Buscar

sustentabilidade economica e ecologica mediante a opcao pelo vegetarianismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 55
$UWLJR�SXEOLFDGR�QR�9RO��,;��������GD�5HYLVWD�&DGHUQRV�GH�'HEDWH��XPD�SXEOLFDomR�GR�1~FOHR�GH
(VWXGRV�H�3HVTXLVDV�HP�$OLPHQWDomR�GD�81,&$03��SiJLQDV�������
6XVWHQWDELOLGDGH�(FRQ{PLFD�H�(FROyJLFD�PHGLDQWH�D�2SomR�SHOR�9HJHWDULDQLVPR
Sérgio Greif1
5HVXPR
Muitos vegetarianos alegam motivos éticos, sociais, econômicos e ecológicos para a adoção de suas práticas dietéticas.
Os motivos éticos alegados podem variar desde a preocupação para com a vida individual dos animais abatidos para
consumo, quanto à preocupação para com uma maioria de seres humanos que indiretamente vêem seu consumo de itens
alimentares básicos prejudicado pelo consumo de alimentos de alto valor agregado de uma minoria, considerando
sistemas limitados de produção. O presente artigo trata desta última consideração ética, apoiada em conceitos
ecológicos, econômicos e sociais.
Palavras-chaves: vegetarianismo, análise emergética, pecuária, sustentabilidade, fatores ecológicos.
(FRQRPLF�DQG�(FRORJLFDO�6XVWDLQDELOLW\�E\�PHDQV�RI�WKH�RSWLRQ�IRU�9HJHWDULDQLVP
$EVWUDFW
Vegetarians state ethical, social, economic and ecological reasons that justify the adoption of their dietetic habits.
Ethical reasons can vary from the concern about the individual life of the animals being killed for consumption to
concerns about the majority of human beings whose lives have indirectly their supply of basic food sources damaged by
consumption of high aggregated value foods by a minority, when considering restricted production systems. The present
article discusses this last ethical concern, supported by ecological, economic and social concepts.
Keywords: vegetarianism, emergetic analysis, cattle raising, sustainability, ecological factors.
,QWURGXomR
Nos últimos 30 anos tem-se popularizado a argumentação em favor da alimentação em níveis mais
baixos na pirâmide alimentar, em oposição à dieta centrada na carne, advinda seja da pecuária intensiva, seja
da pecuária extensiva, consideradas incompatíveis com a sustentabilidade ambiental (Gussow, 1994). Esta
recomendação, empiricamente contida nos antigos ensinamentos de várias culturas, pode ser percebida por
exemplo na 5HS~EOLFD de Platão (369c-373c), ou em antigas escrituras indianas, como nos 9HGDV e primeiros
escritos budistas, e provavelmente foi fator decisivo para a adoção do vegetarianismo em muitas localidades e
épocas.
�Mais recentemente, um dos primeiros propagadores desta idéia foi Henry Sherman (1919), químico
e nutricionista da Universidade de Columbia, que propunha o vegetarianismo como forma de poupar alimento
para soldados e civis durante a Primeira Guerra Mundial. Somente na década de 70, porém, é que o mundo
tomou maior consciência sobre os desperdícios envolvendo a atividade pecuária, quando da publicação do
livro de Frances Moore Lappé em 1971, “Diet for a Small Planet” (Lappé, 1982).
Neste clássico, com mais de 2 milhões de cópias vendidas até 1982 (Lappé, 1982), a autora
demonstra através de diferentes parâmetros (ecológicos, econômicos e sociais), o quanto a pecuária contribui
para a destruição de ecossistemas, ao caos de sistemas econômicos e ao empobrecimento de uma maioria de
 
1
 Mestrando em Alimentos e Nutrição no Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Engenharia de
Alimentos, UNICAMP
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 56
seres humanos. O livro ainda contém mais da metade de suas páginas dedicadas a informações sobre como
manter uma alimentação balanceada sem uso de alimentos de origem animal.
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, foi publicado em 1987 outro livro de grande importância e
aceitação, “Diet for a New America”, por John Robbins (Robbins, 1987). Neste livro, além de abordar muitos
dos problemas tratados por Lappé, o autor discutiu ainda outros aspectos do vegetarianismo, como o lado
ético dos direitos dos animais, e os benefícios para a saúde de uma dieta com isenção de itens animais. Com
respeito à vida particular de John Robbins, seria interessante ressaltar que se opondo a toda forma de
exploração pecuária, e isto incluía a pecuária de leite, o autor condenava as bases nas quais a maior parte do
patrimônio de sua família se constituiu: John Robbins seria o herdeiro de uma próspera fábrica de sorvetes
nos EUA (a Baskin-Robbins). Possuindo idéias divergentes das de seus familiares, estes jamais se
interessaram em se aprofundar em sua obra, até que sofrendo de determinada enfermidade, seu pai recebeu do
médico a recomendação de adotar uma dieta prescrita em um livro, o livro escrito pelo próprio filho. Robbins
conta que seu pai não teve coragem de revelar ao médico sua relação de parentesco com o autor do livro.
Uma terceira publicação que se tornou de importância, nesta mesma linha, é o livro de Jeremy Rifkin,
“Beyong Beef: The rise and fall of the cattle culture” (Rifkin, 1992). O autor, neste livro, trata da
problemática da fome e da má distribuição de alimentos, dos problemas ambientais e dos problemas
econômicos, causados pelos complexos de produção animal. Ao termino do livro o autor alude à uma “Era de
Ouro” que teria âmbito mundial, sendo marcada pelo fim da pecuária, pelo inicio da recuperação da natureza
original de cada continente, e na igualdade na distribuição de alimentos. Esta alusão a uma era praticamente
mítica é parcialmente criticada por Bennett (1987), como será visto mais adiante.
Na 5HS~EOLFD de Platão também vemos alusão a esta “Era de Ouro”, quando Sócrates ensina a Glauco
que a paz apenas poderá ser mantida em uma cidade através da sustentabilidade, apoiada na agricultura,
comércio e pelos ofícios (369c), e o quanto a introdução da pecuária prejudicaria este equilíbrio, criando a
necessidade de conquista de novos territórios e a guerra (373c). Na história da Índia, a adoção em massa do
vegetarianismo teria se dado no século VI A.E.C., coincidindo com a transição da sociedade pastoril para
sociedades agrícolas, quando com o crescimento populacional, as castas superiores passaram a monopolizar o
consumo de carne, necessitando progressivamente confiscar novas terras para transformá-las em pastos. A
limitação da criação de animais para o corte, e manutenção de apenas um pequeno número destes para arar e
adubar a terra, foi a forma de, nestas regiões, se alcançar a sustentabilidade de um núcleo populacional maior
utilizando-se menores recursos da natureza. A adoção do vegetarianismo foi uma forma de evitar as guerras
inter-territoriais e os conflitos sociais; a religião apenas endossou tal tendência, incorporando o
vegetarianismo em seus dogmas (Harris, 1977; Jain, 1982) .
Basicamente o que todas estas e muitas outras publicações transmitem é a idéia de que a criação
animal deve dispor de maiores recursos do que a agricultura, sejam recursos da natureza, sejam da economia;
de que o esgotamento de recursos leva à busca por novos, o que freqüentemente significa o monopólio de
grandes extensões de terras para o sustento de poucos, na transformação de florestas em pastos, na invasão de
territórios vizinhos e na privação de certos setores da sociedade de recursos alimentares, ainda que
naturalmente disponíveis.
