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CAPÍTULO 1 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer as informações relacionadas aos fundamentos da Psicologia Educa- cional. Compreender como o conhecimento da Psicologia é aplicado na educação es- colar. Conhecer os aspectos históricos e teóricos que determinam os fenômenos liga- dos a Psicologia Educacional. Analisar as ações que preservam o profi ssional psicopedagogo. Identifi car e diferenciar os campos de atuação do profi ssional que se relacio- nam à educação e ao processo de ensino e aprendizagem. 10 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem 1111 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A Psicologia como ciência vem se desenvolvendo desde 1875, com o abandono das ideias abstratas e espiritualistas, desconsiderando os estados subjetivos na compreensão do homem e suas relações. Visto que a Psicologia é a “[...] ciência que estuda o comportamento, tem por objetivo compreender e prever o comportamento, o que pode resultar em ajuda para que as pessoas se realizem através das suas atividades.”. (PATTO, 1984, p. 18). A Psicologia Escolar, assim como a Psicologia Clínica, ainda não tem sua atuação compreendida intimamente. Devido à construção histórica e à forma de surgimento dessas ciências, elas refl etem, na atualidade, conceitos sociais um pouco negativos sobre as respectivas profi ssões. Conceitos esses advindos da época dos seus surgimentos, nos quais realmente não se tinha uma compreensão do sujeito, diferente do que essas profi ssões compreendem hoje. Para elucidar os motivos desses profi ssionais ainda serem vistos como identifi cadores de problemas e patologias, é necessário fazer um retrospecto histórico. Assim, esse tópico tem como fi nalidade apresentar a origem e o desenvolvimento da Psicologia Educacional no Brasil, bem como suas concepções e funções na escola. A PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL O estudo da história da Psicologia vai fornecer os alicerces, as raízes em que será construído esse conhecimento científi co da Psicologia. Assim como em qualquer ciência, ela deve ver e observar com novos olhares, novos conhecimentos, novas respostas para perguntas ainda não respondidas. Essa nova ciência, a Psicologia, observou e registrou o desenvolvimento das crianças e dos jovens, conhecimento necessário ao desenvolvimento das novas concepções de educação, descrevendo o desenvolvimento da criança, seu aprendizado, sua capacidade e inteligência, bem como a sua possibilidade de produção do ensino e aprendizagem. Patto (1984, p. 19) traz a informação de que “[...] a primeira função desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensino no Brasil, foi a de medir habilidades e classifi car crianças quanto à capacidade de aprender e progredir pelos vários graus escolares.”. A Psicologia Educacional tem a sua origem na crença racional e na argumentação de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente A Psicologia Educacional tem a sua origem na crença racional e na argumentação de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente como consequência da utilização correta dos conhecimentos psicológicos. 12 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem como consequência da utilização correta dos conhecimentos psicológicos. A partir dos estudos sobre o papel da Psicologia como ciência e profi ssão, é possível compreender a trajetória histórica da Psicologia Escolar. É importante destacar que o desenvolvimento do capitalismo instaurou uma nova forma de relação social, marcada pelas relações de produção no século XIX, que impactaram as relações no âmbito da família, especialmente em relação ao papel da mulher nos espaços sociais. Patto (1984, p. 18) afi rma que “[...] a análise da constituição histórica e da essência da psicologia científi ca é imprescindível, pois nos permitirá entender mais a fundo o signifi cado de sua participação nas escolas.”. Ao longo da história a relação da Psicologia com a Educação no Brasil passou por mudanças, no entanto, ainda há muito por se fazer nessa área. Nesse contexto, na atualidade, observa-se uma perspectiva crítica sobre a Psicologia Escolar, pois ao mesmo tempo em que a comunidade escolar espera pela atuação desses profi ssionais, ela olha com desconfi ança para o trabalho deles. Nesse sentido, a comunidade escolar espera que o psicólogo contribua para a construção de um processo educacional que seja capaz de socializar o conhecimento historicamente acumulado e de contribuir para a formação ética e política dos sujeitos. Psicologia Escolar: a Psicologia Escolar defi ne-se pelo âmbito profi ssional e refere-se a um campo de ação determinado, isto é, a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atuação nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por outras subáreas da psicologia e por outras áreas de conhecimento. (BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 165). Psicologia Educacional: a Psicologia Educacional pode ser considerada como uma subárea da psicologia, o que pressupõe esta última como área de conhecimento. Entende-se área de conhecimento como corpus sistemático e organizado de saberes produzidos de acordo com procedimentos defi nidos, referentes a determinados fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado em concepções ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. (BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 165). 1313 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 No que se refere aos fundamentos da Psicologia Educacional, desde o seu início no fi nal do século XIX, marco da ligação da Psicologia com a Educação, foram elaborados quatro modelos (psicométrico, clínico, preventivo e compensatório) com base em posturas de atendimento psicológico nos ambientes educativos escolares. Coll (1980, apud COLL 2000) afi rma que, ainda hoje, há infl uências desses modelos no trabalho de psicólogos e pedagogos responsáveis pela elaboração de políticas educacionais. “O modelo psicométrico, que mede, classifi ca e segrega, pois na proporção que os jovens e crianças são classifi cados e rotulados, corre- se o risco de aprisionar a diferença num sistema negativo e comparativo.”