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Exercício 1. Dentre as sugestões que Bilac extraiu dos parnasianos franceses, destaca-se o princípio da objetividade constru- tiva, que implica a idéia de que a poesia resulta antes do esforço de composição do que da inspiração. Esse esforço pressupõe a tentativa de aplicar à poesia certos princípios da pintura e da arquitetura, tal como se observa no soneto “A Um Poeta”, de Tarde, editado em 1919, logo após a morte do poeta. Assinale a melhor alternativa sobre o seu sentido. Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego. Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. a) Texto sobre desenho: o frade Beneditino deve desenhar com equilíbrio e perfeição, tal como fizeram os gregos, que atingiram a Beleza e a Verdade em seus edifícios. b) Texto metalingüístico: o objetivo da arte é a Beleza e a Verdade, que são efeitos produzidos pelo texto eficiente, aquele que esconde o esforço técnico do artista (= arti- fício). ALFA-5 ★ 850750509 149 ANGLO VESTIBULARES Aula 35 PARNASIANISMO E SIMBOLISMO setor 1522 15220509 15220509-SP PARNASIANISMO CARACTERÍSTICAS OLAVO BILAC (1865-1918) • Oposição ao Romantismo: ✓ objetividade OBRA POÉTICA ✓ impassibilidade • Poesias, 1888 • Descritivismo • Tarde, 1919 • Plasticidade: ✓ poesia-pintura TEMÁTICA ✓ poesia-escultura • A poesia: metalinguagem • Linguagem elegante e esmerada • A mulher e o amor (erotismo) • Formalismo: rigor e perfeição formal • Assuntos greco-romanos • Esteticismo: Arte pela Arte • Assuntos cívicos e patrióticos • Universalismo: ✓ Tradição clássica (forma e conteúdo) ✓ Exotismo (orientalismo) ESTILO • Face ortodoxa: Parnasianismo • Face heterodoxa: ✓ forma parnasiana ✓ conteúdo neo-romântico Alberto de Oliveira Raimundo Correia c) Metalinguagem: ao falar do templo grego, o poeta pretende insinuar que a Beleza e a Verdade decorrem da simplicidade de inspiração (= inimiga do artifício), de onde nasce a força universal dos clássicos. d) Texto metalingüístico: proposta de volta aos padrões clássicos de Beleza, que se assemelham à crença de um frade Beneditino em seu esforço religioso. e) Metalinguagem: fusão de literatura, arte plástica e liturgia (= frade Beneditino), todas dependem do esforço para a obtenção da Beleza, que é gêmea da verdade e inimiga do artifício. ALFA-5 ★ 850750509 150 ANGLO VESTIBULARES SIMBOLISMO NOÇÕES FUNDAMENTAIS • Arte = sugestão • Palavra = símbolo das coisas • Coisas = mistério • Poesia = expressão do mistério = dizer o indizível • Senso de efemeridade: ser é não-ser ATITUDES GERAIS • Anseio de Absoluto: espiritualismo • Escapismo: sonho; loucura; morte • Ilogismo ESTILO • Expressões vagas e insólitas • Versos nominais • Reticências • Iniciais maiúsculas (universalismo) • Parataxe (sintaxe de coordenação) • Sensorialismo: ✓ Musicalidade (aliterações e assonâncias) ✓ Cromatismo ✓ Sinestesias (mistura de sensações) PORTUGAL • Eugênio de Castro: Oaristos, 1890 • Antônio Nobre: Só, 1892 • Camilo Pessanha: Clepsidra, 1920 BRASIL • Cruz e Sousa (1861-1898) ✓ Missal e Broquéis, 1893 ✓ Faróis, 1900 ✓ Últimos sonetos, 1905 • Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) ✓ Dona mística, 1899 ✓ Setenário das dores de Nossa Senhora, 1899 ✓ Kyriale, 1902 ✓ Pastoral aos crentes do amor e da morte, 1923 Cruz e Souza Exercícios 2. Leia as seguintes estrofes de “Antífona”, de Cruz e Sousa, observe as asserções e assinale a alternativa correta: Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras. [...] Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... [...] Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis, edênicos, aéreos, Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios. Tudo! Vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte... I. O poema propõe uma poesia baseada na sugestão, na musicalidade e na abstração. Ao abandonar a precisão re- ferencial do Parnasianismo, a poética simbolista volta-se para o ideal da insinuação, da alusão onírica de realidades mais próprias do sujeito que do objeto. Mallarmé dirá, em franca oposição à prática parnasiana: “sugerir, eis o sonho”. II. A poética simbolista implica o culto do mistério, do sonho e da crença nas forças inconscientes da imaginação, representadas no signo verbal por meio da musicalidade, que se obtém por rigorosa construção de poemas que desencadeiam efeitos de sensorialidade musical, como se percebe no verso “Horas do Ocaso, trêmulas, extremas”. III. “Antífona” está para o Simbolismo brasileiro assim co- mo “Profissão de Fé” está para o Parnasianismo, pois ambos os poemas funcionam como manifestos das respectivas estéticas. “Antífona”, sendo uma proposta literária, está no primeiro livro simbolista de Cruz e Sousa: Faróis. a) Todas estão corretas. b) Todas estão incorretas. c) Somente I e III estão corretas. d) Somente I e II estão corretas. e) Somente II e III estão corretas. 3. Observe o verso de Alphonsus de Guimaraens: “Ó sonora audição colorida do aroma”. Nele, observa-se um procedi- mento típico do Simbolismo, que consiste na fusão dos sentidos por meio de uma só expressão verbal. O procedi- mento ocorre também no verso “Harmonias da Cor e do Perfume”, lido em “Antífona”. Trata-se de: a) Sinestesia. d) Eco. b) Assonância. e) Metonímia. c) Aliteração. • Faça os exercícios 1 a 10, série 9. • Faça os exercícios 1 a 5, 15 a 20, série 10. • Leia o capítulo 9, Parnasianismo. • Leia o capítulo 10, Simbolismo. • Faça os exercícios 11 a 19, série 9. • Faça os exercícios 6 a 14, 21 a 30, série 10. Tarefa Complementar Tarefa Mínima � Livro 3 Caderno de Exercícios — Unidade III ORIENTAÇÃO DE ESTUDO ALFA-5 ★ 850750509 151 ANGLO VESTIBULARES PRÉ-MODERNISMO (1902-1922) SITUAÇÃO HISTÓRICA • República Velha • Revoltas populares • “Belle Époque” • I Grande Guerra • Revolução Bolchevique CARACTERÍSTICAS • Materialismo cientificista • Visão crítica da realidade brasileira ESTILO • Prosa: permanência do Realismo e do Naturalismo • Poesia: mescla de Parnasianismo e Simbolismo • Experiências precursoras da linguagem modernista na poesia e na prosa. EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909) OS SERTÕES, 1902 EEssttrruuttuurraa ddeetteerrmmiinniissttaa:: • 1ª- parte: “A Terra” — meio • 2ª- parte: “O Homem” — raça • 3ª- parte: “A Luta” — momento TTeemmááttiiccaa:: • Os dois Brasis (litoral e sertão) • A Guerra de Canudos Estilo: “Barroco científico” LIMA BARRETO (1881-1922) TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA, 1915 • A vida suburbana • O parasitismo da burocracia • Incompetência, corrupção e hipocrisia de políticos e do governo • Mediocridade e autoritarismo dos militares • Quixotismo patriótico • Coloquialismo ALFA-5 ★ 850750509 152 ANGLO VESTIBULARES Aulas 36 a 38 PRÉ-MODERNISMO: EUCLIDES DA CUNHA, LIMA BARRETO, MONTEIRO LOBATO E AUGUSTO DOS ANJOS Os sertões (1902) Euclides da Cunha Canaã (1902) Graça Aranha Antônio Conselheiro Exercícios 1. Leia o seguinte trecho de Os Sertões, observe as asserções e assinale a alternativa correta. Os menores vinham às costas dos soldados agarrados às grenhas despenteadas há três meses daqueles valentesque havia meia hora ainda jogavam a vida nas trincheiras e ali estavam, agora, resolvendo desastradamente, canhestras amas-secas, o problema difícil de carregar uma criança. Uma megera1 assustadora, bruxa rebarbativa2 e magra — a ve- lha mais hedionda3 talvez destes sertões — a única que ale- vantava a cabeça espalhando sobre os espectadores, como faúlhas4, olhares ameaçadores; e nervosa e agitante5, ágil apesar da idade, tendo sobre as espáduas de todo despidas, emaranhados, os cabelos brancos e cheios de terra, — rom- pia, em andar sacudido, pelos grupos miserandos, atraindo a atenção geral. Tinha nos braços finos uma menina, neta, bisneta, tataraneta talvez. E essa criança horrorizava. A sua face esquerda fora arrancada, havia tempos, por um esti- lhaço de granada; de sorte que os ossos dos maxilares se destacavam alvíssimos, entre os bordos6 vermelhos da feri- da já cicatrizada... A face direita sorria. E era apavorante aquele riso incompleto e dolorosíssimo aformoseando7 uma face e extinguindo-se repentinamente na outra, no vácuo de um gilvaz8. Aquela velha carregava a criação mais monstruosa da campanha9. Lá se foi com o seu andar agitante, de atáxica10, seguindo a extensa fila de infelizes... Notas: 1. Mulher cruel, feia, imunda. 