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ECONOMIA E MERCADOS Economia Internacional Aula 3 Seção 1: Economia Internacional e as vantagens do comércio mundial Fabrício A. Pessato Ferreira Economia Internacional Dois fatos econômicos: 1. Um aparelho celular produzido na Zona Franca de Manaus (AM) é vendido numa loja autorizada de uma operadora na cidade de Porto Alegre (RS) 2. Uma loja de Londres efetua a venda de um aparelho celular produzido na Suécia • Qual a seqüência de eventos ocorrida até que os dois fatos econômicos supracitados se efetivassem? • Geografia a distância percorrida pelo aparelho celular Economia Internacional: • Trocas efetuadas entre dois Estados Nacionais soberanos – Aspectos peculiares: idioma, espaço geográfico, cultura e moeda. • Barreiras ao comércio • Diversidade de moedas entre países soberanos efeitos da relação de troca Economia Internacional Estruturas de concorrência • Economia Internacional compreensão dos aspectos microeconômicos concernentes à oferta e demanda sob a ótica mundial. • Percepção ampliada das estruturas de concorrência firmas não mais disputam mercados somente no plano doméstico, mas com todas as empresas do mesmo segmento espalhadas pelo mundo. Economia Internacional Estruturas de concorrência • Terceiro ator governo papel decisivo na definição da fatia de mercado de uma empresa que concorre em esfera internacional • Ações de política econômica podem influenciar o comércio internacional, tanto de forma direta como indiretamente. Economia Internacional Ações do Governo: (exemplos da apostila) • Diretas: – Política Comercial – Política Cambial • Indiretas políticas macroeconômicas – Política Fiscal – Política Monetária Economia Internacional Benefícios do Comércio Internacional • fatores geográficos • ganhos de produtividade • desenvolvimento do sistema de empréstimos e financiamentos internacionais • aprimoramento da força-de-trabalho • minimização dos riscos Benefícios do comércio internacional Câmbio • Definição – Razão na qual a moeda de um país é trocada por outra. – Determinada de acordo com as oscilações do mercado de câmbio, o qual segue o mesmo princípio da lei de oferta e demanda Demanda inicial Demanda final Oferta Câmbio Oferta InicialDemanda Oferta Final Câmbio Regimes de Câmbio • Fixo Currency Board Minibandas Cambiais • Flexível Flutuação Limpa Flutuação Suja • Escolha do Regime de Câmbio Volatilidade Reservas cambiais Balanço de Pagamentos Inflação Regime cambial Determinação da taxa de câmbio Especificidades Currency board Decretada pelo Governo, com pouca margem para alteração Tende a criar um mercado de câmbio paralelo, cuja taxa tende a ser muito diferente da oficial. Inviabiliza a possibilidade de sintonia para equilibrar as contas externas. A variável de absorção de problemas é déficit em balanço de pagamentos acaba sendo a política fiscal( necessidade de aumentar tributos e/ou cortar gastos públicos) Fixo Decretada pelo Governo, com boa margem para alteração Também tende a criar um mercado de câmbio paralelo, mas com uma taxa não tão diferenciada da oficial. Se o governo identificar problemas nas contas externas, pode efetuar uma desvalorização cambial. Embora as desvalorizações não costumem ser bem recebidas pelo mercado, em geral é uma opção menos traumática para o país. Regimes de Câmbio Regime Cambial Determinação da Taxa de Câmbio Especificidades Bandas estreitas O alvo e as bandas da taxa são decretados pelo Governo, com pouca margem para alteração. O mercado opera dentro dos limites da banda e o Banco Central intervém sempre que houver uma tendência de ultrapassagem do teto ou valorização abaixo do piso. Permite uma flexibilidade maior para ajuste nas contas externas. Contudo, se o governo altera o alvo, pode perder o controle sobre a taxa (como aconteceu com o Brasil em janeiro de 1999). Flutuação