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Pobreza Políticas Públicas, Revolução e um debate entre o que temos e o que queremos - Leonardo Koury

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Pobreza, Políticas Públicas, Revolução e um debate entre o que temos e o que 
queremos.
*Leonardo Koury Martins
Indiscutivelmente o mundo que temos está abarcado na calmaria da 
estagnação na qual as idéias que não se concentram nas relações positivistas 
entre o bem e o mal, o perfeito e o imperfeito, o certo e o errado não podem se 
credibilizar como formas coerentes de pensamento.
Absorvemos todo grande aspecto de que outra forma de mundo não é possível, 
pois as coisas são estas mesmas, os pobres continuaram pobres e os ricos, 
ou nasceram ricos filhos de pais que venceram na vida, ou melhor, nem 
sabermos, pois somos frágil suficiente para não enfrentar os poderosos.
No ímpeto revolucionário de como estabelecem as relações de poder e como 
os seres humanos organizaram o mundo, pensar superação da pobreza deixou 
de ser mera relação de ajuda e concretizou numa perspectiva amenizadora 
deste mundo no qual os pobres incomodam e como estratégia na qual as 
políticas públicas iram superar tais problemas, ou melhor, amenizar.
Neste ponto de vista, ao ler José Paulo Netto (2007) me vem um grande 
ensinamento, pois se como o autor constantemente nos cobra a idéia de: quem 
erra na análise erra na ação. O que seria então nosso papel frente às políticas 
sociais que tanto construímos? O porque que chegamos ao poder para dialogar 
sobre um país rico é um país sem pobreza se não entendemos ainda qual 
nosso verdadeiro papel.
Sugeriria recordar Antônio Gramsci (1921) na lógica do papel que cada mulher 
e homem que pretende construir novas formas de organização deste mundo, 
ou melhor, outra forma de agir e construir as coisas a pensar que em cada uma 
e cada um de nós a intelectualidade orgânica torna-se fundamental.
Ser Intelectual Orgânico para Gramsci é para além da simples produção de 
conhecimento que traduza a realidade presente, mas utilizar como Netto refere-
se à análise de conjuntura e se perceber em qual “espaço do mundo” pretende 
atuar. Uma atuação mundo além do seu papel cotidiano, mas referente à práxis 
de propiciar aos demais componentes da classe trabalhadora (aqueles que 
vivem do seu trabalho) a reflexão de que se pode fazer diferente.
Um fazer que seja transformador. Que busque no princípio mais revolucionário 
de todos antes já pensados na humanidade que seria mudar o estabelecido, 
contrapor uma cultura imposta e perceber no caso das Políticas Públicas que 
a mesma sem esta ação contundentemente revolucionária que não se deve 
enxugar gelo. Neste aspecto perceber que a nossa ação enquanto Políticas 
Públicas muitas das vezes passam a ser lenços e a pobreza o gelo, pois 
amenizar o sofrimento coletivo na proposta de uma passiva transformação.
Quero se pode querer um país rico por atenuar nossas ações no combate a 
pobreza absoluta, pois a pobreza perpassa para além das simples condições 
de faixas de renda e se constituem em diversas facetas entre elas econômicas, 
políticas, educacionais entre outras que nada mais se constituem nas 
manifestações da Questão Social. A pobreza que ao mesmo tempo tão 
prometida seu combate se tem justificada pela mídia e demais setores da 
sociedade como culpa e produção dos pobres, na idéia de que se deve 
criminalizar toda e qualquer ação transformadora por mais inconsciente que 
possa inicialmente parecer.
Se não for nosso papel revolucionário em buscar compreender que nossa 
formação frente à classe que pertencemos e nossa atuação intelectual na 
busca da constante análise e busca de estratégias e orgânica na busca do “em 
si, para si”, estaremos perdendo um momento histórico que nos serve de mais 
apropriado. 
Estamos agora em um momento de conferências, de direitos positivados 
(nem todos ainda efetivados), de debates, fóruns entre outros espaços de 
participação e do simples atendimento do dia a dia até aos espaços de massa 
devemos reafirmar um compromisso não simplesmente conosco, mas com os 
pares em que nos identifiquemos.
Assim como o pernambucano Chico Science, para que desorganizássemos 
o sistema vigente, temos que nos organizar e perceber que desconstruir o 
estabelecido antes de nascermos parte do compromisso militante de todas e 
todos nós. 
*Leonardo Koury Martins: Assistente Social, Escritor de dois livros (O começo da história e 
Arte em Movimento) e Militante do MAIS-PT.

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