$�VLWXDomR�DWXDO
O quadro mundial atualmente não é tão distinto ao que se verificava na Ásia de 2600 anos atrás:
Superpopulação, fome e má distribuição de alimentos, escassez e desvio de recursos, guerras por territórios,
etc. Há 3 mil anos, a população humana se constituía de menos de 6 milhões de pessoas (Neiman, 1989);
atualmente somos 6 bilhões, em uma população crescendo em progressão geométrica. Um agravante à
superpopulação humana atual em relação a 3 mil anos atrás é que atualmente nossas necessidades de matérias
primase nossa necessidade de produção de alimento são muito mais refinadas, tornando ainda mais grave o
quadro.
Críticas à destruição de recursos naturais e ao consumismo são comuns desde a década de 1960, no
entanto tais críticas se concentram muito mais freqüentemente nos “agentes impessoais” que causam o
desmatamento, o aumento de emissões de gases poluentes e o efeito estufa, ou a extinção de espécies. Poucos
se conscientizam ser parte do processo de degradação ambiental no planeta, ou se o fazem, não vêem relação
entre tal degradação e o fato de manterem-se “altos na cadeia alimentar”. Poucos vêem relação entre seus
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 57
hábitos alimentares e a derrubada de florestas, o aumento nas emissões de metano e outros gases que causam
o efeito estufa, ou a condição de miséria da maior parte da população.
Principalmente em locais onde predominam as grandes propriedades, como no Brasil, muitos
desacreditam que a pecuária possa representar um ônus para a terra e para o sistema econômico; isto devido a
quatro motivos principais: 1- Desconhecimento da complexidade do sistema de produção pecuário; 2- Falta
de visão global dos prejuízos causados por atividades individuais; 3- Desconhecimento do sistema econômico
artificial que subsidia e mantém a produção pecuária sustentável, desvalorizando a produção agrícola; 4-
Desconhecimento do OREE\ internacional formado à partir da década de 1950, que promove a produção
pecuária, por mais onerosa que seja à Terra, à economia e à população mundial de uma forma geral.
O caso do desvio de recursos de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, conhecido
como “política da fome”, é a forma como os últimos têm mantido os primeiros em condição de dependência
econômica (Warnock, 1987). O escoamento de alimentos dos países pobres para os países ricos gerou uma
má distribuição de riquezas sem precedentes. Os países do terceiro mundo que têm obtido os maiores
sucessos no sentido de erradicar a fome de seus territórios são justamente os que romperam com o padrão
colonial de desenvolvimento: Cuba, China, Vietnã, Coréia do Norte, etc. (Warnock, 1987).
Populações de países em desenvolvimento que seguem o padrão colonial (ex.: Brasil, outros países da
América Latina, da África e da Ásia), são levadas a valorizar o padrão de alimentação americana, daí a
proliferação de cadeias de lanchonetes americanas também nestes países. Este fenômeno estimula que as
novas gerações desconheçam as próprias fontes alimentares locais, constituídas principalmente de vegetais, e
estimula o desprezo de partes importantes dos vegetais e seu mau aproveitamento, além do aumento na
incidência de obesidade e doenças degenerativas nestas populações. Atualmente, mesmo países que não
seguem o padrão colonial de desenvolvimento se vêem influenciados pela propaganda que promove o padrão
de dieta americano. O aumento no padrão de vida destas populações é freqüentemente avaliado pelo aumento
em seu consumo de carnes (Brown 1995).
,QVXVWHQWDELOLGDGH�GD�3HFXiULD��7HRUL]DomR�(PHUJpWLFD
Podemos verificar a insustentabilidade dos sistemas agropecuários através de sua análise emergética.
Emergia é toda a energia, externa ou interna, renovável ou não, que a biosfera utiliza para produzir um
determinado recurso, seja natural ou antrópico; ou, em outras palavras, é a energia incorporada no processo
de obtenção de um recurso (Ortega, 1999). Quando determinado produto é produzido à custa de muita
emergia advinda de recursos não-renováveis, como combustíveis fósseis ou facilidades monetárias, ou ainda
à custa de perda de biodiversidade, ou de solo, ou à custa de poluição ambiental, este recurso passa a ser
considerado não-sustentável (Ortega, 2003).
Segundo Brown (1998) e Constanza HW�DO� (1997), atualmente tanto a economia quanto a agricultura
são insustentáveis: O fluxo de bens de países subdesenvolvidos para países desenvolvidos, e o manejo
agrícola inadequado são a causa disto, no entanto são problemas teoricamente passíveis de solução,
requerendo apenas que mudanças radicais sejam tomadas e a eles nos conduzam. Um manejo pecuário
“adequado” apenas pode minimizar parte do problema de produção; a pecuária em si, no entanto, jamais
poderá se tornar sustentável na prática, já que podemos verificar seus problemas na teoria:
As redes alimentares podem ser analisadas como cadeias de transformações sucessivas de energia
(Odum HW�DO�, 1987). Calcula-se que 1 / 50.000.000 da energia total irradiada pelo Sol atinja o planeta Terra,
sendo que apenas cerca de 47% efetivamente atingem a superfície (o restante é barrado pelas nuvens, camada
de ozônio, vapores de água, poeira em suspensão, etc). Deste montante, cerca de 4% ainda são refletidos pela
superfície e apenas 0,01-2% do que incide sobre uma folha é utilizado na fotossíntese (Phillipson, 1969;
Odum HW�DO�, 1987)
Fotossíntese, pela definição, é a transformação de energia luminosa em energia química pelos
organismos autótrofos, também chamados “produtores”; os produtores apresentam-se na base da pirâmide
que representa os níveis tróficos. Os organismos que se alimentam dos produtores são chamados
“consumidores primários”, eles ocupam o segundo andar na pirâmide que representa os níveis tróficos,
absorvendo cerca de 10% do total de energia original dos vegetais; o terceiro andar da pirâmide é
representado pelos “consumidores secundários”, organismos que se alimentam dos consumidores primários,
absorvendo destes 10% de sua energia, e apenas cerca de 1% da energia original produzida pelos produtores;
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 58
se houver um próximo nível trófico, será chamado “consumidor terciário”, que se alimentará de
“consumidores secundários” e obterá destes 10% de sua energia, cerca de 0,1% da energia vegetal original.
Para o caso dos sistemas humanos, os autótrofos são representados por toda a forma de vegetal
comestível pelo homem ou pelos animais de consumo; os consumidores primários podem ser representados
por animais herbívoros ou por homens vegetarianos; os consumidores secundários são os homens onívoros e
outros animais carnívoros, e os consumidores terciários são os casos menos documentados em que o homem
se alimenta de animais carnívoros (cães e gatos na Ásia ou em bolsões de pobreza, por exemplo).
A aplicação dos números mostra que 8.000 Kg de matéria vegetal podem produzir 800 Kg de carne
de boi. E 800 Kg de carne de boi podem ser usados para “produzir” 80 Kg de ser humano. Se em vez de os
8.000 Kg de matéria vegetal serem empregados para produzir 800 Kg de carne de boi, estes forem dirigidos
diretamente às populações humanas, teremos a produção de 800 Kg de seres humanos. Supondo que apenas
um homem de 80 Kg se beneficiaria de 8.000 Kg de matéria vegetal se houvesse o nível trófico dos bois os
intermediando, neste sistema onde o homem se alimenta em níveis tróficos, 10 vezes mais homens de 80 Kg
se beneficiariam da mesma biomassa vegetal.
