesse público se sobrepõe à propriedade
privada, como nas hipóteses de desapropriação. 
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
A constituição nesse ponto ressalta a mensagem de que o interesse da sociedade está num patamar superior ao interesse individual do proprietário. Por isso não se admite a manutenção de propriedade que seja de alguma forma nociva ou omissa ao bem estar da coletividade. 
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Desapropriação consiste no o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública, necessidade ou interesse social, com prévia indenização em dinheiro. 
O presente inciso trata da chamada desapropriação comum ou ordinária. É a que ocorre mediante prévia e justa indenização em dinheiro nas hipóteses genéricas de necessidade ou utilidade pública e interesse social. A CF prevê outras três modalidades de desapropriação, conforme art. 182, § 4º, inciso III, art. 184 e art. 243. 
Utilidade Pública traduz na transferência conveniente da propriedade privada para a Administração. Não há o caráter imprescindível nessa transferência, pois é apenas oportuna e vantajosa para o interesse coletivo. O Decreto-lei 3.365 /41 prevê no artigo 5º as hipóteses de necessidade e utilidade pública sem diferenciá-los, o que somente poderá ser feito segundo o critério da situação de urgência. 
A Necessidade Pública tem por principal característica uma situação de urgência, cuja melhor solução será a transferência de bens particulares para o domínio do Poder Público.
O Interesse Social é uma hipótese de transferência da propriedade que visa melhorar a vida em sociedade, na busca da redução das desigualdades. 
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Trata-se da hipótese de requisição administrativa. Nesse caso, a indenização é posterior à utilização pelo poder público, e ainda assim, só ocorre se houver dano. Além disso, a utilização aqui tem caráter temporário. 
Ex: Caso Eloá em que o ex namorado invadiu a sua casa e a manteve em carcere privado e como refém. Os policiais militares utilizaram o apartamento do vizinho para negociar a liberação de Eloá. 
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
A Constituição protege aqui a pequena propriedade rural evitando que credores a tomem por débitos da própria atividade produtiva. Isso porque o pequeno produtor tira a subsistência de sua família exatamente daquele terreno e permitir a penhora seria impossibilitar a continuidade de seu trabalho o que, segundo a Constituição, não seria socialmente recomendável. 
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
A criação intelectual dá origem ao direito autoral, que no ordenamento jurídico brasileiro é equiparado a bem imóvel, podendo ser alienado, doado, cedido ou negociado de forma que as partes decidirem. Os direitos autorais possuem duplo aspecto: o moral (direito ao reconhecimento, ao crédito, a retirar a obra de circulação e a impedir modificações em seu conteúdo), que é irrenunciável e intransferível, e o patrimonial (exploração comercial da obra), alienável e transferível. 
Estão abrangidos pela proteção a contrafação (utilização não autorizada de obra alheia) e o plágio (difusão de obra de terceiro como se fosse própria, sem o devido crédito). Ambos podem gerar direito à indenização moral e material ao detentor dos direitos autorais. 
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
São exemplos de obras coletivas: peças de teatro, filmes, novelas e até mesmo atividades desportivas. Cada participante deverá ser remunerado na proporção de sua participação. É reservado ainda o direito de fiscalização, para evitar a hipótese de os artistas e participantes serem lesados no cálculo das proporções a fazem jus. 
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
As invenções são protegidas e remuneradas por tempo determinado (vinte anos), após o qual caem em domínio público, podendo ser utilizadas e melhoradas por qualquer pessoa, no sentido de proporcionar o progresso científico da sociedade. 
XXX – é garantido o direito de herança;
Herança é o direito à sucessão, ou seja, o direito de transmissão do patrimônio do falecido a seus herdeiros legítimos ou testamentários. Para fins de sucessão o direito não mais distingue filhos fora ou dentro do casamento. 
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
A regra tenta dar maior proteção aos sucessores brasileiros do estrangeiro falecido. A proteção se dirige aos herdeiros brasileiros, aos quais se aplicará a lei que for mais favorável: a lei do país de origem do falecido ou a lei brasileira. 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
A defesa do consumidor é promovida principalmente pela Lei 8.078/90, o chamado Código de Defesa do Consumidor. A proteção se justifica pela busca da igualdade material entre as partes, já que, em regra, o consumidor é a parte mais fraca (hipossuficiente) nas relações comerciais. 