. (BOCK, 2001, p. 63). O segundo modelo, clínico, que situa os problemas de aprendizagem nas infl uências ambientais, mais especifi camente no desajuste familiar, e concomitante ao processo de biologização do comportamento, que favorece a patologização desses, tinha um terreno fértil para a disseminação da prática psicológica de psicoterapia e orientação familiar, frente a problemas de aprendizagem e à atribuição de rótulos. O terceiro é o modelo preventivo, surgido na pós-primeira guerra, que deu início à fase da industrialização brasileira e ao surgimento do movimento de higiene mental. O profi ssional de Psicologia, naquela época, deveria adiantar- se aos problemas e cuidar do controle do bem-estar social e individual da nação. As crianças eram classifi cadas e preparadas para a indústria, com o objetivo de obter um indivíduo capaz de produzir. A Psicologia sempre esteve ligada aos interesses dos grupos dominantes: [...] de forma a permitir o aumento do controle sobre os grupos sociais, a ampliação da capacidade produtiva dos trabalhadores, a distribuição de crianças de forma homogênea ou heterogênea nas classes, para garantir o aprendizado e disciplina, a seleção do homem certo para o lugar certo, a higienização moral da sociedade,o controle do comportamento, a classifi cação e diferenciação. (BOCK, 2001, p. 25). O quarto é o modelo compensatório, quando, a partir da década de 70, chegaram ao Brasil as ideias produzidas nos Estados Unidos, cuja necessidade era de conter as tensões geradas pelos movimentos reivindicatórios das minorias raciais, relatadas em diversos trabalhos que explicavam a discrepância escolar observada entre crianças dos vários níveis socioeconômicos. (MARTINEZ, 2009). Segundo Patto (1984), o trabalho do psicólogo consistia no diagnóstico das defi ciências dos carentes por meio de testes psicológicos, classifi car a incapacidade ou não da criança, e, com outros profi ssionais da educação, programar meios psicopedagógicos e, assim, possibilitar o aprendizado dessas crianças. Segundo Patto (1984), o trabalho do psicólogo consistia no diagnóstico das defi ciências dos carentes por meio de testes psicológicos, classifi car a incapacidade ou não da criança, e, com outros profi ssionais da educação, programar meios psicopedagógicos e, assim, possibilitar o aprendizado dessas crianças. 14 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem Segundo Reger (1980 apud PATTO, 1989, p. 68), o objetivo básico do psicólogo escolar é: [...] ajudar a manter a qualidade e a efi ciência do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos [...]. Enquanto educador comprometido com a identidade do acadêmico, o psicólogo escolar pode tentar ensinar outros profi ssionais no sistema escolar. O crescimento da Psicologia Educacional no Brasil é realmente interessante. O número de psicólogos escolares no país aumentou, provavelmente, mais do que 100% na última década. Esse crescimento pode ser percebido pelo aumento no número de estudantes que estão procurando especializar-se como psicólogos escolares, seja em pós-graduação, seja em mestrado, seja em doutorado. A Associação Brasileira de Psicologia Escolar (ABRAPEE) tem servido como ímã, atraindo os psicólogos escolares de todo o país preocupados em melhorar a qualidade e a natureza dos serviços psicológicos. A fundação ofi cial da ABRAPEE, em 1991, sinalizou o nascimento de um movimento nacional de profi ssionais que visam à melhoria dos serviços em Psicologia Escolar. Oakland e Sternberg (1981, apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 1993, p. 2), afi rmam que “[...] a preparação em psicologia, incluindo a psicologia escolar, é infl uenciada, em parte, e especialmente pela história, cultura e economia de cada país [...]”, apontando como fundamentais as diferenças internacionais na distribuição de serviços da área. É conhecido como marco inicial da chamada Psicologia Escolar o trabalho de Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920), que após a criação do laboratório experimental de psicologia, no ano de 1879, deixa de ser apenas uma ramifi cação da fi losofi a para ser reconhecida como ciência. Nesta época, século XIX, no contexto social, ocorre a consolidação do capitalismo como forma de organização econômica nas sociedades ocidentais. Também é uma época regida pelo liberalismo, em que a sociedade feudal era substituída pela burguesia, o que possibilitava a superação do estado de servidão e a ascensão social obtida por méritos pessoais. Em paralelo, a atividade científi ca caminha em busca de conhecimento sobre as formas de adaptação dos variados organismos ao meio; à psicologia experimental delega-se a função de determinar os padrões de comportamento normais e anormais, como um modelo. (MARTINEZ, 2009). Ao fi nal do século XIX, os ideais da sociedade burguesa não haviam sido alcançados, ou seja, a existência de uma sociedade livre e justa em que o homem ascenderia por seu mérito pessoal por meio da igualdade social. 1515 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 A educação era vista como provedora de recursos para o desenvolvimento desse homem, mas o que aconteceu, na verdade, é que a igualdade tão desejada não chegou a ser alcançada por causa das diferenças individuais que hoje reconhecemos em cada pessoa e que, na época, não foi considerada. (MARTINEZ, 2009). Segundo Guzzo e Wechsler (1993, p. 43), “[...] a psicologia escolar no Brasil teve seu início marcado mais pela psicometria. Era uma atuação marcadamente remediativa, com nuances do modelo médico dentro da situação escolar.”. Martinez (2009) reforça que, no Brasil, o caminho da Psicologia Escolar inspirou-se no modelo europeu existente, infl uenciado nos princípios do século XX pela criação do gabinete de Psicologia Científi ca da Escola Normal Secundária de São Paulo, no ano de 1914, cuja produção teórica baseava-se na psicofísica e psicometria. Psicofísica: é “[...] uma ciência exata das relações entre o mundo físico e o mundo psíquico, consolidando o estudo experimental e a mensuração das sensações, destacando-os da fi siologia para isto que ele chamou de psicofísica.”. (PASQUALI, 1999, p. 34). Psicometria: representa a teoria e a técnica de medida dos processos mentais, especialmente aplicada na área da Psicologia e da Educação. Ela se fundamenta na teoria da medida em ciências em geral, ou seja, do método quantitativo que tem, como principal característica e vantagem, “[...] o fato de representar o conhecimento da natureza com maior precisão do que a utilização da linguagem comum para descrever a observação dos fenômenos naturais.“. (PASQUALI, 1999, p. 34). A Psicologia Escolar surgi para solucionar problemas de fracasso escolar na década de XX, inicialmente como uma estratégia política. Os problemas educacionais existiam muito antes disso, contudo, eram tratados com demérito. Grande parte da população brasileira era analfabeta, algo que não importava nem para a própria população e nem para os governantes, uma vez que o trabalho no Brasil era quase que totalmente agrário. Entretanto, com o processo de democratização no país, sentiu-se a necessidade de alfabetizar essa população. Esse processo educacional intimidava os políticos, pois uma A Psicologia Escolar surgi para solucionar problemas de fracasso escolar na década de XX, inicialmente como uma estratégia política. 