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* * Unidade 3: Diferentes esferas do desenvolvimento humano Desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo (Papalia, 2006, p. 51-54) Tendências da psicologia do desenvolvimento (Dessen; Junior, 2005, p. 264-276) * * Dimensões do desenvolvimento Desenvolvimento Físico Desenvolvimento Emocional Desenvolvimento Social Desenvolvimento Cognitivo Tendências da Psicologia do Desenvolvimento Área de atuação e aplicações * * Desenvolvimento físico crescimento do corpo e do cérebro, das capacidades sensórias, das habilidades motoras e da saúde * * Mudanças no domínio físico estão relacionadas a mudanças no domínio psicomotor. No âmbito motor: atividades de movimento do corpo mais amplas, como correr, andar pular e as atividades motoras finas, como pegar objetos, utilizar instrumentos, tai como: colheres, lápis e pincéis para a execução de diferentes atividades. O desenvolvimento motor está estreitamente relacionado ao desenvolvimento global da criança. * * Papalia, 2006, p. 52) * * Princípio cefalocaudal (da cabeça para as partes inferiores): Como o cérebro desenvolve-se muito rapidamente antes do nascimento, a cabeça de um bebê recém-nascido é desproporcionalmente grande. Com 1 ano de idade, o cérebro tem 70% de seu peso adulto, mas o resto do corpo tem apenas de 10 a 20 % do peso adulto. A cabeça torna-se proporcionalmente menor à medida que a criança cresce em altura e as partes inferiores do corpo desenvolvem-se. Os desenvolvimentos sensorial e motor ocorrem segundo o mesmo princípio: os bebês aprendem a utilizar as partes superiores do corpo antes de utilizar as inferiores. Eles vêem os objetos antes de poderem controlar seu tronco e aprendem a fazer muitas coisas com as mãos muito antes de saberem engatinhar ou andar. Princípio próximo-distal (do interior para o exterior): o crescimento e o desenvolvimento motor ocorrem do centro do corpo para fora. No útero, a cabeça e o tronco desenvolvem-se antes dos braços e das pernas, depois se desenvolvem as mãos e os pés, e depois os dedos de pés e mãos. Durante os primeiros anos de vida, os membros continuam crescendo mais rápido do que as mãos e os pés. As crianças primeiro desenvolvem a capacidade de utilizar as partes superiores de braços e pernas (que ficam mais próximas ao centro do corpo), depois os antebraços e parte inferior das pernas, depois mãos e pés e, por fim, os dedos de pés e mãos. * * * * As crianças crescem mais rápido durante os três primeiros anos de vida, especialmente durante os primeiros meses, do que em qualquer outro período da vida. Aos 5 meses, o peso natal de um bebê mediano vai de 3,4 kg para cerca de 6,8 kg, e com 1 ano, o peso triplica para aproximadamente 10 kg. Esse rápido crescimento diminui durante o segundo ano, quando a criança normalmente ganha 2,2 ou 2,7 kg. Durante o terceiro ano, o ganho é em média um pouco menor, cerca de 1,8 a 2,2 kg. A altura aumenta em cerca de 25 a 30 cm durante o primeiro ano, em cerca de 12,5 cm durante o segundo ano e em 7,5 a 10 cm durante o terceiro ano. A medida que o bebê cresce, o formato do corpo e as proporções também mudam; uma criança de 3 anos geralmente é mais magra quando comparada com um bebê de 1 ano, gorducho e barrigudo. A dentição geralmente começa em torno dos 3 ou 4 meses, quando os bebês começam a pegar quase tudo que vêem para pôr na boca, mas o primeiro dente pode só aparece entre o quinto e o nono mês de vida ou mais tarde ainda. No primeiro aniversário, os bebês geralmente têm de 6 a 8 dentes; com 2,6 anos, eles já têm 20. * * O desenvolvimento físico é essencial porque possibilita mudanças em outras esferas. Capacidade de deslocamento, da exploração do mundo, da capacidade de distanciamento e separação física em relação aos pais, por exemplo, dependem de que a criança mude do ponto de vista físico e isso permita a elas se colocar de pé, engatinhar, andar. * * Habilidades como: coordenar as mãos, pegar objetos, conhecer as propriedades dos objetos do mundo, como os eventos do mundo acontecem, quais as consequências da sua própria ação sobre os objetos. A variedade de atividades que o crescimento físico proporciona tende a ampliar o universo da criança e a estimular o desenvolvimento da sua cognição. * * O parceiro social irá se ajustar ao perfil da criança, vai escolher brincadeiras específicas, apresentar desafios diferentes, brinquedos diferentes. As expectativas do adulto em relação à criança na medida em que ela passa por diferentes fases do desenvolvimento físico são diferentes. * * O