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AçâO RESCISôRIA

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AÇÃO RESCISÓRIA[2: MICROSSISTEMA DA TUTELA DE CAUSAS REPETITIVAS Esse é um dos pontos que justifica a criação do Novo CPC. 01. LITIGIOSIDADE Atualmente, a ciência processual civil convive com três tipos de litigiosidade:Litigiosidade IndividualLitigiosidade ColetivaLitigiosidade Repetitiva1.1 ESPÉCIES DE LITIGIOSIDADEA) LITIGIOSIDADE INDIVIDUAL / DE VAREJO- Envolve direitos individuais e se utiliza das ações individuais.B) LITIGIOSIDADE COLETIVA / METAINDIVIDUAL- Envolve direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos e se utiliza das ações coletivas.C) LITIGIOSIDADE REPETITIVA / DE MASSA OU DE ALTA INTENSIDADE- Normalmente envolve direitos individuais homogêneos e se utiliza de ações individuais repetitivas ou seriais (macrolides).# OBS.: Apresentam questões de direito comuns. A Lei processual tem técnicas processuais próprias para cada uma dessas figuras.02. CPC DE 2015 – MICROSSISTEMA DA TUTELA DE CAUSAS REPETITIVAS O Novo CPC cria o Microssistema da Tutela de Causas Repetitivas.- Ele é composto pelas seguintes técnicas processuais:O incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) – Arts. 976 ao 987;Recurso Especial e Recurso Extraordinário Repetitivos – Arts. 1.036 ao 1.041.2.1. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA O microssistema da tutela de causas repetitivas promove a uniformização da jurisprudência. A uniformização da jurisprudência atende aos seguintes princípios:PRINCÍPIO DA ISONOMIA: se a lei é igual para todos, a jurisprudência deve ser igual para todos – se a lei é unívoca, a sua interpretação deve ser unívoca em todas as instâncias. CELERIDADESignifica dar ao processo o tempo necessário para a solução do litígio, garantindo os princípios da ampla defesa e do segundo grau de jurisdição, dando solução ao caso concreto sem que este tempo comprometa o próprio direito tutelado da vítima, que anseia pela paz.SEGURANÇA JURÍDICA: é um supra-princípio – é um princípio que se sobrepõe a praticamente todos os outros. # OBS.: Segurança Jurídica – Doutrina e JurisprudênciaPrevisibilidade de condutas;Legítima confiança na ordem jurídica;Constância, continuidade ou permanência da ordem jurídica;Estabilidade;Tranquilidade ou paz jurídica;Solidez da ordem jurídica;Certeza ou convicção de direitos e deveres;Lealdade e boa-fé da ordem jurídica;Credibilidade da ordem jurídica.03. IRDR – ÍNDICE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDA REPETITIVA3.1. ASPECTOS GERAIS- Para evitar que ocorram decisões díspares em uma mesma região, é possível suscitar o IRDR perante o presidente do Tribunal Local, que vai distribuir o incidente e, se ele for admitido, ficam suspensos todos os processos naquele Estado ou naquela região sobre a matéria do incidente. E aos que foram suspensos, serão aplicadas a tese jurídica, e aos novos, serão aplicadas a mesma tese. É uma forma de uniformizar regionalmente. 3.2. NATUREZA JURÍDICA O IRDR é um incidente processual. Ele não é recurso (falta taxatividade, entre outros aspectos – a lei não o enquadra como recurso) e também não é ação (ele pressupõe a existência de ações). 4.3. REQUISITOS DO IRDRRepetição efetiva de processos que possuem controvérsia sobre uma questão unicamente de direito;Risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica;Ausência de afetação de recurso repetitivo em Tribunal Superior. # Observações:- Tratam-se de requisitos cumulativos- A matéria pode ser de Direito Material ou de Direito processual. A controvérsia, a questão de direito pode ser de direito material ou processual.- A matéria pode ser de Direito Federal, Infraconstitucional. - A matéria pode ser de Direito Local ou de Direito Nacional.- Não há um número mínimo de causas, mas pressupõe uma grande quantidade – que ponha em risco a isonomia, a segurança.- Os processos podem tramitar em primeira instância ou em segunda instância – o IRDR pode ser suscitado a partir da primeira ou da segunda instância.- Não há possibilidade de instaurar um incidente preventivo.- O incidente pode ser suscitado mais de uma vez. Se o Tribunal entender que faltou um daqueles requisitos, ele inadmite o incidente – mas se vierem a ser preenchidos, pode ser suscitado novamente o incidente (inclusive a mesma pessoa pode suscitar).- O IRDR será apreciado mesmo que haja desistência ou abandono do processo.4.4. LEGITIMIDADE Detém a legitimidade para suscitar o IRDR:Juiz ou Relator;Qualquer das partes do processo;MP;Defensoria Pública.# OBSERVAÇÕES:1a) O Juiz e o Relator podem suscitar o IRDR de ofício – não há necessidade de requerimento para que suscitem o incidente.2a) O Presidente do Tribunal, o Presidente do Colegiado (da Câmara, da Turma) e os demais integrantes do colegiado não podem suscitar o IRDR.3a) Caso não suscite o IRDR, o MP atuará como fiscal da ordem jurídica.4a) O MP assumirá a titularidade do IRDR caso ocorra desistência ou abandono do processo. 5a) A legitimidade da Defensoria Pública deverá ser restrita à defesa dos necessitados ou hipossuficientes.- O STJ tem entendido que a Ação Civil Pública só pode ser proposta pela defensoria para a defesa dos necessitados e hipossuficientes – logo, essa deve ser a interpretação também para o IRDR, embora a lei não trate disso especificamente. 6a) O Juiz ou Relator suscitará o IRDR por ofício e os demais por petição.7a) O ofício ou a petição serão instruídos com os documentos necessários à demonstração dos pressupostos do IRDR.4.5. COMPTÊNCIAA competência para julgar o IRDR será do órgão colegiado fracionário, indicado pelo Regimento Interno do Tribunal, dentre aqueles responsáveis pela uniformização jurisprudencial.- O IRDR é suscitado perante o Presidente do Tribunal, que vai determinar a distribuição dele para o órgão colegiado fraccionário indicado pelo Regimento Interno.# OBS.: CISÃO COGNITIVA – é um desmembramento da cognição.- No IRDR ocorre uma cisão cognitiva, um desmembramento da cognição: Há duas decisões do IRDR:O órgão colegiado indicado pelo regimento interno decidirá o IRDR em tese, ou seja, fixará a tese jurídica. Vai estabelecer a norma jurídica, o precedente.Depois, o juízo natural (o juiz ou órgão colegiado competente para decidir o processo) julgará em concreto os processos que estavam suspensos e os novos processos conforme a tese fixada. # OBS.: Se o IRDR for originário de um processo em trâmite no Tribunal, o órgão colegiado indicado pelo regimento interno fixará a tese jurídica e também julgará o processo (o recurso, a remessa necessária ou processo de competência originária), em concreto – art. 978, parágrafo único, Novo CPC.Art. 978. Parágrafo único.  O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o incidente.# OBS.: Procedimento Modelo e Causa Piloto – Material Há uma distinção doutrinária entre procedimento modelo e causa piloto. - A causa piloto é aquela que se pinça um processo representativo da controvérsia e julga-se em tese e em concreto (é que acontece nos recursos repetitivos). - Procedimento modelo é aquele em que o um órgão decide em tese e outro órgão decide em concreto. Há um desmembramento da cognição ou uma cisão cognitiva. - Entende Dierle Nunes: mesmo no caso em que o processo originário está na segunda instância, é procedimento modelo e se tem um desmembramento da cognição. Acontece que o órgão é competente o IRDR em tese e o processo em concreto (que pode ter mais de um argumento, não apenas aqueles do precedente). Essa competência para julgar em concreto é por prevenção. 