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Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará Curso: Agronomia / Turma: XF Disciplina: Agroclimatologia e Hidrologia Docente: Paulo César Spyer Resende Discente: João Victor de Lima Santos Conceição do Araguaia 2017 Ananas comosus ABACAXI Originário da América tropical e subtropical; Distribuição cosmopolita; Brasil tido como um dos maiores produtores; As cultivares mais conhecidas no Brasil são: Pérola ou Branco de Pernambuco, Smooth Cayenne e Jupi; INTRODUÇÃO O abacaxizeiro é uma planta monocotiledônea, herbácea, perene, da família Bromeliaceae. A espécie pertence ao gênero Ananas, que mesmo crescendo às expensas de suas próprias raízes, apresentam algumas características das plantas epífitas, como a capacidade de armazenar água em um tecido de suas folhas e, também, na axila das mesmas. A família Bromeliaceae consta de cerca de 2.800 espécies e 56 gêneros. A maioria é encontrada sob condições naturais, em regiões tropicais e subtropicais e, apenas algumas poucas, em zonas temperadas. A espécie Ananas comosus var. comosus é a que tem maior importância econômica, enquanto outras espécies apresentam apenas valor ornamental, como o abacaxi-de-jardim. A área de produção de abacaxi – segunda fruteira tropical mais cultivada no país – quase dobrou nas últimas três décadas. Hoje, segundo o IBGE (2008), esta área acha- se em torno de 62 mil hectares, distribuídos entre todos os Estados da Federação. Ademais, em termos de valor da produção, o abacaxi é a quarta fruta, alcançando, em um único ano, R$ 814 milhões, atrás apenas da laranja, banana e uva. Fenologia e desenvolvimento Raízes: sistema radicular compacto, fasciculado, fibroso e superficial; Caule: fibroso, armazena metabólitos da fotossíntese, contendo reservas de amido; Folhas: semirrígidas, serosas na face superior, e protegidas por uma camada de pelos (os tricomas), encontrada, sobretudo, na face inferior; Tecido aquífero: tecido incolor e translúcido que representa uma das características anatômico-fisiológicas mais marcantes do abacaxizeiro; Inflorescência e Infrutescência: a inflorescência avermelhada, tipo espiga emerge no centro da roseta foliar proeminente sobre o pedúnculo floral. A infrutescência do abacaxizeiro é do tipo sincarpo, que gera um fruto múltiplo, carnoso, formado pela coalescência de frutilhos individuais, tipo baga; Coroa: é a continuação do caule da planta, que forma um pequeno ramo, simples ou múltiplo, que pode ter até 150 folhas e pesar de 50g a mais de 500g; CONDICIONANTES AGROMETEOROLÓGICOS DA PRODUTIVIDADE A determinação das relações de causa e efeito das condições meteorológicas e a cultura é complexa. Em geral, é feita por meio de avaliação de dados de crescimento da planta (fotossíntese, respiração, abertura estomática, sanidade e produtividade). Ademais, a dissociação dos efeitos desses fatores na natureza é também difícil. Verifica-se que a maioria das espécies vegetais possui dezenas de variedades exploradas com fins comerciais, seguramente como decorrência da busca da melhor interação entre fatores tão complexos. • Disponibilidade hídrica O abacaxizeiro é tido como uma planta com necessidades hídricas relativamente reduzidas, se comparada com outras plantas cultivadas. Como consequência de sua baixa transpiração e uso eficiente de água, esta planta mantém um alto índice de área foliar e bons níveis de produtividade durante longos períodos, mesmo sob condições de baixa precipitação. Outro aspecto importante, quanto ao aproveitamento de água pelo abacaxizeiro, é sua arquitetura e a forma côncava de suas folhas, que permitem captar pequenas quantidades de água, até mesmo o orvalho. Esta característica, além de várias outras já mencionadas, permite a sobrevivência do abacaxizeiro sob condições de deficiência hídrica prolongada. No entanto, considerando-se a exploração comercial, que visa à produção de frutos grandes, o abacaxizeiro requer um total de 1.000 a 1.500 mm de chuva anual, bem distribuída • Temperatura O crescimento e o desenvolvimento do abacaxizeiro são bastante influenciados pela temperatura, estando a faixa ótima, para o crescimento das raízes e das folhas, entre 22°C e 32°C ou, de modo mais especifico, entre 29°C e 32°C. Por ser uma planta tropical, o abacaxizeiro pode suportar temperaturas mais altas, em torno de 40°C, porém, acima dessa faixa ocorrerão sérios problemas de queima da folha e do fruto, sobretudo se combinadas com alta radiação solar, o que pode, inclusive, causar a morte da planta. Pelo mesmo motivo, essa planta não suporta temperaturas próximas de zero, por muito tempo. A temperatura elevada, juntamente com outros fatores, também é responsável pela ocorrência de fasciação, anomalia que pode atingir a planta no período próximo ao florescimento