suja A relação entre oferta e demanda determina a taxa de câmbio. O Banco Central intervém em caso de fortes oscilações, que possam ter impactos negativos sobre as contas externas ou macroeconomia interna. Torna a taxa de câmbio a variável de absorção de impactos externos e internos. No entanto, graves incertezas externas podem levar ao descontrole sobre o câmbio (como aconteceu com o Brasil em 2002). Regimes de Câmbio Flutuação cambial e o mercado de divisas Câmbio flutuante • as relações de oferta e demanda por reservas cambiais escapam à lógica da comercialização externa e adquirem um fim em si próprio. • Mercado de divisas: objetivo é maximizar ganhos pelas mínimas diferenças de cotações entre as diversas moedas do mundo – o fator especulação adquire grande dimensão, causando instabilidades sistêmicas. Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços • Imaginemos a seguinte situação: um empresário brasileiro fabrica um produto que custa R$360. • Digamos que ele deseje exportar esse produto. À taxa de câmbio de US$1 R$1,80 • Desconsiderando-se impostos sobre o comércio internacional, esse produto custaria no exterior US$200. • Suponhamos, agora, que houvesse uma mudança nas condições de câmbio US$1 R$2,40. • O preço do produto no exterior cairia para US$150. Aos olhos de um consumidor estrangeiro, ele não percebeu a mudança de US$1 R$1,80 para US$1 R$2,40, mas somente a mudança no preço final de US$200 para US$150. • Pela lei de oferta e demanda, sempre que houver uma queda nos preços, a tendência é a de um aumento no consumo. Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços • Digamos que à taxa de câmbio de US$1 R$1,80, o empresário brasileiro conseguisse vender 8 mil unidades do produto nos EUA. E a US$1 R$2,40, as vendas aumentariam para 9 mil unidades. Qual a conta em reais feita pelo exportador? – US$1 R$1,80: 8.000 · US$200 · 1,80 = R$2.880.000 – US$1 R$2,40: 9.000 · US$150 · 2,40 = R$3.240.000 Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços • Portanto, o exportador obteve um aumento de faturamento, em reais, de 12,5%, sem qualquer mudança nas condições de produção! • Quando a taxa de câmbio aumenta o exportador é beneficiado. • Do ponto de vista do importador, a conta é exatamente o oposto: sempre que houver uma desvalorização cambial, os preços dos produtos importados ficam mais caros. • Essas conclusões servem tanto para exportações e importações de mercadorias, como para operações de serviços. Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços ECONOMIA E MERCADOS Economia Internacional Aula 3 Seção 2: O comércio exterior e a economia internacional Fabrício A. Pessato Ferreira Balanço de Pagamentos Balanço Comercial • Reflete o resultado líquido de todas as vendas de mercadorias ao exterior, subtraídas de todos os produtos comprados do exterior • Exportações -- Importações. • Termo FOB (Free on Board) contabilizada apenas a mercadoria vendida e não os serviços de embarque e transporte. Balanço de Serviços • Serviços que os residentes brasileiros contratam e pagam ao exterior déficit no balanço de serviços • Serviços contratados e pagos por residentes estrangeiros junto às empresas situadas no nosso País superávit no balanço de serviços Balanço de Pagamentos Rendas líquidas ao (do) exterior 1) o pagamento de juros (mas não do principal da dívida); 2) as remessas lucros e dividendos; 3) pagamento de salários e ordenados. Balanço de Pagamentos Transferências unilaterais• Referem-se aos pagamentos e recebimentos efetuados com o exterior sem que haja a contrapartida de um serviço de qualquer natureza, bem como a obrigatoriedade de compensações futuras • Compreendem doações, verbas a fundo perdido e remessas de patrimônio de imigrantes. Balanço de Pagamentos Transações Correntes (Conta Corrente Externa ou Conta Corrente) • O mais importante indicador da