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DIREITO CIVIL III (resumo)

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RESUMO COMPLETO DIREITO CIVIL III
OBRIGAÇÕES
CONCEITO
Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação. É o patrimônio do devedor que responderá por suas obrigações caso não sejam cumpridas. A obrigação é criada de três formas: pela vontade das partes; pela lei; e proveniente de ato ilícito.
OBRIGAÇÃO PROPTER REM (PRÓPRIA COISA)
São obrigações mistas, que misturam o direito real com o direito obrigacional. Como por exemplo, o condomínio que recai diretamente na coisa, e não em relação à pessoa. Mesmo o apartamento estando vazio, a taxa de condomínio continua correndo, sendo cobrada todo mês. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1. Elemento Subjetivo: são as partes da obrigação. Qualquer pessoa física (absolutamente capaz) ou jurídica pode participar da relação obrigacional. O sujeito ativo é o credor, que é aquele que tem o direito de cobrar alguma coisa da outra parte, do sujeito passivo da relação obrigacional. Sujeito passivo é o devedor, ou seja, aquele que tem que prestar alguma coisa para o credor, tem o dever de cumprir a obrigação já fixada.
2. Elemento Objetivo: a prestação (de dar, fazer ou não fazer) é o objeto direto da obrigação. O bem é o objeto direto da prestação. Sendo assim, o bem é o objeto indireto da obrigação.
3. Elemento Virtual: é o vínculo jurídico entre as partes. Pode ser através da vontade das partes, pela lei ou proveniente de ato ilícito. 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO SEU CONTEÚDO OU PRESTAÇÃO
1. Obrigação Positiva de Dar
O sujeito passivo (devedor) compromete-se a entregar alguma coisa, certa ou incerta. Nesse sentido, há na maioria das vezes uma intenção de transmissão da propriedade de uma coisa, móvel ou imóvel. 
1.1. Obrigação de Dar Coisa Certa (art. 233 – 242)
Está presente nas situações em que o devedor se obrigar a dar uma coisa individualizada, móvel ou imóvel, cujas características foram acertadas pelas partes. A determinação do objeto justifica a denominação obrigação específica. 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO:
NA MODALIDADE DAR/ENTREGAR
Perda (destruição total do bem): 
→ Com culpa: pode o credor exigir o valor equivalente + perdas e danos. 
→ Sem culpa: resolve-se a obrigação para ambas as partes. A expressão resolver a obrigação significa que as partes voltam à situação primitiva, anterior à celebração da obrigação. 
Deterioração (destruição parcial do bem):
→ Com culpa: valor equivalente + perdas e danos OU aceitar a coisa com abatimento do preço + perdas e danos. 
→ Sem culpa: resolve-se a obrigação OU aceitar a coisa com abatimento do preço. 
NA MODALIDADE RESTITUIR
É a obrigação onde o devedor tem a obrigação de devolver aquilo que foi emprestado pelo credor.
Perda:
→ Com culpa: valor equivalente + perdas e danos. 
→ Sem culpa: resolve-se a obrigação para ambas as partes. Mas o credor poderá pleitear os direitos que já existiam até o dia da referida perda. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Ex: No caso de um incêndio causado por caso fortuito ou força maior e que destrói o apartamento, o locador (credor da coisa) não poderá exigir um novo imóvel do locatário (devedor da coisa), que estava na posse do bem, ou o seu valor correspondente; mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso. 
Deterioração
→ Com culpa: valor equivalente + perdas e danos. 
→ Sem culpa: o credor recebe a coisa no estado em que se encontra, sem direito a indenização. 
1.2. Obrigação de Dar Coisa Incerta (art. 243 – 246)
Tem por objeto uma coisa indeterminada, pelo menos inicialmente, sendo ela somente indicada pelo gênero e pela quantidade, restando uma indicação posterior quanto à sua qualidade que, em regra, cabe ao devedor. 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Coisa incerta não quer dizer qualquer coisa, mas coisa indeterminada, porém suscetível de determinação futura.
A concentração (ato de escolha da coisa) cabe ao devedor, se não estiver estipulado em contrário no contrato. A escolha do devedor não poderá recair sobre coisa menos valiosa, como também o devedor não pode ser compelido a entregar coisa mais valiosa. Se a escolha couber ao credor, este não poderá fazer a opção pela coisa mais valiosa, nem ser compelido a aceitar a coisa menos valiosa. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Antes da concentração, não há que se falar em inadimplemento da obrigação genérica, em regra. Havendo a perda ou deterioração da coisa antes da concentração, ainda que por caso fortuito ou força maior, a obrigação permanecerá e não será resolvida. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
Após a escolha, a obrigação genérica é convertida em obrigação específica, aplicando-se as regras previstas para a obrigação de dar coisa certa. 
2. Obrigação de Fazer (art. 247 – 249)
Obrigação positiva cuja prestação consiste no cumprimento de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor. Como por exemplo, nos contratos de prestação de serviço. 
2.1. Fungível
É aquela que ainda pode ser cumprida por outra pessoa, à custa do devedor originário. 
CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO:
→ Com culpa: cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica, com a possibilidade de fixação de multa OU cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário OU não interessando mais a obrigação de fazer, o credor poderá requerer a sua conversão em perdas e danos. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
→ Sem culpa: resolve-se a obrigação. 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
2.2. Infungível
É aquela que tem natureza personalíssima, em decorrência da regra constante no instrumento obrigacional ou pela própria natureza da prestação. 
CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO:
→ Com culpa: cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica, com a possibilidade de fixação de multa OU não interessando mais a obrigação de fazer, o credor poderá requerer a sua conversão em perdas e danos. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
→ Sem culpa: resolve-se a obrigação. 
3. Obrigação de Não Fazer (art. 250 – 251)
É uma obrigação negativa, que tem como objeto a abstenção de uma conduta. Nas obrigações negativas o devedor é havido como inadimplente desde o dia em que executou o ato que se devia abster. O descumprimento se dá quando o ato é praticado. 
CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO:
NA MODALIDADE FUNGÍVEL
→ Com culpa: cumprimento forçado da obrigação assumida, ou seja, abstenção do ato, por meio de tutela específica, com a possibilidade de fixação de multa OU não interessando mais, o credor poderá pedir perdas e danos OU poderá o credor requerer que um terceiro desfaça à custa do devedor + perdas e danos. 
→ Sem culpa: resolve-se a obrigação.
NA MODALIDADE INFUNGÍVEL
→ Com culpa: cumprimento forçado da obrigação assumida, ou seja, abstenção do ato, por meio de tutela específica, com a possibilidade de fixação de multa OU não interessando mais, o credor poderá pedirperdas e danos.
→ Sem culpa: revolve-se a obrigação. 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À COMPLEXIDADE DO SEU OBJETO
A presente classificação leva em conta a complexidade da prestação ou o objeto obrigacional, ou seja, se ele é único ou não. 
1. Obrigação Simples
É aquela que se apresenta com somente uma prestação, não havendo complexidade objetiva. Como por exemplo, o contrato de compra e venda de um bem determinado.
1.1. Obrigação Facultativa
Possui somente uma prestação, acompanhada por uma faculdade a ser cumprida pelo devedor de acordo com a sua opção ou conveniência. Nela o devedor pode optar por substituir o seu objeto quando do pagamento. Em caso de inadimplemento, resolve-se a obrigação. 
2. Obrigação Composta
Há uma pluralidade de objetos ou prestações.
2.1. Obrigação Composta Objetiva Cumulativa
O sujeito passivo deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de inadimplemento total ou parcial. É de natureza aditiva. 
Ex: Em um contrato de locação de imóvel urbano, tanto o locador como o locatário assumem obrigação cumulativa. O locador é obrigado a entregar o imóvel, a garantir o seu uso pacífico e a responder pelos vícios da coisa locada, dentre outros deveres. O locatário é obrigado a pagar o aluguel e os encargos, a usar o imóvel conforme convencionado e a não modificar a forma externa do mesmo. O descumprimento de um desses deveres pode gerar o inadimplemento obrigacional. 
2.2. Obrigação Composta Objetiva Alternativa (art. 252 – 256)
Trata-se da obrigação que se apresenta com mais de uma prestação, sendo certo que apenas uma delas deve ser cumprida pelo devedor. Normalmente a obrigação alternativa é identificada pela conjunção “OU”. 
Ex: Contrato de venda em consignação. O consignante transfere ao consignatário bens móveis para que o último os venda, pagando o preço de estima, ou devolva tais bens findo o prazo assinalado no instrumento obrigacional. 
Havendo duas prestações, o devedor se desonera totalmente satisfazendo apenas uma delas. O objeto da obrigação alternativa é determinável, cabendo uma escolha, do mesmo modo denominada concentração, que no silêncio cabe ao devedor. 
Na obrigação alternativa, muitas vezes, há prestações de naturezas diversas, de dar, fazer e não fazer, devendo ser feita uma escolha entre essas. 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
No caso de prestações periódicas (de execução continuada) a opção poderá ser exercida em cada período, o que mantém o contrato sob forma não instantânea. 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
Esse artigo consagra a redução do objeto obrigacional, ou seja, a conversão da obrigação composta objetiva alternativa em obrigação simples.
CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO:
CABENDO A ESCOLHA AO DEVEDOR
→ SEM CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de TODAS as prestações = resolve-se a obrigação. 
→ SEM CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de UMA das prestações = o devedor entregará a prestação remanescente. 
→ CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de TODAS as prestações = valor da prestação que por último se impossibilitou + perdas e danos. 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
→ CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de UMA das prestações = o devedor entregará a prestação remanescente. 
CABENDO A ESCOLHA AO CREDOR
→ SEM CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de TODAS as prestações = resolve-se a obrigação. 
→ SEM CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de UMA das prestações = resolve-se a obrigação OU o devedor entregará a prestação remanescente. 
→ CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de TODAS as prestações = valor de qualquer uma das prestações + perdas e danos. 
→ CULPA DO DEVEDOR + impossibilidade de UMA das prestações = prestação subsistente OU o valor da prestação que se perdeu + perdas e danos. 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO À PLURALIDADE DE SUJEITOS
1. Obrigação Solidária
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Dessa forma, na obrigação solidária ativa, qualquer um dos credores pode exigir a obrigação por inteiro. Na obrigação solidária passiva, a dívida pode ser paga por qualquer um dos devedores. 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Exceção: 
→ Solidariedade Contratual (art. 7º, parágrafo único do CDC): tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
→ Obrigação Solidária Pura ou Simples: é aquela que não contém condição, termo ou encargo.