2. Que parece ter duas barbas, exces- sivo, repugnante. 3. Imunda, asquerosa. 4. Faísca, centelha. 5. Que agita, per- turbador. 6. Lado, face, borda. 7. Embelezando. 8. Golpe ou cicatriz no rosto. 9. Guerra, expedição. 10. Sem coordenação motora. I. Pelo contexto, trata-se de fragmento da terceira parte: “A Luta”, em que se narra propriamente a Guerra de Canudos. O trecho pertence aos momentos finais do livro, em que desfilam os derrotados. II. Em Os Sertões, há passagens dominadas por termos técnico-científicos, passagens com acúmulos de vocá- bulos do português erudito e passagens jornalísticas, em que a linguagem é bastante direta e não muito difícil para os padrões da época. O trecho lido exemplifica essa terceira hipótese. III. Ao acentuar os aspectos desagradáveis de uma vítima da guerra, o autor pretende denunciar os horrores da campanha da República contra os sertanejos, e não apenas exibir vocação para o grotesco. a) Todas estão corretas. b) Todas estão erradas. c) Somente I está correta. d) Somente II está correta. e) Somente I e III estão corretas. ALFA-5 ★ 850750509 153 ANGLO VESTIBULARES MONTEIRO LOBATO (1882-1948) URUPÊS (1918), CIDADES MORTAS (1919) E NEGRINHA (1920) • Regionalismo • Decadência do Vale do Paraíba • O caipira (Jeca Tatu) e a vida cabocla • Cultura e crendices populares (folclore) • Humor/Ironia • Coloquialismo/Purismo lingüístico AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914) EU, (1912) • Virtuosismo e experimentalismo • Expressionismo (o grotesco e o bizarro) • Materialismo e ateísmo • Temática metafísica e escatológica • Cientificismo • Pessimismo • Niilismo 2. Leia o seguinte trecho de Triste Fim de Policarpo Quaresma, observe as asserções e assinale a alternativa correta. Os militares estavam contentes, especialmente os pe- quenos, os alferes, os tenentes e os capitães. Para a maioria a satisfação vinha da convicção de que iam estender a sua autoridade sobre o pelotão e a companhia, a todo esse re- banho de civis; mas, em outros muitos havia sentimento mais puro, desinteresse e sinceridade. Eram os adeptos des- se nefasto1 e hipócrita positivismo, um pedantismo tirânico, limitado e estreito, que justificava todas as violências, todos os assassínios, todas as ferocidades em nome da manuten- ção da ordem, condição necessária, lá diz ele, ao progresso e também ao advento do regime normal, religião da humani- dade, a adoração do grão-fetiche2, com fanhosas músicas de cornetins e versos detestáveis, o paraíso, enfim, com inscri- ções em escritura fonética e eleitos calçados com sapatos de sola de borracha!... Os positivistas discutiam e citavam teoremas de mecâ- nica para justificar as suas idéias de governo, em tudo seme- lhantes aos canatos3 e emirados4 orientais. A matemática do positivismo foi sempre um puro fala- tório que, naqueles tempos, amedrontava toda a gente. Ha- via mesmo quem estivesse convencido que a matemática tinha sido feita e criada para o positivismo, como se a Bíblia tivesse sido criada unicamente para a Igreja Católica e não também para a Anglicana. O prestígio dele era, portanto, enorme. Notas: 1. Que causa mau, trágico, funesto, danoso. 2. Objeto ao qual se atribui poder sobrenatural; alusão a Augusto Comte, criador do positivismo, ou a seus representantes nas igrejas positivistas, a quem se prestava obediên- cia cega. 3. Território que pertence à jurisdição de um Khan, entre os tár- taros. 