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Aula 2 -Bioética
Vimos na aula anterior um breve resumo histórico da transformação da ética em função de aspectos políticos, sociais e econômicos. Assim, podemos entender que a ética sofre mudanças em função de circunstâncias práticas que obrigam a readequação de valores e condutas. Veremos nesta aula, como a Segunda Guerra Mundial trouxe atrocidades tão marcantes sobre a vida que não apenas a ética precisou ser mais uma vez redefinida, como fez surgir um novo padrão ético associado diretamente a ações voltadas para a área da saúde e da preservação da vida: A Bioética.
Veremos como os avanços científicos influenciam nos processos éticos e como a Bioética se preocupa com a normatização de procedimentos que envolvem recursos de saúde e critérios de distribuição e aplicação destes recursos.
E de modo a fundamentarmos melhor nosso entendimento, veremos ainda alguns dos princípios básicos que fundamentam a aplicação da Bioética. Princípios que procuram nortear decisões importantes na área da saúde como, por exemplo, de que forma podemos avaliar a justificabilidade de efeitos colaterais negativos em procedimentos de saúde, quando podemos dispor de nossos órgãos, quando aplicar tratamentos alternativos ou experimentais e outros.
As bases filosóficas da Bioética começaram a ser mais bem definidas após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas nazistas executadas pretensamente em nome da ciência, cria um código ético para normatizar os estudos e experiências relacionados a seres humanos. Deste episódio, fortalece-se também a ideia de que a ciência (ou qualquer outra forma de progresso) não pode ser mais importante que o homem. Assim, tecnologias e desenvolvimento técnico devem ser controlados para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles podem ter, nos indivíduos, no mundo e na sociedade
Oficialmente, o registro inicial do termo “Bioética” deu-se em 1971, no livro "Bioética: Ponte para o Futuro", do biólogo e oncologista americano Van R. Potter. Em sua origem, o termo é a conjugação das palavras gregas bios (vida) + ethos (relativo à ética) e sua concepção compreende o campo disciplinar compromissado com o conflito moral na área da saúde e da doença dos seres humanos e dos animais não humanos.
O objetivo primordial da Bioética é discutir as questões relativas à vida e a saúde, principalmente as que surgiram a partir de inovações tecnológicas posteriores aos debates éticos tradicionais, sob um enfoque humanista e assim, evitar que estes debates se restrinjam a aspectos puramente tecnicistas, esquecendo-se de que tratamos de aspectos delicados e extremamente complexos.
A ética industrial decorrente da disseminação de valores capitalistas e da incessante busca por mais desenvolvimento tecnológico, estabeleceu nas sociedades ocidentais uma ideologia chamada de teoria utilitarista, através da qual a vida humana passa a ser concebida como objetivando a maximização da qualidade. Com isso, o debate ético sobre a sacralidade da vida humana começa a perder sentido em detrimento do quanto pode ser feito para que as pessoas em geral vivam mais e melhor.
John Finnis e outros estudiosos da ética e da bioética que se contrapunham a esta abordagem, argumentam que a questão da maximização do prazer (ou da qualidade de vida) não pode se impor (como uma equação matemática) eticamente a aspectos morais e a valores mais amplos do que o prazer.
Segundo estes autores, temas como o aborto ou a eutanásia, não podem ser moralmente debatidos em termos de satisfatoriedade ou qualidade de vida. Ou, em outras palavras, não podemos sustentar a defesa do aborto simplesmente pelo fato de que a gestante se priva de situações ou gratificações em função da gravidez.  O que Finnis irá propor é uma Bioética fundamentada em aspectos filosóficos mais clássicos e moralmente sustentáveis.
Assim, para solucionar questões éticas práticas, decorrentes de conflitos e controvérsias da interação humana e de suas práticas médicas ou científicas, a bioética se fundamenta em uma tríplice atuação: (1) descritiva, voltada para a  descrição e análise destes conflitos; (2) normativa, com relação a tais conflitos, no duplo sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos; e (3) protetora, no sentido de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos” (Schramm, F.R. 2002. Bioética para quê? Revista Camiliana da Saúde, ano 1, vol. 1, n. 2 – jul/dez de 2002 – ISSN 1677-9029, pp. 14-21).
ocê compreendeu que a Bioética atua de modo a solucionar questões práticas decorrentes de intervenções médicas e científicas sobre o ser humano. Esta atuação se divide em três tipos distintos de procedimentos. São eles:
Descritivo – Voltado para a descrição e análise dos conflitos produzidos pela interação entre o ser humano e as práticas científicas.
Normativo – Direcionado para a prescrição de procedimentos médicos e científicos corretos e pela proibição de procedimentos reprováveis eticamente.
Protetor – Atua de modo a proteger os envolvidos em algum tipo de disputa de interesses e valores, priorizando a defesa da parte mais fraca.
Associe, na tabela a seguir, cada um destes procedimentos ao exemplo adequado.
1. O princípio do duplo efeito: uma situação frequente é a ocorrência de uma determinada ação que acarreta em dois efeitos concomitantes, um bom e outro mau. Apesar de buscarmos o primeiro resultado, ele sempre trás consigo um efeito colateral indesejável, porém inseparável. O que fazer nestas situações? Desistir do efeito positivo em função do colateral ou aceitar os danos como consequências de um fim positivo? Como decidir sobre o que irá pesar mais? O principio do duplo efeito foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos.
2. O princípio da totalidade: Este princípio se origina do sistema psicológico da Gestalt que sustenta que “o todo é mais do que a soma de suas partes”. Assim, as partes do corpo não podem ser compreendidas de modo dissociado da unidade física. Em outras palavras, isso significa dizer que não podemos dispor das partes de nosso corpo sem analisarmos o que isso irá promover em termos da preservação de nossa saúde geral. A amputação de um órgão ou parte do corpo, por exemplo, precisa ser justificada em função de um dano permanente que não possa ser alterado e que implique em prejuízos para a saúde geral do corpo. Ou, em situações de doação a terceiros, o quanto esta remoção irá ou não afetar as condições de saúde geral do doador (em termos de proporcionalidade ao bem produzido ao outro).
3.Meios ordinários e extraordinários de tratamento: Um procedimento padrão no tratamento de alguma enfermidade se traduz pela aplicação de medicamentos ou processos terapêuticos já amplamente testados, de acesso disponível e que possuem eficácia comprovada na produção de resultados. Este tipo de procedimento, chamamos de meios ordinários (comuns).
Existem, no entanto, situações em que estes procedimentos não logram êxito, nestes casos, é preciso lançar mão de procedimentos que ao contrário dos primeiros, são muitas vezes caros, produzem efeitos colaterais indesejáveis e ainda assim, não tem sua eficácia plenamente comprovada. São os chamados meios extraordinários.
Naturalmente que esta distinção é decorrente de uma condição temporal, na medida em os avanços tecnológicos rapidamente podem transformar um meio extraordinário em ordinário. Esta avaliação, mesmo que sabidamente relativa ao momento presente, é extremamente importante do ponto de vista ético, na medida em que só se justifica a aplicação de um meio extraordinário se os meios ordinários já tiverem sido tentados e demonstrados sua ineficácia no caso em questão.
4.Justiça: Critérios de justiça estão diretamente associados aos aspectos éticos e não poderiam deixar de estar, também, vinculadosà Bioética. A justiça é o conceito pelo qual cada um deve receber o que lhe é merecido por direito ou pela ação de seus atos. Assim, casos semelhantes devem ser tratados de modo semelhante e casos diferentes tratados de modo diferenciado. Dentre os padrões de aplicação dos critérios de justiça, temos a chamada justiça comutativa, que define padrões relativos à equidade nos mais variados tipos de trocas ou relações comerciais como, por exemplo, as formas de determinação de preços e salários. Temos a justiça retributiva que estipula sanções legais para a violação das leis e que determina os meios de garantia que o que é devido seja pago ou restituído.
Temos ainda, por fim, a justiça distributiva que regula a partilha de bens e benefícios sociais, garantindo a cada um o que lhe é devido na distribuição de um todo. Todos estes aspectos estão intrínsecos na aplicação da Bioética, mas a justiça distributiva, em particular, tem se demonstrado uma área bastante sensível, na medida em que a obtenção de recursos de saúde interfere diretamente em muitas questões e problemas inerentes à Bioética.
5. Santidade da vida humana: Como vimos, quando John Finnis se opõe à ética industrial, o objetivo central de sua crítica se localizava na restauração do conceito de sacralidade da vida humana. Não precisamos, necessariamente, considerar esta concepção sob um ângulo religioso, mas é importante percebemos que a vida é o valor maior a ser preservado. Desta forma, qualquer intervenção ou interferência produzida sobre ela, precisa obrigatoriamente ser avaliada em termos éticos e morais e deve ter o sentido de sacralidade como paradigma central de suas considerações. Muitos autores preferem o uso do termo dignidade da vida humana para se reportar a este sentido (em oposição ao sentido de santidade da vida).
