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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 1
 
 
 
PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO 
Escola de Teologia do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EEEEEEEEssssssssccccccccaaaaaaaattttttttoooooooollllllllooooooooggggggggiiiiiiiiaaaaaaaa BBBBBBBBííííííííbbbbbbbblllllllliiiiiiiiccccccccaaaaaaaa 
 
Compreendendo a doutrina das últimas coisas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 2
 
 
 
 
© Copyright 2004, Escola de Teologia do ES 
 
A Escola de Teologia do ES é amparada pelo disposto no parecer 
241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior 
O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é 
considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade 
 
■ 
 
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por 
 
ESCOLA DE TEOLOGIA DO ES 
Rua Cabo Ailson Simões, 560 - Centro – Vila Velha- ES 
Edifício Antônio Saliba – Salas 802/803 
CEP 29 100-325 
Telefax (27) 3062-0773 
www.esutes.com.br 
 
■ 
 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES 
CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. 
 
Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida 
Corrigida e Fiel(ACF) 
©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. 
 
 
 
O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. 
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da 
apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo 
aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. 
 
TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Escatologia, Compreendendo a doutrina das 
últimas coisas – Espírito Santo: ESUTES, 2004. 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3
 
 
____________________________ 
 
SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO 
____________________________ 
 
 
 
 
 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII 
AAAAAAAA DDDDDDDDOOOOOOOOUUUUUUUUTTTTTTTTRRRRRRRRIIIIIIIINNNNNNNNAAAAAAAA DDDDDDDDAAAAAAAASSSSSSSS UUUUUUUULLLLLLLLTTTTTTTTIIIIIIIIMMMMMMMMAAAAAAAASSSSSSSS CCCCCCCCOOOOOOOOIIIIIIIISSSSSSSSAAAAAAAASSSSSSSS 
Introdução.............................................................................................................................................................5 
A segunda Vinda de Cristo...................................................................................................................................6 
Os grandiosos eventos que precederão a Parousia.............................................................................................7 
A grande apostasia e a grande Tribulação...........................................................................................................9 
A Parousia ou a segunda Vinda propriamente Dita............................................................................................12 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII 
AAAAAAAA IIIIIIIINNNNNNNNTTTTTTTTEEEEEEEERRRRRRRRPPPPPPPPRRRRRRRREEEEEEEETTTTTTTTAAAAAAAAÇÇÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO DDDDDDDDAAAAAAAA PPPPPPPPRRRRRRRROOOOOOOOFFFFFFFFEEEEEEEECCCCCCCCIIIIIIIIAAAAAAAA 
Os métodos de Interpretação.............................................................................................................................15 
O método Alegórico............................................................................................................................................15 
O método Literal.................................................................................................................................................18 
A história da interpretação..................................................................................................................................21 
A ascensão da alegória......................................................................................................................................24 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII 
CCCCCCCCOOOOOOOORRRRRRRRRRRRRRRREEEEEEEENNNNNNNNTTTTTTTTEEEEEEEESSSSSSSS MMMMMMMMIIIIIIIILLLLLLLLEEEEEEEENNNNNNNNIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTAAAAAAAASSSSSSSS EEEEEEEE RRRRRRRREEEEEEEESSSSSSSSSSSSSSSSUUUUUUUURRRRRRRREEEEEEEEIIIIIIIIÇÇÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO DDDDDDDDOOOOOOOOSSSSSSSS MMMMMMMMOOOOOOOORRRRRRRRTTTTTTTTOOOOOOOOSSSSSSSS 
A Idéia de um Milenio.........................................................................................................................................27 
Premilenismo......................................................................................................................................................27 
Pós-milenismo....................................................................................................................................................33 
A ressurreição dos Mosrtos................................................................................................................................35 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV 
JJJJJJJJUUUUUUUUÍÍÍÍÍÍÍÍZZZZZZZZOOOOOOOO FFFFFFFFIIIIIIIINNNNNNNNAAAAAAAALLLLLLLL EEEEEEEE OOOOOOOO EEEEEEEESSSSSSSSTTTTTTTTAAAAAAAADDDDDDDDOOOOOOOO FFFFFFFFIIIIIIIINNNNNNNNAAAAAAAALLLLLLLL 
A doutrina do Juízo Final na história..................................................................................................................41 
As diferentes partes do Juízo.............................................................................................................................44 
O estado Final....................................................................................................................................................45 
 
BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA.....................................................................................................................................................47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 4
 
 
 UUNNIIDDAADDEE II 
AA DDOOUUTTRRIINNAA DDAA UULLTTIIMMAASS CCOOIISSAASS 
............................................................... 
 
“Vigiai, pois ninguém sabe quando será aquele dia, a não 
ser o Pai”. 
.............................................................. 
 
 
 
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
O termo escatologia origina-se de duas palavras gregas, "éschatos" e "lógos". "Éschatos" significa: 
Último de uma série, fim de uma era, extremo de uma jornada, ponto final de um acontecimento, 
alvo a ser atingido, meta.A palavra "lógos" tem variadíssimo uso, mas aqui é tomada no sentido de 
estudo. Portando, "escatologia" é o estudo das últimas coisas, dos acontecimentos do fim dos 
tempos, o termo final da atual ordem mundial e da presente história humana. Tal fim se dará, 
segundo as Escrituras, com a volta de Cristo, a ressurreição de todos os mortos, a transformação dos 
eleitos, que estiverem vivos na ocasião do evento, o juízo final, a glorificação dos justos, a perpétua 
condenação e detenção de Satanás com seus anjos e súditos. Das muitas perguntas que se deparam 
ao estudioso de escatologia, nenhuma é mais importante que a questão do método empregado na 
interpretação das Escrituras proféticas. A adoção de diferentes métodos de interpretação produziu 
as várias posições escatológicas e dá conta das diversas concepções de cada sistema em desafio ao 
estudioso da profecia. As diferenças básicas entre a escola pré-milenarista e a amilenarista e entre os 
defensores do arrebatamento pré-tribulacionalista e os do pós-tribulacionalista são hermenêuticas, 
provenientes da adoção de métodos de interpretação divergentes e inconciliáveis. A questão 
fundamental entre pré-milenaristas e amilenaristas foi claramente definida por Allis, que escreve: 
“Uma das características mais marcantes do pré-milenarismo em todas as suas formas é a tônica 
dispensada à interpretação literal das Escrituras. A alegação constante de seus defensores é que 
somente quando interpretada à letra a Bíblia recebe verdadeira interpretação; e denunciam como 
"espiritualistas" e "alegoristas" os que não interpretam as Escrituras com o mesmo grau de 
literalidade que eles utilizam. Ninguém faz essa acusação de modo mais agudo que os 
dispensacionalistas”. 
 
A questão da interpretação literal versus a figurada é, portanto, algo que precisa ser encarado desde 
o princípio. Quando ALLIS reconhece que "a interpretação literal sempre foi característica marcante 
do pré-milenarismo" em que aparecem outras referências à interpretação literal como base do pré-
milenarismo ele concorda com Feinberg, que escreve. Hamilton afirma: “É preciso admitir 
francamente que a interpretação literal das profecias do Antigo Testamento apresenta o cenário de 
um reino terreno do Messias tal qual proposto pelos pré-milenaristas. Era esse o tipo de reino 
messiânico que os judeus do tempo de Cristo esperavam, com base numa interpretação literal das 
promessas do Antigo Testamento. Era o tipo de reino de que os saduceus falavam quando 
ridicularizaram a idéia da ressurreição do corpo, extraindo do Senhor a declaração mais límpida das 
características da era vindoura que temos no Novo Testamento, quando Ele lhes disse que erravam 
por não conhecerem nem as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22.29) os judeus buscavam o 
mesmo tipo de reino esperado pelos pré-milenaristas, que falam do lugar de primazia ocupado 
pelos judeus num reino judaico terreno a ser estabelecido pelo Messias em Jerusalém”. Assim, ele 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 5
reconhece que a diferença básica entre ele mesmo, amilenarista, e o pré-milenarista não é se as 
Escrituras ensinam um reino terreno, como quer o pré-milenarista, mas como os versículos que 
ensinam esse reino terreno devem ser interpretados. Allis admite que "as profecias do Antigo 
Testamento, se interpretadas literalmente, não podem ser consideradas já cumpridas, ou 
susceptíveis de se cumprir na presente era". Portanto, antes de qualquer debate sobre as passagens 
proféticas e sobre as doutrinas escatológicas, é preciso estabelecer o método básico de interpretação 
por ser empregado no processo. Isso é bem observado por Pieters, que escreve: “A questão de as 
profecias do Antigo Testamento concernentes ao povo de Deus deverem ou não ser interpretadas 
em sentido normal, corno as demais passagens, ou de poderem ou não ser aplicadas de modo 
adequado à igreja é a chamada questão da espiritualização da profecia. Esse é um dos maiores 
problemas da interpretação bíblica diante de todos os que se propõem realizar um estudo sério da 
Palavra de Deus. Esse é um dos principais segredos da divergência de opinião entre os pré-
milenaristas e os outros estudiosos cristãos. Aqueles rejeitam tal espiritualização, estes a empregam; 
e, enquanto não houver acordo quanto a essa questão, o debate será interminável e infrutífero. 
 
AA SSEEGGUUNNDDAA VVIINNDDAA DDEE CCRRIISSTTOO 
Enquanto os profetas não distinguem claramente uma dupla vinda de Cristo, o próprio Senhor e os 
apóstolos deixam mais que claro que à primeira vinda seguir-se-á uma segunda. Jesus se referiu ao 
Seu retorno mais de uma vez, para o fim do Seu retorno mais de uma vez, para o fim do Seu 
ministério público, Mt 24.30; 25.19, 31; 26.64; Jo 14.3. Ao tempo da Sua ascensão, anjos apontaram 
para o Seu regresso, At 3.20, 21; Fp 3.20; I Ts 4.15, 16; II Ts 1.7, 10; Tt 2.13; Hb 9.28. Vários termos são 
empregados para denotar este grande evento, dos quais os seguintes são os mais importantes: a. 
apocalypsus (desvendamento, revelação), que indica a remoção daquilo que agora obstrui a nossa 
visão de Cristo, I Co 1.7; II Ts 1.7; I Pe 1.7, 13; 4.13; b. epiphaneia (aparecimento, manifestação), termo 
referente à vinda de Cristo, saindo Ele de um substrato oculto com as ticas bênçãos da salvação, II Ts 
2.8; I Tm 6.14; II Tm 4.1, 8; Tt 2.13; e c. parousia (literalmente, presença), que assinala a vinda que 
precede a presença ou que resulta na presença, Mt 24.3, 27, 37; I Co 15.23; I Ts 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; II 
Ts 2.1-9; Tg 5.7, 8; II Pe 1.16; 
3,4, 12; I Jo 2.28. 
 
A segunda Vinda, um Evento Único 
Os dispensacionalistas dos dias atuais distinguem duas vindas futuras de Cristo, embora às vezes 
procurem preservar a unidade da idéia da segunda vinda falando dela como dois aspectos daquele 
grande evento. Mas, desde que as duas são, na realidade, apresentadas como dois eventos 
diferentes, separados por um período de vários anos, cada qual com seu propósito, dificilmente 
poderão ser consideradas como um evento único. A primeira é a paurosia, ou simplesmente “a 
vinda”, e resulta no arrebatamento dos santos, às vezes descrito como um arrebatamento secreto. Esta 
vinda é iminente, isto é, pode ocorrer a qualquer momento, visto que não há eventos preditos que 
devam preceder sua ocorrência. A opinião dominante é que, nesse tempo, Cristo não descerá à terra, 
mas permanecerá nas alturas. Os que morrem no Senhor ressuscitarão dos mortos, os santos vivos 
serão transfigurados, e juntos recolhidos para encontrar-se com o Senhor nos ares. Daí, esta vinda é 
também denominada “vinda para os Seus santos”, I Ts 4.15, 16. Seguir-se-á um intervalo de sete 
anos, durante o qual o mundo será evangelizado, Mt 24.14, Israel se converterá, Rm 11.26, ocorrerá a 
grande tribulação, Mt 24.21,22, e o anticristo ou homem do pecado será revelado, II Ts 2.8-10. Depois 
destes eventos, haverá outra vinda do Senhor com os seus santos, I Ts 3.13, chamada “revelação” ou 
“dia do Senhor”, no qual Ele descerá à terra. Esta vinda não pode ser iminente, porque terá que ser 
precedida por diversos eventos preditos. Quando desta vinda, Cristo julgará as nações existentes, 
Mt 25.31-46, e introduzirá o reino milenar. Assim, temos duas vindas distintas do Senhor, separadas 
por um período de sete anos, das quais, uma é iminente e a outra não, uma é seguida pela 
glorificação dos santos, e a outra pelo julgamento das nações e pelo estabelecimento do reino. Esta 
elaboração da doutrina da segunda vinda é muito conveniente para os dispensacionalistas, visto que 
os habilita a defender a idéia de que a vinda do Senhor é iminente, mas não tem base na Escritura e 
traz implicações antibíblicas. Em II Ts 2.1.2,8 as expressões parousia e “dia do Senhor” são 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 6
empregadas uma pela outra, e de acordo com II Ts 1.7-10, a revelação mencionada no versículo 7não se ajusta sincronicamente à parousia de que fala o versículo 10. Mt 24.19-31 apresenta a vinda do 
Senhor por ocasião da qual os eleitos serão reunidos como sucedendo imediatamente após a grande 
tribulação mencionada no contexto, ao passo que, de acordo com a teoria em foco, deverá ocorrer 
antes da tribulação. E, finalmente, segundo esta teoria, a igreja não passará pela grande tribulação, 
que é apresentada em Mt 24.4-26 em sincronia com a grande apostasia, mas a descrição bíblica em 
Mt 24.22; Lc 21.36; II Ts 2.3; I Tm 4.1-3; II Tm 3.1-5; Ap 7.14 é completamente diferente. Com base na 
Escritura, deve-se afirmar que a segunda vinda do Senhor será um único evento. Felizmente, alguns 
premilenistas não concordam com esta doutrina de uma dupla segunda vinda de Cristo, e se 
referem a ela dizendo que é uma novidade sem fundamento. Diz Frost: “Não é um fato sabido em 
geral, e, não obstante, é incontestável que a doutrina da ressurreição e do arrebatamento anteriores à 
tribulação é uma interpretação moderna sou tentado a dizer, uma invenção moderna”. De acordo 
com o citado autor, ela tem sua origem nos dias de Irving e Darby. Outro premilenista, a saber, 
Alexander Reese, apresenta um argumento muito forte contra toda esta idéia em sua obra sobre O 
Impendente Advento de Cristo. 
 
OOSS GGRRAANNDDIIOOSSOOSS EEVVEENNTTOOSS QQUUEE PPRREECCEEDDEERRÃÃOO AA PPAARROOUUSSIIAA 
De acordo com a Escritura, importantes eventos deverão ocorrer antes do retorno do Senhor, e, 
portanto, não se lhe pode chamar iminente. À luz da Escritura, não de pode afirmar que não há 
eventos preditos que ainda não devam acontecer antes da segunda vinda. Como se poderia esperar 
em vista do que foi dito na seção anterior, Frost, a despeito do seu dispensacionalismo, rejeita a 
doutrina da iminência. Ele prefere falar da vinda de Cristo como “impendente”. Acha-se apoio para 
a doutrina da iminência da volta de Cristo nas declarações bíblicas de que Cristo virá “dentro de 
pouco tempo”, Hb 10.37; ou “sem demora”, Ap 22.7; nas exortações para que vigiemos e esperemos 
por Sua vinda, Mt 24.42; 25.13; Ap 16.15; e no fato de que a Escritura condena a pessoa que diz, 
“Meu Senhor demora-se” (ou, “retarda a sua vinda”), Mt 24.48. De fato Jesus ensinava que a Sua 
vinda estava próxima, porém isto não é o mesmo que ensinar que era iminente. Em primeiro lugar, 
deve-se ter em mente que, ao falar de Sua vinda, Ele nem sempre está pensando na vinda 
escatológica. Às vezes Ele se refere à Sua vinda em poder espiritual no dia de Pentecoste; às vezes à 
Sua vinda em julgamento, na destruição de Jerusalém. Em segundo lugar, Ele e os apóstolos nos 
ensinam que terão que ocorrer vários eventos importantes antes do Seu retorno físico no ultimo dia, 
Mt 24.5-14, 21, 22, 29-31; II Ts 2.2-4. 
 
Portanto, Cristo não poderia descrever com muita propriedade a Sua vinda como iminente. 
Também é evidente que, quando Ele falava da Sua vinda como próxima, não tencionava retrata-la 
como imediatamente às portas. Na parábola dos talentos Ele ensina que o senhor dos servos voltou 
para ajustar contas com eles “depois de muito tempo”, Mt 25.19. E a parábola dos talentos foi 
contada justamente com o propósito de corrigir a noção de “que o reino de Deus havia de 
manifestar-se imediatamente”, Lc 19.11. Na parábola das dez virgens se faz referência à demora do 
noivo “tardando o noivo”, Mt 25.5. Isso está em harmonia com o que Paulo diz em II Ts 2.2. Pedro 
predisse surgiriam escarnecedores dizendo: “Onde está a promessa da sua vinda?” (ou, na versão 
utilizada pelo Autor, “onde está o dia da sua vinda?”). E ensina os seus leitores a compreenderem as 
predições da proximidade da segunda vinda conforme o ponto de vista divino, segundo o qual um 
dia é como mil anos, e mil anos como um dia, II Pe 3.3-9. Ensinar que Jesus considerava a segunda 
vinda como imediatamente às portas seria dizer que Ele errou, visto que já se passaram quase dois 
mil anos desde aquele tempo. Agora, pode-se levantar a questão: Como então podemos ser 
concitados a velar pela vinda? Jesus nos ensina em Mt 24.32, 33 a vigiar por Sua vinda pelos sinais: 
“quando virdes todas estas cousas, sabei que está próximo, às portas”. Além disso, não precisamos 
interpretar a exortação à vigilância como uma exortação a esquadrinhar os céus em busca de sinais 
imediatos do aparecimento do Senhor. Antes, devemos ver nela uma admoestação para estarmos 
despertos, alerta, preparados, ativos na realização da obra do Senhor, para não sermos 
surpreendidos por repentina calamidade. Os seguintes eventos grandiosos devem preceder a vinda 
do Senhor. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 7
 
 
O Chamamento Dos Gentios 
Várias passagens do Novo testamento assinalam o fato de que o Evangelho do Reino deverá ser 
pregado a todas as nações antes da volta do Senhor, Mt 24.14; Mc 13.10; Rm 11.25. Muitas passagens 
atestam que os gentios entrarão no Reino em grande número, durante a nova dispensação, Mt 8.11; 
13.31, 32; Lc 2.32; At 15.14; Rm 9.24-26; Ef 2.11-20, e outras passagens. Mas os textos acima indicados 
referem-se claramente à evangelização de todas as nações como a meta da história. Ora, dificilmente 
funcionará dizer que o Evangelho já foi proclamado entre todos os povos, nem tampouco que os 
labores de um único missionário em cada uma das nações do mundo preenchem todos os requisitos 
da afirmação de Jesus. Por outro lado, é igualmente impossível sustentar que as palavras do 
Salvador requerem a pregação do Evangelho a todos os indivíduos das diferentes nações do mundo. 
Contudo, eles exigem que essas nações, como nações, sejam completamente evangelizadas, de modo 
que o Evangelho se torne um poder na vida do povo, um sinal que reclama decisão. 
 
Deve ser pregado a elas para testemunho, para poder-se dizer que lhes foi dada uma oportunidade 
para se decidirem pró ou contra Cristo e Seu reino. Essas palavras implicam claramente que a 
grande comissão deve ser levada a cabo em todas as nações do mundo, a fim de se fazerem 
discípulos de todas as nações, isto é, dentre o povo de todas as nações. Todavia, elas não justificam a 
expectação de que todas as nações, de maneira total e completa, aceitarão o Evangelho, mas somente 
que se encontrarão adeptos em todas as nações e, assim, essa proclamação servirá de instrumento 
para chegar-se à plenitude dos gentios. No final dos tempos será possível dizer que a todas as 
nações foi dado conhecer o Evangelho, e o Evangelho testificará contra as nações que não o 
aceitaram. Do que acima foi dito se compreenderá prontamente que muitos dispensacionalistas têm 
um conceito muito diferente desta matéria. Não acreditam que a evangelização do mundo precisa 
ser, nem que será completada antes da parousia, que é iminente. De acordo com eles, ela realmente 
começará naquela ocasião. Eles assinalam que o Evangelho indicado em Mt 24.14 não é o Evangelho 
da graça de Deus em Jesus Cristo, mas o Evangelho do Reino, que é completamente diferente, as 
boas novas de que o Reino mais uma vez está às portas. 
 
Depois que a igreja for removida deste cenário terreno, e com ela retirar-se o Espírito Santo que nela 
habita o que realmente significa, após terem sido restauradas as condições do Velho Testamento só 
então o Evangelho com o qual Jesus começou o seu ministério tornará a ser pregado. A princípio 
será pregado pelos que foram convertidos pelo própria remoção da igreja, e mais tarde, talvez por 
Israel convertido e um mensageiro especial, ou, particularmente durante a grande tribulação, pelo 
remanescente fiel de Israel. Essa pregação será maravilhosamente eficaz, muitíssimo mais eficaz que 
a pregação do Evangelho da graça de Deus. Será durante esse período que os 144.000 e a grande 
multidão que ninguém poderá contar, de Ap 7, se converterão. E dessa maneira se cumprirá a 
predição de Jesus registrada em Mt 24.14. Devemos lembrar que esta formulação ospremilenistas 
mais antigos não aceitavam, e mesmo agora é rejeitada por alguns dos premilenistas atuais, e, 
certamente, não se recomenda a nós. A distinção entre um duplo Evangelho e uma dupla vinda do 
Senhor é insustentável. O Evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo é o único Evangelho que 
salva e que dá entrada no reino de Deus. E é absolutamente contrário à história da revelação, que 
um regresso às condições do Velho Testamento, incluída a ausência da igreja e do Espírito santo que 
nela habita, seja mais eficaz que a pregação do Evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo e do que 
o dom do Espírito Santo. 
 
Conversão Do Pleroma De Israel 
Tanto o Velho Testamento como o Novo falam de uma futura conversão de Israel, Zc 12.10; 13.1; II 
Co 3.15, 16, e Rm 11.25-29 parece relacionar isto com o fim dos tempos. Os premilenistas têm 
explorado este ensinamento escriturístico para os seus propósitos particulares. Eles afirmam que 
haverá uma restauração e uma conversão nacionais de Israel, que a nação judaica será restabelecida 
na Terra Santa, e que isso terá lugar imediatamente antes ou durante o reino milenar de Jesus Cristo. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 8
É muito duvidoso, porém, que a Escritura dê base para a expectação de que Israel, nesses tempos 
finais, será restabelecido como nação, e, como nação, se converterá ao Senhor. Algumas profecias 
parecem predizer isso, mas elas devem ser lidas à luz do Novo Testamento. 
 