desenvolvimento físico também influencia a auto-imagem da criança, a forma como ela se percebe no mundo, como ela avalia sua capacidade de atuar no ambiente social, a forma como ela se percebe nos seus grupos de pares. Todo o processo de mudança física que ocorre em qualquer momento do ciclo de vida tem importantes repercussões. * * As mudanças da puberdade podem estar relacionadas a conflitos no ambiente familiar, busca de independência e autonomia. Por outro lado, as mudanças biológicas relacionadas às variações hormonais também trazem alterações do humor, instabilidade e inquietude. * * Quando uma criança de 11 anos, por exemplo, entra na puberdade e começa a apresentar as mudanças físicas típicas deste momento espera-se que elas venham acompanhadas de certas mudanças psicológicas e sociais. O amadurecimento físico e sexual dos jovens vem acompanhado de mudanças muito intensas na forma como eles se veem e na forma como são vistos pelo mundo social. * * Desenvolvimento cognitivo mudança e estabilidade nas capacidades mentais, como aprendizagem, memória, linguagem, pensamento, julgamento moral e criatividade * * Jean Piaget (1896-1980): está na natureza do organismo humano adaptar-se ao seu ambiente, este é um processo ativo. Piaget não acha que o ambiente molda a criança. A criança (e o adulto) busca, de forma ativa, compreender o seu ambiente. Ela explora, manipula e examina os objetos e as pessoas de seu mundo. * * Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio de três princípios inter-relacionados: Organização cognitiva: é a tendência de criar sistemas de conhecimento cada vez mais complexos; Adaptação: como uma pessoa lida com novas informações. Envolve dois passos: assimilação (tomar uma informação e incorporá-la em estruturas cognitivas existentes) e acomodação (mudar nossas ideias, ou estruturas cognitivas para incluir o novo conhecimento); Equilibração: é a busca constante de equilíbrio entre a criança, o mundo exterior e as estruturas cognitivas da criança; * * Um estágio A deve aparecer em todas as crianças antes de um estágio B. Os períodos de desenvolvimento cognitivo são: sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2-7 anos), operatório concreto (7-12 anos) e operatório formal (12 anos em diante). * * * * Estágio sensório-motor de Piaget (nascimento até 2 anos) Os bebês aprendem sobre si e sobre o seu mundo através de suas atividades sensórias e motoras; Eles aprendem a organizar suas atividades, coordenar informações que recebem dos sentidos; A criança se desenvolve de um período neonatal, de completa indiferenciação entre o eu e o mundo para uma organização coerente de ações sensório-motoras diante do ambiente imediato. Há seis subestágios: * * Os seis subestágios do Estágio Sensório-Motor de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget * * Os seis subestágios do Estágio Sensório-Motor de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget * * Estágio Pré-operacional (dois a sete anos) Uso de símbolos: as crianças podem pensar sobre algo sem precisar vê-lo a sua frente; Compreensão de identidades: o mundo é mais organizado e previsível, as crianças sabem que alterações superficiais não mudam a natureza das coisas; Compreensão de causa e efeito: as crianças podem fazer os eventos acontecerem; Compreensãode números: podem contar e lidar com quantidades; Capacidade de classificar: organizar objetos, pessoas e eventos em categorias de significado; Empatia: as crianças tornam-se capazes de imaginar como os outros poderiam se sentir; * * Não avanços... * * Estágio Operacional-Concreto (de 7 a 12 anos) Tem uma organização cognitiva mais sólida, duradoura, seu pensamento é mais lógico, menos autocentrado e menos fantasioso; São menos egocêntricas, podem pensar logicamente porque levam em consideração vários aspectos; Ainda são limitadas a pensar o aqui e agora, não são capazes de pensar hipoteticamente (pensamento abstrato); * * * * Estágio das Operações Formais (12 anos a idade adulta) Capacidade de pensamento abstrato; Não são limitados ao aqui e agora; Pensar sobre elementos puramente formais, sobre proposições que não tenham necessariamente nenhum tipo de vinculação com a realidade. Este tipo de pensamento se complexifica e se enriquece ao longo do processo de desenvolvimento na adolescência e vida adulta. O desenvolvimento atinge seu ponto mais alto em termos qualitativos quando o sujeito passa a operar formalmente. * * Desenvolvimento socioemocional mudança e estabilidade na personalidade e nos relacionamentos sociais * * A