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Personalização e Desconsideração da PJ

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PERSONALIZAÇÃO E DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Caracterização da sociedade – art. 981:
Participação de mais de um sócio.
Reciprocidade de contribuição com bens ou serviços.
Atividade econômica.
Partilha dos resultados entre os sócios.
Pessoa jurídica, definição e caracterização:
Conceito de PJ:
Unidade de pessoas naturais ou de patrimônio.
Visando à consecução de certos fins.
Sujeito de direitos e obrigações.
Requisitos:
Organização de pessoas ou de bens.
Licitude de seus propósitos ou fins.
Capacidade jurídica.
Imposição legal, para que certa atividade seja explorada.
Exemplo: instituições financeiras.
A PERSONALIDADE JURÍDICA
Características:
Personalidade própria.
Patrimônio próprio.
Vida própria, que independe da vida de seus criadores.
Não se confundem os direitos e deveres da pessoa jurídica com os de seus sócios, nem os direitos e deveres destes se transferem para a pessoa jurídica.
Benefícios da personalização:
Não atribuição à pessoa dos sócios das condutas praticadas pela sociedade.
Distinção entre patrimônio dos sócios e patrimônio da sociedade.
Vida própria e distinta de seus membros.
Divisão das pessoas jurídicas:
Pessoas jurídicas de direito público.
Pessoas jurídicas de direito privado.
Pessoas jurídicas de direito público:
São aquelas destinadas a atender finalidades do Estado, criadas pela Constituição Federal ou por lei.
Interesses públicos ou preponderantemente de todos.
Pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41 do CC):
A União.
Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios.
Os municípios.
As autarquias, inclusive as associações públicas.
As demais entidades de caráter público criadas por lei.
Pessoas jurídicas de direito privado – art. 44 do CC:
As associações
As sociedades
As fundações
As organizações religiosas
Os partidos políticos
EIRELI
As sociedades:
Não personificadas:
Embora tenham estatutos ou contrato social, não são registradas.
Personificadas:
Simples
Empresárias
Personalização:
Começa com o arquivamento dos seus atos constitutivos nos respectivos registros.
Sociedade empresária – arquivamento na Junta Comercial.
Sociedade simples – arquivamento no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Personalização - efeitos:
Não atribuição à pessoa dos sócios das condutas praticadas pela sociedade
Distinção entre patrimônio dos sócios e patrimônio da sociedade
Vida própria e distinta de seus membros
Hipóteses de aplicação da desconsideração da pessoa jurídica
A desconsideração da personalidade jurídica é medida de exceção, a ser utilizada apenas em hipóteses específicas.
Permite que os efeitos de obrigações da pessoa jurídica sejam estendidos àqueles que sejam sócios, administradores ou sociedades coligadas.
Desconsideração da pessoa jurídica:
Código Civil
Código de Defesa do Consumidor
Diversas legislações esparsas
Histórico:
No plano do Direito Societário, muito cedo alguns perceberam que poderiam utilizar-se da personalidade jurídica para a prática de atos ilícitos ou fraudatórios, lesando terceiros em benefício próprio.
A utilização ilícita ou fraudatória da personalidade jurídica não poderia jamais merecer acolhida no Direito, razão pela qual se desenvolveu na doutrina estrangeira a chamada Doctrine of disregard of legal entity –doutrina da desconsideração do ente legal ou teoria da desconsideração da personalidade jurídica.
A proposição, acolhida primeiro pelos tribunais e depois pelo legislador, permite que os efeitos de obrigações da pessoa jurídica sejam estendidos àqueles que, de fato ou de direito, sejam sócios, administradores ou sociedades coligadas.
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
CÓDIGO CIVIL – ART. 50:
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
Abuso da personalidade jurídica:
A desconsideração está diretamente ligada ao mau uso da personalidade jurídica pelo sócio ou pelo administrador, não prescindindo do aferimento de dolo, abuso de direito, fraude, dissolução irregular da empresa, confusão patrimonial ou desvio de finalidade.
Para aplicar o instituto o Judiciário, atendendo ao comando do artigo 93, IX, da CF/88, deverá obrigatoriamente fundamentar seu ato, apontando fatos e provas que demonstrem estarem presentes as condições de desconsiderar a personalidade jurídica.
Hipóteses de aplicação:
A desconsideração da personalidade jurídica é medida de exceção, a ser utilizada apenas em hipóteses específicas.
Desvio de finalidade:
A sociedade tem sua existência jurídica compreendida no plano geral dos atos lícitos implicando o respeito à lei e, num plano mais específico, respeito às regras ajustadas para a sua existência e funcionamento, devidamente firmadas no instrumento de constituição (contrato ou estatuto), levado ao registro respectivo.
Sua atuação, via de consequência, somente é regular quando se comporta no âmbito das finalidades dispostos em seu ato de constituição, às quais se acrescem os atos indispensáveis à sua administração.