Mais importante do que o termo utilizado ou o sentido filosófico dado, é a consciência da necessidade de respeito e preservação na aplicação de ações e direitos associados a este valor. Daniel Callahan identificou cinco elementos críticos no conceito de santidade (ou dignidade) da vida humana:
Aula 3- Avaliação de riscos
Avaliação de riscos e benefícios em pesquisas biomédicas. Estudaremos a evolução histórica dos mecanismos e principais legislações acerca do controle de riscos em pesquisas científicas que implicam na participação de seres humanos na área da saúde. Conheceremos não apenas os documentos internacionais como também as diretrizes e normatizações brasileiras a respeito destes procedimentos. Veremos a importância dos comitês de pesquisa institucionais e em que consiste sua atuação. Identificaremos ainda, alguns dos procedimentos éticos de avaliação de risco. Como vimos na aula anterior, em consequência dos abusos criminosos promovidos por experimentações nazistas no decorrer da Segunda Grande Guerra surgiu a Bioética, uma nova concepção ética voltada de modo mais direto aos aspectos associados à saúde e às pesquisas científicas que envolvessem seres humanos. s e benefícios como o Princípio da Precaução e sua aplicação no controle de riscos e eventos adversos.
Uma das consequências impostas aos criminosos nazistas ao fim da guerra foi o chamado julgamento de Nuremberg. Mundialmente conhecido, este foi constituído por um tribunal militar internacional que efetuou os julgamentos dos primeiros criminosos de guerra (dentre eles 20 médicos) e ocorreu entre 1945 e 1946 na cidade alemã de Nuremberg. Em função deste julgamento, foi elaborado em 1947, o chamado Código de Nuremberg.
Objetivando eliminar futuros episódios semelhantes aos praticados pelos nazistas, o código de Nuremberg surge como um importante marco na história da ética envolvida em pesquisas médicas.
Em síntese, ele determinava que deveria haver consentimento prévio e voluntário de todos os sujeitos envolvidos em pesquisas e para garantir que não haveria indução à participação, os sujeitos deveriam receber informações sobre riscos, objetivos e procedimentos experimentais.
Determinava também que toda pesquisa deveria apresentar a possibilidade de resultados não alcançáveis por outros procedimentos não invasivos e exigia a realização de experimentos anteriores em animais.
Esta foi a primeira legislação moderna que visou o controle sobre atuações científicas de riscos em seres humanos.
Quase vinte anos depois, em 1964, foi criado pela Associação Médica Mundial, um novo e mais elaborado documento, conhecido pelo nome de Declaração de Helsinque. A Declaração passou no decorrer dos anos por diversas alterações e revisões, tendo sido a última, até o momento, efetuada em 2008, na 59ª Assembleia Médica Mundial, realizada em Seul na Coreia do Sul. A Declaração de Helsinque é considerada o mais atual e importante documento mundial sobre a ética em pesquisas na área da saúde e tem servido como base para quase que a totalidade de todos os procedimentos regulatórios sobre pesquisa biomédica
Vista de Helsinque, cidade sede da 18ª Assembleia Médica Mundial, onde a primeira Declaração foi redigida.
Este documento foi dividido em três partes principais:
Nos princípios básicos a declaração procura seguir os princípios gerais da Bioética, ressaltando os aspectos morais envolvidos nos procedimentos e experimentos científicos e na necessária proporcionalidade entre os riscos envolvidos e os benefícios advindos destas pesquisas.
Na parte referente à pesquisa clínica combinada com o cuidado profissional, o documento aborda a possibilidade da aplicação de meios extraordinários de tratamento (pesquisas experimentais) desde que previamente consentidos e que a pesquisa traga perspectiva de reversão da patologia do próprio paciente.
No que diz respeito à pesquisa clínica não terapêutica, a declaração de Helsinque obriga o médico pesquisador a se responsabilizar pela saúde do paciente no qual os procedimentos experimentais são efetuados e considera que, apesar do necessário consentimento explicito, consciente e plenamente justificado do paciente, a responsabilidade sobre danos ou consequências é sempre do médico pesquisador. Podendo ainda o sujeito, objeto da pesquisa, cancelar seu consentimento ou solicitar seu encerramento a qualquer momento.
A química Karen E. Wetterhahn, do Dartmouth College/USA, era uma pesquisadora de 48 anos que pesquisava sobre os efeitos dos metais pesados sobre moléculas e células. Durante um experimento, em agosto de 1996, ela acidentalmente foi exposta ao dimetilmercúrio, que é um composto incolor extremamente tóxico, raramente utilizado. Esta substância era considerada como padrão de controle nos testes que utilizam Ressonância Nuclear Magnética para verificar a ligação entre moléculas. A Dra. Wetterhahn era uma pesquisadora experiente e meticulosa. Durante este experimento, uma pequena quantidade desta substância respingou em sua luva de látex, quando transferia o material para um equipamento de Ressonância Nuclear Magnética. Como estava utilizando equipamento de segurança recomendado, não deu maior importância ao fato. A substância era permeável aos poros da luva e entrou em contato com a sua pele em questão de segundos. Ela ficou doente alguns meses após e faleceu em menos de um ano do ocorrido. Após a sua morte, seus colegas iniciaram uma série de testes e verificaram que o dimetilmercúrio atravessa o látex das luvas descartáveis em menos de 15 segundos.  - Fonte
Aula 4-Transplante de órgãos
Transplante de órgão e tecidos. Nesta aula, pretendemos fazer uma rápida passagem pelos principais aspectos éticos que estão presentes nesta situação tão delicada do campo da saúde. Iniciaremos tratando do conceito de direitos fundamentais e em seguida, veremos os tipos de origens que podem ter os órgãos e tecidos destinados a transplantes.
Estudaremos os modos de obtenção destes órgãos e como a legislação trata desta questão e veremos alguns aspectos gerais da Bioética que estão intrinsecamente associados à situação de doação de órgãos.
No encerramento, conheceremos como o Ministério da Saúde estabelece os critérios para elegibilidadede receptores e os estágios propostos por um dos mais importantes nomes da Bioética nacional para alocação destes órgãos e tecidos.
Sabemos que um dos maiores entraves técnicos que impedem os xenotransplantes (transplantes de órgãos entre espécies diferentes) é, além da infecção por vírus estranhos ao organismo humano, o imenso risco de rejeição por parte do receptor. Pesquisas recentes demonstram que o organismo receptor pode chegar a destruir o órgão implantado em menos de 24 horas. Assim, se seguirmos uma lógica simples, quanto maior a semelhança biológica entre os seres, menor o risco de infecções por vírus estranhos e menor também os riscos de rejeição do organismo.
Ora, então...
Por que órgãos de porcos e não de macacos são testados para transplantes em seres humanos?
O transplante de órgãos e tecidos implica uma sequência de eventos que, desde a doação até a efetivação do transplante, abarca alguns direitos fundamentais pertinentes ao doador e ao receptor.
Neste aspecto, a questão ética mais premente, se refere ao questionamento da prevalência e manutenção da voluntariedade e da espontaneidade no ato de doar ou se considerar o princípio pelo qual o bem-comum está acima da vontade individual e, consequentemente, se aceita a apropriação de órgãos de cadáveres.
No bojo desta questão, reside o questionamento acerca do fato de sermos ou não donos de nosso corpo. O que pode não ser uma questão tão simples quanto parece como vimos em nossa aula 2 nos princípios éticos da santidade da vida e da totalidade.
Ser dono implica na relação de posse o que, a princípio, só se estabelece em relação a coisas (objetos) e em poder dispor destes objetos em função exclusivamente de sua vontade. Não é assim que o corpo é concebido atualmente. As partes do corpo não podem ser dissociadas na noção integral de pessoa. Pertencem ao conjunto da nossa identidade. Não são coisas e muito menos podem ser utilizadas independentes da vontade.
As formas de obtenção de órgão são comumente distribuídas pelas seguintes modalidades:
Doação voluntária.
Consentimento presumido.
Manifestação compulsória ou abordagem de mercado.
A doação voluntária é aquela realizada através da vontade expressa do doador quando em vida.
Até 1997, no Brasil, os órgãos só poderiam ser utilizados se a pessoa tivesse assim procedido.
A partir daquele ano, a legislação brasileira substituiu a doação voluntária pelo consentimento presumido.
Por esta modalidade presume-se que todo cidadão é um doador em potencial a menos que tenha expressado vontade contrária.
Assim, se não há manifestação explicita da negativa de doação, as equipes de saúde podem proceder a retirada dos órgãos.
Em 1998, através de medida provisória e em 2001 promulgada pela Lei 10.211/2001(que alterou alguns dos dispositivos da Lei dos transplantes original de 1997) a legislação brasileira (houve ainda a Lei 11.633 de 2007 que incluiu um artigo na lei original sobre o direito a informação sobre os benefícios da doação de placenta e sangue do cordão umbilical) substitui este critério pelo do consentimento familiar, onde o cônjuge ou parente na linha sucessória assume a responsabilidade pela autorização da doação.
As duas demais modalidades, representam apenas propostas ainda não amplamente debatidas.
A chamada manifestação compulsória defende o conceito de que todo cidadão deve fazer formalmente a opção entre ser ou não um doador e a abordagem de mercado defende a possibilidade de incentivos financeiros à família do doador como forma de estimular as doações voluntárias.