4. Território dirigido por um emir, entre os árabes. I. O texto exemplifica a franqueza com que Lima Barreto se confundia com seus narradores, expondo suas idéias sobre cultura, sociedade e política. Pode ser considerado uma interpolação panfletária na ficção propriamente dita, o que era incomum em seus romances. II. Trata-se de uma sátira contra o exército, que fundava seus princípios no positivismo. Havia nessa instituição os aproveitadores do regime de exceção política (o au- toritarismo de Floriano Peixoto na época da Revolta da Armada), mas havia também os autênticos, que re- presentavam a facção respeitável do exército. III. O texto alude com respeito à inscrição da bandeira nacional brasileira, desvinculando-a de sua origem positivista, mas não poupa o aspecto pseudo-científico do positivismo. a) Todas estão corretas. b) Todas estão incorretas. c) Somente I está correta. d) Somente I e III estão corretas. e) Somente I e II estão corretas. Texto para a questão 3 UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro. Nunca fora nada na vida nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor. Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o deperecimento visível de sua Itaoca. Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons — agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando… João Teodoro entrou a incubar a idéia de também mudar- se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mais conserto ou arranjo possível. — É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então eu arrumo a trouxa e boto-me fora daqui. Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada… Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa serís- sima. Não há cargo mais importante. É homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado — e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!… João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madru- gada botou-os num burro, montou no seu cavalo magro e partiu. — Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens? — Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim. — Mas, como? Agora que você está delegado? — Justamente por isso. Terra em que João Teodoro che- ga a delegado, eu nãomoro. Adeus. E sumiu. (Lobato, Monteiro. Cidades Mortas. São Paulo, Editora Brasiliense, 2004, 26ª- edição, pp. 167-8) 3. (Ibmec) Este texto de Lobato é legítimo representante do Pré-Modernismo brasileiro por: a) ir ao encontro das idéias parnasianas, principalmente no que se refere à estrutura formal e temática, daí tre- chos descritivos tão intensos. b) trazer, nas entrelinhas, a denúncia do escândalo do pe- tróleo junto às cidades do norte do Vale do Paraíba. c) trabalhar uma linguagem subjetiva, carregada de figu- ras estilísticas que forçam a interpretação do leitor em busca das mensagens subliminares. ALFA-5 ★ 850750509 154 ANGLO VESTIBULARES d) ser uma denúncia clara da realidade brasileira e do des- caso das autoridades em relação às cidades do norte paulista do Vale do Paraíba que o autor assim caracte- riza: “onde tudo foi e nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito. (…) cidades moribun- das arrastam um viver decrépito, gasto em chorar na mesquinhez de hoje as saudosas grandezas de dantes”. e) apresentar diálogos objetivos que obedecem à norma culta da língua portuguesa e reforçam a criação de tipos humanos marginalizados — já que João Teodoro, mudando de cidade, passa a ser Jeca Tatu. 4. Leia o soneto de Augusto dos Anjos, observe as asserções e assinale a alternativa correta. Psicologia de um Vencido Eu, filho do carbono1 e do amoníaco2, Monstro de escuridão e rutilância3, Sofro, desde a epigênesis4 da infância, A influência má dos signos do zodíaco5. Profundissimamente hipocondríaco6, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas7 Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra. Notas: 1. Um dos principais constituintes da matéria orgânica. 