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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA COORDENAÇÃO DE LETRAS-PORTUGUÊS ALUNA: ANACLETO DE CASTRO SOARES JÚNIOR MATRÍCULA: 20179068465 ATIVIDADE I Conforme a discussão empreendida pelos autores do fascículo (capítulo 1), resolva as questões que se seguem: Informe quando, porque e onde surgiu o interesse pelo estudo do texto no campo da Linguística? A linguística teve sua origem na Europa Continental, especialmente na Alemanha, no final da década de 1960. O interesse pelo estudo no campo da lingüística surge em face de novas pesquisas, cujo objetivo era olhar o texto não por meio da ampliação e/ou alteração das teorias já existentes, calcadas nos estudos imanentes da língua, mas por meio de uma nova teorização, construída a partir do estudo do texto. Por quem e como ocorreu a origem do termo “Linguística Textual”? A primeira aparição do termo linguística do texto, de acordo com Bernárdez (1982), ocorreu um pouco antes, em 1956, no texto Determinación y Entorno, de Eugenio Coseriu. Nesse texto precursor, o autor discute a necessidade de se realizar também uma linguística da parole, dado que a linguística da langue já se encontrava constituída nos estudos linguísticos. E, salienta que o produto da fala (parole) é o texto; logo, havia essa necessidade de uma linguística do texto Os estudos no ramo da LT no Brasil, ganha fôlego, na década de 1970 com autores inspirados em estudos de autores europeus, alemães, holandeses, franceses e ingleses. “Todavia, é a partir da primeira metade da década de oitenta que há uma efervescência de pesquisas com foco nesse ramo da ciência linguística.” (p. 14). A quem se deve tais ocorrências? Deve-se, em grande parte, aos trabalhos dos pesquisadores Ingedore Villaça Koch, Leonor Lopes Fávero, Luiz Antônio Marcuschi, entre outros. Informe e caracterize os três momentos distintos pelos quais passou a Linguística Textual em seu processo de constituição, conforme os pesquisadores da área e, que, “que marcam a ampliação do seu objeto de análise (da análise transfrástica para o estudo do texto nas suas condições de produção) e seu afastamento progressivo teórico e metodológico das influências da linguística estrutural.”(p. 14). a) Análise transfrástica: Trata-se do momento da análise das regularidades que transcendem os limites da frase; parte-se desta em direção ao texto. Segundo Fávero e Koch (1988), o enfoque é o estudo das relações que podem ocorrer entre as diversas frases que compõem uma sequência signifcativa no texto, destacando-se as relações referenciais, em particular a correferência, que é compreendida como um dos principais fatores de coesão textual. b) Gramáticas Textuais: É o momento que tem como finalidade refletir sobre os fenômenos linguísticos inexplicáveis por meio de uma gramática da frase. A elaboração de gramáticas textuais objetiva: a) verificar o que faz com que um texto seja um texto, isto é, determinar seus princípios de constituição; b) levantar critérios para a delimitação de textos; e c) diferenciar os tipos de texto. c) Teorias de texto: Nesse momento, a tendência dominante é construir teorias de texto que privilegiem os aspectos pragmáticos. Assim a investigação se estende do texto ao contexto, compreendido como as condições externas de produção e recepção (interpretação) dos textos. Considerando o percurso da LT, observamos que, de uma abordagem ao texto centrada mais na imanência no produto e na construção de uma teoria geral do texto, a Linguística Textual, hoje, busca analisar o texto nas suas condições de produção, a partir dois grandes focos: o da cognição e o da enunciação. Explique cada um deles. De uma parte, a Linguistica Textual, busca analisar como o sujeito se apropria dos conhecimentos textuais e como os ativa na interação(foco da cognição); de outra, como as questões de ordem social e discursiva interferem nos processos interacionais e, logo, nos processos de produção e interpretação de textos (foco da enunciação). Caracterize a abordagem sociocognitivista assumida atualmente pela LT. No campo da cognição abordam-se questões relativas ao processamento sociocognitivo do texto: formas de representação do