Assim, a empresa está atrelada ao seu contrato social ou estatuto.
Assim, caracteriza-se o desvio de finalidade quando a empresa age em desacordo com o seu contrato social ou estatuto.
Confusão patrimonial:
No ato de instituição da sociedade, por força do artigo 997, III, do CC, será definido o seu capital social, expresso em moeda corrente, constituindo obrigação dos sócios realizar sua participação na formação desse fundo comum, sema por aporte de dinheiro, bens ou serviços, no que são eloquentes os artigos 1.004 a 1.006 do mesmo código.
A partir desse capital, e com o registro, constitui-se um patrimônio societário que, a exemplo da personalidade jurídica, é distinto do patrimônio dos sócios, servindo à realização das finalidades sociais.
O CC estipula a necessidade de escrituração contábil específica obrigatória.
Assim, não é permitida a confusão patrimonial entre o patrimônio da empresa e o patrimônio dos sócios.
Sempre que a promiscuidade jurídica se apresente, o artigo 50 do CC a considera indicativo de abuso no uso da personalidade jurídica, autorizando a despersonalização do devedor, isto é, a sociedade, para reconhecer a obrigação do sócio, administrador ou entidade coligada de fato ou de direito.
Caracterizada a confusão patrimonial entre sociedades formalmente distintas, é legítima a desconsideração da personalidade jurídica da falida para que os efeitos do decreto falencial alcancem as demais sociedades envolvidas.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Relações de Consumo – art. 28 do CDC:
“O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração”.
“§ 5º - Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”.
CDC – Hipóteses de aplicação:	
Abuso de direito
Excesso de poder
Infração da lei
Fato ou ato ilícito
Violação das regras que estejam previstas no contrato social
Poderá o juiz determinar a desconsideração da personalidade jurídica nos casos de falência ou insolvência, ou ainda nas hipóteses de encerramento da pessoa jurídica ou de sua inatividade, se provado ter havido má administração.
Abuso de direito
De acordo com o artigo 187 do CC, o abuso de direito caracteriza ato ilícito, configurando-se sempre que o titular de um direito ou de uma faculdade, ao exercê-lo, excede manifestamenteos limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
No plano das relações de consumo, o abuso de direito traz uma conotação específica, pois trabalha contra a qualidade das relações de consumo, rompendo o equilíbrio que se deve estabelecer entre a livre iniciativa, protegida pelo artigo 170 da CF∕88, e a proteção ao consumidor protegida pelo inciso V do mesmo artigo.
Excesso de poder
O excesso de poder, tomado como abuso do poder econômico, é ato ilícito e, como tal, permite a desconsideração da personalidade jurídica para determinar que o patrimônio do sócio ou administrador, diretamente responsável pela infração da ordem econômica, em detrimento do consumidor, seja responsabilizado pessoalmente pela prática.
Infração da lei ou ato ilícito
A desconsideração da pessoa jurídica impõe aferição, comprovação e demonstração de existência de comportamento ativo ou omissivo que tenha contribuído para a prática do ato ilícito e para a lesão dos direitos do consumidor.
Má administração
Nas relações de consumo, e somente quando esteja caracterizado, atendendo ao binômio desenhado nos artigos 3º e 4º do CDC, a ocorrência de má administração permite a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade fornecedora para responsabilizar aquele ou aqueles que sejam eficazmente responsáveis, por ação ou omissão, pela desídia ou inabilidade que determinou a lesão a direito do consumidor.
A aferição da má administração pressupõe um estado objetivo: o fim da sociedade, fruto:
Da decretação de sua quebra (insolvência da sociedade simples ou falência da sociedade empresária).
Do encerramento regular de suas atividades.
A mera inatividade, ou seja, a inoperância da sociedade que, sem ter sido regularmente dissolvida, deixou de manter suas atividades.
A decisão judicial que a reconhecer, demonstrando a ocorrência dos pressupostos específicos, deverá determinar aquele ou aqueles que irão responder pessoalmente pela obrigação que seria da sociedade.
Ressarcimento frustrado - § 5º
A despersonalização da sociedade também poderá ser determinada sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
É indispensável a demonstração fundamentada de que o ato ou fato identificado é motivo suficiente para permitir a desconsideração da personalidade jurídica.
Relações de trabalho:
No plano dos créditos oriundos de relações de trabalho, a desconsideração da personalidade jurídica tem sido reiteradamente utilizada.
Partindo da premissa de que os créditos trabalhistas, ante a natureza alimentar de que são revestidos, são privilegiados e devem ser assegurados, a moderna doutrina e jurisprudência estão excepcionando o princípio da responsabilidade limitada do sócio, com fulcro na teoria da desconsideração da personalidade jurídica de forma que o empregado possa, verificada a insuficiência do patrimônio societário, sujeitar à execução os bens dos sócios individualmente considerados.

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