Buscar

psicologia educacional e suas (14)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CAPÍTULO 1
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA 
EDUCACIONAL NO BRASIL
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer as informações relacionadas aos fundamentos da Psicologia Educa-
cional.
 Compreender como o conhecimento da Psicologia é aplicado na educação es-
colar.
 Conhecer os aspectos históricos e teóricos que determinam os fenômenos liga-
dos a Psicologia Educacional.
 Analisar as ações que preservam o profi ssional psicopedagogo.
 Identifi car e diferenciar os campos de atuação do profi ssional que se relacio-
nam à educação e ao processo de ensino e aprendizagem.
10
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
1111
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
CONTEXTUALIZAÇÃO
A Psicologia como ciência vem se desenvolvendo desde 1875, com o 
abandono das ideias abstratas e espiritualistas, desconsiderando os estados 
subjetivos na compreensão do homem e suas relações. Visto que a Psicologia 
é a “[...] ciência que estuda o comportamento, tem por objetivo compreender e 
prever o comportamento, o que pode resultar em ajuda para que as pessoas 
se realizem através das suas atividades.”. (PATTO, 1984, p. 18).
A Psicologia Escolar, assim como a Psicologia Clínica, ainda não tem 
sua atuação compreendida intimamente. Devido à construção histórica e à 
forma de surgimento dessas ciências, elas refl etem, na atualidade, conceitos 
sociais um pouco negativos sobre as respectivas profi ssões. Conceitos esses 
advindos da época dos seus surgimentos, nos quais realmente não se tinha 
uma compreensão do sujeito, diferente do que essas profi ssões compreendem 
hoje. Para elucidar os motivos desses profi ssionais ainda serem vistos como 
identifi cadores de problemas e patologias, é necessário fazer um retrospecto 
histórico.
Assim, esse tópico tem como fi nalidade apresentar a origem e o 
desenvolvimento da Psicologia Educacional no Brasil, bem como suas 
concepções e funções na escola.
A PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL
O estudo da história da Psicologia vai fornecer os alicerces, as raízes 
em que será construído esse conhecimento científi co da Psicologia. Assim 
como em qualquer ciência, ela deve ver e observar com novos olhares, novos 
conhecimentos, novas respostas para perguntas ainda não respondidas. 
Essa nova ciência, a Psicologia, observou e registrou o desenvolvimento das 
crianças e dos jovens, conhecimento necessário ao desenvolvimento das 
novas concepções de educação, descrevendo o desenvolvimento da criança, 
seu aprendizado, sua capacidade e inteligência, bem como a sua possibilidade 
de produção do ensino e aprendizagem. 
Patto (1984, p. 19) traz a informação de que “[...] a primeira função 
desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensino no Brasil, foi a 
de medir habilidades e classifi car crianças quanto à capacidade de aprender e 
progredir pelos vários graus escolares.”.
A Psicologia Educacional tem a sua origem na crença racional e na 
argumentação de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente 
A Psicologia 
Educacional tem 
a sua origem na 
crença racional e na 
argumentação de que 
a educação e o ensino 
podem melhorar 
sensivelmente como 
consequência da 
utilização correta 
dos conhecimentos 
psicológicos.
12
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
como consequência da utilização correta dos conhecimentos psicológicos. A 
partir dos estudos sobre o papel da Psicologia como ciência e profi ssão, é 
possível compreender a trajetória histórica da Psicologia Escolar. 
É importante destacar que o desenvolvimento do capitalismo instaurou 
uma nova forma de relação social, marcada pelas relações de produção no 
século XIX, que impactaram as relações no âmbito da família, especialmente 
em relação ao papel da mulher nos espaços sociais.
Patto (1984, p. 18) afi rma que “[...] a análise da constituição histórica 
e da essência da psicologia científi ca é imprescindível, pois nos permitirá 
entender mais a fundo o signifi cado de sua participação nas escolas.”. Ao 
longo da história a relação da Psicologia com a Educação no Brasil passou 
por mudanças, no entanto, ainda há muito por se fazer nessa área. Nesse 
contexto, na atualidade, observa-se uma perspectiva crítica sobre a Psicologia 
Escolar, pois ao mesmo tempo em que a comunidade escolar espera pela 
atuação desses profi ssionais, ela olha com desconfi ança para o trabalho 
deles. Nesse sentido, a comunidade escolar espera que o psicólogo contribua 
para a construção de um processo educacional que seja capaz de socializar o 
conhecimento historicamente acumulado e de contribuir para a formação ética 
e política dos sujeitos.
Psicologia Escolar: a Psicologia Escolar defi ne-se pelo 
âmbito profi ssional e refere-se a um campo de ação determinado, 
isto é, a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta 
sua atuação nos conhecimentos produzidos pela psicologia da 
educação, por outras subáreas da psicologia e por outras áreas de 
conhecimento. (BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 165).
Psicologia Educacional: a Psicologia Educacional pode ser 
considerada como uma subárea da psicologia, o que pressupõe 
esta última como área de conhecimento. Entende-se área de 
conhecimento como corpus sistemático e organizado de saberes 
produzidos de acordo com procedimentos defi nidos, referentes a 
determinados fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes 
da realidade, fundamentado em concepções ontológicas, 
epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. 
(BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 165).
1313
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
No que se refere aos fundamentos da Psicologia Educacional, desde 
o seu início no fi nal do século XIX, marco da ligação da Psicologia com a 
Educação, foram elaborados quatro modelos (psicométrico, clínico, preventivo 
e compensatório) com base em posturas de atendimento psicológico nos 
ambientes educativos escolares. Coll (1980, apud COLL 2000) afi rma que, 
ainda hoje, há infl uências desses modelos no trabalho de psicólogos e 
pedagogos responsáveis pela elaboração de políticas educacionais. 
“O modelo psicométrico, que mede, classifi ca e segrega, pois na 
proporção que os jovens e crianças são classifi cados e rotulados, corre-
se o risco de aprisionar a diferença num sistema negativo e comparativo.”. 
(BOCK, 2001, p. 63). O segundo modelo, clínico, que situa os problemas de 
aprendizagem nas infl uências ambientais, mais especifi camente no desajuste 
familiar, e concomitante ao processo de biologização do comportamento, que 
favorece a patologização desses, tinha um terreno fértil para a disseminação 
da prática psicológica de psicoterapia e orientação familiar, frente a problemas 
de aprendizagem e à atribuição de rótulos.
O terceiro é o modelo preventivo, surgido na pós-primeira guerra, que deu 
início à fase da industrialização brasileira e ao surgimento do movimento de 
higiene mental. O profi ssional de Psicologia, naquela época, deveria adiantar-
se aos problemas e cuidar do controle do bem-estar social e individual da 
nação. As crianças eram classifi cadas e preparadas para a indústria, com o 
objetivo de obter um indivíduo capaz de produzir. A Psicologia sempre esteve 
ligada aos interesses dos grupos dominantes:
[...] de forma a permitir o aumento do controle sobre os 
grupos sociais, a ampliação da capacidade produtiva dos 
trabalhadores, a distribuição de crianças de forma homogênea 
ou heterogênea nas classes, para garantir o aprendizado 
e disciplina, a seleção do homem certo para o lugar certo, a 
higienização moral da sociedade,o controle do comportamento, 
a classifi cação e diferenciação. (BOCK, 2001, p. 25).