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Essa regra procura superar definitivamente o período anterior à Constituição de 1988 no qual comumente o Estado acumulava informações sobre o indivíduo em cadastros secretos. Trata-se também de cumprir um importante aspecto no art. 37 da CF dando transparência ao Estado. A negativa pode acarretar sanções administrativas, civis e criminais. A própria Constituição estabelece um procedimento específico para os casos de recusa de prestação de informações pessoais do requerente: o habeas data. 
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Toda pessoa, brasileira ou estrangeira, residente ou não, tem direito de pedir providências das autoridades, contra abusos ou ilegalidade que estejam restringindo seus direitos pessoais. Já a alínea ‘b’ garante o fornecimento de certidão nas repartições públicas, como exemplo, certidão de tempo de serviço, histórico funcional, etc., para esclarecimentos de situações pessoais. 
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
É o princípio do livre acesso ao Judiciário ou da inafastabilidade da jurisdição. Sem esse princípio, o da legalidade estaria esvaziado, pois
nada vale dizer que todos devem respeitar a lei se, em caso de desrespeito, fosse impossível reclamar ao judiciário. 
O princípio tem duplo aspecto: o Judiciário não tem a opção de recusar a prestação jurisdicional nem se houver dúvida quanto ao direito aplicável. Num segundo aspecto, nem mesmo a lei pode estabelecer a impossibilidade de se reclamar ao Judiciário por qualquer assunto que seja
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Trata-se aqui de prestigiar o já estudado princípio da segurança em seu aspecto jurídico. Todo Estado Democrático de Direito pressupõe segurança nas relações jurídicas. O inciso protege as pessoas contra novas leis que procurem alterar situações passadas já consolidadas. 
Direito Adquirido: A Constituição não define direito adquirido. A doutrina entende que é o direito já incorporado ao patrimônio e personalidade da pessoa que já cumpriu todos os requisitos ao seu exercício e, portanto, não deve ter seu patrimônio alterado por lei superveniente. Assim, a lei nova não pode retroagir em prejuízo do direito adquirido, aplicando-se somente fatos posteriores ao início de sua vigência. 
Ato jurídico perfeito: É o ato jurídico que foi plenamente realizado e acabado sob a vigência de uma determinada lei. Então essa lei regulará os seus efeitos futuros desse ato, mesmo que haja mudança legislativa posterior. Trata-se de reforço ou complemento à proteção ao direito adquirido. 
Coisa Julgada: É a decisão judicial transitada em julgado, ou seja, aquela de que não cabe mais recurso. 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
A proibição de juízo ou tribunal de exceção impede que seja criado tribunal ou definido um juiz especialmente para julgar uma conduta após a sua realização, ou seja, toda atuação judiciária deverá ser previamente organizada e estabelecida por lei, de forma a não surpreender ninguém.
O inciso tem relação com o princípio do juiz natural. Juiz natural significa que o juiz competente para julgar determinado ato será determinado por lei pré-existente e não indicado arbitrariamente pelo Estado. O princípio representa, portanto, uma segurança de imparcialidade do judiciário em favor do povo. Esse inciso deve ser conjugado com o inciso LIII. 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
O júri é um tribunal popular regulamentado pelo Código de Processo Penal, sendo que seu fundamento é a prerrogativa democrática do cidadão ser julgado por seus semelhantes.
O acusado tem direito à plenitude de defesa, o que significa ter direito a um advogado e poder utilizar-se de todos os meios lícitos para provar sua inocência.
No júri é garantido o sigilo das votações. Cada jurado se manifestará, individual e secretamente, sobre os quesitos elaborados pelo juiz. Ao final, segundo a votação da maioria, o réu será condenado ou absolvido. 
A soberania dos veredictos exige que o Juiz Presidente ao fixar a sentença, respeite integralmente o que foi decidido pelo júri. Também significa que o júri não pode ser substituído pelo juiz de direito. Assim, caso anulada a decisão de um júri, será sempre convocado um novo júri, não se admitindo decisão de mérito vinda de outro órgão. 
Os crimes dolosos contra a vida são: homicídio, infanticídio, aborto, instigação ou induzimento ao suicídio. Dolo significa a intenção de praticar o resultado. Assim, se a morte foi inteiramente intencional, sem que o criminoso pudesse tê-la previsto ou aceitado o risco da sua ocorrência, não será crime doloso e sim culposo, de competência do juiz singular.
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Trata-se do Princípio de Anterioridade da Lei Penal. No país, uma conduta qualquer só pode ser considerada crime se houver lei anterior com essa previsão e que estabeleça a respectiva pena. Protege-se assim o particular da surpresa, pois nenhuma conduta poderá ser considerada criminosa somente depois de sua realização.
