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Energias de ordem física - Medicina Legal França (Resumo)

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Rodrigo Batista Irikura
Energias de ordem física:
Conceito: lesões produzidas por uma modalidade de ação capaz de modificar o estado físico dos corpos e cujo pode resultar em ofensa corporal, dano à saúde e morte.
Energias de ordem física: 
Temperatura
Pressão atmosférica
Eletricidade 
Radioatividade 
Luz
Som
Temperatura:
Suas modalidades são: o frio, calor e oscilação da temperatura.
Frio:
O frio normalmente faz vítimas de forma acidental, porém, não é raro crime doloso, principalmente em abandono de recém nascidos.
A ação geral do frio leva à alterações do sistema nervoso, tais como: fadiga, sonolência, convulsões, delírio, perturbação dos movimentos, anestesias, congestão ou isquemia das vísceras.
A ação localizada do frio, também conhecida como geladura, causa lesões muito semelhantes com queimaduras pelo calor e são classificadas em:
Primeiro grau: lesão caracterizada pela palidez da pele e aspecto anserino
Segundo grau: eritema e formação de bolhas com conteúdo claro ou hemorrágico
Terceiro grau: necrose do tecido mole com formação de crostas enegrecidas, aderentes e espessas
Quarto grau: grangrena ou desarticulação
Diagnóstico da morte pelo frio:
Hipóstase vermelho-clara
Rigidez cadavérica precoce, intensa e duradoura
Sangue de tonalidade menos escura
Sinais de anemia cerebral
Congestão polivisceral
Sangue de pouca coagulobilidade
Espuma sanguinolenta nas vias respiratórias
Erosões e infiltrados hemorrágicos na mucosa gástrica (Sinal de Wischnewski)
Calor:
Pode atuar de maneira difusa ou direta
Calor difuso: dividido em insolação e intermação.
Insolação: é proveniente do calor em espaços aberto ou mais raramente em espaços confinados.
A interferência do Sol não é a causa exclusiva da insolação. Fatores intrínsecos também contribuem diretamente para a insolação tais como: estado de repouso ou atividade, patologias preexistentes, metabolismo basal e hipofunção paratireoidiana e suprarrenal do indivíduo.
Intermação: ocorre exclusivamente do excesso de calor ambiental, lugares mal arejados, quase sempre confinados e sem ventilação necessária, surgindo, geralmente de forma acidental.
Sinais de morte pelo calor variam:
Secreção espumosa e sanguinolenta das vias respiratórias
Pecrocidade da rigidez cadavérica
Putefração antecipada
Congestão e hemorragia das vísceras (coup de chaleur)
O diagnóstico é feito pelos antecedentes, pela análise das condições locais e pela ausência de outras lesões sugestivas de causa mortis.
Calor direto:
Tem como consequência as queimaduras, podendo ser de maior ou menor extensão, mais ou menos profundas e advindas de chamas, gases superaquecidos, do calor irradiante, dos sólidos quentes e dos raios solares.
Classificação de Hoffmann:
Primeiro grau: eritema simples, onde a vasodilatação normalmente afeta apenas a epiderme, um exemplo são as queimaduras solares. São características principais: eritema, edema e dor (Sinal de Christinson), e como a vasodilatação é uma resposta vital, as lesões de primeiro grau não ocorrem em um cadáver.
Segundo grau: Além do eritema, apresenta pequenas vesículas possuindo líquido amarelo claro, seroso, rico em albuminas (Sinal de Chambert).
Terceiro grau: São produzidos por chamas ou sólidos superaquecidos causando a coagulação necrótica em tecidos moles. Esse tipo de queimadura facilmente atinge os tecidos musculares, há uma grande chance de se tornarem infecciosas e são menos dolorosas uma vez que há a destruição dos nociceptores presentes na epiderme e derme.
Quarto grau: São mais profundas e extensas quando comparadas ao de 3° grau e se particularizam pela carbonização do plano ósseo, podendo ser localizada ou generalizada.
Carbonização generalizada: redução do volume do corpo e condensação dos tecidos. O morto toma a posição de lutador (semiflexão dos membros superiores e dedos em garras).
A “posição de boxer” ou atitude epistótomo, é caracterizada pela hiperextensão da cabeça sobre o pescoço e hiperextensão do tronco em forma de arco, ocorrem pela retração dos músculos da nuca, da goteira vertebral e da região lombar. Os cabelos tornam-se crestados, quebradiços e entortilhados. 