16 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem parte da população que teve o privilégio de frequentar a escola, com o passar dos anos, apresentava-se contra o governo. (SOUZA, 1992 apud SOUZA, 1998). Para Nunes (2014), o marco inicial da chamada Psicologia Escolar é o laboratório de psiquiatria do estatístico Francis Galton (1822-1911), nos anos noventa do século XIX, quando os pesquisadores europeus da área estavam estudando questões relacionadas com as chamadas diferenças individuais e o desenvolvimento da inteligência e da personalidade. Os famosos testes psicológicos surgiram da necessidade de criar instrumentos que permitissem a mensuração e análise daqueles objetos de estudo. Francis Galton era primo e discípulo de Charles Darwin. Na mesma época, na França, o pedagogo e psicólogo Alfred Binet (1857- 1911) e o psicólogo e psicometrista Théodore Simon (1872-1961) desenvolvem o seu famoso teste para detectar na população escolar as crianças que deveriam receber um tratamento diferenciado a pedido do governo. Teste de inteligência: Em 1905, o psicólogo francês, Alfred Binet, criou o primeiro teste de inteligência, a Escala de Inteligência Binet-Simon. Seu primeiro objetivo foi o de criar um instrumento que possibilitasse a identifi cação do perfi l cognitivo dos alunos que necessitavam de ajuda especial. Binet sugeria que, quando o aluno apresentasse resultados prejudicados na escala de inteligência, isso poderia evidenciar uma necessidadede maior intervenção dos professores para facilitar a aprendizagem desse mesmo aluno. (ANASTASI, 1977, p. 74). Foi assim, portanto, que a Psicologia Escolar nasceu, de mãos dadas com a psicometria, desenvolvendo, a partir daí, por mais de meio século, um conjunto de atividades das quais se destacavam a avaliação da prontidão, a organização de classes/diagnóstico e o encaminhamento das crianças- problemas. 1717 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 No Brasil, o quadro não foi diferente. A Psicologia como profi ssão se desenvolveu inspirada no modelo dos grandes centros, principalmente os europeus, ou seja, um profi ssional autônomo-liberal, com atividades centradas no consultório particular, no rastro do prestígio social construído pela medicina. Além disso, tal tipo de atuação profi ssional se desenvolveu teoricamente impregnado pelas ideias do chamado médico, segundo o qual o comportamento (interno ou expresso) é determinado basicamente por fatores subjacentes ao indivíduo, ou seja, como na medicina, em que um problema comportamental é entendido como sintoma de uma causa subjacente ao indivíduo. Enquanto tal causa não for tratada, não ocorrerá a “cura”. Nesse modelo, o papel do ambiente, embora considerado, é visto como secundário. Esse conjunto de fatores acabou determinando as principais diretrizes em torno das quais a Psicologia como profi ssão se desenvolveu, caracterizada por uma ação remediativa (atuar depois que o problema apareceu), uma grande preocupação com a patologia (visa curar o indivíduo), buscando prioritariamente no indivíduo as causas de seus problemas psicológicos. Tais características marcaram a Psicologia em todas as suas áreas de atuação, inclusive, a chamada Psicologia Educacional. Para aprofundar mais os estudos sobre o tema apresentado, leia a seguinte obra: BALBINO, V. C. R. Psicologia e psicologia escolar no Brasil. São Paulo: Summus, 2008. Na abordagem internacional, o desenvolvimento da Psicologia Escolar é um fenômeno recente cujas origens estão no desenvolvimento social e profi ssional do psicólogo e da educação. Nesse sentido, para Fagan (1988, p. 65): Os serviços psicológicos emergiram das atividades de Lightner Witmer, na clínica psicológica (1a nos EUA) que fundou na Universidade da Pensylvânia em 1896, tendo, por isso, sido considerado por muitos como o pai da psicologia clínica e escolar. Nas décadas seguintes, cresce o número de credenciamentos de profi ssionais. Há um certo reconhecimento profi ssional e um aumento no 18 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem volume de publicações que evidenciam, inclusive, a confusão de papéis e problemas de identidade profi ssional, ou seja, uma lacuna nos conceitos de Psicologia e Psicologia escolar. Nesse mesmo período, tornando-se mais abrangentes as linhas de evolução histórica da Psicologia Escolar, deve-se considerar que o exercício profi ssional se modifi ca em sua história e desenvolvimento de sociedade para sociedade. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 1993). Na Espanha, por exemplo, a Psicologia é reconhecida como profi ssão há pouco tempo, mesmo considerando a contribuição de estudiosos de renome e propulsores da psicologia científi ca e aplicada. Seu desenvolvimento ocorre de forma descompassada, como consequência das guerras civis que o país vivenciou ao longo de sua história. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 1993). Nesse país, a Psicologia Escolar e a Psicologia da Educação ocupam campos diferenciados em sua ação, ou seja, a primeira é mais presente na atuação prática e a segunda é utilizada com mais frequência no meio acadêmico. Os profi ssionais envolvidos em tarefas educacionais, por sua vez, são chamados “psicólogos educativos” ou simplesmente por psicólogos, sem outras denominações. A Psicologia Escolar e a Psicologia da Educação ocupam campos diferenciados em sua ação, ou seja, a primeira é mais presente na atuação prática e a segunda é utilizada com mais frequência no meio acadêmico. Para aprofundar seus estudos sobre ao assunto, indicamos a leitura da seguinte obra. Veja: MALUF, M. R. (Org.) Psicologia educacional: questões contemporâneas. São Paulo: Casa do psicólogo, 2004. No contexto escolar da época não foi diferente, pois os psicólogos que atuavam estavam voltados para a questão da quantifi cação dos problemas de aprendizagem. Esse olhar individualista dos processos e problemas escolares fez com que a Psicologia, dentro da escola, fosse mal interpretada tanto pela sociedade (famílias dos alunos e a comunidade onde a escola está inserida) quanto pelos profi ssionais da educação (professores e coordenadores educacionais), enfi m, por todo o contexto escolar. (DAZZANI, 2010). O processo de escolarização no Brasil, assim como em outros países, foi decorrente de leis que instauraram a escola para todos, gerando um 1919 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 grande problema. No início, o fazer da Psicologia Escolar estava voltado para readaptar os alunos que eram considerados problemáticos, fazendo com que se “encaixassem” dentro do sistema educacional, aspecto decorrente principalmente do fazer clínico da Psicologia da época. Os professores, de forma mais ampla a escola, encaminhavam os alunos para a sala do psicólogo escolar para resolver o problema e recolocar o aluno dentro de sala de aula. (DAZZANI, 2010). Devido à inserção do psicólogo no contexto escolar pelas teorias da aprendizagem, esse posicionamento levou à patologização de todas as difi culdades de aprendizagem dos alunos, sem recorrer a medidas voltadas para a própria gestão da escola e seu posicionamento ético-político- pedagógico. (DAZZANI, 2010). Ora, se antigamente o fazer era individualizado, os alunos eram os responsáveis pelo seu próprio