Odum HW� DO� (1987) demonstra que na realidade, a passagem de nível trófico do gado para o ser
humano representa uma perda de não apenas 90% de energia, mas sim de 99%, uma vez que o gado possui
dois níveis tróficos no interior de seu organismo (o primeiro seriam os microorganismos contidos em seu
rúmen, que aproveitariam 10% da energia obtida dos vegetais e dispersariam 90% em seus próprios processos
metabólicos; o segundo seria o próprio organismo do animal, que poderia incorporar apenas 10% da energia
obtida dos microorganismos do rúmen). Se isto for verdadeiro, no exemplo anterior, um homem que
alimentasse seu boi com 8000 Kg de matéria vegetal receberia em troca apenas 80 Kg de carne, e não 800
Kg. Isto seria suficiente para integrar apenas 8 Kg de homem, 100 vezes menos doque se obteria consumindo
diretamente os vegetais.
Todas estas considerações são, obviamente, extremamente teóricas; seu objetivo é ilustrar uma
situação que será a seguir exposta na prática. Em situação real, diferentes alimentos são absorvidos e
aproveitados de forma diferente, e a capacidade de sustentação de uma determinada extensão de terra
depende da espécie vegetal ali cultivada, bem como do trabalho humano ali investido; em outras palavras, a
análise emergética mesmo de uma cadeia de produção vegetal é variável; e a análise emergética da
exploração pecuária, conforme realizada até o presente ponto, ilustra apenas o limite máximo que poderia ser
obtido de tal sistema, o que não ocorre na prática.
Seymour (1988) explica da seguinte forma o problema em questão: “Os vegetarianos argumentam
que são necessárias muitas unidades de proteínas vegetais para se produzir uma unidade de proteína animal,
sob a forma de carne; é preferível, portanto, que o homem não se alimente de animais e coma diretamente as
proteínas vegetais. Por sua vez, os não-vegetarianos dizem que as unidades protéicas que não são diretamente
transformadas em carne não se perdem: são devolvidas à terra sob outra forma, a fim de aumentarem a sua
fertilidade, contribuindo para o crescimento das culturas.”
No entanto, a quantidade de matéria fecal com que o gado contribui para a adubação da terra e que de
fato é aproveitada pelas plantas, de forma alguma pode ser comparada com a quantidade de recursos que se
utilizou para produzi-la. Muito da energia solar usada no processo de produção é dispersa durante seu uso
(Odum HW�DO�, 1987). A defecação é apenas parte dos processos metabólicos que representam os cerca de 90%
perdidos na passagem entre níveis tróficos, sendo ainda parte deste montante a respiração, a transpiração, a
manutenção dos sistemas, etc. – todas estas, formas de energia dispersa. Esta energia dispersa não é de forma
alguma um desperdício para o animal, visto que fora utilizada em seus processos metabólicos (Odum HW�DO�,
1987), no entanto é energia que não é repassada ao próximo nível trófico�
 A representação em forma de pirâmide é útil porque demonstra a quantidade de biomassa
exigida em cada nível trófico. A biomassa de produtores deve ser sempre bem maior do que a de
consumidores primários, e estes devem ter biomassa bem maior do que os consumidores secundários.
Aplicando este conceito ao caso de estudo, manter uma biomassa de vegetais cultivados para sustentar uma
população de vegetarianos é bem menos dispendioso do que manter uma biomassa de gado de tamanho
semelhante para sustentar populações humanas, às custas de uma biomassa vegetal muito maior. Ainda que o
dispêndio pareça ser compensado pelo menor trabalho humano investido, ele demanda a formação de novas
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 59
pastagens a custa da transformação de florestas e perda de biodiversidade, ou da destinação de maiores
extensões de terra a esta atividade, a custa de sua má distribuição.
A energia contida nos níveis mais altos de uma pirâmide de níveis tróficos é geralmente mencionada
como sendo de melhor qualidade, pois muita energia de baixa qualidade (dos níveis tróficos mais baixos) é
necessária para formá-la (Odum HW�DO�, 1987). Em termos práticos diz-se que o valor nutricional da carne é
superior ao dos vegetais. Isto não deixa de ser uma verdade, quando analisamos a carne como produto final;
no entanto, considerando todo o processo de transformação de muitas unidades de nutrientes em poucas
unidades de nutrientes, e considerando a custa de que isto ocorre, verificamos que se trata realmente de um
desperdício em todos os sentidos.
,QVXVWHQWDELOLGDGH�GD�3HFXiULD��HVWXGRV�GH�FDVR
Diversos estudos realizados em diferentes países demonstram a insustentabilidade da pecuária, bem
como seu desperdício em relação à agricultura: Segundo Brown (1972) e Bennett (1987), o americano médio
consome 5 vezes a quantidade de grãos (a maioria na forma de produto animal) do que consome a média das
pessoas em países subdesenvolvidos. Brown (1995) cita uma razão de 4:1: Em países que “se alimentam alto
na cadeia alimentar”, como os EUA e o Canadá, cada pessoa é responsável pelo consumo de 800 Kg de grãos
por ano (maior parte na forma de carne), enquanto que na Índia e outros países com predominância de
vegetarianismo, o consumo médio anual é de 200 Kg.
 Segundo Lappé (1982), são necessárias 16 libras (7,2 Kg) de grãos e soja para se produzir uma libra
(45 g) de bife nos EUA. Em outros países, na melhor das hipóteses, são necessárias 7 libras (3,15 Kg) de
grãos e soja para se produzir uma libra (45g) de bife. Apenas para efeito de comparação, 7,2 Kg de grãos tem
21 vezes mais calorias e oito vezes mais proteínas (mas só três vezes mais gordura) do que 45 g de
hambúrguer.
Mais de 80% dos grãos cultivados nos EUA são utilizados para alimentar animais, segundo a
publicação “World Hunger Facts”, da $PHULFDQ� )ULHQGV� 6HUYLFH� &RPPLWWHH, de Nova Iorque; segundo
Bennett (1987) 40% dos grãos produzidos no mundo inteiro se destinam ao gado. Cerca de 52% do território
americano é destinado a algum tipo de agricultura, destes 87% são destinados à produção de gado (seja
mediante pastoreio direto, seja pelo fornecimento de grãos ao gado) (Lappé, 1982; Robbins, 1987). Segundo
explica Brown (1995), mesmo com toda a abundância de grãos para o sustento do gado nos EUA, a maior
parte do gado ali consumido é engordado em pastagens localizadas nas regiões de grandes planaltos. O uso de
pastos na alimentação do gado aparentemente contorna a problemática da má distribuição de alimentos,
porém esbarra diretamente na problemática da perda de biodiversidade.
Pastos, assim como campos de cultivo, são abertos derrubando-se florestas. Uma dieta centrada no
consumo de carne requer 35 acres de terra por pessoa, mas uma dieta totalmente à base de frutas, cereais e
verduras requer apenas um quinto de acre por pessoa (Fisher, 1975). Os pastos brasileiros, abertos a custa do
desmatamento de florestas nativas (Moran, 1993), não são capazes de sustentar grandes rebanhos por unidade
de terra: Cada boi necessita de 3 a 4 hectares para subsistir, produzindo apenas 210 quilos de carne em um
período de 4 a 5 anos (Winckler, 1992).