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Não se admite a retroatividade da lei penal quando ela prejudica o réu. A lei que cria novo crime, por exemplo, jamais poderá alcançar as condutas anteriores a sua vigência. Porém, a lei penal mais benigna, ou seja, aquela que beneficia o réu sempre retroage incidindo sobre os fatos passados. 
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
Reforçando a importância dos direitos fundamentais a Constituição determina a punição legal para as condutas discriminatórias, sejam elas cometidas pelo Estado ou pelos particulares.
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
O racismo pode ser entendido como qualquer discriminação em função da etnia, manifestado por qualquer forma. Ex: tratamento diferenciado, impedimento de acesso ou segregação, etc.
O acusado por crime de racismo não será liberado por fiança, e poderá ser processado a qualquer tempo independente do tempo que haja transcorrido desde a data do crime, ou seja, não ocorre prescrição. A fiança, de forma simplificada, pode ser entendida como a possibilidade de libertação provisória do preso até o julgamento definitivo do seu processo, mediante o pagamento de uma soma em dinheiro arbitrada pelo juiz. 
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
A lei que trata dos crimes hediondos é a Lei 8.702/90. Esses crimes não se admite a concessão de fiança, devendo o acusado aguardar a conclusão do processo na prisão, e também não podem ser objeto de graça ou anistia. 
Graça e anistia são dois tipos de benefícios que podem ser dados à pessoa presa ou condenada à prisão. A graça é medida de clemência ou indulgência específica fundada em condições pessoais do preso. Ela ocorre através de iniciativa do condenado, sendo concedida exclusivamente a esse. Já a anistia ou o indulto são iniciativas do Poder Público e são genéricas (coletivas). A anistia, por outro lado, é um ato de clemência, por meio do qual os delitos cometidos pelo apenado são desconsiderados, e vem prevista em lei, a qual deverá determinar o arquivamento dos processos pendentes e a suspensão das execuções penais relativas aos delitos anistiados. A concessão da graça é competência do Presidente da República (art. 84, XII); da anistia, do Poder Legislativo, antes, durante ou após o processo e a condenação. 
A lei define tortura como sendo a imposição de castigo corporal ou psicológico violento, por meio mecânico ou manual, praticado por agentes no exercício de função pública ou privada, com intuito de compelir alguém a admitir ou a omitir fato ilícito ou ilícito, seja ou não responsável por ele. 
O tráfico de drogas encontra definição infraconstitucional e abrange diversas condutas, dentre vender, expor, guardar em depósito, produzir, conduzir ou portar entorpecentes ou drogas afins. Já o terrorismo ainda não foi objeto de lei, de forma que pode ser entendida como ato violento, individual ou coletivo, em relação a bens ou pessoas, por motivação de fundo político, social ou religioso. 
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Trata-se de dispositivo de ordem histórico: após duas ditaduras militares, protege-se a sociedade e o Estado Democrático de Direito contra nova tentativa de tomada do poder pela força, além de reforçar a segurança da democracia. 
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
A primeira parte do dispositivo trata do princípio da pessoalidade da pena. Somente aquele que pratica o ato criminoso pode ser penalizado em virtude dessa prática. Não se admite, pois a transmissão da pena. O que se admite é que os sucessores que tenham recebido patrimônio do criminoso possam perder tais bens, para reparação ou pena de perdimento de bens e não o patrimônio construído pelo terceiro sucessor. 
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
O caput do dispositivo trata do princípio da individualização da pena. No momento de aplicar a pena ao criminoso exige-se que o juiz considere as suas condições pessoais para estabelecer uma pena justa. Por esse motivo, duas pessoas que cometeram o mesmo crime podem receber penas diferentes. Por isso determina o Código Penal que o juiz deve considerar a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime, bem como o comportamento da vítima, para estabelecer a pena cabível. As espécies de penas cabíveis estão descritas nas alíneas do inciso XLVI. 
Assim, a pessoa pode ser privada de sua liberdade (reclusão ou detenção) ou tê-la restringida, como nos regimes aberto e semiaberto. Pode perder bens, que serão transferidos pelo Estado aos cofres públicos ou às vítimas. Pode, ainda, sofrer suspensão ou revogação de determinados direitos relacionados diretamente como crime cometido (perda do cargo público, suspensão dos direitos políticos, suspensão CNH). 