→ Obrigação Solidária Condicional: é aquela cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto (condição).
→ Obrigação Solidária a Termo: é aquela cujos efeitos estão subordinados a evento futuro e certo (termo).
A obrigação solidária pode ser pura em relação a uma parte e condicional ou a termo em relação à outra, seja o sujeito credor ou devedor. 
1.2. Solidariedade Ativa (art. 267 – 274)
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Porém, caso um dos credores demande o devedor, por meio de ação de cobrança ou similar, o pagamento somente poderá ser efetuado para aquele que demandou.
CREDORES			DEVEDOR
A
B				D	prestação = 30 mil
C
O credor A pode cobrar 10 mil, 20 mil ou mesmo a dívida por inteiro do devedor. Do mesmo modo, o devedor D pode pagar a quem quiser e como quiser, antes de eventual demanda proposta por qualquer dos credores.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
CREDORES			DEVEDOR
A
B				D	prestação = 30 mil
C
No caso de pagamento parcial efetuado pelo devedor D ao credor A, no montante de 10 mil, o restante da dívida (20 mil) poderá ser cobrada por qualquer credor, o que obviamente incluiu aquele que recebeu, ou seja, o credor A. 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
CREDORES			DEVEDOR
A
B				D	prestação = 30 mil
C : E (5 mil) F (5 mil)
Sendo a quota do credor C, que faleceu, de 10 mil, cada um dos seus dois herdeiros E e F somente poderá exigir do devedor D 5 mil reais, o que consagra a refração do crédito. Anote-se que a solidariedade persiste em relação aos demais credores, que continuam podendo exigir os 30 mil, ou seja, a totalidade da dívida. 
No caso de obrigação indivisível, se um dos credores vier a falecer, o cumprimento dessa obrigação ocorrerá se o objeto for entregue a qualquer um dos sucessores deste. 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
CREDORES			DEVEDOR
A
B				D	prestação =30 mil + lucros cessantes = 30 mil
C
No diagrama acima, se a prestação tornar-se impossível com culpa do devedor D, acrescendo-se a título de perdas e danos o valor de 30 mil por lucros cessantes, o montante total de 60 mil poderá ser cobrado por qualquer credor, mantendo-se a solidariedade. 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
A obrigação solidária ativa não é fracionável em relação ao devedor (relação externa), mas fracionável em relação aos sujeitos ativos da relação obrigacional (relação interna).
CREDORES			DEVEDOR
A
B				D	prestação = 30 mil
C
No esquema, se o credor A perdoar a dívida por inteiro (remissão) ou receber o montante de 30 mil, deverá pagar para os demais credores B e C as suas quotas correspondentes, ou seja, 10 mil para cada um deles. 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor essas defesas (relacionadas com os vícios de vontade e incapacidades em geral) contra os demais credores diante da sua natureza personalíssima.
CREDORES			DEVEDOR
A
B				D	prestação = 30 mil
C
Se o devedor D foi coagido pelo credor solidário A para celebrar determinado negócio jurídico obrigacional, a anulabilidade do negócio somente poderá ser oposta em relação a esse credor, não em relação aos demais credores, que nada têm a ver com a coação exercida. 
Se C cobrar a dívida e D alegar a coação de A como único argumento, a demanda de cobrança deve ser julgada procedente. 
Art. 274.  O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. 
Se o credor vai a juízo e ganha, essa decisão beneficiará os demais credores, salvo se o devedor tiver exceção pessoal que possa ser oposta a outro credor não participante do processo, pois, em relação àquele que promoveu a demanda, o devedor nada mais pode opor. 
1.2. Solidariedade Passiva (art. 275 – 285)
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
CREDOR				DEVEDORES
					B
A					C
					D		prestação 30 mil
Ocorrendo o pagamento parcial de 10 mil pelo devedor B, mesmo ele poderá ser demandado pelo restante (20 mil). O pagamento parcial não exime os demais obrigados solidários quanto ao restante da obrigação, tampouco o recebimento de parte da dívida induz a renúncia da solidariedade pelo credor. 
Caso ocorra o pagamento parcial da dívida, todos os devedores restantes, após descontar a parte de quem pagou, continuam responsáveis pela dívida inteira. 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
No caso de falecimento de um dos devedores, cessa a solidariedade em relação aos sucessores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de seus quinhões correspondentes. 
A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Todos os herdeiros reunidos serão considerados um único devedor em relação aos demais devedores. 
CREDOR				DEVEDORES
					B
A					C
					D : E (5 mil) F (5 mil)		prestação 30 mil
Se a dívida for de 30 mil e se D, um dos três devedores, falecer, deixando dois herdeiros, E e F, cada um destes somente poderá ser cobrado de 5 mil, metade de 10 mil, que é a quota de D, pois com a morte cessa a solidariedade em relação aos herdeiros. E isso, ainda, até os limites da herança. Porém estando um dos herdeiros com um touro reprodutor, por exemplo, este deverá entregar o animal, permanecendo a solidariedade.