Um hectare, se destinado para a produção de vegetais diretamente para o consumo humano,
produziria 5 toneladas de mandioca, o equivalente a 3.500.000 calorias (necessidade energética de 1.700
homens/dia) e 12.000g de proteína (necessidade mínima protéica de 240 homens/dia), ou ainda 2.100.000
calorias e 58.200g de proteína se a cultura fosse de milho, o que seria suficiente para sustentar 1.000 homens
/dia (Chaves, 1969).
Altshul (1988) observa que, considerando-se as unidades de calorias por hectare, uma dieta à base de
cereais, legumes e feijão é capaz de manter cerca de 20 vezes mais pessoas do que mantém a dieta baseada na
carne. A produção pecuária extensiva, mesmo não dependendo, ou dependendo muito pouco, da produção de
grãos, demanda ainda assim uma grande quantidade de terras, o que se dá mediante a perda de biodiversidade
e criação de latifúndios; fora isto, as pastagens requerem adubação e aplicação de herbicidas, enfim, tratos
similares aos que são exigidos por qualquer cultura (Nascimento, 2000).
Segundo Castanho (1987) “A carne é um dos alimentos mais caros de se produzir. São necessários
cerca de 10 hectares de terra para pastos de um animal que sirva de alimento a um homem por 1 ano. A
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 60
mesma área de terra plantada de trigo é suficiente para alimentar 42 homens, e de arroz, 108 homens, pelo
mesmo espaço de tempo (isto se considerarmos uma monocultura, pois culturas consorciadas tendem a render
mais).No entanto, o prejuízo causado pelo hábito de comer carne não se limita ao terreno desperdiçado. O
processo pelo qual o animal vivo tem de passar desde o pasto até a mesa é complicado e exige o trabalho de
centenas de pessoas”. Quanto a este item, o trabalho de centenas de pessoas poderia ser entendido como a
geração de empregos, mas na realidade estes empregos não são sustentáveis e dependem de subsídio
econômico, o que gera desequilíbrio.
&RQVHTrQFLDV�6RFLDLV�GD�3HFXiULD
“Como será possível alimentar uma população mundial sempre crescente?” Está pergunta formulada
e repetida com certa constância se constitui atualmente em uma das maiores preocupações mundiais
(Warnock,1987). Quando analisamos as terras cultiváveis do planeta, verificamos que todas elas já foram
exploradas, seja na forma de pastos, seja na forma de campos de cultivo, e no entanto parte da população
mundial ainda se encontra em condições precárias de subsistência. Isto leva a que se especule a respeito da
limitação da terra, e da necessidade de melhorar as formas de produção. Existe uma forte convicção de que
soluções tecnológicas importadas dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento, como a
“revolução verde” no passado, e o cultivo de transgênicos no presente, não são a solução.
A pecuária, no entanto, raramente tem sido vista como um fator de contribuição para a fome mundial,
devido à falsa noção de que o gado pasta apenas em terrenos que não podem ser utilizados pela agricultura,
servindo portanto como bom conversor de plantas não comestíveis em alimento. Se de fato o gado pastasse
apenas em terras impróprias para o cultivo, e sem receber uma complementação de grãos, sua produção seria
tão baixa e a carne tão escassa que seriam ainda menos acessíveis (Bennett, 1987). A maior parte das terras
que alimentam o mundo estão cultivadas com cereais e uma quantidade inferior de tubérculos; em algumas
regiões predominam campos de leguminosas. Estes grãos, em sua maioria, se destinam a alimentar o gado
(Lappé and Collins, 1977). Mesmo onde predominam os principais pastos, são terras férteis onde a
agricultura seria muito mais desejável.
Lappé (1982) e Robbins (1987) citam que na década de 80, os EUA importavam de países como
Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Honduras e Panamá, 200 milhões de libras (90 milhões de
Kg) de carne por ano; o consumo SHU�FDSLWD de carne nestes países seria inferior ao consumido pela média
dos gatos domésticos nos EUA. Os vegetarianos, por motivos sociais, freqüentemente afirmam que “os ricos
comem a carne de animais que comeram cereais que poderiam alimentar aos pobres”; isto foi na antigüidade
e continua a ser na atualidade uma realidade. O consumo SHU�FDSLWD anual de bife nos EUA é de 42 Kg, na
China é de 1 Kg por ano (Brown, 1995).
No entanto, seria impreciso dizer que na prática, caso os países desenvolvidos deixassem de consumir
tais grãos na forma de carne, as pessoas no terceiro mundo disporiam deles (Bennett, 1987). Se o gado
consumirá menos milho e leguminosas não significa necessariamente que estes se tornarão disponíveis para
consumo por seres humanos menos favorecidos; isto parece tão óbvio quanto considerarmos que não
necessariamente abaixando os salários de pessoas ricas, os pobres ganhariam mais.
Conforme cita Warnock (1987), a política neocolonialista aplicada por países desenvolvidos em
países em desenvolvimento visa a manter suas populações em estado de pobreza para mais facilmente
controlá-las. Mas certamente, FDVR fosse o real objetivo dos governos vencer a problemática da fome,
necessariamente isto teria de passar por um programa de reeducação alimentar da população acompanhado de
uma restrição rígida à atividade pecuária; de outra forma, o sistema não suportaria o sustento de todos os
seres humanos hoje vivos. O consumo de carne é, portanto, a causa da má distribuição de recursos
alimentares, mas ao contrário do que afirmam muitos vegetarianos, seu fim não significaria o
estabelecimento de uma melhor distribuição de recursos (Bennett, 1987). Para vencer a fome mundial, seria
necessária uma completa alteração em sua ordem política, o que inevitavelmente compreenderia uma
alteração global nos hábitos de consumo e de alimentação da população.
&RQVHTrQFLDV�HFRQ{PLFDV�GD�SHFXiULD
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 61
� Da mesma forma que regiões ricas dependem de grãos produzidos em regiões pobres, porque não
podem abastecer seus rebanhos apenas com os grãos produzidos localmente, a criação de gado depende ainda
de dispor de subsídios de energia para sua manutenção. Nos EUA, cerca de 10 calorias são necessárias para a
produção de cada caloria da energia do alimento. Em muitos outros países, onde a população baseia sua dieta
em vegetais, ganha-se 20 ou mais calorias para cada caloria gasta para sua produção (John e Steinhardt,
1974). Para se produzir uma libra de filé (45 g = 500 calorias de energia alimentar) são necessárias 20.000
calorias de combustível fóssil, na maioria gastas para alimentar o gado (Lappé, 1982). Isto significa cerca de
40 calorias de combustível fóssil para cada caloria de proteína obtida de bife produzido; no caso da criação de
aves, são necessárias 16 calorias para cada uma caloria de frango produzida. Grãos e feijão, por outro lado,
necessitam de apenas 2 calorias para produzir cada caloria de alimento (Pimentel, 1980). Segundo os dados
de Durning (1991), é necessário perto de 10 vezes mais energia para se produzir e transportar gado do que
vegetais.
A energia gasta com o sistema alimentar ocidental conta com cerca de 16,5% do total do orçamento
de energia (Akers, 1983). De acordo com um estudo dos departamentos do interior e comércio americano, o
valor do material bruto consumido para produzir alimento para o gado é maior que o valor de todo o óleo, gás
e resfriamento produzido no país (U.S. Department of Commerce, U.S. Department of Interior, s/d); um terço
do valor de todo o material bruto consumido nos EUA para qualquer propósito é consumido na alimentação
do gado.