Psicologia do Desenvolvimento é constituída por diferentes escolas, com diferentes visões teóricas sobre os processos de desenvolvimento humano. Quando vai se discutir, por exemplo, o desenvolvimento emocional e social, a teoria de Erik Erikson é respeitada para a compreensão do desenvolvimento humano como um processo de ciclo vital. * * Para Erikson o ser humano busca ao longo de sua vida a construção e o reconhecimento de sua identidade. A integração do passado, presente, futuro na vida do sujeito é fundamental para a construção da identidade. A teoria de Erikson considera o desenvolvimento da personalidade como algo que se desenrola da infância à velhice - mas reconhece na adolescência o período crucial para a formação da identidade. Erikson propôs uma série de 8 estágios para caracterizar o desenvolvimento ao longo da vida. Cada estágio da vida impõe um desafio ou uma crise normativa. Cada crise tem duas saídas possíveis, duas polaridades: uma das polaridades vai predominar na resolução da crise, a qualidade que predomina é incorporada ao ego. * * * * * * * * A primeira crise é a da Confiança básica X Desconfiança básica (0 - 18 meses). A primeira crise humana já é de natureza relacional, devido à característica de desproteção e dependência, o bebê precisa de um parceiro que atenda as suas necessidades. O bebê deve aprender que precisa confiar em seus pais para a obtenção de alimento, conforto, segurança e amor. Quando esta confiança se desenvolve a criança sente-se segura, sente que o mundo é um lugar estável e tranquilo de estar. A desconfiança básica é o sentimento oposto a este. Quando se desenvolve a confiança, há uma chance maior de a criança desenvolver autonomia na segunda fase, no segundo conflito. * * A segunda crise é a da Autonomia X Dúvida e vergonha (18 meses - 3 anos). Neste momento a crise principal vivida pela criança se refere à desenvolver sua autonomia ou uma dúvida em relação às suas capacidades. Este conflito está bastante vinculado a questão da dependência e da autonomia. Quanto mais a criança desenvolver um sentimento de confiança nos pais, durante a primeira crise, mais ela vai ser capaz de ser autônoma e de fazer coisas independentemente, inclusive coisas que vão gerar a desaprovação e a repreensão dos pais. A autonomia reflete na capacidade de ousar, fazer, tentar. O oposto é desenvolver um sentimento de dúvida e vergonha em relação a si mesmo. A terceira crise é a da Iniciativa X Culpa (3 anos - 6 anos). As crianças desenvolvem mais ainda a capacidade de iniciar e realizar atividades. Os pais serão importantes no sentido de encorajar a criança em suas iniciativas ou em reforçar um sentimento de culpa pelas iniciativas. * * A quarta crise é a da Produtividade X Inferioridade (6 - 12 anos). O início da fase escolar de alfabetização marca esta crise que vai durar 6 anos em média. Neste momento a criança é exigida em termos de cumprir funções sociais e atender a demandas do grupo social. A criança começa a desenvolver habilidades necessárias para o trabalho em sua sociedade. Ao ser exigida no desenvolvimento de tais habilidades ela constrói um sentimento de produtividade, no sentido de que é capaz de dar conta das demandas, de produzir. Ou predomina nela um sentimento de incapacidade, de inferioridade. * * A quinta crise é a da Identidade X Confusão de papéis (adolescência) É considerada como um período crítico. O processo de formação da identidade já começou desde o nascimento, mas a adolescência é um momento especial porque é a fase em que o jovem está na transição da infância para a vida adulta e precisa de algum modo organizar quem ele é, precisa integrar valores e costumes da sua cultura, aprender sobre si mesmo, fazer escolhas. O jovem vai contrastar as características comuns dele com outras pessoas e as características que são exclusivamente dele. O jovem precisa organizar sua vida em perspectiva histórica: passado, presente e futuro. São vários papeis que precisarão ser revistos: sexual, social, familiar, vocacional, político, etc. Como muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo, os ajustamentos tem que ser muitos e o jovem tem que tomar uma série de decisões acerca de si, Erikson define o conflito nuclear que caracteriza esta idade como “identidade X confusão de papéis ou confusão de identidade”. * * A sexta crise do desenvolvimento é a primeira crise da vida adulta e diz respeito à Intimidade X Isolamento (adulto jovem 25- 39 anos). Para Erikson, depois que o sujeito passa da crise de identidade (se isso acontece de modo sadio) ele