2. Gás que se encontra nas matérias em decomposição. 3. Brilho. 4. Teoria da geração dos seres por estágios graduais. No texto, pode significar apenas origem. 5. Zona da esfera celeste dividida ao meio pela elíptica e que contém as doze constelações, representadas por animais, que o Sol parece percorrer durante um ano. Conjunto dos signos que compõe uma carta astrológica. 6. Melan- cólico, doentio. 7. Grande quantidade de corpos mortos; matança. I. O poema contém os elementos centrais da poética de Augusto dos Anjos, que, basicamente, se funda na adoção pessoal do vocabulário científico para produzir o efeito poético de angústia existencial diante da ine- xorabilidade das leis da natureza. II. Os quartetos caracterizam-se pela adoção de vocábulos dominantemente coloquiais, em contraste evidente com os tercetos, em que se acentua a preferência por termos técnico-científicos. III. No segundo quarteto, demonstra-se o princípio de que um verso decassílabo necessariamente requer diversos vocábulos, processo em que o poeta demonstra grande virtuosismo técnico. a) Todas estão corretas. b) Todas estão incorretas. c) Somente I e II estão corretas. d) Somente I está correta. e) Somente I e III estão corretas. • Leia o capítulo 11 — Pré-Modernismo —, do início até os itens relativos a Lima Barreto. • Resolva os exercícios 1, 2, 3, 14, 17, 18 e 19, série 11. • Leia, no capítulo 11, os itens relativos a Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. • Resolva os exercícios 5 a 11, série 11. • Resolva os exercícios 12, 13, 16, 20 a 23, série 11. • Resolva os exercícios 24 a 26, 32 a 34, série 11. • Resolva os exercícios 27 a 30, 38 a 40, série 11. • Resolva os exercícios 4, 15, 31, 35 a 37, série 11. AULA 38 AULA 37 AULA 36 Tarefa Complementar AULA 38 AULA 37 AULA 36 Tarefa Mínima � Livro 3 Caderno de Exercícios — Unidade III ORIENTAÇÃO DE ESTUDO ALFA-5 ★ 850750509 155 ANGLO VESTIBULARES VANGUARDAS ARTÍSTICAS EUROPÉIAS MODERNIDADE CUBISMO FUTURISMO • Sociedade industrial • Velocidade • Fragmentação • Simultaneísmo • Pluriperspectivismo • Primitivismo • Irracionalismo (o inconsciente) • Arte = deformação da realidade EXPRESSIONISMO DADAÍSMO SURREALISMO MODERNISMO EM PORTUGAL • 1915, marco inicial do Modernismo lusitano: publicação da revista Orpheu. Daí deriva o vo- cábulo “orfismo”, com o significado de movimento modernista português. • “Sensacionismo”, “paulismo” e “interseccionismo” são nomes que designam correntes desse movi- mento literário. • Polêmica contra o saudosismo de Teixeira de Pascoaes, que predominava na literatura portu- guesa do início do século XX. • Introdução de idéias e práticas artísticas das vanguardas, especialmente do futurismo: verso livre, coloquialismo, prosaísmo, paródia e demais noções associadas à idéia de modernidade. • Autores e obras de destaque: ✓ Fernando Pessoa (1888-1935): Obra completa. ✓ Mário de Sá-Carneiro (1890-1916): Dispersão, 1914; A confissão de Lúcio, 1914; Céu em fogo, 1915. ✓ Almada Negreiros (1893-1970): Nome de guerra, 1938. SEGUNDA GERAÇÃO TERCEIRA GERAÇÃO • 1927: Revista Presença • 1940: Neo-Realismo • Autor e obra destacados: • Autor e obra destacados: ✓ José Régio (1901-1969): Poemas de Deus e do Diabo, 1925 ✓ Alves Redol (1911-1969): Gaibéus, 1940 ALFA-5 ★ 850750509 156 ANGLO VESTIBULARES Aula 39 VANGUARDAS ARTÍSTICAS EUROPÉIAS E MODERNISMO EM PORTUGAL Senhoritas de Avignon, Picasso Trem Armado, Severini O Grito, Munch Fonte, Duchamp A Reprodução Proibida, Magritte Exercícios 1. (ENEM-adaptada) a) O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico para representar a ne- cessidade de um mesmo observador aprender a consi- derar, simultaneamente, diferentes pontos de vista. Iden- tifique esse movimento e cite os nomes de seus principais representantes. No primeiro quadrinho da tira, Calvin começa a “ver