Vemos que a pecuária caminha no caminho inverso ao Princípio da Máxima Potência: Segundo
Odum HW� DO�� (1987), o Princípio da Máxima Potência diz que “esquemas de sistemas que sobrevivem são
aqueles organizados de tal modo que, trazem energia para si o mais rápido possível e utilizam essa energia
para se retro-alimentar e trazer mais energia” ou ainda “Há sobrevivência no planejamento do sistema mais
adaptado; que é aquele que pode extrair para si o máximo de potência, usando-a para satisfazer suas outras
necessidades”.
A pecuária apenas se mantém mediante subsídios da economia, o que gera desequilíbrio em outros
setores: O pecuarista tem facilidade em obter empréstimos bancários, o agricultor não; o governo subsidia a
pecuária, mas raramente a agricultura; isto tudo leva ao abandono das pequenas propriedades agrícolas de
atividade familiar, ao êxodo rural, e à formação de latifúndios; os preços de itens agrícolas são
freqüentemente elevados para balancear artificialmente o preço dos itens animais; os subsídios
governamentais para fomentar a pecuária contribuem para manterem altos os preços dos impostos pagos pela
população. Segundo Odum HW� DO� (1987), sistemas que não podem subsistir por seus próprios recursos,
tendem a não sobreviver à prova do tempo.
Segundo Brown (1995), com o tempo as forças do mercado tenderão a aumentar o preço dos grãos,
empurrando para cima o preço dos produtos de origem animal, reduzindo seu consumo. Este aumento, sendo
brusco, poderá afetar ainda mais a distribuição de grãos entre os milhões de pobres do mundo, antes que a
pecuária seja afetada; se em tal sociedade, o consumo em níveis mais baixos já for uma tendência, a elevação
nos preços dos grãos será acompanhada por uma gradativa liberação destes para sua distribuição a populações
humanas.A mesma redução seria conseguida impondo uma taxa para o consumo de produtos de origem animal,
similar ao que ocorre com cigarros e bebidas alcoólicas em muitos países; desta forma, a pecuária seria
mantida por seus próprios usufruidores, e não pela generalização de impostos. Apesar de parecer uma medida
extremamente impopular, é bastante justa, visto não ser o consumo de produtos de origem animal, assim
como o cigarro e as bebidas, uma necessidade humana.
&RQVHTrQFLDV�HFROyJLFDV�GD�3HFXiULD
� Apenas para exemplificar as conseqüências ecológicas mundiais da pecuária, tomemos como
exemplo o McDonald’s, uma das maiores multinacionais do mundo. A cadeia de refeições rápidas é acusada
de sozinha, haver promovido a maior destruição de florestas tropicais do planeta (Robbins,1992). Tomando
como base que um hectare de floresta tropical pode quando muito produzir 50 Kg de carne anualmente,
muitos se perguntam quantos hectares de florestas tropicais foram necessários para sustentar as cadeias de
lojas servindo hambúrgueres com 100% de carne bovina (Robbins,1992). Estas e outras acusações levaram a
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 62
que se organizasse uma das maiores campanhas mundiais contra uma companhia, esta campanha ficou
conhecida como “McLibel” (McDifamação).
Mas este problema não se limita apenas às terras tropicais: Nos EUA, 260 milhões de acres de
florestas foram até a década de 80 destruídas para abrir novas pastagens (Lappé, 1982; Robbins, 1987); e
desde então, a cada 8 segundos um acre é destruído (Lappé, 1982; Robbins, 1987). O fato de ser um sistema
de exploração extensivo ou intensivo não tem relação com um menor ou maior ônus ambiental. O gado
confinado ou no campo necessita se alimentar de quantidade aproximadamente semelhante de biomassa
vegetal, seja indo ele até o pasto, seja o pasto vindo até ele. O único agravante é que o alimento oferecido ao
gado em confinamento é de melhor qualidade que o oferecido ao gado pastando, o que provoca certo
constrangimento social, já que estes mesmos cereais poderiam ser utilizados diretamente na alimentação de
seres humanos.
Por outro lado, o gado no pasto representa uma outra problemática que vai ainda além da social: as
pastagens não comportam grande quantidade de cabeças de gado. Uma boa produção de gado só se dá
mediante grande uso de terras, a uma baixíssima produtividade ( Winckler, 1992). Obviamente estas terras
não podem ter grande valor comercial, ou não seriam de tal forma desperdiçadas, mas a formação destas
pastagens se deu no passado e continua a se dar no presente à custa da biodiversidade – florestas nativas
transformadas em pastos, que se transformarão em grande parte em desertos (Moran, 1993).
Tomemos como estudo de caso o exemplo da Amazônia brasileira: Sua ocupação se iniciou em 1958,
com o início da construção da rodovia Belém-Brasília, que cortava não apenas as florestas tropicais, como
também regiões de cerrados, caatingas e florestas decíduas tropicais (Moran, 1993). Uma colonização que se
iniciou tímida a princípio, evoluiu em uma forma de ocupação selvagem, quando a partir de 1966, o governo
federal passou a incentivar a colonização do território (Kleinpenning, 1975; Hecht, 1980; Vásquez and
Yokomizo, 1986; Fearnside, 1987a, b; Mahar, 1989). A pavimentação da rodovia, no entanto, só se deu em
1973.
Hecht (1980) relata que 2 milhões de pessoas se encontravam então assentadas ao longo da rodovia.
A noção de que as terras da região provavelmente eram férteis, já que podiam sustentar grandes florestas
(grande biomassa vegetal), levou a que se optasse pela criação extensiva de gado: de poucas cabeças de gado
em 1958, a Amazônia passou a possuir um rebanho de cerca de 5 milhões de cabeças em 1978 (Mahar, 1989).
No entanto, o solo no qual antes se encontrava a floresta não era fértil, a floresta se mantinha a custa de uma
fina camada de serapilheira superficial retro-alimentada. Iniciou-se na região uma política de desmatamento
contínuo, e graças ao baixo aproveitamento de unidade de terra, isto demandou cada vez mais terras. Uma vez
utilizada como pasto, a terra se tornava desgastada, iniciando o processo de desertificação e erosão do solo na
região.
Apesar da verificação de que as terras da Amazônia eram impróprias para a pecuária haver se dado
logo cedo, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e o Banco da Amazônia S.A.
(BASA) continuavam a favorecer a pecuária através de incentivos fiscais, coisa que não ocorria com a
agricultura ou exploração racional de recursos silvícolas (Kleinpenning, 1975; Hecht, 1980; Vásquez and
Yokomizo, 1986; Fearnside, 1987a, b; Mahar, 1989; Moran,1993). Por isso a pecuária, e não a agricultura ou
outra forma sustentável de exploração dos recursos predominou na Amazônia. Em Rondônia, até 1985 havia
sido desmatada 25,6% do total de matas nativas para serem transformada em pastos. As terras destinadas ao
cultivo de culturas perenes permaneceu estagnada em 3,5% do total.
O processo de desmatamento na Amazônia teve duas grandes interrupções: uma em 1973, graças à
crise do petróleo, e outra em 1988, graças à recessão econômica e hiperinflação. Estas duas crises econômicas
prejudicaram o avanço do desmatamento porque desestimularam a abertura de pastos a custa de
deflorestação, já que estas atividades deixaram de receber estímulos e subsídios e não podiam se manter por
conta própria (Mahar, 1989; Moran,1993).