O quarto é o modelo compensatório, quando, a partir da década 
de 70, chegaram ao Brasil as ideias produzidas nos Estados Unidos, 
cuja necessidade era de conter as tensões geradas pelos movimentos 
reivindicatórios das minorias raciais, relatadas em diversos trabalhos que 
explicavam a discrepância escolar observada entre crianças dos vários níveis 
socioeconômicos. (MARTINEZ, 2009).
Segundo Patto (1984), o trabalho do psicólogo consistia no diagnóstico 
das defi ciências dos carentes por meio de testes psicológicos, classifi car a 
incapacidade ou não da criança, e, com outros profi ssionais da educação, 
programar meios psicopedagógicos e, assim, possibilitar o aprendizado 
dessas crianças. 
Segundo Patto 
(1984), o trabalho do 
psicólogo consistia 
no diagnóstico das 
defi ciências dos 
carentes por meio de 
testes psicológicos, 
classifi car a 
incapacidade ou não 
da criança, e, com 
outros profi ssionais 
da educação, 
programar meios 
psicopedagógicos e, 
assim, possibilitar o 
aprendizado dessas 
crianças.
14
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
Segundo Reger (1980 apud PATTO, 1989, p. 68), o objetivo básico do 
psicólogo escolar é:
[...] ajudar a manter a qualidade e a efi ciência do processo 
educacional através da aplicação dos conhecimentos 
psicológicos [...]. Enquanto educador comprometido com a 
identidade do acadêmico, o psicólogo escolar pode tentar 
ensinar outros profi ssionais no sistema escolar.
O crescimento da Psicologia Educacional no Brasil é realmente 
interessante. O número de psicólogos escolares no país aumentou, 
provavelmente, mais do que 100% na última década. Esse crescimento pode 
ser percebido pelo aumento no número de estudantes que estão procurando 
especializar-se como psicólogos escolares, seja em pós-graduação, seja em 
mestrado, seja em doutorado.
A Associação Brasileira de Psicologia Escolar (ABRAPEE) tem servido 
como ímã, atraindo os psicólogos escolares de todo o país preocupados em 
melhorar a qualidade e a natureza dos serviços psicológicos. A fundação ofi cial 
da ABRAPEE, em 1991, sinalizou o nascimento de um movimento nacional de 
profi ssionais que visam à melhoria dos serviços em Psicologia Escolar.
Oakland e Sternberg (1981, apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 1993, 
p. 2), afi rmam que “[...] a preparação em psicologia, incluindo a psicologia 
escolar, é infl uenciada, em parte, e especialmente pela história, cultura e 
economia de cada país [...]”, apontando como fundamentais as diferenças 
internacionais na distribuição de serviços da área.
É conhecido como marco inicial da chamada Psicologia Escolar o 
trabalho de Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920), que após a criação do 
laboratório experimental de psicologia, no ano de 1879, deixa de ser apenas 
uma ramifi cação da fi losofi a para ser reconhecida como ciência. Nesta época, 
século XIX, no contexto social, ocorre a consolidação do capitalismo como 
forma de organização econômica nas sociedades ocidentais. Também é uma 
época regida pelo liberalismo, em que a sociedade feudal era substituída 
pela burguesia, o que possibilitava a superação do estado de servidão e a 
ascensão social obtida por méritos pessoais. Em paralelo, a atividade científi ca 
caminha em busca de conhecimento sobre as formas de adaptação dos 
variados organismos ao meio; à psicologia experimental delega-se a função 
de determinar os padrões de comportamento normais e anormais, como um 
modelo. (MARTINEZ, 2009).
Ao fi nal do século XIX, os ideais da sociedade burguesa não haviam 
sido alcançados, ou seja, a existência de uma sociedade livre e justa em que 
o homem ascenderia por seu mérito pessoal por meio da igualdade social. 
1515
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
A educação era vista como provedora de recursos para o desenvolvimento 
desse homem, mas o que aconteceu, na verdade, é que a igualdade tão 
desejada não chegou a ser alcançada por causa das diferenças individuais 
que hoje reconhecemos em cada pessoa e que, na época, não foi considerada. 
(MARTINEZ, 2009).
Segundo Guzzo e Wechsler (1993, p. 43), “[...] a psicologia escolar no 
Brasil teve seu início marcado mais pela psicometria. Era uma atuação 
marcadamente remediativa, com nuances do modelo médico dentro da 
situação escolar.”. 
Martinez (2009) reforça que, no Brasil, o caminho da Psicologia Escolar 
inspirou-se no modelo europeu existente, infl uenciado nos princípios do 
século XX pela criação do gabinete de Psicologia Científi ca da Escola Normal 
Secundária de São Paulo, no ano de 1914, cuja produção teórica baseava-se 
na psicofísica e psicometria.
Psicofísica: é “[...] uma ciência exata das relações entre 
o mundo físico e o mundo psíquico, consolidando o estudo 
experimental e a mensuração das sensações, destacando-os da 
fi siologia para isto que ele chamou de psicofísica.”. (PASQUALI, 
1999, p. 34).
Psicometria: representa a teoria e a técnica de medida dos 
processos mentais, especialmente aplicada na área da Psicologia 
e da Educação. Ela se fundamenta na teoria da medida em 
ciências em geral, ou seja, do método quantitativo que tem, como 
principal característica e vantagem, “[...] o fato de representar o 
conhecimento da natureza com maior precisão do que a utilização 
da linguagem comum para descrever a observação dos fenômenos 
naturais.“. (PASQUALI, 1999, p. 34).
A Psicologia Escolar surgi para solucionar problemas de fracasso escolar 
na década de XX, inicialmente como uma estratégia política. Os problemas 
educacionais existiam muito antes disso, contudo, eram tratados com 
demérito. Grande parte da população brasileira era analfabeta, algo que não 
importava nem para a própria população e nem para os governantes, uma vez 
que o trabalho no Brasil era quase que totalmente agrário. Entretanto, com o 
processo de democratização no país, sentiu-se a necessidade de alfabetizar 
essa população. Esse processo educacional intimidava os políticos, pois uma 
A Psicologia Escolar 
surgi para solucionar 
problemas de fracasso 
escolar na década de 
XX, inicialmente como 
uma estratégia política.
16
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
parte da população que teve o privilégio de frequentar a escola, com o passar 
dos anos, apresentava-se contra o governo. (SOUZA, 1992 apud SOUZA, 
1998).
Para Nunes (2014), o marco inicial da chamada Psicologia Escolar é o 
laboratório de psiquiatria do estatístico Francis Galton (1822-1911), nos anos 
noventa do século XIX, quando os pesquisadores europeus da área estavam 
estudando questões relacionadas com as chamadas diferenças individuais 
e o desenvolvimento da inteligência e da personalidade. Os famosos testes 
psicológicos surgiram da necessidade de criar instrumentos que permitissem a 
mensuração e análise daqueles objetos de estudo.
Francis Galton era primo e discípulo de Charles Darwin.
Na mesma época, na França, o pedagogo e psicólogo Alfred Binet (1857-
1911) e o psicólogo e psicometrista Théodore Simon (1872-1961) desenvolvem 
o seu famoso teste para detectar na população escolar as crianças que 
deveriam receber um tratamento diferenciado a pedido do governo.
Teste de inteligência: Em 1905, o psicólogo francês, Alfred 
Binet, criou o primeiro teste de inteligência, a Escala de Inteligência 
Binet-Simon. Seu primeiro objetivo foi o de criar um instrumento 
que possibilitasse a identifi cação do perfi l cognitivo dos alunos que 
necessitavam de ajuda especial. Binet sugeria que, quando o aluno 
apresentasse resultados prejudicados na escala de inteligência, 
isso poderia evidenciar uma necessidadede maior intervenção 
dos professores para facilitar a aprendizagem desse mesmo aluno. 
