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Desapropriacao_e_Usucapiao_agrarios

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Desapropriação e Usucapião agrários
Reforma agrária, dados e legislação
Constituição Federal de 1988
Art.5° Dos Direitos e Garantias Individuais
 
XXIII. a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV. a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV. no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
XXVI. a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
 
Na região Norte estão apenas 80 milhões de hectares destas terras devolutas. A distribuição pelas demais regiões é a seguinte: Nordeste 54 milhões, Centro-Oeste 13 milhões, Sudeste 16 milhões, e, Sul 9 milhões. 
Para começar discutir a questão agrária no Brasil, é preciso, pois, não esquecer que as elites cercaram muito mais do que lhes pertence. E esta terra grilada não pode ser regularizada pela legislação em vigor, pois se trata de grandes posses.
Além disso, a Constituição Federal de 1988 em seu artigo188 prevê que a destinação de terras públicas e devolutas deverá ser compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.
Assim, para começar discutir a necessidade da reforma agrária, é preciso saber que um quinto do Brasil não pertence a quem cercou. Trata-se, pois, de terras públicas devolutas que devem ser destinadas à demarcação das terras indígenas reivindicadas, aos remanescentes de quilombos, aos pequenos posseiros, à reforma agrária e à preservação ambiental.
Além do argumento constitucional, é preciso mostrar que estas terras não podem continuar a ser somadas à concentrada distribuição das terras no país. E porque não podem? Por que o Brasil tem as maiores propriedades privadas da terra que a história da humanidade já registrou. Vamos, pois, a elas. Entre os 436 milhões de hectares de terras cadastradas no INCRA a distribuição em 2003, era a seguinte: 84 milhões (19%) estavam em poder dos imóveis com menos de 100 hectares; 152 milhões (35%) estavam com os imóveis entre 100 e 1.000 hectares; e os demais 200 milhões (46%) com os imóveis com mais de 1.000 hectares. Dentre estes maiores de mil hectares, 32 mil imóveis com mais de 2.000 hectares, apoderaram-se de 132 milhões de hectares, ou seja, 15,5% do país. Entre estes 32 mil imóveis tinha 6,7 mil que abocanharam 69,8 milhões de hectares, ou 8% do território brasileiro.
CAPÍTULO III
Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. 
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. 
§5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I. a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; 
II. a propriedade produtiva. 
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I. aproveitamento racional e adequado; 
II. utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III. observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV. exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
Estatuto da Terra
Art. 17. “O acesso à propriedade rural será promovido mediante a distribuição ou a redistribuição de terras, pela execução de qualquer das seguintes medidas”:
desapropriação por interesse social (...)
Art.18 A desapropriação por interesse social tem por fim:
a) condicionar o uso da terra à sua função social; b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade; c) obrigar a exploração racional da terra; d) permitir a recuperação social e econômica de regiões;
e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica; f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural; h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias.
Conceitos...
[...] desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária é atuação da vontade do Estado, mediante indenização, consistindo na retirada de bem de um patrimônio, em atendimento à composição, apaziguamento, previdência e prevenção impostos por circunstancias que exigem o cumprimento de um conjunto de medidas que visem a melhor distribuição da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país, com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio
Na Lei n. 8629 de 25 de fevereiro de 1993, no seu art. 4º inc. II alínea “a”, a pequena propriedade ficou definida como “imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) a 4(quatro) módulos fiscais”. A média propriedade de 4 a 15 m.f.
art.6º : “Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.” 
O Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) prevê três tipos de propriedade: 
propriedade familiar: "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros (corresponde ao módulo rural);
Minifúndio:  o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar;
Latifúndio:
 o imóvel rural que:
        a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine; (> 600x o módulo rural)
        b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;
 O minifúndio é uma pequena gleba que, não obstante trabalhada por uma família, mesmo absorvendo-lhe toda a força de trabalho, mostra-se insuficiente para propiciar a subsistência e o progresso social do grupo familiar.
  I - "Imóvel Rural",
o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;
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2º elemento) a área precisa ser continua = deve existir no imóvel rural uma continuidade da atividade desenvolvida, ainda que o imóvel apresente interrupções naturais. 
 
3º elemento) destinação = para exploração agrícola, pecuária, extrativista e agroindústria. 
 
Obs.: Imóvel urbano = para moradia;
 Imóvel rural = voltada para a atividade agrícola. 
1º elemento) prédio rústico = é composto das edificações, benfeitorias e acessões. É a finalidade das benfeitorias e acessões que caracteriza se o prédio é rústico ou não e em razão disso também se define a incidência tributária (STJ).
 
 Qual é o perímetro?
Resposta: Todo prédio rústico será sujeito ao cadastro rural. Senão houver a atualização deste no INCRA, não se pode aliená-lo. O recadastramento é feito por satélite (sistema GPS). 
Sujeitos: União (INCRA)
Objeto: imóvel rural que não esteja cumprindo função social (dois critérios: destinação e localização)
Procedimento (ato administrativo complexo)
No INCRA abertura de proc adm 
Decreto Presidencial declarando a área de interesse social; (*prazo de 2 anos para ação principal)
Medida Cautelar de vistoria e avaliação do imóvel; (*citação pessoal do proprietário)
Processo desapropriatório (principal)
5. Petição inicial (p.57 BARROS)
6. Imissão provisória na posse
7. O preço (p.62 BARROS)
8. Sentença irrecorrível
9. Registro do imóvel: transferência
	9.1 Prazo (3 anos)
	9.2 Beneficiários (art.19 Lei 8629/93 – p.68)
	9.3 Forma jurídica 
Art. 189 CF. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. 
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei. 
Dados
O Brasil possui um território com 850.201.546 hectares. Deste total, cadastrado no Incra em 2003, havia 436.596.394 hectares, ou seja, estava apropriado privadamente 51% do país. Isto sem questionar se estes que cadastraram suas pretensas propriedades eram de fato e de direito, seus proprietários. Esta argumentação é necessária, porque a grilagem de terras é fato corriqueiro na história da terra por aqui. Outros 120 milhões de hectares eram ocupados pelas terras indígenas demarcadas ou a demarcar, e, 102 milhões de hectares estavam reservados às unidades de conservação ambiental. Portanto, cerca de 192 milhões de hectares do país, estão cercados e não pertencem de fato e de direito a quem cercou. Entre estas terras públicas devolutas ou não estão as pequenas posses de muitos posseiros que deveriam ser regularizadas e que ocupam cerca de 20 milhões de hectares. Assim, há cerca de 172 milhões de hectares do território nacional cercados indevidamente por grileiros.
70% dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar. Realizada em pequenas propriedades, em geral pelas próprias famílias, diferentemente da agricultura patronal. Essas pequenas propriedades representam cerca de 84,4% do total, mas ocupam apenas 24,3% da área agricultável no Brasil. As outras 15,6% de propriedades ocupam 75,7% da área agricultável nacional, são os latifúndios.
Esses latifúndios, produzem apenas 30% do consumo nacional agropecuário. Apesar de suas enormes dimensões eles não estão voltados para alimentar o povo brasileiro. Sua orientação maior é para o lucro e o que tem dado mais lucro a eles é a produção de soja para fazer, por exemplo, ração para os porcos na Europa.
http://aguinaldo-contramare.blogspot.com.br/2013/04/o-preco-do-tomate-e-o-latifundio.html#.UWN7baLFVmV
Art. 188 (CF). A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. 
§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária. 
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional. 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

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