Poderá, ainda, ser condenada a uma prestação social alternativa, ou seja, à prestar serviços comunitários em creches, hospitais, fornecendo cestas básicas, etc. 
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Reforçando o fundamento da dignidade humana, são vedadas no Brasil as penas acima, consideradas ofensivas à referida dignidade humana. 
A pena de morte só admitida em caso de guerra declarada. A própria Constituição estabelece os requisitos para essa declaração realizada pelo Presidente da República. 
O código penal militar menciona os crimes que poderão ser apenados com a morte (por fuzilamento) durante o estado de guerra. Entre eles estão a traição, a espionagem, o motim, a deserção e a insubordinação. 
No Brasil não existe a prisão perpétua e é proibido o trabalho forçado e degradante. A lei de execuções penais, no entanto, prevê o trabalho como medida de reintegração à sociedade, sempre remunerado. A renda decorrente desse trabalho visa reparar o dano à vítima, assistir à família do preso e ressarcir o Estado. 
É igualmente vedado o banimento, isto é, a expulsão de brasileiro do País, ainda que temporariamente como pena pelo cometimento de um crime. 
Finalmente, são proibidas as penas cruéis, ou seja, as que impõem sofrimento físico e psíquico do preso.
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
Assim como a qualificação da pena leva em consideração aspectos individuais, também isso deve ocorrer no cumprimento da pena. Desta forma, serão criados estabelecimentos separados para homens e mulheres, assim como para crianças e adolescentes, impedindo a convivência de criminosos perigosos com criminosos de crime de baixa periculosidade. 
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Reforça o princípio da dignidade humana que não é afastado pela prisão.
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
Esse direito protege, principalmente, os filhos das presidiárias, que são inocentes e têm pleno direito à amamentação. 
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
Na definição de Hidelbrando Accioly extradição é o ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito ou já condenado como criminoso, à justiça do outro, que o reclama, e que é competente para julgá-lo e puni-lo.
Conforme destaca a sequência dos incisos acima, a Constituição dá tratamento diferente aos brasileiros e estrangeiros quanto à extradição. Assim, segundo a Constituição:
1) O brasileiro nato jamais poderá ser extraditado.
2) O brasileiro naturalizado só pode ser extraditado nas seguintes situações:
a) quando condenado por crime comum quando praticado antes da naturalização;
b) quando houver prova da sua participação em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, nesse caso, independente da sua participação ocorrer antes ou depois da naturalização. 
Obs: O português equiparado nos termos do §1º do art. 12 da CF somente poderá ser extraditado para Portugal. 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Este inciso completa o disposto no XXXVII, consagrado o princípio do juiz natural. Significa que todos têm direito a um processo e a um julgamento justo, por autoridade cuja competência seja determinada previamente por lei evitando a nomeação arbitrária de um juiz, especificamente para o caso. 
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
O devido processo legal, oriundo da tradição inglesa do due process of law, é o direito à observância fiel das regras processuais previamente definidas pela lei e tem como fundamento proporcionar a segurança dos envolvidos no processo e a justiça das decisões judiciais. É uma garantia dupla ao indivíduo, pois abrange tanto o aspecto formal, como processo justo, direito à defesa, publicidade do processo, quanto o aspecto material, como direitos materiais de liberdade e propriedade. 
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
A ampla defesa é o direito de utilizar-se de todos os meios lícitos para defender-se, estando aí inclusos o direito ao silêncio e a não autoincriminação. O contraditório é uma manifestação da ampla defesa. Significa a parte sempre ter direito de conhecer as alegações e decisões proferidas no processo e poder se manifestar em relação a essas decisões ou alegações, ou seja, direito à informação conjugado ao direito de manifestação frente a informação. Esses princípios devem ser respeitados tanto na esfera judicial quanto na administrativa. 
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Como regra, não são admitidas no processo provas obtidas por meios que violem as regras legais de produção de provas e os princípios da Constituição. Porém, com base no princípio da proporcionalidade, essa regra não é absoluta para evitar a ocorrência de situações absurdas. São exemplos de provas ilícitas as colhidas por invasão de domicílio, por gravação telefônica não autorizada judicialmente, as obtidas por meio de tortura. Vale lembrar que as provas derivadas das ilícitas também devem ser desconsideradas na linha da teoria americana “fruit of the poisonous tree” (fruto da árvore envenenada). 
