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filosofia da educação
AntropologiA e educAção iii
marcos antônio lorieri
filosofia da educação
AntropologiA e 
educAção iii
9
IdeIas de um pensador brasIleIro 
sobre o ser humano
São apresentadas, a seguir, algumas ideias de Antônio 
Joaquim Severino, um dos mais importantes filósofos da 
educação do Brasil. Estas ideias constam em diversas 
de suas obras, mas estão expostas de um modo bem 
didático no livro: Filosofia da Educação: construindo a ci-
dadania, publicado em São Paulo, pela editora FTD. As 
referências neste texto são da edição de 1994. Outras 
obras deste autor nas quais ele também apresenta estas 
ideias estão indicadas na bibliografia final.
Severino afirma que o ser humano é um ser que se 
constitui, ou se realiza, em três espaços ou esferas de 
relações: as relações produtivas, as relações sociais e 
as relações simbólicas. São três tipos de relações que 
ocorrem simultaneamente na vida das pessoas estan-
do todas inter-relacionadas ou, mais precisamente, 
imbricadas umas nas outras. As relações produtivas 
ocorrem, basicamente, nas práticas através das quais 
os humanos modificam a natureza; as relações sociais 
ocorrem nas relações das pessoas entre si; as relações 
simbólicas utilizam símbolos ou representações atra-
vés das quais cada pessoa se relaciona consigo própria 
buscando situar-se de alguma maneira nos espaços das 
Filosofia da Educação / Aula 09 Antropologia e Educação III 3
outras duas relações. Através das relações simbólicas, os humanos dão 
sentido ao que fazem, produzem justificativas, valores e entendimentos. 
Estas três relações imbricadas entre si podem ser assim representadas, 
como o foi na videoaula. 
Vejamos um pouco mais como o autor entende cada uma destas esfe-
ras de relações nas quais as pessoas se constituem.
 → Esfera das relações produtivas
É a esfera, como dito acima, na qual se dão as relações de trans-
formação de materiais da natureza, ou dela derivados, com vistas 
a retirar destas relações, ou seja, do trabalho, os elementos neces-
sários para a produção e manutenção da existência material dos 
seres humanos. São muitas e diversificadas as atividades humanas 
envolvidas nas denominadas relações produtivas. Os seres huma-
nos sentem-se, ou deveriam sentir-se, realizados positivamente no 
trabalho, na participação digna nas relações produtivas. Estas rela-
ções não são dignas, ou seja, não respeitam a dignidade humana, 
quando nelas ocorre a exploração das pessoas. Todas as pessoas 
precisam participar de relações produtivas de maneira consciente, 
criativa e satisfatória. Quando há a exploração, isso não ocorre. O 
ser humano passa a estar numa situação outra que não aquela que 
seria uma situação digna. Estar numa “situação outra” significa estar 
numa situação “alienada”. Esta palavra que vem do Latim, significa 
exatamente isso: estar “em outra”, em outra situação que não a que 
convém. E qual situação convém aos seres humanos? Aquela na qual 
eles se realizam plenamente como humanos e não como explorados 
e, muito menos, como escravos. Tudo isso nos faz pensar seriamen-
te em como oferecer ajuda educacional às novas gerações para que 
possam lutar por situações de trabalho nas quais a dignidade das 
pessoas seja respeitada. A começar pela situação social de direito ao 
trabalho. Mas, sempre, pelo direito ao trabalho digno! 
 → Esfera da prática social: relações sociais
É a esfera, ou o espaço, no qual todos os seres humanos vivem: o 
das relações sociais. Todo ser humano já nasce da relação de duas 
pessoas e, a partir daí, entra em relações múltiplas com inúmeros 
outros seres humanos. Estas relações duram ao longo de toda a vida 
de cada pessoa e, nelas, nos formamos de algum modo. É dentro das 
relações sociais que, na verdade, são inter-relações, que são produ-
zidas as demais relações. Forma-se, aí, o grande conjunto do que se 
denomina cultura humana. Cultura tem a ver com cultivo: os seres 
humanos cultivam maneiras de produzir bens, cultivam maneiras de 
Filosofia da Educação / Aula 09 Antropologia e Educação III 4
se organizarem em sociedade e cultivam ideias, crenças, valores, ar-
tes, mitos, religiões (bens simbólicos) cultivando-se, ao mesmo tem-
po, como humanos. Humanos dotados de cultura. No texto base da 
próxima aula serão apresentados alguns textos de outros pensado-
res com afirmações importantes sobre a cultura e sobre a necessida-
de dela para a constituição dos humanos como humanos.