conhecimento na memória; ativação dos sistemas cognitivos por ocasião do processamento; estratégias sociocognitivas e interacionais imbricadas no processamento textual; processos de referenciação e inferenciação. Nos estudos cognitivos da década de oitenta, as pesquisas centram-se nas questões relativas ao processamento cognitivo do texto (o que implica a consideração da produção e compreensão do texto), às formas de representação do conhecimento na memória, à ativação dos sistemas cognitivos por ocasião do processamento, às estratégias sociocognitivas e interacionais imbricadas no processamento textual. Os trabalhos de ordem sociocognitiva abordam os processos de referenciação e de inferenciação. O conceito de referenciação assume a perspectiva de que a linguagem não se constitui em um sistema de etiquetas para referenciar as coisas do mundo, mas em uma atividade intersubjetiva em que os sujeitos constroem versões públicas de mundo em suas práticas discursivas, sociocognitivas e culturalmente situadas, apresentando o objeto-de-discurso como é qualificado pelo compartilhamento sociocognitivo, na ordem do dado, destacando a ação negativa. A inferenciação consiste em suprir, com base em elementos textuais e no conhecimento de mundo, uma informação necessária ou pertinente ao estabelecimento de relações entre entidades no texto ou entre essas e o mundo. Em um único parágrafo, disserte sobre o diferencial da concepção sociocognitivista de texto assumida atualmente pela LT. A Linguística Textual, hoje, busca uma abordagem ao texto centrada mais na imanência, no produto e na construção de uma teoria geral do texto, analisando-o nas suas condições de produção, a partir de duas visadas: de uma parte, analisar como o sujeito se apropria dos conhecimentos textuais e como os ativa na interação (foco da cognição); de outra, como as questões de ordem social e discursiva interferem nos processos interacionais e, logo, nos processos de produção e interpretação de textos (foco da enunciação). Portanto, atualmente, os estudos na Linguística Textual estão voltados para dois campos de investigação: o da cognição e o da enunciação. No no campo da enunciação, as pesquisas têm abordado temáticas de ordem interacional, tais como os gêneros do discurso e a relação entre oralidade e escrita, e que, no campo da cognição, abordam-se questões relativas ao processamento sociocognitivo do texto: formas de representação do conhecimento na memória; ativação dos sistemas cognitivos por ocasião do processamento; estratégias sociocognitivas e interacionais imbricadas no processamento textual; processos de referenciação e inferenciação. Com base na leitura do texto da unidade 2 do fascículo, relacione algumas concepções de texto construídas nos diferentes momentos da Linguística Textual As textualizações são bastante diversas, resultado das atividades humanas e das condições sociais e interativas, tipificadas historicamente nos gêneros do discurso. Entretanto, na escola, sedimentou-se um processo de produção escrita centrado em torno de uma tipologia textual (narração, descrição e dissertação) totalmente desvinculada das atividades efetivas de leitura e escrita fora da esfera escolar. Essas atividades de redação desconsideram os parâmetros de interação (salvo o aluno escrever esse texto para o professor de Língua Portuguesa), pois o texto é produzido de modo asséptico: esses parâmetros de interação não têm qualquer efeito sobre o processo de produção do texto. Ainda, todo o processo de ensino-aprendizagem volta-se para o produto e não para o processo de interação e de textualização. Segundo a concepção clássica de referência, ocorre anáfora quando um item do texto não pode ser interpretadosemanticamente por si mesmo, mas remete a outro(s) item(ns) do texto ou do contexto necessários a sua interpretação (KOCH, 1991 [1989]). Nessa concepção mais pontual, a anáfora é essencialmente ligada à coesão textual, sendo um elemento estritamente responsável pelas retomadas de itens já textualizados no texto, ou seja, um caso de continuidade tópica. O texto é o lugar onde o encontro do autor e do interlocutor se materializa e onde se dá a negociação dos sentidos. Além disso, textos de