O Novo Testamento justifica a expectação de uma futura restauração e conversão de Israel? Isto não 
é ensinado, nem sequer implicitamente, em passagens como Mt 19.28 e Lc 21.24, freqüentemente 
citadas em seu favor. O Senhor falou com muita clareza da oposição dos judeus ao espírito do Seu 
reino, e da certeza de que eles, que num sentido podiam ser chamados filhos do Reino, perderiam o 
seu lugar nele, Mt 8.11, 12; 21.28-46; 22.1-14; Lc 13.6-9. Ele informa os judeus ímpios que o Reino será 
tirado deles e dado a uma nação que produz frutos dignos do Reino, Mt 21.43. E mesmo quando fala 
das diversas formas de corrupção que, com o correr do tempo, se insinuariam na igreja, das 
dificuldades que ela enfrentaria, e da apostasia que finalmente lhe sobreviria, Ele não dá a entender 
nenhuma prospectiva restauração e conversão do povo judeu. Este silêncio de Jesus é muito 
significativo. Ora, pode-se pensar que Rm 11.11-32 certamente ensina a futura conversão da nação 
de Israel. Muitos comentadores adotam esta idéia, mas mesmo que a corrupção dela está sujeita a 
considerável dúvida. Nos capítulos 9-11 o apóstolo discute a questão sobre como as promessas de 
Deus a Israel podem ser conciliadas com a rejeição da maior parte de Israel. 
 
Primeiramente, ele assinala nos capítulos 9 e 10 que a promessa se aplica, não a Israel segundo a 
carne, mas ao Israel espiritual; e, em segundo lugar, que Deus ainda tem os seus eleitos no seio de 
Israel, que ainda há nele um remanescente conforme a eleição da graça, 11.1- 10. E mesmo o 
endurecimento da maior parte de Israel ainda não é o derradeiro fim para Deus, mas, antes, um 
meio em Suas mãos para levar a salvação aos gentios, a fim de que estes, por sua vez, pelo gozo das 
bênçãos da salvação, provoquem a inveja de Israel. O endurecimento de Israel sempre será parcial, 
pois, através dos sucessivos séculos, sempre haverá alguns que aceitam o Senhor. Deus continuará 
reunindo os Seus eleitos remanescentes dos judeus durante toda a nova dispensação, até à plenitude 
(pleroma, isto é, o número total dos eleitos) dos gentios, e, assim (desta maneira), todo o Israel (seu 
pleroma, isto é, o número total dos verdadeiros israelitas) será salvo. “Todo o Israel” deve entender-
se como um designativo, não da nação toda, mas do número total dos eleitos, do povo da antiga 
aliança. Os premilenistas tomam o versículo 26 no sentido de que, após Deus ter completado o Seu 
propósito com os gentios, a nação de Israel será salva. Mas, no início da sua discussão do assunto, 
disse o apóstolo que as promessas eram para o Israel espiritual; não há evidência de mudança do 
pensamento na seção intermediária, de sorte que esta viria como uma surpresa em 11.26; e o 
advérbio houtos não pode significar “depois disso”, mas unicamente “desta maneira” (“assim”). 
Com a plenitude dos gentios se entraria também na plenitude de Israel. 
 
AA GGRRAANNDDEE AAPPOOSSTTAASSIIAA EE AA GGRRAANNDDEE TTRRIIBBUULLAAÇÇÃÃOO 
Estas duas podem ser mencionadas juntas, porque estão entrelaçadas no discurso escatológico de 
Jesus, Mt 24.9-12, 21-24; Mc 13.9-22; Lc 21.22-24. As palavras de Jesus indubitavelmente encontraram 
cumprimento parcial nos dias que precederam a destruição de Jerusalém, mas é evidente que terão 
cumprimento maior no futuro, numa tribulação que sobrepujará tudo quanto já foi experimentado, 
Mt 24.21; Mc 13.19. Paulo também fala da grande apostasia em II Ts 2.3; I Tm 4.1; II Tm 3.1-5. Ele já 
via algo desse espírito de apostasia em seus próprios dias, mas se vê claramente que ele quer calcar 
em seus leitores que essa apostasia assumirá proporções muito maiores nos últimos dias. Aqui, de 
novo, os dispensacionalistas dos dias presentes divergem de nós. Eles não consideram a grande 
tribulação como precursora da vinda de Jesus (paousia), mas acreditam que se dará em seguida à 
“vinda” e que, portanto, a igreja não passará pela grande tribulação. O que supõem é que a igreja 
será “arrebatada” para estar com o Senhor, antes de sobrevir a tribulação, com todos os seus 
terrores, aos habitantes da terra. Eles preferem falar da grande tribulação como “o dia da aflição de 
Jacó”, visto que será um dia de grande angústia para Israel, e não para a Igreja. Mas os fundamentos 
que eles aduzem para este conceito não são muito convincentes. Alguns deles extraem toda força 
que podem da sua própria noção preconcebida de uma dupla segunda vinda de Cristo, e, portanto, 
não tem nenhum sentido para os que estão convictos de que não há prova dessa dupla vinda na 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9
Escritura. Jesus, por certo, menciona a grande tribulação como um dos sinais da Sua vinda e do fim 
do mundo, Mt 24.3. É dessa vinda (parousia) que Ele está falando através de todo esse capítulo, como 
se pode ver pelo emprego repetido da palavra paurosia, versículos 3,37, 39. É simplesmente razoável 
supor que Ele está falando da mesma vinda no versículo 29, vinda que se seguirá imediatamente à 
tribulação. Essa tribulação afetará os eleitos também: correrão perigo de extraviar-se, Mt 24.24; por 
amor deles esses dias serão abreviados, versículo 22; serão reunidos dos quatro cantos do mundo 
por ocasião da vinda do Filho do homem, vers. 31; e serão encorajados a erguer as cabeças quando 
virem acontecer essas coisas, visto estar próxima a sua redenção, Lc 21.28. Não há base para limitar 
esses eleitos de Israel, como fazem os premilenistas. Paulo descreve claramente a grande apostasia 
como anterior à segunda vinda, II Ts 2.3, e lembra a Timóteo o fato de que tempos difíceis 
sobrevirão nos últimos dias, I Tm 4.1, 2; II Tm 3.1-5. Em Ap 7.13, 14 se diz que os santos no céu 
saíram da grande tribulação, e em Ap 6.9 vemos esses santos orando por seus irmãos que ainda 
estavam sofrendo perseguição. 
 
A Futura Revelação Do Anticristo 
O termo antichristos só se encontra nas epístolas de João, a saber, em I Jo 2.18, 22; 4.3; II Jo 7. No que 
se refere à forma da palavra, ela pode descrever (a) alguém que toma o lugar de Cristo, neste caso, 
“anti” é entendido no sentido de “em lugar de”; ou (b) alguém que, embora assumindo a aparência 
de Cristo, opõe-se a Ele; neste caso, “anti” é empregado no sentido de “contra”. Este último está em 
maior harmonia com o contexto em que ocorre a palavra. Pelo fato de João empregar o singular em 
2.18 sem artigo, fica evidente que o termo “anticristo” já era considerado um nome técnico. É incerto 
se, aousar o singular, João tinha em mente um Anticristo superior ou supremo, do qual os outros a 
que se refere eram apenas precursores, ou se simplesmente quis personificar o princípio 
incorporado em diversos anticristos, o princípio do mal militando contra o reino de Deus. 
 
É evidente que o anticristo representa um certo princípio, I Jo 4.3. Se tivermos isto em mente, 
perceberemos que, embora João tenha sido o primeiro a empregar o termo “anticristo”, o princípio 
ou espírito indicado por esse termo é claramente mencionado em escritos anteriores. Assim como há 
na Escritura um desenvolvimento claramente assinalado no delineamento de Cristo e do reino de 
Deus, também há uma revelação progressiva do anticristo. As representações diferem, mas vão se 
tornando cada vez mais definidas, conforme avança a revelação de Deus. Na maioria dos profetas 
do Velho Testamento vemos o princípio da injustiça operando nas nações ímpias que se mostram 
hostis para com Israel e são julgadas por Deus. Na profecia de Daniel vemos algo mais específico. A 
linguagem ali empregada forneceu muitas características da descrição que Paulo faz do homem do 
pecado em II Tessalonicenses. Daniel vê o ímpio, iníquo, encarnado no “pequeno chifre”, Dn 7.8, 23-
26, e o descreve com muita clareza em 11.35. Ali, nem mesmo o elemento pessoal está faltando, 
conquanto não seja inteiramente certo que o profeta está pensando nalgum rei particular, a saber, 
em Antíoco Epifânio, como um tipo de Anticristo. Naturalmente, a vinda de Cristo revela esse 
princípio em sua forma especificamente anticristã, e Jesus o descreve como encarnado em várias 
pessoas. Ele fala dos pseudoprophetai e dos pseudichristoi, que tomam posição contra Ele e contra o Seu 
reino, Mt 7.15; 24.5, 24; Mc 13.21, 22; Lc 17.23. Com o fim de corrigir o conceito errôneo dos 
tessalonicenses, Paulo chama a atenção para o fato de que o dia de Cristo não pode vir “sem que 
primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição”. 
 
Ele descreve esse homem do pecado como aquele que “se opõe e se levanta contra tudo que se 
chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se 
fosse o próprio Deus”, II Ts 2.3, 4. Esta descrição nos lembra Dn 11.36. E claramente aponta para o 
Anticristo. Não há boa razão para duvidar da identidade do homem da iniqüidade (ou do pecado) 
de que fala Paulo, com o Anticristo mencionado por João. O apóstolo Paulo vê “o ministério da 
iniqüidade” já em ação, mas garante aos seus leitores que o homem da iniqüidade não poderá vir 
enquanto não for afastado do caminho aquilo ou “aquele que” o detém. Quando esse obstáculo, seja 
este qual for (há várias interpretações), for retirado, aparecerá o homem do pecado “segundo a 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10 
eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira”, versículos 7-9. Nesse capítulo 
o elemento pessoal é pressuposto do começo ao fim. O Livro de Apocalipse encontra o princípio ou 
poder anticristão nas duas bestas que saíram do mar e da terra, Ap 13. Geralmente se pensa que a 
primeira se refere a governos, poderes políticos, ou a algum império mundial; a segunda, embora 
não com a mesma unanimidade, à religião falsa, à falsa profecia e à falsa ciência, particularmente às 
duas primeiras. A este princípio oponente, ou de oposição, João chama finalmente Anticristo, em 
suas epístolas. Historicamente, há diferentes opiniões a respeito do Anticristo. Na igreja antiga, 
muitos afirmavam que o Anticristo seria um judeu com a pretensão de ser o Messias e governando 
em Jerusalém. Muitos comentadores são de opinião que Paulo e outros pensavam, 
equivocadamente, que um imperador romano seria o Anticristo, e, de que, evidentemente, João 
tinha Nero em mente, ao escrever Ap 13.18, visto que as letras das palavras hebraicas para 
“imperador Nero” equivalem exatamente a 666, em Ap 13.18. Desde os tempos da Reforma, muitos, 
entre os quais também eruditos reformados (calvinistas), consideravam a Roma papal e, nalguns 
casos, até mesmo algum papa em particular, como Anti-Cristo. E, na verdade, o papado revela 
várias características do Anticristo, como este vem descrito na Escritura. Todavia, dificilmente 
poderíamos identifica-lo com o Anticristo. 
 
É melhor dizer que há elementos do Anticristo no papado. Positivamente, só podemos dizer: (a) que 
o espírito anticristão já estava em ação nos dias de Paulo e de João, segundo o próprio testemunho 
deles; (b) que ele alcançará o seu poder supremo nas proximidades do fim do mundo; (c) que Daniel 
retrata a sua faceta política, Paulo a eclesiástica, e João, em Apocalipse, retrata ambas as facetas: 
ambas podem ser revelações sucessivas do poder anticristão; (d) que, provavelmente, esse poder 
afinal se concentrará num só indivíduo, vindo a ser a encarnação da iniqüidade. A questão do 
caráter pessoal do Anticristo ainda está sujeita a debate. Alguns afirmam que as expressões 
“anticristo”, “homem da iniqüidade” (ou “do pecado”), “o filho da perdição”, e as figuras de Daniel 
e de Apocalipse são apenas descrições do princípio ímpio e anticristão, que se manifesta na oposição 
do mundo a Deus e a Seu reino, através de toda a história desse reino, oposição ora mais fraca, ora 
mais forte, mas ainda mais forte nas proximidades do fim dos tempos. Eles não estão em busca de 
nenhum Anticristo pessoal. Outros acham que é contrário à Escritura falar do Anticristo meramente 
como um poder abstrato. Estes sustentam que tal interpretação não faz justiça aos dados da 
Escritura, que não somente fala de um espírito abstrato, mas também de pessoas reais. Segundo eles, 
“Anticristo” é um conceito coletivo, o designativo de uma sucessão de pessoas a manifestar um 
espírito ímpio ou anticristão, tais como os imperadores romanos que perseguiram a igreja e os papas 
que se engajaram numa similar obra de perseguição. Mesmo estes não pensam num Anticristo 
pessoal que será em si mesmo a concentração de toda a iniqüidade. Contudo, a opinião mais geral 
no seio da igreja é que, em última análise, o termo “Anticristo” denota uma pessoa escatológica, que 
será a encarnação de toda a iniqüidade e, portanto, representa um espírito que sempre está presente 
no mundo, ora mais, ora menos, e que tem diversos precursores ou tipos na história. Este conceito 
prevaleceu na Igreja Primitiva e, ao que parece, é o conceito escriturístico. 
 
Pode-se dizer o seguinte, em seu favor: (a) O esboço do Anticristo em Dn 11 é mais ou menos 
pessoal, e pode referir-se a uma pessoa definida como um tipo de Anticristo. (b) Paulo fala do 
Anticristo como “o homem da iniqüidade” e como “o filho da perdição”. Devido ao peculiar 
emprego hebraico dos termos “homem” e “filho”, estas expressões , em si mesmas, podem não ser 
conclusivas, mas o contexto favorece a idéia de pessoa. Ele se levanta contra, ostenta-se como se fora 
Deus, tem uma revelação definida, é o iníquo, e assim por diante. (c) Embora João fale de muitos 
anticristos como já presentes, fala também do Anticristo no singular, como alguém que ainda virá no 
futuro, I Jo 2.18. (d) Mesmo no Livro de Apocalipse, onde a apresentação é grandemente simbólica, 
não falta o elemento pessoal, como por exemplo, em Ap 19.20, que fala do Anticristo e seu 
subordinado como sendo lançados no lago de fogo. (e) E desde que Cristo é uma pessoa, é 
simplesmente natural entender que o Anticristo também será uma pessoa. 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11 
 
 
Sinais E Prodígios 
A Bíblia fala de vários sinais que precederão o fim do mundo e a vinda de Cristo. Ela menciona (a) 
guerras e rumores de guerras, fomes e terremotos em diversos lugares, coisas descritas como o 
princípio das dores de parto, sendo que o parto é, por assim dizer, o renascimento do universo por 
ocasião da vinda de Cristo; (b) a vinda de falsos profetas, quelevarão muitos a desviar-se, e de 
falsos Cristos, que exibirão grandes sinais e prodígios para desencaminhar, se possível, até os 
eleitos; e (c) terríveis portentos nos céus, envolvendo o sol, a lua e as estrelas, quando os poderes dos 
céus serão abalados, Mt 24.29, 30; Mc 13.24, 25; Lc 21.25,26. Dado que alguns desses sinais são tais 
que ocorrem repetidamente na ordem natural dos acontecimentos, surge naturalmente a questão 
sobre como poderão ser reconhecidos como sinais especiais do fim. Geralmente se chama a atenção 
para o fato de que eles serão diferentes das ocorrências anteriores em intensidade e extensão. Mas, 
por certo, isso não satisfaz inteiramente porque os que vêem esses sinais nunca poderão saber, se 
não houver outras indicações, se aos sinais que estão testemunhando não se seguirão outros sinais 
parecidos, de ainda maior extensão e intensidade. Portanto, deve-se chamar a atenção para o fato de 
que, ao se aproximar o fim, haverá uma extraordinária conjunção de todos esses sinais, e de que as 
ocorrências naturais serão acompanhadas por fenômenos sobrenaturais, Lc 21.25,26. Disse Jesus: 
“quando virdes todas estas cousas, sabei que está próximo, às portas”. Mt 24.33. 
 
AA PPAARROOUUSSIIAA OOUU AA SSEEGGUUNNDDAA VVIINNDDAA PPRROOPPRRIIAAMMEENNTTEE DDIITTAA 
Imediatamente após os portentos recém-mencionados, “aparecerá no céu o sinal do Filho do 
Homem ... e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu”, Mt 24.30. Com relação a isto, 
os seguintes pontos devem ser observados. 
 
Data Da Segunda Vinda. Não se sabe a ocasião exata da vinda do Senhor, Mt 24.36, e todas as 
tentativas dos homens para determinar a data exata evidenciaram-se errôneas. A única coisa que se 
pode dizer com certeza, com base na Escritura, é que Cristo voltará no fim do mundo. Os discípulos 
perguntaram ao Senhor: “que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século”?, Mt 24.3. Eles 
ligaram os dois fatos, e de nenhum modo o Senhor deu a entender que isso é um erro, mas, ao 
contrário, admitiu em Seu discurso que está certo. Cristo apresenta os dois fatos em sincronia, em 
Mt 24.29-31, 35-44; Mt 13.39, 40. Paulo e Pedro também falam dos dois como coincidentes, I Co 
15.23, 24; II Pe 3.4-10. Um estudo dos concomitantes da segunda vinda leva ao mesmo resultado. 
 
 A ressurreição dos santos será um dos concomitantes I Co 15.23; I Ts 4.16, e Jesus nos assegura que 
Ele os ressuscitará no ultimo dia, Jo 6.39, 30, 44, 54. De acordo com Thayer, Cremer-Koegel, Walker, 
Salmond, Zahn e outros, isto só pode significar o dia da consumação – o fim do mundo. Outro dos 
seus concomitantes será o julgamento do mundo, Mt 25.31-46, particularmente, também, o 
julgamento dos ímpios, II Ts 1.7-10, que os premilenistas colocam no fim do mundo. E, finalmente, 
junto com a segunda vinda ocorrerá a restauração de todas as coisas, At 3.20,21. A forte expressão 
“restauração de todas as cousas” é forte demais para referir-se a algo menos que o perfeito 
restabelecimento do estado de coisas anterior à queda do homem. Ela indica o restabelecimento de 
todas as coisas à sua condição antiga, e isto não se verá no milênio dos premilenistas. Até o pecado e 
a morte continuarão a destruir as suas vítimas durante aquele período. 
 
Como foi assinalado acima, várias coisas terão que ocorrer antes do retorno do Senhor. Deve-se ter 
isto em mente ao se fazer a leitura das passagens que falam da vinda do Senhor ou dos últimos dias 
como próximos, Mt 16.28; 24.34; Hb 10.25; Tg 5.9; I Pe 4.5; I Jo 2.18. Elas encontram sua explicação, 
em parte no fato de que, considerada na perspectiva de Deus, para quem um dia é como mil anos, e 
mil anos como um dia, a vinda sempre está próxima; em parte, na apresentação que a Bíblia faz dos 
tempos do Novo testamento como constituindo os últimos dias ou os últimos tempos; em parte, no 
fato de que o Senhor, ao falar da Sua vinda, nem sempre tem em mente o Seu regresso físico no fim 
dos tempos, mas pode referir-se à Sua vinda no Espírito Santo; e em parte, no característico escorço 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 12 
profético, em que não se faz clara distinção entre a vinda próxima do Senhor, na destruição de 
Jerusalém, e Sua vinda final, para julgar o mundo. Várias seitas muitas vezes têm feito para fixar a 
data exata da segunda vinda, mas essas tentativas sempre são enganosas. Jesus disse explicitamente: 
“Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão 
somente o Pai”, Mt 24.36. A declaração a respeito do Filho provavelmente significa que este 
conhecimento não estava incluído na revelação que Ele, na qualidade de Mediador, tinha que 
realizar. 
 
O Modo Da Segunda Vinda. Os seguintes pontos merecem ênfase aqui: a. Será uma vinda pessoal. 
Isto se deduz da afirmação feita pelos anjos aos discípulos no Monte da Ascensão: “Esse Jesus que 
dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir”, At 1.11. A pessoa de Jesus 
os estava deixando, e a pessoa de Jesus voltaria. No sistema do modernismo dos dias atuais não há 
lugar para um retorno pessoal de Jesus Cristo. Douglas Clyde Macintosh vê o regresso de Cristo no 
“progressivo domínio sobre os indivíduos e sobre a sociedade exercido pelos princípios morais e 
religiosos do cristianismo, isto é, pelo Espírito de Cristo”. William Newton Clarke diz “Não se deve 
esperar nenhum retorno visível de Cristo à terra, mas, sim, o longo e constante progresso do Seu 
reino espiritual. ... Se nosso Senhor tão somente completar a vinda espiritual que iniciou, não haverá 
necessidade de um advento visível para tornar perfeita a Sua glória na terra”. Segundo William 
Adams Brown, “Não mediante uma catástrofe abrupta, poderá ser, como na esperança cristã 
primitiva, mas pelo método mais lento e mais seguro da conquista espiritual, o ideal de Jesus ainda 
obterá a aquiescência universal que Ele merece, e o Seu espírito dominará o mundo. Esta é a 
verdade pela qual a doutrina do segundo advento permanece de pé”. Walter Rauschenbusch e 
Sailer Mathews falam da segunda vinda em termos similares. Estes e aqueles interpretam as vívidas 
descrições da segunda vinda de Cristo como representações figuradas da idéia de que o espírito de 
Cristo será uma crescente e penetrante influência na vida do mundo. Mas não se pode negar que 
essas representações não fazem justiça às descrições que se acham em passagens como At 1.11; 3.20, 
21; Mt 24.44; I Co 15.22; Fp 3.20; Cl 3.4; I Ts 2.19; 3.13; 4.15-17; II Tm 4.8; Tt 2.13; Hb 9.28. Os próprios 
modernistas admitem isso quando dizem que estas passagens representam o antigo modo judaico 
de pensar. Eles têm uma nova e melhor luz sobre o assunto, mas é uma luz que se obscurece cada 
vez mais, em vista dos acontecimentos mundiais dos presentes dias. b. Será uma vinda física. Que a 
volta do Senhor será física se deduz de passagens como At 1.11; 3.20, 21; Hb 9.28; Ap 1.7. 
 
Jesus voltará corporalmente á terra. Há alguns que identificam a predita vinda do Senhor com a Sua 
vinda espiritual no dia de Pentecoste, e entendem que a parousia significa a presença espiritual do 
Senhor na igreja. Segundo a descrição que fazem, o Senhor voltou no Espírito Santo no dia de 
Pentecoste, e agora está presente (daí parousia) na igreja.Dão ênfase especial ao fato de que a palavra 
parousia significa presença. Ora, é mais que evidente que o Novo Testamento fala de uma vinda 
espiritual de Cristo, Mt 16.28; Jo 14.18, 23; Ap 3.20; mas esta vinda, quer à igreja no dia de 
Pentecoste, quer ao indivíduo em sua renovação espiritual, Gl 116, não pode ser identificada com o 
que a Bíblia apresenta como a segunda vinda de Cristo. É verdade que a palavra parousia significa 
presença, mas o doutor Vos demonstrou acertadamente que, em seu emprego religioso e 
escatológico, também significa chegada, e que no Novo Testamento a idéia de chegada ocupa o 
primeiro plano. Alémdisso, devemos ter em mente que existem outros termos no Novo Testamento 
que servem para designar a segunda vinda, a saber, apokalypsis, epiphaneia e phanerosis, cada um dos 
quais indica uma vinda que se pode ver. E, finalmente, não devemos esquecer que as epístolas se 
referem repetidamente à segunda vinda como um evento ainda futuro, Fp 3.20; I Ts 3.13; 4.15, 16; II 
Ts 1.7-10; Tt 2.13. isto não se enquadra na idéia de que a vinda já é um evento do passado. c. Será 
uma vinda visível. Isto se relaciona intimamente com o item anterior. Pode-se dizer que, se a vinda do 
Senhor será física, também será visível. Isto parece seguir-se como um fato lógico, mas os russelitas 
ou sectários da aurora do milênio não pensam assim. Afirmam eles que o retorno de Cristo e a 
inauguração do milênio deram-se invisivelmente em 1874, e que Cristo teria vindo com poder em 
1914 com o propósito de remover a igreja e derribar os reinos do mundo. Quando passou o ano de 
1914 sem o aparecimento de Cristo, eles buscaram um meio de escapar da dificuldade na 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13 
conveniente teoria de que Ele permaneceu oculto porque o povo não manifesta arrependimento 
suficiente. Portanto, Cristo veio, e o fez invisivelmente. Todavia, a Escritura não nos deixa em 
dúvida quanto à visibilidade da volta do Senhor. Numerosas passagens a atestam, como Mt.24.30; 
26.64; Mc 13.26; Lc 21.27; At 1.11; Cl 3.4; Tt 2.13; Hb 9.28; Ap 1.7. d. Será uma vinda repentina. Embora 
de um lado a Bíblia ensine que a vinda do Senhor será precedida por diversos sinais, ensina, de 
outro lado, que, de maneira igualmente enfática, a vinda será repentina, será inesperada, tomando 
de surpresa o povo, Mt 24.37-44; 25.1-12; Mc 13.33-37; I Ts 5.2,3; Ap 3.3; 16.15. Isto não é 
contraditório, pois os sinais preditos não são de molde a designar o tempo exato. 
 
