Buscar

UNIDADE 2

Prévia do material em texto

OS CLÁSSICOS 
E A SOCIEDADE 
MODERNA
Núcleo de Educação a Distância – www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - Rio de Janeiro (RJ)
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitor de Administração Acadêmica
Carlos de Oliveira Varella
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Emilio Antonio Francischetti
Pró-Reitora Comunitária e de Extensão
Sônia Regina Mendes
Copyright © 2016, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por 
qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, 
por escrito, da Unigranrio.
SANTOS, Vania Martins dos.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna. / Vania Martins dos Santos. – 
Rio de Janeiro: Unigranrio, 2016.
26p.; 20 x 27 cm.
1. Os Clássicos da Sociologia e a Moderna Sociedade Industrial. 2. 
Émile Durkheim e os Fatos Sociais. 3. Karl Marx e a Crítica ao Capitalis-
mo. 4. Max Weber e a Ação Social.
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
COORDENAÇÃO GERAL
Jeferson Pandolfo
Departamento de Produção
PRODUÇÃO E EDITORAÇÃO GRÁFICA
Márcia Valéria de Almeida
MATERIAL DIDÁTICO
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO
Vania Martins dos Santos
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL
Gabriela Moreno
REVISÃO
Carla Patrícia Araujo
Os Clássicos e a Sociedade Moderna
umário
Os Clássicos e a Sociedade Moderna
Objetivos ........................................................................................................................03
Síntese ...........................................................................................................................19
Trabalho Discente Efetivo - TDE ......................................................................................20
Leitura Complementar ...................................................................................................21
Recuperação/Reforço da Aprendizagem .........................................................................22
Referências Bibliográficas ...............................................................................................23
S
1. Os Clássicos da Sociologia e a Moderna Sociedade Industrial .....................................04
2. Émile Durkheim e os Fatos Sociais ..............................................................................05
2.1. Uma Análise Sociológica do Suicídio ......................................................................... 08
2.2. A Anomia na Sociedade Industrial ............................................................................ 09
3. Karl Marx e a Crítica ao Capitalismo ...........................................................................11
3.1. Socialismo e Revolução ............................................................................................. 12
3.2. Conflitos de Classe e Transformação Social .............................................................. 13
4. Max Weber e a Ação Social .........................................................................................15
4.1. O Surgimento do Capitalismo Segundo Weber ......................................................... 15
4.2. Weber e a Burocracia ............................................................................................... 17
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 3
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de:
 ● Compreender a ligação entre os problemas sociais resultantes da industrialização e o surgimento das abor-
dagens sociológicas clássicas.
 ● Entender a perspectiva de Émile Durkheim sobre as mudanças que afetaram os padrões de solidariedade 
social e ameaçaram a integração da sociedade.
 ● Avaliar a perspectiva de Karl Marx sobre as contradições do sistema capitalista e sua crítica à exploração dos 
trabalhadores nas fábricas.
 ● Observar a perspectiva de Max Weber sobre a ação social e a influência da ética religiosa protestante no 
surgimento do capitalismo.
 ● Analisar a aplicabilidade dos conceitos sociológicos ao contexto das organizações. 
bjetivosO
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 4
1. Os Clássicos da Sociologia e a Moderna Sociedade Industrial
Veremos agora como os primeiros sociólogos, considerados clássicos da disciplina analisaram a socie-
dade moderna, especialmente os problemas sociais que nela se destacaram.
Antes que você pense que os problemas ocorridos no século XIX não têm mais nenhuma relação com 
os dias atuais, preciso dizer que vamos tentar refletir justamente sobre como as análises desses sociólogos 
ainda podem fazer sentido para nós, especialmente para as questões que afetam as empresas.
Para começar, você deve saber que estes sociólogos trataram de diversos temas que ainda preocupam 
os administradores, como os conflitos entre os trabalhadores e os donos das empresas e a relação entre o 
comportamento humano e certas condições sociais.
