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Economia Brasileira -1956-60

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2 A ECONOMIA BRASILEIRA NO PERÍODO DE 1950-60 
 
FIGURA 6 – Juscelino Kubitschek 
 
FONTE: GALERIA, (2004) 
 
 
2.1 Ideologia Desenvolvimentista 
 
 Período que se inicia em 1956 é marcado por reformas institucionais e instrumentais ao 
nível da política econômica corrente, de que resultou uma profunda transformação qualitativa 
do Estado, acompanhamento do alargamento de suas funções como agente empresarial; 
 a ideia era fazer um plano em que o Brasil crescesse 50 anos em apenas 5 anos. 
 
 
2.2 Plano de Metas, objetivos e instrumentos de política econômica e modificações na 
estrutura social. 
 
 
FIGURA 7 – Construção do Congresso Nacional (Brasília – DF)1 
 
 FONTE: AREAL, (2001)
2
 
 
 
 
 
 
 
1 Inaugurada em 21/04/1960. 
2 Foto de autor desconhecido e retrato por AREAL, (2001). 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 2 
 O primeiro grande plano de desenvolvimento posto em prática foi o Plano de Metas ou 
Plano Nacional de Desenvolvimento; 
 Elaborado e executado pelo governo Kubitschek (1956/61); 
 O plano partiu da concepção de que o Estado deveria criar condições necessárias e 
suficientes para que as empresas privadas desenvolvessem indústrias de transporte, setores 
agrícola e pecuário; 
 objetivos: 
- industrialização; 
- expansão das oportunidades de emprego no setor dinâmico-urbano; 
- identificação de pontos de estrangulamento existentes; 
- polos de germinação de crescimento; 
- catalisar recursos e orientar os projetos decorrentes das metas setoriais; 
- criação de instituições de fomento. 
 o Plano de Metas compreendia trinta metas, programadas para abranger cinco setores: 
- Energia; 
- Transportes; 
- Alimentação; 
- Indústrias de base; 
- Educação. 
 
2.2.1 As indústrias dinâmicas 
 
Destacaram-se no governo JK no que diz respeito à política industrial, a criação do 
Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), em 1956. Outros Grupos Executivos 
da Indústria foram também criados, como o Grupo de Construção Naval (GEICON), Grupo 
de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias (GEIMAR), Grupo Mecânica Pesada (GEIMAP), 
Grupo de Exportação do Minério de Ferro (GEIEMF), Grupo de Armazenamento (Silos) e de 
Material Ferroviário (GEIMF). 
 
 
TABELA 2 – Percentual das Participações do Plano de Metas 
Principais 
Setores 
Esfera 
Privada 
Conjugação das 
esferas pública e 
privadas 
(sociedades de 
economia mista) 
Esfera pública 
(autarquias e governos 
federal e estadual) 
Destinação dos 
recursos aos setores 
principais 
Energia 10,49 23.72 9.14 43.35 
Transporte 4,49 11,46 13,65 29,60 
Alimentação 2,35 0,01 0,88 3,24 
Indústrias de base 13,18 6,74 0,51 20,43 
Educação - - 3,38 3,38 
TOTAL 30,51% 41,93% 27,56% 100,00% 
 FONTE: ROSSETTI, PPE, Tabela 3.2 
 
 
 O desembolso ficaria em 50% a cargo do setor público, 35% viria da esfera privada e 
15% de agências internacionais que financiariam programas tanto públicos quanto privados. 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 3 
QUADRO 1 – Crescimento Industrial 
 Produto Produto Industrial 
Perío-
dos 
PIB Agricul- 
tura 
Indús-
tria 
Constru- 
ção civil 
Bens de 
consumo não-
duráveis 
Bens de 
consumo 
duráveis 
Bens 
interme-
diários 
Bens 
de 
capital 
1947-
1955 
6,8 4,7 9,0 5,5 6,7 17,1 11,8 11,0 
1956-
1962 
7,1 4,5 9,8 5,1 6,6 23,9 12,1 26,4 
1962-
1967 
3,2 1,7 2,6 - 2,8 0,0 4,1 5,9 - 2,6 
FONTE: Teixeira e Totini, (1993, p. 201) 
 