De modo geral, podemos resumir os aspectos vinculados à questão da doação de órgãos a um conjunto de princípios éticos gerais, nos quais, se vinculam intrinsecamente as questões dos transplantes. São eles:
O princípio da intangibilidade corporal, que associa de modo absoluto o corpo à identidade pessoal, e assim, estende ao corpo do indivíduo (e às suas partes) os mesmos princípios de dignidade e indisponibilidade por terceiros que regem os direitos da pessoa. O sentido de integridade, portanto, fica compreendido sob a perspectiva da integridade pessoal ampla, não sendo possível separar o “eu físico” do psíquico, compondo ambos uma única identidade. Assim, intervenções no corpo são sempre interpretadas como intervenções na integridade pessoal.
O princípio da solidariedade, que considera que o ato de doar órgãos inclui-se na possibilidade que os indivíduos têm de sacrificar sua individualidade em detrimento do bem da comunidade (de outros), desde que estas doações não impliquem em comprometimento da vida ou da saúde geral da pessoa.
O princípio da totalidade (já visto na aula 2), que entende o corpo como uma unidade, sendo cada parte do mesmo avaliada de acordo com o todo. Assim, cada parte (membro, órgão ou função), só pode ser sacrificada em função da unidade do corpo, ou seja, desde que isso seja útil para o bem-estar de todo o organismo ou que em caso de doação a terceiros, não comprometa a integridade geral.
A estes princípios éticos gerais, somam-se ainda aspectos específicos que se traduzem em princípios do biodireito próprios para as situações de transplantes. Dentre eles, destacam-se:
O princípio da autonomia, pelo qual qualquer coleta de tecidos ou órgãos tem de passar pelo consentimento do doador.
O princípio da confidencialidade, pelo qual se preserva o direito do indivíduo doador em decidir qual a informação sua que autoriza a veiculação ao receptor e qual quer manter em anonimato.
O princípio da gratuidade, que estabelece que o órgão ou tecido apenas poderá ser dado e nunca vendido, visto que não se trata de objetos e sim partes da própria individualidade.  
Há, ainda, o princípio da não discriminação, em que a seleção dos receptores só pode ser feita mediante critérios médicos. O Ministério da Saúde, através do Sistema Nacional de Transplantes, estabeleceu na Portaria n.º 3.407 de 5 de agosto de 1998 o chamado sistema de lista única. Este sistema informatizado integra toda rede de saúde nacional e segue critérios de distribuição específicos para cada tipo de órgão ou tecido, alocando cada receptor em função de sua posição na lista de espera pelos critérios próprios do órgão ou tecido ao qual se candidatou.
Segundo José R. Goldim, a alocação dos órgãos para transplante deve ser feita em dois estágios. “O primeiro estágio deve ser realizado pela própria equipe de saúde, contemplando os critérios de elegibilidade, de probabilidade de sucesso e de progresso à ciência, visando à beneficência ampla. O segundo estágio, a ser realizada por um Comitê de Bioética, pode utilizar os critérios de igualdade de acesso, das probabilidades estatísticas envolvidas no caso, da necessidade de tratamento futuro, do valor social do indivíduo receptor, da dependência de outras pessoas, entre outros critérios mais.” 
Aula 5-ética reprodução Humana
Veremos nesta aula de que modo as novas tecnologias na área de saúde trazem, junto com seus inegáveis benefícios, uma série de novos problemas e questões éticas que necessitam ainda serem melhores exploradas.
Faremos um apanhado dos principais pontos de vista acerca do conceito de “início da vida humana” e analisaremos suas implicações em todos os temas relacionados à reprodução humana.
Conheceremos ainda alguns princípios da Bioética associados à reprodução humana assistida e as principais legislações a respeito deste tema.
Faremos algumas considerações a respeito das possíveis equivalências entre os aspectos éticos envolvidos na adoção e da reprodução assistida 
e encerraremos a aula com uma análise ética do aborto, atualmente um dos temas mais sensíveis e polêmicos da Bioética.
Sempre que a tecnologia avança, seja em que campo for, ela trás consigo outros fatores paralelos à evolução do conhecimento. O mais pragmático destes fatores está no próprio uso destas novas tecnologias. Assim como o laser pode ser usado para curar, pode também ser utilizado para fins bélicos. Não podemos confundir a tecnologia em si, com o uso que se fará dela.
O fato é quenovas tecnologias implicam em novas ferramentas que podem alterar hábitos, eliminar ou transformar comportamentos, inaugurar novas possibilidades e uma série infindável de ações que se transformam em função delas.
Os frequentes avanços tecnológicos na área da saúde se, por um lado, têm propiciado imensos benefícios para a sociedade, por outro lado, têm também feito surgir novos problemas e questões éticas a serem discutidas e consideradas. Novas questões que surgem a partir de novas possibilidades de intervenção do homem sobre os fatos.
Assim tem sido em relação às alternativas de manipulação genética, no desenvolvimento de técnicas de transplantes e também nos aspectos relacionados à fertilização e reprodução humana. 
Estes procedimentos levantam não apenas questões éticas individuais, relativas aos direitos da pessoa e ao modo como pretendem se beneficiar destas tecnologias, mas também nos incitam às questões relativas à saúde coletiva, na medida em que, em geral, estas tecnologias vêm associadas a novos instrumentos de diagnóstico e tratamento e, por isso, implicam em princípios de justiça e alocação de recursos na área de saúde que, normalmente são escassos e caros.
As questões éticas envolvidas nos procedimentos ligados à reprodução humana abarcam uma série de aspectos, mas seu conceito básico é: o objetivo da reprodução é a geração da vida.
O que pode ser considerado “vida humana”? Em que momento a vida biológica deve ser reconhecida como pessoa?
Para a Igreja católica: A Igreja Católica possui um extenso documento 
Intitulado “Instrução sobre o respeito à vida humana em suas origens e a dignidade da procriação em resposta a determinadas questões da atualidade”. Neste documento (Donum Vitae) datado de 1987, fica formalmente estabelecido que, pela perspectiva da Igreja, o início da vida humana se dá no momento em que ocorre a fecundação.
Mais recentemente, em 2008, publica outro documento sobre aspectos de Bioética ligados à dignidade humana onde reforça este entendimento e considera como lícitas as tecnologias de fertilização que auxiliam os casais a procriarem desde que estas respeitem a preservação do ato procriativo em si e considera moralmente ilícitas as tecnologias que dissociam a procriação do ato sexual como a criogenia ou a fecundação “in vitro”.
Além da perspectiva eclesiástica há ainda outros critérios de abordagens mais direcionadas aos aspectos do desenvolvimento embrionário. Alguns destes critérios vinculam o início da vida humana:
Ao início dos batimentos,cardíacos (3 a 4 semanas).Ao início da atividade neocortical (12 semanas).Ao aparecimento do ritmo sono-vigília (28 semanas).Ao surgimento da atividade do tronco cerebral (8 semanas).Ao surgimento dos movimentos respiratórios (20 semanas).
Independente da questão da gênese do ser humano, talvez o mais importante tema ético da atualidade no que se refere à reprodução, seja mesmo o debate sobre os procedimentos de reprodução assistida. J. Goldim relata que desde o século XVIII já existem relatos médicos sobre a tentativa de realização deste tipo de intervenção.
No entanto, apenas em 1978, com o nascimento de Louise Brown (que ficou notoriamente conhecida como o primeiro “bebê de proveta”) na Inglaterra, as técnicas de fertilização “in vitro” chegaram ao conhecimento do grande público e também ganharam mais interesse nas pesquisas médicas especializadas.
O nascimento desta criança foi de tal importância para o desenvolvimento cientifico e tecnológico na área da saúde que foi instituído na Inglaterra, em 1981, um comitê de investigação sobre fertilização humana e embriologia (Committee of Inquiry into Human Fertilization and Embriology), vinculado ao Ministério da Saúde britânico com o objetivo de desenvolver um relatório sobre as implicações éticas, sociais e legais provenientes da utilização desta nova biotecnologia.
O resultado deste comitê foi a publicação, três anos após sua instalação, do chamado Relatório Warnock (em referência a Mary Warnock, presidente do comitê). Grande parte dos aspectos da Bioética e do Biodireito atuais é pautada no texto deste relatório.
A partir da década de 90 as sociedades médicas mundiais passaram a inserir diretrizes éticas relativas às tecnologias de reprodução em suas normatizações. No Brasil, em 1992, o Conselho Federal de Medicina, seguindo as mais avançadas legislações mundiais e igualmente fundamentado no Relatório Warnock, instituiu com a Resolução CFM 1358/92, as Normas Éticas para Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida. 
Atualmente, está em vigor a Resolução CFM 1957/2010 que revoga a anterior (após 18 anos) alterando alguns poucos aspectos, dentre os principais a substituição do termo “pré-embriões” por “embriões” e a introdução de um item que afirma que: “Não constitui ilícito ético a reprodução assistida post mortem desde que haja autorização prévia específica do (a) falecido (a) para o uso do material biológico criopreservado, de acordo coUma série de ramificações temáticas de cunho ético está associada, de modo mais ou menos direto à questão da reprodução assistida. Existem aspectos éticos vinculados ao:
- Consentimento informado.- Seleção de sexo da criança.- A doação de espermatozoides, óvulos, embriões.- A seleção dos embriões com bases na evidência da possibilidade de doenças congênitas.
A maternidade substitutiva.
- A clonagem.- A criopreservação de embriões.- E muitos outros.
a legislação vigente”.