(ANASTASI, 1977, p. 74).
Foi assim, portanto, que a Psicologia Escolar nasceu, de mãos dadas 
com a psicometria, desenvolvendo, a partir daí, por mais de meio século, um 
conjunto de atividades das quais se destacavam a avaliação da prontidão, 
a organização de classes/diagnóstico e o encaminhamento das crianças-
problemas.
1717
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
No Brasil, o quadro não foi diferente. A Psicologia como profi ssão se 
desenvolveu inspirada no modelo dos grandes centros, principalmente os 
europeus, ou seja, um profi ssional autônomo-liberal, com atividades centradas 
no consultório particular, no rastro do prestígio social construído pela medicina.
Além disso, tal tipo de atuação profi ssional se desenvolveu teoricamente 
impregnado pelas ideias do chamado médico, segundo o qual o comportamento 
(interno ou expresso) é determinado basicamente por fatores subjacentes ao 
indivíduo, ou seja, como na medicina, em que um problema comportamental 
é entendido como sintoma de uma causa subjacente ao indivíduo. Enquanto 
tal causa não for tratada, não ocorrerá a “cura”. Nesse modelo, o papel do 
ambiente, embora considerado, é visto como secundário.
Esse conjunto de fatores acabou determinando as principais diretrizes em 
torno das quais a Psicologia como profi ssão se desenvolveu, caracterizada 
por uma ação remediativa (atuar depois que o problema apareceu), uma 
grande preocupação com a patologia (visa curar o indivíduo), buscando 
prioritariamente no indivíduo as causas de seus problemas psicológicos. Tais 
características marcaram a Psicologia em todas as suas áreas de atuação, 
inclusive, a chamada Psicologia Educacional.
Para aprofundar mais os estudos sobre o tema apresentado, 
leia a seguinte obra: 
BALBINO, V. C. R. Psicologia e psicologia escolar no 
Brasil. São Paulo: Summus, 2008.
Na abordagem internacional, o desenvolvimento da Psicologia Escolar 
é um fenômeno recente cujas origens estão no desenvolvimento social e 
profi ssional do psicólogo e da educação.
Nesse sentido, para Fagan (1988, p. 65): 
Os serviços psicológicos emergiram das atividades de 
Lightner Witmer, na clínica psicológica (1a nos EUA) que 
fundou na Universidade da Pensylvânia em 1896, tendo, por 
isso, sido considerado por muitos como o pai da psicologia 
clínica e escolar.
Nas décadas seguintes, cresce o número de credenciamentos de 
profi ssionais. Há um certo reconhecimento profi ssional e um aumento no 
18
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
volume de publicações que evidenciam, inclusive, a confusão de papéis e 
problemas de identidade profi ssional, ou seja, uma lacuna nos conceitos de 
Psicologia e Psicologia escolar.
Nesse mesmo período, tornando-se mais abrangentes as linhas de 
evolução histórica da Psicologia Escolar, deve-se considerar que o exercício 
profi ssional se modifi ca em sua história e desenvolvimento de sociedade para 
sociedade. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 
1993).
Na Espanha, por exemplo, a Psicologia é reconhecida como profi ssão há 
pouco tempo, mesmo considerando a contribuição de estudiosos de renome 
e propulsores da psicologia científi ca e aplicada. Seu desenvolvimento ocorre 
de forma descompassada, como consequência das guerras civis que o país 
vivenciou ao longo de sua história. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; 
ALMEIDA; WECHSLER, 1993).
Nesse país, a Psicologia Escolar e a Psicologia da Educação ocupam 
campos diferenciados em sua ação, ou seja, a primeira é mais presente 
na atuação prática e a segunda é utilizada com mais frequência no meio 
acadêmico. Os profi ssionais envolvidos em tarefas educacionais, por sua vez, 
são chamados “psicólogos educativos” ou simplesmente por psicólogos, sem 
outras denominações.
A Psicologia Escolar 
e a Psicologia da 
Educação ocupam 
campos diferenciados 
em sua ação, ou seja, 
a primeira é mais 
presente na atuação 
prática e a segunda 
é utilizada com mais 
frequência no meio 
acadêmico.
Para aprofundar seus estudos sobre ao assunto, indicamos a 
leitura da seguinte obra. Veja:
MALUF, M. R. (Org.) Psicologia educacional: questões 
contemporâneas. São Paulo: Casa do psicólogo, 2004.
No contexto escolar da época não foi diferente, pois os psicólogos que 
atuavam estavam voltados para a questão da quantifi cação dos problemas de 
aprendizagem. Esse olhar individualista dos processos e problemas escolares 
fez com que a Psicologia, dentro da escola, fosse mal interpretada tanto pela 
sociedade (famílias dos alunos e a comunidade onde a escola está inserida) 
quanto pelos profi ssionais da educação (professores e coordenadores 
educacionais), enfi m, por todo o contexto escolar. (DAZZANI, 2010).
O processo de escolarização no Brasil, assim como em outros países, 
foi decorrente de leis que instauraram a escola para todos, gerando um 
1919
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
grande problema. No início, o fazer da Psicologia Escolar estava voltado para 
readaptar os alunos que eram considerados problemáticos, fazendo com 
que se “encaixassem” dentro do sistema educacional, aspecto decorrente 
principalmente do fazer clínico da Psicologia da época. Os professores, de 
forma mais ampla a escola, encaminhavam os alunos para a sala do psicólogo 
escolar para resolver o problema e recolocar o aluno dentro de sala de aula. 
(DAZZANI, 2010). 
Devido à inserção do psicólogo no contexto escolar pelas teorias da 
aprendizagem, esse posicionamento levou à patologização de todas as 
difi culdades de aprendizagem dos alunos, sem recorrer a medidas voltadas 
para a própria gestão da escola e seu posicionamento ético-político-
pedagógico. (DAZZANI, 2010).
Ora, se antigamente o fazer era individualizado, os alunos eram os 
responsáveis pelo seu próprio fracasso, e o psicólogo, utilizando métodos 
de avaliação de desempenho, avaliação dos processos psicológicos 
básicos, diagnosticando os alunos-problemas para a realização de trabalhos 
individualizados, retirava a responsabilidade da escola em que estavam 
inserido, bem como dos profi ssionais que nela atuavam, como, hoje, a 
Psicologia Escolar pode intervir de maneira que contemple todos os aspectos 
sociais, culturais, com responsabilidade ética e política em todos os processos 
do contexto escolar? Essa pergunta é decorrente, em grande parte, desde 
pensamento refl exivo que se deu a partir das novas concepções construídas 
durante a década de 1980, quando produções de artigos, livros e materiais 
científi cos a respeito do modo como o psicólogo estava inserido nesse 
contexto começaram a trazer grandes críticas sobre a prática que se utilizava. 
Foi então que começou um grande processo de desmistifi car o próprio fazer da 
Psicologia dentro da escola. A escola, por sua vez, acostumada com o modelo 
clínico por parte dos psicólogos, resistiu e ainda resisti às novas propostas da 
Psicologia Escolar. (GUZZO; WECHSLER, 1993).
As propostas da Psicologia Educacional, que tiveram grande destaque nos 
últimos anos, foram voltadas para uma escola democrática. (DAZZANI, 2010). 
Tal questionamento é decorrente de anos do temido fracasso escolar, em que 
os métodos utilizados, tanto pela escola quanto pelos psicólogos, contribuíram 
de maneira signifi cativa para que os alunos-problemas não se adaptassem ao 
meio, devido a uma idealização de alunos perfeitos.