fracasso, e o psicólogo, utilizando métodos de avaliação de desempenho, avaliação dos processos psicológicos básicos, diagnosticando os alunos-problemas para a realização de trabalhos individualizados, retirava a responsabilidade da escola em que estavam inserido, bem como dos profi ssionais que nela atuavam, como, hoje, a Psicologia Escolar pode intervir de maneira que contemple todos os aspectos sociais, culturais, com responsabilidade ética e política em todos os processos do contexto escolar? Essa pergunta é decorrente, em grande parte, desde pensamento refl exivo que se deu a partir das novas concepções construídas durante a década de 1980, quando produções de artigos, livros e materiais científi cos a respeito do modo como o psicólogo estava inserido nesse contexto começaram a trazer grandes críticas sobre a prática que se utilizava. Foi então que começou um grande processo de desmistifi car o próprio fazer da Psicologia dentro da escola. A escola, por sua vez, acostumada com o modelo clínico por parte dos psicólogos, resistiu e ainda resisti às novas propostas da Psicologia Escolar. (GUZZO; WECHSLER, 1993). As propostas da Psicologia Educacional, que tiveram grande destaque nos últimos anos, foram voltadas para uma escola democrática. (DAZZANI, 2010). Tal questionamento é decorrente de anos do temido fracasso escolar, em que os métodos utilizados, tanto pela escola quanto pelos psicólogos, contribuíram de maneira signifi cativa para que os alunos-problemas não se adaptassem ao meio, devido a uma idealização de alunos perfeitos. A crise de identidade da profi ssão do psicólogo escolar foi propulsora para a criação da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), ocorrida no início da década de 90. Ela é responsável por avaliar, orientar e reestruturarpráticas, além de auxiliar a divulgar um novo profi ssional, que pode contribuir de maneira signifi cativa no desenvolvimento da educação 20 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem brasileira. Acerca da atuação nesse novo cenário que está sendo construído, o psicólogo escolar busca sintonizar todos os envolvidos no processo de aprendizagem em prol de uma formação com qualidade, não se sobrepondo a esse processo, mas contribuindo para escolarização. (MARINHO-ARAÚJO, 2001, apud MARINHO-ARAÚJO, 2009). Atividade de Estudos 1) Indique e comente os principais núcleos de trabalho e de pesquisa em torno dos quais nasce e se desenvolve a Psicologia da Educação durante as três primeiras décadas do século XX. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Como vimos, foram apresentadas as questões históricas da Psicologia Educacional, as quais tratam do estudo e da análise das mudanças de comportamento que se refl etem nas pessoas como uma consequência de sua participação nos diferentes tipos de situações ou atividades educativas. Caro(a) pós-graduando(a), no próximo item estudaremos as tendências da Psicologia educacional, ou seja, independente do espaço social e da área de atuação que o psicólogo escolar esteja ocupando, as bases fi losófi cas e teóricas nas quais assenta seu trabalho são as mesmas, desde que elas lhe garantam a compreensão e a possibilidade de intervenção crítica e competente em contextos educativos. AS TENDÊNCIAS DOMINANTES NO ESTUDO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL Hoje, sabemos que a aprendizagem ocorre sob a ação de inúmeros fatores, os quais a Psicologia Educacional procura estudar e explicar. Conceber o trabalho da Psicologia Educacional como um estudo de dados objetivos, é primar pela observação do comportamento e das manifestações psíquicas como resposta dos organismos e de suas estruturas a estímulos gerados pelo meio. Conceber o trabalho da Psicologia Educacional como um estudo de dados objetivos, é primar pela observação do comportamento e das manifestações psíquicas como resposta dos organismos e de suas estruturas a estímulos gerados pelo meio. 2121 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 A metodologia da abordagem objetiva analisar as leis naturais que determinam as ações humanas. O efeito depende de uma causa exterior e se realiza no organismo, na matéria e em normas de validade geral, o mais independente possível do caráter do sujeito. Como resultado da observação, o homem se torna um modelo que pode ser analisado de modo geral e imparcial. O propósito de tal observação é a planifi cação do comportamento visando à sua previsão e ao seu controle. Na escola, a preferência pela objetividade gerou uma série de experimentos em laboratório, centrados na medição, nos testes e nos planos de aprendizagem encadeados sequencialmente. Tal análise do comportamento fragmenta a realidade, sendo a soma dos elementos parciais insufi ciente para uma compreensão do fenômeno como um todo. De seu lado, o enfoque da subjetividade sustenta que a relação homem/ sujeito observador predomina sobre a relação homem/objeto da observação. Mais que isso, sustenta que o sujeito é capaz de modifi car e transformar o objeto. O indivíduo possui características intimistas que o impulsionam à ação. Essa visão intimista dilui a infl uência externa, aliena o sujeito com relação ao meio social e histórico, ou seja, temos aqui um modelo abstrato de homem. As repercussões dessa concepção de homem na escola conduziram a estudos centrados no comportamento do aluno e do professor em sala de aula. A utilização de técnicas não-diretivas, a ausência de sistematização, o abandono radical da experimentação quantitativa acabaram criando um outro tipo de fragmentação da realidade. A Psicologia Educacional deve, assim, estabelecer um sistema de relações constantes entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por dados internos e externos, constitui e determina o motivo da observação. Isso signifi ca que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos a mediação recíproca entre sujeito e objeto, isto é, quando consideramos esses aspectos em interação constante. O papel do psicólogo educacional permite ter uma atuação preventiva e educativa. Esse direcionamento pode neutralizar infl uencias negativas apresentadas pela escola, integração do corpo docente, compartilhamento dos saberes para que as informações cheguem a todos, levando em consideração a singularidade de cada realidade escolar, buscando harmonizar esses elementos. As técnicas, os planos de ação e quaisquer outros tipos de estratégias podem mudar de instituição para instituição, justamente por conta da singularidade que cada uma apresenta, contudo, sem perder o centro de sua prática, o qual deve sempre associar-se aos objetivos educacionais. O papel do psicólogo educacional permite ter uma atuação preventiva e educativa. 