Ainda que em função de todos os avanços do Biodireito, tenhamos hoje uma legislação bastante rica em relação ao tema, as consequências éticas, legais e mesmo tecnológicas da fertilização in vitro; ainda precisam ser bem melhor definidas em muitos aspectos. Em alguns países o anonimato não é obrigatório e ,ainda assim, não há uma posição técnica definida em relação aos benefícios ou não deste sigilo para o desenvolvimento psicossocial da criança e/ou para o acompanhamento clínico de futuros problemas congênitos que venha a apresentar.
Outra questão associada à reprodução assistida envolve a possibilidade de gestação em casais homossexuais femininos. A legislação autoriza que mulheres utilizem sêmen doado para gestação independente da existência de vínculo familiar formal. 
Há, no entanto, intenso debate ético neste aspecto, que envolve o conceito de família, a admissão do casamento entre homossexuais e a equivalência de procedimentos para adoção e fertilização. No Brasil, assim como em muitos outros países, a adoção de crianças por homossexuais tem sido admitida legalmente, o que indica também a tendência à aceitação da fertilização assistida para casais homossexuais femininos. Desta forma, por uma perspectiva ética, seria lícito estabelecer uma equivalência entre o que poderia ser chamado, segundo Goldim, de “fertilização legalmente assistida” (adoção) e a fertilização assistida pela concepção médica de intervenção clínica no processo.
As questões éticas envolvidas seriam então, fundamentalmente as mesmas:
Até onde deve ir a intervenção do 
Estado em adoções ou doações de gametas (espermatozoidese óvulos) feitas de modo informal (algumas com forte apelo comercial)?
É moralmente ética a seleção de características físicas das crianças por parte dos futuros pais adotivos ou fertilizados?
Estes são apenas poucos exemplos das reflexões éticas envolvidas na questão da equivalência de procedimentos entre a adoção e a fertilização.
Aborto
No sentido inverso da reprodução como criação da vida, o aborto se associa a ela pelo enfoque conceitual ou ideológico do princípio da vida humana e de quando a interrupção gestacional é simplesmente um procedimento clínico e quando passa a ser um crime contra a vida.
Existem condições previstas na legislação brasileira para a autorização de abortos legais (estupro e risco de vida materna) e propostas que flexibilizam estas condições estendendo-as à existência de anomalias fetais que implicam na possibilidade de doenças congênitas graves e irreversíveis (anencefalia, por exemplo).
Naturalmente que todas estas motivaçõesou condições, independente de aspectos legais, são profundamente conflitantes em termos éticos, pois implicam no direito a impedir o desenvolvimento da vida em função de critérios nem sempre absolutos.
O código penal brasileiro, que em seu artigo 128 desqualifica o aborto como crime em caso de gestação proveniente de estupro não especifica até que momento da gestação esta pode ser interrompida.Também não estabelece os procedimentos legais necessários para a qualificação comprovada do estupro.
Assim, a existência de um boletim de ocorrência policial contra um suposto sujeito desconhecido pode facilmente promover uma autorização legal para o aborto. Isso, sem ainda considerarmos as mais de 3.000 liminares concedidas para o abortamento legal em função de anomalias fetais.
Os debates éticos a respeito do aborto estão longe de ser encerrados e tanto na esfera jurídica quanto filosófica dificilmente encontraremos consenso em um aspecto que depende tão diretamente de valores morais, religiosos e culturais.
O fato é que, existe uma premência neste tema que não pode aguardar as conclusões ideológicas dos debates. Esta premência é o imenso número de mulheres que todos os dias recorre a abortos em locais impróprios e profundamente arriscados do ponto de vista da preservação de sua própria integridade em função dos impedimentos legais de recorrerem ao sistema oficial de saúde.
Independente de qualquer valor, esta é uma realidade que não pode ser ignorada e que transforma a questão do aborto não apenas em um dos temas mais delicados e polêmicos da Bioética como também, cada vez mais, em uma questão de saúde pública.
“As estatísticas são pouco confiáveis, mas os especialistas admitem que sejam realizados anualmente cerca de um milhão de abortos clandestinos no Brasil. As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna. Cerca de 200.000 mulheres morrem em consequência de hemorragias e infecções. O cenário foi bem pior em um passado não muito distante. Na década de 80, os abortos clandestinos podem ter chegado a 4 milhões por ano. Uma série de fatores se combinou para reduzir esse número. Os mais efetivos foram o aperfeiçoamento dos métodos anticoncepcionais e a disseminação no país de políticas de planejamento familiar”.
Baseado no parágrafo acima selecione as alternativas que relacionam corretamente esta questão de Saúde Pública e a legislação sobre o aborto no Brasil.
Aula 6: Eutanásia
Estudaremos agora o sentido de eutanásia e distanásia e veremos os principais argumentos em relação ao questionamento se estas ações podem ou não ser consideradas como éticas. Utilizaremos um caso clássico de disputa judicial pelo direito à “boa morte” e analisaremos se este direito contradiz ou não os princípios básicos da atuação médica. Conheceremos os tipos e as características da eutanásia quanto ao modo e quanto às responsabilidades e findaremos nossa aula com um breve comentário sobre a legislação a respeito do assunto, citando o Código de Ética Médica e a Declaração de Madri da Associação Médica Mundial.
Morte
A consciência de que a morte é um evento natural e indubitável para os seres vivos, não diminui seu impacto sobre nós e sempre representa uma situação de extrema dificuldade para os profissionais de saúde que lidam com pacientes em condições terminais. Uma série de questões éticas e morais afloram no contexto da terminalidade da vida, associadas a aspectos tão distintos quanto os direitos do paciente em relação à verdade sobre suas reais condições, os objetivos da atuação médica ou aos paradoxos entre a consciência e a legalidade.
Dentre estas questões, talvez a mais angustiante seja a de que se pode, ou deve o médico ajudar um paciente que sofre de modo irreversível, a morrer? Ou, em outras palavras, a eutanásia pode ser considerada uma ação médica ética? 
Eutanásia
A palavra “eutanásia” tem origem grega e representa, literalmente, “boa morte”. É comumente entendida como a prática pela qual o médico abrevia a vida de um paciente incurável. 
Esta tem sido uma das questões da bioética e do biodireito mais complexas e discutidas, na medida em que, se a proteção da vida é um princípio básico do Estado, também são direitos básicos da pessoa o respeito à autonomia e à vontade próprias. Assim, o fato de alguém desejar encerrar com sua dor, antecipando sua morte iminente, ou o desejo de um ente querido em por fim ao sofrimento de alguém sem chances de recuperação também não pode ser simplesmente ignorado.
Para entendermos melhor todas as implicações, éticas, políticas, sociais, morais e religiosas envolvidas, precisamos considerar alguns aspectos básicos. A atuação médica está fundamentada em dois pilares:
A preservação da vida- De modo geral, em condições normais, esses princípios se completam, no entanto, em determinadas situações específicas podem se tornar antagônicos, um deles precisará prevalecer sobre o outro.
O alívio do sofrimento-
Se, nesses casos, considerarmos que a preservação da vida é o valor maior podemos incorrer na chamada “distanásia”. A manutenção artificial da vida possui implicações que vão desde os aspectos psicológicos conflitivos de familiares até a discussão política da utilização de recursos de saúde em pacientes incuráveis.
A questão ética a ser considerada é: A distanásia é mais ética do que a eutanásia? É válido estender a vida mesmo que a cura não seja possível e o sofrimento excessivamente penoso?
Naturalmente que, enquanto houver a mais remota possibilidade de reversão do quadro de morte inevitável deve-se sustentar a manutenção da vida, mas, em caso contrário, o que a ética determina é a priorização do segundo pilar: o alívio do sofrimento. Poderíamos, então, considerar que aliviar o sofrimento, nesses casos compreendido como permitir ou antecipar a morte, no entanto, recai em uma outra grave questão: Quando desistir da vida? O americano Terry Wallis, após um acidente de carro, ficou 20 anos em estado de coma e retornou à consciência, voltando a falar e a recuperar movimentos do corpo. Certamente não é o tempo o padrão capaz de determinar esta resposta.
Princípios da Bioética, como a beneficência, a não maleficência, a autonomia e a justiça, seguem uma sequência determinada por condições de saúde e tratamento. Ou seja, em uma condição de tratamento normal e possibilidade de recuperação plena, evidentemente, o princípio prioritário é o beneficência e o tratamento, mesmo que implique em algum sofrimento, objetiva a preservação da vida. Em condições, no entanto, em que a cura não é mais uma possibilidade, os objetivos precisam estar direcionados para a não maleficência, isto é, não causar dano ou dor desnecessário e sem justificativa. Assim, a autonomia em recusar tratamentos, por exemplo, também precisa ser avaliada dentro desta perspectiva hierarquizada das condições de recuperação. Da mesma forma, o princípio da Justiça, na medida em que as utilizações de recursos de saúde como sabem muitas vezes escassos e caros, em pacientes sem chances de recuperação por um longo período, implica aspectos sociais e econômicos que, apesar de delicados, também precisam ser considerados.
A eutanásia pode ocorrer de algumas formas distintas e, para cada uma destas formas, considera-se uma tipologia com características específicas. 
“Eutanásia ativa”, onde é produzida uma ação que objetiva provocar deliberadamente a morte sem sofrimento. Com uma injeção letal, por exemplo.