 Os profetas indicaram certos sinais que precederiam a primeira vinda de Cristo e, contudo, Sua 
vinda tomou a muitos de surpresa. A maioria do povo não deu atenção aos sinais, fossem estes 
quais fossem. A Bíblia dá a entender que a medida da surpresa que haverá quando da vinda de 
Cristo será na razão inversa à medida da vigilância das pessoas. e. Será uma vinda gloriosa e triunfal. 
A segunda vinda de Cristo, conquanto pessoal, física e visível, será todavia muito diferente da Sua 
primeira vinda. Ele não voltará no corpo da Sua humilhação, mas num corpo glorificado e com 
vestes reais, Hb 9.28. As nuvens do céu serão Sua carruagem, Mt 24.30, os anjos Seu corpo de 
guarda, II Ts 1.7, os arcanjos Seus arautos, I Ts 4.16, e os santos de Deus serão o Seu glorioso séqüito, 
I Ts 3.13; II Ts 1.10. Ele virá como Rei dos reis e Senhor dos Senhores, triunfante sobre todas as forças 
do mal, havendo posto todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés, I Co 15.25; Ap 19.11-16. 
 
O Propósito Da Segunda Vinda. Cristo voltará no fim do mundo com o propósito de introduzir a 
era vindoura, o estado eterno de coisas, e o fará inaugurando e completando dois eventos 
formidáveis, quais sejam, a ressurreição dos mortos e o juízo final, Mt 13.49, 50; 16.27; 24.3; 25.14-46; 
Lc 9.26; 19.15, 26, 27; Jo 5.25-29; At 17.31; Rm 2.3-16; I Co 4.5; 15.23; II Co 5.10; Fp 3.20, 21; I Ts 4.13-
17; II Ts 1.7-10; 2.7, 8; I Tm 4.1, 8; II Pe 3.10-13; Jd 14, 15; Ap 20.11-15; 22.12. Na descrição da 
Escritura, como já foi dado a ver no item anterior, o fim do mundo, o dia do Senhor, a ressurreição 
física dos mortos e o juízo final coincidem. Esse grande ponto decisivo trará também a destruição de 
todos os poderes malignos hostis ao reino de Deus, II Ts 2.8; Ap 20.14. Pode-se duvidar disto, caso 
se leiam as passagens pertinentes doutra maneira, se Ap 20.1-6 não tivesse sido estabelecido por 
alguns como o padrão pelo qual todo o restante do Novo Testamento deve ser interpretado. De 
acordo com os premilenistas, a segunda vinda de Cristo atenderá primariamente ao propósito de 
estabelecer o reino visível de Cristo e Seus santos na terra, e de inaugurar o real dia da salvação para 
o mundo. Isto envolverá o arrebatamento, a ressurreição dos justos, as bodas do Cordeiro, e os 
juízos sobre os inimigos de Deus. Mas as outras ressurreições e os outros juízos se seguirão a 
diversos intervalos, e a ultima ressurreição e o juízo final estarão separados da segunda vinda por 
mil anos. As objeções a este conceito foram dadas acima, em parte, e em parte serão mencionadas 
nos capítulos subseqüentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14 
UUNNIIDDAADDEE IIII 
AA IINNTTEERRPPRREETTAAÇÇÃÃOO DDAA PPRROOFFEECCIIAA 
............................................................... 
 
 "A necessidade primordial de um sistema hermenêutico é averiguar o significado da Palavra de Deus". 
 
.............................................................. 
 
 
 
OOSS MMÉÉTTOODDOOSS DDEE IINNTTEERRPPRREETTAAÇÇÃÃOO 
Se Rutgers estiver correto ao afirmar sobre o pré-milenarista: "Considero sua interpretação das 
Escrituras o erro fundamental" e se a diferença reconhecida entre o pré-milenarismo e o 
amilenarismo se acha na proposta básica do método empregado para interpretar as Escrituras, o 
problema fundamental por estudar no início de qualquer consideração escatológica é o da 
hermenêutica da profecia. É propósito deste estudo examinar os importantes métodos defendidos 
atualmente como o meio correto de interpretar as Escrituras, para adquirir clara compreensão das 
diferenças entre os métodos, estudar a história da doutrina, a fim de poder identificar a origem dos 
métodos divergentes, e listar as regras a empregar na interpretação, a fim de poder aplicar 
corretamente o método oficial de interpretação. "A necessidade primordial de um sistema 
hermenêutico é averiguar o significado da Palavra de Deus." É óbvio que concepções tão 
amplamente divergentes como pré-milenarismo e amilenarismo e pré-tribulacionismo e pós-
tribulacionismo não podem ser todas corretas. Já que o intérprete não está manejando um livro de 
origem humana, mas a Palavra de Deus, deve munir-se de um método preciso de interpretação, 
caso contrário o erro será o resultado inevitável de seu estudo. O fato de que a Palavra de Deus não 
pode ser corretamente interpretada a não ser por um método correto e por regras lógicas de 
interpretação confere a este estudo sua suprema importância. Embora diversos métodos de 
interpretação das Escrituras tenham sido propostos no decorrer da história da interpretação (em que 
se observam métodos como o haláquico, o hagádico, o alegórico, o místico, o conciliatório, o moral, 
o naturalístico, o mítico, o apologético, o dogmático e o histórico-gramatical), existem hoje apenas 
dois métodos com influência vital na escatologia: o alegórico e o histórico-gramatical. O método 
literal é geralmente tido como sinônimo do método histórico-gramatical e será usado ao longo deste 
debate. Esses dois métodos serão considerados detidamente. 
 
OO MMÉÉTTOODDOO AALLEEGGÓÓRRIICCOO 
Um antigo método de interpretação que passou por um reavivamento nos últimos tempos é o 
método alegórico. 
 
A definição do método alegórico 
Angus e Green definem alegoria da seguinte forma: Qualquer declaração de supostos fatos que 
aceita interpretação literal e, no entanto, requer ou simplesmente admite interpretação moral ou 
figurada, é chamada alegoria. E para a narrativa ou para a história o que as figuras de linguagem são 
para as palavras simples, adicionando ao sentido literal dos termos empregados um sentido moral 
ou espiritual. Às vezes a alegoria é pura, ou seja, sem referência direta à sua aplicação, como na 
história do filho pródigo. Às vezes é mista, como no salmo 80, em que simplesmente se insinua (v. 
17) que os judeus são o povo que a videira tem por objetivo representar. Ramm define o método 
alegórico da seguinte forma: "Alegorizaçãoé o método de interpretar um texto literário 
considerando o sentido literal veículo para um sentido secundário, mais espiritual e mais profundo". 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15 
Nesse método, o significado histórico é negado ou desprezado, e a tônica recai inteiramente num 
sentido secundário, de modo que as palavras ou os acontecimentos primeiros têm pouco ou 
nenhum significado. Fritsch resume esse pensamento assim: De acordo com esse método, o sentido 
literal e histórico das Escrituras é completamente desprezado, e cada palavra e acontecimento é 
transformado em alegoria de algum tipo, já para escapar de dificuldades teológicas, já para 
sustentar certas crenças religiosas estranhas. Parece que o propósito do método alegórico não é 
interpretar as Escrituras, mas perverter o verdadeiro sentido delas, embora sob o pretexto de buscar 
um sentido mais profundo ou mais espiritual. 
 
Os perigos do método alegórico 
O método alegórico é repleto de perigos que o tornam inaceitável ao intérprete da Palavra. O 
primeiro grande perigo do método alegórico é que ele não interpreta as Escrituras. Terry afirma: ... 
será imediatamente percebido que seu hábito é desprezar o significado comum das palavras e dar 
asas a todo tipo de especulação fantasiosa. Ele não extrai o sentido legítimo da linguagem de um 
autor, mas insere nele todo tipo de extravagância ou fantasia que um intérprete possa desejar. Como 
sistema, portanto, ele se coloca além de todos os princípios e leis bem definidos. Angus e Green 
expressam o mesmo perigo quando escrevem: Existe uma liberdade ilimitada para a fantasia, basta 
que se aceite o princípio, e a única base da exposição encontra-se na mente do expositor. 
 
O esquema não pode produzir nenhuma interpretação propriamente denominada, embora algumas 
verdades valiosas possam ser ilustradas. A citação anterior deixa prever, também, um segundo 
grande perigo no método alegórico: a autoridade básica da interpretação deixa de ser a Bíblia e 
passa a ser a mente do intérprete. A interpretação pode então ser distorcida pelas posições 
doutrinárias do intérprete, pela autoridade da igreja à qual ele pertence, por seu ambiente social e 
por sua formação ou por uma enormidade de fatores. Jerônimo... reclama que o estilo mais errôneo 
de ensino é corromper o sentido das Escrituras e arrastar sua expressão relutante para nossa própria 
vontade, produzindo mistérios bíblicos a partir de nossa própria imaginação. Farrar acrescenta: 
Quando o princípio da alegoria é aceito, quando começamos a demonstrar que passagens e livros 
inteiros da Escritura dizem algo que não querem dizer, o leitor é entregue de mãos amarradas aos 
caprichos do interprete. Um terceiro grande perigo do método alegórico é que não há meios de 
provar as conclusões do intérprete. Ramm, citado anteriormente, afirma: Ele não pode estar seguro 
de coisa alguma, exceto do que lhe for ditado pela igreja, e em todas as eras a autoridade da "igreja" 
tem sido falsamente reivindicada pela presunçosa tirania das falsas opiniões dominantes. 
 
E acrescenta: ... afirmar que o principal significado da Bíblia é um sentido secundário e que o 
principal método de interpretação é a "espiritualização" é abrir a porta a imaginação e especulação 
praticamente desenfreadas. Por essa razão, insistimos em que o controle na interpretação se encontra 
no método literal. Que esses perigos existem e que o método alegórico de interpretação é usado para 
perverter as Escrituras é reconhecido por Allis, ele próprio defensor do método alegórico no campo 
da escatologia, quando diz: Se a interpretação figurada ou "espiritual" de determinada passagem é 
justificada ou não depende somente de ela fornecer ou não o sentido verdadeiro. Se for usada para 
esvaziar as palavras de seu sentido claro e óbvio, privando-as de sua intenção clara, então 
alegorização ou espiritualização são termos de pejoração bastante merecida. Assim, os grandes 
perigos inerentes a esse sistema são a eliminação da autoridade das Escrituras, a falta de bases pelas 
quais averiguar as interpretações, a redução das Escrituras ao que parece razoável ao intérprete e, 
por conseguinte, a impossibilidade de uma interpretação verdadeira das Escrituras. 
 
O uso da alegoria no Novo Testamento 
Para justificar o uso do método alegórico, freqüentemente se argumenta que o próprio Novo 
Testamento o emprega, por isso, só pode tratar-se de um método justificável de interpretação. Em 
primeiro lugar, faz se referência a Gálatas 4.21 31, em que o próprio Paulo teria usado o método 
alegórico. Quanto a esse suposto emprego da alegoria, Farrar observa: ... alegoria que de alguma 
forma se assemelhe às de Filo, ou à dos pais, ou à dos escolásticos, só consigo encontrar uma no 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16 
Novo Testamento “Gl 4.21-31”. Ela pode ter sido usada por Paulo como simples argumento ad 
hominem; não é, de maneira alguma, essencial ao argumento; não tem uma partícula de força 
demonstrativa e, além de tudo, deixa intocada a história real. No entanto, seja qual for nossa opinião 
sobre a passagem, a ocorrência de uma alegoria na epístola de Paulo não sanciona a aplicação 
universal do método, assim como umas poucas alusões neotestamentárias a Hagada Conjunto de 
tradições narrativas e interpretativas judaicas, algumas delas lendárias, associadas às narrativas do 
Antigo Testamento. Não nos obrigam a aceitar todos os Midrashim Interpretações rabínicas em que 
sentidos secundários e esotéricos eram propostos para passagens do Antigo Testamento. Rabínicos, 
nem umas poucas citações de poetas gregos provam a autoridade divina dos escritos pagãos... 
Gilbert, seguindo a mesma linha, conclui: Uma vez que Paulo explicou alegoricamente um 
acontecimento histórico do Antigo Testamento, parece provável que aceitasse a possibilidade de 
aplicar em outros lugares o princípio da alegoria; no entanto, o fato de suas cartas não mostrarem 
nenhuma outra ilustração inconfundível de alegoria mostra que ele não sentiu que fosse cabível 
desenvolver o sentido alegórico das Escrituras, ou, o que é mais provável, que em geral ele ficava 
mais satisfeito em oferecer a seus leitores o sentido original simples do texto. 
 
Com respeito ao uso do método por outros autores do Novo Testamento, Farrar conclui: A melhor 
teoria judaica, purificada no cristianismo, toma literalmente os ensinos da velha dispensação, mas 
vê neles, como Paulo, a sombra e o germe de desenvolvimentos futuros. A alegoria, embora usada 
uma vez por Paulo a título de ilustração passageira, é desconhecida de outros apóstolos e jamais 
sancionada por Cristo. Devemos observar cuidadosamente que em Gálatas 4.21-31 Paulo não está 
usando o método alegórico de interpretação do Antigo Testa-mento, mas está explicando uma 
alegoria. São duas coisas completamente diferentes. As Escrituras estão repletas de alegorias, sejam 
tipos, sejam símbolos, sejam parábolas. Esses são meios aceitos e legítimos de comunicar o 
pensamento. Não exigem um método alegórico de interpretação, que negaria o antecedente literal e 
histórico e usaria a alegoria apenas como trampolim para a imaginação do intérprete. Antes, exigem 
um tipo especial de hermenêutica que será considerado posteriormente. O uso de alegorias, 
entretanto, não é justificativa para o uso do método alegórico de interpretação. Conclui-se que o uso 
do Antigo Testamento em Gálatas seria um exemplo de alegoria e não justificaria a aplicação 
universal do método alegórico a toda a Escritura. O segundo argumento para justificar o método 
alegórico é o uso que o Novo Testamento faz de tipos. Sabe-se que o Novo Testamento faz uma 
aplicação tipológica do Antigo. Com base nisso, argumenta-se que o Novo Testamento emprega o 
método alegórico de interpretação, afirmando-se que a interpretação e o uso de tipos constituem o 
método alegórico de interpretação. Allisargumenta: Embora os dispensacionalistas sejam literalistas 
extremados, são também incoerentes. São literalistas ao interpretar profecia. Na interpretação da 
história, todavia, levam o princípio de tipificação a um extremo que raramente foi alcançado sequer 
pelo mais ardente alegorista. 
 
Em resposta à acusação de que interpretar tipos é utilizar o método alegórico, devemos enfatizar 
que a interpretação de tipos não é a mesma coisa que a interpretação alegórica. A eficácia do tipo 
depende da interpretação literal do antecedente literal. Para comunicar verdades no campo 
espiritual, com o qual não estamos familiarizados, é preciso haver instrução em um campo que 
conheçamos, de modo que, por meio da transferência de algo literalmente verdadeiro neste campo, 
possamos aprender o que é verdadeiro no campo anterior. E necessário haver um paralelismo literal 
entre o tipo e o antítipo para que o tipo tenha algum valor. Quem alegoriza o tipo jamais chegará à 
verdadeira interpretação. A única maneira de discernir o significado do tipo é pela transferência de 
idéias literais do campo natural para o espiritual. Chafer escreve corretamente: No estudo de 
alegorias de várias espécies ou seja, parábolas, tipos e sim-bolos, o intérprete precisa ser cuidadoso 
para não tratar declarações claras das Escrituras segundo o que se exige da linguagem característica 
das expressões figuradas. Uma verdade já expressa merece ser repelida nesta altura: há toda a 
diferença do mundo entre interpretar uma alegoria das Escrituras, de um lado, e alegorizar uma 
passagem literal, de outro. Conclui-se, assim, que o uso de tipos nas Escrituras não sanciona o 
método alegórico de interpretação. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17 
 
OO MMÉÉTTOODDOO LLIITTEERRAALL 
Em oposição direta ao método alegórico de interpretação encontra-se o método literal ou histórico-
gramatical. 
 
A definição do método literal 
O método literal de interpretação é o que dá a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que teria 
no uso costumeiro, normal, cotidiano, empregada de modo escrito, oral ou conceitual. Chama-se 
método histórico-gramatical para ressaltar o conceito de que o sentido deve ser apurado mediante 
considerações históricas e gramaticais. Ramm define o método da seguinte forma: O significado 
costumeiro e socialmente reconhecido de uma palavra é o sentido literal dessa palavra. O sentido 
"literal" de uma palavra é o seu significado básico, costumeiro, social. O sentido espiritual ou oculto de 
uma palavra ou expressão é o que deriva do significado literal e dele depende para sua existência. 
Interpretar literalmente significa nada mais, nada menos que interpretar sob o aspecto do significado 
normal, costumeiro. Quando o manuscrito altera seu significado, o intérprete imediatamente altera 
seu método de interpretação. 
 
As evidências a favor do método literal 
Podem-se apresentar fortes evidências em apoio ao método literal de interpretação. Ramm aposenta 
um resumo abrangente. Ele diz, Em defesa da abordagem literal, podemos sustentar que: 
 
a) O sentido literal das frases é a abordagem normal em todas as línguas [...] 
 
b) Todos os sentidos secundários de documentos, parábolas, tipos, alegorias e símbolos dependem, 
para sua própria existência, do sentido literal prévio dos termos [...] 
 
c) A maior parte da Bíblia tem sentido satisfatório se interpretada literalmente. 
 
d) A abordagem literalista não elimina cegamente as figuras de linguagem, os símbolos, as alegorias 
e os tipos; no entanto, se a natureza das frases assim exigir, ela se presta prontamente ao segundo 
sentido. 
 
e) Esse método é o único freio sadio e seguro para a imaginação do homem. 
 
f) Esse método é o único que se coaduna com a natureza da inspiração. A inspiração completa das 
Escrituras ensina que o Espírito Santo guiou homens à verdade e os afastou do erro. Nesse processo, 
o Espírito de Deus usou a linguagem, e as unidades de linguagem (como sentido, não como som) 
são palavras e pensamentos. O pensamento é o fio que une as palavras. Portanto, nossa própria 
exegese precisa começar com um estudo de palavras e de gramática, os dois elementos 
fundamentais de toda linguagem significativa. 
 
Visto que Deus concedeu Sua Palavra como revelação ao homem, teria de esperar que Sua revelação 
fosse dada de forma tão exata e específica que Seus pensamentos pudessem ser comunicados e 
entendidos corretamente quando interpretados segundo as leis da linguagem da gramática. Tomada 
como evidência, essa pressuposição favorece a interpretação literal, pois um método alegórico de 
interpretação turva-ria o sentido da mensagem entregue por Deus ao homem. O fato de que as 
Escrituras continuamente remetem para interpretações literais e o que foi anteriormente escrito 
serve de prova adicional quanto ao método a ser empregado para interpretar a Palavra. Talvez uma 
das evidências mais fortes a favor do método literal seja o uso que o Novo Testamento faz do 
Antigo. Quando o Antigo Testamento é usado no Novo, só o é em sentido literal. Basta estudar as 
profecias que foram cumpridas na primeira vinda de Cristo —em Sua vida, em Seu ministério e em 
Sua morte— para comprovar esse fato. Nem uma profecia sequer, dentre as que se cumpriram 
plenamente, foi cumprida de outro modo que não o literal. Embora possa ser citada uma profecia no 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18 
Novo Testamento como prova de que certo acontecimento cumpre de modo parcial uma profecia, 
ou para mostrar que um acontecimento está em harmonia com o plano preestabelecido de Deus 
(como em At 15), isso não torna necessário um cumprimento não literal nem nega um cumprimento 
completo no futuro, pois tais aplicações da profecia não exaurem o seu cumprimento. Portanto, 
essas referências à profecia não servem de argumentos a favor de um método não literal. Com base 
nessas considerações, podemos concluir que há evidências de apoio à validade do método literal de 
interpretação. Outras evidências a favor do método literal serão apresentadas no estudo a seguir 
sobre a história da interpretação. 
 
As vantagens do método literal 
Há certas vantagens neste método que o tornam preferível em relação ao alegórico. Ramm resume 
algumas delas: 
 
a) Baseia a interpretação em fatos. Procura estabelecer-se sobre dados objetivos — gramática, lógica, 
etimologia, história, geografia, arqueologia, teologia; 
 
b) Exerce sobre a interpretação um controle semelhante ao que a experiência exerce sobre o método 
científico a justificação é o controle das interpretações. Qualquer coisa que não se conforme aos cânones 
do método literal-cultural-crítico deve ser rejeitada ou vista com suspeita. Além disso, esse método 
oferece a única fiscalização fidedigna para a constante ameaça de aplicar uma interpretação de 
duplo sentido às Escrituras; 
 
c) Tem obtido o maior sucesso na exposição da Palavra de Deus. A exegese não começou a sério até a 
igreja já ter mais de um milênio e meio de idade. Com o literalismo de Lutero e de Calvino, a luz da 
Escritura literalmente se acendeu. Esse é o aclamado método da alta tradição escolástica do 
protestantismo conservador. É o método de Bruce, Lightfoot, Zahn, A. T. Robertson, Ellicott, 
Machen, Cremer, Terry, Farrar, Lange, Green, Oehler, Schaff, Sampey, Wilson, Moule, Perowne, 
Henderson Broadus, Stuart para citar apenas alguns exegetas típicos. 
 
d) Nos fornece uma autoridade básica por meio da qual interpretações individuais podem ser postas 
a prova. O método alegórico, que depende da abordagem racionalista do intérprete ou da 
conformidade a um sistema teológico predeterminado, deixa-nos sem uma verificação autorizada 
por base. No método literal, uma passagem da Escritura pode ser comparada a outra, pois, como 
Palavra de Deus, tem autoridade e é o padrão pelo qual toda verdade deve ser testada.e) o método nos livra tanto da razão quanto do misticismo como requisitos da interpretação. Não é 
necessário depender de treinamento ou de capacidade intelectual, nem do desenvolvimento de 
percepção mística, e sim da compreensão do que está escrito em sentido comumente aceito. Somente 
sobre esse fundamento o leitor médio pode compreender e interpretar as Escrituras por si mesmo. 
 