A necessidade de subsídios para a exploração pecuária é latente: Hecht HW�DO� (1988) realizaram uma
simulação de uma fazenda típica de 20.000 hectares recebendo 75% de subsídios. Verificaram que a criação
de gado era rentável DSHQDV quando recebia toda a ordem de incentivos fiscais completos. Sem tais
incentivos, a atividade não é rentável, e só consegue obter taxas internas positivas através de pastoreio
massivo. Como o pastoreio massivo destrói sua viabilidade a longo prazo, os incentivos favoráveis à
conversão de florestas em pastos levam ao clareamento de novas áreas de florestas mais do que ao
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 63
investimento na recuperação de áreas já clareadas. Os autores concluem que existem poucas dúvidas de que
sem os subsídios as taxas de desmatamento teriam sido muito menores.
Moran (1993) ressalta que a criação de gado, acima até mesmo da mineração e da extração de
madeiras, é a maior causa de desmatamento na Amazônia brasileira, em especial no sudeste amazônico.
Verificamos que na Amazônia peruana a criação de gado não é tão responsável pelo desmatamento, como no
caso do Brasil (Hecht e Cockburn, 1989): No Peru, a Amazônia se constitui em cerca de 38% das terras
cultiváveis nacionais, e nesta região se encontram 20% das pequenas propriedades do país (Bedoya, 1989).
Ademais, estas terras são praticamente de controle das guerrilhas do Sendeiro Luminoso, que estimulando o
plantio de coca, estimulam ainda outras práticas agrícolas de subsistência.
No lado brasileiro, com o predomínio da pecuária de corte e dos latifúndios, apesar de todo o
desgaste de recursos, a situação não favorece a alta densidade demográfica, nem a atividade gera grande
quantidade de mão de obra. Basta verificar que na média, é necessário um único vaqueiro para cada 300
hectares (Mahar, 1989). Conforme observa Denevan (1980), a conversão de florestas em pasto não é
resultado de pressão da população local, como proclamam muitos eruditos não familiarizados com a real
situação; pelo contrário, a grande demanda de pastos para tal atividade, e a insustentabilidade de grandes
núcleos populacionais provoca o despovoamento rural e a urbanização da Amazônia (Mougeot e Aragon,
1981).
Além da devastação de imensas áreas verdes naturais e a derrubada de florestas para a formação de
pastagensque servirão de alimento para o gado, causando a extinção de diversas espécies vegetais e animais
(Rifkin, 1992), a criação de gado contribui com a desertificação, erosão e esgotamento do solo: Dados
americanos mostram que 85% do total da perda de solo no país se devem ao pastoreio direto (Lappé, 1982;
Robbins, 1987). Segundo Durning (1991), para cada libra (45g) de carne ou frango produzido nos EUA, são
perdidas 5 libras (2,25 Kg) de solo. Isto significa que até a década de 80, 75% da solo superficial já se havia
perdido nos EUA, 4 milhões de acres perdidos para a erosão por ano (Lappé, 1982; Robbins, 1987).
 Estudos revelam que cerca de 12% do aumento de temperatura da Terra que ocasiona no efeito
estufa se deve às emissões, por flatulência, de gás metano pelo gado bovino (Lappé, 1982). Bleker e Bakker
(1997), estudando o enriquecimento de nitrogênio na biosfera (poluição) devido a atividades humanas,
recomendam a adoção de dietas o mais próximo possível da vegetariana e aproveitamento melhor de
alimentos vegetais existentes como forma de reduzir o consumo de nitrogênio total e sua conseqüente
dissipação para a atmosfera.
Segundo Lappé (1982) (citando a apresentação do agrônomo Georg Borgstom no encontro Anual da
Associação Americana para o Avanço da Ciência), uma dieta nos padrões ocidentais requer 4.200 galões
(15.897,05 L.) de água/pessoa/dia, o que inclui fornecer a água que os animais bebem, irrigar os campos que
lhes fornecem alimento, processar e lavar suas carcaças e preparar o alimento final. Em contraste, uma dieta à
base de vegetais consome apenas 300 galões (1.135,5 L.) de água por pessoa por dia. A produção de uma
única libra de filé (45 gramas), precisamente no estado da Califórnia, utiliza 2500 galões (9.462,53 L.)
d’água. Isto representa um valor 4 vezes superior ao que se encontraria para produzir 45 gramas de carne de
frango, mais de dez vezes o que seria necessário para produzir 45 gramas de tofu (queijo de soja) e cerca de
100 vezes o que seria necessário para se produzir 45 gramas de trigo (Lappé, 1982; Robbins, 1987).
Em 1973, o 1HZ�<RUN�7LPH�3RVW� revelou que uma única instalação para matar galinhas nos EUA
estava utilizando 378.000.000 de litros d’água por dia, suficiente para abastecer uma cidade com 25.000
habitantes. Obviamente esta água seria subsidiada, o que facilita a manutenção do sistema operando, no
entanto a população é quem arca com o preço deste desperdício, seja através de impostos, seja através do
desperdício da água propriamente dita. Freqüentemente se esboça uma preocupação com a limitação dos
recursos hídricos do planeta, mas o desperdício individual dentro das residências não pode ser comparado
com o desperdício que se verifica na produção animal. Por exemplo, a produção de gado consome mais de
80% de toda a água usada nos EUA (Lappé, 1982). Segundo Keith Akers (1983), se todos os EUA adotassem
uma dieta sem carne, a irrigação seria desnecessária para a obtenção de alimentos.
Em uma pesquisa de Pimentel HW� DO� (1997) sobre a utilização de água para produção de diversos
alimentos, os autores verificaram que para a produção de um quilo de batatas, trigo, alfafa, sorgo, milho,
arroz e soja eram necessários respectivamente 500, 900, 900, 900, 1100, 1900 e 2000 mL de água. Para a
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 64
produção de um boi, considerando apenas a água utilizada em sua alimentação e para a produção de seu
alimento, mas não a água utilizada no processamento de sua carcaça, são necessários 100.000L de água.
Um agravante ao desperdício de água: A água utilizada para a produção e processamento de carnes,
assim como o estrume animal, tendem a ser despejados nos cursos d’água sem tratamento prévio. Lappé
(1982) e Robbins (1987) citam que as 12.000 libras (5.400 Kg) de excrementos humanos lançados nos
esgotos americanos a cada segundo se constituem uma poluição inevitável em nossa sociedade; no entanto as
250 milhões de libras (112,5 milhões de Kg) emitidas a cada segundo pelo gado americano, com o agravante
de não sofrer qualquer tratamento, podem ser perfeitamente evitadas diminuindo-se energicamente a
atividade pecuária.
Estes excrementos animais são muito pouco aproveitados como fertilizantes; apenas nos sistemas de
confinamento, são 1 bilhão de toneladas não recicladas anualmente (Lappé, 1982; Robbins, 1987). Seu
melhor aproveitamento, nesta quantidade, é improvável. Mesmo a construção de tanques de tratamento de
água nos matadouros e curtumes se mostra inviável, dado o grande volume de água que dali escoa. O esterco
e água de processamento das carcaças causa eutrofização dos lagos e cursos d’água, gerando proliferação
excessiva de algas e bactérias, e consumo excessivo de oxigênio dissolvido na água. Desta forma ocorre
grande mortalidade de peixes e outras formas de vida aquática.(Durning, 1991)
&RQFOXV}HV
O mundo, e isto inclui os países mais pobres, está atualmente inundado de grãos, mas a maior parte
de sua população não pode dispor deles (Lappé e Collins, 1977); isto devido a uma enorme diferença de
riquezas, rendimentos e forças, além de níveis diferentes de desenvolvimento nacional, resultando na
exploração de países mais pobres pelo comércio, investimentos e cuidados estrangeiros. Na política neo-
colonialista, países em desenvolvimento dependem da economia dos países desenvolvidos; os países
desenvolvidos também dependem da economia dos países em desenvolvimento, mas podem influenciá-las a
seu favor, seja instituindo ditaduras, seja provocando intervenções militares, ou meramente chantageando-os
por intermédio do Fundo Monetário Internacional.