A sociologia não surgiu com a intenção de resolver os problemas das fábricas (tarefa que ficou a cargo 
dos administradores), porém como as fábricas se tornaram verdadeiros núcleos da vida econômica e social, 
logicamente despertaram a atenção dos sociólogos. Em parte, a vida em sociedade se transformou a partir 
do surgimento destas empresas, fato que interessou muito aos sociólogos clássicos.
Outra coisa importante que devemos saber é que estes sociólogos tiveram visões muito diferentes 
sobre os problemas da sociedade industrial. Acompanhe uma breve comparação entre os sociólogos, para 
que você tenha uma aproximação inicial com suas ideias e veja bem o tipo de questão que interessou a cada 
um deles.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 5
Émile Durkheim (1858-1917)
Estudou a influência de certas condições sociais no suicídio e 
analisou a solidariedade orgânica resultante da divisão social do 
trabalho na indústria.
Fonte: Adaptado de Santos (2009).
Principais Sociólogos e seus Estudos
Max Weber (1864-1920)
Estudou a influência da crença religiosa protestante no surgimen-
to do capitalismo e a burocracia nas organizações.
Karl Marx (1818-1883)
Analisou os conflitos entre a classe operária e industrial, 
prevendo uma revolução dos trabalhadores que destruiria o 
capitalismo e criaria a sociedade socialista.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 6
Essas regras podem estar expressas na lei ou podem ser simplesmente um costume ou uma conven-
ção social. Boa parte destas regras já existiam quando começamos a fazer parte da sociedade. Nós vamos 
aprendendo sobre elas conforme interagimos em nossos grupos, por meio de um processo que estudare-
mos adiante, chamado socialização.
Esses fatos sociais, segundo Durkheim (1987), existem em todas as sociedades e possuem três carac-
terísticas:
 ● São gerais: muito comuns em uma sociedade.
 ● São exteriores: são criados pela sociedade e transmitidos aos indivíduos.
 ● São coercitivos: exercem coerção, isto é, têm força para se impor sobre os indivíduos em uma sociedade.
Veja só esta passagem de Durkheim, em seu livro As Regras do Método Sociológico (1895): “Se sou 
industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, 
terei a ruína como resultado inevitável”.
2. Émile Durkheim e os Fatos Sociais
Durkheim foi muito importante para que a sociologia definisse seu objeto de estudo. Por isso apontou 
um grupo de fenômenos com características bem diferentes daqueles fenômenos estudados por outras 
ciências, como a física e a psicologia. A estes fenômenos Durkheim chamou fatos sociais. 
Estamos falando de regras, valores ou padrões que existem na sociedade, que as pessoas tendem a 
seguir e, quando não seguem, acabam sofrendo algum tipo de retaliação.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 7
Nesta citação, Durkheim procura mostrar que as inovações tecnológicas de sua época tinham a força 
de um padrão social, pois eram empregadas por todos os industriais que desejavam vencer a competição 
no mercado. Aqueles que não seguissem o padrão, embora não fossem obrigados por nenhuma lei a fazer 
isso, sentiam as consequênciasde “ficar para trás” na competição econômica. Por isso o autor diz que os 
fatos sociais têm força para se impor sobre os indivíduos em uma sociedade.
Você conhece alguma regra, valor ou padrão na sociedade com estas características? Quais são os pa-
drões existentes em nossa sociedade com força para se impor sobre os indivíduos? 
Bem, sem dúvida, o conceito de Durkheim desperta nossa atenção mais uma vez para os elementos 
que estão na sociedade, bem além dos indivíduos, mas que influenciam muito nossa vida. 
Você já quebrou uma regra social? O que aconteceu? Qual foi a reação das pessoas? Se houve alguma 
reação, isso é sinal de que você confrontou um fato social – um padrão socialmente importante, que a so-
ciedade procura manter, usando diversos recursos para isso. 
Agora você deve avançar em sua reflexão e imaginar o que pode acontecer com uma organização 
quando ela confronta um fato social. 