O método literal e a linguagem figurada 
Todos reconhecem que a Bíblia está repleta de linguagem figurada. Com base nisso, muitas vezes 
afirma-se que o uso de linguagem figurada exige interpretação figurada. Figuras de linguagem, no 
entanto, são usadas como meios de revelar verdades literais. O que é literalmente verdadeiro em 
determinado campo, com o qual estamos familiarizados, é transposto literalmente para outro 
campo, com o qual talvez não estejamos tão familiarizados, para nos ensinar alguma verdade nesse 
campo menos conhecido. Essa relação entre verdade literal e linguagem figurada é bem ilustrada 
por Gigot: Se as palavras são empregadas em seu significado natural e primitivo, o sentido que 
expressam é o seu sentido literal estrito. Por outro lado, se são empregadas com um significado 
figurado e derivado, o sentido, embora ainda literal, é geralmente chamado metafórico ou figurado. 
Por exemplo, quando lemos em João 1.6 "Houve um homem cujo nome era João", é óbvio que os 
termos ali empregados são tomados estrita e fisicamente, pois o escritor fala de um homem real, cujo 
nome real era João. Por outro lado, quando João Batista, apontando para Jesus, disse: "Eis o Cordeiro 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 19 
de Deus" (Jo 1.29), também é claro que ele não usou a palavra "cordeiro" no mesmo sentido literal 
estrito que teria excluído toda metáfora ou figura de linguagem e denotado um cordeiro real: o que 
ele queria imediata e diretamente comunicar, isto é, o sentido literal de suas palavras, é que no 
sentido derivado e figurado Jesus podia ser chamado "Cordeiro de Deus". 
 
No primeiro caso, as palavras foram usadas em sentido literal estrito; no segundo, em sentido 
metafórico ou figurado. O fato de os livros das Sagradas Escrituras terem sentido literal (estrito ou 
metafórico, conforme explicado), isto é, sentido imediata e diretamente pretendido pelos escritores 
sacros, é uma verdade tão clara em si mesma e ao mesmo tempo tão universalmente aceita, que seria 
inútil insistir nela aqui. Será que alguma passagem das Sagradas Escrituras tem mais que um 
sentido literal? Todos admitem que, uma vez que os livros sagrados foram compostos por homens e 
para homens, seus autores naturalmente conformaram se à mais elementar regra dos relaciona-
mentos humanos; que exige que apenas um sentido preciso seja imediata e diretamente pretendido 
pelas palavras de quem fala OU de quem escreve... Craven afirma a mesma relação entre linguagem 
figurada o verdade literal: Dentre os pares terminológicos escolhidos para designar as duas grandes 
escolas de exegetas proféticos, nenhum poderia ser mais infeliz que literal e espiritual. Esses termos 
não são antitéticos, nem retratam da maneira devida as peculiaridades dos respectivos sistemas para 
cuja caracterização são utilizados. São indiscutivelmente enganosos e tendenciosos. Literal não é 
antônimo de espiritual, mas de figurado; espiritual está em antítese, por um lado, a material e, por 
outro, a carnal (num mau sentido). 
 
O (chamado) literalista não é quem nega o uso na profecia de linguagem figurada ou de símbolos; 
tampouco nega que grandes verdades espirituais se-jam ali propostas; sua posição é, simplesmente, 
que as profecias devem ser interpretadas normalmente (de acordo com as leis aceitas da Linguagem) 
como quaisquer outros pronunciamentos considerando-se como tal qualquer que seja 
manifestamente figurado. Aposição dos chamados espiritualistas não é o que se entende estritamente 
pelo termo Espiritualista é quem afirma que, embora certas partes das profecias devam ser 
normalmente interpretadas, outras devem ser consideradas portadoras de sentido místico (com algum 
significado secreto). Assim, por exemplo, os chamados espiritualistas não negam que, quando o 
Messias é descrito como "varão de dores e homem que sabe o que é padecer", a profecia deve ser 
normalmente interpretada; todavia, afirmam que, quando se diz que Ele "virá com as nuvens do 
céu", essa linguagem deve ser "espiritualmente" (misticamente) interpretada. Os termos que expres-
sam estritamente essas duas escolas são normal e mística. Observar-se-á, assim, que o literalista não 
nega a existência de linguagem figurada. Ele nega, todavia, que tais figuras devam ser interpretadas 
de modo que destruam a verdade literal pretendida pelo emprego das figuras. A verdade literal 
deve ser informada por meio dos símbolos. 
 
Algumas objeções ao método literal 
Allis aponta três objeções ao método literal de interpretação: A linguagem da Bíblia muitas vezes 
contém figuras de linguagem. É o caso sobretudo da poesia. Na poesia dos Salmos, no estilo elevado 
da profecia e mesmo na simples narrativa histórica, surgem figuras de linguagem que obviamente 
não tinham o propósito de ser entendidas literalmente, e não podem sê-lo. O grande tema da Bíblia 
é Deus e Seus atos redentores para com a humanidade. Deus é Espírito; os ensinos mais preciosos da 
Bíblia são espirituais, e essas realidades espirituais e celestiais são muitas vezes apresentadas sob a 
forma de objetos terrenos e relacionamentos humanos. O fato de que o Antigo Testamento é ao 
mesmo tempo preliminar e preparatório ao Novo Testamento é tão óbvio que dispensa prova. Ao 
remeter os crentes de Corinto, a título de advertência, aos acontecimentos do Êxodo, o apóstolo 
Paulo declarou que aquelas coisas lhes haviam sobrevindo como "exemplos" (tipos). Isto é, 
prefiguravam coisas por vir. Isso confere a muito do que está no Antigo Testamento significância e 
importância especiais. Tal interpretação reconhece, à luz do cumprimento no Novo Testamento, um 
sentido mais profundo e muito mais maravilhoso nas palavras de muitas passagens do Antigo 
Testamento do que aquele que, tomadas em seus antecedentes veterotestamentários, elas parecem 
possuir. Em resposta ao primeiro desses argumentos, é necessário reconhecer o uso bíblico das 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20 
figuras de linguagem. 
 
Como se ressaltou previamente, as figuras de linguagem podem ser usadas para ensinar verdades 
literais de maneira mais vibrante que as palavras corriqueiras, mas nem por isso exigem 
interpretação alegórica. Com respeito ao segundo argumento, embora se reconheça que Deus é um 
ser espiritual, a única maneira pela qual Ele poderia revelar a verdade de um reino no qual ainda 
não entramos seria traçando um paralelo entre esse reino e o reino em que agora vivemos. Por meio 
da transferência de algo que é literalmente verdadeiro no reino conhecido para o reino 
desconhecido, este nos será revelado. O fato de Deus ser espiritual não exige interpretação alegórica. 
E preciso distinguir entre o que é espiritual e o que é espiritualizado. 
 
Por fim, com respeito à terceira objeção, embora se reconheça que o Antigo Testamento é preditivo, 
e que o Novo desenvolve o Antigo, a plenitude não é revelada no Novo por meio da alegorização do 
que é tipificado no Antigo; é revelada, isto sim, pelo cumprimento literal e pelo desenvolvimento da 
verdade literal dos tipos. Estes podem ensinar verdade literal, e o uso de tipos no Antigo 
Testamento não serve de apoio para o método alegórico de interpretação. Feinberg observa a 
propósito: Os espiritualistas parecem pensar que, pelo fato de a revelação ter vindo gradativamente, 
quanto mais recentes forem a profecia ou o assunto revelado, mais valiosos são. A revelação 
gradativa não tem nenhuma força na determinação do método de interpretação. Além do mais, uma 
interpretação correta deII Coríntios 3.6 não afeta em nada nossa posição. Quando Paulo diz "a letra 
mata, mas o Espírito vivifica", não está autorizando a interpretação espiritualizante das Escrituras. 
Se o literal mata, como é que Deus nos dá Sua mensagem em tal forma? O sentido pretendido pelo 
apóstolo evidentemente é que a mera aceitação da letra, sem a obra do Espírito Santo a ela 
relacionada, conduz à morte. 
 
AA HHIISSTTÓÓRRIIAA DDAA IINNTTEERRPPRREETTAAÇÇÃÃOO 
Como a disputa básica entre o pré-milenarista e o amilenarista é hermenêutica, é necessário rever o 
desenvolvimento dos dois métodos hermenêuticos sobre os quais repousam essas duas 
interpretações, ou seja, o literal e o alegórico, para que a autoridade do método literal possa ser 
firmada. É fato geralmente aceito por todos os estudiosos da história da hermenêutica que a 
interpretação começou por ocasião do retorno de Israel do exílio babilônico, sob a liderança de 
Esdras, conforme registrado em Neemias 8.1-8. Tal interpretação se fez necessária, primeiramente, 
por causa do longo período da história de Israel em que a lei mosaica foi esquecida e negligenciada. 
A descoberta do esquecido ''livro da lei" por Hilquias, durante o reinado de Josias, recolocou-a 
numa posição de destaque por breve período, apenas para ser novamente esquecida nos anos do 
exílio. Fez-se necessária, também, porque durante o exílio os judeus substituíram a língua nativa, o 
hebraico, pelo aramaico. Quando voltaram à sua terra, as Escrituras haviam-se tornado ininteligíveis 
para eles. Esdras teve de explicar ao povo as Escrituras, olvidadas e indecifráveis. Dificilmente 
poderíamos pôr em dúvida o fato de que a interpretação de Esdras do que estava escrito fosse 
literal. 
 
A Interpretação Judaica do Antigo Testamento 
Essa mesma interpretação literal foi característica marcante da interpretação do Antigo Testamento. 
Ao rejeitar o método estritamente literal de interpretação, Jerônimo "chama a interpretação literal de 
'judaica', dando a entender que facilmente pode tornar-se herética, e repetidas vezes afirma ser ela 
inferior à 'espiritual'. Aparentemente, na opinião de Jerônimo, método literal e interpretação judaica 
eram sinônimos. O rabinismo exerceu tamanho domínio sobre a nação judaica dada a união das 
autoridades sacerdotal e real numa única linhagem. O método empregado pelo rabinismo dos 
escribas não era alegórico, mas um método literal, que, em seu literalismo, esvaziava a lei de todos 
os seus requisitos espirituais. Embora levasse a conclusões falsas, isso não era culpa do método 
literal, mas da aplicação errada do método pela exclusão de qualquer outra coisa que não fosse a 
letra nua do que estava escrito. Briggs, depois de resumir as treze regras que governavam a 
interpretação rabínica, diz: Algumas das regras são excelentes e, tendo em vista a lógica prática da 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21 
época, não podem ser questionadas. O defeito da exegese rabínica não estava tanto nas regras quanto em 
sua aplicação, embora não seja difícil descobrir falácias tácitas naquelas e embora não ofereçam 
proteção suficiente contra deslizes de argumento “grifo do autor”. Devemos concluir, a despeito de 
todas as falácias do rabinismo judaico, que os judeus seguiam um método literal de interpretação. 
 
O Literalismo da Época de Cristo 
O literalismo entre os judeus. O método dominante de interpretação entre os judeus na época de 
Cristo certamente era o literal. Horne apresenta assim a questão: A interpretação alegórica das 
Escrituras sagradas não pode ser historicamente provada como a que prevalecia entre os judeus a 
partir do cativeiro babilônico; tampouco se pode provar que tenha sido comum entre os judeus na 
época de Cristo e de Seus apóstolos. Embora o Sinédrio e os ouvintes de Jesus muitas vezes 
recorressem no Antigo Testamento, jamais deram indício de adotar uma interpretação alegórica; 
mesmo Josefo jamais recorre a ela. Os judeus platônicos do Egito começaram, no primeiro século, 
em imitação aos gregos pagãos, a interpretar o Antigo Testamento alegoricamente. Filo de 
Alexandria destacou-se entre os judeus que praticavam esse método. Ele o defende como algo novo 
e até então desconhecido e, por essa razão, contestado por outros judeus. Jesus nunca esteve, 
portanto, numa situação em que fosse obrigado a adaptar-se a um costume dominante de 
interpretar alegoricamente as Escrituras. Tal método não era utilizado na época entre os judeus, 
certamente não entre os judeus da Palestina, onde Jesus viveu e ensinou. Os amilenaristas de nossos 
dias estão essencialmente de acordo com essa posição. 
 
Case, defensor ardoroso do amilenarismo, reconhece: Sem dúvida os antigos profetas hebreus 
anunciaram o advento de um dia terrível do Senhor, em que a velha ordem de coisas passaria 
subitamente. Profetas posteriores predisseram um dia de restauração para os exilados, em que toda 
a natureza seria milagrosamente modificada e um reino davídico ideal seria estabelecido. Os 
visionários de épocas seguintes retrataram a vinda de um reino divino verdadeiramente celestial, no 
qual os fiéis participariam das bênçãos milenares. Os primeiros cristãos esperavam em breve 
contemplar a Cristo voltando entre as nuvens, assim como o tinham visto subir aos céus 
literalmente. No que diz respeito a esse tipo de imagem, o milenarismo pode de forma bem justa 
alegar ser bíblico. Inquestionavelmente certos escritores bíblicos esperavam um fim catastrófico para 
o mundo. Retrataram os dias angustiosos que viriam imediatamente antes da catástrofe final, 
proclamaram o retorno visível do Cristo celestial e aguardaram ansiosamente a revelação da Nova 
Jerusalém. Qualquer tentativa de fugir a essas características literalistas do ideário bíblico é inútil. 
Desde os dias de Orígenes, certos intérpretes das Escrituras buscam refutar expectativas 
milenaristas afirmando que mesmo as declarações mais dramáticas sobre a volta de Jesus deveriam 
ser entendidas figuradamente. 
 
 Também se diz que Daniel e Apocalipse são livros altamente místicos e alegóricos, que não 
pretendiam referir-se a acontecimentos reais, quer passados, quer presentes, quer futuros, mas 
possuíam significado puramente espiritual, como o Paraíso perdido, de Milton, ou O peregrino, de 
John Bunyan. Tais recursos são meras evasivas, cujo propósito é tentar harmonizar as Escrituras às 
condições atuais, ao mesmo tempo que se despreza a vivida expectativa dos antigos. Os judeus 
afligidos no período dos macabeus exigiam não um fim figurado às suas angústias, mas um fim 
literal. Daniel não lhes prometeu nada menos que o estabelecimento literal de um novo regime 
celestial. De maneira igualmente realista, um escritor cristão primitivo escreveu: "... vereis o Filho do 
homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo com as nuvens do céu Mc 14.62" ou ainda "... 
dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam 
ter chegado com poder o reino de Deus Mc 9.1". Imaginem o choque de Marcos se lhe fosse dito que 
tais expectativas já haviam sido concretizadas nas aparições de Jesus depois da ressurreição, ou nas 
experiências extáticas dos discípulos no dia de Pentecostes, ou na salvação de crentes por ocasião de 
sua morte. E quem pode imaginar a sensação de Marcos se lhe fosse dito, de maneira bem moderna, 
que sua predição da volta de Cristo seria cumprida na Reforma Luterana, na Revolução Francesa, no 
reavivamento wesleyano, na abolição da escravatura, na democratização da Rússia ou no resultado 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 22 
da guerra mundial? Os pré-milenaristas estão plenamente justificados por protestar contra os 
oponentes que alegorizam ou espiritualizam passagens bíblicas pertinentes, conservando a 
fraseologia bíblica, mas pervertendo profundamente seu significado original. Ninguém sustentaria 
que o literalismodos intérpretes judeus era idêntico à moderna interpretação histórico-gramatical. 
 
Naquela época o literalismo decadente esvaziava as Escrituras de todo e qualquer significado. 
Ramm observa corretamente: ... o resultado de um bom movimento começado por Esdras foi uma 
interpretação decadente e hiperliteralista, corrente entre os judeus nos dias de Jesus e de Paulo. A 
escola literalista judaica é o que de pior o literalismo produziu. É a exaltação da letra a ponto de se 
perder todo o sentido verdadeiro. Exagera de modo grosseiro o secundário e o fortuito, 
desprezando o essencial ou dele se desviando. No entanto, não podemos negar que o literalismo era 
o método aceito. O uso errado do método não milita contra o próprio método. O que estava errado 
não era o método, mas o seu emprego. 
 
O literalismo entre os apóstolos. Esse era o método empregado pelos apóstolos. Farrar afirma: A 
melhor teoria judaica, purificada no cristianismo, toma literalmente os ensinos da velha 
dispensação, mas vê neles, como Paulo, a sombra e o germe de desenvolvimentos futuros. A 
alegoria, embora usada uma vez por Paulo a título de ilustração passageira, é desconhecida de 
outros apóstolos e jamais sancionada por Cristo. O célebre estudioso Girdlestone escreveu em 
confirmação: Somos levados a concluir que havia um método uniforme comumente aceito por todos 
os escritores do Novo Testamento na interpretação e na aplicação das Escrituras judaicas. É como se 
todos tivessem freqüentado a mesma escola e estudado com um único professor. Teriam 
freqüentado a escola rabínica? Seria para com Gamaliel, ou Hillel, ou qualquer outro líder rabínico 
que estavam em dívida? Todo conhecimento que se pode obter quanto ao modo de ensino vigente 
na época nega claramente essa hipótese. O Senhor Jesus Cristo, e nenhum outro, foi a fonte original 
do método. Nesse sentido, como em vários outros, Ele tinha vindo como luz para o mundo. Briggs, 
por mais liberal que fosse, reconheceu que Jesus não usava os métodos dos de sua época, nem 
seguia as falácias de sua geração. Ele diz: Os apóstolos e seus discípulos no Novo Testamento usam 
os métodos do Senhor Jesus, e não os dos homens de seu tempo. Os autores do Novo Testamento 
divergiam entre si nas tendências de seu pensamento em todos eles, os métodos do Senhor Jesus 
predominavam sobre outros métodos e os enobreciam. Não foi necessário aos apóstolos adotar 
outro método para entender corretamente o Antigo Testamento; precisaram, isto sim, purgar o mé-
todo existente de seus excessos nocivos. Uma vez que a única citação alegórica do Antigo 
Testamento feita por autores do Novo Testamento é a explicação que Paulo faz da alegoria em 
Gálatas 4.24, e uma vez que já foi previamente demonstrado que há uma diferença entre explicar 
uma alegoria e utilizar o método alegórico de interpretação, devemos concluir que os autores do 
Novo Testamento interpretaram o Antigo Testamento literalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 23 
AA AASSCCEENNÇÇÃÃOO DDAA AALLEEGGOORRIIZZAAÇÇÃÃOO 
Uma imensidão de dificuldades cercava os escritores dos primeiros séculos. Não possuíam um 
cânon claramente definido, seja do Antigo, seja do Novo Testamento. Dependiam de uma tradução 
deficiente das Escrituras. Conheciam apenas as regras de interpretação impostas pelas escolhas 
rabínicas e, assim, tiveram de libertar-se da aplicação errônea do princípio literal de interpretação. 
Além disso, estavam cercados pelo paganismo, pelo judaísmo e por heresias de toda sorte. 
 
 Do meio desse labirinto surgiram três escolas exegéticas distintas no período patrístico posterior. 
Farrar afirma: Os pais do terceiro século em diante podem ser divididos em três escolas exegéticas. 
Tais escolas são a literal e realista, representada predominante-mente por Tertuliano; a alegórica, da 
qual Orígenes é o expoente máximo, e a histórica e gramatical, que floresceu principalmente na cidade 
de Antioquia e da qual Teodoro de Mopsuéstia foi o líder reconhecido. Ao remontar às origens da 
escola alegórica, Farrar leva-nos até Aristóbulo, a respeito de quem escreve que sua... obra foi de 
grande importância para a história da interpretação. Ele é um dos precursores a quem Filo recorreu, 
ainda que sem o identificar, e é o primeiro a enunciar duas teses que visavam a alcançar ampla 
aceitação e a produzir muitas conclusões falsas na esfera da exegese. 
 
A primeira delas é a declaração de que a filosofia grega é tomada de empréstimo do Antigo 
Testamento, em especial da lei mosaica; a segunda afirma que todos os principais dogmas dos 
filósofos gregos, especialmente os de Aristóteles, podem ser encontrados em Moisés e nos profetas 
pelos que usam o método correto de investigação. Filo adotou esse conceito de Aristóbulo e 
procurou conciliar a lei mosaica com a filosofia grega, de modo que a primeira se tornasse aceitável 
à segunda. Gilbert diz: Para Filo a filosofia grega era a mesma coisa que a filosofia de Moisés. E o 
objetivo de Filo era demonstrar e ilustrar essa harmonia entre a religião judaica e a filosofia clássica, 
ou, em última análise, tornar aceitável a religião judaica ao mundo grego instruído. Essa foi a 
elevada missão à qual ele se sentia chamado, o propósito pelo qual expôs as leis dos hebreus na 
linguagem secular da cultura e da filosofia. 
 
Para poder efetuar essa harmonização, foi necessário Filo adotar um método alegórico de interpretar 
as Escrituras. A influência de Filo se fez sentir mais agudamente na escola teológica de Alexandria. 
Farrar escreve: Foi na grande escola catequética de Alexandria, fundada, segundo reza a tradição, 
por Marcos, que surgiu a maior escola de exegese cristã. Seu objetivo, semelhante ao de Filo, foi unir 
filosofia e revelação, e assim usar as jóias emprestadas do Egito para adornar o santuário de Deus. 
Dessa forma, Clemente de Alexandria e Orígenes forneceram a antítese direta a Tertuliano e a 
Irineu. O primeiro mestre da escola a galgar os degraus da fama foi o venerável Panteno, convertido 
do estoicismo, de cujos escritos apenas alguns fragmentos sobreviveram. Ele foi sucedido por 
Clemente de Alexandria, que, crendo na origem divina da filosofia grega, propôs abertamente o 
princípio de que toda a Escritura deveria ser entendida alegoricamente. Foi nessa escola que 
Orígenes desenvolveu o método alegórico aplicado às Escrituras. Schaff, testemunha isenta de idéias 
preconcebidas, resumiu a influência de Orígenes ao dizer: Orígenes foi o primeiro a formular, em 
relação ao método alegórico aplicado pelo judeu platônico Filo, uma teoria formal de interpretação, 
a qual pôs em prática numa longa série de obras exegéticas, notáveis pela perícia e pelo engenho, 
mas esquálidas nos resultados de boa qualidade. 
 
Ele considerava a Bíblia um organismo vivo, que consistia em três elementos correspondentes ao 
corpo, à alma e ao espírito do homem, seguindo a psicologia platônica. De acordo com essa visão, 
ele atribuiu às Escrituras um sentido tríplice: o sentido somático, literal ou histórico, fornecido 
diretamente pelas palavras, que serviam apenas de véu para uma idéia superior; o sentido psíquico 
ou moral, que dava vida ao primeiro e servia de edificação geral; o sentido pneumático, ou místico e 
ideal, para os que se encontravam num estágio mais avançado de conhecimento filosófico. Na 
aplicação dessa teoria, Orígenes demonstra a mesma tendência de Filo, de eliminar a letra da 
Escritura pelo uso da espiritualização e, em vez de extrair o sentido da Bíblia, introduz nela todo 
tipo de idéias estranhas e fantasias descabidas. Essa alegorização, no entanto, satisfazia o gosto da 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 24 
época e, com sua mente fértil e saber imponente, Orígenes serviu de oráculo exegético da Igreja 
primitiva até que sua ortodoxia veio a ser questionada. Foi a ascensão do eclesiasticismocom o 
reconhecimento da autoridade da igreja sobre todas as questões doutrinárias, que deu o grande 
ímpeto para a adoção do método alegórico. Segundo Farrar, Agostinho foi o primeiro a fazer com 
que as Escrituras se conformassem à interpretação da igreja. 
 