A crise de identidade da profi ssão do psicólogo escolar foi propulsora 
para a criação da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional 
(ABRAPEE), ocorrida no início da década de 90. Ela é responsável por avaliar, 
orientar e reestruturarpráticas, além de auxiliar a divulgar um novo profi ssional, 
que pode contribuir de maneira signifi cativa no desenvolvimento da educação 
20
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
brasileira. Acerca da atuação nesse novo cenário que está sendo construído, 
o psicólogo escolar busca sintonizar todos os envolvidos no processo de 
aprendizagem em prol de uma formação com qualidade, não se sobrepondo 
a esse processo, mas contribuindo para escolarização. (MARINHO-ARAÚJO, 
2001, apud MARINHO-ARAÚJO, 2009).
Atividade de Estudos
1) Indique e comente os principais núcleos de trabalho e de 
pesquisa em torno dos quais nasce e se desenvolve a Psicologia 
da Educação durante as três primeiras décadas do século XX.
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
Como vimos, foram apresentadas as questões históricas da Psicologia 
Educacional, as quais tratam do estudo e da análise das mudanças de 
comportamento que se refl etem nas pessoas como uma consequência de sua 
participação nos diferentes tipos de situações ou atividades educativas. 
Caro(a) pós-graduando(a), no próximo item estudaremos as tendências 
da Psicologia educacional, ou seja, independente do espaço social e da área 
de atuação que o psicólogo escolar esteja ocupando, as bases fi losófi cas e 
teóricas nas quais assenta seu trabalho são as mesmas, desde que elas lhe 
garantam a compreensão e a possibilidade de intervenção crítica e competente 
em contextos educativos.
AS TENDÊNCIAS DOMINANTES NO ESTUDO DA 
PSICOLOGIA EDUCACIONAL
Hoje, sabemos que a aprendizagem ocorre sob a ação de inúmeros 
fatores, os quais a Psicologia Educacional procura estudar e explicar. Conceber 
o trabalho da Psicologia Educacional como um estudo de dados objetivos, é 
primar pela observação do comportamento e das manifestações psíquicas como 
resposta dos organismos e de suas estruturas a estímulos gerados pelo meio.
Conceber o trabalho 
da Psicologia 
Educacional como 
um estudo de dados 
objetivos, é primar 
pela observação do 
comportamento e 
das manifestações 
psíquicas como 
resposta dos 
organismos e de suas 
estruturas a estímulos 
gerados pelo meio.
2121
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
A metodologia da abordagem objetiva analisar as leis naturais que 
determinam as ações humanas. O efeito depende de uma causa exterior e 
se realiza no organismo, na matéria e em normas de validade geral, o mais 
independente possível do caráter do sujeito. Como resultado da observação, o 
homem se torna um modelo que pode ser analisado de modo geral e imparcial. 
O propósito de tal observação é a planifi cação do comportamento visando à 
sua previsão e ao seu controle.
Na escola, a preferência pela objetividade gerou uma série de 
experimentos em laboratório, centrados na medição, nos testes e nos planos 
de aprendizagem encadeados sequencialmente. Tal análise do comportamento 
fragmenta a realidade, sendo a soma dos elementos parciais insufi ciente para 
uma compreensão do fenômeno como um todo.
De seu lado, o enfoque da subjetividade sustenta que a relação homem/
sujeito observador predomina sobre a relação homem/objeto da observação. 
Mais que isso, sustenta que o sujeito é capaz de modifi car e transformar o 
objeto. O indivíduo possui características intimistas que o impulsionam à ação. 
Essa visão intimista dilui a infl uência externa, aliena o sujeito com relação ao 
meio social e histórico, ou seja, temos aqui um modelo abstrato de homem.
As repercussões dessa concepção de homem na escola conduziram 
a estudos centrados no comportamento do aluno e do professor em sala de 
aula. A utilização de técnicas não-diretivas, a ausência de sistematização, o 
abandono radical da experimentação quantitativa acabaram criando um outro 
tipo de fragmentação da realidade.
A Psicologia Educacional deve, assim, estabelecer um sistema de 
relações constantes entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por 
dados internos e externos, constitui e determina o motivo da observação. 
Isso signifi ca que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos a 
mediação recíproca entre sujeito e objeto, isto é, quando consideramos esses 
aspectos em interação constante.
O papel do psicólogo educacional permite ter uma atuação preventiva 
e educativa. Esse direcionamento pode neutralizar infl uencias negativas 
apresentadas pela escola, integração do corpo docente, compartilhamento 
dos saberes para que as informações cheguem a todos, levando em 
consideração a singularidade de cada realidade escolar, buscando harmonizar 
esses elementos. As técnicas, os planos de ação e quaisquer outros tipos de 
estratégias podem mudar de instituição para instituição, justamente por conta 
da singularidade que cada uma apresenta, contudo, sem perder o centro de 
sua prática, o qual deve sempre associar-se aos objetivos educacionais.
O papel do psicólogo 
educacional permite 
ter uma atuação 
preventiva e educativa.
22
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido pelo psicólogo tem um caráter 
social, visando à integração e à participação dos docentes, alunos, pais e a 
própria comunidade, pois a escola, além do processo de formação educacional, 
está diretamente envolvida na formação de cidadãos. Sendo assim, sua 
atuação busca fazer uma refl exão de que todos têm suas responsabilidades 
nesse processo formador do aluno, desfazendo a imagem de culpado por 
suas difi culdades. Aqui evidencia-se que adaptação e medição não são mais 
o resultado único da atuação, podendo servir de complemento dentro de um 
amplo plano de ação. (DEL PRETE, 1993).
Compreendendo a nova formação do psicólogo educacional, a 
multidisciplinaridade favorece suas práticas na escola, as quais podem 
abarcar elementos sociotransformadores. Essa formação habilita o psicólogo 
a desenvolver ações, como ofi cinas de orientação profi ssional, sexualidade e 
drogas; avaliar o plano pedagógico e, se necessário, readaptá-lo para melhor 
compreensão, relacionamento de professores e gestão administrativa, além 
de observar outras demandas existentes em cada instituição. Com a família, 
desenvolver projetos de orientação ou promoção de atitudes práticas no 
desenvolvimento do aluno, tornando-o mais participativo. (GUZZO, 1993).
Atividade de Estudos
1) Neste momento, cabe levantar algumas questões no âmbito 
da Psicologia Educacional, como, por exemplo, como integrar 
interesses, expectativas, desejos e motivações, tanto do sujeito-
aluno como da instituição-escola? Como o aluno responde 
à pergunta “quem sou eu”? Como a escola pode ajudá-lo a 
responder a essa e a outras questões de sua existência?
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
Prezado(a) pós-graduando(a), neste tópico foram apresentados o 
desenvolvimento da Psicologia Educacional e, em seguida, serão apresentadas 
as tendências e as concepções atuais do psicólogo na educação.
2323
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
AS CONCEPÇÕES ATUAIS DA PSICOLOGIA 
EDUCACIONAL
A Psicologia Escolar, um dos mais recentes campos da Psicologia, deve, 
pois, trabalhar num sentido de atualizações, vislumbrando que a compreensão 
dos fundamentos psicológicosdo processo educacional era necessária para 
levar a bom termo a teoria e a prática da educação, como visto anteriormente.
Figura 1 - O psicólogo educacional
Fonte: Disponível em: < https://goo.gl/1HF1G8>. Acesso em 26 de abr. 2016.