22 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido pelo psicólogo tem um caráter social, visando à integração e à participação dos docentes, alunos, pais e a própria comunidade, pois a escola, além do processo de formação educacional, está diretamente envolvida na formação de cidadãos. Sendo assim, sua atuação busca fazer uma refl exão de que todos têm suas responsabilidades nesse processo formador do aluno, desfazendo a imagem de culpado por suas difi culdades. Aqui evidencia-se que adaptação e medição não são mais o resultado único da atuação, podendo servir de complemento dentro de um amplo plano de ação. (DEL PRETE, 1993). Compreendendo a nova formação do psicólogo educacional, a multidisciplinaridade favorece suas práticas na escola, as quais podem abarcar elementos sociotransformadores. Essa formação habilita o psicólogo a desenvolver ações, como ofi cinas de orientação profi ssional, sexualidade e drogas; avaliar o plano pedagógico e, se necessário, readaptá-lo para melhor compreensão, relacionamento de professores e gestão administrativa, além de observar outras demandas existentes em cada instituição. Com a família, desenvolver projetos de orientação ou promoção de atitudes práticas no desenvolvimento do aluno, tornando-o mais participativo. (GUZZO, 1993). Atividade de Estudos 1) Neste momento, cabe levantar algumas questões no âmbito da Psicologia Educacional, como, por exemplo, como integrar interesses, expectativas, desejos e motivações, tanto do sujeito- aluno como da instituição-escola? Como o aluno responde à pergunta “quem sou eu”? Como a escola pode ajudá-lo a responder a essa e a outras questões de sua existência? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Prezado(a) pós-graduando(a), neste tópico foram apresentados o desenvolvimento da Psicologia Educacional e, em seguida, serão apresentadas as tendências e as concepções atuais do psicólogo na educação. 2323 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 AS CONCEPÇÕES ATUAIS DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL A Psicologia Escolar, um dos mais recentes campos da Psicologia, deve, pois, trabalhar num sentido de atualizações, vislumbrando que a compreensão dos fundamentos psicológicosdo processo educacional era necessária para levar a bom termo a teoria e a prática da educação, como visto anteriormente. Figura 1 - O psicólogo educacional Fonte: Disponível em: < https://goo.gl/1HF1G8>. Acesso em 26 de abr. 2016. Na concepção de Pfromm Netto (1980 apud WECHSLER, 1995, p. 131-132): São antigas, íntimas e fecundas as relações entre psicologia e escola. Hoje em dia, acha-se mais ou menos conciliada a diferenciação entre psicologia educacional e psicologia escolar, muito embora essas especialidades tenham muita coisa em comum [...]. Mas há autores, como Almeida (2003), que consideram Psicologia Escolar e Educacional como equivalentes à Psicologia Educacional, área mais geral e teórica, que se refere à investigação e à formação de professores e agentes educativos, enquanto a Psicologia Escolar focaliza a intervenção e a atuação dos profi ssionais psicólogos. Del Prete (1993, p. 126), traçando um paralelo entre Psicologia Educacional e Educação, menciona que: Com base em algumas considerações sobre a história das relações entre psicologia e educação, defende-se que a identidade do psicólogo, pelo menos no contexto educacional brasileiro, deveria estar vinculada à sua autodenominação enquanto psicólogo escolar/educacional. As relações entre psicologia escolar e educação têm sido abordadas 24 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem geralmente em um sentido unidirecional de contribuições da primeira à segunda, requeridas e/ou propostas antes mesmo do surgimento da psicologia como ciência. Ribeiro e Guzzo (1987, p. 88) afi rmam que “[...]o psicólogo escolar deve ter objetivos mais amplos do que remediar problemas individuais.”. Se o trabalho do psicólogo na escola se restringir ao atendimento do aluno-problema, estará não só limitando sua atuação, a qual poderia de outra forma atingir um número maior de estudantes, como também estará contribuindo diretamente para a manutenção do modelo educacional vigente e que é a origem e a causa de muitos dos problemas encontrados nas escolas. Pela exposição histórica descrita acima, entende-se até que ponto os esforços dedicados à tarefa de proporcionar uma base científi ca à educação e ao ensino adotam formas diferentes. Essas formas respondem, de fato, às diferentes concepções, quando não claramente divergentes, das relações entre o conhecimento psicológico de um lado e a teoria e a prática educativa de outro. Se é aceitável o princípio de que em todas as situações educativas intervêm uma série de variáveis e de processos de natureza psicológica, que deve ser considerada para compreendê-la e explicá-la, a questão consiste em determinar que função possuem essas variáveis e esses processos, de natureza não psicológica e presentes na situação educativa. Consiste, também, em escolher um procedimento adequado para que sua análise e sua apreciação conduzam efetivamente a uma melhor compreensão e interpretação da situação educativa no seu conjunto e, eventualmente, a formulação de propostas concretas para intervir com o objetivo de modifi cá-la ou orientá-la para uma determinada direção. Abaixo segue um quadro que descreve as convergências e divergências das diferentes escolas psicológicas atuais na educação. Ribeiro e Guzzo (1987, p. 88) afi rmam que “[...]o psicólogo escolar deve ter objetivos mais amplos do que remediar problemas individuais.”. Quadro 1 – Escolas psicológicas Escolas psicológicas Aplicação à educação escolar A teoria psicanalítica freudiana • Levar a criança a aprender e dominar os seus instin- tos. • Seria impossível dar a liberdade sem nenhuma res- trição para a criança desenvolver os seus impulsos. • Entender as fases de desenvolvimento dos alunos, assim como a formação da personalidade e do próprio desenvolvimento e suas limitações. 2525 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 • A ausência de restrições e de orientações pode produzir delinquentes, em vez de crianças saudáveis. • Necessário encontrar o equilíbrio entre o proibido e a permissão. • Tudo deve ser bem trabalhado, porque a repressão excessiva dos impulsos pode dar origem a distúrbios neuróticos. A psicologia behaviorista: Skinner • As agências educacionais usam do reforço para treinar, para exercícios e para toda a prática escolar. • Trabalham para a aquisição do comportamento e sua manutenção. • As famílias são os reforçadores primários, depois outras agências, também educacionais, prosseguem como reforçadores secundários. • O reforço é uma constante e os comportamentos são condicionados ao longo de nossas vidas. • Criou a instrução programada e as máquinas de ensinar. • Ênfase à estimulação dos sentidos. • Certos estímulos produzem determinadas respostas num organismo, pois basta aplicá-los corretamente. • Para fi xar um comportamento, basta apresentar um estímulo correto, e, para refutar, basta desestimular. A Gestalt ou psicologia da confi guração • A preocupação é com a totalidade do comporta- mento do educando, deixando em segundo lugar as respostas isoladas e específi cas. • As experiências anteriores determinam em grande parte o desenvolvimento da aprendizagem. • Acreditam que a principal maneira de aprender seja pelo insight. • As forças sociais atuam para a formação do psico- lógico, aceitam, também, a participação do domínio afetivo no desenvolvimento da aprendizagem. • O professor deve ter a sensibilidade sufi ciente para entender os sentimentos e as atitudes respectivas da faixa etária. • O professor não consegue transmitir conceitos pron- tos, a estimulação é interna e diferente em cada um. • Há preocupação com a profundidade, com a solução de problemas, com a visão holística quando uma alteração, mesmo pequena, no todo ou nas partes, pode alterar tudo. • Parte da ideia de que quando a criança adquire uma nova percepção de si mesma e do mundo que a rodeia, muda o comportamento. 