situação econômica e financeira de um país em relação ao resto do mundo. • Uma nação dificilmente consegue manter o equilíbrio macroeconômico interno por muito tempo, se incorrer em sucessivos e sistemáticos déficits nas Transações Correntes. Balanço de Pagamentos Transações Correntes • Do saldo da Conta Corrente, resultará a posição do país em relação à poupança externa: Superávit em Conta Corrente Aumento da Poupança Externa Déficit em Conta Corrente Redução da Poupança Externa Balanço de Pagamentos Conta Capital e Financeira a) Investimento Direto (líquido): a diferença entre entradas e saídas de recursos financeiros para aquisição das empresas de recursos diversos para novas unidades produtivas. b) Investimentos em carteira: operações das empresas domésticas e do governo local com empresas estrangeiras e os governos de outros países Balanço de Pagamentos Conta Capital e Financeira c) Derivativos: saldo das operações com derivativos registradas nas bolsas de valores dos diversos países. d) Outros investimentos: registra, de forma geral, os créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, outros ativos e passivos e operações de regularização Balanço de Pagamentos Balanço de Pagamentos Fonte: Boletim do Banco Central do Brasil, mar/2009. Balanço de Pagamentos Brasil 2008 (U$$ bilhões) Balança comercial (FOB) 24,7 Exportações 197,9 Importações 173,2 Fonte: Boletim do Banco Central do Brasil, mar/2009 Balanço de Pagamentos Balanço de Pagamentos Brasil 2008 (U$$ bilhões) Serviços -16,7 Transportes -4,9 Viagens -5,2 Computação e Informações -2,6 Royalties e licenças -2,2 Aluguel de equipamentos -7,8 Comerciais variados, profissionais e técnicos 8,1 Serviços governamentais -1,1 Outros -1,0 Fonte: Boletim do Banco Central do Brasil, mar/2009 Balanço de Pagamentos Brasil 2008 (U$$ bilhões) Rendas -40,6 Salários e ordenados 0,5 Lucros e dividendos -25,3 Juros de empréstimos intercompanhia 1,4 Renda de investimento em carteira -8,5 Renda de outros investimentos -5,9 Balanço de Pagamentos Fonte: Boletim do Banco Central do Brasil, mar/2009 Balanço de Pagamentos Brasil 2008 (U$$ bilhões) Balança comercial (FOB) 24,7 Serviços -16,7 Rendas -40,6 Transferências unilaterais 4,2 Saldo das Transações Correntes -28,3 Balanço de Pagamentos Fonte: Boletim do Banco Central do Brasil, mar/2009 Balanço de Pagamentos Balanço de Pagamentos Brasil 2008 (U$$ bilhões) Conta capital e financeira 33,0 Conta capital 1,1 Conta financeira 31,9 Investimento direto (líquido) 24,6 Investimentos em carteira 1,1 Derivativos -0,3 Outros investimentos 6,5 Fonte: Boletim do Banco Central do Brasil, mar/2009 Balanço de Pagamentos Balanço de Pagamentos Brasil 2008 (U$$ bilhões) Saldo as transações correntes -28,3 Conta capital e financeira 33,0 Erros e omissões -1,7 Resultado do balanço 3,0 ECONOMIA E MERCADOS Economia Internacional Aula 3 Seção 3: O sistema financeiro internacional Fabrício A. Pessato Ferreira Integração dos mercados financeiros “Por serem os que movimentam os bilhões e bilhões de dólares de capitais que transitam, a cada dia, de um país para outro, os mercados financeiros tornaram-se, ao mesmo tempo, polícia, juiz e júri da economia mundial, o que não deixa de ser preocupante, dada sua propensão a enxergar os acontecimentos e políticas através das lentes deformantes do medo e da cobiça” (Financial Times, 30 de setembro de 1994 – citado por Chesnais, 1996). Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods • Fim da 2ª Guerra Mundial inflexão na Economia internacional • Construção de um novo sistema financeiro internacional fundamento: – Fluxos especulativos desequilíbrio do balanço de pagamento dos países. Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods • John Maynard Keynes: – instituição de organismos supranacionais para a regulação da concorrência e das finanças internacionais • Fundo Monetário Internacional • Banco Mundial • John Maynard Keynes Proposta inicial: – Câmara de compensação internacional (Clearing Union) • Banco central dos bancos centrais • Emitiria moeda específica para as transações internacionais: bancor – Sistema proposto por Keynes: país em situação de recorrentes déficits em conta corrente não teria a necessidade de ajustes recessivos para se reequilibrar concessão de crédito internacional Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods • Final da 2ª Guerra Mundial – Estados Unidos maior parte das reservas em ouro do mundo país credor do resto do mundo – Sistema financeiro internacional • Edificado sob o lastro dólar-ouro • Sistema de Bretton-Woods: regime de câmbio fixo em relação ao dólar Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods O papel dos organismos multilaterais • 1944 cidade de Bretton-Woods, no Estado de New Hampshire (EUA) acordo do Fundo Monetário Internacional (FMI) – Proposta inicial da criação do FMI a garantia de crédito supranacional para que as práticas do comércio mundial de bens e serviços não afetassem as contas externas dos países O papel dos organismos multilaterais • Bretton-Woods todos os países do mundo teriam as moedas em taxas de câmbio fixas em relação ao dólar, o qual garantiria a plena conversibilidade em ouro, na proporção US$35 por onça • Sistema financeiro internacional Sistema de Bretton-Woods (ou Sistema Dólar-Ouro). O papel dos organismos multilaterais • Metas iniciais dos artigos do acordo do FMI: – Oferecer facilidades de crédito aos países membros: países membros obtinham uma cota (contribuição ao fundo) e o direito a saques • Cláusula da condicionalidade: FMI supervisionava práticas de políticas econômicas no país que obtivesse os recursos. – Possibilitar o ajuste das paridades: • Desequilíbrio fundamental: o FMI permitia que a paridade cambial em relação ao dólar fosse reajustada • Ajuste das paridades: somente quando o país requisitante demonstrasse ao FMI que poderia incorrer em ajustes recessivos da conta corrente e do nível de crescimento. O papel dos organismos multilaterais • Início dos anos 1960: movimentos especulativos associados à eminência de reajuste das paridades. – País em situação de desequilíbrio fundamental – Detentores de moedas e de papéis denominados na moeda do país em dificuldades: movimento de venda de ativos – Antecipação da desvalorização forçada pelo mercado – Exemplos: • 1964 Inglaterra forte déficit comercial ataques especulativos desvalorização da libra em 1967. • 1969 França desvaloriza o franco e a Alemanha desvaloriza o marco O papel dos organismos multilaterais • Fim do Sistema de Bretton-Woods, em 1973, a inflação mundial e a transição para o regime de câmbio flutuante papel do FMI em xeque • Política do Dólar-Forte a crise da dívida externa dos países subdesenvolvidos – Novo papel do FMI: ajustes severos e exigência de fechamento de mercados O papel dos organismos multilaterais • Década de 1990 FMI incorpora a agenda do receituário proposto pelo Consenso de Washington • Consenso de Washington (John Williamson) conjunto de reformas “sugeridas” aos países atrasados para entrar na rota da expansão do fluxo de capital financeiro especulativo (investidores institucionais)O papel dos organismos multilaterais • Planos de Estabilização – Erradicação da estrutura inflacionária planos econômicos que tinham como fundamento a dolarização dos preços – Dolarização ocorreu de várias formas: • apenas como indexador: o caso do Brasil • moeda relacionada em paridade constitucional: peso argentino • dolarização unilateral, sem moeda nacional: Equador – Dolarização era contrária a um dos preceitos estabelecidos no Consenso de Washington (câmbio competitivo): FMI não apoiou os planos econômicos adotados com base no mecanismo de lastro em dólar O papel dos organismos multilaterais • Crises financeiras na década de 1990: atuação do FMI – Janeiro de 1995 a Crise do México efeito tequila • FMI: socorreu o país mediante a exigência de fortes ajustes fiscais, inclusive com a vinculação de reservas de petróleo ao pagamento dos créditos do governo mexicano • Implementação das exigências do FMI: acentuaram a recessão econômica no México e estendeu a crise financeira • Crises financeiras na década de 1990: atuação do FMI – 1997 Crise do Sudeste Asiático • Coréia do Sul: recusou-se a aderir os termos do acordo e antecipou a emersão da crise financeira – 1998 Crise da Rússia: preocupações com relação à possibilidade de uma crise sistêmica – Agosto de 1998 Brasil aderiu aos termos do acordo, na forma de ajustes fiscais como contrapartida às linhas de crédito oferecidas pelo FMI O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais • Argentina: recusou o auxílio do FMI e entrou num forte processo recessivo • Reencontrou o ciclo de crescimento um dos melhores desempenhos econômicos da América Latina após 2003 • Crises financeiras na década de 2000: atuação do FMI 2005Brasil antecipou o pagamento das dívidas com o FMI • Banco Mundial – também fundado em 1944, como peça chave do Sistema de Bretton-Woods – ajudou na reconstrução da Europa depois da guerra – primeiro empréstimo intermediado pelo organismo US$250 milhões para a França em 1947 – Reconstrução: permaneceu como um foco importante do trabalho do banco – recentemente: o Banco Mundial tem como foco a redução de pobreza O papel dos organismos multilaterais • Banco Mundial – Também tem sido alvo de críticas • Concessão de recursos aos países pobres, como no caso do FMI, somente ocorre mediante a imposição de condições adversas O papel dos organismos multilaterais • Gana dos políticos em obter recursos no curto prazo acordos que minam a capacidade de investimentos sociais do médio ao longo prazo • Projetos aprovados pelo Banco Mundial alinhados com os padrões financeiros internacionais pano de fundo dos interesses dos grandes grupos econômicos dos Estados Unidos O papel dos organismos multilaterais • Atualmente: – sistema financeiro é caracterizado pela ausência de coordenação – controles: regras mínimas de funcionamento – Julgamento das ações dos Estados Nacionais é feito pelo próprio mercado • Retira recursos financeiros dos locais onde a “lição de casa” não é feita, ou seja, onde os riscos não compensam a expectativa de retorno O papel dos organismos multilaterais A globalização e financeirização da economia • Chesnais (1996) qualifica o que ocorreu desde o fim do sistema de Bretton-Woods como uma hipertrofia da esfera financeira. • Em doze anos, de 1980 a 1992, as transações financeiras do mundo aumentaram em dez vezes, chegando a uma movimentação diária de US$1,5 trilhão em 1995 (Chesnais, 1996) e a cerca de US$3 trilhões em 2004 . A globalização e financeirização da economia • A tabela a seguir mostra de que forma se processou o crescimento exponencial de transações com títulos e ações transnacionais e o impacto nos países. • Operações transnacionais de ações e títulos (países selecionados) – % do PIB 1980 1992 EUA 9,3 109,3 Alemanha 7,5 90,8 Itália 1,1 118,4 Canadá 9,6 111,2 Fonte: BIS apud Chesnais, 1996. Globalização • Conjunto das transformações financeiras iniciadas na década de 1970 e com o aumento da velocidade de transmissão de dados por meio eletrônico, assinaladas nos anos 1980. • A informática potencializou a integração dos mercados financeiros mundiais, intensificando as transações financeiras. • O volume crescente dessas transações financeiras trouxe consigo uma tendência à instabilidade sistêmica, relacionada às fortes oscilações das taxas de câmbio das três moedas chaves do sistema financeiro internacional dos anos 1980: dólar, marco e iene. • Tais oscilações levaram à volatilidade das taxas de