O consumo como fato social
Ninguém nasce consumista. O consumismo é uma ideologia, um hábito mental forjado que 
se tornou uma das características culturais mais marcantes da sociedade atual. Não importa o gê-
nero, a faixa etária, a nacionalidade, a crença ou o poder aquisitivo. Hoje, todos que são impac-
tados pelas mídias de massa são estimulados a consumir de modo inconsequente. O símbolo da 
felicidade humana na sociedade atual é a possibilidade de poder consumir sem freios, ou seja, é a 
posse dos bens materiais. O que torna difícil fugir desse círculo vicioso é que o sistema realimenta 
continuamente a sede de consumir, para ter à sua disposição um mercado sempre disponível. Vi-
vemos na lógica do “consumo, logo existo”. Os produtos hoje viraram critério de inclusão/exclusão 
social e muitos consomem muito além de suas escolhas e necessidades, simplesmente para se sen-
tirem aprovados socialmente em seu grupo.
FONTE: Criança e consumo (2013).
SAIBA MAIS+
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 8
2.1. Uma Análise Sociológica do Suicídio
Durkheim também se tornou conhecido por seu estudo sociológico sobre o suicídio. Pode parecer di-
fícil de entender como um ato tão íntimo e pessoal possa ser alvo de um estudo sociológico, mas o fato é 
que Durkheim (1982) estudou estatísticas sobre este fenômeno em diferentes épocas e em diferentes socie-
dades e grupos sociais, procurando correlacionar variações nas taxas de suicídio com certas características 
das sociedades onde elas ocorriam.
Tudo com o objetivo de observar a relação entre comportamentos individuais e contextos sociais, a 
grande missão da sociologia. Assim o cientista observou que as taxas de suicídio tendem a ser mais baixas 
entre grupos sociais fortemente integrados. Daí imaginou que sociedades com fracos laços sociais não são 
capazes de oferecer referências coletivas importantes para os indivíduos. Desengajados da vida social e em 
estado de desamparo moral, eles se tornam mais frágeis diante dos dissabores da vida e mais expostos a 
estados de depressão e desânimo, que podem colaborar para atitudes drásticas como a do suicídio. 
Por isso, em situações de anomia, de instabilidade ou de crise social, as taxas de suicídio também se 
alteram, pois estes são momentos em que as regras ficam enfraquecidas. 
Em 1994, a Heineken criou uma campanha para a copa do mundo que apresentava bandeiras de 
países participantes da competição nas tampas de suas garrafas. Quando viram a bandeira da Ará-
bia Saudita (que contém uma citação religiosa) associada a uma cerveja, mulçumanos do mundo 
todo reagiram, obrigando a empresa a recolher todas as garrafas e a cancelar a campanha.
NA PRÁTICA
Anomia para Durkheim (1984) é um estado de desregramento social, quando as regras e os 
valores morais se enfraquecem e não são mais capazes de orientar as condutas humanas. 
SAIBA MAIS+
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 9
Durkheim também observou situações em que o indivíduo se liga de forma extrema ao grupo, isto 
pode se tornar uma condição favorável a certos tipos de comportamento suicida. É o que ocorre com pes-
soas que se sacrificam por ideais coletivos. Temos como exemplos pilotos kamikases que atiravam o avião 
contra alvos inimigos durante a Guerra Mundial, haraquiris (suicídio por honra) cometidos por samurais 
quando sentiam que falhavam gravemente em sua missão ou mesmo os terroristas suicidas que morrem 
para cumprir a missão determinada pelo grupo.
O sociólogo não negou que indivíduos, vivendo sob as mesmas condições sociais, têm atitudes dife-
rentes em relação ao suicídio. Porém procurou na própria vida social os fatores que poderiam interagir com 
as condições particulares dos indivíduos, entendendo, por exemplo, que estados de depressão e de desen-
canto podem ser sintomas de uma época de desagregação social. Durkheim assim forneceu um perfeito 
exemplo de imaginação sociológica, ao estabelecer as conexões entre as esferas coletiva e individual da 
vida humana.