 
QUADRO 2 – Indústria automobilística nacional 
Veículos 
Automotores 
Metas Resultados Índice de 
Nacionalização (junho/62) 
Caminhões 170.800 154.700 Caminhões: 93,0% 
Ônibus: 86,4% 
Jipes 66.800 61.300 90,9% 
Utilitários 52.600 53.200 94,3% 
Automóveis 58.800 52.000 89,3% 
Total 347.700* 321.200 Média: 92,3% 
 * Meta inicial: 100.000 veículos automotores em 1960 
 
 
TABELA 3 – Plano de Metas: Previsão e Resultados (1957-1961) 
Meta Previsão Realizado % 
Energia Elétrica (1000 kw) 2000 1650 82 
Carvão (1000 ton.) 1000 230 23 
Petróleo-Produção (1000 barris/dia) 96 75 76 
Petróleo-Refino (1000 barris/dia) 200 52 26 
Ferrovias (1000 km) 3 1 32 
Rodovias-Construção (1000 km) 13 17 138 
Rodovias-Pavimentação (1000 km) 5 - - 
Aço (1000 ton.) 1100 650 60 
Cimento (1000 ton.) 1400 870 62 
Carros e caminhões (1000 un.) 170 133 78 
Nacionalização (carros - %) 90 75 - 
Nacionalização (caminhões - %) 95 74 - 
 FONTE: Abreu et al., (1990) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 4 
FIGURA 8 – Veículos produzidos no Brasil (Décadas 1950-60) 
 
 
 Caminhão FNM 
 
 
 
Mercedes-Benz 
 
 
 
Pick-up F-100 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 5 
 
Kombi (VW) 
 
 
 
Rural (Willys) 
 
 
 
FNM (modelo JK) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 6 
 
 Jeep Wills 
 
 
Aero Wills 
 
 
 
Simca-Chambord 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 7 
 
Lambretta 
 
 
 
Romi-Isetta 
 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 8 
 
Fusca 1200 (VW) 
 
 
 
DKW (Vemag) 
 
 
 
Veraneio (GM) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 9 
2.3 Modelo de Substituição de Importações 
 
 O Plano de Metas visava romper o estrangulamento, realizando o modelo Substituição de 
Importações nos setores de bens de capitais e bens de consumo duráveis; 
 para o primeiro setor, os recursos continuariam sendo fornecidos pelo Estado através de 
novas emissões de moeda e da moderação de empréstimos externos; 
 para o segundo setor de maior lucratividade que deveria atender a crescente demanda 
interna se faria pela internacionalização da economia abrindo ao Capital Estrangeiro; 
 a instrução 113 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito) aproveitando-se do 
capital estrangeiro, franqueava a estes a importação sem cobertura cambial de máquinas e 
equipamentos com a condição apenas de se associar ao capital nacional. Segundo Bresser-
Pereira, (1968, p. 119), “a Instrução 113 da Sumoc e o sistema de proteção tarifária, que 
levariam a um grande número de associações entre empresas nacionais e estrangeiras”3; 
 o governo não só queria romper o problema de estrangulamento, mas também, preencher 
lugares vagos no país, atraindo o capital externo assim como sua tecnologia para o 
crescimento industrial; 
 
 
2.4 Inflação 
 
TABELA 4 – Inflação brasileira – 1950/60 
Ano Inflação 
1950 13.40 
1951 19.80 
1952 10.30 
1953 15.10 
1954 30.30 
1955 13.10 
1956 19.20 
1957 12.50 
1958 12.20 
1959 37.70 
1960 30.90 
 FONTE: Revista Conjuntura Econômica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 O desaparecimento das marcas nacionais inicia-se neste modelo de associação. 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 10 
GRÁFICO 2 – Inflação brasileira – 1950/60 
 
 
 
 
 