Caso o pagamento seja feito por um dos devedores por inteiro, este poderá cobrar dos herdeiros, até os limites da quota do devedor falecido e da herança.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Caso ocorra o pagamento direito ou indireto por um dos devedores, os demais serão beneficiados de forma reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.
CREDOR				DEVEDORES
					B
A					C
					D		prestação 30 mil
Se a quota de B for 10 mil e o credor A perdoar a sua dívida ou se B pagar a sua parte da dívida para A, os demais devedores serão cobrados em 20 mil.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
Por regra, o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidário não poderá agravar a situação dos demais, seja por cláusula contratual. 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
CREDOR			DEVEDORES
				Locatário 1 (incêndio causado no imóvel por sua culpa = 30 mil)
Locador			Aluguéis em aberto = 10 mil
				Locatário 2
Caso um imóvel que seja locado a dois devedores tenha um débito de aluguéis em aberto de 10 mil, o locador poderá cobrá-lo de qualquer um, de acordo com a sua vontade. Mas, se um dos locatários causou um incêndio no imóvel, gerando prejuízo de 30 mil, apenas este responderá perante o sujeito ativo da obrigação, além do valor da dívida. Assim, o locatário 1 responde por 40 mil. A dívida locatícia em aberto continua podendo ser cobrada por qualquer um dos devedores solidários. 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
No tocante à obrigação acrescida, responde apenas aquele que agiu com culpa, no caso acima, o locatário 1. 
A solidariedade quanto ao valor da dívida permanece em todos os casos. Porém, quanto à perdas e danos somente será responsável o devedor que agiu com culpa estrita (imprudência, negligência e imperícia) ou dolo (intenção de descumprimento).
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
Qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou o seu pagamento total ou parcial, direto ou indireto, pois essas hipóteses são de exceções comuns. Por outra via, os vícios do consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) somente podem ser suscitados pelo devedor que os sofreu.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
CREDOR				DEVEDORES
					B
A					C
					D		prestação 30 mil
A é o credor de uma dívida de 30 mil, havendo três devedores solidários (B, C e D), e renuncia à solidariedade em relação a B, este estará exonerado da solidariedade, mas continua sendo responsável por 10 mil. Quanto aos demais devedores, por óbvio, continuam respondendo solidariamente pela dívida, abatida a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia. 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
O devedor que pagar a dívida poderá cobrar somente a quota dos demais, ocorrendosub-rogação legal. 
Ex: A é credor de B, C e D, devedores solidários, por uma dívida de 30 mil. Se B paga integralmente, poderá cobrar de C e D somente 10 mil de cada um, valor correspondente à suas quotas (totalizando 20 mil).
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Havendo declaração de insolvência de um dos devedores, a sua quota deverá ser dividida proporcionalmente entre os devedores restantes. Essa divisão proporcional constituiu uma presunção relativa (iuris tantum), que admite prova e previsão em contrário. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO À DIVISIBILIDADE DO OBJETO OBRIGACIONAL
Tal classificação só interessa se houver pluralidade de credores ou de devedores (obrigações compostas subjetivas).
1. Obrigação Divisível 
É aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Os sujeitos obrigacionais não terão direito ou serão obrigados além da parte material da prestação assumida.
Ex: Havendo três devedores da obrigação divisível de entregar 120 sacas de soja em relação a um único credor, aplicando-se a presunção relativa de divisão igualitária, cada devedor deverá entregar 40 sacas. Eventualmente, o instrumento obrigacional pode trazer uma divisão distinta e não igualitária.
→ Se houver pluralidade de devedores, a insolvência de um não prejudicará a quota dos outros. 
→ Se houver a interrupção da prescrição em relação a um credor, não beneficiará os outros.
→ Se o devedor solver a dívida toda em relação a um dos credores, não se desobriga em relação aos demais. 
2. Obrigação Indivisível
É aquela que não pode ser fracionada, tendo por objeto uma coisa ou um fato insuscetível de divisão, em decorrência da sua natureza, por razões econômicas, ou por algum motivo determinante do negócio jurídico e do contrato.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Ex: Os devedores B, C e D devem entregar um touro reprodutor ao credor A, cujo valor é de 30 mil. Se B entregar o touro, poderá exigir, em sub-rogação, 10 mil de cada um dos demais devedores, ou seja, as suas quotas – partes correspondentes. 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
O devedor pode entregar a prestação para todos os credores ao mesmo tempo ou entregar para um dos credores, dando este uma garantia de que irá repassar as quotas dos demais (caução de ratificação).
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
Ex: A, B e C são credores de D quanto à entrega de um touro reprodutor que vale 30 mil. O credor A perdoa a sua parte na dívida, correspondente a 10 mil. B e C podem ainda exigir o touro, desde que paguem a D os 10 mil que foram perdoados.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
A obrigação de pagar perdas e danos é uma obrigação de dar divisível. 
Se somente um dos devedores for culpado pelo descumprimento da prestação indivisível, a deflagração do dever de indenizar a tal devedor se limita. O credor ou credores nada podem exigir dos devedores não culpados, que ficam exonerados do vínculo obrigacional. 
