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Pós-modernismo na administração

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20/05/12 Pós-Modernismo em Administração: leituras selecionadas
1/2administradores.com.br/informe-se/artigos/…/print/
19 de junho de 2007, às 09h35min
Pós-Modernismo em Administração: leituras
selecionadas
Por Leandro Vieira
O vigoroso texto de Jean-François Lyotard (1998), A condição pós-moderna, inicia quebrando a
noção positivista de que existe uma acumulação do saber científico e técnico. Tal pressuposto é,
geralmente, aceito de duas formas: essa acumulação é “regular, contínua e unânime”, ou então,
na visão de outros, “periódica, descontínua e conflitual”. Trata-se de uma falácia, uma vez que o
saber científico não resume todo o saber. O saber é abrangente e vai mais além de um conjunto
de enunciados denotativos. Envolve, também, as competências de prescrever, avaliar,
transformar, escutar, decidir... Há outra espécie de saber, a qual Lyotard (1995) denomina ‘saber
narrativo’, que está em constante competição – para usar as palavras do autor – com o saber
científico. 
Lyotard conduz o leitor a um intenso processo de reflexão. Ele nos revela que saber e poder são
as duas faces de uma mesma moeda. Por exemplo, para que um novo enunciado científico
possa ser levado em consideração pela comunidade científica, é necessário que ele seja
‘legitimado’. A grande questão é: legitimado por quem? “Quem decide o que é saber, e quem
sabe o que convém decidir”? “Como provar a prova”? “Quem decide sobre o que é verdadeiro”?
Nesse ponto, Lyotard revela que há sempre um jogo de poder no processo de legitimação do
saber (científico). Geograficamente, o autor posiciona o Ocidente como o principal referencial
nesse processo, e revela que o saber científico está amplamente subordinado às potências. 
Os artigos de Robert Chia (1995) e Martin Kilduff e Ajay Mehra (1997) nos ajudam a compreender
melhor o que vem a ser o pós-modernismo propriamente dito. Primeiramente, quebrando-se a
falsa noção que o termo evoca automaticamente: “pós”, nesse sentido, não quer dizer um
movimento “posterior” ao modernismo. A abordagem de Chia é extremamente interessante e
elucida uma série de dúvidas a esse respeito. O autor identifica como pós-modernista, por
exemplo, o pensamento de Derrida, o antigo filósofo chinês Chuang Tzu, assim como o Zen
Budismo. Ou seja, o pós-modernismo não se confina a uma época particular e tampouco é algo
que vem depois do moderno. 
Trata-se de um “estilo de pensamento” (style of thinking), ao qual Kilduf e Mehra (1997)
chamariam de “eclético”. Uma perspectiva que procura incluir e usar técnicas, introspecções,
métodos, e aproximações de uma variedade de tradições, com pouca consideração em relação
aos limites acadêmicos. É um estilo de pensamento que reconhece que não podemos pensar
sem nos abstrair. No campo da pesquisa acadêmica, o estilo pós-modernista permite o uso de
múltiplas técnicas (métodos), tais como etnografia, biografia, desconstrução textual,
interpretação semiótica, laboratório experimental, etc., que podem, inclusive, ser combinadas
com métodos de análise quantitativa. 
Outro ponto extremamente interessante - e aqui finalizo com o questionamento básico desse
artigo - é a crítica à reificação - a atitude de transformar algo abstrato em material, em coisa.
Trata-se de uma tendência modernista, amplamente praticada em nossos estudos
contemporâneos de administração, por exemplo. Empacotamos processos que são altamente
complexos, heterogêneos e contínuos e damos-lhe uma ‘etiqueta’. Temos, assim, o “o”
management, “o” marketing, “a” liderança, “a” organização, “os” indivíduos, etc. 
A grande questão que devemos nos colocar é: como desviar-se da lógica dominante e dos
20/05/12 Pós-Modernismo em Administração: leituras selecionadas
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costumes arraigados à perspectiva modernista e adotar uma nova postura que contemple os
princípios pós-modernistas indo além da mera mudança de discurso?
REFERÊNCIAS
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. p.11-
57; 111-123 
CHIA, Robert. From modern to postmodern organizational analysis. Organization Studies, v.16,
n.4, p.559-586, 1995.
KILDUFF, Martin; MEHRA, Ajay. Postmodernism and organizational research. Academy of
Management Review, v.22, n.2, p.453-481, 1997.
PARKER, Martin. Critique in the name of what? Postmodernism and critical approaches to
organization. Organization Studies, v.16, n.4, p.553-565, 1995.
JONES, Campbell. Theory after the postmodern condition. Organization, v.10, n.3, p.503-525,
2003.
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/pos-modernismo-em-administracao-
leituras-selecionadas/1412/

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