A exegese de Agostinho é marcada pelos mais gritantes defeitos. Ele demonstrou a regra de que a 
Bíblia precisava ser interpretada tendo em vista a ortodoxia eclesiástica, e nenhuma expressão 
bíblica poderia estar em desacordo com alguma outra. De posse da antiga regra filônica e rabínica, 
repetida por tantas gerações, de que qualquer coisa nas Escrituras que parecesse heterodoxa ou 
imoral precisava ser interpretada misticamente, Agostinho introduziu confusão em seu dogma de 
inspiração sobrenatural das Escrituras ao admitir que havia muitas passagens "escritas pelo Espírito 
Santo" objetáveis quando tomadas em seu sentido evidente. Ele também abriu as portas à 
imaginação arbitrária. E ainda: Quando o princípio da alegoria é aceito, quando começamos a 
demonstrar que passagens e livros inteiros da Escritura dizem algo que não querem dizer, o leitor é 
entregue de mãos amarradas aos caprichos do intérprete. Ele não pode estar seguro de coisa 
alguma, exceto do que lhe for ditado pela igreja, e em todas as eras a autoridade da "igreja" tem sido 
falsamente reivindicada pela presunçosa tirania das falsas opiniões dominantes. Nos dias de Justino 
Mártir e de Orígenes, os crentes foram impelidos a aceitar a alegoria por uma necessidade 
imperiosa. Era o único meio conhecido para enfrentar o choque que arrancara o evangelho das 
amarras do judaísmo. Eles a utilizaram para derrotar o literalismo tosco das heresias fanáticas, ou 
para conciliar os ensinos filosóficos com as verdades do evangelho. 
 
 Nos dias de Agostinho, todavia, o método havia-se degenerado, transformando-se em mero método 
artístico de demonstrar engenhosidade e de apoiar o eclesiasticismo. Tinha sido trans-formado no 
recurso de uma perfídia que preferia não admitir, de uma ignorância que conseguia apreciar e de 
uma indolência que se recusava a solucionar as verdadeiras dificuldades abundantemente 
encontradas no livro sagrado. Infelizmente para a igreja, infelizmente para qualquer verdadeira 
compreensão das Escrituras, os alegoristas, a despeito de alguns protestos, foram completamente 
vitoriosos. O estudo acima deve deixar claro o fato de que o método alegórico não nasceu do estudo 
das Escrituras, mas de um desejo de unir a filosofia grega à Palavra de Deus. Não surgiu de um 
desejo de apresentar as verdades da Palavra, mas da determinação de pervertê-las. Não foi filho da 
ortodoxia, mas da heterodoxia. Mesmo que Agostinho tenha sido bem-sucedido em injetar novo 
método de interpretação na corrente sangüínea da igreja, baseado no método origenista de perverter 
as Escrituras, havia quem naquela época ainda se apegasse ao método literal praticado no princípio. 
 
Na Escola de Antioquia havia homens que não seguiam o método introduzido pela Escola de 
Alexandria. Gilbert observa: A respeito de Teodoro e de João, podemos dizer que avançaram em 
direção a um método científico de exegese, à medida que viram claramente a necessidade de apurar 
o sentido original das Escrituras para poder empregá-las com alguma valia. O simples fato de terem 
mantido esse alvo em mente foi uma grande conquista. Fez com que seu trabalho se destacasse 
fortemente quando comparado ao da escola alexandrina. A interpretação deles era extremamente 
simples e clara quando comparada à de Orígenes. Rejeitaram de todo o método alegórico. Com 
respeito ao valor, ao significado e à influência dessa escola, Farrar escreveu: a Escola de Antioquia 
tinha percepção mais profunda do verdadeiro método exegético do que qualquer escola que a 
precedeu ou sucedeu em mil anos seu sistema de interpretação bíblica aproximou-se mais que qual-
quer outro do que agora é adotado pelas igrejas reformadas em todo o mundo e, se seus 
representantes não tivessem sido tão impiedosamente anatematizados pela língua irada e 
esmagados pela mão de ferro da chamada ortodoxia dominante, o estudo de seus comentários e a 
adoção de seu sistema exegético poderiam ter salvado os comentários produzidos pela igreja de 
séculos de inutilidade e de erro. Deodoro de Tarso precisa ser considerado o verdadeiro fundador da 
Escola de Antioquia. Homem de eminente saber e de consagração indiscutível; foi o professor de 
João Crisóstomo e de Teodoto de Mopsuéstía. Seus livros foram dedicados a exposição literal das 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 25 
Escrituras, e ele escreveu um tratado, hoje infelizmente perdido, "sobre a diferença entre a alegoria e 
a introvisão espiritual". No entanto, o mais capaz, o mais decidido e o mais lógico representante da 
Escola de Antioquia foi Teodoro de Mopsuéstia (morto em 428). Esse original e claro pensador destaca-
se "como uma rocha no pântano da exegese antiga". Ele era uma voz, não um eco; uma voz em meio 
a milhares de ecos que apenas repetiam os mais vazios sons. Ele rejeitou as teorias de Orígenes, mas 
aprendeu deste a importância indispensável da atenção aos pormenores lingüísticos, especialmente 
ao comentar o Novo Testamento. Ele presta atenção cerrada a partículas, modos, preposições e ter-
minologia em geral. Ele aponta as idiossincrasias do estilo de Paulo. É talvez o escritor mais antigo 
que dá atenção suficiente à questão hermenêutica, como, por exemplo, em suas introduções às 
Epístolas de Efésios e de Colossenses. Seu mérito maior é a constante tentativa de estudar cada 
passagem como um todo, e não como "um amontoado de textos desconexos". Ele primeiro considera 
a seqüência de pensamento, depois examina a fraseologia e as orações independentes e por fim 
oferece uma exegese que muitas vezes é brilhantemente característica e profundamente sugestiva. 
Teríamos uma história da hermenêutica bastante diferente se o método da escola de Antioquia 
tivesse prevalecido. Infelizmente para a interpretação sadia, prevaleceu o eclesiasticismo da igreja 
oficial, que dependia do método alegórico para manter sua posição, e a posição da escola de 
Antioquia foi condenada como herética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UUNNIIDDAADDEE IIIIII 
CCOORRRREENNTTEESS MMIILLEENNIISSTTAASS EE RREESSSSUURRRREEIIÇÇÃÃOO DDOO MMOORRTTOOSS 
............................................................... 
 
“Sem dúvida alguma este mundo está prestes a passar por dias difíceis, as coisas estão acontecendo de 
maneira assustadora e com uma rapidez incontrolável”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
AA IIDDÉÉIIAA DDEE UUMM MMIILLÊÊNNIIOO 
Há alguns que relacionam com o advento de Cristo a idéia de um milênio, quer imediatamente 
antes, quer imediatamente depois da segunda vida. Embora esta idéia não seja parte integrante da 
teologia reformada (calvinista), não obstante merece consideração aqui, visto haver-se tornado bem 
popular em muitos círculos. A teologia reformada não pode permitir-se ignorar os generalizados 
conceitos milenistas dos dias atuais, mas deve definir a sua posição com respeito a esses conceitos. 
Alguns que esperam um milênio no futuro afirmam que o Senhor voltará antes do milênio e, 
portanto, são chamados premilenistas; ao passo que outros acreditam que a Sua segunda vinda 
ocorrerá após o milênio, e, daí, são conhecidos como posmilenistas. Numerosos são, porém, os que 
não crêem que a Bíblia autoriza a expectação de um milênio, sendo costume falar deles como 
amilenistas. Como o nome indica, o conceito amilenista é puramente negativo. Afirma que não há 
suficiente base para a expectação de um milênio e está firmemente convencido de que a Bíblia 
favorece a idéia de queà presente dispensação do reino de Deus seguir-se-á imediatamente o reino 
de Deus em sua forma consumada e eterna. Está ciente do fato de que o reino de Jesus Cristo é 
apresentado como eterno, e não temporal, Is 9.7; Dn 7.14; Lc 1.33; Hb 1.8; 12.28; II Pe 1.11; Ap 11.15; 
e de que entrar no reino do futuro é entrar num estado eterno, Mt 21.22, é entrar na vida, Mt. 18.8.9 
(o contexto anterior), e ser salvo, Mc 10.25, 26. Alguns premilenistas dizem que o amilenismo é um 
conceito novo e uma das novidades mais recentes, mas o certo é que isso não se harmoniza com o 
testemunho da história. O nome é de fato novo, mas o conceito ao qual é aplicado é tão antigo como 
o cristianismo. Teve pelo menos o mesmo numero de defensores que teve o quiliasma entre os 
chamados pais da igreja do segundo e do terceiro séculos, tidos como o apogeu do quiliasma. 
Sempre foi o conceito mais amplamente aceito, é o único que vem expresso ou implícito nas grandes 
confissões históricas da igreja , e sempre foi o conceito predominante nos círculos reformados. 
 
PPRREEMMIILLEENNIISSMMOO 
Visto que o premilenismo nem sempre assume a mesma forma, talvez seja bom indicar 
resumidamente a forma geralmente assumida no passado (deixando de lado toda sorte de 
aberrações), e depois prosseguir, dando uma descrição mais pormenorizada da teoria premilenista 
predominante nos dias atuais. 
 
O premilenismo do passado 
A idéia de Irineu pode ser dada como a que reflete a melhor dos primeiros séculos cristãos. O 
mundo atual durará seis mil anos, correspondentes aos seis dias da criação. Para o fim deste 
período, os sofrimentos e perseguições dos fiéis aumentarão grandemente, até que, por fim, a 
encarnação de toda a iniqüidade aparecerá na pessoa do Anticristo. Depois que ele tiver completado 
a sua obra destruidora e se estabelecer atrevidamente no templo de Deus, Cristo aparecerá em glória 
celestial e triunfará sobre todos os Seus inimigos. Isto será acompanhado pela ressurreição física dos 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 27 
santos e pelo estabelecimento do reino de Deus na terra. O período de ventura milenar, que portanto 
durará mil anos, corresponderá ao sétimo dia da criação – ao dia de repouso. Jerusalém será 
reedificada, a terra dará seu fruto com rica abundância; e prevalecerão a paz e a justiça. No fim dos 
mil anos, sobrevirá o juízo final, e aparecerá uma nova criação, na qual os remidos viverão para 
sempre na presença de Deus. Em seus contornos gerais, esta descrição é típica dos conceitos 
escatológicos dos primeiros séculos cristãos, por mais que possam diferir nalgumas minúcias. 
Durante todos os séculos subseqüentes e no século dezenove, o pensamento milenista permaneceu o 
mesmo, embora ocorrendo estranhas aberrações nalgumas seitas. Estudos continuados, porém, 
levaram a maior desenvolvimento e a maior clareza na apresentação de algumas das suas 
particularidades. As principais características do conceito comum podem ser expostas mais ou 
menos como segue: O vindouro advento de Cristo ao mundo está próximo, e será visível, pessoal e 
glorioso. Contudo, será precedido por certos acontecimentos, tais como a evangelização de todas as 
nações, a conversão de Israel, a grande apostasia e a grande tribulação, e a revelação do homem do 
pecado. Tempos trevosos e penosos estão portanto reservados para a igreja, visto que ela terá que 
passar pela grande tribulação. A segunda vinda será um evento grandioso, único, extraordinário e 
glorioso, mas será acompanhado por vários outros, impostos à igreja, a Israel e ao mundo. Os santos 
que já faleceram serão ressuscitados, e os que vivem serão transformados, e juntos serão trasladados 
para encontrar-se com o Senhor em Sua vinda. O Anticristo e os seus aliados perversos serão 
mortos; e Israel, o antigo povo de Deus, se arrependerá, será salvo e será restabelecido na Terra 
Santa. Então o reino de Deus, predito pelos profetas, será estabelecido num mundo transformado. 
Os gentios se converterão a Deus, em grande número, e serão incorporados no Reino. Prevalecerá 
em toda a terra uma condição de paz e justiça. Depois de haver-se expirado o governo terreno de 
Cristo, os mortos restantes ressurgirão; e esta ressurreição será seguida pelo juízo final e pela criação 
de novos céus e nova terra. Falando em termos gerais, pode-se dizer que este é o tipo de 
premilenismo defendido por homens como Mede, Bengel, Auberlen, Christlieb, Ebrard, Godet, 
Hofmann, Lange, Stier, Van Osterzee, Van Andel, Alford, Andrews, Ellicott, Guinnes, Kellog, Zahn, 
Moorehead, Newton, Trench e outros. Não esquecendo que estes homens divergem nalguns 
pormenores. 
 
O premilenismo da atualidade 
No segundo quartel do século dezenove, foi introduzida uma nova forma de premilenismo, sob a 
influência de Darby, Kelly, Trotter e seus seguidores na Inglaterra e na América, um premilenismo 
entrelaçado com o dispensacionalismo. Os novos conceitos foram popularizados em nosso país 
principalmente pela Bíblia de Scofield, e se disseminaram amplamente por meio de obras de 
homens como Bullinger, F.W.Grant, Blackstone, Gray, Haldeman, os dois Gaebelein, Brookes, Riley, 
Rogers e uma hoste doutros mais. Eles apresentam realmente uma nova filosofia da história da 
redenção, na qual Israel desempenha o papel principal, e a igreja não passa de um interlúdio. Seu 
princípio orientador os move a dividir a Bíblia em dois livros, o Livro do Reino e o Livro da Igreja. 
Ao ler as suas descrições dos procedimentos de Deus para com os homens, a gente se perde num 
desnorteante labirinto de alianças e dispensações, sem o fio de Ariadne que ofereça direção segura. 
Sua tendência divisiva também se revela em seu programa escatológico. Haverá duas segundas 
vindas, duas ou três (se não quatro) ressurreições, e também três juízos. Além disso, haverá também 
dois povos de Deus que, segundo alguns, estarão separados eternamente, Israel habitando na terra, 
e a igreja no céu. Os seguintes pontos darão uma idéia do esquema premilenista que goza a maior 
popularidade hoje em dia: 
 
Sua visão da história. Deus trata o mundo da humanidade no transcurso da história com base em 
diversas alianças e conforme os princípios de sete dispensações diferentes. Cada dispensação é 
distinta, e cada uma delas representa uma diferente prova para o homem natural; e desde que o 
homem não consegue vencer nas sucessivas provas, cada dispensação acaba num juízo. A teocracia 
de Israel, fundada no Monte Sinai, ocupa um lugar especial na economia divina. Ela foi a forma 
inicial do reino de Deus ou do reino do Messias, e teve a sua idade de outro nos dias de Davi e 
Salomão. Se seguisse o caminho da obediência, poderia ter crescido em poder e glória, mas, em 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 28 
resultado da infidelidade do povo, foi finalmente derrotado, e o povo foi levado para o exílio. Os 
profetas predisseram essa derrota, mas também trouxeram mensagens de esperança e inspiraram a 
expectativa de que nos dias do Messias Israel tornaria ao Senhor com arrependimento, o trono de 
Davi seria restabelecido com inexcedível glória, e até os gentios participariam das bem-aventuranças 
do reino futuro. Mas quando o Messias veio e se ofereceu para estabelecer o Reino, os judeus 
deixaram de mostrar o requerido arrependimento. 
 
O resultado dói que o Rei não estabeleceu o Reino, mas se retirou de Israel e foi para um país 
distante, pospondo o estabelecimento do Reino, até o Seu regresso. Contudo, antes de deixar a terra, 
fundou a igreja, que nada tem em comum com o Reino, e da qual os profetas nunca falaram. A 
dispensação da lei abriu alas para a dispensação da graça de Deus. Durante esta dispensação, a 
igreja se compõe de judeus e gentios, e forma o corpo de Cristo, que agora participa dos Seus 
sofrimentos, mas chegará o tempo em que a noiva do Cordeiro participará da Sua glória. Desta 
igreja Cristo não é Rei,mas a Cabeça divina. Tem ela a gloriosa tarefa de pregar, não o Evangelho do 
reino,mas o Evangelho da livre graça de Deus, em todas as nações do mundo, para juntar delas os 
eleitos e, por cima, ser um testemunho ante elas. Este método se evidenciará um fracasso; não 
efetuará conversões em grande escala. No fim desta dispensação, Cristo voltará subitamente e 
efetuará uma conversão muito mais universal. 
 
Sua escatologia. A volta de Cristo agora é iminente, isto é, Ele pode vir a qualquer momento, pois 
não há eventos preditos que devam precede-la. Contudo, Sua vinda consiste de dois eventos 
distintos, separado um do outro por um período de sete anos. O primeiro deles será a parousia, 
quando Cristo aparecerá nos ares para encontrar-se com os Seus santos. Todos os justos falecidos 
ressurgirão então, e os que estiverem vivos serão transformados. Juntos serão arrebanhados nos 
ares, celebrarão as bodas do Cordeiro e estarão para sempre com o Senhor. A trasladação dos santos 
vivos é chamada “rapto” ou “arrebatamento”, às vezes, “arrebatamento secreto”. Enquanto Cristo e 
Sua igreja estiverem ausentes da terra, e mesmo o Espírito presente nos crentes tiver partido com a 
igreja, haverá um período de sete anos ou mais, com freqüência dividido em duas partes, em que 
sucederão várias coisas. O Evangelho do reino tornará a ser pregado, principalmente, ao que parece, 
pelos remanescentes crentes dentre os judeus, e resultarão conversões em larga escala, apesar de 
muitos continuarem a blasfemar contra Deus. O Senhor retomará as Suas relações com Israel e, 
provavelmente, nesse tempo (embora alguns digam que será mais tarde), este se converterá. Na 
segunda metade desse período de sete anos, haverá um período de tribulação sem igual e cuja 
duração ainda é assunto em discussão. 
 
O Anticristo será revelado e o frasco da ira de Deus será derramado sobre a raça humana. No fim do 
período de sete anos, dar-se-á a “revelação”, isto é, a vinda do Senhor, agora não para os Seus 
santos, mas com eles. As nações existentes serão então julgadas (Mt 25.31), e as ovelhas serão 
apartadas dos cabritos; os santos que morreram durante a grande tribulação serão ressuscitados; o 
Anticristo será destruído; e Satanás será preso por mil anos. Será estabelecido então o reino milenar, 
um reino concretamente visível, terrestre e material, reino dos judeus, a restauração do reino 
teocrático, incluindo o restabelecimento da realeza davídica. Nesse reino os santos reinarão com 
Cristo, os judeus serão os cidadãos naturais, e muitos gentios serão cidadãos adotivos. O trono de 
Cristo será estabelecido em Jerusalém, que também voltará a ser o local central de culto. O templo 
será reconstruído no Monte Sião, e o altar exalará de novo o cheiro do sangue dos sacrifícios, sim, 
das ofertas pelos delitos e pecados. E conquanto o pecado e a morte ainda reclamem suas vítimas, 
serão dias de grande frutificação e prosperidade, quando a vida dos homens será prolongada e o 
deserto florescerá como um roseiral. Nesse tempo o mundo se converterá rapidamente, segundo 
alguns, pelo Evangelho, mas, segundo a maioria, por meios totalmente diferentes, tais como a 
aparecimento pessoal de Cristo, a inveja provocada pela bem-aventurança dos santos, e, acima de 
tudo, grandes e terríveis prejuízos. Após o milênio, Satanás será solto por breve lapso de tempo, e as 
hordas de Gogue e Magogue juntarão forças contra a cidade santa. Todavia, os inimigos serão 
devorados pelo fogo do céu, e Satanás será lançado numa cova sem fundo, precedido pela besta e 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 29 
pelo falso profeta. Depois desse curto período de tempo, os ímpios ressuscitarão e comparecerão a 
juízo, perante o grande trono branco, Ap 20.11-15. e então haverá novos céus e nova terra. 
 
Algumas variantes desta teoria. De modo algum os premilenistas estão todos de acordo quanto às 
particularidades do seu esquema escatológico. Um estudo da sua literatura revela grande variedade 
de opiniões. Há indefinição e incerteza sobre muitos pontos, o que prova que a sua elaboração 
minuciosa é de valor muito duvidoso. Embora a maioria dos premilenistas dos dias atuais creia num 
vindouro governo visível de Jesus Cristo, mesmo na atualidade alguns antecipam apenas um 
governo espiritual, e não têm em vista uma presença física na terra. Conquanto os mil anos de Ap 20 
sejam em geral interpretados literalmente, há uma tendência, da parte de alguns para considera-los 
como um período indefinido de maior ou menor duração. Alguns acham que os judeus se 
converterão primeiro, de depois serão levados para a Palestina, ao passo que outros são de opinião 
que esta ordem será invertida. Há aqueles que crêem que os meios usados para a conversão do 
mundo serão idênticos aos empregados agora, mas prevalece a opinião de que esses meios serão 
substituídos por outros. Também há diferença de opiniões quanto ao lugar em que os santos 
ressurretos vão habitar durante o seu reinado milenar com Cristo, na terra ou no céu, ou em ambos. 
As opiniões diferem muito também com respeito à continuidade da propagação da raça humana 
durante o milênio, ao grau de pecado que prevalecerá nesse tempo, à vigência da morte e a muitos 
outros pontos. 
 
OObbjjeeççõõeess AAoo PPrreemmiilleenniissmmoo 
Na discussão do segundo advento, o conceito premilenista já foi submetido a pesquisas e críticas 
especiais, e os subseqüentes capítulos, sobre a ressurreição e o juízo final, oferecerão outra ocasião 
mais para uma consideração crítica da formulação premilenista desses eventos. Daí, as objeções 
levantadas neste ponto serão de natureza mais geral, e, mesmo assim, só poderemos dar atenção a 
algumas das mais importantes. A teoria se baseia numa interpretação literal dos delineamentos 
proféticos do futuro de Israel e do reino de Deus, o que é inteiramente insustentável. 
 
Isso tem sido repetidamente assinalado em obras sobre profecia, como as de Fairbairn, Riehm e 
Davidson, na esplêndida obra de David Brown sobre O Segundo Advento (The Second Advent), no 
importante livro de Waldegrave sobre o Milenismo Neotestamentário (New Testament 
Millennarianism), e nas obras do doutor Aalders, mais recentes, sobre Os Profetas da Velha Aliança, e 
A Restauração de Israel Segundo o Velho Testamento (De Profeten dês Ouden Verbonds, e Het Herstel 
van Israel Volgens het Oude Testament). O último citado é dedicado inteiramente a um minucioso 
estudo exegético de todas as passagens do Velho Testamento que, de algum modo, falam da futura 
restauração de Israel. É um obra exaustiva, que merece estudo cuidadoso. Os premilenistas afirmam 
que nada menos que uma interpretação e um cumprimento literais satisfarão as exigências dessas 
previsões proféticas; mas os próprios livros dos profetas já contêm indicações que apontam para um 
cumprimento espiritual, Is 54.13; 61.6; Jr 3.16; 31.31-34; Os 14.2; Mq 6.6-8. A alegação de que os 
nomes “Sião” e “Jerusalém” nunca são empregados noutro sentido que no sentido literal de que o 
primeiro sempre denota uma montanha, e o segundo uma cidade, é claramente contrária aos fatos. 
 