diferentes gêneros apresentam-se ao leitor como possibilidades de interação diferentes, pois as pessoas escutam/leem para aprender (textos didáticos), para se orientar no espaço (textos de sinalização), para se informar (textos jornalísticos), para se entreter (textos ficcionais), para ter notícias de amigos (cartas, e-mails), para selar acordos (contratos) etc. Apresente as concepções de textos, conforme a concepção de língua apresentadas no capítulo 2 do fascículo p. 23: Texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código, já que o texto, uma vez codificado, é totalmente explícito. Também nesta concepção o papel do ‘decodifcador’ é essencialmente passivo (KOCH, 2002, p. 16) Momento da análise transfrástica e das gramáticas textuais ( Dec. 1970) – texto é concebido como conjunto de sequências linguísticas o texto é produto da codificação do emissor e decodificação do receptor (sujeito passivo). Unidade superior à frase ou ainda como sequência coerente de enunciados (essa, mais difundido no Brasil). Língua - código ou instrumento para comunicação Momento das teorias de texto (Dec. 1980) - texto é concebido como unidade concreta. Trata-se de uma unidade comunicativa atual realizada tanto no nível do uso como ao nível do sistema, sendo este uso e sistema com suas funções essenciais. O texto passa a ser o lugar da interação social. Nesse caso, o texto é construído com e para o outro (interlocutor). Língua - como instrumento de interação (dialógico) 10. Considere o texto a seguir (VEJA Nº 1934 - 07/12/2005 ) e sua perspectiva funcional – jogo de signo e cultura do interlocutor. Informe que processos linguísticos você tem que ativar para compreendê-lo, sociossemióticos ou sociocognitivos? Justifique. Texto: Entendo que preciso ativar tanto processos lingüísticos sociossemióticos quanto sociocognitivos. Segundo Marcuschi, baseado em Beaugrande (1997): “Texto não é apenas uma unidade linguística ou uma unidade contida em si mesma, mas um evento (algo que acontece quando é processado); não é um artefato linguístico pronto que se mede com os critérios da textualidade; é constituído quando está sendo processado; não possui regras de boa formação; é a convergência de três ações: lingüísticas, cognitivas e sociais.” A leitura contém uma dimensão cognitiva e social à medida que não é uma atividade meramente visual, mas sim um processo cognitivo, individual e social de construção de sentidos, produzido por sujeitos sociais inseridos em um tempo histórico, com base na interação das pistas linguístico-discursivas e/ou visuais e informações já arquivadas e estruturadas na memória, sendo que seu sentido depende de um sujeito que o processe, Por outro lado, tendo em vista que a sociossemiótica é uma ciência que procura identificar o processo de significação dos discursos não-literários, quando o texto acima enfatiza o grande salto econômico, a palavra salto não estar no sentido literal de saltar, movimento de flexão, mas sim que a economia pode crescer muito. É possível deduzir esse entendimento pelo contexto, em que fica claro quando se afirma que a consultoria assegura que o PIB (Economia) pode crescer três vezes mais (sentido literal). Ainda no processo lingüístico sociocognitivo, o texto é originado por uma multiplicidade de operações cognitivas interligadas, no caso do exemplo acima, leitor é levado a associar a imagem que mostra um par de molas sob os pés simbolizando o “salto” que o PIB brasileiro pode dá e o texto que apresenta a informação da consultoria do quanto o PIB pode levar o Brasil ao crescimento econômico. Há relação entre o maior destaque para as molas e as palavras “Grande Salto” para ressaltar a potencia da economia brasileira. Essa interpretação diz respeito ao princípio de textualidade que abrange fenômenos mentais e sociais, levando-se conta como os conhecimentos que um indivíduo possui estão estruturados em sua mente e como eles são acionados para resolver problemas postos diante dele, uma vez que a linguagem é tida como o principal mediador da interação entre as referências do mundo biológico e as referências do mundo sociocultural, atribuindo-se a concepção de contexto que constrói a própria interação entre as partes do texto.