juros. (Belluzzo, 1995). Derivativos BS admite gestão ativa com derivativos, mas nega perdas financeiras A JBS, controladora do frigorífico Firboi, se juntou a outras empresas brasileiras para negar que tenha tido perdas com operações de derivativos. Uma onda de explicações foi desencadeada no final da semana passada depois que a Sadia reconheceu uma perda financeira de R$760 milhões com derivativos de câmbio e outros instrumentos. A JBS confirmou, no entanto, que um centro de tesouraria da empresa realiza operações diretamente na BM&F com o objetivo de controlar os riscos financeiros e que o saldo dessas operações está positivo. Fonte: Valor OnLine, disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL779268-9356,00- JBS+ADMITE+GESTAO+ATIVA+COM+DERIVATIVOS+MAS+NEGA+PERDAS+FINANCEIRAS.html, 30/09/2008. Derivativos – conceito O termo “Derivativo”, em português, é uma tradução mal feita do inglês derivative, cujo significado, mais apropriadamente, deveria ser traduzido como “derivado”. O termo é assim colocado porque o instrumento é caracterizado pela transformação de valores, de maneira que os novos valores formados seriam derivados de um valor anterior. Derivativos – conceito Silva Neto (2002, p.17): trata-se de “contratos firmados entre partes, com o objetivo de trocar o valor, e somente o valor, de ativos, índices ou até mesmo commodities”. • Possibilidade de permutar valores de ativos, dadas condições pré- estabelecidas. • Exemplo, o mercado de futuros é uma modalidade de derivativo, porque corresponde à formação de novos valores com base em um valor pré-existente. Derivativos Atores dos mercados de derivativos: • Hedger interessado em se proteger contra as adversidades do mercado questão do risco. – “O hedger abre mão de possíveis ganhos futuros para não incorrer em perdas futuras” (Silva Neto, 2002, p.28). Derivativos Atores dos mercados de derivativos: • Especulador figura importante no mercado de derivativos. • Interesse o do ganho de curtíssimo prazo, com base no diferencial entre o valor de venda e o valor de compra de determinado papel. Atores dos mercados de derivativos: • Arbitrador o preço futuro guarda uma estreita relação com valor presente preço presente e preço futuro tendem a ser convergentes. • Exemplo... Derivativos Exemplo... 0,095 0,097 0,099 0,101 0,103 0,105 0,107 0,109 0,111 0,113 0,115 jun/10jul/10ago/10set/10out/10nov/10dez/10jan/11fev/11mar/11abr/11mai/11jun/11 juros futuros Jun/10Jul/ 10 Ago/ 10Set/ 10Out/ 10Nov/ 10Dez/ 10Jan/ 11Fev/ 11Mar/ 11Abr/ 11Mai/ 11Jun Derivativos Atores dos mercados de derivativos: • No desenrolar das negociações no mercado, é comum haver divergências entre valor presente e valor futuro, com uma quebra da relação entre os preços do mercado à vista e a termo • Arbitrador caracteriza-se pela atuação concomitante no mercado à vista e a termo, auferindo ganhos até que a relação seja restabelecida. Derivativos • Arbitrador risco envolvido nas operações de arbitragem do mercado de derivativosé considerado baixíssimo. • Tipos de arbitradores: (i) grandes grupos financeiros bancários, que detêm a facilidade de fontes de financiamento de baixo ônus; (ii) grandes empresas cujo resultado operacional depende exatamente do produto que está sendo objeto do derivativo e sofre as distorções de preços à vista e a termo. Derivativos Tipos de Derivativos • Swap (permuta) • Opções • Hedge Swap (permuta) • Conceito contrato derivativo no qual as partes negociantes permutam os fluxos financeiros de uma operação, sem que haja a mudança do valor principal do papel. Swap (permuta) Características: • Resultado Financeiro: ocorrerá precisamente em função da diferença existente entre o fluxo de ativo e passivo. • É um jogo de soma zero, no qual o lucro de um ocorre em função do surgimento de um custo de oportunidade (não calculável) para outro. Tipos de Swap (a) de taxas de juros (b) de moedas Tipos de Swap JUROS • A empresa Lacvert S.A. efetuou uma venda de €200 milhões, a serem recebidos no prazo de 2 meses, mediante uma taxa de juros de 1,5% a.m. • Rumores indicam que haverá mudanças nos cenários de juros futuros, o que poderá levar a perdas financeiras para a Lacvert nesse intervalo de tempo. • O banco alemão Zinssatz ofereceu uma swap sobre os juros da operação, na qual o banco paga a diferença do montante de juros se a taxa futura for maior do que 1,5%. Se, no entanto, os juros futuros forem menores do que 1,5%, a empresa arcará com a diferença. Tipos de Swap JUROS • Construamos três situações hipotéticas, nas quais a taxa de juros futura – após o fechamento do contrato – seja: (i) 1,9% (maior do que 1,5%); (ii) 1,2% (menor do que 1,5%); (iii) exatamente 1,5%. Tipos de Swap JUROS Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Principal 100.000.000 100.000.000 100.000.000 Juros Futuros 1,90% 1,20% 1,50% Montante de juros pela taxa futura 1.900.000 1.200.000 1.500.000 Montante de juros pela taxa presente 1.500.000 1.500.000 1.500.000 Diferença (400.000) 300.000 0 Resultado pago Pelo banco Pela empresa - • Que interesse o banco teria em oferecer um serviço dessa natureza? • Resposta: o risco de uma carteira tende a ser minimizado quando há uma correlação negativa entre os riscos associados a cada um dos ativos da carteira. • Se, no exemplo acima, a taxa futura for de 1,9%, o banco perderá naquela operação, mas, certamente, terá ganho em muitas outras nas quais apostou que aconteceria o contrário. Na média, o risco é minimizado. Tipos de Swap JUROS Tipos de Swap MOEDAS • O fundo de investimentos Erforschen Finance, sediado nos Estados Unidos, investiu US$35 milhões em títulos da dívida do governo do Brasil, com vencimento de 180 dias, à taxa de juros de 14,75% a.a. • A cotação cambial em vigor no ato da aquisição dos títulos era de US$1 R$2,135. • Ao final do período, o fundo pretende repatriar os recursos. Contudo, os gestores da Erforschen Finance temem sobre a posição do câmbio no vencimento do título, que pode se desvalorizar, o que causaria perdas ao fundo. • Em princípio, a entrada dos US$35 milhões representa R$74,725 milhões e a promessa de receita de R$80,046 milhões ao fim dos 180 dias. • O banco brasileiro Ortux S.A. oferece uma swap cambial, na qual se compromete a trocar reais por dólares à cotação pré-fixada de US$1 R$2,250. • Cenários: Tipos de Swap MOEDAS Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Valor do dólar ao final dos 180 dias R$ 2,05 R$ 2,65 R$ 2,25 Montante em dólares obtido no mercado cambial U$$ 39.047.066 U$$ 30.206.221 U$$ 35.576.216 Montante em dólares obtido pela taxa swap U$$ 35.576.216 U$$ 35.576.216 35.576.216 Diferença -- U$$ 3.470.850 U$$ 5.369.995 U$$ 0 Resultado pago Pelo Fundo Pelo banco - Tipos de Swap MOEDAS Opções • Conceito Uma opção é um instrumento financeiro que oferece ao adquirente o direito, mas não a obrigação, sobre determinado item no futuro, e ao emissor, uma eventual obrigação futura, caso o adquirente execute o direito sobre o item. Opções • Exemplo – seguro de um veículo: – O contratante do seguro tem o direito a ser ressarcido do valor do veículo na ocorrência de um sinistro, obrigando, nessa situação, a seguradora ao ressarcimento. Opções versus Swaps • Swaps eficientes na eliminação do risco ao investidor. • Contudo, num cenário que beneficiasse ao investidor, este não teria como exercer os benefícios desse cenário, uma vez que já assinou um contrato fechado de permuta. • Exemplo anterior: se, ao final do 180 dias, a taxa de câmbio estivesse em US$1 R$1,95, o fundo de investimentos Erforschen Finance poderia auferir US$ 41,049 milhões, ao invés de US$35,576 milhões que contratara junto ao banco Ortux S.A. • O fundo poderia ter adquirido um “seguro” sobre uma eventual