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Este inciso enuncia o Princípio da Presunção da Inocência. Enquanto perdurar o processo penal, havendo possibilidade de recurso, o réu será apenas acusado, nunca culpado, ou seja, até prova definitiva em contrário,
todo réu é inocente no Brasil. Existe no direito brasileiro, entretanto, algumas possibilidades de prisões provisórias, de natureza cautelar. Porém, elas se dão sempre como exceções provisórias sustentadas não pela presunção de que o réu é culpado, mas pela existência de motivos cautelares (possibilidade real de fuga do réu, o réu está atrapalhando as investigações criminais através da ameaça às testemunhas. 
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
A identificação civil do indivíduo é feita a partir da apresentação de documento de identificação legalmente expedido. Já a identificação criminal é feita pelo exame datiloscópico, que identifica o indivíduo através da sua impressão digital. 
As hipóteses previstas na lei ordinária dizem respeito a dúvidas sobre a autenticidade do documento de identidade que o indivíduo porta, a inconsistência de registros e a não comprovação da identidade civil, além de crimes específicos que exigem a identificação criminal: homicídio doloso, crimes contra a liberdade sexual, crimes contra o patrimônio cometidos com violência ou grave ameaça, receptação qualificada e falsificação de documento público. 
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
Os crimes de ação pública são aqueles em que o processo só pode começar por iniciativa do Ministério Público. Essa iniciativa do MP pode ser incondicionada ou condicionada, a depender da necessidade ou não de provação do ofendido. De posse do inquérito policial, o MP tem prazo para manifestar-se, oferecendo a denúncia, requerendo o arquivamento ou requisitando novas diligências, mas se não tomar nenhuma dessas providências, o particular poderá, ele mesmo promover no lugar do Ministério Público a ação penal garantindo-se assim a perseguição da justiça que o caso requer. 
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Em regra, os atos processuais são públicos, podendo ser acompanhados por qualquer pessoa independentemente de procuração. No entanto, em alguns casos a privacidade das pessoas ou o interesse público autoriza o sigilo. É o caso da maior parte das ações de direito de família e de certos processos criminais em que a publicidade atrapalharia as investigações. 
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
O inciso sob comento estabelece apenas duas possibilidades de prisão no Brasil: Flagrante delito ou por ordem judicial. O art. 302 do CPP considera flagrante delito quem está cometendo a infração penal; acaba de cometê-la; perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa; quem é encontrado logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. 
Estão excluídos dessa regra os militares, pois são regidos por leis próprias constantes no Código Penal Militar. Assim, um soldado que se recuse a obedecer a uma ordem de um superior ou o desrespeite pode ser preso (transgressão militar) sem que esteja em flagrante e sem ordem judicial. 
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
É obrigatória a comunicação ao juiz competente, que verificará a legalidade da prisão, e a família do preso ou pessoa que ele indicar, para estes tomem conhecimento do estado prisional e do local, dando apoio ao preso. 
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
O direito ao silêncio é uma consequência do princípio da inocência, pois ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo. A informação dos direitos do preso é obrigatória, pois se o preso falar sem consciência de seu direito de ficar calado a prova será considerada ilícita.
A assistência da família depende da vontade desta, enquanto a assistência de advogado é obrigatória. Se o preso não tiver condições financeiras para contratar um advogado deverá ser indicado um defensor público para representá-lo. 
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
O intuito do inciso é evitar o uso de violência exacerbada pelos policiais que porventura venham a prender ou interrogar alguém, possibilitando maior controle da atividade policial. 
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Somente é legal a prisão ocorrida em flagrante ou mediante ordem judicial escrita e fundamentada, bem como que respeite os demais requisitos constitucionais e formais previstos na lei processual, independente da certeza de que o preso é o autor do fato considerado criminoso deverão ser relaxadas pelo juiz que tiver conhecimento da ilegalidade. 
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
Nos crimes em que é possível a liberdade provisória, esta não será opcional e sim obrigatória, ou seja, o preso será libertado provisoriamente, aguardando julgamento em liberdade. Essa liberação pode ocorrer com ou sem o pagamento de fiança, mediante determinação judicial. 
Assim, só ficará preso antes da condenação o autor de crime inafiançável e insuscetível de liberdade provisória.
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Enquanto a prisão criminal tem natureza punitiva, a prisão civil tem natureza coercitiva, isto é, visa a pressionar alguém a cumprir determinada obrigação. Na origem do direito era comum a prisão civil, por exemplo, para forçar o devedor a pagar qualquer espécie de dívida ao credor. 