2.5 TEXTO & ANÁLISE 1 
 
A consolidação do desenvolvimentoindustrial (1956-1961)
4
 
 
Neste período o fenômeno econômico fundamental é a implantação de uma poderosa 
indústria automobilística no Brasil. Partindo praticamente da estaca zero em 55, o Brasil em 
60 já produzia 133.078 veículos, com um índice de nacionalização superior a 90%. A 
importância dessa indústria é fundamental na explicação de seu desenvolvimento brasileiro 
nesse período, não só devido às economias de divisas que produz, mas especialmente face as 
economias externas que as empresas montadoras trazem consigo. Em outras palavras, a 
presença no Brasil das grandes fábricas de automóveis significou não só salários e lucros para 
seus empregados e acionistas, mas também um imenso crescimento das oportunidades de 
emprego e investimento para a indústria de autopeças, para a indústria de base, para o setor da 
comercialização dos veículos produzidos etc. Dessa forma, o fato de os lucros dessas 
empresas irem beneficiar acionistas no exterior pouco significa em comparação com o 
estimulo ao desenvolvimento econômico do país que representaram. 
Mas, por que todo esse desenvolvimento? 
Vemos uma razão básica para isso: a política econômica do governo nesse período. 
Em 31 de janeiro de 56 tem início o governo Juscelino Kubitschek. Durante os cinco anos que 
se seguem o governo federal se transforma, pela primeira vez na História do Brasil, em um 
instrumento deliberado e efetivo do desenvolvimento industrial brasileiro. Antes da 
Revolução de 30 os governos haviam sido sempre representantes da oligarquia agrário-
comercial brasileira, decorrendo dai atitudes governamentais em relação à industrialização, 
que iam desde a indiferença até a hostilidade aberta. Com a Revolução de 30 isso 
naturalmente mudou, especialmente durante os dois períodos de governo Getulio Vargas. 
Durante seu segundo período de governo, em particular, houve uma tentativa séria de planejar 
a promoção do desenvolvimento industrial brasileiro. Mas foi só com o governo Juscelino 
 
4
 TEIXEIRA e TOTINI, (1993, p. 190-191). 
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
14.00
16.00
18.00
20.00
22.00
24.00
26.00
28.00
30.00
32.00
34.00
36.00
38.00
1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960
(%
) a
.a.
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 11 
Kubitschek que o Estado brasileiro se transformou em um instrumento razoavelmente 
eficiente de desenvolvimento do país. 
Três fatos explicam essa ação positiva do governo. Em primeiro lugar, fora ele eleito 
pelas mesmas forças políticas que desde 30 estavam no poder. E essas forças, ainda que 
muitas vezes contraditórias, podiam ser definidas em suas linhas gerais como nacionalistas, 
industrialistas e intervencionistas moderadas. Era de se prever, portanto, que o novo governo 
tivesse uma atitude decididamente a favor do desenvolvimento industrial brasileiro. O quadro 
político em que ele operava era favorável a isso. Apenas esta razão, todavia, não seria 
suficiente para explicar o problema. Em segundo lugar, temos a personalidade do Sr. 
Juscelino Kubitschek. A história, sem dúvida, não é obra de líderes políticos ou militares, mas 
é indiscutível que os líderes de personalidade forte deixam sua marca na história. Foi o que 
aconteceu com o Sr. Juscelino Kubitschek. Soube ele perceber com raro senso de 
oportunidade o momento histórico pelo qual o país passava e deu a seu governo duas linhas 
mestras: a industrialização forçada, a todo vapor, e o otimismo, a confiança nas 
potencialidades do país e de seu povo. (L. C. Bresser Pereira, Desenvolvimento e crise no 
Brasil, (1930-1983), p. 44-45). 
 
 
 
 
 