26 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem A psicologia humanista: Maria Montessori e Carl Rogers • O professor deve seguir as etapas de desenvolvi- mento da criança. • Currículo e metodologia que trabalham o desenvol- vimento integral da criança, em que a auto realização ocupa um espaço importante. • Divide o conhecimento em áreas, criando os cen- tros de vivência, começando pela educação infantil. • Acredita que o homem tem um potencial que pode ser desenvolvido naturalmente e o professor pode facilitar, criando condições, clima favorável, evitando o castigo e o constrangimento. • O material pedagógico deve ser signifi cativo e re- levante; o respeito aos sujeitos é obrigatório; a escola deve ser aberta, livre e satisfazer as necessidades dos alunos. • Aceita o fracasso, mas propicia novas experiên- cias, aprendendo com ação, autoconfi ança, autocríti- ca, em sala ambiente, com um currículo fl exível, sem guias curriculares, em que todos são responsáveis. Fonte: Adaptado de Francisco Filho (2002, p. 30-35). Enriqueça seus conhecimentos sobre o tema realizando a leitura do seguinte livro: FRANCISCO FILHO, G. A psicologia no contexto educacional. Campinas: Átomo, 2002 Destacamos, também, a preocupação com a interdisciplinaridade na escola e o aprofundamento dos estudos sobre o cognitivismo piagetiano e o sociointeracionismo de Vygotsky. Esses estudos tomaram corpo no seio da Psicologia Educacional na vaga construtivista da década de 80. Somente a partir da década de 1990 é que a grande diversidade do trabalho do psicólogo educacional, para além dos muros da escola, trouxe refl exões mais críticas acerca da formação e atuação desse profi ssional. Essasúltimas décadas foram marcadas por novos encontros entre Psicologia e Educação, assumindo um direcionamento dialético da compreensão do desenvolvimento humano e não apenas das difi culdades de aprendizagem e comportamento, mas que perpassam ambientes mais amplos do contexto educacional, como, por exemplo, espaços comunitários, núcleos, associações, entre outros. A atuação dos psicólogos educacionais tem defendido a escola em sua função social e política como espaço marcado por diversas contradições, mas também como possibilidade de criação de uma sociedade mais justa. (MARINHO-ARAÚJO, 2001 apud MARINHO- ARAÚJO, 2009). 2727 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 A atuação dos psicólogos educacionais tem defendido a escola em sua função social e política como espaço marcado por diversas contradições, mas também como possibilidade de criação de uma sociedade mais justa. (MARINHO-ARAÚJO, 2001 apud MARINHO-ARAÚJO, 2009). Atividade de Estudos 1) Sabe-se que, teoricamente, a atuação da Psicologia está voltada para a área da Educação e destinada à realização de pesquisas diagnósticas e intervenções psicopedagógicas em grupo ou individuais, levando em consideração programas de aprendizagem e as diferenças dos indivíduos. Diante disso, no que consiste a atuação do psicólogo na escola? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Neste capítulo, conhecemos um pouco das concepções atuais da Psicologia educacional. A seguir, vamos conhecer a questão da identidade da Psicologia Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia. PSICOLOGIA EDUCACIONAL, PEDAGOGIA E PSICOPEDAGOGIA Defi nir as fronteiras de qualquer disciplina é um sério problema teórico. A Psicologia Educacional é considerada, por muitos autores, como ciência multidisciplinar. Já a Psicologia Escolar é vista como disciplina aplicada, ao lado da Psicologia do ensino. A Psicologia Educacional compreende as noções psicológicas conectadas com a educação. Ela veio mostrar ao mundo que o ensino não pode ser baseado na vontade do professor, nem da escola, nem do programa, mas sim na capacidade da criança. A criança passa a ser medida do ensino, segundo suas capacidades, natureza, desenvolvimento mental e maturidade, para verifi car se há condições ou não de aprender determinada coisa. A Psicologia Educacional compreende as noções psicológicas conectadas com a educação. 28 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem A Psicologia Educacional deve trabalhar no sentido de atualizações, vislumbrando que a compreensão dos fundamentos psicológicos do processo educacional era necessária para elevar o bom termo, a teoria e a prática da Educação. Não bastava, portanto, compreender as mudanças que ocorrem no psiquismo do ser em desenvolvimento, pois o processo educacional teria que ser concebido pelos psicólogos na sua complexidade, como interação constante entre a atividade educacional do professor e a personalidade em formação do aluno, avaliando novas ideias, teorias e técnicas que possam ser transferidas para a situação escolar, aproveitando os conhecimentos dos diversos campos da Psicologia para vitalizar o processo de ensino, tornando-o mais objetivo e com resultados progressivos. Esse campo é uma ciência aplicada aos comportamentos escolares ou conjunto de conhecimentos psicológicos relacionados com situações que são peculiares nas instituições de ensino. Seu objetivo é dar suporte a atuação profi ssional do psicólogo como membro de uma equipe de educadores. É preciso, portanto, salientar dois aspectos dessa realidade: teoria e prática, dinamicamente integradas, constituindo uma unidade de práxis. A Psicologia Educacional deve ser práxis refl exiva e criadora, o que implica, por parte do profi ssional de Psicologia, um grau elevado de consciência e a procura constante de soluções para seu trabalho, seja para adaptar-se a novas situações, seja para satisfazer a novas necessidades. O profi ssional consciente será capaz de conhecer a realidade e nela interferir buscando alternativas transformadoras. Então, o psicólogo educacional, para exercer seu trabalho com competência, precisa saber e saber ser. (LIBÂNEO, 1994). “Saber” se refere ao desenvolvimento do conhecimento, que permite uma análise crítica da realidade e, a partir dela, estabelecer com clareza seus objetivos; compreender o fenômeno educação, seus determinantes históricos, suas relações com o sistema social, com a vida dos alunos/professores e com a sua própria, para adequar e selecionar ações psicológicas de intermediação, as quais utilizará visando aos objetivos educacionais maiores, relacionados à formação da cidadania. O “saber ser” envolve aspectos sociais e inter-relacionais na escola, ou seja, o comprometimento será na direção de contribuir com a retomada da aprendizagem para si e para todos os que integram a escola. Para isso, ele deverá comprometer-se, também, com uma proposta educacional que caminhe nesta direção libertadora e que estará formando pessoas capazes de, constantemente, num trabalho de descoberta, análise e formação de consciência, contribuir para a transformação da realidade em que vivem, na direção da maior justiça social e realização das pessoas. O psicólogo educacional, para exercer seu trabalho com competência, precisa saber e saber ser. (LIBÂNEO, 1994). 