4.6. PROCEDIMENTO DO IRDRA parte legitima suscita o IRDR perante o presidente do Tribunal;O IRDR será distribuído ao colegiado competente, conforme o regimento, para que esse colegiado faça o juízo de admissibilidade – verificará a presença dos pressupostos de admissibilidade – art. 976;# OBS.: Se o juízo de admissibilidade for negativo, é possível que esse IRDR seja novamente suscitado, desde que presentes os requisitos necessários.Admitido o IRDR, o relator determinará a suspensão dos processos (individuais ou coletivos) coma mesma matéria, que tramitam no Estado ou Região, pelo prazo máximo de um ano (a suspensão terá o prazo de 1 ano. Se não houver julgamento nesse período, os processos voltam a correr). # OBS.: Extensão do sobrestamento para todo o território nacional: as partes originárias, o MP, a Defensoria e até as partes de outros processos em qualquer parte do território nacional (que tratem da mesma matéria), podem requerer ao Presidente do STJ ou do STF a suspensão de todos os processos em curso no território nacional que versem sobre a mesma questão do incidente. Cessa a suspensão, se não for interposto REsp ou RE contra a decisão proferida no IRDR (Art. 982, §§ 3o ao 5o e art. 1.029, § 4o). O relator: ouvirá as partes e demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia, no prazo de 15 dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como diligências; ouvirá o MP em 15 dias; Poderá ouvir, em audiência pública, depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria – amicus curiae – em audiência pública; e poderá requisitar informações a órgãos.Haverá o julgamento do IRDR, com possibilidade de sustentação oral prévia (partes do processo originário, MP e demais interessados);O Tribunal fixará a tese jurídica e, se for o caso, decidirá em concreto o recurso, o reexame ou o processo de competência originária. # OBS.: O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários.# OBS.: A decisão do IRDR não está obrigada a obedecer à ordem cronológica.4.7. APLICAÇÃO DA TESE JURÍDICA – O PRECEDENTE A tese jurídica fixada no IRDR será aplicada a todos os processos presentes e futuros sobre a mesma matéria no Estado ou região do Tribunal. - Juízes e tribunais terão a obrigatoriedade de aplicar essa tese – não é uma faculdade – e isso está claro em vários dispositivos do Novo CPC. Julgado o IRDR, a tese jurídica terá que ser aplicada por todos os juízes e tribunais no Estado ou região, aos casos idênticos em tramitação e aos casos futuros, salvo revisão de tese, ou se existir distinção ou superação. Quanto à incidência da tese jurídica decidida está será aplicada: Eficácia presente. Em todos os processos (individuais ou coletivos) que versem sobre a mesma questão de direito nos limites territoriais da competência do tribunal (incluindo juizados especiais); Eficácia futura. Em todos os casos futuros que versem sobre idêntica questão de direito nos limites territoriais da competência do tribunal, salvo se houver revisão de tese conforme artigo 986, CPC Isso está muito claro em diversos dispositivos. Vamos ver: Art. 985.  Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região;II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986.§ 1o Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação.§ 2o Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.Art. 986.  A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III.Art. 927.  Os juízes e os tribunais observarão:III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.Art. 1.022.  Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;Art. 988.  Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:IV - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência.IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;             (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)   (Vigência)# OBS. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA – Lei 13.256/16:- No caso do inciso IV, já que o inciso III incorporou a Reclamação para garantir o cumprimento de Súmulas Vinculantes, o IV passa a prever a Reclamação para garantir que os Acórdãos em julgamento de incidentes de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competências tenham suas decisões preservadas.# OBS.: É comum dizer que o julgador tem o ônus interpretativo de dizer se existe distinção ou superação. Essa expressão está errada. Ele tem o dever. # OBS.2: É importante dizer que se houver decisão em IRDR no Tribunal da Paraíba, os juízes de lá estarão vinculados a essa decisão. Mas vamos imaginar que tenha uma decisão divergente em IRDR no Tribunal do Rio Grande do Norte. Dessa decisão se interpôs REsp e foi confirmada essa decisão do RN. É claro que o juiz da PB não estão mais vinculados à decisão do TJPB. Outras aplicações da tese fixada no IRDR:O juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido que contrariar entendimento firmado em IRDR;O juiz poderá conceder tutela de evidência com base em prova pré-constituída e entendimento fixado em IRDR;O relator poderá julgar monocraticamente o mérito do recurso ou o conflito de competência, conforme entendimento firmado em IRDR;Não haverá reexame necessário quando a sentença se fundar em entendimento firmado em IRDR 4.8. MODULAÇÃO DOS EFEITOS O CPC autoriza que o Tribunal module os efeitos, dê uma eficácia prospectiva à alteração de um precedente – para conferir uma maior segurança jurídica (em razão da adoção de tese, precedente diferente em ações anteriores). Se houver alteração da jurisprudência fixada em casos repetitivos, o Tribunal pode modular os efeitos da alteração, em atenção ao interesse social e à segurança jurídica. - Ele altera, mas confere uma eficácia ex tunc. Art. 927.  Os juízes e os tribunais observarão:III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.4.9. RECURSOS Da decisão do IRDR, são cabíveis os seguintes recursos:Recurso Especial;Recurso Extraordinário.# OBS.: Peculiaridades sobre o RE e o REsp.:Só cabe RE ou REsp da decisão de mérito do IRDR (art. 987) – o CPC não admite esses recursos para caso de inadmissibilidade o IRDR – só cabe da decisão de mérito; QUESTÃO: Uma lei pode limitar o cabimento de um RE ou um REsp, dizendo que sabe apenas em questões de mérito, já que a CF que delimita o cabimento desses recursos?No RE, a repercussão geral é presumida. Não há necessidade de ser demonstrado o requisito da repercussão geral – pois se trata de um IRDR, já presume-sea repercussão geral;O RE e o REsp terão efeito suspensivo. Em regra, eles não possuem esse efeito suspensivo – sendo necessário requerer esse efeito. Entretanto, no caso do RE e do REsp em decisão de IRDR, não é necessário requerer o efeito suspensivo. Ao contrário da regra geral quanto ao REsp e ao RE, cujo efeito suspensivo só pode ser o ope judicis, aqui o efeito suspensivo é ope legis.