2.6 TEXTO & ANÁLISE 2 
 
As empresas multinacionais
5
 
 
A partir dos anos cinquenta, na América Latina de modo geral e no Brasil em especial, 
a situação muda totalmente. A crise do velho imperialismo, representada pela grande 
depressão dos anos trinta e pela Segunda Guerra Mundial, permitira ao Brasil iniciar sua 
industrialização. Para a nova potência mundial, que substituíra a Inglaterra no domínio 
econômico do sistema capitalista - os Estados Unidos -, era impossível pretender manter o 
Brasil um país agrícola, primário-exportador. Nossa vocação industrial tornara-se definitiva. 
Os países centrais, liderados pelos Estados Unidos, viriam eles próprios participar de nossa 
industrialização, ou perdiam o mercado brasileiro, pois acabaríamos nós mesmos realizando 
nossa industrialização, ainda que em ritmo mais lento. 
O Brasil encontrava-se, no início dos anos cinquenta, em uma situação muito propicia 
para a entrada do capital estrangeiro. A indústria leve de bens de consumo já fora instalada 
pelos empresários nacionais. Algumas indústrias de matérias-primas e bens de capital também 
já haviam sido iniciadas por empresas brasileiras. O Estado só produzia aço em Volta 
Redonda além de soda caustica (uma matéria-prima básica). Mas toda a indústria de bens de 
consumo durável, a começar pela indústria automobilística, além de muitas indústrias de 
matérias-primas (insumos) e de máquinas (bens de capital), estava ainda por ser implantada. 
As grandes empresas industriais dos países centrais, recuperadas da segunda Guerra 
Mundial, transformadas em gigantescos empreendimentos descentralizados dentro de seus 
próprios países, dotadas de administrações profissionais altamente competentes e beneficiadas 
pelo grande avanço dos sistemas de comunicações e de transporte de pessoal (avião a jato), 
estavam prontas para se transformarem em empresas multinacionais industriais. Primeiro se 
instalam em outros países centrais, mas logo em seguida escolhem alguns países periféricos, 
entre os quais se destaca o Brasil, para realizarem seus investimentos internacionais. 
 
5
 TEIXEIRA e TOTINI, (1993, p. 204-205). 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 12 
O extraordinário avanço das empresas multinacionais em todo o mundo ia representar 
uma modificação estrutural na economia mundial. As empresas multinacionais são formas de 
organizar a produção em nível internacional, e, assim, evitar os riscos e incertezas do 
comércio internacional. 
Em suas relações com os países periféricos, as empresas multinacionais industriais 
(que São historicamente as empresas multinacionais propriamente ditas, em contraste com as 
velhas empresas internacionais do velho imperialismo e do modelo primário-exportador) 
estabelecem um novo tipo de imperialismo: um imperialismo industrializante, 
desenvolvimentista, mas condicionador de um novo estilo de acumulação de capital, 
concentrador de renda, excludente, que chamaremos de modelo de desenvolvimento 
industrializado. As empresas multinacionais são agora os novos agentes desse imperialismo 
contraditório, que transfere o excedente para o centro, via lucros abertos e disfarçados, mas 
também promove o desenvolvimento interno. Esse desenvolvimento, entretanto, tende a ser 
profundamente perverso, à medida que as multinacionais são um dos principais fatores 
condicionantes de um modelo de desenvolvimento que, procurando reproduzir na periferia os 
padrões de consumo do centro, acaba beneficiando muito poucos. (L. C. Bresser Pereira, 
Economia brasileira: uma introdução crítica, p. 48-49). 
 
 
 
 
FIGURA 9 – As Multinacionais 
 
 FONTE: Teixeira e Totini, (1993, p.199) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 13 
2.7 TEXTO & ANÁLISE 3 
 