Casos de suicídio com funcionários de empresa são temas de estudo da sociologia. Leia mais 
sobre o assunto no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
INTERATIVIDADE 
2.2. A Anomia na Sociedade Industrial
Durkheim (1984) se preocupava bastante com a questão da anomia na sociedade industrial. Ele acha-
va que havia muitos conflitos e problemas sociais que ameaçavam a ordem na sociedade, podendo levar 
a sua completa desagregação. O principal conflito, que lhe chamou mais atenção, eram os conflitos entre 
industriais e operários. Porém, ele não defendeu nenhuma revolução para resolver esta situação. 
Na verdade, ele achava que a sociedade poderia continuar capitalista e funcionando em ordem e har-
monia. O que faltava mesmo para que isso acontecesse eram regras mais claras para regular as relações 
entre essas classes. Durkheim estava no século dezenove e, naquela época, não havia uma legislação sólida 
que definisse os direitos e deveres de patrões e empregados. Nem mesmo as regras de mercado, para re-
gular a competição e evitar o simples domínio dos mais fortes, estavam desenvolvidas de modo suficiente.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 10
Por isso insistia na necessidade de fazer uma espécie de negociação entre representantes de várias 
classes, para que fossem criadas regras que dessem os limites de comportamento para todos nas intera-
ções de mercado. Ele chegou mesmo a propor que cada setor da indústria organizasse um grupo, o qual 
chamou de corporação (sem qualquer relação com o sentido que esta palavra tem hoje), composto por 
representantes de diversas classes para negociar seus interesses e criar uma regulamentação justa para 
aquele setor. Com isto Durkheim afirmava a possibilidade de harmonizar os interesses das diferentes clas-
ses sociais que compunham a sociedade industrial.
Como podemos ver, Durkheim estava preocupado com as mudanças na sociedade que pudessem co-
locar em risco e desagregar a sociedade. Em seu livro A divisão do Trabalho Social (1893), analisou como a 
moderna sociedade industrial possui um elevado nível de diferenciação social, resultante da especialização 
do trabalho e da diversificação de ocupações existente na indústria. 
A repartição dos diferentes trabalhos humanos gera uma mútua dependência entre os indivíduos, 
pois cada pessoa, na medida em que desempenha uma função específica, precisa de bens e serviços for-
necidos por outras pessoas em outras funções. A especialização impede que as pessoas sejam autossu-
ficientes, porque necessitam estabelecer relações umas com as outras para que possam satisfazer suas 
necessidades. 
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 11
Para Durkheim, esta diferenciação social é importante não apenas do ponto de vista econômico, pois 
aumentou a produtividade e ampliou a força produtiva dos trabalhadores, mas também como um fator 
que garante a coesão social entre os indivíduos e um tipo particular de solidariedade, a qual chamou de 
solidariedade orgânica. (SANTOS, 2009).
Leia o artigo de Sidney de Vares sobre a solidariedade orgânica na sociedade industrial. Dispo-
nível no Ambiente Virtualde Aprendizagem. 
INTERATIVIDADE 
Durkheim (1984) identificou dois tipos de solidariedade, a mecânica e a orgânica a partir da di-
visão do trabalho.
Solidariedade mecânica – predominava nas sociedades pré-capitalistas em que as ocupações 
são semelhantes e há pouca diferenciação social.
Solidariedade orgânica – típica das sociedades capitalistas com acelerada divisão do trabalho, 
em que cada indivíduo se ocupa de uma função na sociedade.
IMPORTANTE
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 12
No premiado curta-metragem “Ilha das flores”, o cineasta Jorge Furtado retrata os mecanismos 
do capitalismo que geram as desigualdades sociais. Assista no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
INTERATIVIDADE 
3.1. Socialismo e Revolução
Marx foi um dos criadores da ideologia socialismo, que abordamos em nosso estudo sobre a Revolu-
ção Industrial. Marx criticou duramente o capitalismo, por considerá-lo um sistema injusto, desigual e que 
explorava os trabalhadores. Em sua análise, não seria possível reformar o capitalismo para torná-lo mais 
justo ou igualitário. Sempre que houvesse capitalismo, na avaliação de Marx, também haveria a exploração 
do trabalho humano por parte de capitalistas em busca de lucro. 