# OBSERVAÇÕES FINAIS:a) Os recursos podem ser interpostos pelo amicus curiae (Art. 138, § 3o). b) Não se aplica a técnica da complementação do julgamento (sucessora dos embargos infringentes) ao IRDR (art. 942, § 4o, I). Editorial 103A ação rescisória fundada na primeira parte do inciso III do art. 485 do CPC (sentença resultado de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida) é uma das menos examinadas pela doutrina. É realmente muito pequeno o repertório doutrinário a respeito do assunto.Não assusta, portanto, que também sejam raras as manifestações jurisprudenciais sobre essa hipótese de rescindibilidade.Convém registrar, de logo, que esse texto normativo ainda está preso a uma concepção de boa-fé processual subjetiva. Tanto é assim que, de acordo com a letra legal, a rescisão da sentença pressupõe dolo, elemento subjetivo de uma conduta ilícita. Reprimir-se-ia, aqui, um comportamento animado pela má-fé.Ao tempo da edição do Código de Processo Civil de 1973, a doutrina brasileira ainda não tinha conhecimento ou não dominava o manancial teórico da boa-fé objetiva. O texto codificado, à época, era encarado como uma proibição geral de comportamentos dolosos, e apenas isso. O inciso II do art. 14 do CPC era visto como uma proibição de prática de atos animados pela má-fé. A evolução do pensamento jurídico brasileiro permitiu, porém, que atualmente se encare o texto normativo sob outro enfoque: trata-se da consagração do princípio da boa-fé no processo.O inciso II do art. 14 do CPC brasileiro não está relacionado à boa-fé subjetiva, à intenção do sujeito processual: trata-se de norma que impõe condutas em conformidade com a boa-fé objetivamente considerada, independentemente da existência de boas ou más intenções. Trata-se de consagração de uma cláusula geral de boa-fé processual, da qual se extrai o princípio da boa-fé processual.Essa é a compreensão atual deste texto normativo (sobre o assunto, mais amplamente, DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito processual civil. 12 ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2010, v. 1, p. 60-67).Exatamente em razão disso, é razoável defender a necessidade de uma releitura da parte inicial do inciso III do art. 485 do CPC.A rescisória, nestes casos, serviria para desconstituir decisão judicial que tenha sido resultado de um comportamento da parte em desconformidade com a boa-fé objetiva, pouco importa se essa conduta tenha ou não sido animada pela má-fé. A parte inicial do inciso III do art. 485 transformar-se-ia, então, na hipótese de ação rescisória cabível para fazer valer o princípio da boa-fé processual e, assim, preservar a lealdade, a confiança e a ética processuais.Esta releitura do texto legal serviria, enfim, para que o compreendêssemos como uma regra concretizadora do princípio da boa-fé processual.Embora não tenha sido feita essa abordagem, o STJ parece ter decidido neste sentido.No julgamento do Resp. n. 656.103-DF, rel. Min. Jorge Scartezzini, 4ª T., j. em 12.12.2006, acórdão publicado no DJ de 26.02.2007, p. 595, acolheu-se ação rescisória em um caso de nítida violação à boa-fé objetiva.Vejamos o caso.As partes fizeram acordo extrajudicial. Uma das partes comprometera-se a desistir de uma demanda se a outra parte doasse um imóvel a alguém. Não obstante a prestação de doação tenha sido substancialmente adimplida, a parte autora não desistiu do processo. A parte ré do processo originário (aquela que se comprometera a doar o imóvel) deixou de defender-se no processo, na crença de que o acordo já tinha sido cumprido. Foi reconhecida a sua revelia e decretados todos os seus efeitos. Houve sentença de procedência de todos os pedidos formulados, não obstante o acordo.O STJ entendeu que a sentença fora resultado de um comportamento indevido da parte autora, que injustificadamente não cumpriu a sua prestação: desistir do processo. Aplicou-se a teoria do adimplemento substancial, que é manifestação da boa-fé objetiva (SILVA, Clóvis do Couto e. “O princípio da boa-fé no Direito brasileiro e português”. O Direito Privado brasileiro na visão de Clóvis do Couto e Silva. Vera Jacob de Fradera (org.). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p. 55; SCHREIBER, Anderson. “A boa-fé e o adimplemento substancial”. Direito Contratual – temas atuais. Giselda Maria Hironaka e Flávio Tartuce (coord.). São Paulo: Método, 2007, p. 141; DIDIER Jr., Fredie. “Notas sobre a aplicação da teoria do adimplemento substancial no direito processual civil brasileiro”. Revista de Processo. São Paulo: RT, 2009, n. 176).No caso, considerou-se que a obrigação de doar fora substancialmente adimplida, o que impediria a alegação de exceção de contrato não cumprido pela parte autora, que se comprometera a desistir do processo. A doutrina é vasta ao aplicar a teoria do adimplemento substancial à exceção de contrato não cumprido (ABRANTES, José João. A excepção de não cumprimento do contrato no direito civil português – conceito e fundamento. Coimbra: Almedina, 1986, p. 123-127; MORENO, María Cruz. La ‘exceptio non adimpleti contractus’. Valência: Tirant lo Blanch, 2004, p. 75; BECKER, Anelise. “A doutrina do adimplemento substancial no Direito brasileiro e em perspectiva comparativista”. Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1993, v. 09, p. 60 e 65; BUSSATTA, Eduardo Luiz. Resolução dos contratos e teoria do adimplemento substancial. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 104-106).Não se exigiu a demonstração de qualquer elemento subjetivo (má-fé; dolo) para a configuração da hipótese de rescindibilidade da parte inicial do inciso III do art. 485 do CPC. Rescindiu-se a decisão que fora produto de um comportamento objetivamente reprovável da parte autora, contrário aos padrões de comportamento ético impostos pelo princípio da boa-fé processual.Trata-se de decisão que ratifica a consagração da cláusula geral de boa-fé processual do inciso II do art. 14 do CPC e que abre um profícuo novo caminho de interpretação desta conhecida e tradicional hipótese de rescindibilidade da sentença.Fredie Didier Jr.]
1. PANORAMA DOS INSTRUMENTOS DE REVISÃO DA COISA JULGADA
- A coisa julgada pode ser controlada sempre se houver erro material, que pode ser a qualquer tempo e até de oficio.
- A CJ pode ser controlada pela querela nulitattis. Que é uma forma de controlar a CJ por questões sempre formais. Não tem prazo e está relacionada a problemas com a citação.
1.1. Requisitos
- A AR tem 3 características principais, a saber:
a) Prazo
- A rescisória tem um prazo para ser ajuizada, que é decadencial de 2 anos.
b) Controle da coisa julgada
- Serve para controlar a CJ por questões formais, por problemas de validade e também por questões de justiça (cabe AR para rever decisões injustas).
- A rescisória no Brasil é muito ampla, é um grande “guarda chuvas”, englobando a possibilidade de rescisória para rever decisões defeituosas ou injustas.
- É o principal instrumento de controle da coisa julgada no Brasil.
c) Julgada sempre por tribunal
- Sempre é um tribunal que vai julgar.
- Ação de competência sempre de um tribunal.
1.2. Conceito
- A ação rescisória é a ação autônoma pela qual se pede a rescisão de uma decisão judicial transitada em julgado e, eventualmente, um novo julgamento da causa.
- A rescisória é uma ação pela qual se pode formular 2 pedidos: rescisão e rejulgamento. Em toda AR pede-se a rescisão, mas o pedido de rejulgamento não existirá sempre em qualquer rescisória, podendo ser formulado apenas em alguns casos.
- A rescisória é essencialmente uma ação para rescindir, o rejulgamento só estará presente em algumas AR’s.
- Há uma forma de se referirao pedido da AR:
¬ o pedido de rescisão é o iudiciumrescindens, é da essência da rescisória.
¬ o pedido de rejulgamento é o iudicumrescissorium, que é o juízo rescisório, o juízo de rejulgamento.