e ao fruto, tornando este último achatado, em forma de leque. temperatura é, também, um dos fatores que influenciam a floração. A queda da temperatura, principalmente a noturna, induz o florescimento natural do abacaxizeiro. • Radiação solar A luminosidade exerce ação não apenas sobre o crescimento vegetativo e o rendimento do abacaxizeiro, como também sobre a qualidade do fruto. Uma baixa luminosidade retarda o crescimento da planta e pode resultar na produção de fruto pequeno e de má qualidade. Uma radiação solar menos intensa, no mês que antecede à colheita, ocasiona a produção de frutos menores, com teor baixo de açúcares e acidez elevada. Já a radiação solar mais intensa aumenta a taxa e a duração da fixação de CO2, permitindo que os estômatos abram mais cedo no período da tarde, aumentando a transpiração durante o dia, além de poder causar queimaduras no fruto, depreciando-o comercialmente. A radiação solar mínima necessária ao desenvolvimento e à produção do abacaxizeiro está entre 1.200 e 1.500 horas/ano, sendo o ótimo de 2.500 a 3.000 horas/ano. Pode-se afirmar que 6,3 horas diárias de radiação solar são satisfatórias para a produção do abacaxi. • Fotoperíodo Apesar de algumas controvérsias sobre o principal fator que desencadeia o florescimento, o abacaxizeiro é considerado uma planta de dias curtos, com comprimento aproximado de 8 horas. Por esse motivo, observa-se que na maioria das vezes, os abacaxizeiros que alcançam um crescimento adequado, em geral, iniciam a floração quando os dias se tornam mais curtos, e a emissão da inflorescência é tanto mais rápida quanto menor for o comprimento dos dias, isto é, nas ditas aproximadas 8 horas de fotoperiodicidade. • Vento O vento é o principal fator de regulação térmica do abacaxizeiro no período diurno, quando os estômatos estão fechados. Podendo ser benéfico ou prejudicial, dependendo de sua intensidade e interação com outros elementos climatológicos, bem como da época de ocorrência, com relação às fases do ciclo da cultura. Mesmo podendo ser considerada uma planta razoavelmente resistente ao vento, em decorrência da arquitetura e estrutura de suas folhas, julga-se necessário, em alguns casos, o uso de quebra-ventos, sobretudo em áreas muito próximas do mar. • Umidade relativa do ar Quando alta, a umidade pode contribuir para aumentar a incidência de doenças fúngicas e bacterianas. Em áreas de baixa precipitação, uma alta umidade melhora o crescimento da planta, em virtude da captação da água condensada pelas folhas. Já um déficit de umidade, na fase inicial de crescimento da planta, ao causar um atraso no seu desenvolvimento, pode retardar a indução floral artificial, enquanto, num estádio mais avançado de crescimento, pode apressar a floração natural, causando ressecamento na extremidade das folhas. Na maioria das boas produções, a umidade relativa média do ar, nas diferentes regiões produtoras de abacaxi do mundo, está numa faixa entre 75% para um valor um pouco mais alto. EVENTOSADVERSOS Granizo e chuva intensa: A constituição anatômico-morfológica do abacaxizeiro o protege contra danos causados pelo granizo, no caso de uma leve ocorrência. Entretanto, tempestades de granizo mais intensas podem danificar seriamente a cultura, provocar ferimentos nas folhas, mesmo que de forma temporária, e reduzir sua área foliar. Precipitações elevadas e constantes reduzem a qualidade e o tempo de conservação do frutos, se coincidirem com o período de abertura de flores, aumentam, de modo considerável, a incidência de fusariose. Tais precipitações contribuem ainda para o encharcamento do solo, o que dificulta a aeração e a drenagem e, portanto, prejudica o crescimento e o desenvolvimento do abacaxizeiro Seca e veranico: Em condições de deficiência hídrica severa e prolongada, observa-se o amarelecimento da planta, reduzindo a emissão de folhas, que perdem a turgescência, tornando-se estreitas e eretas, adquirindo cor arroxeada e enrolando os bordos do limbo para baixo. O déficit hídrico mostra ser menos prejudicial que o excesso, o que pode-se explicada pela capacidade de armazenar água da planta e pela sensibilidade das raízes à falta de aeração. Por outro lado, os efeitos da seca podem ser revertidos tão logo a água torne-se disponível. Vento intenso: O vento, quando forte ou seco, pode ocasionar problemas ao abacaxizeiro, tais como ressecamento da ponta das folhas, em função do aumento da transpiração, e ferimento nos seus bordos, decorrente do atrito, abrindo assim portas de entrada para fungos, e possivelmente, outros microrganismos. Geada: A cultura do abacaxi pode ser praticada em regiões onde ocorrem geadas, pois períodos curtos de baixas temperaturas não causam danos irreversíveis ao abacaxizeiro. Apesar desta afirmação, pouco se conhece acerca da resistência