Apenas três países no mundo (Uruguai, Holanda e Bélgica), atualmente admitem a prática legal da eutanásia ativa. 
Naturalmente que sem a anuência da Igreja.
“Eutanásia passiva” ou “ortotanásia”, se caracteriza pela interrupção de uma terapêutica que atuava na sustentação
 artificial da vida. A principal distinção entre com a eutanásia ativa é que nessa é cometida uma ação (injeção letal, por exemplo), enquanto que na eutanásia passiva há uma omissão como a não instalação de um procedimentoterapêutico ou seu encerramento.
A eutanásia passiva e a de duplo efeito tem recebido maior condescendência tanto pela maioria das sociedades médicas quanto por correntes religiosas em função do princípio de “morte com dignidade”.
“Eutanásia de duplo efeito” é quando a morte é promovida indiretamente pelas ações médicas executadas com o objetivo de aliviar o sofrimento de um paciente terminal, como, por exemplo, a morfina que administrada para a dor pode provocar depressão respiratória e morte. 
Nestes casos, o objetivo da ação médica não é promover o óbito, mas assume-se seu risco em prol da amenização do sofrimento.
Outro tipo de classificação da eutanásia, diz respeito ao consentimento ou não do paciente ou de seus responsáveis legais para o ato. Este tipo de classificação está diretamente associado à questão do estabelecimento de responsabilidades sobre o ato.
Chama-se eutanásia voluntária, quando a morte provocada ocorre em atendimento a uma vontade explícita do paciente. A eutanásia voluntária é muito assemelhada ao conceito chamado de “suicídio assistido”. A distinção está no fato de que na eutanásia a ação é sempre realizada por outra pessoa, enquanto que no suicídio assistido a própria pessoa (mesmo que com auxílio de terceiros) executa a ação que a leva ao óbito.
Chama-se eutanásia involuntária, quando é provocada sem o consentimento do paciente quando este se encontra consciente e em condições de escolher e eutanásia não voluntária, quando é provocada sem que o paciente tenha manifestado seu desejo pelo fato de se encontrar sem condições de se expressar, normalmente em condições de coma ou no caso de recém-nascidos.
Legislação
Do ponto de vista legal, é importante frisar que no Brasil, o Conselho Federal de Medicina através do Código de Ética Médica (2009) em seu Artigo 41 explicita de modo claro a proibição de:
 “Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.”
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
OBS: Entende-se por ações terapêuticas obstinadas a prática da distanásia.
O CFM já havia, em 2006, aprovado a Resolução 1.805 que regulamentava e autorizava aos médicos a prática da ortotanásia (interrupção de terapêuticas que já não surtem mais efeitos em pacientes terminais) como forma de desestimular a distanásia (sustentação artificial da vida por tratamentos desproporcionais à condição de recuperação). 
A Justiça Federal, no entanto, entendeu que o Conselho de Medicina não teria autoridade para legislar em relação a esta questão e apenas em 2009 o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 6.715 que exclui a ilicitude da ortotanásia do Código Penal desde que o médico possua o consentimento explícito do paciente ou de seu representante legal.
No final de 2010, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um substitutivo ao Projeto de Lei original incluindo a necessidade de avaliação do caso por junta médica. O texto final da lei, até o momento, ainda tramita no Legislativo.
Associação Médica Mundial
Esta postura em relação à eutanásia e à ortotanásia também é a posição assumida pela Associação Médica Mundial. Em uma declaração publicada na 39ª Assembleia Médica Mundial em 1987 na Espanha (Declaração de Madri) e posteriormente reafirmada em 2005, na 107ª Seção do Conselho da Associação Médica Mundial na França, esta afirma que:
“Eutanásia, que é o ato de deliberadamente terminar com a vida de um paciente, mesmo com a solicitação do próprio paciente ou de seus familiares próximos, é eticamente inadequada. Isto não impede o médico de respeitar o desejo do paciente em permitir o curso natural do processo de morte na fase terminal de uma doença”.
Conclusão  
Assim, sustenta-se a posição de que a eutanásia ativa é um ato que contraria os princípios éticos e deturpa a principal função médica de preservar a vida. 
A aceitação desta como uma postura médica implicaria autorização legal para matar o que dificilmente será aceito pela comunidade médica mundial, dentre outras razões, pelo fato de alterar os objetivos dos profissionais de saúde e comprometer, severamente, as relações de confiança entre os médicos e seus pacientes. 
No entanto, garante a legitimidade da suspensão de terapêuticas quando estas se mostrarem inúteis e estiverem apenas prolongando o sofrimento (ortotanásia).
Aula 7-Ética e a epidemia
A alocação de recursos de saúde escassos em situações epidêmicas jamais será uma tarefa fácil ou isenta de pressões e conflitos. Apesar disso, precisamos estar preparados tecnicamente para aplicar critérios éticos nestas difíceis condições. Inicialmente, veremos como e porque, nestas circunstâncias, os direitos coletivos precisam suplantar os direitos pessoais. Analisaremos também, a importância de uma comunicação objetiva e clara pelos profissionais de saúde em seus comunicados. Conheceremos o Princípio da Precaução, originalmente concebido como base ética do Direito Ambiental, mas que pode muito facilmente se aplicar ao campo da saúde e como ele se integra perfeitamente a atuação preventiva em condições de risco à saúde pública. Finalmente, analisaremos os critérios de categorização dos recursos quanto à sua tipologia e identificaremos os principais critérios utilizados na priorização de recursos escassos na área da saúde.
Sistemas éticos
Os sistemas éticos devem considerar um delicado equilíbrio entre os direitos pessoais e a justiça social. 
Marx dizia que privilegiar as condições situacionais sem considerar os sujeitos e suas manifestações de vontade pessoal no entendimento ou análise dos processos históricos era um equívoco tão grande quanto entender determinadas tomadas de decisões pessoais sem levar em conta as condições históricas e temporais inerentes aos sujeitos.
Ou seja, do mesmo modo como não podemos analisar os eventos sem compreendermos as pessoas que os produziram, também não podemos compreender as ações pessoais sem entendermos os contextos históricos e temporais nas quais estas pessoas estão inseridas.
Precisamos considerar que as possibilidades de atuação são sempre dependentes das condições do momento da ação.
Esta correlação entre condições situacionais e condutas, valores e direitos, também se reflete em termos éticos. Diversos documentos internacionais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas – ONU – em 1948) e nossa própria Constituição de 1988, estão fundamentados nas garantias individuais, coletivas e transpessoais.Os direitos individuais incluem a vida, a privacidade, a liberdade e a não-discriminação, entre outros. Todos estes direitos devem ser preservados. Contudo, em situações excepcionais como de uma epidemia (doença disseminada em larga escala local) ou pandemia (doença disseminada em escala mundial), estes direitos individuais podem ser suplantados pelos direitos coletivos.
Em condições normais, os atendimentos de saúde, por exemplo, devem refletir direitos pessoais e posturas que podem não ser consideradas viáveis e oportunas em condições especiais. Neste tipo de situação a alteridade precisa se sobrepor à neutralidade e a ética impõe a consciência de que toda a sociedade é corresponsável, todos devem estar engajados em um mesmo esforço solidário, não por dever ou obrigação legal, mas por reconhecer que é este conjunto de ações que nos torna humanos. Em função disto, alguns direitos pessoais, como a liberdade de ir e vir, por exemplo, podem ser suprimidos se a pessoa doente precisar ser posta em regime de quarentena ou isolamento para não contaminar outras pessoas.
Entende-se que a saúde da população em larga escala é um bem maior do que a manutenção da liberdade de locomoção individual se esta implicar em risco aos demais. 
Da mesmaforma, também não podemos considerar como quebra da privacidade individual, a comunicação compulsória das informações de pacientes acometidos por doença contagiosa às autoridades sanitárias, pois seu objetivo exclusivo é o controle epidemiológico. 
Ou seja, a regra básica em situações epidêmicas é a de que a manutenção dos direitos individuais fica sempre condicionada à preservação dos direitos coletivos.
PÂNICO
Um dos primeiros e mais imediatos efeitos sociais em situações epidêmicas é o pânico que acomete a população em geral. O desconhecimento sempre nos faz superdimensionar os riscos de uma situação. 
Este é um mecanismo de defesa psicológico normal e o profissional de saúde, principal agente de informação nestas situações, precisa compreender esta ansiedade coletiva e atuar de modo a contribuir para a restauração da calma e da ordem pública.
A melhor forma de lidar com estas situações e tranquilizar as pessoas é através do esclarecimento das dúvidas mais frequentes e divulgação de informações claras, objetivas e em linguagem acessível ao público leigo. Se os riscos não forem corretamente dimensionados, certamente as ações de prevenção também não o serão.
Princípios éticos
Hans Jonas, filósofo alemão contemporâneo (falecido em 1993), fez importantes contribuições à Bioética em suas obras. Um de seus livros mais importantes foi “O Princípio da Responsabilidade” de 1979, onde expõe a necessidade de que os efeitos de nossas ações precisam ser sempre compatíveis com a permanência da vida humana.
Este princípio moral básico influenciou uma série de outros aspectos relativos à ética envolvida em pesquisas, em normas do direito ambiental e, naturalmente na saúde pública também. Um dos conceitos mais atuais e fortemente influenciados pelas ideias de Jonas é o Princípio da Precaução.