já não tem tanta preocupação sobre quem ele é, já organizou de alguma forma sua identidade adulta e pode então estabelecer relações verdadeiramente íntimas com outras pessoas, sejam relações amorosas e/ou de amizade. Se o sentido de identidade foi bem integrado na quinta crise, o adulto tenderá a ter um predomínio da capacidade de intimidade. Se o senso de confusão de identidade predominou, a chance de que o adulto se mantenha na condição de isolamento é maior. * * A sétima crise sócio-emocional do desenvolvimento é a da Generatividade X Estagnação (idade adulta intermediária - 40 a 65 anos). Neste momento da vida, segundo Erikson, a crise nuclear é vinculada à questão da continuidade. Possivelmente, neste momento da vida o adulto maduro já teve experiências variadas, construiu uma família, trabalhou, fez escolhas pessoais em muitos sentidos e está envelhecendo, está vendo (ou não) os frutos da sua própria vida. O conflito é a preocupação ou necessidade de orientar e cuidar da próxima geração, o que ele chama de sentimento de generatividade. Essa preocupação pode se expressar em relação a filhos, parentes mais jovens. Trata-se de uma necessidade de sentir que sua existência tem continuidade através de suas obras e realizações e que as novas gerações podem dar esse sentido. A estagnação seria a contrapartida negativa da generatividade. * * A última crise psicossocial do desenvolvimento é a da Integridade X Desesperança (65 anos em diante). O envelhecimento e a vivência da finitude e proximidade da morte podem acontecer de formas diferentes: com um sentimento de integridade, completude ou de debilidade física, mental. A vivência da oitava crise é o momento final neste processo humano e contínuo de formação da identidade, é o momento desse fechamento. E ele pode acontecer de formas mais ou menos saudáveis. Quando predomina um sentimento de integridade, o indivíduo sente o seu envelhecimento como um processo que é único e que faz sentido, encara sua existência de uma perspectiva positiva e vê seu destino como únicoe válido apesar das dificuldades inerentes ao processo de envelhecimento. Se predomina o sentimento de desesperança, sente-se fraco, impotente e sem capacidade de produzir mais nada. A velhice proporciona uma forma definitiva de identidade, onde o indivíduo pode determinar o quanto ele foi bem sucedido na sua vida, na sua trajetória. * * Tendências da psicologia do desenvolvimento * * O estudo do desenvolvimento humano tem se modificado ao longo das últimas décadas. Cada vez mais o desenvolvimento humano vem sendo visto como um processo complexo, explicado por múltiplos fatores, sendo assim diferentes níveis de análise tem sido amplamente explorados:individual, social, biológico, cultural. * * Desde estudos na área da genética do comportamento até estudos que englobam a ecologia do desenvolvimento humano e os sistemas sociais amplos que dão sentido aos processos de desenvolvimento, esse é o espectro amplo por onde circulam os estudos de desenvolvimento. A chamada "Ciência do Desenvolvimento", se caracteriza justamente por um conjunto de estudos interdisciplinares para a compreensão dos processos de desenvolvimento humano, englobando esses diferentes níveis de análise. * * Robert Hinde: contribuição no estudo das relações sociais, das relações interpessoais no desenvolvimento; Bronfenbrenner: Modelo Bioecológico ou Modelo Pessoa-Processo-Contexto-Tempo: inter-relação entre organismo-ambiente; Abordagens biológicas: interação com o ambiente; * * Paul Baltes: estudo de trajetórias de desenvolvimento. A chamada perspectiva do "curso de vida" busca integrar aspectos relativos ao tempo, contexto e processos de mudança ao longo da vida. Esta área estuda especialmente como as interações sociais e as mudanças sociais impactam as trajetórias de vida das pessoas. Trajetória é um conceito central nessa perspectiva e significa a sequência de eventos que acontecem no decorrer do desenvolvimento, como as experiências se configuram, o sentido que assumem, a organização que assumem em um processo permanente do nascimento à morte. Nessas trajetórias há a relação dinâmica e as interfaces entre a mudança, a plasticidade humana a e estabilidade. * * As tendências atuais em Psicologia do desenvolvimento exigem, ao mesmo tempo, a construção e reflexão sobre métodos adequados de pesquisa e exploração dos fenômenos humanos de desenvolvimento. Ciência aplicada ou não? (pág. 272- Dessen..) * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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