Getúlio Vargas, Juscelino e a história 
 
Getúlio e Juscelino souberam responder aos desafios lançadospelas circunstâncias 
históricas que os produziram como grandes homens públicos. 
A Folha de São Paulo revelou na edição do último domingo: um punhado de ilustres e 
ilustrados escolheu Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Machado de Assis como os três 
brasileiros mais importantes de todos os tempos. Jovens - meninos e meninas - os que vão 
além da tediosa pobreza da telinha ou das lúdicas intervenções na internet e se dão ao trabalho 
de escavar a história, não raro interpelam, com suas angústias e esperanças, os sobreviventes 
do desenvolvimentismo. Perguntam: Getúlio e Juscelino foram "tudo aquilo"? 
 Getúlio e Juscelino souberam responder aos desafios lançados pelas circunstâncias 
históricas que os produziram como grandes homens públicos. Foram tudo aquilo e mais 
alguma coisa. Mais alguma coisa é o resíduo que a história não revela aos gênios de baixaria, 
ventríloquos do establishment nativo, sempre empenhados na cruzada contra o que chamam 
de desenvolvimentismo populista. São reencarnações sucessivas e inesgotáveis dos escribas 
do coronelato, os senhores da terra que preferiam manter o país nas misérias do fazendão 
atrasado do Jeca Tatu. 
 O governo brasileiro de Getúlio Vargas reagiu à derrocada dos preços do café, causada 
pela crise de 1929, com políticas de defesa da economia nacional: a compra dos estoques 
excedentes, a moratória para as dívidas dos cafeicultores. Estas medidas e a desorganização 
do mercado mundial - provocada pela depressão e depois pela a guerra - ensejaram a defesa 
da renda interna e deram um forte impulso à industrialização do país. 
 A Grande Depressão dos anos 30 e a Segunda Guerra Mundial foram experiências 
terríveis vividas pelas sociedades modernas no século XX. No imediato pós-guerra, as 
lideranças dos vencedores estavam convencidas dos riscos que ameaçavam o capitalismo e a 
democracia. Eles só poderiam conviver e sobreviver sob duas condições: 1) se as forças 
destrutivas que levaram ao colapso da economia fossem controladas pelo Estado e pela 
sociedade; 2) se os riscos e desigualdades produzidos pela operação dos mercados fossem 
contrabalançados por ações destinadas a criar e defender os direitos econômicos e sociais das 
classes não-proprietárias. 
 Nos países periféricos, a industrialização era vista como a única resposta adequada aos 
inconvenientes da dependência da demanda externa por produtos primários. A renda nacional 
dependia da exportação de produtos sujeitos à tendência secular de queda de preços e intensas 
flutuações cíclicas da demanda. 
 Deposto em 1945, o ditador Vargas foi reconduzido à Presidência pela vontade 
popular nas eleições de 1950. Getúlio, depois do hiato liberal de Eurico Gaspar Dutra, 
retomou o projeto desenvolvimentista. Lançou em 1951 o Plano de Eletrificação, criou o 
BNDE em 1952, a Petrobrás em 1953. Havia, ademais, a convicção de que avanço da 
industrialização só poderia ocorrer com a modernização dos setores já existentes e 
constituição dos departamentos industriais que produzem equipamentos, componentes, 
insumos "universais" e bens duráveis. 
 Juscelino ganhou as batalhas que Getúlio concebeu. O "desenvolvimentismo", projeto 
de um capitalismo nacional, cumpriu o seu destino através do Plano de Metas. Muito ao 
contrário do que pregam os caipiras-cosmopolitas - aquela malta que circula pelo mundo, sem 
entender nada do que acontece - o projeto juscelinista integrou a economia brasileira ao 
vigoroso movimento de internacionalização produtiva impulsionado, no pós-guerra, pelo 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 14 
investimento direto da grande empresa capitalista. Por isso, os ultranacionalistas achavam que 
Juscelino perdeu as batalhas que Getúlio teria imaginado ganhar. 
 O Plano de Metas concebeu um bloco integrado de investimentos na infraestrutura, no 
setor de bens de capital e de bens de consumo duráveis. As inovações institucionais 
consubstanciadas nos Grupos Executivos conferiram plasticidade ao aparelho econômico do 
Estado. Juscelino tomou posse em 1956 e atravessou o mandato sob as ameaças do golpismo 
antinacional. Frustrado pelo suicídio de Getúlio em 1954 , o movimento oligárquico-
americano conseguiu submeter o país na quartelada de 1964. 
 Os resultados do período desenvolvimentista, ainda que desiguais, não foram ruins. 
Comparada a qualquer outro período do capitalismo, anterior ou posterior a era 
desenvolvimentista e keynesiana, apresentou desempenho muito superior em termos de taxas 
de crescimento do PIB, de criação de empregos, de aumentos dos salários reais e de 
ampliação dos direitos sociais e econômicos. 
 Não se trata naturalmente de reinventar nem de chorar o "desenvolvimentismo" 
perdido, de resto uma experiência histórica singular do capitalismo. A busca de um passado 
idealizado e mitificado, em sua maciça e massificante perplexidade, é a crítica ingênua de um 
presente atolado na mediocridade e na estagnação. Mas os críticos do desenvolvimentismo se 
esbaldam nos vícios do anacronismo. Alguns "analistas" chegaram, recentemente, a proclamar 
que o país padeceu as agruras de 40 anos de burrice. 
 Trata-se de suprimir a memória histórica e de substituí-la por uma sucessão de 
"eventos" desconexos e de enunciados "técnicos" e "morais", truques que pretendem ocultar 
as formas de controle social executadas pela fracassada racionalidade contemporânea. 
 O desinteresse dos "comunicadores" por movimentos de longa duração, aqueles que 
permanecem imperceptíveis à razão imediatista, diz Pierre Bourdieu, reforça, na chamada 
opinião pública, a amnésia estrutural. Em português corrente, isso quer dizer: o sujeito não 
sabe de onde veio, nem para onde vai. Muito menos tem noção da sociedade em que tenta 
sobreviver, massacrado por um pensamento construído para produzir uma visão 
"instantaneísta" e desarticulada do mundo (Luiz Gonzaga de M. Belluzzo Valor, 3.4.2007).
6
 