do abacaxi ao frio, mas sabe-se que o frio torna proeminentes os “olhos” do fruto e que as geadas mais intensas podem danificar as plantas, causando secamento de folhas e atraso no crescimento. Chuvas excessivas: Aos distúrbios morfológicos e fisiológicos sofridos pelo abacaxizeiro, sob condições de má drenagem e excesso de chuva, devem ser acrescentados o favorecimento ao apodrecimento de raízes e à morte de plantas causados por fungos. Ademais, o excesso de chuva durante a frutificação causa fragilidade da polpa e diluição dos sólidos solúveis totais, o que reduz a qualidade do fruto PLANTIO E MANEJO De preferência, no início da estação chuvosa, o que facilita o pegamento das mudas. Esta indicação não é rígida e o plantio pode ser efetuado durante todo o ano, a depender da umidade do solo, da disponibilidade de mudas e da época que deseja colher o fruto. Método de plantio: o plantio pode ser feito em covas, sulcos e fendas (plantio inclinado). Não havendo sulcador, pode-se abrir as covas com enxada, pá de plantio tipo havaiano ou com coveadeira (mecanizada); Espaçamento e densidade: a distância entre as plantas pode variar de acordo com a variedade, o destino da produção, o nível de mecanização e outros fatores. Para produção de frutos in natura ou suco, o espaçamento deve ser mais fechado - frutos com peso variando de 1,1-1,5kg. Na produção para industrialização devem ser utilizados espaçamentos maiores (menos plantas por área) - frutos acima de 1,5kg; Irrigação: a quantidade de água recomendada é de 60 a 120 mm/mês aplicada a depender das condições de solo e clima. A cultura deve ser irrigada por todo o ciclo; Consorciação de culturas: o abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, quiabo, repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas entrelinhas e na mesma época da cultura do abacaxi. O consórcio deve se restringir aos primeiros seis meses do ciclo do abacaxi; Controle de plantas daninha: o controle pode ser feito com capinas manuais (enxada), cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas recomendados para a cultura, à base de diuron (1,6 a 3,2kg/ha), simazina (2,4 a 3,21/ha), ametrina (2,4 a 3,21/ha) ou outros aplicados em pré-emergência das plantas daninhas; Colheita e comercialização: a colheita pode ser feita com o auxílio de um facão. Corta-se a haste a cerca de 5 centímetros abaixo do fruto. Deve-se colher os frutos quando a cor da casca estiver mudando de verde-escuro para bronzeado-amarelado e os frutilhos se tornarem achatados. Frutos para a indústria podem ser colhidos maduros e sem as mudas; Técnicas alternativas de plantio? MULCHING Este modelo de cultivo cobre o solo com um filme plástico de espessura fina, protegendo a terra e o sistema radicular das plantas. É usado para fazer o revestimento da área de plantio, conforme orientação da Empresa de Assistência Técnica Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Este método carrega várias vantagens em comparação ao convencional, entre elas: redução de mão de obra, maior produtividade, queda da aplicação de herbicidas, maior retenção de umidade, controle da temperatura e diminuição de pragas e doenças. O processo de aplicação do plástico no solo é feito de forma mecânica; já os buracos, onde são plantadas as mudas, são cavados manualmente pelo agricultor, bem como o plantio das mudas, que também é manual. ECONOMIA Segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE (LSPA, 2015), o Brasil conta com uma área a ser colhida de 65.176 hectares de abacaxi, devendo alcançar em 2015 a produção de 1.752.858 mil frutos. A Região Nordeste é a maior produtora de abacaxi do País - 23.151 hectares, respondendo por 37,1% do total da área a ser colhida no Brasil. O estado do Pará é o maior produtor nacional: 11.303 hectares e produção deverá atingir 353.721 mil frutos. A maior produtividade (quilos por hectare) é a do Rio Grande do Norte. Pará no cenário nacional De acordo com o gerente de fruticultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Geraldo Tavares, o Pará tem destaque nacional na cultura com a maior produção de frutos do país, ultrapassando em 2014, a marca de 90 mil toneladas do fruto, atividade que movimentou no estado mais de R$ 110 milhões nos últimos cinco anos. E é do Pará que sai a maior parte do suco de abacaxi exportado do Brasil, atingindo U$ 3,8 milhões somente neste ano. US$200,00 X R$0,88/Kg Fontes: Agrometeorologia dos cultivos : o fator meteorológico na produção agrícola / organizador José Eduardo B. A Monteiro. - Brasília, DF: INMET, 2009. 530 p.: Abacaxi : o produtor pergunta, a Embrapa responde / editores técnicos, Nilton Fritzons Sanches, Aristóteles Pires de Matos. – 2 ed. rev. e ampl. – Brasília, DF : Embrapa, 2013. 196 p.
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