Na concepção de Pfromm Netto (1980 apud WECHSLER, 1995, p. 131-132):
São antigas, íntimas e fecundas as relações entre psicologia 
e escola. Hoje em dia, acha-se mais ou menos conciliada 
a diferenciação entre psicologia educacional e psicologia 
escolar, muito embora essas especialidades tenham muita 
coisa em comum [...].
Mas há autores, como Almeida (2003), que consideram Psicologia Escolar 
e Educacional como equivalentes à Psicologia Educacional, área mais geral e 
teórica, que se refere à investigação e à formação de professores e agentes 
educativos, enquanto a Psicologia Escolar focaliza a intervenção e a atuação 
dos profi ssionais psicólogos. 
Del Prete (1993, p. 126), traçando um paralelo entre Psicologia 
Educacional e Educação, menciona que:
Com base em algumas considerações sobre a história das 
relações entre psicologia e educação, defende-se que a 
identidade do psicólogo, pelo menos no contexto educacional 
brasileiro, deveria estar vinculada à sua autodenominação 
enquanto psicólogo escolar/educacional. As relações 
entre psicologia escolar e educação têm sido abordadas 
24
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
geralmente em um sentido unidirecional de contribuições da 
primeira à segunda, requeridas e/ou propostas antes mesmo 
do surgimento da psicologia como ciência.
Ribeiro e Guzzo (1987, p. 88) afi rmam que “[...]o psicólogo escolar deve ter 
objetivos mais amplos do que remediar problemas individuais.”. Se o trabalho 
do psicólogo na escola se restringir ao atendimento do aluno-problema, estará 
não só limitando sua atuação, a qual poderia de outra forma atingir um número 
maior de estudantes, como também estará contribuindo diretamente para a 
manutenção do modelo educacional vigente e que é a origem e a causa de 
muitos dos problemas encontrados nas escolas.
Pela exposição histórica descrita acima, entende-se até que ponto os 
esforços dedicados à tarefa de proporcionar uma base científi ca à educação 
e ao ensino adotam formas diferentes. Essas formas respondem, de fato, às 
diferentes concepções, quando não claramente divergentes, das relações 
entre o conhecimento psicológico de um lado e a teoria e a prática educativa 
de outro.
Se é aceitável o princípio de que em todas as situações educativas 
intervêm uma série de variáveis e de processos de natureza psicológica, que 
deve ser considerada para compreendê-la e explicá-la, a questão consiste 
em determinar que função possuem essas variáveis e esses processos, de 
natureza não psicológica e presentes na situação educativa.
Consiste, também, em escolher um procedimento adequado para que sua 
análise e sua apreciação conduzam efetivamente a uma melhor compreensão 
e interpretação da situação educativa no seu conjunto e, eventualmente, a 
formulação de propostas concretas para intervir com o objetivo de modifi cá-la 
ou orientá-la para uma determinada direção.
Abaixo segue um quadro que descreve as convergências e divergências 
das diferentes escolas psicológicas atuais na educação.
Ribeiro e Guzzo (1987, 
p. 88) afi rmam que 
“[...]o psicólogo escolar 
deve ter objetivos 
mais amplos do que 
remediar problemas 
individuais.”.
Quadro 1 – Escolas psicológicas
Escolas psicológicas Aplicação à educação escolar
A teoria psicanalítica freudiana
• Levar a criança a aprender e dominar os seus instin-
tos.
• Seria impossível dar a liberdade sem nenhuma res-
trição para a criança desenvolver os seus impulsos.
• Entender as fases de desenvolvimento dos alunos, 
assim como a formação da personalidade e do próprio 
desenvolvimento e suas limitações.
2525
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
• A ausência de restrições e de orientações pode 
produzir delinquentes, em vez de crianças saudáveis.
• Necessário encontrar o equilíbrio entre o proibido e 
a permissão.
• Tudo deve ser bem trabalhado, porque a repressão 
excessiva dos impulsos pode dar origem a distúrbios 
neuróticos.
A psicologia behaviorista: Skinner
• As agências educacionais usam do reforço para 
treinar, para exercícios e para toda a prática escolar.
• Trabalham para a aquisição do comportamento e 
sua manutenção.
• As famílias são os reforçadores primários, depois 
outras agências, também educacionais, prosseguem 
como reforçadores secundários.
• O reforço é uma constante e os comportamentos 
são condicionados ao longo de nossas vidas.
• Criou a instrução programada e as máquinas de 
ensinar.
• Ênfase à estimulação dos sentidos.
• Certos estímulos produzem determinadas respostas 
num organismo, pois basta aplicá-los corretamente.
• Para fi xar um comportamento, basta apresentar um 
estímulo correto, e, para refutar, basta desestimular.
A Gestalt ou psicologia da 
confi guração
• A preocupação é com a totalidade do comporta-
mento do educando, deixando em segundo lugar as 
respostas isoladas e específi cas.
• As experiências anteriores determinam em grande 
parte o desenvolvimento da aprendizagem.
• Acreditam que a principal maneira de aprender 
seja pelo insight.
• As forças sociais atuam para a formação do psico-
lógico, aceitam, também, a participação do domínio 
afetivo no desenvolvimento da aprendizagem.
• O professor deve ter a sensibilidade sufi ciente para 
entender os sentimentos e as atitudes respectivas da 
faixa etária. 
• O professor não consegue transmitir conceitos pron-
tos, a estimulação é interna e diferente em cada um.
• Há preocupação com a profundidade, com a solução de 
problemas, com a visão holística quando uma alteração, 
mesmo pequena, no todo ou nas partes, pode alterar tudo.
• Parte da ideia de que quando a criança adquire 
uma nova percepção de si mesma e do mundo que a 
rodeia, muda o comportamento.
26
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
A psicologia humanista: Maria 
Montessori e Carl Rogers
• O professor deve seguir as etapas de desenvolvi-
mento da criança.
• Currículo e metodologia que trabalham o desenvol-
vimento integral da criança, em que a auto realização 
ocupa um espaço importante.
• Divide o conhecimento em áreas, criando os cen-
tros de vivência, começando pela educação infantil.
• Acredita que o homem tem um potencial que pode 
ser desenvolvido naturalmente e o professor pode 
facilitar, criando condições, clima favorável, evitando o 
castigo e o constrangimento.
• O material pedagógico deve ser signifi cativo e re-
levante; o respeito aos sujeitos é obrigatório; a escola 
deve ser aberta, livre e satisfazer as necessidades 
dos alunos.
• Aceita o fracasso, mas propicia novas experiên-
cias, aprendendo com ação, autoconfi ança, autocríti-
ca, em sala ambiente, com um currículo fl exível, sem 
guias curriculares, em que todos são responsáveis.
Fonte: Adaptado de Francisco Filho (2002, p. 30-35).
Enriqueça seus conhecimentos sobre o tema realizando a 
leitura do seguinte livro:
FRANCISCO FILHO, G. A psicologia no contexto 
educacional. Campinas: Átomo, 2002
Destacamos, também, a preocupação com a interdisciplinaridade na 
escola e o aprofundamento dos estudos sobre o cognitivismo piagetiano e o 
sociointeracionismo de Vygotsky. Esses estudos tomaram corpo no seio da 
Psicologia Educacional na vaga construtivista da década de 80. Somente a 
partir da década de 1990 é que a grande diversidade do trabalho do psicólogo 
educacional, para além dos muros da escola, trouxe refl exões mais críticas 
acerca da formação e atuação desse profi ssional.