2929 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 É preciso direcionar o seu ser na escola para relações não autoritárias, procurando interrogar os sintomas que a escola apresenta, as situações repetitivas que parecem ser naturais, mas que não respondem às necessidades, pesquisando as razões pelas quais não se consegue mudar o cotidiano, sempre por meio de um questionamento intenso com todos os integrantes da instituição. Assim, cada situação escolar precisará ser enfrentada com o saber e o saber ser nas alternativas de atuação – o fazer – decididas por meio da análise cuidadosa da realidade, da utilização adequada do conhecimento teórico e da conservação dos compromissos e objetivos maiores. Dessa forma, a Psicologia Educacional, em seu sentido mais amplo, investiga os fundamentos psicológicos e as características do processo de educação. Na educação formal, estuda o processo bipolar da interação entre a atividade educacional do educador e a personalidade em desenvolvimento do aluno. Na educação informal, abrange todas as situações em que a educação, em seu sentido mais abrangente, ocorre, como, por exemplo, abrigos de crianças e jovens, clubes e meios sociais. Nessa perspectiva, a Psicologia Escolar pode ser designada como Psicologia Escolar/Educacional. Surge, assim, uma Psicologia Educacional conectada ao processo, visto em sua complexidade, sustentado no reconhecimento da natureza social do comportamento humano, na convivência com a pluralidade metodológica e no reconhecimento das bases culturais da aprendizagem e do desenvolvimento psicológico. A Psicologia Educacional é um âmbito da atuação profi ssional que começa a se confi gurar nas primeiras décadas do século XX em torno da dimensão projetiva ou tecnológica e da dimensão técnica ou prática da Psicologia da Educação e do Ensino. Estabeleceu-se, progressivamente, nos sistemas educativos das sociedades ocidentais, a partir dos anos 50. Ela constitui, na atualidade, o âmbito de intervenção psicoeducativa mais importante, porque se refere à educação escolar.A Psicopedagogia pode ser defi nida como uma nova área de atuação profi ssional, que busca uma identidade e requer uma formação de nível interdisciplinar. Estuda a aprendizagem humana normal e patológica, buscando reintegrar o processo de construção do conhecimento do sujeito que apresenta problemas de aprendizagem. (RUBINSTEIN, 2012). 30 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem A Pedagogia e a Educação, igualmente, é uma descoberta, uma invenção, como área do conhecimento, que tem uma especifi cidade e que sintetiza a necessidade do ser humano de transmitir aos seus descendentes um conjunto de técnicas ou de informações, sem o que a vida ou uma melhor qualidade de vida estará constantemente ameaçada. (FERREIRA, 2004). Figura 2 - O trabalho do pedagogo Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/Ev5Au9>. Acesso em: 25 de abr. 2016 Aprofunde seus estudos, realizando a leitura da seguinte obra: RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. Alguém dirá que os problemas de aprendizagem são exclusividade dos psicólogos, sendo uma disciplina obrigatória na sua formação profi ssional. Os problemas de aprendizagem podem ser considerados em três perspectivas: específi ca, genérica e circunstancial. A específi ca é exclusividade dos psicólogos, pois eles sabem, melhor do que qualquer outro profi ssional, lidar, por exemplo, com os problemas da relação professor-aluno que, independente da matéria, difi cultam ou inibem a aprendizagem escolar da criança. Em sua perspectiva genérica, os conhecimentos da Psicologia não pertencem aos psicólogos. Assim, faz parte da identidade da Psicopedagogia defi nir as teorias e as técnicas psicológicas que, com as devidas 3131 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 transformações, são necessárias para cumprir seu papel. E se essas teorias e técnicas, como sempre é o caso, vierem a se modifi car totalmente, em função dessas novas utilizações, faz parte do compromisso do psicopedagogo registrar essa gênese e saber analisar a razão e as consequências dessas atualizações. O psicopedagogo, como profi ssional, compromete-se com analisar e se possível intervir nos aspectos que difi cultam ou, eventualmente, favorecem a aprendizagem de conteúdos escolares, tanto em termos gerais (como estudar e se organizar para as tarefas escolares) quanto em termos específi cos (alfabetização e matemática), em uma perspectiva individual ou clínica, coletiva ou institucional, ele só pode fazê-lo em uma perspectiva genérica e circunstancial desse processo. Numa perspectiva genérica porque mesmo voltada para uma área particular, por exemplo, difi culdade de aprendizagem, busca, em certos aspectos, que a criança possa ser devolvida ao contexto do aproveitamento escolar em sala de aula. Além disso, genérica porque pode trabalhar com instrumentos, jogos ou conteúdos específi cos, quando no contexto escolar todos esses elementos e muitos outros completam os requisitos da programação de uma disciplina. Já a perspectiva circunstancial se dá porque, como acontece em todas as áreas clínicas, a Psicopedagogia só é requerida quando, em uma perspectiva individual ou coletiva, algo não vai bem na aprendizagem escolar da criança ou da classe, bem como quando se quer incrementar ou aprofundar aspectos dessa aprendizagem e o contexto normal da sala de aula não pode dar conta disso. A tarefa do psicopedagogo é interpretar o processo de aprendizagem, verifi car o que está por trás da linguagem, da organização, do universo de signifi cações, de representações, de desejo daquele que não aprende. No trabalho psicopedagógico procura-se a relação do sujeito com o conhecimento e o signifi cado que o aprender tem para ele. O psicopedagogo, como profi ssional, compromete-se com analisar e se possível intervir nos aspectos que difi cultam ou, eventualmente, favorecem a aprendizagem de conteúdos escolares 32 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem Figura 3 - O trabalho do