No Brasil, entretanto, só são admitidas duas hipóteses de prisão civil. A primeira, em desfavor do devedor de pensão alimentícia que poderá ser preso se, mesmo tendo condições financeiras para isso, deixar de prestar alimentos. O destinatário da pensão pode pedir a prisão civil do devedor para forçá-lo a pagar a pensão em atraso. 
A outra hipótese é a do depositário infiel, que é alguém que recebeu da Justiça um bem como o dever de guardá-lo e conservá-lo mas que não devolve quando o juiz ordena. 
7.2) Remédios Constitucionais: 
Conforme visto acima, além de conceder direitos, a Constituição estabelece alguns instrumentos especiais para que o particular defenda tais direitos contra atos de autoridades ou mesmo de outros particulares. São as chamadas garantias ou remédios constitucionais.
1) Habeas Corpus: 
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
O habeas corpus é o remédio específico para a garantia da liberdade de locomoção. A liberdade de ir, vir e ficar. É uma ação constitucional de natureza penal, de procedimento especial e isenta de custas processuais. Pode ser impetrado por todos, inclusive estrangeiros, independente de qualquer condição e pode ser impetrado sem auxílio de advogado. 
Esse remédio é impetrado contra ato de autoridade pública ou particular que presente lesão ou simples ameaça à liberdade de locomoção, desde que esse ato seja ilegal ou abusivo. No caso do particular, somente a ilegalidade, pois o abuso de autoridade exige a condição pública. Observa-se que a prisão legal, embora restrinja a liberdade de locomoção, não poderá ser desfeita por habeas corpus, pois não houve abuso ou ilegalidade.
O HC pode ser liberatório, se a lesão ao direito já ocorreu ou está ocorrendo, ou preventivo, também conhecido como salvo conduto, se a liberdade de locomoção está sendo ameaçada. 
2) Mandado de Segurança:
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
O mandado de segurança é uma ação constitucional de natureza civil colocada à disposição de toda pessoa, física ou jurídica, para proteção de qualquer direito líquido e certo, desde que não seja o direito o direito de locomoção (amparado por habeas corpus) ou o direito de obter informação pessoal do impetrante e de retificá-la (amparado por habeas data). 
O MS poderá ser repressivo no caso de uma ilegalidade já cometida ou preventivo quando o impetrante demonstrar fundado receio de sofrer uma violação a direito seu líquido e certo por parte da autoridade impetrada (ex. Direito de não pagar um imposto inconstitucional). Constitui um dos maiores instrumentos de garantia das liberdades civis e políticas no país. 
Direito líquido e certo é todo aquele cuja titularidade possa ser demonstrada de plano, imediatamente, sem a necessidade de debate ou de produção de provas para mostrar sua existência. 
São atos de autoridade principalmente aqueles emanados de autoridades públicas. Mas são também os praticados por pessoas naturais ou representantes de pessoas jurídicas com atribuições delegadas do poder público, como, por exemplo os concessionários de serviços de utilidade pública. Assim, um diretor de uma escola particular de ensino fundamental ou de uma concessionária de serviços de saneamento podem – a depender da natureza do ato ilegal que pratiquem – responderem como impetrados num mandado se segurança.
Mas em qualquer caso o polo passivo, ou seja, quem ficará na posição de impetrado, deverá ser a autoridade pública ou o agente da pessoa jurídica privada que seja competente para desfazer o ato apontado como ilegal ou abusivo. 
O prazo para interposição do mandado de segurança é de até 120 dias a contar do conhecimento do ato ilegal ou abusivo por parte do impetrante. 
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
O mandado de segurança coletivo tem basicamente as mesmas características do mandado de segurança individual visto acima. Porém, serve para defender os direitos líquidos e certos coletivos dos participantes de certas pessoas jurídicas ameaçadas por ato ilegal ou abuso de poder de autoridades públicas ou agentes de pessoas jurídicas no desempenho de atividades públicas. 
Conforme explica Alexandre de Morais “o legislador quis facilitar o acesso ao juízo, permitindo que pessoas jurídicas defendem o interesse de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade como um todo, no caso de partidos políticos, sem a necessidade de um mandato especial, evitando-se a multiplicidade de demandas idênticas e consequente demora na prestação jurisdicional e fortalecendo as organizações classistas”. 