Essasúltimas décadas foram marcadas por novos encontros entre 
Psicologia e Educação, assumindo um direcionamento dialético da 
compreensão do desenvolvimento humano e não apenas das difi culdades de 
aprendizagem e comportamento, mas que perpassam ambientes mais amplos 
do contexto educacional, como, por exemplo, espaços comunitários, núcleos, 
associações, entre outros.
A atuação dos 
psicólogos 
educacionais tem 
defendido a escola 
em sua função social 
e política como 
espaço marcado por 
diversas contradições, 
mas também como 
possibilidade de 
criação de uma 
sociedade mais justa. 
(MARINHO-ARAÚJO, 
2001 apud MARINHO-
ARAÚJO, 2009).
2727
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
A atuação dos psicólogos educacionais tem defendido a escola em sua 
função social e política como espaço marcado por diversas contradições, 
mas também como possibilidade de criação de uma sociedade mais justa. 
(MARINHO-ARAÚJO, 2001 apud MARINHO-ARAÚJO, 2009). 
Atividade de Estudos
1) Sabe-se que, teoricamente, a atuação da Psicologia está 
voltada para a área da Educação e destinada à realização de 
pesquisas diagnósticas e intervenções psicopedagógicas em 
grupo ou individuais, levando em consideração programas de 
aprendizagem e as diferenças dos indivíduos. Diante disso, no 
que consiste a atuação do psicólogo na escola?
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
Neste capítulo, conhecemos um pouco das concepções atuais da 
Psicologia educacional. A seguir, vamos conhecer a questão da identidade da 
Psicologia Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia.
PSICOLOGIA EDUCACIONAL, PEDAGOGIA E 
PSICOPEDAGOGIA
Defi nir as fronteiras de qualquer disciplina é um sério problema teórico. 
A Psicologia Educacional é considerada, por muitos autores, como ciência 
multidisciplinar. Já a Psicologia Escolar é vista como disciplina aplicada, ao 
lado da Psicologia do ensino.
A Psicologia Educacional compreende as noções psicológicas conectadas 
com a educação. Ela veio mostrar ao mundo que o ensino não pode ser 
baseado na vontade do professor, nem da escola, nem do programa, mas sim 
na capacidade da criança. A criança passa a ser medida do ensino, segundo 
suas capacidades, natureza, desenvolvimento mental e maturidade, para 
verifi car se há condições ou não de aprender determinada coisa.
A Psicologia 
Educacional 
compreende as 
noções psicológicas 
conectadas com a 
educação.
28
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
A Psicologia Educacional deve trabalhar no sentido de atualizações, 
vislumbrando que a compreensão dos fundamentos psicológicos do processo 
educacional era necessária para elevar o bom termo, a teoria e a prática da 
Educação. Não bastava, portanto, compreender as mudanças que ocorrem 
no psiquismo do ser em desenvolvimento, pois o processo educacional teria 
que ser concebido pelos psicólogos na sua complexidade, como interação 
constante entre a atividade educacional do professor e a personalidade em 
formação do aluno, avaliando novas ideias, teorias e técnicas que possam 
ser transferidas para a situação escolar, aproveitando os conhecimentos dos 
diversos campos da Psicologia para vitalizar o processo de ensino, tornando-o 
mais objetivo e com resultados progressivos.
Esse campo é uma ciência aplicada aos comportamentos escolares ou 
conjunto de conhecimentos psicológicos relacionados com situações que são 
peculiares nas instituições de ensino. Seu objetivo é dar suporte a atuação 
profi ssional do psicólogo como membro de uma equipe de educadores.
É preciso, portanto, salientar dois aspectos dessa realidade: teoria e 
prática, dinamicamente integradas, constituindo uma unidade de práxis. A 
Psicologia Educacional deve ser práxis refl exiva e criadora, o que implica, 
por parte do profi ssional de Psicologia, um grau elevado de consciência e 
a procura constante de soluções para seu trabalho, seja para adaptar-se a 
novas situações, seja para satisfazer a novas necessidades.
O profi ssional consciente será capaz de conhecer a realidade e 
nela interferir buscando alternativas transformadoras. Então, o psicólogo 
educacional, para exercer seu trabalho com competência, precisa saber e 
saber ser. (LIBÂNEO, 1994).
“Saber” se refere ao desenvolvimento do conhecimento, que permite 
uma análise crítica da realidade e, a partir dela, estabelecer com clareza seus 
objetivos; compreender o fenômeno educação, seus determinantes históricos, 
suas relações com o sistema social, com a vida dos alunos/professores e com 
a sua própria, para adequar e selecionar ações psicológicas de intermediação, 
as quais utilizará visando aos objetivos educacionais maiores, relacionados à 
formação da cidadania.
O “saber ser” envolve aspectos sociais e inter-relacionais na escola, 
ou seja, o comprometimento será na direção de contribuir com a retomada 
da aprendizagem para si e para todos os que integram a escola. Para isso, 
ele deverá comprometer-se, também, com uma proposta educacional que 
caminhe nesta direção libertadora e que estará formando pessoas capazes 
de, constantemente, num trabalho de descoberta, análise e formação de 
consciência, contribuir para a transformação da realidade em que vivem, na 
direção da maior justiça social e realização das pessoas.
O psicólogo 
educacional, para 
exercer seu trabalho 
com competência, 
precisa saber e saber 
ser. (LIBÂNEO, 1994).
2929
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
É preciso direcionar o seu ser na escola para relações não autoritárias, 
procurando interrogar os sintomas que a escola apresenta, as situações 
repetitivas que parecem ser naturais, mas que não respondem às 
necessidades, pesquisando as razões pelas quais não se consegue mudar 
o cotidiano, sempre por meio de um questionamento intenso com todos os 
integrantes da instituição. 
Assim, cada situação escolar precisará ser enfrentada com o saber e o 
saber ser nas alternativas de atuação – o fazer – decididas por meio da análise 
cuidadosa da realidade, da utilização adequada do conhecimento teórico e da 
conservação dos compromissos e objetivos maiores.
Dessa forma, a Psicologia Educacional, em seu sentido mais amplo, 
investiga os fundamentos psicológicos e as características do processo de 
educação. Na educação formal, estuda o processo bipolar da interação entre 
a atividade educacional do educador e a personalidade em desenvolvimento 
do aluno. Na educação informal, abrange todas as situações em que a 
educação, em seu sentido mais abrangente, ocorre, como, por exemplo, 
abrigos de crianças e jovens, clubes e meios sociais. Nessa perspectiva, a 
Psicologia Escolar pode ser designada como Psicologia Escolar/Educacional. 
Surge, assim, uma Psicologia Educacional conectada ao processo, visto 
em sua complexidade, sustentado no reconhecimento da natureza social do 
comportamento humano, na convivência com a pluralidade metodológica e no 
reconhecimento das bases culturais da aprendizagem e do desenvolvimento 
psicológico.
A Psicologia Educacional é um âmbito da atuação 
profi ssional que começa a se confi gurar nas primeiras décadas 
do século XX em torno da dimensão projetiva ou tecnológica 
e da dimensão técnica ou prática da Psicologia da Educação 
e do Ensino. Estabeleceu-se, progressivamente, nos sistemas 
educativos das sociedades ocidentais, a partir dos anos 50. Ela 
constitui, na atualidade, o âmbito de intervenção psicoeducativa 
mais importante, porque se refere à educação escolar.A Psicopedagogia pode ser defi nida como uma nova área 
de atuação profi ssional, que busca uma identidade e requer 
uma formação de nível interdisciplinar. Estuda a aprendizagem 
humana normal e patológica, buscando reintegrar o processo de 
construção do conhecimento do sujeito que apresenta problemas 
de aprendizagem. (RUBINSTEIN, 2012).