Há passagens nas quais ambos os nomes são empregados para designar Israel, a igreja de Deus 
veterotestamentária, Is 49.14; 51.3; 52.1,2. E este emprego dos termos passa direto para o Novo 
testamento, Gl 4.26; Hb 12.22; Ap 3.12; 21.9. É notável que o Novo Testamento, que é cumprimento 
do Velho Testamento, não contém nenhum tipo de indicação do restabelecimento da teocracia do 
Velho Testamento por Jesus, nem tampouco uma única predição positiva e incontestável da sua 
restauração, ao passo que contém abundantes indicações do cumprimento espiritual das promessas 
feitas a Israel, Mt 21.43; At 2.29-36; 15.14-18; Rm 9.25, 26; Hb 8.8-13; I Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10. Para mais 
pormenores sobre a espiritualização que se vê na Escritura, pode-se consultar a obra do doutros 
Wijngaarden sobre OFuturo do Reino (The Future of the Kingdom). O Novo Testamento certamente 
não favorece o literalismo dos premilenistas. Além disso, esse literalismo os larga em toda sorte de 
absurdidades, pois envolve a restauração futura de todas as antigas condições históricas da vida de 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 30 
Israel: os grandes poderes mundiais do Velho Testamento (egípcios, assírios e babilônicos) e as 
nações vizinhas de Israel (moabitas, amonistas, edomitas e filisteus) deverão reaparecer em cena, Is 
11.14; Am 9.12; Jl 3.19; Mq 5.5, 6; Ap 18. O templo terá que ser reconstruído, Is 2.2; Mq 4.1,2; Zc 
14.16-22; Ez 40-48, os filhos de Zadoque terão que servir de novo como sacerdotes, Ez 44.15-41; 
48.11-14, e até as ofertas pelos pecados e delitos terão que ser levadas outra vez ao altar, não para 
comemoração, (como o querem alguns premilenistas), mas para expiação, Ez 42.13; 43.18-27. E em 
acréscimo a isso tudo, a situação modificada tornaria necessário a todas as nações visitarem 
Jerusalém anos após ano, para celebrar a festa dos tabernáculos, Zc 14.16, e mesmo após a semana, 
para prestar culto a Jeová, Is 66.23. A teoria da posposição, assim chamada, que constitui um elo de 
ligação no esquema premilenista, é desprovida de toda base escriturística. Segundo ela, João e Jesus 
proclamaram que o Reino, isto é, a teocracia judaica, estava às portas. Mas, porque os judeus não se 
arrependeram e não creram, Jesus pospôs o seu estabelecimento até à Sua segunda vinda. 
 
O pivô da mudança é colocado por Scofield em Mt 11.20, por outros em Mt 12, e por outros, mais 
tarde ainda. Antes desse ponto decisivo Jesus não se preocupava com os gentios, mas pregava o 
Evangelho do Reino a Israel; e depois disso Ele não pregou mais o Reino, mas somente predizia a 
sua vinda futura e oferecia descanso aos cansados de Israel e dos gentios. Mas não se pode afirmar 
que Jesus não se preocupava com os gentios antes do suposto ponto decisivo, Mt 8.5- 13; Jo 4.1-42, 
nem que depois Ele deixou de pregar o Reino, Mt 13; Lc 10.1-11. Não há absolutamente prova 
nenhuma de que Jesus pregou dois evangelhos diferentes, primeiro o do Reino e depois o da graça 
de Deus; à luz da Escritura, esta distinção é insustentável. Jesus nunca teve em mente o 
restabelecimento da teocracia veterotestamentária, mas, sim, a introdução da realidade espiritual da 
qual o reino do Velho Testamento era apenas um tipo, Mt 8.11, 12; 13.31- 33; 21.43; Lc 17.21; Jo 3.3; 
18.36, 37 (Rm 14.17). Ele não pospôs a tarefa para a qual tinha vindo ao mundo, mas de fato 
estabeleceu o Reino e se referiu a ele mais de uma vez como uma realidade presente, Mt 11.12; 12.28; 
Lc 17.21; Jo 18.36, 37 (Cl 1.13). Toda essa teoria de posposição é uma ficção relativamente recente, e 
deveras passível de objeção, porque destrói a unidade da Escritura e do povo de Deus de modo 
injustificável. A Bíblia apresenta a relação entre o Velho e o Novo Testamento como a de tipo e 
antítipo, de profecia e cumprimento; mas essa teoria sustenta que, embora fosse propósito do Novo 
Testamento ser o cumprimento do Velho Testamento, veio realmente a ser uma coisa inteiramente 
diferente. 
 
 O Reino, isto é, a teocracia do Velho Testamento, foi predito e não foi restaurado, e a igreja não foi 
predita mas foi estabelecida. Assim, os dois ficam separados, e um deles vem a ser o livro do Reino, 
e o outro, com exceção dos evangelhos, o livro da igreja. Além disso, temos dois povos de Deus, um 
natural, e o outro espiritual, um terreno, e o outro celestial, como se Jesus não tivesse falado de “um 
rebanho e um pastor”, Jo 10.16, e como se Paulo não tivesse dito que os gentios foram enxertados na 
oliveira, Rm 11.17. Essa teoria também está em flagrante oposição à descrição escriturística dos 
grandes eventos do futuro, a saber, a ressurreição, o juízo final e o fim do mundo. Como se mostrou 
anteriormente, a Bíblia apresenta esses grandes eventos como sincronizados. Não há mais a leve 
indicação de que estão separados por mil anos, à exceção do que se vê em Ap 20.4-6. Está patente 
que eles coincidem, Mt 13.37-43, 47-50 (separação do bem e do mal no fim, “na consumação do 
século”, e não mil anos antes); 24.29-31; 25.31-46; Jo 5.25-29; I Co 15.22-26; Fp 3.20, 21; I Ts 4.15, 16; 
Ap 20.11-15. Todos eles ocorrem quando da vinda do Senhor, que é também o dia do Senhor. Em 
resposta a esta objeção, muitas vezes os premilenistas insinuam que o dia do Senhor pode ter mil 
anos de duração, de maneira que a ressurreição dos santos e o juízo das nações têm lugar na manhã 
desse longo dia, e a ressurreição dos ímpios e o juízo do grande trono branco ocorrem no entardecer 
desse mesmo dia. Eles apelam para II Pe 3.8 “para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos 
como um dia”. Mas, dificilmente isso poderá provar o ponto, pois facilmente o feitiço poderia virar 
contra o feiticeiro aqui. Poder-se-ia usar a mesma passagem para provar que os mil anos de Ap 20 
são apenas um só dia. Não há qualquer fundamento bíblico para o conceito premilenista de uma 
dupla ou até tripla ou quádrupla ressurreição, como a sua teoria requer, nem para espalhar o juízo 
final por um período de mil anos, dividindo-o em três juízos. É, para dizer o mínimo, muito 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 31 
duvidoso que as palavras. “Esta é a primeira ressurreição”, em Ap 20.5, se refiram a uma 
ressurreição física. O contexto não requer, e nem mesmo favorece esta idéia. O que poderia 
favorecer a teoria de uma dupla ressurreição é o fato de que os apóstolos muitas vezes falam 
unicamente da ressurreição dos crentes, e de modo nenhum se referem à dos ímpios. Mas isto se 
deve ao fato de que eles estão escrevendo para as igrejas de Jesus Cristo, aos contextos em que 
levantam o assunto da ressurreição, e ao fato de que desejam dar ênfase ao seu aspecto 
soteriológico, I Co 15; I Ts 4.13-18. Outras passagens falam claramente da ressurreição dos justos e 
dos ímpios num só fôlego, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15. Voltaremos a considerar esta matéria no 
próximo capitulo. 
 
A teoria premilenista se enreda em todas as espécies de dificuldades insuperáveis, com a sua 
doutrina do milênio. É impossível entender como uma parte da velha terra e da humanidade 
pecadora poderá coexistir com uma parte da nova terra e de uma humanidade já glorificada. Como 
poderão os santos em corpos glorificados ter comunhão com pecadores na carne? Como poderão os 
santos glorificados viver nesta atmosfera sobrecarregada de pecado e em cenário de morte e 
decadência? Como poderá o Senhor da glória, o Cristo glorificado, estabelecer o Seu trono na terra 
enquanto esta não for renovada? O capítulo vinte e um de Apocalipse nos informa que Deus e a 
igreja dos remidos tomarão como seu lugar de habitação a terra depois que forem feitos novos céus 
e nova terra; então, como se pode afirmar que Cristo e os santos habitarão ali mil anos antes dessa 
renovação? Como poderão os santos e os pecadores na carne manter-se na presença do Cristo 
glorificado, sabendo-se que mesmo Paulo e João foram completamente esmagados pela visão dele? 
At 26.12-14; Ap. 1.17 Diz com verdade Beet: “Não podemos conceber misturados no mesmo planeta 
uns que ainda terão que morrer e outros que já passaram pela morte e não morrerão mais. Tal 
confusão da era atual com a era por vir é extremamente improvável”. E Brown exclama: “Que 
confuso estado de coisas é este! Que detestável mistura de coisas totalmente incoerentes umas com 
as outras!” A única base escriturística para essa teoria é Ap 20.1-6, depois de se ter despejado aí um 
conteúdo veterotestamentário. É uma base muito precária, por várias razões. Esta passagem ocorre 
num livro eminentemente simbólico e é reconhecidamente muito obscura, como se pode inferir das 
diferentes interpretações dela feitas. 
 
A interpretação literal desta passagem, como dada pelos premilenistas, leva a umaconceituação que 
não encontra suporte em nenhum outro lugar da Escritura, mas é até contraditada pelo restante do 
Novo Testamento. Esta é uma objeção fatal. Uma boa exegese requer que as passagens obscuras da 
Escritura sejam lidas à luz doutras mais claras, e não vice-versa. Mesmo a interpretação literal dos 
prémilenistas não écoerentemente literal, pois entende a corrente do versículo 1 e também, 
conseqüentemente, a prisão do versículo 2 figuradamente, muitas vezes concebe os mil anos como 
um longo mas indefinido período, e transforma as almas do versículo 4 em santos ressurretos. 
Estritamente falando, a passagem não diz que as classes referidas (os santos mártires e os que não 
adoraram a besta) ressuscitaram dos mortos, mas simplesmente que viveram e reinaram com Cristo. 
E se declara que este viver e reinar com Cristo constitui a primeira ressurreição. Não há 
absolutamente nenhuma indicação nestes versículos de que Cristo e os Seus santos estão exercendo 
governo na terra. À luz de passagens como Ap 4.4 e 6.9, é muito mais provável que a cena se passa 
no céu. Também merece nota que a passagem não faz menção nenhuma da Palestina, de Jerusalém, 
do templo e dos judeus, os cidadãos naturais do reino milenar. Não há nenhuma insinuação de que 
esses elementos estejam de algum modo relacionados com este reinado de mil anos. Para uma 
interpretação minuciosa desta passagem, do ponto de vista amilenista, remetemos o leitor a Kuyper, 
Bavinck, De Moor, Dijk, Greydanus, Vos e Hendriksen. 
 
PPÓÓSS--MMIILLEENNIISSMMOO 
A posição do pós-milenismo é completamente oposta à tomada pelo premilenismo, respeitante à 
data da segunda vinda de Cristo. Ele afirma que o retorno de Cristo será depois do milênio, que se 
pode esperar para durante e no fim da dispensação do Evangelho. Imediatamente após, Cristo virá 
para introduzir a ordem eterna de coisas. Na discussão do pós-milenismo será necessário distinguir 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 32 
duas formas da teoria, uma das quais espera que o milênio será realizado pela influência 
sobrenatural do Espírito Santo, e a outra espera que ele advirá por um processo natural de evolução. 
 
Diferentes formas de pós-milenismo 
A forma antiga. Durante os séculos dezesseis e dezessete, diversos teólogos reformados (calvinistas) 
da Holanda ensinaram uma forma de quiliasma agora denominada pós-milenismo. Entre eles havia 
homens bem conhecidos como Coccejus, Alting, os dois Vitringa, d’Outrein, Witsius, Hoornbeek, 
Koelman e Brakel, alguns dos quais consideravam o milênio como pertencente ao passado, outros o 
julgavam presente, e ainda outros o buscavam no futuro. A maioria o esperava para as 
proximidades do fim do mundo, imediatamente antes da segunda vinda de Cristo. Estes homens 
rejeitavam as duas idéias diretoras dos premilenistas, quais sejam, que Cristo voltará fisicamente 
para reinar na terra por mil anos, e que os santos serão ressuscitados por ocasião da Sua vinda, e 
então reinarão com Ele no reino milenar. Embora suas exposições diferissem nalguns pormenores, a 
idéia predominante era que o Evangelho, que se propagará gradativamente pelo mundo todo, no 
fim se tornará imensuravelmente mais eficiente do que no presente, e introduzirá um período de 
ricas bênçãos espirituais para a igreja de Jesus Cristo, uma idade de ouro em que os judeus também 
compartirão as bênçãos do Evangelho de maneira sem precedentes. Em anos mais recentes, um tipo 
desse pós-milenismo foi defendido por D. Brown, J. Berg, J.H.Snowden, T.P.Stafford e A.H.Strong. 
Diz o ultimo teólogo mencionado que o milênio será “um período dos últimos dias da igreja 
militante, quando, sob a influência especial do Espírito Santo, o espírito dos mártires reaparecerá, a 
verdadeira religião será grandemente revigorada e revivida, e os membros das igrejas de Cristo 
tomarão tal consciência do seu poder em Cristo que, numa extensão jamais conhecida antes, 
triunfarão sobre os poderes do mal dentro e fora”. A idade de outro da igreja, segundo se diz, será 
seguida por um breve período de apostasia, um terrível conflito entre as forças do bem e do mal, e 
pela ocorrência simultânea do advento de Cristo, da ressurreição geral e do juízo final. 
 
A forma recente. Grande parte do pós-milenismo dos dias atuais é de um tipo inteiramente diverso, 
e tem muito pouco a ver com os ensinos da Escritura, exceto como uma indicação histórica daquilo 
em que outrora o povo cria. O homem moderno tem pouca paciência com as esperanças milenísticas 
do passado, com sua completa dependência de Deus. Ele não acredita que a nova era será 
introduzida pela pregação do Evangelho, acompanhada pela obra do Espírito Santo; nem que será 
resultado de uma mudança cataclísmica. De um lado, crê-se que a evolução trará aos poucos o 
milênio, e de outro lado, que o próprio homem introduzirá a nova era, adotando uma política 
construtiva de melhoramento do mundo. Diz Walter Rauschenbush: “Nosso principal interesse num 
milênio é o desejo de uma ordem social em que o valor e a liberdade de todos os seres humanos, 
mesmos do menor deles, sejam honrados e protegidos, em que a fraternidade do homem seja 
expressa na posse comum dos recursos da sociedade; e em que o bem espiritual da humanidade seja 
posto muito acima dos interesses de lucro privado de todos os grupos materialistas. Quanto ao 
modo pelo qual o ideal cristão da sociedade deverá vir devemos substituir a catástrofe pelo 
desenvolvimento”. Shirley Jackson case interroga: “Continuaremos buscando a Deus para 
introduzir uma nova ordem por meios catastróficos, ou assumiremos a responsabilidade de 
produzir o nosso próprio milênio, crendo que Deus está operando em nós e em nosso mundo o 
querer e o fazer para o Seu beneplácito?” E ele mesmo dá a resposta, nos seguintes parágrafos: “O 
curso da história exibe um longo processo de luta de evolução pelo qual a humanidade como um 
todo eleva-se cada vez mais na escala da civilização e da consecução, melhorando sua condição de 
quando em quando mediante sua maior habilidade e engenho. Vista segundo a longa perspectiva 
das eras, a carreira do homem tem sido de real ascensão. Em vez de piorar, vê-se que o mundo 
melhora constantemente. Desde que a história e a ciência mostram que o melhoramento é sempre 
resultado de esforços de realização, o homem acaba imaginando que os males ainda não vencidos 
haverão de ser eliminados por estrênuos esforços e reforma gradual, e não pela intervenção 
catastrófica da Divindade. ... As moléstias devem ser curadas ou evitadas pela habilidade do 
médico, os males da sociedade devem ser remediados pela educação e pela legislação, e as 
desgraças internacionais devem ser impedidas pelo estabelecimento de novos padrões e novos 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 33 
métodos de tratamento medicinal, e não por uma aniquilação repentina”. Estas citações são deverás 
características de uma grande parte do pós-milenismo dos nossos dias, e não é de admirar que os 
premilenistas reajam contra ele. 
 
 
OObbjjeeççõõeess AAoo PPóóss--MMiilleenniissmmoo 
 Há algumas sérias objeções à teoria pós-milenista. A idéia fundamental da doutrina segundo a qual 
o mundo inteiro será gradativamente ganho para Cristo, a vida de todas as nações será 
transformada pelo Evangelho no transcurso do tempo, a justiça e a paz reinarão supremas, e as 
bênçãos do Espírito serão derramadas mais copiosamente que antes, de sorte que a igreja 
experimentará um período de prosperidade sem par imediatamente antes da vinda do Senhor – não 
está em harmonia com o retrato do fim do século que se vê na Escritura. 
 
Na verdade a Escritura ensina que o Evangelho se espalhará pelo mundo todo e exercerá uma 
influencia benéfica, mas não nos leva a esperar a conversão do mundo, nem nesta nem numa era 
vindoura. Ela salienta o fato de que a época imediatamente anterior ao fim será uma época de 
grandeapostasia, de tribulação e perseguição, uma época em que a fé se esfriará a muitos, e em que 
os que são leais a Cristo serão submetidos a cruéis sofrimentos, e nalguns casos até selarão com seu 
sangue a sua confissão, Mt 24.6-14, 21, 22; Lc 18.8; 21.25-28; II Ts 2.3-12; II Tm 3.1-6; Ap 13. 
Naturalmente os pós-milenistas não podem ignorar por completo o que se diz acerca da apostasia e 
da tribulação que marcarão o fim da história, mas eles o subestimam e o descrevem como se 
predissesse uma apostasia e uma tribulação em pequena escala, que não afetarão o fluxo principal 
da vida religiosa. Sua expectação de uma gloriosa condição da igreja no fim se baseia em passagens 
que contêm uma descrição figurada, quer da dispensação do Evangelho como um todo, quer da 
perfeita ventura do reino externo de Jesus Cristo. A idéia correlata de que a presente era não acabará 
numa grande mudança cataclísmica, mas passará numa transição quase imperceptível para a era 
vindoura, é igualmente antibíblica. 
 
A Bíblia nos ensina de maneira muito explícita que uma catástrofe, ou uma intervenção especial de 
Deus, dará cabo do governo de Satanás sobre a terra e introduzirá o Reino que não poderá ser 
abalado, Mt 24.29-31, 35-44; Hb 12.26,27; II Pe 3.10-13. haverá uma crise, uma transformação tão 
grande, que pode ser chamada “regeneração”, Mt 19.28. Assim como os crentes não se santificam 
progressivamente nesta existência até estarem praticamente prontos para, sem muita mudança mais, 
entrar no céu, o mundo também não será purificado gradativamente, aprontandose deste modo 
para entrar no estágio subseqüente. Justamente como os crentes ainda terão que submeter-se a uma 
grande mudança a operar-se na morte, assim o mundo sofrerá uma tremenda mudança quando 
chegar o fim. Haverá novos céus e nova terra, Ap 21.1. A idéia moderna de que a evolução natural e 
os esforços do homem no campo da educação, da reforma social e da legislação produzirão 
gradativamente o reinado perfeito do espírito cristão, entra em conflito com tudo quanto a palavra 
de Deus ensina sobre este ponto. Não é a obra do homem, mas, sim, a de Deus que introduz o 
glorioso reino de Deus. Este reino não pode ser estabelecido pelos meios naturais, mas somente por 
meios sobrenaturais. É o reinado de Deus, estabelecido e reconhecido nos corações do Seu povo, e 
este reinado jamais o podem tornar efetivos os meios puramente naturais. 
 
A civilização sem a regeneração, sem uma transformação sobrenatural do coração, jamais produzirá 
um milênio, um governo eficaz e glorioso de Jesus Cristo. Dá para ver que as experiências do 
segundo quartel deste século devem ter imposto esta verdade ao homem moderno. O tão decantado 
desenvolvimento do homem ainda não nos levou a vislumbrar o milênio. 
 
AA RREESSSSUURRRREEIIÇÇÃÃOO DDOOSS MMOORRTTOOSS 
A discussão do segundo advento de Cristo leva naturalmente a uma consideração dos seus 
concomitantes. O primeiro deles é a ressurreição dos mortos, ou, como às vezes se lhe chama, “a 
ressurreição da carne”. No tempo de Jesus havia uma diferença de opiniões entre os judeus, a 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 34 
respeito da ressurreição. Enquanto que os fariseus criam nela, os saduceus não criam, Mt 22.23; At 
23.8. Quando Paulo falou a seu respeito em Atenas, enfrentou zombaria, At 17.32. Alguns dos 
coríntios a negavam, I Co 15, e Himeneu e Fileto, considerando-a como algo puramente espiritual, 
asseveravam que ela já era coisa pertencente à história, II Tm 2.18. Celso, um dos mais antigos 
opositores do cristianismo, fazia especialmente desta doutrina objeto de escárnio; e os gnósticos, que 
consideravam a matéria como inerentemente má, naturalmente a rejeitavam. 
 
Orígenes defendeu a doutrina contra os gnósticos e contra Celso, mas todavia, não acreditava que é 
o corpo depositado no túmulo que ressuscita. Ele descrevia o corpo ressureto como um corpo, 
purificado e espiritualizado. Embora alguns dos chamados pais cristãos primitivos compartilhassem 
o seu conceito, a maioria deles acentuava a identidade do corpo atual com o da ressurreição. Já na 
sua Confissão Apostólica, a igreja expressou a sua crença na ressurreição da carne (sarkos). 
Agostinho a princípio estava inclinado a concordar com Orígenes, mas posteriormente adotou o 
conceito predominante, embora não julgasse necessário crer que as atuais diferenças de forma e 
estatura continuarão na vida por vir. Jerônimo insistia vigorosamente na identidade do corpo atual 
com o futuro. O Oriente, representado por homens como os dois Gregórios, Crisóstomo e João de 
Damasco, manifestava a tendência de adotar um conceito mais espiritual da ressurreição do que o 
Ocidente. Os que acreditavam num milênio futuro falavam de uma dupla ressurreição, a dos justos 
no princípio do reino milenar, e a dos ímpios no fim dele. 
 
 Durante a Idade Média, os escolásticos especulavam muito sobre o corpo ressureto, mas as suas 
especulações são sumamente fantasiosas e de pequeno valor. Principalmente Tomaz de Aquino 
parecia especialmente informado sobre a natureza do corpo ressureto, e sobre a ordem e o modo da 
ressurreição. Os teólogos do período da Reforma geralmente estavam de acordo em que o corpo da 
ressurreição será idêntico ao atual. Todas as grandes confissões da igreja apresentam a ressurreição 
geral como simultânea com a segunda vinda de Cristo, o juízo final e o fim do mundo. Elas não 
fazem separação entre quaisquer desses eventos, tais como entre a ressurreição dos justos e a dos 
ímpios, e entre a vinda de Cristo e o fim do mundo, com um período de mil anos. Por outro lado, os 
premilenistas insistem em tal separação. Sob a influência do racionalismo e com o avanço das 
ciências físicas, acentuaram-se algumas das dificuldades que pesavam sobre a doutrina da 
ressurreição, e, como resultado, o “liberalismo” religioso moderno nega a ressurreição da carne e 
explica as descrições que dela faz a Escritura como sendo uma representação figurada da idéia de 
que a personalidade humana completa continuará a existir após a morte. 
 
AA NNaattuurreezzaa DDaa RReessssuurrrreeiiççããoo 
É obra do Deus triúno. A ressurreição é obra realizada pelo Deus triúno. Nalguns casos se nos diz 
simplesmente que Deus ressuscita os mortos, sem se especificar pessoa alguma, Mt 22.29; II Co 1.9. 
Mais particularmente, porém, a obra da ressurreição é atribuída ao Filho, Jo 5.21, 25, 28, 29; 6.38-40, 
44, 54; 1 Ts 4.16. Indiretamente, também é apontada como obra realizada pelo Espírito Santo, Rm 
8.11. 
 