 
 
 
2.8 Leituras básicas 
 
COSTA, R. D. Economia Brasileira: de 1930 aos dias de hoje. Cornélio Procópio: [s.n.], 
2005. Cap.3). 
 
FURTADO, M. B. Síntese da Economia Brasileira. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. (Cap. 
14) 
 
REGO, J. M.; MARQUES, R. M. (Orgs.) et al. Economia Brasileira. 3ª São Paulo: Saraiva, 
2006. (Cap.7) 
 
TEIXEIRA, F. M. P.; TOTINI, M. E. História Econômica e Administrativa do Brasil. 3ª 
ed. São Paulo: Ática, 1993. (Cap.13) 
 
 
 
 
 
6
 http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=2303 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 15 
2.9 Leituras para aprofundamento 
 
 
ABREU, M. de P. (org) et al. A Ordem do Progresso: cem anos de política econômica 
republicana, 1889-1989. 31ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2011. (Cap.7) 
 
_____ A ordem do progresso: dois séculos de política econômica no Brasil. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier/Campus, 2014. (Cap.8) 
 
BRESSER-PEREIRA, L. C. Desenvolvimento e crise no Brasil: entre 1930 e 1967. Rio de 
Janeiro: Zahar Editores, 1968. 
 
GIAMBIAGI, F. (org) et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2010. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011. (Cap.2) 
 
 
2.10 Vídeos 
 
JK - MINISÉRIE. Direção de Dennis Carvalho. São Paulo. TV Globo/Som Livre: 5 discos 
(18h:35min). 2006. son., color. DVD NTSC
7
 
 
 
2.11 Testes para revisão. Assinale a alternativa correta. 
 
1) O primeiro grande plano de desenvolvimento posto em prática foi: 
a) PAEG 
b) Plano Trienal 
c) I PND 
d) Plano de Metas 
e) Plano Quinquenal de Desenvolvimento 
 
 
2) O estrangulamento visava a: 
a) substituição das importações no setor agrícola 
b) substituição dasimportações do consumo de bens duráveis e de capitais 
c) substituição das importações somente nos setores automobilísticos 
d) existem mais de uma alternativa correta 
e) n.d.a 
 
 
 
 
 
 
 
 
7
 A minissérie JK nos dá uma ótima ideia da história do Brasil nos últimos cinquenta anos. JK é um exemplo 
para todos os brasileiros de garra, patriotismo e, sobretudo, de ascensão possibilitada pela educação. 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 16 
3) A seguir encontra-se um Quadro de „caça-palavras‟ onde estão ocultos cinco dos principais 
setores envolvidos no Plano de Metas no governo de Juscelino Kubitschek (1956/61). Marque 
as palavras no Quadro com um circulo. 
 
 
N A S F A L T O C A R V A O 
A L I M E N T A C A O Z S A 
V E N A N C I M E N T O Z S 
A C D T E R R A A R E I A B 
L O U T R A N S P O R T E J 
P N S R G P A P E L A F M I 
M O T I I E D U C A C A O S 
E M R G A X I S T O R O C H 
T I I O J J U C E L I N O P 
A A A S T G O V E R N O F Q 
S E S A D M I S T R A C A O 
 
 
 
 
 
2.12 Exercícios 
 
1) O que foi o Plano de Metas? 
2) Cite os principais objetivos e instrumentos de política econômica. 
3) Explique o que foi o „estrangulamento‟ no governo de JK. 
4) Quais setores foram alvo das Metas compreendidas? 
5) Faça uma resenha do período 1956/60.

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