O vegetarianismo voluntário encontra adesão, em especial nos países desenvolvidos, de pessoas que
não concordam com esta política. A atitude vegetariana ainda não representa nenhum impacto econômico
significativo sobre esta política, principalmente devido à ainda pequena, porém crescente, quantidade de
vegetarianos dentro destas populações, no entanto, o boicote aos produtos de origem animal tenderão a ser
mais significativos conforme aumentem as proporções de vegetarianos.
Conforme foi citado, apenas a abstinência de carne não significará o fim deste problema, mas sim
toda uma mudança no comportamento consumista de populações melhor abastadas. O fato de dever a criação
de gado dispor de maiores recursos do que a agricultura e de não ser a carne verdadeiramente uma
necessidade para o gênero humano, determina o hábito alimentar de pessoas conscientes e sensíveis a esta
problemática.
Apesar� de não ser apenas isto suficiente para resolver os problemas econômicos e sociais, o
vegetarianismo é um grande passo na direção correta. Também na busca de uma sociedade produtivamente
sustentável, e ecologicamente correta, o vegetarianismo é necessário: Os desmatamentos, a extinção das
espécies, o desperdício de energia, de água, a poluição atmosférica e dos cursos d’água estão todos
relacionados com a posição de consumidor secundário que o homem tem assumido na pirâmide de níveis
tróficos.
A recomendação pelo vegetarianismo pode a princípio parecer uma atitude radical e apaixonada, mas
antes, se constitui em uma proposta sensata e com vistas a atingir o equilíbrio entre recursos e necessidades.
Obviamente a produção vegetal também se constitui em atividade que degrada em determinada escala os
recursos da natureza, mas este é o preço que se deve pagar em troca de seus benefícios; de forma alguma os
recursos consumidos pela pecuária podem ser comparados a isto, ainda que levando em conta seus possíveis
benefícios.
Segundo a %HUQH� 'HFODUDWLRQ� *URXS, Suíça, o consumidor deve julgar um produto segundo três
critérios: 1- Saúde: Se o produto é prejudicial à sua saúde ou a daqueles que o produziram; 2- Ecologia: Se
para sua obtenção excessivos recursos não renováveis foram usados, ou muita poluição ambientalfoi
produzida; 3- Justiça: O produtor recebe um retorno decente por seu trabalho. Se cada consumidor procurar
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 65
entender que aquele produto que se encontra disponível para a compra não surgiu simplesmente na prateleira
do supermercado, mas que passou por todo um processo até aquele momento; se o consumidor for consciente
deste processo, isto por si só significará um grande avanço.
É compreensível que, sendo o consumo de carne uma instituição bem sedimentada dentro de nossa
sociedade, e em especial na América Latina (Scudder, 1981), onde predominam países de herança ibérica, a
adoção de hábitos alimentares mais próximos do vegetariano deve ser visto com indiferença e até mesmo com
desprezo. Some-se a isto que cadeias de lanchonete e interesses privados tem determinado há tempos os
gostos alimentares da população, segundo seus interesses, e o apelo em favor do consumo da carne é latente
em toda a sociedade. A importância de uma campanha contra esta tendência não pode ser ignorada.
A proposta por um meio termo, ou seja, uma exploração pecuária “mais racional”, não passa de
ilusória, pois esbarra em conceitos sustentáveis básicos: Se o gado subsistir a pasto, inevitavelmente será
causa de destruição de biodiversidade à sua volta; e se subsistir a grãos, inevitavelmente o fará a custa de
muitos recursos, que melhor aproveitados seriam se aplicados diretamente na população humana. De toda
forma, uma “exploração pecuária racional” não pode alterar o fato de que o gado não pode transferir ao
homem cada unidade de energia que obteve do vegetal. Apenas alterando-se leis naturais básicas, poderia-se
obter uma pecuária de alguma forma “sustentável”.
O boicote vegetariano esbarra, todavia, nos interesses da indústria de exploração pecuária e nos
OREELHV ruralistas, na campanha por uma necessidade do consumo de produtos de origem animal e no próprio
costume alimentar das populações, que estão habituadas a apenas enxergar o produto final, mas não todo o
processo de sua obtenção. Estes todos são impedimentos à melhor distribuição de recursos, ao equilíbrio do
sistema monetário e à conservação da biodiversidade.
Paralelo à difusão de práticas de vida vegetarianas ou mais próximas disto, outras alterações de
ordem global devem ser conduzidas com vistas a se atingir a sustentabilidade: 1- Modificações econômicas
que retirem o subsídio aos produtos pecuários e obriguem o consumidor destes a pagar por seu real preço
(neste caso, o custo emergético para sua produção poderia ser utilizado como indicativo do valor agregado);
2- Educação e conscientização da população para compreensão da problemática; 3- Enfraquecimento do
OREE\ da bancada ruralista, pelo voto direto; 4- Reforma agrária, com incentivos ao pequeno produtor e
proliferação de pequenas propriedades de labor familiar; 5- Políticas baseadas na produção, e sem
favorecimentos de determinados grupos; 6- Incentivos fiscais para a conservação de ecossistemas de grande
biodiversidade; 7- Estímulos à exploração silvícola sem degradação; estímulo à exploração de alimentos
vegetais regionais, e educação da população pelo seu melhor aproveitamento.
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 66
%LEOLRJUDILD
ALTSHUL, A. 3URWHLQV��Their Chemistry and Politics� DSXG�Prabhupada, 1988.
AKERS, K. $�9HJHWDULDQ�6RXUFHERRN� New York: G. Putnam, 1983. (citação) 5p.
BEDOYA, E. Deforestation and land degradation in the Peruvian upper jungle. In: ANNUAL MEETING OF
THE AMERICAN ANTHROPOLOGICAL ASSOCIATION. 88th� 1988, Washington, DC��
BENNETT, J. 7KH�+XQJHU�0DFKLQH��the politics of food. Cambridge: Polity Press, 1987. 232 p.
BLEKER, M.A.; BAKKER, L.R. The nitrogen cost of food production: Norwegian society $PELR Vol. 26,
n. 3, p. 134-142, 1997.
BROWN, L.R. :RUOG�:LWKRXW�%RUGHUV New York: Vintage, 1972 .
BROWN, L.R. :KR�ZLOO� IHHG�&KLQD"�:DNH�XS� FDOO� IRU� D� VPDOO� SODQHW. New York and London: W.W.
Norton & Company, 1995. 163 p.
BROWN, M.T. (QYLURQPHQWDO�$FFRXQWLQJ��Emergy Perspectives on Sustainability. Dialogo LI. Valoração
económica en el uso de los recursos naturales y el medio ambiente. Programa Cooperativo para el Desarollo
Tecnológico del Cono Sur (Procisur). Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA).
Montevidéu, Uruguay, 1998. p. 47-70.