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
Como cerne dos direitos pessoais de caráter patrimonial, as obrigações têm caráter dinâmico de circulação, cabendo a transmissão das condições de sujeitos ativos e passivos da estrutura obrigacional. 
A transmissão das obrigações deve ser encarada diante dos princípios sociais obrigacionais e contratuais, particularmente a boa-fé objetiva e a função social. 
A cessão, em sentido amplo, pode ser conceituada como a transferência negocial, a título oneroso ou gratuito, de uma posição na relação jurídica obrigacional, tendo como objeto um direito ou um dever, com todas as características previstas antes da transmissão. 
1. Cessão de Crédito (art. 286 – 298)
Ocorre quando o credor, sujeito ativo de uma obrigação, transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional. Aquele que realiza a cessão a outrem é denominado cedente. A pessoa que recebe o direito do credor é o cessionário, enquanto o devedor é denominado cedido. 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Não é possível ceder o crédito em alguns casos, em decorrência de vedação legal como, por exemplo, na obrigação alimentar e nos casos envolvendo os direitos da personalidade. Se a cláusula de impossibilidade de cessão contrariar preceito de ordem pública não poderá prevalecer em virtude da aplicação do princípio da função social dos contratos e das obrigações. Quando não pode ocorrer a transferência do crédito ou débito dentro de uma obrigação ela é chamada de obrigação incessível. 
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
Na cessão de crédito abrangem-se todos os seus acessórios, como no caso dos juros, da multa e das garantias em geral, por exemplo. 
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.
Como regra, para ter eficácia entre as partes não há necessidade sequer da forma escrita. Porém, para ter eficácia perante terceiros, é necessária a celebração de um acordo escrito, por meio de instrumento público ou de instrumento particular. Portanto, os requisitos para tal eficácia são: a indicação do lugar onde foi passada; a qualificação do cedente, do cessionário e do cedido; a data da transmissão; o objetivo da transmissão; a designação e a extensão da obrigação transferida.
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
Essa regra pode ser aplicada, por analogia, à sub-rogação legal que se opera a favor do adquirente de imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário. 
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Para que a cessão seja válida, não é necessário que o devedorcom ela concorde ou dela participe. No entanto, a cessão não terá eficácia se o devedor dela não for notificado. Essa notificação pode ser judicial ou extrajudicial. 
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
Ilustrando, se A, maliciosamente, fizer a cessão do mesmo crédito a B, C e D, entregando o título que representa a dívida ao último, será D o novo credor, devendo o sujeito passivo da obrigação a ele pagar, caso este se apresente com o referido documento. Se a cessão tiver caráter oneroso poderão B e C voltar-se contra A, aplicando-se as regras previstas para o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa. 
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
A ausência de notificação do devedor não obsta a que o cessionário exerça todos os atos necessários à conservação do crédito objeto da cessão, como a competente ação de cobrança ou de execução por quantia certa.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
As defesas que o cedido teria contra o cedente (antigo credor) podem também ser opostas contra o cessionário (novo credor) no momento da notificação. 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Essa responsabilidade é tão somente quanto à existência da dívida, o que não atinge a sua validade. Incumbe à outra parte o ônus de provar essa má-fé, que induz culpa, gerando o dever de o cedente ressarcir eventuais perdas e danos. 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Sendo a regra geral, a cessão de crédito é pro soluto. 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
Nessa hipótese, terá que lhe ressarcir as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. Em havendo previsão de responsabilidade pela solvência do cedido no instrumento obrigacional, a cessão é denominada pro solvendo. 
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
1.1. Cessão Pro Soluto 
É aquela que confere quitação plena e imediata do débito do cedente para com o cessionário, exonerando o cedente. Constitui a regra geral, não havendo responsabilidade do cedente pela solvência do cedido.
1.2. Cessão Pro Solvendo
É aquela em que a transferência do crédito é feita com o intuito de extinguir a obrigação apenas quando o crédito for efetivamente cobrado. Deve estar prevista pelas partes, situação em que o cedente responde perante o cessionário pela solvência do cedido.
2. Cessão de Débito ou Assunção de Dívida (art. 299 – 303)
É um negócio jurídico bilateral pela qual o devedor, com a anuência do credor, transfere a um terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional. 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
O art. 299 não exclui a possibilidade da assunção cumulativa (ou coassunção) da dívida quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor. É possível em duas situações: dois novos devedores responsabilizam-se pela dívida; o antigo devedor continua responsável, em conjunto com o novo devedor. 
Como partes da assunção de dívida, têm-se o antigo devedor como cedente, o novo devedor como cessionário e o credor como o cedido. Desse modo, na assunção de dívida, ocorre a substituição do devedor, sem alteração na substância do vínculo obrigacional. 
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
As condições especiais não são transferidas na assunção de dívida. O fiador do devedor, por exemplo, não vai ter relação de garantia com o novo devedor, porque esse tipo de dever direito não pode ser transferido. 
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
Ex: A cede o débito a B, que é garantido por uma fiança prestada por C. O credor é D. A cessão é anulada por ação judicial, pela presença de dolo de A. Em regra, a dívida original é restabelecida, estando exonerado o fiador. Porém, se o fiador tiver conhecimento do vício, continuará responsável. 