Assim, no mandado de segurança individual o impetrante da ação é também e ao mesmo tempo o dono do direito líquido e certo violado. Já no mandado de segurança coletivo o impetrante é uma pessoa jurídica que não é a dona do direito líquido e certo. O direito reclamado pertence, na verdade, coletivamente aos membros ou associados daquela pessoa jurídica. 
Poderão ser impetrantes do mandado de segurança coletivo exclusivamente: 
– Partido Político, desde que representado no Congresso Nacional, bastando que tenha ou um deputado federal ou um senador.
– Organização Sindical (que pode ser confederação, federação ou sindicato) ou entidade de classe.
– Associação, que esteja funcionando regularmente há pelo menos um ano e esteja legalmente constituída.
3) Mandado de Injunção: 
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
O mandado de injunção é uma ação constitucional de natureza civil e procedimento especial destinada a suprir alguma omissão do Estado em viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou prerrogativa previstos na Constituição. Em diversos momentos, a Constituição define que o exercício de certos direitos será regulamentado por lei. Se aquela lei não é editada, o particular acaba por ficar privado de seu direito, razão pela qual o próprio sistema constitucional prevê, para certas espécies de omissão legislativa, o mandado de injunção como remédio para tal situação. 
Os requisitos do mandado de injunção são os seguintes: o direito ou garantia deve estar previsto constitucionalmente e ser referente aos direitos e liberdades constitucionais e às prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Deve haver a exigência de lei para regulamentar esses direitos e a ausência de regulamentação deve ser motivo da inviabilidade do exercício, pelo particular do direito previsto constitucional. 
4) Habeas Data
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
O habeas data é ação adequada para que o impetrante tenha acesso a informações a seu respeito, constantes de bancos de dados oficiais ou públicos e, se quiser, através da mesma ação, fazer a retificação dos dados encontrados de modo a ajustá-los à realidade e à verdade. Tem, assim, dupla função: conhecimento e retificação. Pode ser proposto por pessoa física e jurídica. 
Alguns exemplos de bancos de dados que podem estar no polo passivo desta ação: Serviço de Proteção ao Crédito, Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo, Associação Brasileira de Inteligência Nacional.
5) Ação Popular:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
A ação popular é uma das formas de exercício da soberania popular. Através dela, permite-se aos cidadãos exercerem a fiscalização dos atos do Poder Público combatendo atos ilegais, imorais ou lesivos ao patrimônio público. Assim, toda vez que atos públicos estiverem lesando ou ameaçando algo que pertence à coletividade, a própria população pode impugnar tais atos, por meio da ação popular. 
Protege-se, com essa ação, o patrimônio público, o meio ambiente, a história e a cultura, além da própria moralidade da Administração. Somente o cidadão, ou seja, o brasileiro nato ou naturalizado no gozo dos seus direitos políticos têm legitimidade ativa para interpor a ação popular. A Constituição garante, ainda, que o indivíduo não terá que arcar com as chamadas custas judiciais, que são as taxas e emolumentos cobrados pelo sistema judicial, e ônus de sucumbência, que é o pagamento aos advogados da outra parte e em caso de indeferimento do pedido. A regra, no entanto, não é absoluta, pois o pagamento será exigido se comprovada a má-fé do autor da ação popular. 
7.3) Assistência Jurídica:
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
Todos aqueles que não tem condições financeiras de pagar advogados poderão valer-se da Defensoria Pública, que é o órgão criado para atender à exigência constitucional de assistência jurídica gratuita. 
A insuficiência de recursos não significa necessariamente ser miserável e sim não ter condições de contratar advogado sem prejuízo
do próprio sustento e o da família. A assistência jurídica integrada e gratuita implica, também, na garantida de isenção das custas processuais e honorários periciais. 
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
Em regra, os atos judiciais do Estado não são passíveis de indenização, previstas duas exceções: se houver erro judiciário (como a aplicação de lei que depois verifica-se não estar em vigor) e se o tempo na prisão ultrapassar o fixado na sentença (condenados esquecidos). Nesse caso, a indenização será concedida por meio de ação própria, na esfera cível, por danos morais e materiais. 
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
A lei ordinária estabelece os requisitos para que se reconheça a situação de pobreza, caso em que não serão cobradas taxas para certidão de nascimento ou de óbito. 
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
A gratuidade prevista nesse inciso afasta a cobrança de custas processuais, mas não o pagamento dos advogados, que somente não serão pagos caso se trate de defensor público. 
São atos necessários ao exercício da cidadania o registro eleitoral, a obtenção de carteira de identidade e a de trabalho. Somente a primeira via desses documentos tem a gratuidade garantida. 