2. PRESSUPOSTOS
2.1. 1º pressuposto: Existência de uma decisão transitada em julgado
- Art. 966 do NCPC: o NCPC usa o termo “decisão”, o CC/73 falava em sentença.
- Essa mudança ocorre para deixar claro que qualquer decisão de mérito é rescindível, seja sentença, decisão interlocutória, decisão de relator ou acórdão. Essa é a decisão rescindível por excelência.
# OBS.: ALTERAÇÃO LEGISLATIVA – Lei 13.256/16:
- Redação dada pela Lei 13.256/16
Art. 966.  (…)
§ 5º  Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.
§ 6º  Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica.
- Inclusão de hipóteses de cabimento da Ação Rescisória, não previstas no art. 966. A nova hipótese possibilita o ataque a uma decisão que violar norma jurídica, quando em julgamento de recursos repetitivos, a decisão que se baseou em sumula ou enunciado não considerou a distinção entre a questão especifica discutida no processo e o padrão decisório de fundamento.
Já o § 6º estabelece ao autor da Rescisória o dever de demonstrar que a situação implica em outra solução jurídica.
2.1.1. Problemas relativos à decisão rescindível
a) DECISÃO DE ADI, ADC E ADPF
- Decisão em ADI, ADC e ADPF não pode ser objeto de rescisória. A lei veda expressamente.
b) JUIZADOS ESPECIAIS
- A Lei 9.099/95 veda expressamente o cabimento de rescisória contra decisão proferida no âmbito os juizados.
- Há uma polêmica no tocante a esse dispositivo da Lei 9.099/95 ser ou não aplicável aos juizados federais, prevalecendo o entendimento de que se aplica. Então, decisões de JEF também na admitem AR.
c) SENTENÇA ARBITRAL
- Não pode ser objeto de ação rescisória.
- A sentença arbitral deve ser impugnada pela ação anulatória, prevista na Lei de Arbitragem, que é para ser ajuizada em 90 dias.
d) RESCISÓRIA PARCIAL
- Cabe rescisória parcial, isto é, cabe AR contra alguns dos capítulos da decisão, só contra uma parte dela. Isso sempre foi possível, mas passou a ter previsão expressa (art. 966, §3º).
e) DECISÕES QUE EXTINGUEM O PROCESSO SEM EXAME DO MÉRITO
- O NCPC resolve antiga polêmica quanto ao cabimento a AR contra decisões que extinguem o processo sem exame do mérito.
- Agora são expressamente passíveis de AR, encerrando problema antiguíssimo e até há pouco tempo não admitido pelo STJ.
- O art. 966, §2º, do NCPC prevê que “será rescindível a decisão transitada em julgada que, embora não seja de mérito, impeça: I – nova propositura da demanda; [...]”. As decisões que impedem nova propositura estão previstas no art. 486, §1º, do NCPC, que fala expressamente da litispendência, mas não engloba o inciso V do art. 485 do NCPC. Ocorre que o inciso V trata, além da litispendência, da perempção e da coisa julgada. Isso acontece porque a litispendência pode ser corrigida, mas a perempção e a coisa julgada não são passíveis de correção. Só que o inciso V inteiro permite AR. Então, em suma, cabe AR das sentenças terminativas fundadas nos incisos I, IV, V, VI e VII do art. 485.
f) SÚMULA 514 DO STF
Súm. 514 do STF: Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.
- Essa súmula quer dizer que é preciso o transito em julgado para que caiba AR. Não há necessidade de se ter esgotado todos os recursos para só então propor a rescisória, é possível inclusive que nem se tenha recorrido. Assim, o requisito para a propositura de AR é o trânsito em julgado, e não o esgotamento das instâncias recursais.
g) CABIMENTO DE AR EM DECISÕES PROFERIDAS NOS INCIDENTES PROCESSUAIS
- Cabe AR de decisões proferidas em incidentes processuais? Depende. O STJ tem um precedente não admitindo AR em processo de conflito de competência. O mesmo STJ já admitiu, porém, AR de decisão sobre a impenhorabilidade de bem. Ambos os casos envolvem decisão de incidentes processuais, mas o STJ posicionou-se em sentido diverso.
h) CASOS EM QUE SE ADMITE QUERELA NULLITATTIS
- Decisão judicial que pode ser desfeita por querela nullitatis também pode ser objeto de rescisória? Em que pese a divergência doutrinária, o STJ já pacificou no sentido de que não pode. Então, se a sentença é alvo de querela nullitatis, não pode ser alvo de AR.
i) RESCISÓRIA EM DECISÕES DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
- O Código não regula o assunto.
- Para Didier, o silêncio do NCPC e, paralelamente a isso, a admissão de rescisória de decisões terminativas ou não, levam-no a entender que é possível rescisória de decisões de jurisdição voluntária. Então, não há que se discutir se a decisão de jurisdição voluntária faz ou não coisa julgado, pois isso é irrelevante para o NCPC.
- É uma das questões novas trazidas pelo NCPC.
j) RESCISÓRIA CONTRA SENTENÇA CITRA PETITA
- A sentença ou é citra petita porque não examinou um pedido ou porque não examinou um fundamento.
¬ Se não examinou um fundamento, a sentença é nula e pode ser objeto de AR.
¬ Se a sentença não examinou um pedido não há como ser objeto de AR, vez que não houve decisão sobre o pedido, não podendo haver rescisão de algo que sequer foi decidido. A não decisão não pode ser objeto de AR. Nesse caso, deve repropor a demanda no que se refere ao pedido não decidido.
- Assim, só pode haver rescisória da sentença citra petita que tenha deixado de examinar um fundamento. 
k) DECISÃO QUE RESOLVE QUESTÃO PREJUDICIAL INCIDENTAL
- No ponto sobre coisa julgada foi dito que o NCPC estende a coisa julgada à solução das questões prejudiciais incidentais, o que é uma novidade, pois elas não faziam coisa julgada, mas apenas as questões principais.
- A solução da questão prejudicial incidental passa a poder ser objeto de AR, vez que tem aptidão para fazer coisa julgada. Assim, agora não só o dispositivo faz coisa julgada, mas também a parte da fundamentação do julgado que decidir as questões prejudiciais incidentais. Portanto, a parte da fundamentação que decidir questão prejudicial incidental poderá ser objeto de AR.
l) NÃO CABE RESCISÓRIA DA TUTELA ANTECIPADA ESTABILIZADA
- O NCPC cria um instituto novo que é a estabilização da tutela provisória. Se entrar com uma ação para obter uma liminar satisfativa, se o réu não impugnar essa liminar, o processo vai ser extinto, mas a liminar continua, ou seja, se estabiliza. Essa estabilidade da tutela provisória, que decorre do silêncio do réu, não é coisa julgada e expressamente não pode ser alvo de rescisória.
Ex.: pessoa X entra com uma ação para tirar seu nome do SERASA, o réu não fala nada, o juiz defere a tutela, o processo vai ser extinto, mas a tutela deferida se estabiliza. Há, então, a estabilização da tutela provisória.
m) RESCISÓRIA E AS DECISÕES HOMOLOGATÓRIAS
- Há um grande problema por conta do §4º do art. 966 do NCPC (segundo Didier, uma das piores coisas do NCPC).
- Está dentro do artigo da rescisória, mas o §4º fala em anulação, que implica na ação anulatória, uma ação comum e a ser proposta no 1º grau. O §4º quer distinguir ação anulatória da ação rescisória, mas não se refere a esta, mas apenas à anulatória.