Severino alerta, aqui também, para um grande risco sempre presen-
te nas relações sociais. Ele lembra que em todas as relações entre 
as pessoas (as inter-relações) há sempre o que ele denomina de um 
“coeficiente de poder”. Ou seja, em qualquer relação humana há a 
presença de relações de poder. Em toda sociedade há a presença 
do poder. Parece haver a necessidade do exercício do poder para 
o bom funcionamento da vida social. Há teorias que negam isso, 
mas a maioria dos teóricos considera inevitável a presença deste 
fato do poder. Talvez melhor que falar em poder dever-se-ia falar 
em autoridade a serviço do bom funcionamento da vida social. De 
qualquer maneira, há a presença deste fator. Quando esta presença 
se apresenta como dominação de uns sobre outros tem-se algo que 
não contribui para a boa constituição dos humanos: a dominação. 
Nenhum ser humano pode ser objeto de dominação por outro ser 
humano. E isso precisa ser pensado especialmente pelos educado-
res que devem buscar recursos para debaterem com os educandos 
sobre a necessidade do respeito mútuo na vida social, sobre o res-
peito ao bem público ou ao bem comum e especialmente sobre o 
repúdio a todo tipo de dominação.
 → Esfera da prática simbolizadora: relações simbólicas
É a esfera ou o espaço da vida humana no qual são produzidas 
ideias, crenças, valores (especialmente valores éticos e estéticos), 
mitos, conhecimentos (filosóficos, científicos, artísticos, religiosos e 
os do senso-comum), folclore. São denominados de bens simbólicos 
porque simbolizam a realidade em geral e a vida humana por meio 
destes recursos do espírito humano. São produzidos pelos sujeitos 
humanos no interior de suas interações. Eles permitem uma relação 
das pessoas consigo próprias e, também, processos comunicativos 
com os demais sujeitos. São fundamentais para a vida humana e são 
elementos importantes na constituição dos seres humanos. O con-
junto destes bens forma a “cultua simbólica”, muitas vezes denomi-
nada apenas de cultura. Por serem bens necessários à vida humana 
e necessários na constituição dos humanos como humanos, todos 
devem ter acesso a estes bens e devem desenvolver em si mesmos 
a capacidade para produzi-los. Aqui entra o importante papel da 
Filosofia da Educação / Aula 09 Antropologia e Educação III 5
educação que deve oferecer este acesso desde o mais cedo possível 
a todas as crianças e jovens.
Vejam nos slides da nona vídeo-aula um quadro ilustrativo dos 
vários bens simbólicos. Eles foram mencionados acima, mas no caso 
das artes, foram mencionados apenas com a denominação genéri-
ca de artes. As artes são manifestações privilegiadas da sensibilida-
de humana e revelam entendimento e compreensão a respeito do 
mundo e da vida humana. Todas as pessoas devem poder ter acesso 
às artes e devem também poder ser produtores de artes. Vale lem-
brar os vários tipos de artes: há as artes literárias como as escritas 
em prosa (por exemplo, os romances) e as escritas na forma de po-
esia. Há as artes plásticas como a pintura e a escultura. Há as artes 
cênicas como o teatro e também o cinema. Há as artes musicais, há 
a dança e há a arquitetura. Uma enorme riqueza de manifestação 
cultural humana e, desta riqueza, todos devem poder se servir. 
Severino alerta aqui para um risco também: o da ideologização. 
Ou seja, o risco de que através dos bens simbólicos, sejam passadas 
ideias,crenças, valores, entendimentos, sentidos que são próprios 
e do interesse da classe que domina uma sociedade. Trata-se do 
processo de “cooptação” das pessoas pela ideologia dominante em 
determinada sociedade. É bom recordar o que foi dito a respeito de 
ideologia no texto base da quinta aula. 