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Este inciso foi criado pela emenda 45 para garantir a rapidez dos processos judiciais. 
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
De nada adiantaria a concessão de direitos e garantias fundamentais se eles não pudessem ser aplicados imediatamente. Desde 5 de outubro de 1988, esses direitos são exigíveis, não dependendo do implemento de qualquer termo ou condição. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
A listagem do art. 5º é meramente exemplificativa, podendo ser reconhecidos pela interpretação da Constituição outros direitos implícitos no texto da Carta Magna ou estabelecidos expressamente outros direitos e garantias fundamentais. A hipótese mais comum de incorporação de outros direitos e garantias a previsão em tratados internacionais, que são assimilados pelo ordenamento jurídico interno do nosso país, em regra sobre a forma de lei ordinária. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Veremos mais à frente o processo legislativo que é a forma como são produzidas no país as diversas espécies de normas legais. No caso específico dos tratados e convenções sobre direitos humanos, esses serão incorporados pelo ordenamento jurídico da república em processo semelhante ao aplicável às emendas constitucionais. Uma vez aprovados segundo o quorum acima exigido, esses tratados passarão a ter status constitucional, ou seja, serão equivalentes em hierarquia às próprias emendas à constituição.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 
O Tribunal Penal Internacional é órgão supraestatal para julgamento de crimes internacionais e contra a humanidade. O Brasil, atualmente, é vinculado a sua jurisdição. 
8) Dos Direitos Sociais:
A Constituição Federal de 1988 prestigiou o trabalhador garantindo-lhe diversos direitos, alguns já existentes em constituições anteriores, outros elevados à categoria constitucional já que anteriormente só estavam previstos na legislação ordinária (CLT). A Constituição traz direitos individuais e coletivos, enumerados e espalhados em diversos artigos, mas principalmente nos arts. 7º e 8º. Trouxe, ainda, orientações de caráter processual e de segurança do trabalho. 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Os direitos sociais são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições materiais tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos, por isso tendem a exigir do Estado uma intervenção na ordem social que assegure os critérios de justiça distributiva, assim diferentemente dos direitos a liberdade, se realizam por meio de atuação estatal com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais. 
O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 se refere de maneira bastante genérica aos direitos sociais por excelência, como o direito a saúde, ao trabalho, ao lazer, a educação, a alimentação, a moradia, o transporte, entre outros. Partindo desse pressuposto os direitos sociais buscam a qualidade de vida dos indivíduos. Importante ressaltar que este artigo foi alterado três vezes, por isto as bancas examinadoras o cobram com frequência. Foi alterado pela Emenda Constitucional 26/00, a qual inseriu moradia, EC 64/10, que incluiu alimentação e, por último, a EC 90/15, que incluiu o transporte como direito social. 
Assim os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a equalização de situações sociais desiguais, são, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade. 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
A Constituição não definiu quem é trabalhador. A CLT define trabalhador como sendo toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário.
Deste conceito depreendem-se os requisitos da relação de emprego. Para ser considerado empregado, é preciso ser pessoa física e trabalhar com subordinação da pessoa jurídica ou física (empregador), receber pelos serviços prestados e prestar serviço de forma não eventual. 
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
Este dispositivo não garante estabilidade ao trabalhador, mas apenas o protege contra a despedida imotivada (arbitrária) ou que não tenha base numa das hipóteses previstas em lei (justa causa). A proteção se dá por meio de uma compensação mediante indenização. Assim, não se proíbe demissão, mas garante-se indenização ao trabalhador injustamente demitido. 
A própria Constituição fixou, em suas disposições transitórias, que a indenização devida será calculada em cima do FGTS na proporção de 40% (quarenta por cento). 
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
Criado pela Constituição de 1967 e regulamentado por Lei 7998/94, o seguro-desemprego significa uma proteção à coletividade e também uma compensação individual pela perda do direito ao trabalho. Protege também a família e a dignidade da vida humana. A lei estabelece os requisitos para sua concessão. 
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
A Constituição de 1988 universalizou o sistema do FGTS, unificando anteriormente dualidade de regimes jurídicos de garantia do tempo de serviço. O Fundo de Garantia consiste em recolhimentos pecuniários mensais, em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, conforme parâmetro de cálculo estipulado legalmente, podendo ser sacado pelo obreiro em situações tipificadas pela ordem jurídica, sem prejuízo de acréscimo percentual condicionado

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