- O §4º tem 2 alvos: os atos de disposição de direitos ou os atos homologatórios do juízo na execução.
¬ Tem por alvo ato de disposição de direitos praticados pelas partes, como a renúncia, desistência, reconhecimento da procedência do pedido, transação. Esses atos só vão ser objeto de anulatória se homologados pelo juízo.O alvo são os atos das partes homologados pelo juízo. Esse é um problema, porque decisão que homologa transação, p.ex. homologa um ato de disposição de direitos, de mérito. Essa decisão judicial, uma vez transitada em julgado tem que ser objeto de ação rescisória. A anulatória só vai caber se ainda não fez coisa julgada, porque se já houver decisão judicial transitada em julgada caberá, isto sim, rescisória (e não anulatória).
Ex.: 2 pessoas fizeram uma transação, o juiz homologou, mas um terceiro recorreu. Essa decisão é possível de anulatória.
¬ Também tem por alvo os atos homologatórios em execução. Se esse ato homologatório do juiz fizer coisa julgada cabe rescisória. Só cabe anulatória do ato homologatório do juízo em execução se esse ato não fizer coisa julgada. Se fizer coisa julgada, cabe rescisória.
Ex.: decisão que homologou uma adjudicação e houve recurso.
*No caso em que particular e Fazenda Pública firmaram, sem a participação judicial, acordo que tenha sido meramente homologado por decisão judicial - a qual, por sua vez, apenas extinguiu a relação jurídica processual existente entre as partes, sem produzir efeitos sobre a relação de direito material existente entre elas -, o prazo decadencial para anular o ajuste por meio de ação ajuizada pelo particular é de 5 anos, contados da data da celebração da transação, e não da decisão homologatória. STJ. 2ª Turma. REsp 866.197-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/2/2016 (Info 581).
2.2. 2º pressuposto: prazo
a) A rescisória tem o prazo de 2 anos para ser ajuizada, prazo este de natureza decadencial.
b) Lei 6739/79
- A Lei 6.739/79, no art. 8ºC, prevê um prazo de 8 anos para o ajuizamento de ação rescisória que digam respeito à transferência de terras públicas rurais.
c) Art. 975, §1º
- Como o prazo é decadencial, em regra não haveria prorrogação, mas o NCPC previu expressamente exceções. Uma delas é quando o prazo final da rescisória cair em dias em que não haja expediente forense, nos seguintes moldes:
§1º - Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia que não houver expediente forense.
d) Art. 975, §2º
- No caso de rescisória com base em prova nova, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova, desde que observado o prazo máximo de 5 anos. Isto é, cria uma exceção à regra geral, que é contado do trânsito em julgado da última decisão.
e) Art. 975, §3º
- Se houve simulação ou colusão das partes, o prazo começa a contar do momento em que se teve ciência da simulação ou fraude.
- Dúvida: aplica-se a esse §3º o limite de 5 anos previsto no §2º?
f) Art. 525, §§ 12, 14 e 15
- No ponto de coisa julgada vimos que havia um instrumento de controle na execução para os casos de coisa julgada inconstitucional. Esse instrumento que vai ser visto no ponto de execução. Sempre houve discussão sobre como conciliar o instrumento da coisa julgada inconstitucional com a ação rescisória. O NCPC resolveu esse problema.
- O art. 525, §12, do NCPC prevê que se o STF decidir que certa norma ou interpretação é inconstitucional, seja em controle difuso ou concentrado, e essa mesma norma ou interpretação inconstitucional for usada como fundamento de decisão, esta será inexigível.
- O §14 do mesmo dispositivo diz que a decisão do STF tem que ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda. Ou seja, a decisão já tem que nascer com problema, pois quando foi proferida o STF já havia decidido pela inconstitucionalidade.
- O §15 do art. 525 do NCPC prevê que se a decisão de inconstitucionalidade do STF for proferida após a decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF. Vale dizer que o STF precisará declarar a retroatividade da norma dita inconstitucional, pois se não tiver esse efeito não há que se falar em aplicação para casos já julgados. Existe, então, uma forma diferente da contagem do prazo para ajuizar ação rescisória, que só contará da decisão do STF. Como nada disso existia, foi necessário criar uma regra de transição, que é o art. 1.057 do NCPC, no sentido de que isso só valerá para as decisões transitadas em julgado após a entrada em vigor do NCPC.
Obs.: só há regra de transição expressa para esse caso, sendo necessário, segundo Didier, fazer uma interpretação extensiva para a contagem de prazo no caso de prova nova e também para os casos de simulação e por fraude, pois a ratio é a mesma. Isso é o que Didier sustenta.
g) Decisão que não conheceu do recurso
- A decisão que não conheceu um recurso, de acordo com a corrente majoritária, não tem eficácia retroativa, em regra.
- Ocorre que no caso de intempestividade a decisão que não conhece retroage. Então o prazo para rescisória se conta lá de trás. É o que também ocorre com a decisão que não conheceu o recurso por manifesto descabimento.
- Assim, se a última decisão for uma decisão que não conheceu do recurso o prazo para rescisória conta do trânsito em julgado dessa última decisão, salvo de for decisão de intempestividade ou de manifesto descabimento, quando terá eficácia retroativa e o prazo já começou a correr.
h) Decisões parciais de mérito
- O NCPC deixa clara a possibilidade de decisões parciais de mérito, decisões interlocutórias sobre parcela do mérito, tanto que cabe rescisória de interlocutória. O NCPC deixa claro também que é possível recurso parcial. Assim, é possível falar em coisa julgada de decisão interlocutória e também é possível falar de coisa julgada decorrente de um recurso parcial. Nessas 2 situações, teremos coisa julgada de um processo em andamento, ou seja, o processo ainda não terminou e parte do mérito já foi definitivamente resolvida, sendo possível, então, que o mesmo processo tenha várias coisas julgadas. A esse fenômeno se deu o nome de coisa julgada progressiva.
- Daí surge uma questão: O prazo para ação rescisória conta a partir de quando, de cada decisão ou da última decisão?
¬ Na doutrina prevalecia a concepção de um prazo para cada coisa julgada.
¬ Aliado à doutrina estava o TST, que na súm. 100, inciso II, chegou a essa mesma conclusão.
¬ O STJ, por sua vez, o entendimento era de que o prazo da rescisória iniciava com o trânsito em julgado da última decisão, abarcando, então, todas as decisões anteriores, o que está consagrado na súm. 401.
¬ O art. 975 do NCPC, em sua redação, prevê que o prazo da rescisória vai começar a contar da última decisão transitada em julgado. 
¬ O STF, no RE 666.589, disse que pela segurança jurídica cada decisão tem o seu prazo para a ação rescisória. Então, se há coisa julgada parcial, cada decisão tem seu próprio prazo.
¬ O NCPC previu expressamente a consagração da prescrição intercorrente. Então, se houver uma coisa julgada parcial e não executa no prazo da prescrição, aquela decisão prescreve. Então, se houver uma coisa julgada parcial, já há título executivo e se não executar no prazo, há prescrição intercorrente. No caso, o credor será atingido pela prescrição intercorrente antes mesmo de o devedor poder rescindir aquela decisão, o que só ocorrerá após o trânsito em julgado da última decisão.