3. Karl Marx e a Crítica ao 
Capitalismo
Karl Marx foi um dos mais importantes sociólogos. Suas 
ideias influenciaram (e influenciam até hoje) sistemas econômi-
cos em diversos países e também inúmeros movimentos sociais. 
Marx também é frequentemente citado no campo da administra-
ção. Então é importante entender o que significa “marxismo”, pois 
você ouvirá bastante esta expressão.
Definição de Marxismo
Teoria social, política e econômica criada por Karl Marx (1818 – 1883) e por seu colaborador Friedrich En-
gels (1820 – 1895). No centro da teoria marxista encontra-se o trabalho, visto como expressão da vida huma-
na, que é distorcida pelas condições de exploração do sistema capitalista. Sob este regime, o operário não 
sente prazer em trabalhar e submete-se ao capitalismo apenas para garantir sua sobreviência, sendo que o 
resultado deste trabalho acaba, em sua maior parte, nas mãos dos donos do capital. O marxismo também 
pode ser visto como uma doutrina ideológica, que foi seguida por movimentos operários e colocada em 
prática em países socialistas como China e Cuba (NETTO, 2006).
Karl Marx (1818-1883)
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 13
A partir desta visão de mundo, Marx defendeu a necessidade de uma revolução que colocasse abaixo 
o capitalismo e construísse outro sistema em seu lugar.
Mas o que significa “acabar” com o capitalismo? Marx afirmou que seria necessário mexer no elemento 
central da estrutura do sistema, justamente aquele que determina a divisão da sociedade entre a classe 
explorada e exploradora: a propriedade privada dos meios de produção. E o que são esses “meios de produ-
ção”? Os recursos necessários para que a produção capitalista ocorra: a terra, as máquinas, as fábricas, etc.
Para Marx, isso só seria possível se os trabalhadores se organizassem para a revolução, passando a 
comandar uma nova forma de sociedade – a socialista, onde não haveria propriedade privada dos meios 
de produção. A propriedade seria coletiva e o Estado controlado pelos trabalhadores seria o gestor da eco-
nomia. Sem a propriedade privada dos meios de produção, não haveria mais distinção entre classes sociais 
e, logo, segundo Marx, não haveria mais a exploração de uma classe sobre a outra.
O filme Germinal (1993) dirigido por Claude Berri retrata a exploração sofrida pelos trabalhado-
res em uma mina de carvão no século XIX, no interior da França, a luta por seus direitos e a organi-
zação de um movimento grevista. Assista a uma cena do filme disponível no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem. 
VÍDEO
3.3. Conflitos de Classe e Transformação Social
Podemos ver que Marx via os conflitos de classe como o verdadeiro “motor da história”. Por isso afir-
mou em seu livro Manifesto do Partido Comunista (1848), que “a história humana é a história do conflito de 
classes”. É por meio desses conflitos que as mais importantes transformações da sociedade ocorrem.
Para Marx, o mundo é sempre 
dividido em duas classes, a 
dominante e a dominada. A 
exploradora e a explorada.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 14
Para Marx, não era possível compreender a sociedade sem analisar o funcionamento de seu 
sistema econômico. Este método de análise chama-se materialismo histórico e afirma que a or-
ganização de uma sociedade está condicionada pelo nível de desenvolvimento de suas condições 
materiais de produção. Para entender a sociedade, não se deve partir do que os homens dizem ou 
pensam, mas da forma como produzem os bens materiais necessários a sua existência. É nesta 
infraestrutura econômica que se devem buscar as causas para a explicação dos fenômenos sociais. 
(HARNECKER, 1973).
IMPORTANTE
Você lembra das propostas de Émile Durkheim para resolver os conflitos na sociedade capitalista? O 
ponto de vista dos dois autores é bem diferente, como você pode perceber. Para Marx, o conflito é resul-
tado de uma estrutura de classes desigual e é o elemento que mobiliza as transformações históricas. Para 
Durkheim, o conflito era um problema que devia ser evitado, pois ameaçava a ordem na sociedade.