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.
Ex: B compra um imóvel quitado, porém no meio do caminho ele tem uma dívida muito grande e acaba por fazer um empréstimo com o banco e coloca esse imóvel como garantia. Por ser um direito real, essa hipoteca adere ao imóvel. Se A comprar esse imóvel, terá que assumir também a hipoteca. O adquirente vai substituir o devedor primitivo na relação. Nesse caso, se o credor não se manifestar no prazo de trinta dias, tendo sido devidamente notificado, entende-se o silêncio como anuência. 
2.1. Assunção por Expromissão
É a situação em que terceira pessoa assume espontaneamente o débito da outra, sendo que o devedor originário não toma parte nessa operação. Essa forma de assunção pode ser: liberatória, quando o devedor primitivo se exonera da obrigação; e cumulativa, quando o expromitente entra na relação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo. 
2.2. Assunção por Delegação
É a situação em que o devedor originário transfere o débito a terceiro, com a anuência expressa do credor. 
3. Cessão de Contrato
É a transferência dos direitos e deveres da posição contratual do credor ou devedor. Esse conjunto de direitos e deveres vai ser transferido na sua totalidade. Tudo o que está previsto no contrato vai ser transferido a um terceiro. É obrigatória a anuência da outra parte.
ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO: Pagamento Direto
Por meio do pagamento, cumprimento ou adimplemento obrigacional tem-se a liberação total do devedor em relação ao vínculo obrigacional. É o modo natural de extinção de uma obrigação.
ELEMENTOS SUBJETIVOS
1. Solvens (art. 304 – 307)
Aquele que tem que cumprir uma obrigação para o accipiens. É o devedor. 
Quem deve pagar? 
→ Devedor, aquele que firmou um compromisso com o credor. 
→ Terceiro interessado, é aquela pessoa que sempre tem alguma relação com a dívida. Tem interesse direto na resolução daquela obrigação. Por exemplo, o fiador.
CONSEQUÊNCIA JURÍDICA: 
Esse terceiro interessado que efetuou o pagamento no lugar do devedor primitivo, sub-roga-seno direito do credor. Sendo assim, esse terceiro vai adquirir do credor todos os seus direitos (juros, cláusula penal, correção monetária, todas as obrigações principais e acessórias), passando a ser o novo credor do devedor. Substitui o credor da relação originária. 
→ Terceiro não interessado, é aquele que não tem interesse direto na extinção da obrigação. Normalmente tem um interesse afetivo no pagamento da dívida. Por exemplo, o pai que paga a dívida do filho. 
CONSEQUÊNCIA JURÍDICA:
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.
O terceiro não interessado que paga em seu nome, tem direito de reembolsar-se do que pagar. Caso pague em nome do devedor, entende-se esse pagamento como uma doação.
2. Accipiens (art. 308 – 312)
É aquele que tem direito de exigir do solvens o cumprimento da obrigação. É o credor. 
A quem deve pagar?
→ Credor, que é quem tem o acordo com o devedor.
→ Representante, que pode ser legal (determinado pela lei), voluntário (determinado pelas partes) ou judicial (determinado pelo juiz).
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
Credor putativo é aquele que tem aparência jurídica de credor. 
Ex: um locatário efetua o seu pagamento na imobiliária X, há certo tempo. Mas o locador rompe o contrato de representação com essa imobiliária e contrata a imobiliária Y. O locatário não é avisado e continua fazendo os pagamentos na imobiliária anterior, sendo notificado da troca seis meses após. Logicamente, o pagamento desses seis meses devem ser reputados válidos. Dessa forma, cabe ao locador acionar a imobiliária X e não o locatário. 
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Essa incapacidade deve ser tida em sentido genérico, significando falta de autorização, ou mesmo incapacidade absoluta ou relativa daquele que recebeu. Nesse caso, o pagamento deverá ocorrer novamente. 
OBJETO DO PAGAMENTO
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Objeto é o cumprimento da obrigação. O devedor não pode, sem anuência do credor, realizar pagamento diverso daquele que foi previamente estipulado no contrato. 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
Obrigação divisível é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada. Mesmo tendo essa característica, a obrigação divisível deverá ser cumprida na sua totalidade, uma vez que foi previamente contratada. A obrigação deve ser paga da forma que foi convencionada entre as partes.
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Teoria da imprevisão: explica a possibilidade de revisão das obrigações com o objetivo de afastar qualquer injustiça. A ação revisional tenta fazer com que as partes voltem a ter um equilíbrio dentro da obrigação. 
LUGAR DO CUMPRIMENTO
1. Obrigação Quesível ou Quérable
O pagamento da obrigação deverá ser efetuado no domicílio do devedor, ou seja, o credor será responsável por procurar o devedor para receber seu pagamento. 
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
2. Obrigação Portável ou Portable
O pagamento da obrigação será efetuado no domicílio do credor. O devedor precisará procurar o credor para se isentar da obrigação, passando a ser sua a responsabilidade de provar que ofereceu a prestação ao credor. Ex: obrigação decorrente da cobrança de despesas condominiais. 
Essa hipótese ocorrerá caso haja convenção entre as partes, em decorrência da natureza da obrigação ou se houver imposição legal. 