os dois lados da questão” em tudo. No segundo, ele anun- cia que o “tradicional único ponto de vista foi aban- donado! A perspectiva foi fraturada”. Essas conside- rações associam-se ao Cubismo, vanguarda artística européia, surgida em 1907. As principais propostas desse movimento eram o abandono da mimesis aristo- télica, a ruptura com a perspectiva tradicional, o uso de formas geométricas que corresponderiam à decom- posição e à fratura da realidade. Dentre os artistas mais importantes do movimento, estão Pablo Picasso, Georges Braque, Marcel Duchamp, G. Appolinaire. Den- tre os brasileiros que praticaram livremente as propos- tas do Cubismo, contam-se Vicente do Rego Monteiro, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, além de outros. b) Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espa- nhol Pablo Picasso, aponte aquela em cuja composição foi adotado um procedimento semelhante. Texto para as questões 2 e 3 Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último modelo! (Fernando Pessoa, Álvaro de Campos.) 2. Assinale a alternativa correta a respeito do texto: a) A oralidade, o versilibrismo e a exaltação da máquina não bastam para caracterizar o texto como mani- festação da vanguarda européia do início do século XX. b) O traço tipicamente vanguardista do texto decorre da imagem contida no verso final, em que se reflete sobre a necessidade da velocidade na vida cotidiana. c) O texto pode ser entendido como manifestação da vanguarda do início do século XX, sobretudo por causa da idéia de que o poeta deve ser expressivo e autên- tico. d) O principal traço vanguardista do texto resulta da ado- ção do verso livre e da identidade da voz poética com a máquina. e) O tema da máquina aproxima o texto das vanguardas do início do século XX, mas sua configuração verbal impossibilita verdadeira identidadeentre ambos. 3. Na apóstrofe contida nos versos de Álvaro de Campos, a voz lírica toma a máquina como parâmetro de excelência existencial, sugerindo que a tecnologia acabou por pro- duzir a totalidade que faltava ao homem moderno. Res- ponda: Os pobres na praia (C) Marie-Thérèse apoiada no cotovelo (E) Retrato de Françoise (B) Os dois saltimbancos (D) Os amantes (A) TUDO COMEÇOU QUANDO CALVIN PARTICIPOU DE UM PEQUENO DEBATE COM O SEU PAI! LOGO CALVIN PODIA VER OS DOIS LADOS DA QUESTÃO! ENTÃO O POBRE CALVIN COMEÇOU A VER OS DOIS LADOS DE TUDO! O TRADICIONAL ÚNICO PONTO DE VISTA FOI ABANDONADO! A PERSPECTIVA FOI FRATURADA! Adaptado de WATTERSON, Bill. Os dez anos de Calvin e Haroldo. V.2, São Paulo: Best News, 1996. ALFA-5 ★ 850750509 157 ANGLO VESTIBULARES a) Essa visão das coisas aproxima o texto de uma cor- rente específica da vanguarda européia do início do sé- culo XX. De que corrente se trata? Qual seria um traço formal do texto que justifica essa aproximação? Trata-se do Futurismo. O traço formal típico dessa corrente presente no texto é a adoção do verso livre. Outro traço formal importante é a ênfase da elo- cução, indicada pelos sinais de exclamação no final de cada verso. b) Observe os quadros de Picasso apresentados no pri- meiro exercício desta aula. Assim como o fragmento de Álvaro de Campos recusa os dispositivos tradicionais da métrica e da rima, a pintura de Picasso abandona a no- ção de perspectiva. Qual seria uma razão possível para essa ruptura? De fato, é possível traçar um paralelo entre a recusa da métrica e da rima em literatura com o abandono da perspectiva nas artes plásticas. Um e outro podem ser interpretados como um passo em favor da autenticidade das vanguardas. Prende-se a isso a idéia de desautomatização inerente ao conceito de arte moderna. c) Como se sabe, o tipo de ruptura abordada nos itens an- teriores iniciou-se no Brasil por meio da Semana de Arte Moderna. Quando e por meio de que veículo teve início em Portugal? Além de Fernando Pessoa, mencione dois outros autores que se envolveram nesse