É ressurreição física, ou corporal. Nos dias de Paulo havia alguns que consideravam a ressurreição 
como espiritual, II Tm 2.18. E nos dias atuais há muitos que só acreditam numa ressurreição 
espiritual. Mas a Bíblia é muito explicita ao ensinar a ressurreição do corpo. Cristo é chamado 
“primícias” da ressurreição, I Co 15.20, 23 e “o primogênito de entre os mortos”. Cl 1.18; Ap 1.5. Isto 
implica que a ressurreição do povo de Deus será semelhante à do seu celestial Senhor. Sua 
ressurreição foi corporal, e a dos Seus será da mesma natureza. Além disso, também se diz que a 
ressurreição realizada por Cristo inclui o corpo, Rm 8.23; I Co 6.13- 20. Em Rm 8.11 se nos diz 
explicitamente que Deus, por Seu Espírito, ressuscitará nossos corpos mortais. E evidentemente é o 
corpo que está proeminentemente na mente do apóstolo em I Co 15; especialmente os versículos 35-
49. Segundo a Escritura, haverá uma ressurreição do corpo, isto é, não uma criação inteiramente 
nova, mas um corpo que será, num sentido fundamental, idêntico ao corpo atual. 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 35 
 Deus não vai criar um novo corpo para cada ser humano, mas vai ressuscitar o próprio corpo que 
foi depositado na terra. Sito se pode inferir apenas do termo “ressurreição”, mas é declarado 
expressamente em Rm 8.11 e I Co 15.53, e ademais está implícito na figura dasemente semeada no 
solo, figura que o apostolo emprega em I Co 15.36-68. Além disso, Cristo, as primícias da 
ressurreição, prova conclusivamente a identidade do Seu corpo aos Seus discípulos. Ao mesmo 
tempo, a Escritura deixa perfeitamente evidente que o corpo passará por grande mudança. O corpo 
de Cristo ainda não fora plenamente glorificado durante o período de transição entre a ressurreição 
e a ascensão; contudo, já sofrera notável transformação. Paulo se refere à transformação que terá 
lugar, quando diz que ao semearmos a semente, não semeamos o corpo que virá a existir; não 
tencionamos retirar a mesma semente da terra. Todavia, esperamos colher uma coisa que, no 
sentido fundamental, é idêntica à semente depositada no solo. Conquanto haja uma certa identidade 
entre a semente semeada e as sementes que dela se desenvolvem, todavia há também uma diferença 
notável. Nós seremos transformados, diz o apóstolo, “porque é necessário que este corpo corruptível 
se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”. 
 
 Também diz: “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, 
ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, 
ressuscita corpo espiritual”. Transformação não é incoerente com retenção da identidade. É-nos dito 
que, mesmo agora, cada partícula dos nossos corpos muda a cada sete anos, mas, ao passar por isso 
tudo, o corpo conserva a sua identidade. Haverá certa conexão física entre o corpo antigo e o novo, 
mas não nos é revelada a natureza dessa conexão. Alguns teólogos falam num germe remanescente 
do qual se desenvolve o novo corpo; outros dizem que o princípio organizador do corpo permanece. 
Orígenes tinha algo dessa espécie em mente; a mesma coisa Kuyper e Milligan. Se tivermos tudo 
isso em mente, a antiga objeção contra a doutrina da ressurreição, a saber, que é impossível que um 
corpo ressuscite com as mesmas partículas que o constituíam na ocasião de sua morte, visto que 
essas partículas passam para outras formas de existência, e talvez para centenas de outros corpos, 
perde completamente a sua força. 
 
É ressurreição dos justos e dos ímpios. De acordo com Josefo, os fariseus negavam a ressurreição 
dos ímpios. A doutrina do extincionismo e a da imortalidade condicional, ambas as quais, ao menos 
nalgumas de suas formas, negam a ressurreição dos ímpios e ensinam a sua aniquilação, doutrina 
abraçada por muitos teólogos, também encontrou guarida em seitas como o adventismo e a “aurora 
do milênio”. Acreditam na extinção total dos ímpios. Às vezes se faz a asserção de que a Escritura 
não ensina a ressurreição dos ímpios, mas isso é patentemente errôneo, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15; 
Ap 20.13-15. Ao mesmo tempo, deve-se admitir que a ressurreição deles não ocupa lugar 
proeminente na Escritura. Claramente se vê que o aspecto soteriológico da ressurreição está em 
primeiro plano, e esta pertence unicamente aos justos. Estes, em contraste com os ímpios, são os 
únicos que tirarão proveito da ressurreição. 
 
É ressurreição de importância desigual para os justos e para os Injustos. Breckenridge cita I Co 
15.22 para provar que a ressurreição de santos e de pecadores foi adquirida por Cristo. Mas, 
dificilmente se pode negar que o segundo “todos” nessa passagem só é geral no sentido de “todos 
os que estão em Cristo”. A ressurreição é ali descrita como resultante de uma união vital com Cristo. 
Mas, certamente, só os crentes estão nessa relação viva com Ele. A ressurreição dos ímpios não pode 
ser considerada como uma bênção merecida pela obra mediatária de Cristo, embora esteja 
relacionada indiretamente com ela. É um resultado necessário da posposição da execução da 
sentença de morte dada ao homem, o que tornou possível a obra de redenção. A posposição 
resultou na relativa separação entre a morte temporal e a morte eterna, e na existência de um estado 
intermediário. Sob estas circunstâncias, é necessário ressuscitar os ímpios dos mortos, a fim de que a 
morte, em sua máxima extensão e com todo o seu peso, lhes possa ser imposta. Sua ressurreição não 
é um ato de redenção, mas, sim, de soberana justiça, da parte de Deus. A ressurreição dos justos e 
dos injustos tem isto em comum – que em ambos os casos os corpos e as almas são reunidas. Mas, 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 36 
no caso daqueles, isso resulta na vida perfeita, ao passo que no caso destes, redunda na extrema 
penalidade da morte, Jo 5.28, 29. 
 
Prova Bíblica da Ressurreição 
No Velho Testamento. Às vezes se diz que o Velho Testamento nada sabe da ressurreição dos 
mortos, ou só mostra algum conhecimento dela nos seus últimos livros. É deveras comum a opinião 
de que Israel tomou por empréstimo dos persas a sua crença na ressurreição. Diz Mackintosh: “Forte 
evidência existe em favor da hipótese de que a idéia da ressurreição entrou na mente hebraica vinda 
da Pérsia”. Brown fala em tom algo similar: “A doutrina da ressurreição individual aparece pela 
primeira vez em Israel depois do cativeiro, e pode ser que se deva à influência persa”. Salmond 
também menciona essa idéia, mas afirma que ela não é justificada suficientemente. Diz ele: “A 
doutrina veterotestamentária de Deus é, de si mesma, suficiente para explicar toda a história da 
concepção veterotestamentária de uma vida futura”. De Bondt chega à conclusão de que não há um 
só povo, dentre aqueles com os quais Israel teve contato, que tivesse uma doutrina da ressurreição 
que pudesse servir de modelo para a apresentação dela que era corrente entre os israelitas; e de que 
a fé na ressurreição que acha expressão na religião do Velho Testamento não se baseia nas religiões 
dos gentios, mas, sim, na revelação do Deus de Israel. É verdade que não encontramos declarações 
claras a respeito da ressurreição dos mortos antes do tempo dos profetas, embora Jesus fosse de 
parecer que já estava implícita em Ex 3.6; Mt 22.29-32, e o escritor de Hebreus dá a entender que até 
mesmo os patriarcas anelavam à ressurreição dos mortos, Hb 11.10, 13-16, 19. O certo é que não 
faltam provas de que havia uma crença na ressurreição muito antes do cativeiro. Essa crença está 
implícita nas passagens que falam numa libertação do sheol, Sl 49.15; 73.24, 25; Pv 23.14. Ela encontra 
expressão na declaração de Jó 19.25-27. Sobretudo a vemos ensinada claramente em Is 26.19 
(passagem tardia, segundo os críticos), e em Dn 12.2, e provavelmente está implícita igualmente em 
Ez 37.1-14. 
 
No novo testamento. Como se podia esperar, o Novo Testamento tem mais que dizer sobre a 
ressurreição dos mortos do que o Velho Testamento, porque coloca o clímax da revelação de Deus 
sobre este ponto na ressurreição de Jesus Cristo. Contra a negação dos saduceus, Jesus argumenta 
em favor da ressurreição dos mortos com base no Velho Testamento, Mt 22.23- 33 e paralelas; Ex 3.6. 
Além disso, Ele ensina essa grande verdade com muita clareza em Jô 5.25-29; 6.39, 30, 44, 54; 11.24, 
25; 14.3; 17.24. A passagem clássica do Novo testamento para a doutrina da ressurreição é I Co 15. 
Outras passagens importantes são: I Ts 4.13-16; II Co 5.1-10; Ap 20.4-6 (de interpretação dúbia), e 
20.13. 
 
A Ocasião da Ressurreição 
O conceito premilenista concernente à ocasião da ressurreição. É opinião comum entre os 
premilenistas que a ressurreição dos santos estará separada da dos ímpios por um período de mil 
anos. Ao que parece, quase consideram como verdade axiomática que essas duas classes não têm a 
mínima possibilidade de ressurgir ao mesmo tempo. E não somente isso, mas o tipo de 
premilenismo dominante hoje em dia, com a sua teoria de uma dupla segunda vinda de Cristo, 
sente necessidade de admitir uma terceira ressurreição. Todos os santos das dispensações anteriores 
e da atual dispensação serão ressuscitados na paurosia, ou seja, na vinda do Senhor. Os que ainda 
viveremnesse tempo serão transformados num instante, num piscar de olhos. Mas nos sete anos 
que se seguirão à paurosia, muitos outros santos morrerão, especialmente na grande tribulação. Estes 
também deverão ressuscitar, e a sua ressurreição ocorrerá quando se der a revelação do dia do 
Senhor, sete anos após a parousia. Mas, nem neste ponto os premilenistas podem parar. Desde que a 
ressurreição que se dará no fim do mundo está reservada para os ímpios, terá que haver outra 
ressurreição dos santos que morreram durante o milênio, a qual precederá a dos ímpios, pois, 
segundo eles, santos e ímpios não podem ressuscitar ao mesmo tempo. 
 
Indicações escriturísticas quanto à ocasião da ressurreição. Segundo a Escritura, a ressurreição dos 
mortos coincidirá com a paurosia, com a revelação do dia do Senhor e com o fim do mundo, e 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 37 
precederá imediatamente o juízo geral e final. A Bíblia certamente não favorece as distinções 
premilenistas a respeito desta doutrina. Em diversos lugares ela apresenta a ressurreição dos justos 
e a dos ímpios como contemporâneas, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15; Ap 20.13-15. Todas essas 
passagens falam da ressurreição como um único evento, e não contêm a mais ligeira indicação de 
que a ressurreição dos justos e a dos ímpios estarão separadas por um período de mil anos. Mas isto 
não é tudo que se pode dizer em favor da idéia de que ambas coincidem. Em Jô 5.21-29 Jesus 
combina o pensamento sobre a ressurreição, incluindo a ressurreição dos justos, com o pensamento 
sobre o juízo, incluindo o juízo dos ímpios. Alem disso, II Ts 1.7-10 apresenta claramente a paurosia 
(versículo 10), a revelação (vers. 7) e o juízo dos ímpios (vers. 8 e 9) como coincidentes. Se não for 
este caso, a língua terá perdido o seu sentido. Ademais, a ressurreição dos crentes está ligada 
diretamente à segunda vinda do Senhor em I Co 15.23; Fp 3.20, 21 e I Ts 4.16, mas também é 
apresentada como ocorrendo no fim do mundo, Jo 6.39, 40, 44, 54, ou no último dia. Quer dizer que 
os crentes serão ressuscitados no ultimo dia, e que o ultimo dia é também o dia da vinda do Senhor. 
Sua ressurreição não precederá o fim por um período de mil anos. Felizmente, há vários 
premilenistas que não aceitam a teoria de três ressurreições, mas que, não obstante, apegam-se à 
doutrina de duas ressurreições. 
 
Consideração dos argumentos a favor de duas ressurreições. Grande ênfase é dada ao fato de que a 
Escritura, apesar de geralmente falar da ressurreição ton nekron, isto é, “dos mortos”, repetidamente 
se refere à ressurreição dos crentes como uma ressurreição ek nekron, isto é, “saída dos mortos”. Os 
premilenistas traduzem esta expressão por “dentre os mortos”, de modo que implica que muitos 
mortos ainda permaneceriam no túmulo. Lightfoot também afirma que esta expressão se refere à 
ressurreição dos crentes, mas Kennedy diz: “Não há absolutamente nenhuma prova a favor desta 
asserção definida”. Também é esta a conclusão a que chega o doutor Vos, depois de um cuidadoso 
estudo das passagens pertinentes. Em geral se pode dizer que a suposição de que a expressão he 
anastasis ek nekron deve ser vertida para “a ressurreição dentre os mortos” é inteiramente gratuita. 
Os léxicos clássicos desconhecem essa versão; e Kremer-Koegel interpreta a expressão dando-lhe 
este sentido: “do estado dos mortos”, e esta parece ser a interpretação mais natural. Deve-se notar 
que Paulo emprega as expressões uma pela outra em I Co 15. Apesar de estar falando somente da 
ressurreição dos crentes, é vidente que ele não procura salientar o fato de que esta é de caráter 
específico, pois emprega a expressão mais geral repetidas vezes, I Co 15.12, 13, 21, 42.1. Os 
premilenistas recorrem também a certas expressões específicas, tais como “superior ressurreição”, 
Hb 11.35, “ressurreição da vida”, Jo 5.29, “ressurreição dos justos”, Lc 14.14, e “e os mortos em 
Cristo ressuscitarão primeiro”, I Ts 4.16 – todas as quais se referem unicamente à ressurreição dos 
crentes. Essas expressões parecem colocar essa ressurreição à parte, como algo diferente. Mas essas 
passagens provam apenas que a Bíblia distingue entre a ressurreição dos justos e a dos ímpios, e não 
fornecem nenhuma prova de que haverá duas ressurreições, separadas uma da outra por um 
período de mil anos. A ressurreição do povo de Deus difere da dos incrédulos em seu princípio 
motriz, em sua natureza essencial e em seu desfecho final, e, portanto, pode muito bem ser 
apresentada como uma coisa distinta e como uma experiência muitíssimo mais desejável do que a 
ressurreição dos ímpios. Aquela liberta os homens do poder da morte; esta não. A despeito da sua 
ressurreição, os incrédulos permanecerão no estado de morte. Um dos principais textos-prova dos 
premilenistas, a favor de duas ressurreições, acha-se em I Co 15.22-24: “Porque assim como em 
Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua 
própria ordem. Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda. E então virá o fim, 
quando ele entregar o reino ao Deus e Pai...”. 
 
Nesta passagem eles vêem três estágios da ressurreição indicados, quais sejam: a ressurreição de 
Cristo; a ressurreição dos crentes; e o fim (como eles o interpretam) da ressurreição, isto é, a 
ressurreição dos ímpios. Silver faz uma colocação pitoresca: “Na ressurreição, Cristo e muitos santos 
que ressurgiram em Jerusalém e ao redor dela aparecem como o primeiro grupo. Mais de 1900 anos 
depois, ‘os que são de Cristo, na sua vinda’ aparecerão como o segundo grupo. ‘E então’ (mas não 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 38 
imediatamente), ‘virá o fim’ (vers. 24), o derradeiro e grande bloco de gente, com um grupo de 
criaturas esquecidas, completando o cortejo”. 
 
É de se notar que a idéia “não imediatamente” é introduzida no texto. O argumento é que, uma vez 
que epeita (depois) do versículo 23 se refere a um tempo ao menos 1900 anos mais tarde, a palavra 
eita (então) do versículo 24 se refere a um tempo 1000 anos mais tarde. Mas isto é mera suposição, 
destituída de qualquer prova. As palavras epeita e eita significam de fato a mesma coisa, mas 
nenhuma delas implica necessariamente a idéia de um longo período intermediário. Observe-se o 
emprego de epeita em Lc 16.7 e Tg 4.14, e o de eita em Mc 8.25; Jô 13.5; 19.27; 20.27. Ambas as 
palavras podem ser utilizadas para indicar algo que ocorrerá imediatamente, e para algo que só 
ocorrerá depois de algum tempo, de maneira que é pura suposição pensar que a ressurreição dos 
crentes estará separada do fim por um longo período de tempo. Outra suposição gratuita é a de que 
“o fim” significa “o fim da ressurreição”. 
 
De acordo com a analogia da escritura, aquela expressão aponta para o fim do mundo, a 
consumação, o tempo em que Cristo entregará o Reino ao pai e porá todos os inimigos debaixo dos 
Seus pés. Este é o conceito adotado por comentadores como Alford, Godet, Hodge, Bachmann, 
Findley, Robertson & Plummer, e Edwards. Outra passagem a que os premilenistas recorrem é I Ts 
4.16, “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e 
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos ressuscitarão primeiro”. 
 
Disto eles inferem que aqueles que não morrem em Cristo ressuscitarão em data posterior. Mas é 
mais que evidente que não é essa a antítese que o apostolo tem em mente. A declaração subseqüente 
não é, “depois os mortos que não estão em Cristo ressuscitarão”, mas “depois nós, os vivos, os que 
ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, pra o encontro do Senhor nos 
ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor”. Biederwolf admite isso francamente.3 Tanto 
nesta passagem como na anterior Paulo está falando somente da ressurreição dos crentes; a dos 
ímpios não está em seu escopo, de modo nenhum. Apassagem mais importante a que se referem os 
premilenistas é Ap 20.4-6: “... e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. 
 
 Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira 
ressurreição”. Aqui os versículos 5 e 6 fazem menção de uma primeira ressurreição, e isto, é o que se 
diz, implica que haverá uma segunda. Mas a suposição de que o escritor está falando de uma 
ressurreição corporal é extremamente duvidosa. Evidentemente o cenário dos versículos 4 a 6 está 
no céu, e não na terra. E os termos não sugerem uma ressurreição corporal. O vidente não fala de 
pessoas ou corpos que foram ressuscitados, mas de almas que “viveram” e “reinaram”. E ele 
denomina esse viver e reinar com Cristo “a primeira ressurreição”. O doutor Vos opina que as 
palavras, “Esta (enfática) é a primeira ressurreição”, podem até ser “uma assinalada desaprovação 
de uma interpretação mais realista (quiliástica) da mesma frase”. 
 
 Com toda a probabilidade, a expressão se refere à entrada das almas dos santos na gloriosa 
condição de vida com Cristo na morte. A ausência da idéia de uma dupla ressurreição bem pode 
fazer-nos hesitar em afirmar a sua presença nesta passagem de um livro tão cheio de simbolismos, 
como o Apocalipse de João. Onde quer que a Bíblia mencione juntas a ressurreição dos justos e a dos 
ímpios, como em Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15, inexiste a mais ligeira insinuação de que ambas 
estarão separadas uma da outra por um período de mil anos. Por outro lado, ela ensina que a 
ressurreição terá lugar no último dia, e imediatamente será seguida pelo juízo final, Mt 25.31, 32; Jo 
5.27-29; 6.39,40, 44, 54; 11.24; Ap 20.11-15. 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 39 
UUNNIIDDAADDEE IIVV 
 JJUUÍÍZZOO FFIINNAALL EE OO EESSTTAADDOO FFIINNAALL 
............................................................... 
 
“O Senhor voltará justamente com o propósito de julgar os vivos e de consignar a cada indivíduo o 
seu destino eterno”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
AA DDOOUUTTRRIINNAA DDOO JJUUÍÍZZOO FFIINNAALL NNAA HHIISSTTÓÓRRIIAA 
Desde os mais primitivos tempos da era cristã, a doutrina de um juízo geral e final esteve ligada à 
da ressurreição dos mortos. A opinião geral era que os mortos ressuscitariam para serem julgados 
segundo as obras praticadas enquanto no corpo. Como solene advertência, dava-se ênfase à certeza 
desse juízo. Esta doutrina já fazia parte do conteúdo da Confissão Apostólica: “Donde virá para 
julgar os vivos e os mortos”. A idéia predominante era que esse juízo seria acompanhado pela 
destruição do mundo. De modo geral, os chamados pais primitivos da igreja não especulavam 
muito acerca da natureza do juízo final, embora Tertuliano constitua uma exceção. Agostinho 
procurou interpretar algumas das declarações figuradas da Escritura a respeito do juízo. Na Idade 
Média, os escolásticos discutiram o assunto com maiores minúcias. Eles também acreditavam que a 
ressurreição dos mortos seria seguida imediatamente pelo juízo geral, e que este marcaria o fim dos 
tempos para o homem. 
 
O juízo será geral no sentido de que todas as criaturas racionais comparecerão nele, e de que trará 
uma revelação geral dos feitos de cada um, tanto dos bons como dos maus. Cristo será o Juiz, 
embora outros estejam associados a Ele no julgamento; não, porém, como juizes no sentido estrito 
da palavra. Imediatamente após o juízo, haverá uma conflagração universal. Deixamos de 
mencionar algumas outras particularidades aqui. Os Reformadores compartiam essa idéia, em geral, 
mas pouco ou nada acrescentaram ao conceito predominante. O mesmo conceito se acha em todas 
as confissões protestantes, as quais afirmam explicitamente que haverá um dia de juízo no fim do 
mundo, mas não entram em detalhes. Tem sido esse o conceito oficial das igrejas até os dias atuais. 
Isto não significa que não houve outros conceitos que achassem expressão. Kant inferiu do 
imperativo categórico a existência de um Juiz supremo que aplicaria a justiça a todos os erros numa 
vida futura. Schelling, com o seu famoso dito, “A história do mundo é o julgamento do mundo”, 
evidentemente considerava o juízo apenas como um processo imanente atual. Alguns não estavam 
inclinados a admitir a constituição moral do universo, não acreditavam que a história se move rumo 
a uma terminação moral, e, assim, negavam o juízo futuro. 
 
A esta idéia foi dada uma formulação filosófica por Von Hartmann. Na teologia “liberal” moderna, 
com sua ênfase ao fato de que Deus é imanente em todos os processos da história, é forte a tendência 
para considerar o juízo primária, senão exclusivamente, como um processo imanente atual. Diz 
Beckwith: “Em Seu procedimento (de Deus) para com os homens, nada se susta, não há suspensão 
de nenhum atributo do Seu ser. O juízo não é, pois, mais verdadeiramente futuro do que presente. 
Na medida em que Deus é o seu autor, é tão constante e perpétuo como a Sua ação na vida humana. 
Pospor o juízo para uma hora publica e futura é ter um falso conceito da justiça, como se esta 
estivesse dormente ou suspensa, totalmente presa a condições externas. Ao contrário, a esfera da 
justiça deve ser procurada, não fora, primeiro, mas dentro, na vida interior, no mundo da 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 40 
consciência”. Os dispensacionalistas crêem de todo o coração no juízo futuro, mas falam em juízos, 
no plural. Segundo eles, haverá um juízo na parousia, outro na revelação de Cristo, e ainda outro no 
fim do mundo. 
 