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
TEMPO DO PAGAMENTO
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
1. Obrigação de Execução Instantânea (art. 331)
É aquela que é cumprida imediatamente após a sua constituição. As partes adquirem e cumprem seus direitos e obrigações no mesmo momento do contrato. Ex: compra e venda à vista.
2. Obrigação de Execução Diferida
É aquela cujo cumprimento deverá ocorrer de uma vez só, no futuro. Desse modo, tanto pode ser diferida a obrigação assumida pelo comprador, de pagar, no prazo de 30 dias, o preço da coisa adquirida, como a do vendedor, que se compromete a entregá-la no mesmo prazo.
3. Obrigação de Execução Continuada
É a obrigação que se cumpre periodicamente. Caracteriza-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo. Ex: boleto de loja. 
PROVA DO PAGAMENTO
Normalmente o pagamento é comprovado através do recibo. O credor é obrigado a dar um recibo ao devedor, como forma de demonstrar que a obrigação foi cumprida. 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO: Pagamento Indireto
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
O pagamento em consignação pode ser definido como o meio indireto de o devedor, em caso de mora do credor, exonerar-se do liame obrigacional, consistente no depósito judicial (consignação judicial) ou em estabelecimento bancário (consignação extrajudicial), da coisa devida, nos casos e formas da lei.
A consignação pode ter como objeto bens móveise imóveis, estando relacionada com uma obrigação de dar. Ela libera o devedor do vínculo obrigacional, isentando-o dos riscos de eventual obrigação de pagar os juros moratórios e a cláusula penal. Em suma, esse depósito afasta a eventual aplicação das regras do inadimplemento, seja ele absoluto ou relativo. 
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
A imputação do pagamento visa a favorecer o devedor ao lhe possibilitar a escolha do débito que pretende extinguir. Como a norma é de natureza privada, é possível constar do instrumento obrigacional que a escolha caberá ao credor. 
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
A sub-rogação pessoal ativa é a substituição em relação aos direitos relacionados com o crédito, em favor daquele que pagou ou adimpliu a obrigação alheia. Desse modo, efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito, não podendo mais requerer o cumprimento da obrigação. No entanto, como o devedor originário não pagou a obrigação, continuará obrigado perante o terceiro que efetivou o pagamento.
Não se tem a extinção propriamente dita da obrigação, mas a mera substituição do sujeito ativo, passando a terceira pessoa a ser o novo credor da relação obrigacional. 
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
DAÇÃO EM PAGAMENTO
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
É uma forma de pagamento indireto em que há um acordo privado entre os sujeitos da relação obrigacional, pactuando-se a substituição do objeto obrigacional por outro. Para tanto, é necessário o consentimento expresso do credor. 
Para configuração da dação em pagamento, exige-se uma obrigação previamente criada, um acordo posterior, em que o credor concorda em aceitar coisa diversa daquela anteriormente contratada e, por fim, a entrega da coisa distinta com a finalidade de extinguir a obrigação. 
A substituição pode ser de dinheiro por bem móvel ou imóvel, de dinheiro por título, de coisa por fato, entre outros, desde que o seu conteúdo seja lícito, possível, determinado ou determinável. 
NOVAÇÃO
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
A novação é a forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal efeito é a extinção da dívida primitiva, com todos os acessórios e garantias, sempre que não houver estipulação em contrário. Havendo estipulação em contrário, autorizada pela própria lei, haverá novação parcial. Podem as partes convencionar o que será extinto, desde que não contrarie a ordem pública, a função social dos contratos e a boa-fé objetiva. 
São seus elementos essenciais: a existência de uma obrigação anterior; a existência de uma nova obrigação; a intenção de novar. 
COMPENSAÇÃO
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
As dívidas devem ser:
→ Certas quanto à existência, e determinadas quanto ao valor (líquidas);
→ Vencidas ou atuais, podendo ser cobradas;
→ Constituídas por coisas substituíveis como, por exemplo, o dinheiro.
Essa coisa fungível atua como regra geral. Porém, se no contrato as partes colocarem que coisas infungíveis podem ser objeto de pagamento indireto em compensação, nada se opõe a legislação. 
A dívida pode ser compensada na sua totalidade, extinguindo-se por inteiro a obrigação. Onde todas as partes vão ser liberadas. A dívida também pode ser compensada parcialmente, quando sobra parte de uma obrigação em relação a um dos devedores. 
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
CONFUSÃO
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.
Ex: Uma empresa A tinha um contrato com outra empresa B. Depois essa empresa A compra a B, adquirindo todos os direitos e também os deveres dela. Assim, a obrigação entre as duas deverá ser extinta, visto que A não pode ser credora dela mesma. 
REMISSÃO DE DÍVIDAS
A remissão é o perdão de uma dívida, constituindo um direito exclusivo do credor de exonerar o devedor. 
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SEM PAGAMENTO
1. Prescrição: prescreve-se o direito do credor de cobrar aquela dívida. A dívida prescrita gera uma obrigação natural, que é aquela que não pode mais ser cobrada pelo credor de forma judicial. A dívida em si não desaparece, ela sempre será passível de pagamento. 