desvalorização do real em relação ao dólar, pagando um preço fixo pré-estabelecido e somente exercer o seguro no caso de ocorrer a desvalorização. Hedge (salvaguarda) • Subconjunto dos derivativos caracterizado pela união dos instrumentos opções e as swaps, conforme ilustra a figura (a seguir). Derivativos Opções SwapsHedge Fonte: Silva Neto (2002). Hedge (salvaguarda) Hedge • Hedger proteger-se contra eventualidades do mercado, traduzido pela variável risco: – Possibilidade de quebras de safras – Oscilações de preço do produto – Extravios – Transporte – Desvalorizações cambiais – Político – Conjuntural Hedge • Instrumentos de hedging contratos futuros, swaps e opções. • Diferença entre essas modalidades grau de flexibilidade de cada uma. – Contratos futuros são padronizados e inflexíveis. – Swaps têm a desvantagem de inviabilizar eventuais ganhos ao contratante. – Opções caracterizam-se pela maior flexibilidade, tendo como desvantagem o ônus de aquisição –tendem a ser mais caros. Bibliografia BANCO CENTRAL DO BRASIL. Boletim do Banco Central. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?BOLHIST20090401Z. Acesso em: 01 de maio de 2010. BELLUZZO, L. G. M. O declínio de Bretton-Woods e a emergência dos mercados “globalizados”. In.: Economia e Sociedade, Campinas, (4), junho de 1995, p. 11-20. CARNEIRO, R. (org.) Os clássicos da Economia. São Paulo: Editora Ática, vol. 2. CAVES, R. E., FRANKEL, J. A., JONES, R. W. Economia Internacional: Comércio e Transações Globais. São Paulo: Saraiva, 2001. Bibliografia CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996. FORTUNA. E. Mercado Financeiro: produtos e serviços, 16ª Ed. Rio de Janeiro, Qualitymark Ed., 2005. FREITAS, M. C. P. PRATES, D. M. Reestruturação do Sistema Financeiro Internacional e Países Periféricos. In.: Revista de Economia Política, vol. 22, nº 2 (86), abril-junho/2002, p.15-31. HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico, 7ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1981. KEYNES, J. M. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Atlas, 1982 (edição original: 1936). Bibliografia KRUGMAN, P. e OBSTFELD M. 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Pessato Ferreira Slide Number 1 Economia Internacional Economia Internacional EconomiaInternacional Economia Internacional Economia Internacional Benefícios do comércio internacional Câmbio Câmbio Câmbio Regimes de Câmbio Regimes de Câmbio Regimes de Câmbio Flutuação cambial e o mercado de divisas Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços Efeitos da escolha cambial sobre as exportações e importações de bens e serviços Slide Number 19 Balanço de Pagamentos Slide Number 21 Slide Number 22 Slide Number 23 Slide Number 24 Slide Number 25 Slide Number 26 Slide Number 27 Balanço de Pagamentos Slide Number 29 Slide Number 30 Slide Number 31 Slide Number 32 Slide Number 33 Slide Number 34 Integração dos mercados financeiros Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods Do pós guerra ao fim do Sistema de Bretton-Woods O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais O papel dos organismos multilaterais Slide Number 53 A globalização e financeirização da economia A globalização e financeirização da economia Globalização Derivativos BS admite gestão ativa com derivativos, mas nega perdas financeiras Derivativos – conceito Derivativos – conceito Derivativos Derivativos Derivativos Derivativos Derivativos Derivativos Tipos de Derivativos Swap (permuta) Swap (permuta) Tipos de Swap Tipos de Swap JUROS Tipos de Swap JUROS Tipos de Swap JUROS Tipos de Swap JUROS Tipos de Swap MOEDAS Tipos de Swap MOEDAS Tipos de Swap MOEDAS Opções Opções Opções versus Swaps Hedge (salvaguarda) Hedge (salvaguarda) Hedge Hedge Bibliografia Bibliografia Bibliografia Slide Number 88
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