Natureza do Juízo Final 
O juízo final do qual a Bíblia fala não pode ser considerado como um processo espiritual invisível e 
infindável, idêntico à providência de Deus na história. Isto não equivale a negar o fato de que há um 
julgamento providencial de Deus nas vicissitudes de indivíduos e nações, embora nem sempre se 
reconheçam como tais. A Bíblia nos ensina claramente que, ainda na presente vida, Deus visita o 
mal com castigos e recompensa o bem com bênçãos, e que estes castigos e recompensas são 
positivos nalguns casos, mas noutros aparecem como resultados providenciais naturais do mal 
cometido ou do bem praticado, Dt 9.5; Sl 9.16; 37.28; 59.13; Pv 11.5; 14.11; Is 32.16,17; Lm 5.7. 
 
A consciência humana também atesta este fato. Mas também é manifesto na Escritura que os juízos 
de Deus no presente não são finais. Às vezes o mal prossegue sem a devida punição, e o bem nem 
sempre sé recompensado nesta existência com as bênçãos prometidas. Os ímpios dos dias de 
Malaquias tiveram a coragem de gritar: “Onde está o Deus do juízo?”, Ml 2.17. A queixa que se 
ouvia naqueles dias era; “Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os 
seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos? Ora, pois, nós reputamos por 
felizes os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e 
escapam”, Ml 3.14, 15. Jó e seus amigos lutaram com o problema dos sofrimentos dos justos, e a 
mesma coisa fez Asafe no Salmo 73. A Bíblia nos ensina a ter os olhos postos no futuro, no juízo 
final, vendo neste a resposta decisiva de Deus para todas essas interrogações, a solução de todos 
esses problemas e a remoção de todas as discrepâncias aparentes da era atual, Mt 25.31-46; Jo 5.27-
29; At 25.24; Rm 2.5-11; Hb 9.27; 10.27; II Pe 3.7; Ap 20.11-15. Estas passagens não se referem a um 
processo, mas, sim a um evento bem definido do fim dos tempos. Ele é descrito como acompanhado 
por outros eventos históricos, tais como a vinda de Jesus Cristo, a ressurreição dos mortos e a 
renovação de céus e terra. 
 
Conceitos Errôneos a Respeito do Juízo 
Juízo puramente metafórico. De acordo com Schleiermacher e muitos outros eruditos alemães, as 
descrições bíblicas do juízo final devem ser entendidascomo indicações simbólicas do fato de que o 
mundo e a igreja finalmente se separarão. Esta explicação serve para fazer evaporar toda a idéia de 
um julgamento forense quanto à determinação pública do estado final do homem. É uma explicação 
que certamente não faz justiça às vigorosas afirmações da escritura a respeito do juízo final, de que 
será uma declaração formal, publica e final. 
 
Juízo exclusivamente imanente. A máxima de Schelling, de que “a história do mundo é o 
julgamento do mundo”, sem dúvida contém um elemento de verdade. Como acima foi assinalado, 
há manifestações da justiça retributiva de Deus na história das nações e dos indivíduos. As 
recompensas e os castigos podem ser de caráter positivo, ou podem ser o resultado do bem ou do 
mal praticado. Mas quando muitos eruditos “liberais” afirmam que o julgamento divino é 
totalmente imanente e é inteiramente determinado pela ordem moral do mundo, certamente não 
fazem justiça às apresentações da Escritura. A idéia que eles têm do juízo como “agindo por si 
mesmo” faz de Deus um ser ocioso, que apenas vê e aprova a distribuição de recompensas e 
castigos. Destrói completamente a idéia do juízo como um evento externo e visível a ocorrer nalgum 
tempo definido do futuro. Além disso, esse conceito não pode satisfazer os anseios do coração 
humano pela justiça perfeita. Os juízos históricos são sempre e somente parciais, e às vezes são aos 
homens a impressão de serem disfarces da justiça. Sempre houve e ainda há ocasião para a 
perplexidade de Jó e de Asafe. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 41 
O juízo não será um só evento. Os premilenistas dos nossos dias falam de três diferentes juízos 
futuros. Eles distinguem: Um juízo para os santos ressurretos e para os santos vivos, quando da 
parousia ou da vinda do Senhor, para vindicação pública dos santos, para dar recompensa a cada um 
segundo as suas obras e para determinar os seus respectivos lugares no reino milenar vindouro. Um 
juízo por ocasião da revelação de Cristo (no dia do Senhor), imediatamente após a grande 
tribulação, no qual, conforme o conceito predominante, as nações gentílicas serão julgadas como 
nações, de acordo com a atitude que elas assumiram para com o evangelizante remanescente de 
Israel (os irmãos menores do Senhor). A entrada dessas nações no reino dependerá do resultado do 
julgamento. Este é o juízo mencionado em Mt 25.31-46. estará separado do anterior por um período 
de sete anos. Um julgamento dos ímpios mortos, perante o grande trono branco descrito em Ap 
20.11-15. Os mortos serão julgados segundo as suas obras, e estas determinarão o grau da punição 
que eles receberão. Este juízo ocorrerá mais de mil anos depois do juízo das nações. Devemos notar, 
porém, que a Bíblia sempre fala do juízo futuro com um só evento. Ela nos ensina a aguardar, não 
dias, mas o dia do juízo, Jo 5.28, 29; At 17.31; II Pe 3.7, também chamado “aquele dia”, Mt 7.22; II Tm 
4.8, e “o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus”, Rm 2.5. 
 
Os premilenistas sentem a força deste argumento, pois replicam que esse pode ser um dia de mil 
anos. Além disso, há passagens da escritura que evidenciam abundantemente que os justos e os 
ímpios comparecerão juntos no juízo para uma separação final, Mt 7.22, 23; 25.31-46; Rm 2.5-7; Ap 
11.18; 20.11-15. Ademais, deve-se notar que o julgamento dos ímpios é descrito como um 
concomitante da parousia e também da revelação, II Ts 1.7-10; II Pe 3.4-7. E, finalmente, deve-se ter 
em mente que Deus não julga as nações como nações quando estão em jogo questões eternas, mas 
somente indivíduos; e que uma separação final dos justos e dos ímpios não tem a menor 
possibilidade de ser feita antes do fim do mundo. É difícil ver como alguém pode fazer uma 
interpretação tolerável e coerente de Mt 25.31-46, a não ser partindo do pressuposto de que o juízo a 
que o texto se refere é o juízo universal de todos os homens, e de que estes serão julgados, não como 
nações, mas como indivíduos. Até Meyer e Alford, eles próprios premilenistas, consideram que esta 
é a única explanação sustentável. 
 
O juízo final é desnecessário. Alguns consideram inteiramente desnecessário o juízo final, porque o 
destino de cada ser humano é determinado na hora da sua morte. Se um homem dormir firmado em 
Jesus, estará salvo; se morrer em seus pecados, estará perdido. Desde que a questão está resolvida, 
não é necessário fazer-se mais um inquérito judicial, e, portanto, um juízo final é completamente 
supérfluo. Mas a certeza do juízo futuro não depende da nossa concepção de sua necessidade. Deus 
nos ensina claramente em Sua palavra que haverá um juízo final, e isto põe fim à questão para todos 
os que reconhecem a Bíblia como o padrão final da fé. Além disso, o pressuposto subjacente, do qual 
procede o argumento, a saber, que o juízo final tem o propósito de definir qual seria o estado futuro 
do homem, é inteiramente errôneo. Seu propósito é, antes, expor diante de todas as criaturas 
racionais a glória declarativa de Deus num ato formal e forense que, por um lado, engrandecerá a 
Sua santidade e justiça, e, por outro lado, engrandecerá a Sua graça e misericórdia. Ademais, 
devemos ter em mente que o juízo do ultimo dia será diferente daquele que ocorre na morte de cada 
indivíduo em mais de um aspecto. Não será secreto, mas público; não terá referência a um só 
individuo, mas a todos os homens. 
 
O Juiz e os Seus Assistentes 
Naturalmente, o juízo final, como todas as opera ad extra (obras externas) de Deus, é obra realizada 
pelo trino Deus, mas a Escritura a atribui particularmente a Cristo. Cristo, em Sua capacidade 
mediatária, será o futuro Juiz, Mt 25.31, 32; Jo 5.27; At 10.42; 17.31; Fp 2.10; II Tm 4.1. Passagens 
como Mt 28.18; Jo 5.27; Fp 2.9, 10, tornam mais que evidente que a honra de julgar os vivos e os 
mortos foi conferida a Cristo como Mediador como recompensa por Sua obra expiatória e como 
parte de Sua exaltação. Esta pode ser considerada como uma das honras culminantes da Sua realeza. 
Também em Sua capacidade de Juiz, Cristo está salvando o Seu povo de forma suprema: 
Completará a redenção deles, justificá-los-á publicamente, e removerá as últimas conseqüências do 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 42 
pecado. De passagens como Mt 13.41, 42; 24.31; 25.31, pode-se inferir que os anjos O assistirão nesta 
grande obra. Evidentemente, os santos, nalgum sentido, vão assentar-se e julgar com Cristo, Sl 
149.5-9; I Co 6.2, 3; Ap 20.4. É difícil dizer o que isto envolve. Tem-se interpretado no sentido de que 
os santos condenarão por sua fé o mundo, assim como os ninivitas teriam condenado as cidades 
incrédulas dos dias de Jesus. Ou que eles meramente estarão presentes ao julgamento presidido por 
Cristo. Mas o argumento de Paulo em I Co 6.2, 3 parece exigir mais do que isso, pois nenhuma das 
duas interpretações sugeridas provariam que os coríntios eram capazes de julgar as questões 
surgidas na igreja. Embora não se possa esperar que os santos conheçam todos os que haverão de 
comparecer no juízo e distribuam as penas impostas, todavia, terão alguma parte ativa no juízo de 
Cristo, embora seja impossível dizer precisamente o que será isso. 
 
As Partes que Serão Julgadas 
A Escritura contém claras indicações de pelo menos duas partes serão julgadas. É mais evidente que 
os anjos decaídos comparecerão perante o tribunal de Deus, Mt 8.29; I Co 6.3; II Pe 2.4; Jd 6. Satanás 
e seus demônios verão sua ruína final no dia do juízo. Também se vê com toda a clareza que todos 
os indivíduos da raça humana terão que comparecer às barras da justiça, Sl 50.4-6; Ec 12.14; Mt 
12.36, 37; 25.32; Rm 14.10; 2 Co 5.10; Ap 20.12. Estas passagens certamente não dão lugar ao conceito 
dos pelagianos e dos que seguem sua esteira, de que o juízo final se limitará aos que gozam os 
privilégios do Evangelho. Tampouco favorecem a idéiadaqueles sectários que afirmam que os 
justos não serão chamados a juízo. Quando Jesus diz, em Jo 5.24, “Em verdade, em verdade vos 
digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em 
juízo, mas passou da morte para a vida”, claramente quer dizer, como se vê do contexto, que o 
crente não entrará em juízo condenatório. Às vezes, porém, se objeta que os pecados dos crentes, 
pecados perdoados, certamente não serão trazidos a público naquele dia; mas a Escritura nos leva à 
certeza de que o serão, embora, naturalmente, sejam revelados como pecados perdoados. Os homens 
serão julgados por “toda palavra frívola”, Mt 12.36, e pelos “segredos dos homens”, Rm 2.16; I Co 
4.5, e não há a mínima indicação de isto se restringirá aos ímpios. Além disso, passagens como Mt 
13.30, 40-43, 49; 25.14-23, 34-40, 46 evidenciam que os justos comparecerão ao tribunal de Cristo. 
Mais difícil é decidir se os anjos bons serão submetidos ao juízo final em algum sentido. O doutor 
Bavinck mostra-se inclinado a inferir de I Co 6.3 que serão; mas esta passagem não prova o ponto. 
Poderia fazê-lo se a palavra angelous fosse precedida pelo artigo, o que não acontece. Lemos 
simplesmente: “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos...?” (no original grego, sem 
artigo). Dada a incerteza ligada a esta questão, é melhor silenciar a respeito. Mais ainda quando nos 
lembramos de que os anjos sé são apresentados como ministros de Cristo em conexão com a obra de 
julgamento, Mt 13.30, 41; 25.31; II Ts 1.7, 8. 
 
AASS DDIIFFEERREENNTTEESS PPAARRTTEESS DDOO JJUUÍÍZZOO 
A cognitio causae (o conhecimento da causa). Deus tomará conhecimento do estado de coisas, da 
vida passada completa do homem, incluindo-se até os pensamentos e os intentos secretos do 
coração. Isso é descrito simbolicamente na Escritura como a abertura dos livros, Dn 7.10; Ap 20.12. 
Os fiéis dos dias de Malaquias falavam de um memorial escrito diante do senhor, Ml 3.16. É uma 
descrição figurada acrescentada para completar a idéia do juízo. Geralmente o juiz tem o livro da lei 
e o registro daqueles que compareceram perante ele. Com toda a probabilidade, a figura neste caso 
se refere simplesmente à onisciência de Deus. Alguns falam do livro da Palavra de deus como do 
livro dos estatutos, e do memorial como o livro da predestinação, o registro privado de Deus. Mas é 
muito duvidoso que devamos particularizar os pontos dessa maneira. 
 
A sententiae promulgatio (a promulgação da sentença). Haverá promulgação da sentença. O dia do 
juízo é o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, Rm 2.5. Tudo terá que ser revelado ante o 
tribunal do Juiz supremo, II Co 5.10. O senso de justiça exige isto. A sentença pronunciada sobre 
cada pessoa não será secreta, não será conhecida apenas pela pessoa, mas será proclamada 
publicamente, de maneira que pelo menos aqueles que de algum modo estão envolvidos a 
conhecerão. Assim, a justiça e a graça de Deus refulgirão em todo o seu esplendor. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 43 
 
A sententiae executio (a execução da sentença). A sentença dos justos comunicará bem-aventurança 
eterna, e a dos ímpios, miséria eterna. O Juiz dividirá a humanidade em duas partes, como o pastor 
separa dos cabritos as ovelhas, Mt 25.32 e segtes. Em vista do que se dirá sobre o seu estado final no 
próximo capítulo, não é preciso acrescentar nada mais aqui. 
 
OO EESSTTAADDOO FFIINNAALL 
O juízo final determinará o estado final dos que comparecerão perante o tribunal, e a esse estado os 
levará. 
 
O Estado Final dos Ímpios 
O lugar para o qual os ímpios serão enviados. Na teologia dos dias atuais há uma evidente 
tendência, nalguns círculos, de eliminar a idéia de punição eterna. Os extincionistas, que ainda estão 
representados em seitas como o adventismo e a “aurora do milênio”, e os defensores da 
imortalidade condicional, negam a existência perpétua dos ímpios e, com isso, tornam desnecessário 
um lugar de punição eterna. Na teologia “liberal” moderna, a palavra “inferno” é geralmente 
considerada como um designativo figurado de uma condição puramente subjetiva, na qual os 
homens podem achar-se mesmo enquanto na terra, e a qual pode tornar-se permanente no futuro. 
Mas essas interpretações certamente não fazem justiça aos dados da escritura. Não pode haver 
dúvida razoável quanto ao fato de que a Bíblia ensina a existência permanente dos ímpios, Mt 24.5; 
25.30, 46; Lc 16.19-31. Além disso, em conexão com o tema do “inferno”, a Bíblia emprega 
expressões indicativas de lugar o tempo todo. Ela dá ao lugar de tormento o nome de geena, nome 
derivado do hebraico ge (terra, ou vale) e hinnom ou beney hinnom, isto é, Hinnom ou filhos de 
Hinnom. Este nome foi aplicado originariamente a um vale sito a sudoeste de Jerusalém. Era o lugar 
em que os ímpios idólatras sacrificavam seus filhos a Moloque, fazendo-os passar pelo fogo. Daí era 
considerado impuro e, em tempos mais recentes, era denominado “vale de tophet” (escarro), como 
uma região completamente desprezada. Fogueiras ardiam ali constantemente, para consumir o lixo 
de Jerusalém. Como resultado, veio a ser um símbolo do lugar de tormento eterno. Mt 18.9 fala de 
tem geenan tou pyros, a geena de fogo, e esta expressão forte é empregada como um sinônimo de to 
pyr to aionion, o fogo eterno, que aparece no versículo anterior. A Bíblia fala também de uma 
“fornalha acesa”, Mt 13.42, e de um “lago de fogo” (ou “do fogo”), Ap 20.14, 15, que se contrasta 
com o “mar de vidro, semelhante ao cristal”, Ap 4.6. Os termos “prisão”, I Pe 3.19, “abismo”, Lc 8.31 
e “tártaro”, II Pe 2.4 (margem), também são empregados. A Escritura se refere aos excluídos do céu 
dizendo que estão fora (nas trevas exteriores) e que são lançados no inferno. A descrição registrada 
em Lc 16.19-31 é, por certo, inteiramente descritiva de lugar. 
 
O estado no qual continuarão sua existência. É impossível determinar precisamente o que 
constituirá a punição eterna dos ímpios, e nos convém falar mui cautelosamente sobre o assunto. 
Positivamente se pode dizer que consistirá em: ausência total do favor de deus; uma interminável 
perturbação da vida, resultante do domínio completo do pecado; dores e sofrimentos positivos no 
corpo e na alma; e castigos subjetivos, como agonias da consciência, angústia, desespero, choro e 
ranger de dentes, Mt 8.12; 13.50; Mc 9.43, 44, 47, 48; Lc 16.23, 28; Ap 14.10; 21.8. Evidentemente, 
haverá graus na punição dos ímpios. Isto se deduz de passagens como Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 
20.17. Sua punição será proporcional ao seu pecado contra a luz que receberam. Mas, não obstante, 
será punição eterna para todos eles. Esta verdade é exposta claramente na Escritura, Mt 18.8; II Ts 
1.9; Ap 14.11; 20.10. Alguns negam que haverá fogo literal, porque este não poderia afetar espíritos 
como satanás e seus demônios. Mas, como podemos sabe-lo? Nosso corpo certamente age em nossa 
alma de algum modo misterioso. Haverá alguma punição positiva correspondente aos nossos 
corpos. É indubitavelmente certo, porém, que uma grande parte da linguagem referente ao céu e ao 
inferno deve ser entendida figuradamente. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 44 
Duração da sua punição. Contudo, a questão da eternidade da punição futura mercê consideração 
mais especial, por ser freqüentemente negada. Dizem que as palavras empregadas na escritura para 
“sempiterno” e “eterno” podem denotar simplesmente uma “era” ou uma “dispensação”, ou algum 
outro longo período de tempo. Ora, não se pode negar que são empregadas desse modo nalgumas 
passagens, mas isto não prova que sempre tenham este sentido limitado. Não é este o sentido literal 
desses termos. Sempre que são empregados assim, o são empregados figuradamente, e, nesses 
casos, o seu uso figurado é geralmente esclarecido pelo contexto. Além disso, há razões positivaspara se pensar que essas palavras não têm aquele sentido limitado nas passagens a que nos 
referimos. Em Mt 25.46 a mesma palavra descreve a duração, tanto da bem-aventurança dos santos 
como da penalidade dos ímpios. Se esta não for, propriamente falando, interminável, tampouco o 
será aquela; e, todavia, muitos dos que duvidam da punição eterna, não duvidam da felicidade 
eterna. São empregadas outras expressões que não podem ser postas de lado pela consideração 
mencionada acima. O fogo do inferno é chamado “fogo inextinguível”, Mc 9.43; e dos ímpios se diz 
que “não lhes morre o verme”, Mc 9.48. Além disso, o abismo que separará santos e pecadores no 
futuro é descrito como fixo e intransponível, Lc 16.26. 
 
O Estado Final dos Justos 
A nova criação. O estado final dos crentes será precedido pelo passamento do presente mundo e 
pelo surgimento de uma nova criação. Mt 19.28 fala da “regeneração” e At 3.21, da “restauração de 
todas as cousas”. Em Hb 12.27 lemos: “Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas, significa a 
remoção dessas cousas abaladas (céus e terra), como tinham sido feitas, para que as cousas que não 
são abaladas (o reino de Deus) permaneçam”. Diz Pedro: “Nós, porém, segundo a sua promessa, 
esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”, II Pe 3.13,12; e João teve uma visão 
dessa nova criação, Ap 21.1. Somente depois que a nova criação estiver estabelecida é que a nova 
Jerusalém descerá dos céus, da parte de Deus, o tabernáculo de Deus será montado entre os homens 
e os justos adentrarão o seu gozo eterno. Muitas vezes é levantada a questão sobre se essa criação 
será inteiramente nova ou se será uma renovação da presente criação. Os teólogos luteranos apóiam 
fortemente a primeira posição acima, recorrendo a II Pe 3.7-13; Ap 20.11 e 21.1, ao passo que os 
teólogos reformados (calvinistas) preferem a segunda idéia, para a qual encontram apoio em Sl 
102.26,27 (Hb 1.10-12) e Hb 12.26-28. 
 
A habitação eterna dos justos. Muitos concebem também o céu como uma condição subjetiva, que 
os homens podem desfrutar no presente e que, seguindo a justiça, naturalmente se tornará 
permanente no futuro. Mas aqui também se deve dizer que a Escritura apresenta o céu como um 
lugar. Cristo ascendeu ao céu, o que só pode significar que ele foi de um lugar para outro. O céu 
descrito como a casa de nosso Pai, onde há muitas mansões, Jo 14.1, e esta descrição dificilmente 
seria válida para uma condição. Além disso, diz a Escritura que os crentes estão dentro, enquanto 
que os incrédulos estão fora, Mt 22.12, 13; 25.10-12. A Escritura nos dá motivos para acreditarmos 
que os justos herdarão, não somente o céu, mas a nova criação inteira, Mt 5.5; Ap 21.1-3. 
 
A natureza da sua recompensa. A recompensa dos justos é descrita como vida eterna, sito é, não 
apenas uma vida sem fim, mas a vida em toda a sua plenitude, sem nenhuma das imperfeições e 
dos distúrbios da presente vida, Mt 25.46; Rm 2.7. A plenitude dessa vida é desfrutada na comunhão 
com Deus, o que é realmente a essência da vida eterna, Ap 21.3. Eles verão a Deus em Jesus Cristo 
face a face, encontrarão plena satisfação nele, alegrar-se-ão nele e O glorificarão. Contudo, não 
devemos pensar que as alegrias do céu são exclusivamente espirituais. Haverá alguma coisa 
correspondente ao corpo. Haverá reconhecimento e relações sociais num plano elevado. Também é 
evidente na Escritura que haverá graus na bemaventurança do céu, Dn 12.3; 2 Co 9.6. Nossas boas 
obras serão a medida da recompensa que receberemos pela graça, embora elas não a mereçam. 
Apesar disso, porém, a alegria de cada indivíduo será perfeita e completa. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 45 
BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA 
 
• SEVERINO, Pedro da Silva – Apocalípse Versículo Por Versículo – Rio de Janeiro, Editora CPAD. 
• SEVERINO, Pedro da Silva – Armagedom – A Batalha Finale – Rio de Janeiro, Editora CPAD. 
• LAWSON, Steven J. As Sete Igrejas Do Apocalípse – Rio de Janeiro, Editora CPAD. 
• LANGSTON, A. B. - Esboço de Teologia Sistemática – 3ª Edição, Rio de Janeiro, Editora JUERP, 
1999. 
• HAGEE, John - O Começo do Fim – 1ª Edição, São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1997. 
• PENTECOST, J. Dwight – Manual de Escatologia – São Paulo, Editora Vida, 1995. 
• CONYERS, A. J. – O Fim do Mundo – 1ª Edição, São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1997. 
• SEVERINO, Pedro da Silva - Escatologia – 11ª Ed. Rio de Janeiro, Editora CPAD, 1998. 
• SOUZA, João A. Filho - Novo Milênio – Final dos Tempos? - São Paulo, 
 Editora Vida, 1999. 
 
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