- Em que pese o entendimento do STJ ter sido consagrado no NCPC, ofende o princípio da segurança jurídica e a igualdade entre as partes (haveria prazos diferentes).
- Didier sugere que seja o dispositivo que fala em “última decisão” seja interpretado como “trânsito em julgado da decisão que substitui por último”, dando a última palavra sobre o tema, o que muitas vezes não ser a última decisão de um processo, mas a última sobre determinado assunto, por capítulo.
2.3. 3º pressuposto: legitimidade para entrar com rescisória
2.3.1. Legitimidade ativa
- Tem legitimidade para propor rescisória:
a) Quem foi parte no processo ou seu sucessor a título universal ou singular
- É o inciso I
b) O terceiro juridicamente interessado
- Inciso II: todo aquele que poderia terfeito parte do processo original, mas não fez.
c) O MP
- Inciso III: se não foi ouvido quando era obrigatória a sua intervenção; nos casos de simulação ou de colusão das partes; e em outros casos em que se imponha sua atuação.
Obs. 1: Trata-se de rol exemplificativo para o MP.
Obs. 2: Foi a súm. 407 do TST inspirou a letra c do inciso III do art. 967.
d) Aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção
- Inciso IV: a Lei exige a intervenção de alguns sujeitos de forma obrigatória, como ocorre com o CADI e a CVM nos processos de suas competências.
Obs.: Esse inciso IV não se aplica ao litisconsorte necessário não citado, que é caso de querela nullitatis.
2.3.2. Legitimidade passiva
- É preciso lembrar que a ação rescisória pode ser dirigida contra um capítulo da sentença, sendo possível rescindir apenas um capítulo ou alguns capítulos da sentença.
Então, o polo passivo da rescisória vai ser todo aquele que possa ser afetado com a decisão.
Ex.: só quer rescindir o capítulo dos honorários, então o polo passivo vai ser o advogado, pois ele que será atingido, não devendo constar no polo passivo todos que fizeram parte do processo. Deve estar no polo passivo somente que será atingido com o que se busca rescindir.
- Súm. 406 do TST
¬ Inciso I: o polo passivo deve ser composto por quem for afetado e o litisconsórcio ativo é facultativo.
¬ Inciso II: consagra uma legitimação extraordinária passiva do sindicato na ação rescisória. A legitimação extraordinário também pode ocorrer no polo passivo.
2.4. 4º pressuposto: hipótese de rescindibilidade
- A rescisória é uma ação de fundamentação típica, o que significa dizer que não se pode entrar com rescisória alegando o que quiser, pois o direito à rescisão só existe em algumas situações típicas, dependendo, então, de previsão em hipóteses típicas. Por isso não pode alegar qualquer coisa, mas apenas nas situações previstas no rol de hipóteses, rol este que é taxativo. Cada um dos incisos traz uma hipótese de rescindibilidade, bastando uma hipótese para propor uma ação rescisória, embora seja possível cumular essas hipóteses.
- A hipótese de rescindibilidade é a causa de pedir remota, que é o fato jurídico. Como causa de pedir que é, limita o juiz, o qual tem que decidir dentro dos limites da causa de pedir que foi apresentada. A causa de pedir próxima é o direito à rescisão.
3. HIPÓTESES DE RESCISÓRIA (DE RESCINDIBILIDADE)
- Art. 966 do NCPC
a) Inciso V
- Começaremos a analisar as hipóteses pelo inciso V.
O NCPC, no art. 966, V, passou a prever: “violar manifestamente norma jurídica”.
- A mudança é clara, pois lei não abrange todas as normas jurídicas e nem sempre a violação é literal, às vezes a violação ocorre na interpretação.
- Assim, passa a ser possível ação rescisória de um princípio, regra, resolução de órgão administrativo, súmula vinculante, norma decorrente de um precedente obrigatório...
- Súm. 408 do TST: fundando-se a rescisória no inciso V, é indispensável a indicação da norma que se alega estar violada, vez que se trata da causa de pedir da ação rescisória, sob pena de inépcia.
- O TST, na súm. 298, exige que tenha havido o pré-questionamento da norma jurídica que se aponta como violada para o ajuizamento de rescisória. Isto é, a decisão rescindenda tem que ter enfrentado a norma que se alega violada. Esse entendimento, porém, não é seguido pelo STJ nem pela doutrina, que não exigem o pré-questionamento.
- Súm. 410 do TST: A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de fatos e provas do processo que originou a decisão rescindenda.
- Súm. 343 do STF: não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.
A súmula quer dizer que se há divergência nos tribunais, não há que se falar em “literal disposição de lei”. Continua em vigor.
- Cabe rescisória para fazer prevalecer o entendimento do STF se houver divergência nos tribunais à época da decisão? Sim, cabe.
¬ Se essa orientação do STF for firmada após a coisa julgada, vai caber rescisória com base nesse entendimento, cujo prazo vai começar a contar a partir desse entendimento. O NCPC deixa isso claro no art. 525.
¬ Se o pensamento do STF for anterior à decisão, vai alegar a inexigibilidade da decisão, conforme já visto. O NCPC prevê isso no §15 do art. 525, consagrando a possibilidade de rescisória para fazer valer entendimento do STF.
Obs. 1: A decisão do STF precisa ter efeito retroativo.
Obs. 2: Cabe rescisória para fazer valer o pensamento do STJ sobre matéria de lei federal, mesmo que ao tempo da decisão houvesse divergência nos tribunais? Cabe, já tendo o STJ já aceitou isso: ação rescisória 3682 e REsp 1.324.072.
Obs.: vale lembrar que todas essas súmulas foram feita à luz do CPC/73.
*Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e, posteriormente, esse entendimento foi alterado (ou puder ser alterado), não se pode dizer que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei. Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF. Mas, atenção, segundo os fundamentos do julgado: A ÚNICA EXCEÇÃO SE REFERE À DECISÃO DO STF EM CONTROLE DE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE COM EFICÁCIA ERGA OMNES.STF. Plenário. AR 2199/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/4/2015 (Info 782).
b) Inciso I
- Se a sentença foi produto de um crime praticado pelo juiz, caberá rescisória.
- Não precisa de sentença penal condenatória, sendo possível que na própria rescisória apure o ilícito penal.
- Se já tiver havido uma sentença absolutória no âmbito penal, no sentido de que o juiz não praticou o crime (negativa de autoria) ou que não houve crime (ausência de materialidade), não caberá rescisória.
c) Inciso II
- A rescisória aqui só cabe nos casos de impedimento, não cabe nos casos de suspeição, e nos casos de incompetência absoluta, não nos de competência relativa.
- A rescisória será sempre proposta perante um tribunal, tribunal este que proferiu a decisão rescindenda ou ao qual se vincula o juiz que proferiu a decisão rescindenda.
Ex. 1: se um juiz estadual julgar uma causa de competência federal, pode o réu, p.ex., entrar com rescisória perante o TJ, que poderá rescindir a decisão, mas não pode rejulgar, porque não tem competência, tendo que remeter para o TRF.
Ex. 2: juiz estadual da vara de família julga causa que era de competência do juízo cível. Pessoa entra com rescisória no TJ, podendo este rescindir e rejulgar, pois ambos os juízes estão vinculados ao mesmo TJ.
d) Inciso III
III – Quando a decisão resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei.
- Então, caberá rescisória de decisões proferidas com dolo, coação, simulação ou fraude praticada entre as partes. 