As ideias marxistas foram seguidas por muitos movimentos operários e colocadas em prática em pa-
íses como União Soviética (URSS), China, Cuba e em diversos países da Europa (como Polônia, Hungria e 
Romênia). A experiência socialista nesses países, porém, revelou muitos problemas. Muitos países comu-
nistas viveram sob regimes totalitários, como foi o caso da URSS sob o domínio de Josef Stalin. Após o 
evento conhecido como “A queda do muro de Berlim”, quase todos os países que eram socialistas, deixaram 
de sê-lo e hoje vivem no sistema capitalista. 
O muro de Berlim foi o maior símbolo da divisão do mundo entre o bloco capitalista, liderado 
pelos Estados Unidos, e o bloco comunista, liderado pela antiga União Soviética. O muro foi cons-
truído no ano de 1961, separando a Alemanha Ocidental (capitalista) da Alemanha Oriental (comu-
nista). Nos final da década de 80, a URSS entrou em colapso e diversas manifestações começam 
a surgir nas duas partes da Alemanha, reivindicando a destruição do muro de Berlim. Sua queda 
simbolizou a decadência do socialismo no mundo.
SAIBA MAIS+
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 15
4. Max Weber e a Ação Social
Max Weber apresentou um conceito que se tornou central para a sociologia: o conceito de ação social. 
Não se trata daquela ideia que temos no senso comum, de uma ação humanitária ou que ajuda pessoas 
carentes. Weber estava falando das ações que levam em conta outras ações humanas.
Weber afirmou em seu livro Economia e sociedade (1922), que o sentido que uma pessoa dá a sua pró-
pria ação está ligado às ações de outros indivíduos, pois em sua definição, uma ação social é uma ação que 
leva outras em consideração. Nas palavras do próprio Weber (1991): “Ação social significa uma ação que, 
quanto a seu sentido visado pelo agente ou agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se 
por este em seu curso”.
Quando optamos pela compra de um determinado produto, por exemplo, há todo um conjunto 
de referências sociais que levamos em conta para realizarmos esta ação, ainda que pareça um ges-
to determinado apenas por preferências pessoais. 
Se vamos comprar uma roupa para fazer uma entrevista de emprego, nos preocupamos logo 
com o que a pessoa do RH da empresa vai pensar, não é mesmo? Por isso, nossa ação não depende 
apenas de nossa preferência exclusivamente pessoal. É isso que Weber queria dizer, nos lembran-
do daquela ideia sociológica fundamental: cada indivíduo está de alguma maneira, ligado a certos 
contextos sociais, isto é, grupos, valores, normas, etc.
NA PRÁTICA
4.1. O Surgimento do Capitalismo Segundo Weber
Pensando nesta ideia de que toda ação social tem um sentido influenciado por outras ações, Weber 
fez um dos estudos maisoriginais para explicar o surgimento do sistema capitalista.
Weber percebeu que, nos primórdios do capitalismo, ocorreu uma influência de ideias vindas do cam-
po religioso. Pode parecer estranha esta ligação, mas Weber observou que a religião protestante, conforme 
propagada desde o século dezesseis por líderes religiosos como João Calvino, defendiam que uma vida de-
dicada ao trabalho era um pequeno sinal de salvação. O mesmo dizia Calvino a respeito daqueles que cons-
truíam a riqueza por meio do trabalho, da poupança e do investimento empresarial – estariam atendendo 
a um chamado ou vocação de Deus (WEBER, 1989).
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 16
Weber notou a afinidade dessas ideias religiosas com as características do capitalismo. Essa é a tese 
central de seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905). O sistema capitalista, que depende 
tanto do trabalho árduo quanto das ações empreendedoras que buscam o lucro, encontraria nas ideias re-
ligiosas protestantes – que valorizam estes dois comportamentos como virtudes – um grande impulso. As-
sim, as duas principais classes do capitalismo, a classe trabalhadora e a burguesa, encontrariam nas ideias 
de Calvino um incentivo para suas ações.
Deste modo, Weber procurou apontar que as ações 
dos indivíduos que atuavam no capitalismo tinham um 
sentido motivado por orientações religiosas. Os indivíduos 
que ajudaram a construir o capitalismo acreditavam estar 
seguindo uma vocação religiosa. Como você deve ter per-
cebido, eram ações sociais, no sentido que deu ao conceito. 