2. Impossibilidade de execução por caso fortuito ou força maior.
3. Condição resolutiva ou termo final: condição resolutiva é aquele evento futuro e incerto. Termo final é o evento futuro e certo, se alcançado o termo final, a obrigação se extingue sem o pagamento. 
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO
Trata-se do não cumprimento ou cumprimento defeituoso da obrigação. Para que uma das partes seja considerada inadimplente haverá a necessidade da comprovação de culpa, logo, se houver caso fortuito ou força maior, não haverá o inadimplemento da obrigação, desde que seja anterior ao vencimento. 
MORAÉ o atraso, o retardamento ou a imperfeita satisfação obrigacional, havendo um inadimplemento relativo. Porém, o credor ainda tem interesse em receber a prestação.
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
 1. Mora Solvendi (debitoris ou debendi)
Esse inadimplemento estará presente nas situações em que o devedor não cumpre, por culpa sua, a prestação referente à obrigação, de acordo com o que foi pactuado. Assim, a culpa genérica (incluindo o dolo e a culpa estrita) é fator necessário para a sua caracterização. 
CONSEQUÊNCIAS:
→ O principal efeito da mora do devedor é a responsabilização do sujeito passivo da obrigação por todos os prejuízos causados ao credor, mais juros, atualização monetária e honorários do advogado, no caso de propositura de uma ação específica. 
→ Perpetuação da obrigação. O devedor moroso responderá inclusiva por todos os prejuízos ocorridos após a mora, ainda que haja caso fortuito ou força maior, salvo se o devedor comprovar que o evento danoso ocorreria da mesma forma como se ele tivesse cumprido adequadamente a obrigação.
→ Se em decorrência da mora a prestação tornar-se inútil ao credor, este poderá rejeitá-la, cabendo a resolução da obrigação com a correspondente reparação por perdas e danos. Nesse caso, a mora é convertida em inadimplemento absoluto. 
Mora Ex Re ou Mora Automática
Quando a obrigação for positiva (de dar ou fazer), líquida (certa quanto à existência e determinada quanto ao valor) e com data fixada para o adimplemento. A inexecução da obrigação implica na mora do devedor de forma automática, sem a necessidade de qualquer providência por parte do credor como, por exemplo, a notificação ou interpelação do devedor. 
Mora Ex Persona ou Mora Pendente
Caracterizada se não houver estipulação de termo final para a execução da obrigação assumida. Desse modo, a caracterização do atraso dependerá de uma providência, do credor ou seu representante, por meio de interpelação, notificação ou protesto do credor, que pode ser judicial ou extrajudicial. 
2. Mora Accipiendi (creditoris ou credendi)
Apesar de rara, se faz presente nas situações em que o credor se recusa a aceitar o adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma pactuados, sem ter justo motivo para tanto. 
CONSEQUÊNCIAS:
→ Afastar do devedor isento de dolo a responsabilidade pela conservação da coisa, não respondendo ele por conduta culposa (imprudência, negligência ou imperícia) que gerar a perda do objeto obrigacional.
→ Obrigar o credor a ressarcir o devedor pelas despesas empregadas na conservação da coisa.
→ Sujeitar o credor a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato e o do cumprimento da obrigação. 
3. Purgação da Mora
Significa afastar os efeitos decorrentes do inadimplemento parcial, principalmente do atraso no cumprimento. 
Art. 401. Purga-se a mora:
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO
É quando o credor não tem mais interesse na prestação da obrigação. 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
CLÁUSULA PENAL
É a penalidade, de natureza civil, imposta pela inexecução parcial ou total de um dever patrimonial assumido. A cláusula penal é pactuada pelas partes no caso de violação da obrigação, mantendo relação direta com o princípio da autonomia privada, também denominada multa contratual ou pena convencional. 
Tem duas funções: 
→ Primeiramente, a multa funciona como uma coerção, para intimidar o devedor a cumprir a obrigação principal, sob pena d éter que arcar com essa obrigação acessória.
→ Além disso, tem função de ressarcimento, prefixando as perdas e danos no caso de inadimplemento absoluto da obrigação. 
A multa admite uma classificação de acordo com aquilo com que mantém relação. No caso de mora ou inadimplemento parcial, é denominada multa moratória enquanto, no caso de inexecução total obrigacional, é chamada multa compensatória. 
Enquanto a cláusula penal compensatória funciona como prefixação das perdas e danos, a cláusula penal moratória, cominação contratual para o caso de mora, serve apenas como punição pelo retardamento no cumprimento da obrigação.
→ Multa moratória = obrigação principal + multa.
→ Multa compensatória = obrigação principal OU multa.
ARRAS OU SINAL
É o valor dado em dinheiro ou o bem móvel entregue por uma parte à outra, quando do contrato preliminar, visando a trazer a presunção de celebração do contrato definitivo. As arras ou sinal são normalmente previstos em compromissos de compra e venda de imóvel. 
1. Arras Confirmatórias
Presente na hipótese em que não constar a possibilidade de arrependimento quanto à celebração do contrato definitivo, tratando-se de regra geral. 
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
2. Arras Penitenciais
No caso de constar no contrato a possibilidade de arrependimento. Nesse caso, para qualquer uma das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória, e não a de confirmar o contrato definitivo. 
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

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