- Importante destacar que há um precedente do STJ, à luz do CPC/73 (que considera o dolo, mas não a coação), segundo o qual a expressão ‘dolo’ deve abarcar os casos em que há comportamento contrário à boa-fé objetiva. Isto é, a decisão que tenha sido produto de violação à boa-fé objetiva é rescindível. Assim, não só o comportamento doloso admite rescisória, mas também o comportamento contraditório da parte ou abuso de direito, p.ex.
Atenção! Ver editorial 103 do site de Didier.
- Súm. 403 do TST: O inciso I dessa súmula diz que não caracteriza dolo processual a parte ter silenciado a respeito de fatos contrários a ela, não podendo isto ser considerado dolo apto a gerar rescisão. O inciso II da súmula firma posicionamento no sentido de que se a decisão é homologatória não é cabível rescisória calcada no inciso III, que trata de parte vencedora e vencida; sendo necessário que o juiz julgue a causa para que tenha parte vencedorae vencida.
- O NCPC cuida de outra situação n a 2ª parte do artigo: de um processo simulado ou de um processo fraudulento.
- Na simulação as partes estão fingindo, elas não querem o resultado do processo. É uma mera aparência do objetivo. Na simulação o sujeito quer o resultado advenha para prejudicar terceiro.
- No caso da fraude, o sujeito quer o resultado, mas utiliza de meios errôneos, obscuros para consegui-lo.
- O CC distingue fraude à lei da simulação, no art. 160, VI.
e) Inciso IV
IV – ofender a coisa julgada
- O objetivo é proteger a coisa julgada. Isso porque, embora a rescisória seja uma ação para desfazer a coisa julgada, a rescisória aqui desfaz a coisa julgada para proteger a coisa julgada, pois uma coisa julgada ofendeu outra coisa julgada.
A decisão 2, transitada em julgado, ofendeu a coisa julgada 2, sendo esta rescindível, para fazer prevalecer a coisa julgada 1.
 E se não entrar com a rescisória da coisa julgada 2? Prevalecerá a segunda decisão, pois se perder o prazo da rescisória é como se fosse uma lei revogasse a anterior.
 Como se dá essa violação à coisa julgada? A coisa julgada tem um efeito positivo e um efeito negativo.
¬ No efeito negativo, a coisa julgada impede nova decisão sobre o tema.
¬ No efeito positivo, a coisa julgada deve ser observada como fundamento em outra causa.
Ex.: se tem coisa julgada sobre investigação de paternidade dizendo que o sujeito é pai da criança, numa ação de alimentos desta contra aquele o juiz não poderá dizer que o requerente não é filho e não pode fazer nova investigação.
 Rescisória por ofensa a coisa julgada permite pedido de rejulgamento? Depende.
¬ Se a violação for ao efeito negativo da coisa julgada não se permite rejulgamento da causa, ou seja, a ação rescisória vai rescindir a decisão, mas a causa não pode ser rejulgada (seria reincidir no erro).
¬ Se a violação for ao efeito positivo da coisa julgada permite rejulgamento, rescinde e rejulga.
f) Inciso VI
- Cabe rescisória se a decisão for fundada em prova falsa apurada em processo criminal ou apurada no juízo rescisório.
- É preciso que essa prova seja a única prova que sustente a decisão. Se a decisão se lastrear em outras provas não vai caber rescisória.
- Pode ser qualquer prova, seja falso testemunho, falsa perícia, documento falso... qualquer prova falsa que sustente uma decisão pode dar ensejo à rescisória.
- A falsidade aqui pode ser material ou ideológica.
- Não há necessidade de um processo penal anterior, vez que pode apurar a falsidade da prova no bojo da própria ação rescisória.
g) Inciso VII
- Cabe rescisória da decisão que se basear em prova nova, obtida depois do trânsito em julgado.
- No CPC/73 falava-se em documento novo; o NCPC fala em prova nova.
- tem que ser uma prova nova que, sozinha, possa alterar a decisão.
- Importante destacar que essa prova nova não é uma prova que foi produzida agora, mas sim um prova que já existia ao tempo da decisão da qual não se pode fazer uso à época, porque só agora apareceu ou dela tomou conhecimento.
- Essa hipótese de rescisória tem contagem de prazo diferente, começando a contar da descoberta da prova, até o máximo de 5 anos após a decisão, nos moldes do art. 975, §2º, NCPC.
h) Inciso VIII
- É a rescisória fundada em erro de fato, sendo a hipótese mais ampla.
- É fundamental para que haja erro de fato não tenha havido controvérsia, razoa pela qual o juiz “foi na onda” e decidiu com base nele. Cabe rescisória se houver erro de fato. Isso é muito comum nos casos de revelia.
- É dizer que um erro que ocorreu não ocorreu, ou vice versa.
- Se o fato foi controvertido e o juiz teve que tomar uma posição, não caberá ação rescisória.
¬ Os casos anteriormente previstos podem ser encaixados nos incisos III, V e VI, que englobam as hipóteses do antigo inciso VIII do art. 485 do CPC/73.
¬ Ademais, ainda há a discussão acerca da rescindibilidade das sentenças homologatórias. As sentenças homologatórias que tenham transitado em julgado são rescindíveis. Se não transitou em julgado não podem ser rescindidas; aí vai ter que questionar o ato homologado e não o homologatório. Se transitar em julgado só pode rescindir o ato que homologou.
*A mera alegação de que houve um erro de julgamento não é apta a justificar a aplicação da teoria da relativização da coisa julgada com vistas a desconstituir decisão que fixou equivocadamente os honorários advocatícios com base no § 3º do art. 20 do CPC, quando deveria ter utilizado o § 4º do referido dispositivo, ainda que o valor dos honorários seja excessivo e possa prejudicar os demais credores. STJ. 4ª Turma. REsp 1.163.649-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 16/9/2014 (Info 556). 
*Caso haja duas sentenças transitadas em julgado envolvendo as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido, qual delas deverá prevalecer? A primeira. A segunda sentença é inexistente, porque foi proferida numa demanda em que o autor era carente de ação (por falta de interesse jurídico). Além disso, a segunda sentença foi proferida em afronta a um pressuposto processual negativo (ou extrínseco), que é a coisa julgada. Qual é o instrumento cabível para alegar o vício que macula essa segunda sentença? A partir do momento em que se entende que a segunda sentença é inexistente, não há necessidade de ação rescisória, podendo-se obter a declaração de inexistência perante o próprio juízo de origem, por meio de ação ou objeção, esteja ou não transcorrido o prazo decadencial da rescisória. Vale ressaltar, no entanto, que o lesado poderá perfeitamente alegar o vício por meio de rescisória. No caso concreto, o STJ admitiu que esse vício fosse arguido por meio de exceção de pré-executividade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.354.225-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/2/2015 (Info 557).
4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROCESSO DA AÇÃO RESCISÓRIA
a) Decisão do relator
- Proposta a AR pode o relator indeferir, por decisão monocrática, a petição inicial. Antes de indeferir o relator tem que mandar emendar, é um direito.
- Também se aplica a rescisória a possibilidade de improcedência liminar do pedido. Todos os casos de improcedência liminar do pedido aplicam-se à rescisória, por expressa previsão legal (art. 368, §4º, NCPC).
b) Depósito obrigatório
- Depósito obrigatório feito pelo autor da rescisória no percentual de 5% sobre o valor da causa. - Esse montante será revertido ao réu caso a rescisória não seja examinada ou acolhida por unanimidade.