Em 1992, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ficou conhecida pelo nome de ECO 92. Nesta conferencia, foi formulado um importante documento, denominado de Agenda 21, no qual em seu anexo, consta o PRINCÍPIO 15:
“Com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério de precaução conforme suas capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio ambiente”.
Se considerarmos o sentido geral deste princípio (e não o analisarmos apenas pela perspectiva do direito ambiental), veremos que ele trata essencialmente da relação entre o risco existente em uma ação e as medidas necessárias para prevenir os efeitos negativos advindos desta ação. Ou seja, na ausência de absoluta certeza científica sobre os riscos ou danos envolvidos em uma ação, é necessário que tomemos medidas eficazes preventivas de evitação de todas as possibilidades possíveis de danos. Assim, nenhuma medida preventiva em situações epidêmicas pode ser descartada sem que esteja absolutamente comprovada a ausência de sua necessidade.
Outro importante aspecto ético a ser considerado é o da alocação de recursos de saúde, que sempre se tornam escassos em relação à demanda em condições epidêmicas. Instalações sanitárias, equipamentos, medicamentos, recursos humanos especializados, precisam ter seus critérios de distribuição e priorização claramente definidos.
Torna-se indispensável a conjugação citada no início da aula, entre critérios individuais e coletivos, pois se o critério individual considera o benefício que o tratamento resultará no sujeito doente, o critério coletivo implica na prevenção ou imunização de sujeitos ainda não contaminados, para que estes não venham a desenvolver a doença.
Os profissionais de saúde acostumados a tomar decisões em suas rotinas, sabem que os aspectos éticos são fundamentais no processo decisório. A ética, no entanto, não se baseia em regras estanques, mas na busca pelo bem, pelo correto, pelo que é adequado em uma dada circunstância. Estes aspectos se tornam evidentes em situações de alocação de recursos escassos e não se pode decidir exclusivamente em função de fatos objetivos. Valores são componentes determinantes destas decisões. Ainda assim, ou apesar disso, não podemos também abrir mão de critérios de justiça neste processo decisório. E critérios de justiça tendem a ser mais objetivos e imparciais.
Critérios
entre estes critérios, José R. Goldim indica a utilização de duas características básicas na classificação da tipologia dos recursos a serem utilizados. A primeira destas características se refere ao fato de os recursos serem divisíveis ou não. A segunda se refere ao fato de serem homogêneos ou heterogêneos em relação à clientela que deles necessita.
Estas categorias são normalmente analisadas em conjunto. Por exemplo: Medicamentos a serem distribuídos para um grupo de pacientes com a mesma patologia é um recurso homogêneo e divisível, na medida em que todos irão dividir o estoque do mesmo remédio. Já o estoque de sangue, é um exemplo de recurso que, apesar de ser divisível, pois muitos utilizarão o mesmo estoque, é heterogêneo, na medida em que nem todos terão necessidade dos mesmos componentes. 
Os leitos hospitalares são recursos indivisíveis homogêneos, pois apenas um paciente pode usufruir do mesmo recurso que todos necessitam por igual e um órgão a ser implantado em um paciente é um recurso indivisível e heterogêneo, na medida em que cada órgão atenderá a apenas um paciente e nem todos os pacientes podem se beneficiar do mesmo órgão.
Quanto aos critérios de priorização para utilização destes recursos, em geral, os mais comumente utilizados são:   
Igualdade de Acesso: Este critério, na forma como é proposto por Edmond Cahn, defende que do ponto de vista ético se um recurso não pode ser acessível a todos que dele necessitam, então não pode ser ofertado a ninguém. Esta perspectiva segue a lógica de que não seria ético salvar a vida de uns em detrimento das vidas de outras pessoas. Este critério é denominado como sendo a igualdade de acesso real. Já James Childress, em uma perspectiva diferente do mesmo critério, denominada de igualdade de acesso provável, considerar que a igualdade não estaria necessariamente na possibilidade de acesso do recurso a todos, mas na forma como as pessoas seriam escolhidas para se beneficiar destes recursos. Assim, defende a escolha através de sorteios, filas de espera e outras formas aleatórias de definição de beneficiados. (in J.R. Goldim
Benefício Provável: Fundamentado em dados estatísticos este critério considera a probabilidade que cada indivíduo em particular (microalocação) ou um grupo de indivíduos (macroalocação) tem em se beneficiar do recurso que está sendo disputado.
Efetividade: O critério orientado para o futuro, a efetividade prega que os recursos escassos devem ser alocados para aqueles pacientes que possam fazer o melhor uso para si (efetividade local) ou para os outros, especialmente a sociedade, como, por exemplo, a priorização a agentes de saúde e demais profissionais de serviços essenciais (efetividade global).
Merecimento: O critério do merecimento é voltado para o passado, para a vida pregressa de cada pessoa que necessita o recurso. Segundo este critério, os recursos devem ser alocados prioritariamente para pessoas que já demonstraram efetiva contribuição para a sociedade, como uma forma de agradecimento ou demonstração de sua importância ao grupo social.
Necessidade: O critério da necessidade vincula a disponibilização de recursos escassos àqueles que deles mais necessitam em uma condição presente. Ou seja, estabelece a prioridade aos que estão em estado de saúde mais grave, independente de qualquer análise referente ao custo desta intervenção ou mesmo à efetividade da terapêutica.
Conclusão
Estes e outros critérios visam dar alguma objetividade a um processo decisório de alocação de recursos de saúde em situações de escassez. Naturalmente que, apesar disso,esta jamais será uma tarefa fácil ou isenta de conflitos internos ou mesmo livre de pressões políticas ou econômicas.
O objetivo principal destes procedimentos é evidenciar justamente a complexidade destas ações, na medida em que tentativas de simplificação deste processo decisório, invariavelmente, implicarão em injustiças ou favorecimentos ilícitos e antiéticos.
Tropas do Nepal foram fonte de surto de cólera no Haiti, diz ONU.
Uma investigação das Nações Unidas sobre o surto de cólera que atingiu o Haiti no ano passado apontou que um acampamento de tropas do Nepal que integram as forças de paz da ONU no país, conhecidas pela sigla Minustah, foi a provável fonte da epidemia. 
As conclusões dos peritos contradizem declarações anteriores da ONU, que havia afirmado que as condições sanitárias no acampamento eram adequadas. 
Mais de 4,5 mil pessoas morreram em consequência do surto de cólera, que ocorreu pouco após o terremoto devastador que matou mais de 300 mil pessoas no país em janeiro de 2010.
Aula 8- Relação de equipe multidisciplinar em saúde 
Nesta aula, veremos como se constituem as equipes multiprofissionais em saúde e a conceituação de seus principais tipos de atuação. Entenderemos a diferença entre uma equipe multidisciplinar e uma equipe interdisciplinar e analisaremos de modo mais detalhado estas duas formas de atuação.
Discutiremos os preceitos que compõem uma atuação interdisciplinar ética e responsável. Entenderemos a importância do respeito à autonomia de cada especialidade para que não ocorram conflitos ou desestabilidades nas relações entre os membros da equipe.
Finalmente, conheceremos as habilidades cognitivas que precisam estar presentes em uma formação interdisciplinar através do relatório da UNESCO e como esta formação precisa estar centrada no princípio da integralidade, abarcado pelas ciências da saúde.
Conceituação
Até a primeira metade do século XX, apenas quatro categorias profissionais estavam formalmente habilitadas para o exercício de atividades na área de saúde.Hoje, o Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução 287/98, reconhece 14 diferentes carreiras de nível superior neste setor: São elas:
Biomedicina, Biologia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.Além destas, há ainda diversas profissões formais de nível médio que participam ativamente desta área de atuação. Todos estes profissionais, oriundos das demandas provenientes do desenvolvimento científico e tecnológico do setor, necessitam estabelecer estratégias e procedimentos para efetivar um trabalho em equipe de qualidade e com respeito ético entre si. A equipe multiprofissional é, sem dúvida, uma realidade necessária em todos os espaços cuja atenção em saúde busque melhorar a qualidade do atendimento e otimizar resultados terapêuticos.
Tipos de Equipe
A base e o principal fundamento de uma atuação em equipe estão na colaboração de diferentes especialidades que apresentam conhecimentos e qualificações distintas. Estas diferenças, no entanto, precisam encontrar convergências que possibilitem uma atuação uniforme entre estes profissionais. Identificar a possibilidade destas convergências é uma tarefa que se inicia pelo próprio conceito que caracteriza a tipologia da atuação da equipe.
Existem equipes de diferentes nomenclaturas e que correspondem a diferentes modelos de relação também. As principais são as equipes:
INTERDISCIPLINAR Ou seja, profissionais de diferentes formações que atuam em conjunto. TRANSDISCIPLINAR
MULTIDISCIPLINAR A equipe multidisciplinar, por sua vez, caracteriza-se por um grupo de profissionais que atua de forma independente em um mesmo ambiente de trabalho, utilizando-se de comunicação informal.
INTRAPROFISSIONAL,INTRADISCIPLINAR,INTERPROFISSIONAL,EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE INICIA ATENDIMENTO NA PENITENCIÁRIA.