psicopedagogo Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/LG5Asy>. Acesso em: 25 de abr. 2016. E a escola será sempre, tanto no plano individual quanto coletivo, a instituição socialmente designada para transmitir os conhecimentos científi cos necessários à cidadania plena. No Brasil, as denominações psicólogo escolar, psicólogo educacional e psicopedagogo têm sido utilizadas para expressar a atuação profi ssional que aplica conhecimentos oriundos da Psicologia às questões educacionais, sobretudo na escola. Segundo Teixeira (1992, p. 110): A psicopedagogia surge no Brasil como uma das respostas ao grande problema do fracasso escolar, preocupando- se com a criança que não aprende, que mal aprende, que não quer aprender, que não gosta de estudar, enfi m multirrepetentes com difi culdades de aprender. A prática psicopedagógica surge da interação entre Psicologia e Pedagogia com a intenção de trabalhar as difi culdades de aprendizagem, tendo em vista a interação inadequada de vários aspectos, como, por exemplo, cognitivo, afetivo e social, reconhecidos como sintomas das difi culdades de aprendizagem. Defi ne-se psicopedagogia como “[...] a aplicação da psicologia experimental à pedagogia [...]” (FERREIRA, 1993, p. 141) ou como “[...] pedagogia baseada cientifi camente na psicologia da criança.”. (PIERON, 1981, p. 41). A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na Pedagogia os resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, o que permite a possibilidade de recorrer aos dados levantados pela Psicologia nos processos de ensino A prática psicopedagógica surge da interação entre Psicologia e Pedagogia com a intenção de trabalhar as difi culdades de aprendizagem. 3333 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 e aprendizagem. Os profi ssionais psicopedagogos se dedicam a quatro estratégias básicas, que envolvem: a) orientação de estudos; b) trabalho sobre conteúdos escolares; c) desenvolvimento de raciocínio; d) atendimento de crianças defi cientes ou comprometidas. Ainda, utilizam trabalhos corporais e artísticos, derivados de linhas de atendimento como a Psicanálise e o Psicodrama. Conforme Teixeira (1992), o psicólogo educacional, atuando como psicopedagogo, desenvolve seu trabalho atendendo profi ssionais da escola e crianças que apresentam problemas de aprendizagem, podendo optar por um trabalho individual ou grupal, propício para troca de experiências e a reelaboração dos modelos de aprendizagem. Pode-se dizer que a visão psicopedagógica permite ampliar a atuação do psicólogo na área escolar e é necessária sempre que puder ou precisar considerar as características psicológicas do sujeito que aprende. Figura 4 - O trabalho do psicólogo educacional Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/9jDZfJ>. Acesso em: 25 de abr. 2016. Macedo (1987, PFROMM NETTO et al., 1992) menciona, ainda, que o papel do psicopedagogo só se faz necessário na medida em que a escola passa a não cumprir seu papel de ensinante e não consegue transmitir o saber, gerando o encaminhamento de crianças para profi ssionais diversos, como tentativa de sanar sua difi culdade, transferindo a responsabilidade para a criança. Quando se trata de crianças com baixo nível socioeconômico, com notas baixas, desatentas, sem aproveitamento adequado, temos um encaminhamento a classes especiais, atualmente denominado atendimento especializado, repetência, exclusão ou evasão; já para as classes média e alta, são encaminhadas ao psicólogo ou psicopedagogo. 34 Psicologia Educacionale suas Contribuições para o Ensino e a Aprendizagem Quadro 2 – Competências profi ssionais O quadro a seguir demonstra a formação e as competências de cada profi ssional. Veja: Profi ssional Formação Competências Psicólogo Graduação em Psicologia Oferecer condições de desenvolvimento e adequação a contextos que se modifi cam constantemente, possibilitando-lhes agir de forma refl exiva diante da diversidade de situações. Pedagogo Graduação em Pedagogia O primeiro que provavelmente irá perce- ber e identifi car que a criança está com variações de comportamento ou difi culda- des pertinentes ao desenvolvimento no seu aprendizado. Psicopedagogo Pós-graduação em Psico-pedagogia Identifi ca e faz as intervenções no âmbito das difi culdades de aprendizagem e propõe estratégias para minimizá-las. Fonte: O autor. Atividade de Estudos 1) A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na Pedagogia os resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, o que permite a possibilidade de recorrer aos dados levantados pela Psicologia nos processos de ensino e aprendizagem. Diante disso, descreva e explique as quatro estratégias básicas que envolvem os profi ssionais da área da Psicopedagogia. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Neste tópico, pós-graduando(a), estudamos sobre a questão da identidade da Psicologia Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia. Não se esqueça das leituras complementares sugeridas ao longo desse capítulo. 3535 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL Capítulo 1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, foi possível compreender como o conhecimento da Psicologia é aplicado na educação escolar, uma vez que o sistema educacional no Brasil, da educação Infantil ao Ensino superior, apresenta inúmeros problemas e graves consequências sociais, como, por exemplo, crianças fora da escola, violência, marginalização, distorção da idade/série, difi culdades de aprendizagem e evasão. Mudar o enfoque na compreensão, avaliação e intervenção dentro desse sistema, signifi ca construir uma nova proposta de formação profi ssional capaz de capacitar o psicólogo em seu campo de atuação. O psicólogo educacional deverá ajudar a construir a revolução educacional, ou seja, aquela que devolverá à escola o seu verdadeiro papel de espaço institucional para o desenvolvimento integral. A importância do psicólogo escolar se destaca na compreensão do ser humano como um todo, independente do espaço social e da área de atuação que esteja ocupando, as bases fi losófi cas e teóricas nas quais assenta seu trabalho são as mesmas, desde que elas lhe garantam a compreensão e a possibilidade de intervenção crítica e competente em contextos educativos. REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. F. (Org.). Psicologia escolar: éticas e competências na formação e atuação profi ssional. Campinas: Alínea, 2003. ANASTASI, A. Testes psicológicos. São Paulo: Editora pedagógica e universitária Ltda., 1977. ARBUÉS, A. E; LOIS, M. F. Apuntes sobre la situación de la psicología escolar en España. In: GUZZO, R. S. L.; ALMEIDA, L. S.; WECHSLER, S. M. (Org.). Psicologia escolar: padrões e práticas em países de língua espanhola e portuguesa. Campinas: Átomo, 1993. BARBOSA, M. A.; SOUZA, M. A psicologia no Brasil: leitura histórica de sua constituição. São Paulo: EDUC, 2012. BOCK, A. 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