processo. As rupturas de vanguarda foram introduzidas em Portugal por meio da revista Orpheu, editada em Lisboa, em 1915. Além de Fernando Pessoa, parti- ciparam dela Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, entre outros. • Leia, no capítulo 12, os itens “Apresentação”, “Panorama histórico- literário”, “Vanguardas artísticas européias” e “O modernismo em Portugal”. • Resolva os exercícios 1, 21 a 24 e 27, série 12. Tarefa Complementar Tarefa Mínima � Livro 3 Caderno de Exercícios — Unidade III ORIENTAÇÃO DE ESTUDO ALFA-5 ★ 850750509 158 ANGLO VESTIBULARES Exercícios Texto para os exercícios 1 e 2 Os Avisos Terceiro Escrevo meu livro à beira-mágoa. Meu coração não tem que ter. Tenho meus olhos quentes de água. Só tu, Senhor, me dás viver. Só te sentir e te pensar Meus dias vácuos enche e doura. Mas quando quererás voltar? Quando é o Rei? Quando é a Hora? Quando virás a ser o Cristo De a quem morreu o falso Deus, E a despertar do mal que existo A Nova Terra e os Novos Céus? Quando virás, ó Encoberto, Sonho das eras português, Tornar-me mais que o sopro incerto De um grande anseio que Deus fez? Ah, quando quererás, voltando, Fazer minha esperança amor? Da névoa e da saudade quando? Quando, meu Sonho e meu Senhor? (Fernando Pessoa. Mensagem. “O Encoberto”, 3ª- parte.) 1. Identifique a figura de pensamento contida no verso “Só tu, Senhor, me dás viver.” Esse verso contém a figura de pensamento chama- da apóstrofe, por meio da qual o eu lírico interpela, direta e veementemente, um suposto interlocutor. No caso, uma figura histórica transformada em personagem mítica. ALFA-5 ★ 850750509 159 ANGLO VESTIBULARES Aula 40 FERNANDO PESSOA ELE-MESMO (POESIA ORTÔNIMA) FERNANDO PESSOA (1888-1935) POESIA ORTÔNIMA: FERNANDO PESSOA ELE-MESMO I. ÉPICA: MENSAGEM, 1934 • Partes: ✓ 1ª- “Brasão” ✓ 2ª- “Mar Português” ✓ 3ª- “O Encoberto” • Estrutura fragmentária: 44 poemas = 1 poema • Fusão de gêneros (épico e lírico) • Celebração de mitos, heróis e grandes feitos lusitanos • Simbologia esotérica: hermetismo • Nacionalismo místico: ✓ Sebastianismo (mito português) ✓ Quinto Império (mito bíblico associa- do ao sebastianismo) • Intertextualidade/Paródia (Os Lusíadas) • Linguagem clássica • Formas tradicionais e formas livres II. LÍRICA • Anti-sentimentalismo • Racionalismo: análise de emoções • Neo-Simbolismo: musicalidade sugestiva (influência de Camilo Pessanha) • Metalinguagem • Coloquialismo • Formas tradicionais: ✓ Estrofes rimadas (quadras ou quinti- lhas) ✓ Metros curtos ou versos decassílabos • Formas livres (Modernismo) ✓ Versos livres ✓ Prosaísmo 2. Identifique o interlocutor evocado e explique sua função no poema. Trata-se de D. Sebastião, rei português desapareci- do, em 1578, na batalha de Alcácer-Quibir. Sua fun- ção no poema é a de um messias muito desejado, cujo regresso ao mundo viria inaugurar uma nova era de grandeza para Portugal. Texto para o exercício 3 Liberdade Ai que prazer Não cumprir um dever. Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca. (Fernando Pessoa ele-mesmo. Cancioneiro.) 3. Nas primeiras estrofes, o eu lírico faz uma crítica aos li- vros e à literatura, de modo geral. Essa crítica envolve a poesia? Justifique sua resposta. Não, porque o próprio eu lírico faz, na quarta estrofe, uma ressalva: “Grande é a poesia, a bondade e as danças...”. Diante da natureza, considera a literatura ornato inútil (“O sol doira / Sem literatura.”). Mas a poesia, sendo natural, terá razão de ser e de existir. • Leia, no capítulo 12 — Modernismo em Portugal —, os tópicos rela- tivos a Fernando Pessoa, até “Poesia lírica: Cancioneiro” e seu res- pectivo item de Leitura. • Resolva os exercícios 4, 6, 14, 19, 30, 31, 33 e 35, série 12. Tarefa Complementar Tarefa Mínima � Livro 3 Caderno de Exercícios — Unidade III ORIENTAÇÃO DE ESTUDO ALFA-5 ★ 850750509 160 ANGLO VESTIBULARES
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