O secretário estadual da Justiça e Cidadania, Waney Vieira, e o secretário estadual da Saúde, Leocádio Vasconcelos, apresentaram na manhã desta quarta-feira (25/5/2011) a equipe multidisciplinar de profissionais de saúde que farão o atendimento médico aos reeducandos nas unidades prisionais do Estado. A equipe apresentada na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo é formada por um médico, um assistente social, um psicólogo, um enfermeiro, um dentista e quatro técnicos de enfermagem.
O grupo trabalhará dentro das unidades prisionais e o atendimento fará parte do Plano Nacional de Atenção à Saúde, do sistema prisional do Ministério da Justiça, em parceria com o Ministério da Saúde. No Estado, o trabalho é formalizado entre a Sejuc e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
Métodos para trabalho em equipe eficaz
Para que este trabalho em equipe funcione de modo ético e eficaz, três fatores devem ser abordados:
Capacitação Profissional A capacitação profissional se reporta a uma formação acadêmica de qualidade e de abordagem interdisciplinar.  
Interface do trabalho dos profissionaisCaso percebam, simplesmente indicam ao paciente outro especialista para que este complemente o tratamento, mas sem qualquer tipo de interação entre as abordagens. A interface do trabalho dos profissionais implica no respeito às áreas de competências de cada profissional e na percepção da existência de áreas de atuação comuns.
Autonomia dos profissionais Edgar Morin, em seu livro Ciência com Consciência (1996), defende o conceito de transdisciplinaridade e compara à interdisciplinaridade à ONU, que atua de modo a preservar as fronteiras entre os saberes enquanto que a transdiciplinaridade eliminaria estas fronteiras. Na interdisciplinaridade, a atuação em conjunto não elimina as áreas de domínio de cada especialidade.
Ainda sob este mesmo aspecto, temos o terceiro preceito, a autonomia dos profissionais. Como há o respeito às áreas de atuação, este também se estende além das competências técnicas ao controle de suas ações. Isto é, em uma equipe de atuação interdisciplinar, não há o comando de um profissional sobre a atuação de outro de diferente especialidade. Cada profissional é o responsável por sua ação e não há subordinação hierárquica no campo técnico entre os especialistas.
Aula 9- Atendimento a pacientes especiais
Iniciaremos a aula conceituando “pacientes especiais” e analisando suas características e necessidades específicas. Veremos ainda porque o número de casos desta natureza vem caindo nas estatísticas oficiais.Analisaremos as características das chamadas Crianças com Necessidades Especiais de Saúde, ou CRIANES, e os tipos de cuidados específicos e não específicos que são necessários nesses casos. Em seguida, veremos os principais aspectos éticos que envolvem atendimentos a idosos e, finalmente, comentaremos temas como a internação involuntária em pacientes psiquiátricos e como a legislação vem sendo alterada para dar mais direitos e dignidade a estas pessoas em seus tratamentos.
Leia o texto abaixo: A História dos Manicômios
Asile, madhouse, asylum, hospizio, são alguns dos nomes que denominam as instituições cujo fim é abrigar, recolher ou dar algum tipo de assistência aos "loucos". As denominações variam de acordo com os diferentes contextos históricos em que foram criados. O termo manicômio surge a partir do século XIX e designa, mais especificamente, o hospital psiquiátrico já com a função de dar um atendimento médico sistemático e especializado.
A prática de retirar os doentes mentais do convívio social para colocá-los em um lugar específico surge em um determinado período histórico. Segundo Michel Foucault, em “a história da loucura na idade clássica”, ela tem origem na cultura árabe, datando o primeiro hospício conhecido do século VII.
Os primeiros hospícios europeus são criados no século XV, a partir da ocupação árabe da Espanha. Datam do mesmo período na Itália e surgem em Florença, Pádua e Bérgamo. No século XVII, os hospícios proliferam e passam a abrigar juntamente os doentes mentais com marginalizados de outrasespécies. O tratamento que essas pessoas recebiam nas instituições costumava ser desumano, sendo considerado pior do que o recebido nas prisões.
Conceituação
Armando Fourniol Filho (in Celeste, R. et al) define paciente especial, em seu livro “Pacientes Especiais e a Odontologia” (1998), como
“Todo indivíduo que possui alteração física, intelectual, social ou emocional – alteração essa aguda ou crônica, simples ou complexa – e que necessita de educação especial e instruções suplementares temporárias ou definitivamente”.
Felizmente, tem sido constatada uma diminuição no número de casos definidos por “atendimentos especiais” ou registrados como PNEs (Portadores de Necessidades Especiais) em função de dois aspectos básicos:
1. O avanço tecnológico da medicina, que tem conseguido, através da descoberta de novos medicamentos e tipos de tratamento, reduzir significativamente muitas patologias.
Em caso da ausência de um tratamento precoce, essas patologias poderiam vir a tornar as pessoas acometidas e, posteriormente, caracterizá-las como portadoras de necessidades especiais.
2. A segunda diz respeito ao próprio estímulo da sociedade em ações de inclusão social, que têm alterado o perfil destas pessoas e de seus familiares, fazendo com que não se vejam como pessoas que precisem de atendimento diferenciado.
Grande parte destas pessoas pode, efetivamente, ser atendida em um ambiente ambulatorial e somente alguns distúrbios ou condições especiais podem exigir internações, equipamentos especiais ou ainda, em casos mais específicos, a utilização de medicamentos especiais ou mesmo sedação em certas deficiências mais profundas. Estas, no entanto, são condições mais raras e especiais.
Naturalmente que, na área da saúde, tornam-se mais preocupantes alguns procedimentos e cuidados aplicados a pacientes PNEs. Equipes multidisciplinares de modo geral conhecem melhor as necessidades destas pessoas e contam com psicólogos que auxiliam na elaboração de procedimentos, dinâmicas, no entendimento dos sentimentos dos pacientes e familiares envolvidos e na compreensão dos aspectos psicodinâmicos.
O problema principal ainda tem sido a falta de informação e treinamento dos profissionais de saúde para lidar com estes pacientes. Há pouca informação técnica nos cursos de graduação e o número de profissionais que realiza tratamento especializado a pacientes com necessidades especiais é muito reduzido. 
A odontologia, no Brasil, tem sido uma honrosa exceção, com um incremento grande de cursos de especialização e uma série de congressos e trabalhos publicados sobre o atendimento a pacientes especiais.
De modo geral, os casos mais frequentes de atendimentos especiais se dividem em três grupos: 
Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES), idosos e pacientes psiquiátricos.
Crianças com necessidades especiais de saúde (Crianes)
O termo Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (Children with Special Health Care Needs), ou CRIANES, surgiu pela primeira vez em 1998 nos EUA para caracterizar uma clientela específica de hospitais pediátricos que demandavam um tipo especial de cuidados, seja de forma temporária ou permanente, e que apresentavam múltiplos diagnósticos médicos, implicando em uma permanente dependência dos serviços de saúde em diversas especialidades.
No Brasil, a população mais carente agrava as estatísticas relativas à CRIANES em função da pobreza que aumenta a exposição da criança e da gestante ao adoecimento e a cronicidade de problemas de saúde.
São considerados quatro padrões específicos de demandas especiais de saúde para esta clientela. São elas:
Crianças com disfunção neuromuscular (requerem reabilitação psicomotora e social); Crianças dependentes de aparelhagem tecnológica (cateter semi-implantável, bolsas de colostomia, ureterostomia, cânula de traqueostomia etc.); Crianças fármaco-dependentes (antirretrovirais, cardiotônicos, neurolépticos, etc.); Crianças que dependem de modificações na forma habitual de cuidar, incluindo aquelas que necessitam de alterações específicas nas AVDs (Atividades da Vida Diária).
De modo geral, são todas as crianças que dependem, ainda que em casa, de uma atenção complexa e contínua. Estes cuidados domiciliares especiais são divididos em duas categorias:
1. O cuidado natural, que se intensifica a níveis muito acima dos necessários às crianças em geral.
2. O cuidado singular, que se refere aos cuidados próprios, específicos e inerentes à condição particular de cada criança com necessidades especiais de saúde.
Idosos
A principal questão ética envolvida no trato com idosos diz respeito ao falso pressuposto de que, por estar velho, o indivíduo perde sua condição decisória ou seu direito à preservação da privacidade. A própria família, com o argumento de “poupar” o idoso de ansiedades ou aspectos negativos, se coloca como intermediária na relação do profissional de saúde com seu paciente.Esta intermediação só pode ser aceita mediante a comprovação da incapacidade do idoso em tomar suas próprias decisões e atitudes.
Existem meios adequados de transmitir diagnósticos ou necessidades que minimizam impactos e danos emocionais desnecessários. Os direitos à informação, privacidade e confidencialidade do paciente não podem ser quebrados em função de sua idade e sim em casos de incapacidade, que o fazem necessitar de terceiros que por ele se responsabilizem. 
Nestes casos, é preciso deixar claro que a fidelidade do profissional de saúde é com o paciente e cabe exclusivamente ao profissional decidir que informações são essenciais para que os representantes tomem as decisões necessárias e quais informações são desnecessárias e dizem respeito, exclusivamente, à pessoa do idoso.
O profissional que atende ao idoso deve preservar fundamentalmente o vínculo de confiança com seu paciente e este vínculo está baseado na integralidade da sua pessoa. 