É claro que, ao longo do tempo, esta ligação entre reli-
gião e capitalismo não permaneceu. Quando a ética religio-
sa perdeu força como elemento inspirador das ações capi-
talistas, as regras do sistema passaram a ser simplesmente 
impostas às pessoas, que viraram engrenagens na máquina 
de produção capitalista. Este fenômeno foi chamado por ele 
de “desencantamento do mundo”. Nas palavras de Weber 
(1989): “os protestantes queriam trabalhar para responder 
a uma vocação; nós somos forçados a trabalhar para viver”. 
Assim o capitalismo deixou de necessitar de justificativas 
morais para sua existência.
João Calvino. Teólogo cristão de grande 
influência na Reforma Protestante.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 17
4.2. Weber e a Burocracia
Max Weber também trouxe uma importante contribuição com seu estudo sobre a burocracia, que 
acabou influenciando muito a administração. A teoria da burocracia se tornou uma das mais importantes 
teorias da administração.
Na verdade, Weber não criou um modelo para ser aplicado nas organizações. Na verdade, ele fez o 
movimento contrário: foi o primeiro a observar um fenômeno que vinha acontecendo nas organizações, 
que gradativamente adotavam princípios como: normas de comportamento para todos os integrantes da 
organização; hierarquia de autoridade para delimitar o poder de cada um; padronização de atividades; for-
malização (registro em documentos) de comunicações e procedimentos; profissionalização dos integran-
tes (inclusive da alta gestão da organização); critérios de meritocracia para selecionar e promover funcioná-
rios, além da divisão de tarefas (especificando as funções e responsabilidades de cada um). (SAINT-PIERRE, 
2004).
A partir dessa observação, construiu um modelo, que chamou de tipo ideal de burocracia, contendo 
todas as características que diferenciavam o tipo burocrático de organização de outras formas anteriores.
Quanto mais as organizações se aproximavam destas características, mais elas se tornavam, na visão 
de Weber, burocratizadas. A tendência geral deste processo era tornar as organizações cada vez mais base-
adas na racionalidade, rotina, padronização e previsibilidade. Esse foi o caminho adotado nas organizações 
em busca da máxima eficiência. A burocracia, sem dúvida, se mostrou naquela época, o modelo de orga-
nização mais adequado para isso.
O movimento calvinista, liderado por João Calvino (1509-1564), foi uma das principais corren-
tes surgidas da Reforma Protestante. Segundo Calvino, o princípio da predestinação explicaria o 
destino dos homens na Terra, pois de acordo com a vontade de Deus, alguns escolhidos teriam 
direito à salvação eterna. Os sinais do favor de Deus estariam relacionados a uma vida de traba-
lho, economicamente próspera, porém simples e afastada da ostentação. Segundo as pregações 
de Calvino, “o comerciante que busca o lucro, pelas qualidades que o sucesso econômico exige - o 
trabalho, a sobriedade e a ordem – responde também ao chamado de Deus”. As ideias de Calvino 
difundiram-se rapidamente, atraindo muitos representantes da burguesia. Por defender princí-
pios morais rígidos e um comportamento marcado pela austeridade e pela dedicação ao trabalho, 
os calvinistas foram também chamados de puritanos. (VEIGA, 1988).
SAIBA MAIS+
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 18
Weber percebeu também que as características burocráticas não avançavam apenas sobre as empre-
sas, mas também na sociedade. A administração do Estado, por exemplo, também havia se tornado bas-
tante burocrática.
A burocratização do mundo moderno não era bem vista por Max Weber, que considerava o 
ser humano aprisionado nas estruturas burocráticas das empresas e do Estado, entregando parte 
de sua liberdade e autonomia. Essas estruturas eram como “jaulas de ferro” que enquadravam as 
ações humanas em padrões e rotinas muito rígidos que determinavam a obediência cega às regras.
IMPORTANTE
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 19
ínteseS
A Revolução Industrial provocou uma série de transformações que resultaram na moderna sociedade 
capitalista industrial.