- Esse depósito não pode ser superior a mil salários mínimos, ou seja, varia de 5 % sobre o valor da causa a mil salários mínimos.
- Na Justiça do Trabalho esse depósito é no percentual de 20%.
- Algumas pessoas estão dispensadas desse depósito, a saber:
¬ os entes públicos
¬ o beneficiário da justiça gratuita
¬ a CEF não precisa fazer esse depósito nas rescisórias que envolvam FGTS.
*É necessário que o autor da ação rescisória atribua um valor à causa? SIM. A ação rescisória é uma ação e, portanto, o autor, na petição inicial, deverá indicar o valor da causa. Qual é o critério para se atribuir o valor da causa na ação rescisória? Em regra, o valor da causa na ação rescisória deverá ser o mesmo que foi atribuído para a ação principal (originária), devidamente atualizado monetariamente (valor da causa da ação originária + correção monetária). Exceção: é possível que, mesmo o autor tendo indicado o mesmo valor da ação principal, a parte ré impugne o valor da causa demonstrando que o benefício econômico pretendido na rescisória está em descompasso com essa fixação (ex: provando que houve uma excepcional valorização do bem pretendido na ação rescisória). O impugnante deverá demonstrar, com precisão, o valor correto que entende devido para a ação rescisória, instruindo a inicial da impugnação com os documentos necessários à comprovação do alegado. 
STJ. 2ª Seção. PET 9.892-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/2/2015 (Info 556).
c) Prazo de defesa
- O prazo de defesa da rescisória nãoé definido pela lei, cabendo ao relator definir o prazo de defesa, que será de 15 a 30 dias.
- Se o ente público for réu, esse prazo tem que ser dobrado, então será de 30 a 60 dias.
d) Revelia
- É possível haver revelia em rescisória. O problema é que a revelia não gera presunção de veracidade dos fatos afirmados, pois seria uma presunção contra a coisa julgada.
e) Reconvenção em rescisória
- É cabível reconvenção em rescisória, desde que a reconvenção seja também uma ação rescisória e seja referente ao mesmo julgado (de outro capítulo do julgado, p.ex.).
f) Intervenção do MP na rescisória
- O NCPC resolve o problema. O CPC/73 tinha uma lacuna. O MP só intervirá na ação rescisória nos casos gerais de intervenção do MP.
- Antes havia quem dissesse que o MP interviria em qualquer rescisória, agora isso acabou, vez que o MP só intervirá nas ações previstas no art. 178, que são as ações gerais de intervenção do MP.
g) Concessão de tutela provisória
- A rescisória não impede a execução da decisão rescindenda. É possível que na rescisória o autor pela a suspensão da execução da decisão rescindenda, que pode ser requerida no bojo da rescisória como tutela provisória – art. 969.
h) Não há mais revisor
- Como pelo NCPC não há mais revisor, também não há mais revisor no caso da rescisória.
i) Julgamento da rescisória x Princípio da proteção da confiança
- A rescisória vai desfazer outro julgado e, a princípio, tem eficácia retroativa.
 A partir do princípio da proteção da confiança, é possível defender a modulação de efeitos da decisão da rescisória? É um tema dificílimo. Há um precedente do STJ que houve rescisão do julgado, mas como havia pagamento de parcelas alimentares essas não precisaram ser devolvidas, havendo rescisão dali para frente. Só que em outro julgado o STJ já admitiu eficácia retroativa da decisão.
j) Recursos cabíveis
- Na rescisória, contra decisão de relator cabe agravo interno, embargos de declaração, REsp e RE.
- Na rescisória utiliza-se a técnica de aumento de colegiado, se houver julgamento por maioria no sentido de rescindir a sentença será preciso ampliar o colegiado. Não cabe embargos infringentes, Obs.: acabaram-se os embargos infringentes, mas cabe a técnica de aumento do colegiado, nos casos de julgamento por maioria para rescindir.
k) Cabe rescisória de rescisória
- Se o acórdão que julgou a rescisória possuir um dos problemas previstos no art. 966 do NCPC caberá rescisória. O problema tem que ter ocorrido no acórdão que julgou a rescisória, não sendo possível resgatar coisas lá de trás. Isso está muito bem posto na súm. 400 do TST.
*l) Honorários advocatícios: Com a rescisão do julgado, cabe a devolução de honorários advocatícios fixados na ação originária?O STJ, em 2016, entendeu que sim. Veja o julgado abaixo:
*Advogado recebeu honorários de sucumbência decorrentes de sua atuação em um processo que transitou em julgado. Posteriormente, esta sentença é rescindida em ação rescisória. O advogado poderá ser obrigado a devolver os valores que recebeu a título de honorários. Em um caso concreto, o STJ entendeu que, se a decisão judicial que ensejou a fixação de honorários de sucumbência for parcialmente rescindida, é possível que o autor da rescisória, em posterior ação de cobrança, pleiteie a restituição da parte indevida da verba advocatícia, ainda que o causídico, de boa-fé, já a tenha levantado. Os honorários são verbas alimentares. O princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não proíbe, neste caso, a devolução? NÃO. O princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não é absoluto e, no caso, deve ser flexibilizado para viabilizar a restituição dos honorários de sucumbência já levantados, tendo em vista que, com o provimento parcial da ação rescisória, não mais subsiste a decisão que lhes deu causa. Devem ser aplicados os princípios da vedação ao enriquecimento sem causa, da razoabilidade e da máxima efetividade das decisões judiciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.549.836-RS, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/5/2016 (Info 589).
FUNDAMENTAÇÃO DO JULGADO PUBLICADO NO INFO 598, STJ: Os honorários possuem natureza alimentar. Mesmo assim, é possível que o advogado que recebeu a quantia seja obrigado a devolvê-la se ficar demonstrado, posteriormente, que o recebimento foi indevido. O STJ entendeu que não é possível que a ação rescisória julgada procedente com o propósito de discutir eventual exorbitância dessa verba seja ignorada e fique sem reflexos práticos. Isso geraria a absoluta ineficácia do provimento judicial. Assim, não é razoável admitir que os honorários de sucumbência, cujo montante final foi posteriormente reduzido em razão da procedência de uma ação rescisória, não possam ser cobrados pelo autor da rescisória. Não há preceitos absolutos no ordenamento jurídico. Desse modo, por mais que exista o princípio da irrepetibilidade dos alimentos, este postulado merece temperamentos, sobretudo quando a verba de natureza alimentar for flagrantemente indevida em razão da superveniência da rescisão do julgado que fixou os honorários de sucumbência. Independentemente da boa-fé do causídico, que acreditava, no momento em que levantou o numerário, que aquele valor lhe era devido, o certo é que, com a alteração proveniente da procedência da ação rescisória, aquele montante não encontrava respaldo em nenhuma decisão judicial. Em outras palavras, o advogado recebeu mais do que lhe era devido e a natureza alimentar atribuída aos honorários não pode obstar a pretensão da parte prejudicada de buscar a devolução do excedente (a repetição do indébito). Trata-se de aplicação dos princípios da razoabilidade e da vedação ao enriquecimento sem causa, isso sem falar na necessidade de se dar máxima efetividade às decisões judiciais.

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