A autonomia decisória e as convicções pessoais devem ser respeitadas ao máximo e, mesmo em situações de incapacidade temporária ou definitiva, o idoso tem direito a ver respeitadas as decisões tomadas antecipadamente.
Pacientes psiquiátricos
Dentre os diversos aspectos éticos envolvidos no atendimento a pacientes psiquiátricos, um tema de especial complexidade diz respeito à internação e tratamentos involuntários e sua conflitante prática com os princípios do consentimento informado e da autonomia do paciente.
Historicamente, a prática de aceitar a internação involuntária de doentes mentais tem relação a dois antigos pressupostos:
1. Periculosidade destes pacientes. 
2. Cronicidade de seus quadros clínicos.
A possibilidade de levar outros ou a si mesmo a riscos iminentes de ações violentas e a ideia equivocada de que as patologias mentais são intratáveis ou permanentes, sendo apenas controladas temporariamente pelo uso de medicação, têm justificado este tipo de violência contra a pessoa em casos que seriam perfeitamente tratados ambulatorialmente. Ainda que viessem necessitar de internação, esta fosse realizada com o consentimento do paciente.
Paralelamente à internação involuntária, vemos ainda o uso frequente de força física ou aplicação de medicamentos como expedientes utilizados na contenção de comportamentos de agressividade ou ansiedade extrema. Na maioria das vezes são pessoas que estão tendo seus direitos e dignidade sendo aviltados à sua revelia, o que por si só justificaria uma atitude de desespero, ou ainda pacientes internados que vivem em condições de ócio e negligência assistencial.
Seja qual for o caso, a repressão através de violência física ou química poderia ser muito facilmente substituída por profissionais preparados para lidar de modo apropriado com estas manifestações de medo e ansiedade.
Aula 10: Maus tratos, abusos e sanções legais
Ela está dividida em dois segmentos distintos: 
No primeiro…
Humanização do ambiente hospitalar, veremos como o avanço nas tecnologias de saúde trouxe inicialmente o abandono de uma atitude mais humanista das relações com os pacientes.  Entenderemos como ahumanização destes ambientes depende também da humanização das relações institucionais internas e analisaremos alguns aspectos da legislação brasileira que garante os direitos dos pacientes.
No segundo…
Maus-tratos, abusos e sanções legais -, analisaremos o conceito de violência e como os profissionais de saúde estão expostos diretamente às consequências das diversas formas de violências presentes na sociedade. Entenderemos porque idosos e crianças são as vítimas mais frequentes de abusos e de que maneira os profissionais de saúde têm responsabilidades na notificação destes casos.
Humanização do ambiente hospitalar
Para finalizar esta nossa última aula, faremos uma análise do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e veremos como ele tipifica e qualifica os diferentes tipos de violência contra a infância.
A valorização da ciência, a partir essencialmente do século XVIII, produziu muitas mudanças na vida e na rotina das pessoas,independente destas serem ou não diretamente interessadas em ciência. 
Antes do apogeu positivista da ciência, os hospitais eram locais de exclusão social onde apenas os pobres recorriam (uma vez que os mais abastados traziam os médicos e demais cuidados de saúde para o interior de suas residências) e, na maioria das vezes, a atenção assistencialista do hospital se direcionava para os cuidados materiais e espirituais, uma vez que a cura das doenças não aparecia como alternativa prioritária aos ali internados.
A partir do desenvolvimento da ciência, esta situação se altera em função do grande interesse experimental na análise de patologias e medicamentos. O hospital passa a ser um local de estudo, de aprimoramento de meios de diagnóstico e tratamento. Assim, o foco passa a ser a abordagem técnica e científica das doenças.
Se por um lado esta nova perspectiva faz com que o hospital deixe de ser um local de morte e passe a ser visto como uma instituição de recuperação…
Por outro, condutas associadas ao conforto espiritual ou ao assistencialismo ficaram esquecidas em detrimento da nova abordagem científica.
Nomes passam a ser substituídos por diagnósticos e a maioria dos profissionais de saúde passa a ignorar cuidados básicos de atenção à pessoa do paciente, em detrimento de um profundo rigor na percepção do traçado eletrocardiográfico e da pressão venosa. Assim, houve aparentemente uma inversão de valores associados aos cuidados em saúde. 
Como em uma gangorra, se até o século XVIII a atenção pessoal parecia compensar a carência de possibilidades que a ciência tinha a oferecer, a partir daquele momento os conhecimentos técnicos referentes aos problemas de saúde pareciam tornar desnecessários qualquer atenção pessoal mais cuidadosa com a pessoa do doente.
A abordagem contemporânea de saúde, impregnada de uma perspectiva mais holística, entende que as patologias não podem ser interpretadas exclusivamente através dos órgãos nos quais os distúrbios se exibem, mas precisam ser analisadas sob uma concepção mais global do ser humano, deixando de lado a percepção dualista e compreendendo a pessoa como uma unidade. 
Assim, por definição, esta nova abordagem assume um caráter mais humanístico e a atenção aos componentes subjetivos da doença, seus aspectos emocionais, componentes mórbidos, além da fisiopatologia e demais aspectos das dimensões sociais e psíquicas passam a ser valorizados. Busca-se hoje dosar novas tecnologias e medicamentos de última geração com o relacionamento entre as pessoas, procurando equilibrar ciência e ética através da noção de valores humanos.
A dificuldade na instalação desta humanização do ambiente hospitalar, no entanto, começa pela própria incongruência das circunstâncias. Como em qualquer outra instituição, o hospital convive com objetivos financeiros, políticos, pessoais e uma série de situações de vida que frequentemente se conflitam e transformam ações em instrumentos de anseios nem sempre éticos ou coletivos.
Assim, a humanização do atendimento de saúde passa, primordialmente, pela humanização das próprias relações institucionais.
Os profissionais de saúde submetem-se em sua atividade a tensões psicológicas provenientes do contato permanente com a dor alheia, tensões relativas ao seu desempenho que pode representar a diferença entre a vida e a morte de pessoas, além das pressões que muitos trabalhadores vivenciam, independente de suas áreas de atuação, como as condições salariais e de trabalho. 
Cuidar destes profissionais e humanizar suas relações de trabalho é o passo inicial de qualquer processo de atenção. Outro importante aspecto diz respeito à consciência de que um trabalho bem sucedido depende:Tanto da qualidade técnica do profissional. Quanto da qualidade interacional entre profissional e paciente.
Há uma profunda melhora no desempenho dos profissionais de saúde quando estes são capazes de interpretar aspectos emocionais de seus pacientes.
Com isso, conseguem também  minimizar resistências, otimizar relatos e adesões aos tratamentos.
É fundamental que o profissional de saúde aprimore seus conhecimentos dos aspectos interpessoais da tarefa assistencial e conheça estratégias profissionais de lidar com estas situações.
Violência
Uma das características mais marcantes das sociedades é a violência. Em todas as camadas sociais das mais diversas culturas, vemos historicamente este grave problema social atingindo indiscriminadamente a todos. 
Reconhecer e repudiar um comportamento violento está diretamente associado à existência de valores éticos. Apenas o cultivo destes valores nos indivíduos é capaz de fazer frente a este tipo de prática que se dissemina como um vírus nas sociedades.
Os profissionais de saúde, no exercício de suas funções, também estão expostos a presenciar situações de violência e precisam pautar suas condutas e respostas a estas situações em padrões éticos que os impeçam de compactuar com qualquer espécie de covardia ou injustiça contra o outro.
Se o profissional estiver atento a estas situações e imbuído da convicção de não compactuação, certamente também estará isento da prática de negligência, abusos e desrespeitos que, infelizmente, ainda estão presentes no exercício profissional de alguns.
OMS
( Organização Mundial de Saúde)
Em seu Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, um extenso documento publicado em Outubro de 2002, define violência como sendo “o uso intencional de força física ou poder, real ou em forma de ameaça, contra si próprio, contra o outro, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.
Assim, um ato violento é um comportamento que se opõe à ética, na medida em que nega os valores e direitos básicos da pessoa, a “coisifica” e a suprime de sua dignidade e condição de igualdade. Desta forma, tendo o profissional de saúde o reconhecimento da dignidade das pessoas, o respeito pelo outro e a consciência dos valores e direitos humanos, estará moralmente preparado para o enfrentamento destas situações.
Em 1982, a ONU (Organização das Nações Unidas) em assembleia geral instituiu a Resolução 37/194 que trata de princípios de ética médica aplicáveis à função do pessoal de saúde, especialmente aos médicos, na proteção de prisioneiros ou detidos, contra tortura e outros tratamentos cruéis. 
Nesta Resolução, composta por uma série de princípios que não se limitam às pessoas em condição de presos formais, mas se estendem a qualquer indivíduo em condição de privação de sua autonomia de liberdade consta, dentre outros de: “uma grave violação da ética médica, bem como uma ofensa aos instrumentos internacionais aplicáveis na área da saúde, participar ativa ou passivamente nos atos que constituem participação, , cumplicidade, incitamento ou tentativa para cometer tortura ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.
Deixa claro, assim, a concepção de que presenciar maus-tratos, abusos ou comportamentos degradantes, não os denunciar ou evitar, transforma o profissional de

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