Ideologia, num sentido amplo, é o conjunto de ideias, crenças, va-
lores que orientam a maneira de agir e de pensar de uma sociedade 
qualquer. Ideologia dominante é a denominação que se dá a uma 
ideologia que predomina em uma determinada sociedade ou em 
uma época como ocorre em nossa realidade social. Denominamos a 
ideologia dominante em nossa sociedade de ideologia liberal. Neste 
caso, é dentro dela e “de dentro dela” que são veiculados os signifi-
cados para tudo o que se refere à existência humana e à realidade 
na qual a mesma acontece. A ideologia dominante, sendo a ideologia 
da classe dominante, indica ideias, crenças, valores, sentidos, ligados 
aos interesses da classe dominante e não aos interesses de todas 
as pessoas. Pode-se repetir aqui a recomendação de leituras que 
aprofundem a compreensão deste tema como o já indicado livro de 
Marilena Chauí (O que é ideologia) e também o livro de Antônio Joa-
quim Severino (Educação, ideologia e contra-ideologia, cuja referência 
bibliográfica completa encontra-se no final deste texto).
Filosofia da Educação / Aula 09 Antropologia e Educação III 6
ConsIderações para a eduCação a partIr 
destas IdeIas de severIno
Se os seres humanos realizam-se por completo nas três esferas de re-
lações apresentadas pelo autor, que conteúdos educacionais devem ser 
oferecidos às crianças e jovens para que se desenvolvam plenamente 
como seres humanos? 
Se é verdade que o ser humano se faz nas relações produtivas, nas 
relações sociais e nas relações simbólicas (relações que lhe permitem ter 
e produzir arte, conhecimento, valores, folclore, rituais, religiosidade), o 
que uma família deveria poder proporcionar às suas crianças e jovens? 
Alimentação, moradia, roupa, cuidados com a saúde e acesso à escola? 
Há algo mais que deve ser oferecido? E em ocasiões nas quais as crianças 
e jovens participam de atividades com suas famílias fora de suas casas? 
Que atividades formativas escolher?
Uma boa escola deveria garantir acesso às diversas produções artísti-
cas e ao “fazer arte”, além de acesso a conhecimentos? Por quê? 
Como entender a necessidade de acesso a valores e, em especial, aces-
so a valores morais? Como pensar a denominada educação moral?
Uma boa escola deveria oferecer alguns recursos para que seus alunos 
pudessem se preparar, também, para o trabalho? Para qual trabalho?
Cabe à escola oferecer preparo técnico profissional, ou cabe-lhe ofere-
cer recursos básicos que apoiem uma formação para o trabalho?
Como entender os três riscos sérios (exploração, dominação e ide-
ologização) que as relações produtivas, sociais e simbólicas carregam? 
Como você agiria para neutralizar estes riscos nas relações nas quais seus 
alunos estão (ou estarão) envolvidos?
É possível esperar que um ser humano que é sempre explorado, do-
minado e ideologizado seja um “bom sócio” na sociedade? Que é ser “um 
bom sócio”? Ou um bom parceiro na vida social?
Finalmente, uma pergunta direta a cada um de nós educadores: que 
seres humanos queremos ser e que seres humanos gostaríamos que as 
pessoas, a quem queremos bem, fossem? O que é mesmo um ser huma-
no? O que é um ser humano bom?
Estas são perguntas que podem ser respondidas com boas reflexões 
filosóficas, especialmente no campo da antropologia filosófica. A leitura 
atenta e a reflexão a partir dela de textos de filósofos, podem ajudar na 
busca das respostas a estas perguntas.
No texto base da próxima aula serão apresentados alguns textos cur-
tos de filósofos e de outros pensadores sobe o ser humano. Fica aqui o 
convite à sua leitura e principalmente para que reflitam sobre eles.
Filosofia da Educação / Aula 09 Antropologia e Educação III 7
BiBlioGraFia
SEVERINO, ANtôNIO JOAquIm.� Filosofia da 
Educação: construindo a cidadania. São 
Paulo: FTD.�1994.�
 Educação, ideologia e contra-ide-
ologia. São Paulo: EPU, 1986.�

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