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23/05/2018 Escolas do Pensamento Jurídico INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO • Jusnaturalismo: trata-se da doutrina dos direitos naturais; direitos inerentes à condição humana. Para o jusnaturalismo, esses direitos naturais seriam dimensões de um código de ética absoluto e universal de justiça. Os direitos naturais seriam instâncias superiores ao direito positivo (direito criado pelo Estado). - Fases do Jusnaturalismo: ❖ Jusnaturalismo Cosmológico: o fundamento dos direitos naturais seria a harmonia cósmica. Essa foi a concepção típica da idade antiga. ❖ Jusnaturalismo Teológico: o fundamento dos direitos naturais e da ideia de justiça seria a vontade divina. Essa foi a concepção típica da idade média. ❖ Jusnaturalismo Racionalista: consiste na concepção moderna dos direitos naturais. O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a razão humana universal. Esse movimento inspirou as revoluções liberais burguesas dos séculos XVII e XVIII. ❖ Jusnaturalismo Cosmopolita ou de Conteúdo Variável: após a WW2, sob o influxo do processo de internacionalização dos direitos humanos, o jusnaturalismo renasceu. A noção de direitos naturais passou a residir no consenso estabelecido por diversos povos com relação a existência de valores universais. - Críticas positivas: ❖ Teve o mérito de enfrentar o debate sobre o direito e sua relação com a justiça. Esse é um ponto indubitavelmente positivo. ❖ Teve o mérito de desenvolver, ainda que de modo rudimentar, o modelo de sistema hierarquizado para as normas jurídicas, a partir da superioridade do direito natural em face do direito positivo. ❖ Teve o mérito de oferecer a matriz ideológica para o discurso dos direitos humanos, sem o qual não haveria democracia. - Críticas negativas: ❖ A justiça não pode ser vista como um valor absoluto, pois , em verdade, a noção do justo varia no tempo e no espaço (diversidade histórico cultural). ❖ Confunde validade com legitimidade, pois o direito injusto não deixa de ser direito. ❖ A noção de direito natural é na verdade vaga, gerando insegurança jurídica e oportunizando apropriação político-ideológica. • Positivismo Legalista: trata-se de movimento surgido após as revoluções liberais burguesas como reação ao jusnaturalismo. A principal expressão do positivismo legalista foi a chamada Escola de Exegese, formada pelos comentadores do Código Napoleônico (1804). - Teses fundamentais do Positivismo Legalista: ❖ Identificação do direito com a lei: o direito seria a expressão da lei e ponto final. �1 23/05/2018 ❖ Defesa do monismo jurídico (origem Estatal direito): o direito seria o produto do Estado. ❖ Neutralização política do poder judiciário: o juiz como a “boca da lei” ❖ Propôs a ideia de uma interpretação meramente gramatical ou literal do direito (dura lex, sed lex) ❖ Crença na completude e na coerência do sistema legislativo: a ausência de lacunas e de antinomias a lei seria perfeita. ❖ Separação entre direito e moral: teoria dos círculos éticos separados. - Criticas positivas: ❖ Permitiu um grande avanço cientifico, especialmente no direito civil. ❖ Permitiu a criação do Estado de direito, limitando o arbítrio dos governantes. ❖ O respeito à legalidade a segurança jurídica necessária ao capitalismo e à democracia representativa. - Críticas negativas: ❖ O direito não se resume à lei, havendo outras fontes jurídicas Estatais e não-Estatais. ❖ O legislador e a lei não são expressões da perfeição racional, havendo sempre a possibilidade de lacunas e antinomias jurídicas. ❖ A aplicação dogmática da lei pode gerar profundas injustiças. • Historicismo Jurídico: trata-se do primeiro grande movimento de contestação do positivismo legalista. Essa corrente surgiu na Alemanha, durante o século XIX, a partir dos estudos desenvolvidos pelo jurista alemão, Savigny. - Teses fundamentais do Historicismo Jurídico: ❖ Valorização dos costumes como fonte do direito: os costumes são a expressão do direito vivo e concreto. ❖ Defesa do pluralismo jurídico (produção social do direito): A ideia de um direito exclusivamente Estatal é substituída pela ideia de um direito produzido pela sociedade. ❖ Desmistificação da ideia da perfeição racional do legislador: o legislador não é perfeito, não tem capacidade de se manter no fluxo das mudanças sociais. ❖ Reconhecimento da incompletude do sistema legal (existência de lacunas jurídicas): Os historicistas defendem a ideia de que haveria lacunas jurídicas. ❖ Reconhecimento da existência de um sistema jurídico incoerente (antinomias jurídicas): o direito convive com contradições normativas. ❖ Reconhecimento da possibilidade dos costume contra a lei (costume contra legem): acreditam que os costumes podem revogar a lei. ❖ Valorização do direito romano como fonte para a compreensão dos ordenamentos jurídicos ocidentais ❖ Valorização de uma interpretação histórica do direito: interpretação retrospectiva dos antecedentes da norma jurídica. - Críticas positivas: �2 23/05/2018 ❖ O historicismo revelou-se acertado pois situou adequadamente o direito na zona dos objetos culturais variáveis no tempo e no espaço (recusa ao idealismo). ❖ Demonstrou a insuficiência do legislador e da lei na regulação da vida social (desmistificação). ❖ Demonstrou que a sociedade pode ser uma protagonista na criação do direito (abertura democrática) - Críticas negativas: ❖ O historicismo se vale de uma noção vaga e ilusória do “espírito do povo” (volksgeist), como base do direito costumeiro. ❖ O costume, por ser uma fonte não escrita, traz insegurança jurídica. ❖ A interpretação histórica pode aprisionar o direito no passado, fechando as possibilidades de evolução e atualização da ordem jurídica. �3
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