30
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
A Pedagogia e a Educação, igualmente, é uma descoberta, 
uma invenção, como área do conhecimento, que tem uma 
especifi cidade e que sintetiza a necessidade do ser humano de 
transmitir aos seus descendentes um conjunto de técnicas ou de 
informações, sem o que a vida ou uma melhor qualidade de vida 
estará constantemente ameaçada. (FERREIRA, 2004).
Figura 2 - O trabalho do pedagogo
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/Ev5Au9>. Acesso em: 25 de abr. 2016
Aprofunde seus estudos, realizando a leitura da seguinte obra:
RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São 
Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.
Alguém dirá que os problemas de aprendizagem são exclusividade dos 
psicólogos, sendo uma disciplina obrigatória na sua formação profi ssional. Os 
problemas de aprendizagem podem ser considerados em três perspectivas: 
específi ca, genérica e circunstancial. 
A específi ca é exclusividade dos psicólogos, pois eles sabem, melhor 
do que qualquer outro profi ssional, lidar, por exemplo, com os problemas da 
relação professor-aluno que, independente da matéria, difi cultam ou inibem a 
aprendizagem escolar da criança.
Em sua perspectiva genérica, os conhecimentos da Psicologia não 
pertencem aos psicólogos. Assim, faz parte da identidade da Psicopedagogia 
defi nir as teorias e as técnicas psicológicas que, com as devidas 
3131
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
transformações, são necessárias para cumprir seu papel. E se essas teorias 
e técnicas, como sempre é o caso, vierem a se modifi car totalmente, em 
função dessas novas utilizações, faz parte do compromisso do psicopedagogo 
registrar essa gênese e saber analisar a razão e as consequências dessas 
atualizações.
O psicopedagogo, como profi ssional, compromete-se com analisar e se 
possível intervir nos aspectos que difi cultam ou, eventualmente, favorecem a 
aprendizagem de conteúdos escolares, tanto em termos gerais (como estudar 
e se organizar para as tarefas escolares) quanto em termos específi cos 
(alfabetização e matemática), em uma perspectiva individual ou clínica, 
coletiva ou institucional, ele só pode fazê-lo em uma perspectiva genérica e 
circunstancial desse processo.
Numa perspectiva genérica porque mesmo voltada para uma área 
particular, por exemplo, difi culdade de aprendizagem, busca, em certos 
aspectos, que a criança possa ser devolvida ao contexto do aproveitamento 
escolar em sala de aula. Além disso, genérica porque pode trabalhar 
com instrumentos, jogos ou conteúdos específi cos, quando no contexto 
escolar todos esses elementos e muitos outros completam os requisitos da 
programação de uma disciplina. 
Já a perspectiva circunstancial se dá porque, como acontece em todas as 
áreas clínicas, a Psicopedagogia só é requerida quando, em uma perspectiva 
individual ou coletiva, algo não vai bem na aprendizagem escolar da criança ou 
da classe, bem como quando se quer incrementar ou aprofundar aspectos dessa 
aprendizagem e o contexto normal da sala de aula não pode dar conta disso.
A tarefa do psicopedagogo é interpretar o processo de aprendizagem, 
verifi car o que está por trás da linguagem, da organização, do universo de 
signifi cações, de representações, de desejo daquele que não aprende. No 
trabalho psicopedagógico procura-se a relação do sujeito com o conhecimento 
e o signifi cado que o aprender tem para ele.
O psicopedagogo, 
como profi ssional, 
compromete-se com 
analisar e se possível 
intervir nos aspectos 
que difi cultam ou, 
eventualmente, 
favorecem a 
aprendizagem de 
conteúdos escolares
32
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
Figura 3 - O trabalho do psicopedagogo
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/LG5Asy>. Acesso em: 25 de abr. 2016.
E a escola será sempre, tanto no plano individual quanto coletivo, a 
instituição socialmente designada para transmitir os conhecimentos científi cos 
necessários à cidadania plena. No Brasil, as denominações psicólogo escolar, 
psicólogo educacional e psicopedagogo têm sido utilizadas para expressar 
a atuação profi ssional que aplica conhecimentos oriundos da Psicologia às 
questões educacionais, sobretudo na escola.
Segundo Teixeira (1992, p. 110):
A psicopedagogia surge no Brasil como uma das respostas 
ao grande problema do fracasso escolar, preocupando-
se com a criança que não aprende, que mal aprende, 
que não quer aprender, que não gosta de estudar, enfi m 
multirrepetentes com difi culdades de aprender.
A prática psicopedagógica surge da interação entre Psicologia e Pedagogia 
com a intenção de trabalhar as difi culdades de aprendizagem, tendo em vista a 
interação inadequada de vários aspectos, como, por exemplo, cognitivo, afetivo 
e social, reconhecidos como sintomas das difi culdades de aprendizagem. 
Defi ne-se psicopedagogia como “[...] a aplicação da psicologia experimental à 
pedagogia [...]” (FERREIRA, 1993, p. 141) ou como “[...] pedagogia baseada 
cientifi camente na psicologia da criança.”. (PIERON, 1981, p. 41).
A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na Pedagogia os 
resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, o que permite a possibilidade 
de recorrer aos dados levantados pela Psicologia nos processos de ensino 
A prática 
psicopedagógica 
surge da interação 
entre Psicologia e 
Pedagogia com a 
intenção de trabalhar 
as difi culdades de 
aprendizagem.
3333
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
e aprendizagem. Os profi ssionais psicopedagogos se dedicam a quatro 
estratégias básicas, que envolvem: a) orientação de estudos; b) trabalho 
sobre conteúdos escolares; c) desenvolvimento de raciocínio; d) atendimento 
de crianças defi cientes ou comprometidas. Ainda, utilizam trabalhos corporais 
e artísticos, derivados de linhas de atendimento como a Psicanálise e o 
Psicodrama.
Conforme Teixeira (1992), o psicólogo educacional, atuando como 
psicopedagogo, desenvolve seu trabalho atendendo profi ssionais da escola 
e crianças que apresentam problemas de aprendizagem, podendo optar 
por um trabalho individual ou grupal, propício para troca de experiências e 
a reelaboração dos modelos de aprendizagem. Pode-se dizer que a visão 
psicopedagógica permite ampliar a atuação do psicólogo na área escolar 
e é necessária sempre que puder ou precisar considerar as características 
psicológicas do sujeito que aprende.
Figura 4 - O trabalho do psicólogo educacional
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/9jDZfJ>. Acesso em: 25 de abr. 2016.
Macedo (1987, PFROMM NETTO et al., 1992) menciona, ainda, que o 
papel do psicopedagogo só se faz necessário na medida em que a escola 
passa a não cumprir seu papel de ensinante e não consegue transmitir o 
saber, gerando o encaminhamento de crianças para profi ssionais diversos, 
como tentativa de sanar sua difi culdade, transferindo a responsabilidade 
para a criança. Quando se trata de crianças com baixo nível socioeconômico, 
com notas baixas, desatentas, sem aproveitamento adequado, temos um 
encaminhamento a classes especiais, atualmente denominado atendimento 
especializado, repetência, exclusão ou evasão; já para as classes média e 
alta, são encaminhadas ao psicólogo ou psicopedagogo.