Esse contexto de grandes mudanças despertou o interesse dos primeiros sociólogos, chamados clássi-
cos da sociologia, dentre os quais destacamos no quadro a seguir:
Sociólogo Clássico
Émile Durkheim
Karl Marx
Max Weber
Conceitos Centrais
Fato social
Anomia
Solidariedade orgânica e 
mecânica
Alienação
Mais valia
Socialismo
Ação social
Ética protestante e espírito do 
capitalismo
Burocracia
Análise da Sociedade 
Moderna
 Preocupação com a anomia que 
ameaçava a estabilidade 
da solidariedade orgânica na 
sociedade industrial
 Identificação dos fatores 
sociais que influenciam 
comportamentos suicidas
 Crítica à exploração do trabalho 
e às desigualdades e contradi-
ções do sistema capitalista
 Revolução operária socialista 
como saída para o conflito de 
classes no capitalismo
 Influência das ideias religiosas 
protestantes no surgimento do 
sistema capitalista.
 Expansão do modelo 
burocrático nas empresas e na 
administração do Estado
FONTE: Adaptado de Santos (2009).
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 20
Faça a leitura e o fichamento do artigo de Rubens Ricupero, que reflete sobre a atualidade do pensa-
mento marxista.
RICUPERO, Rubens. O que está vivo e o que está morto no Manifesto Comunista? Estud. av. vol.12, 
no.34, São Paulo, Sept./Dec. 1998. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141998000300007&script=sci_arttext
rabalho Discente Efetivo – TDET
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141998000300007&script=sci_arttext
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 21
eitura Complementar
Acesse a Biblioteca Virtual da Unigranrio e leia a seção “Uma história muito breve da sociologia oci-
dental” do capítulo 4 do livro Sociologia e conheça um pouco mais da evolução do pensamento sociológico.
PLUMMER, Ken. Sociologia. Coleção Homem, cultura e sociedade. São Paulo: Saraiva, 2015. Cap. 4.
L
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 22
ecuperação/Reforço da Aprendizagem
Vimos que a Revolução Industrial provocou transformações econômicas e sociais que fizeram surgir 
as modernas sociedades industriais capitalistas. Dentre essas consequências, os problemas sociais chama-
ram a atenção dos sociólogos clássicos (Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber).
Para reforço de sua aprendizagem, sugiro que você reflita sobre as análises dos sociólogos clássicos a 
respeito da sociedadeindustrial e procure identificar qual o principal problema social que afeta esta socie-
dade na visão de cada um desses sociólogos.
O principal problema da sociedade industrial está ligado ao sistema capitalista: (Karl Marx)
R
O principal problema da sociedade industrial está ligado ao desenvolvimento da burocracia: (Max 
Weber.)
O principal problema da sociedade industrial está ligado à anomia: (Émile Durkkheim)
Os Clássicos e a Sociedade Moderna 23
eferências Bibliográficas
CARVALHO, Júlio Neves de. O efeito do fenômeno de suicídios coletivos na geração de renda. 2014. 84 f. 
Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
CRIANÇA E CONSUMO. Consumismo infantil, um problema de todos. Disponível em: http://criancaecon-
sumo.org.br/consumismo-infantil/
DURKHEIM, Émile. A divisão do trabalho social. 2 vol. Lisboa: Editorial Presença, 1984. 
_______ . As regras do método sociológico. São Paulo: Editora Nacional, 1987. 
_______ . O suicídio. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 
HARNECKER, Marta. Os conceitos elementais do materialismo histórico. 1973.
NETTO, José Paulo. O que é marxismo (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 2006.
SAINT´PIERRE. Max Weber: entre a paixão e a razão. São Paulo: Unicamp, 2004.
SANTOS, Vania Martins dos. Sociologia da Administração. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
VEIGA, L. M. ; A reforma protestante. 7ª Edição. São Paulo: Ática, 1988. v. 1. 32p .
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 6ª Edição. São Paulo: Pioneira, 1989.
_______ . Economia e sociedade. Brasília: UnB, 1994. 
R

Continue navegando