CHAVES, N. 7UySLFR�H�QXWULomR Recife:Universidade Federal de Pernambuco, 1969. 70 p..
CONSTANZA, R et Al. $Q�LQWURGXFWLRQ�WR�(FRORJLFDO�(FRQRPLFV� Boca Raton, Florida: St. Lucie Press,
1997.
DENEVAN, W. Swidden and cattle versus forest: The imminent demise of the Amazon rain forest
reexamined 6WXGLHV�LQ�WKH�7KLUG�:RUOG�6RFLHW\� Vol. 13, p.25-44, 1980.
DURNING, A. 7DNLQJ�6WRFN��Animal Farming and the Environment World Watch Institute, 1991.
FEARNSIDE, P. Causes of deforestation in the Brazilian Amazon ,Q�� Dickinson, R.E. (ed.) 7KH
*HRSK\VLRORJ\�RI�$PD]RQLD��Vegetation and Climate Interactions, New York : Wiley and United Nations
University, pp. 37-61, 1987a
FEARNSIDE, P. Deforestation and international economic development projects in Brazilian Amazonia.
&RQVHUYDWLRQ�%LRORJ\�v. 1, n. 3, p.214-221, 1987b�.
FISHER, A. D. 7R�'HDO�7K\�%UHDG�WR�WKH�+XQJU\ New York, 1975.
GUSSOW, J.D. Ecology and vegetarian consideration: Does environmental responsibility demand the
elimination of livestock? $P��-��&OLQ��1XWU�, vol. 59 (suppl), 1110s-6s, 1994.
HARRIS, M. &DQLEDLV�H�5HLV. Lisboa: Edições 70, 1990, c1977. 295 p..
HECHT, S. Deforestation in the Amazon basin: magnitude, dynamics and soil resource effects. 6WXGLHV� LQ
WKH�7KLUG�:RUG�6RFLHWLHV v. 13, p. 61-108, 1980.
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 67
HECHT, S.; NORGAARD, R.; POSSIO, G. The economics of cattle ranching in eastern Amazonia
,QWHUFLHQFLD v. 13, n. 5 , p. 233-240, 1988.
HECHT, S.; COCKBURN, A. 7KH�IDWH�RI�WKH�)RUHVW��developers, destroyers and defenders of the Amazon�
London: Verso, 1989. 349 p.
JAIN, J.C. -DLQLVPR��9LGD�H�2EUD�GH�0DKDYLUD�9DUGKDPDQD São Paulo: Palas Athena, 1982.
JOHN, S. ; STEINHARDT, C.E. Energy Use in the U.S. Food System, 6FLHQFH , April 29, 1974.
KLEINPENNING, J.M.G. 7KH� LQWHJUDWLRQ� DQG� FRORQLVDWLRQ� RI� WKH� %UD]LOLDQ� SRUWLRQ� RI� WKH� $PD]RQ
EDVLQ� Nijmegen, Holland : Geography and Planning Institute, 1975., 177p.
LAPPÉ, F.M. 'LHW�IRU�D�6PDOO�3ODQHW� New York : Ballantine, 1982.
LAPPÉ F.M.; COLLINS, J. )RRG�ILUVW��Beyond the myth of scarcity. Boston: Houghton Mifflin Company,
1977.
MAHAR, D. J. *RYHUQPHQW� SROLFLHV� DQG� GHIRUHVWDWLRQ� LQ�%UD]LO¶V�$PD]RQ� UHJLRQ , Washington, DC:
World Bank, c1989.
MORAN, E.F. Deforestation and land use in the Brazilian Amazon +XPDQ�(FRORJ\ Vol. 21, n. 1, p. 1-21,
1993.
MOUGEOT, L.; ARAGON, L. (eds.) 2� 'HVSRYRDPHQWR� GR� 7HUULWyULR� $PD]{QLFR� Pará. Cadernos do
NAEA, Universidade Federal do Pará, 1981.
NASCIMENTO, S. Boi volta a comer capim, em vez de soja e de milho. $JURIROKD, , p. 6, fev. 2000.
NEIMAN, Z. (UD�9HUGH"��Ecossistemas Brasileiros Ameaçados� São Paulo: Atual, c1989. 103 p.
ODUM, H.T et al. Environmental Systems and Public Policy. Ecological Economics Program. University of
Florida, Gainesville, 1987. Tradução disponível na Internet em :
http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco/index.htm
ORTEGA, E. Emergia: uma medida do trabalho envolvido na produção dos ecossistemas. In: WORKSHOP
SOBRE AGROECOLOGIA, 1999, Campinas, IB, UNICAMP, Nov. 1999.
ORTEGA, E. Indicadores de sustentabilidade dos agro-ecossistemas de acordo com a metodologia
emergética. In:��,QGLFDGRUHV�GH�6XVWHQWDELOLGDGH. Embrapa - Meio Ambiente, 2003. 300 p.
PHILLIPSON, J. (FRORJLD�HQHUJpWLFD� São Paulo: Editora Nacional : Editora da USP, 1969. 93 p.
PIMENTEL,D. The potential for Grass-fed Livestock: Resource Constraints. 6FLHQFH����: (4433): 843-848,
1980.
PIMENTEL, D HW�DO� Water resources: Agriculture, the environment, and society. %LRVFLHQFH�Vol��47, n. 2, p.
97-106, 1997.
PRABHUPADA, S. *RVWR� 6XSHULRU��Guia prático da alimentação vegetariana� The Bhaktivedanta Book
Trust, 1988.
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
____________________________________________________________________________________________ 68
RIFKIN J. %H\RQG�%HHI��the rise and fall of the cattle culture. New York: Dutton,1992.
ROBBINS, J. 'LHW�IRU�D�1HZ�$PHULFD Walpole, NH: Stillpoint Publishing, 1987.
ROBBINS, J. Can earth survive to Big Mac attack? (�0DJD]LQH Jan/Feb:38-43,60-1, 1992.
SCUDDER, T. 7KH�GHYHORSPHQW�RI�QHZ�ODQGV�VHWWOHPHQWV�LQ�WKH�WURSLFV�DQG�VXEWURSLFV��a global state-of-
the-art evaluation with specific enphasis on policy implications� Binghamton: Institute for Development
Anthropology, 1981.
SEYMOUR, J. *XLD�3UiWLFR�GH�$XWR�6XILFLrQFLD São Paulo: Martins Fontes, 1986. 249 p.
SHERMAN H.C. Permanent gains from the food conservation movement. &ROXPELD�8QLY��4� v. 21, n. 1,
p.1-14, 1919.
U.S. Department of Commerce , U.S. Department of Interior. Raw Material in the United States economy
1900-1977. 7HFKQLFDO�3DSHU���. Bureau of Mines, s/d.. p. 3.
VÁSQUEZ, G.; YOKOMIZO, Y. Resultados de 20 anos de incentivos fiscais na agropecuária da
Amazônia.In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA XVI, 1986, V. 2, p. 47-84, 1986.
Vegetarian Society )DFWV� RI� 9HJHWDULDQ� 6RFLHW\� Booklet of the North American Vegetarian Society
(P.O.Box72, Dolgeville, NY13329).3 p.
WARNOCK, J.W. 7KH�3ROLWLF�RI�+XQJHU��the global food system.� Toronto: Methuen, 1987. 334 p.
Cadernos de Debate, Vol. IX, 2002
________________________________________________________________________________________
____ 69

Continue navegando