34
 Psicologia Educacionale suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
Quadro 2 – Competências profi ssionais
O quadro a seguir demonstra a formação e as competências de cada 
profi ssional. Veja:
Profi ssional Formação Competências
Psicólogo Graduação em Psicologia
Oferecer condições de desenvolvimento e 
adequação a contextos que se modifi cam 
constantemente, possibilitando-lhes agir 
de forma refl exiva diante da diversidade de 
situações.
Pedagogo Graduação em Pedagogia
O primeiro que provavelmente irá perce-
ber e identifi car que a criança está com 
variações de comportamento ou difi culda-
des pertinentes ao desenvolvimento no seu 
aprendizado.
Psicopedagogo Pós-graduação em Psico-pedagogia
Identifi ca e faz as intervenções no âmbito 
das difi culdades de aprendizagem e propõe 
estratégias para minimizá-las.
Fonte: O autor.
Atividade de Estudos
1) A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na 
Pedagogia os resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, 
o que permite a possibilidade de recorrer aos dados levantados 
pela Psicologia nos processos de ensino e aprendizagem. 
Diante disso, descreva e explique as quatro estratégias básicas 
que envolvem os profi ssionais da área da Psicopedagogia.
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
Neste tópico, pós-graduando(a), estudamos sobre a questão da identidade 
da Psicologia Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia. Não se esqueça das 
leituras complementares sugeridas ao longo desse capítulo.
3535
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
Neste capítulo, foi possível compreender como o conhecimento da 
Psicologia é aplicado na educação escolar, uma vez que o sistema educacional 
no Brasil, da educação Infantil ao Ensino superior, apresenta inúmeros 
problemas e graves consequências sociais, como, por exemplo, crianças fora 
da escola, violência, marginalização, distorção da idade/série, difi culdades de 
aprendizagem e evasão.
Mudar o enfoque na compreensão, avaliação e intervenção dentro desse 
sistema, signifi ca construir uma nova proposta de formação profi ssional capaz 
de capacitar o psicólogo em seu campo de atuação. O psicólogo educacional 
deverá ajudar a construir a revolução educacional, ou seja, aquela que 
devolverá à escola o seu verdadeiro papel de espaço institucional para o 
desenvolvimento integral.
A importância do psicólogo escolar se destaca na compreensão do ser 
humano como um todo, independente do espaço social e da área de atuação 
que esteja ocupando, as bases fi losófi cas e teóricas nas quais assenta seu 
trabalho são as mesmas, desde que elas lhe garantam a compreensão e a 
possibilidade de intervenção crítica e competente em contextos educativos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S. F. (Org.). Psicologia escolar: éticas e competências na 
formação e atuação profi ssional. Campinas: Alínea, 2003.
ANASTASI, A. Testes psicológicos. São Paulo: Editora pedagógica e 
universitária Ltda., 1977.
ARBUÉS, A. E; LOIS, M. F. Apuntes sobre la situación de la psicología escolar 
en España. In: GUZZO, R. S. L.; ALMEIDA, L. S.; WECHSLER, S. M. (Org.). 
Psicologia escolar: padrões e práticas em países de língua espanhola e 
portuguesa. Campinas: Átomo, 1993.
BARBOSA, M. A.; SOUZA, M. A psicologia no Brasil: leitura histórica de sua 
constituição. São Paulo: EDUC, 2012.
BOCK, A. A psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em 
psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
36
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem
 
COLL, C. Concepções e tendências atuais em psicologia da educação. In: 
COOL, C.; PALÁCIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação. Porto 
Alegre: Artmed, 2000.
DAZZANI, M. V. M. A psicologia escolar e a educação inclusiva: uma leitura 
crítica. Psicologia: ciência e profi ssão, Brasília, v. 30, p. 362-375, 2010.
DEL PRETTE, Z. A. Psicologia, educação e LDB: novos desafi os para velhas 
questões. In: GUZZO R. S. (Org.). Psicologia escolar: LDB e educação hoje. 
Campinas: Alínea, 1993.
FAGAN, T. K. Compulsory schooling, child study, clinical psychology, 
and special education: origins of school psychology. Memphis State 
Universal: American psychologist, 1988.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. Nova 
Fronteira: 1993.
FERREIRA, F. F. A intervenção da psicopedagogia em atividades lúdicas 
como prática pedagógica no processo ensino aprendizagem. 2004. 37f. 
Dissertação (Mestrado em Projeto Voz do Mestre) - Universidade Candido 
Mendes, Rio de Janeiro, 2004.
FRANCISCO FILHO, G. A psicologia no contexto educacional. Campinas: 
Átomo, 2002.
GUZZO, R. S. L; WECHSLER, S. O psicólogo escolar no Brasil: padrões, 
práticas e perspectivas. Campinas: Átomo, 1993.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. 
Goiânia: Alternativa, 1994.
MACEDO, l. Para uma identidade psicopedagógica. In: PFROMM NETTO, S. 
et al. Psicologia escolar: identidade e perspectivas. São Paulo: Átomo, 1992.
MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia escolar na educação superior: 
novos cenários de intervenção e pesquisa. In: MARINHO-ARAÚJO, C. M. 
Psicologia escolar: novos cenários e contextos de pesquisa, formação e 
prática. Campinas: Alínea, 2009.
MARTINEZ, A. Psicologia escolar e educacional: compromissos com a 
educação brasileira. Psicologia escolar e educacional, v. 13, n. 1, p. 169-
177, dez. 2009.
3737
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL 
NO BRASIL
 Capítulo 1 
NUNES, L. L. et al. Contribuições da perspectiva crítica de base histórico-
cultural para a produção científi ca em psicologia educacional. Educação e 
pesquisa, v. 40, n. 3, p. 667-682, fev. 2014.
OAKLAND, T.; STERNBERG, A. Psicologia escolar: uma visão internacional. 
In: GUZZO, L.; ALMEIDA, S.; WECHSLER, D. Psicologia escolar: padrões 
e práticas em países de língua espanhola e portuguesa. Campinas: Átomo, 
1993.
PASQUALI, L. (Org.). Instrumentos psicológicos: manual prático de 
elaboração. Brasília: LABPAM/IBAPP, 1999.
PATTO, M. H. S. Psicologia e ideologia: uma introdução crítica à psicologia 
escolar. São Paulo: Queiroz, 1984.
PFROMM NETTO, S. As origens e o desenvolvimento da psicologia escolar. 
In: WECHSLER S. M. (Org.). Psicologia escolar: pesquisa, formação e 
prática. Campinas: Alínea, 1995.
PIERON, H. Dicionário de psicologia. Rio de Janeiro: Globo, 1981.
REGER, R. Psicólogo escolar: educador ou clínico? In: PATTO, M. H. S. 
Introdução à psicologia escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1989.
RIBEIRO, P. R.; GUZZO, R. S. Afi nal, o que pode fazer o psicólogo 
escolar? Estudos de psicologia, v. 2, n. 4, p. 89-93, set. 1987.
RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: 
Casa do psicólogo, 2012.
SOUZA, M. P. R. A queixa escolar e o predomínio de uma visão de mundo. 
In: SOUZA, M.P. R. A. (Org.). Psicologia escolar: em busca de novos rumos. 
São Paulo: Casa do psicólogo, 1998.
TEIXEIRA, M. L. G. Modelos alternativos de atuação em psicologia: escola 
e visão pedagógica. In: PFROMM NETTO, S. et al. Psicologia escolar: 
identidade e perspectivas. São Paulo: Átomo, 1992.
38
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o 
 Ensino e a Aprendizagem

Continue navegando

Outros materiais