Na parte atingida pelo fogo, ela é negra, acartonada e ressoa à percussão. No rosto há perda dos sulcos nasogenianos, a boca aberta e os dentes salientes. Ossos longos podem apresentar fissuras.
Queimadura in vivo ou post mortem:
Para saber se a pessoa estava viva durante o incêndio, o sinal mais característico é a presença de fuligem ao longo das vias aéreas inferiores. O calor da fumaça também causa edema e hiperemia da laringe, faringe, da parte superior do esôfago e da mucosa traqueobrônquica, esta ultima sendo evidenciado o aumento da produção de muco.
Lesões post mortem normalmente não apresentam flictneas (vesículas contendo líquido), porém quando apresentam são preenchidas apenas de líquido, enquanto que lesões in vivo apresentam conteúdo seroso e exsudato inflamatório.
Queimaduras por calor irradiante e gases normalmente respeitam o contorno da vestimenta, queimaduras por objetos sólidos respeitam contornos, queimaduras por chamas normalmente começam de baixo para cima enquanto as influenciadas por líquidos iniciam-se de cima para baixo, dando às lesões o aspecto de contorno geográfico.
Temperaturas oscilantes: a oscilação da temperatura tem como principal problema a exposição do organismo humano. Em locais (tanto regiões como locais de trabalho) onde há oscilação de temperatura, os indivíduos são mais propensos a apresentarem pneumonia, broncopneumonia e tuberculose.
Pressão atmosférica:
Diminuição da pressão atmosférica: causa uma diminuição da concentração dos gases dissolvidos no sangue, tanto mais rapidamente quanto maior for a velocidade de descompressão. Além disso ocorre a anoxia, causada pela diminuição da pressão parcial de oxigênio no interior dos alvéolo.
Aumento da pressão atmosférica: os principais profissionais que correm perigo são aqueles que trabalham submersos ou em túneis subterrâneos. O aumento da pressão atmosférica causa principalmente pelos “barotraumas”: patologia de compressão e patologia de descompressão.
Patologia de compressão: intoxicação por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico
Patologia de descompressão: embolia devido à maior quantidade de gases dissolvidos no sangue
Eletricidade:
São subdivididas em eletricidade natural ou cósmica e eletricidade artificial.
Eletricidade Natural:
Fulminação: eletricidade natural agindo letalmente no homem
Fulguração: eletricidade natural provocando apenas lesões corporais
Fatores que determinam a natureza, gravidade e intensidade das lesões: 
Corrente contínua da eletricidade atmosférica
Resistência de corpo atingido
Tensão elétrica (Voltagem)
Duração do contato da vítima com a corrente 
Trajeto da corrente
Lesões externas por eletricidade natural: aspecto arboriforme e arroxeado conhecidas como sinal de Litchtenberg, podendo desaparecer em caso de sobrevivência. Essa marca surge cerca de uma hora após a descarga e costuma sumir em 24 horas.
Em geral as mortes causadas por eletricidade atmosférica são causadas por inibição direta dos centros nervosos por paralisa respiratória e por asfixia. Pode acontecer também por efeitos cardíacos e fibrilação ventricular.
Outras alterações:
Queimaduras
Hemorragias musculares
Ruptura dos vasos de grosso calibre 
Congestão polivisceral
Fluidez do sangue
Congestão e hemorragia dos globos oculares
As lesões mais intensas são encontradas nos locais de entrada e saída da corrente (normalmente na cabeça, tórax e pé).
Eletricidade artificial ou industrial:
Os danos por esse tipo de eletricidade são denominados de eletroplessão, podendo ser de origem acidental, homicida ou suicida.
Eletroplessão: qualquer efeito proporcionado por eletricidade industrial, com ou sem êxito letal.
As lesões superficiais variam de acordo com a corrente
Lesão mais frequente = marca elétrica de Jellinek: lesão da pele de forma circular, consistência endurecida, tonalidadebranco amarelada, fixa, indolor, bordas altas, leito deprimido, asséptica e de fácil cicatrização.
Lesões no couro cabeludo são semelhantes as da pele, contudo há grande perda de tecido.
Os pelos apresentam suas pontas chamuscadas e de forma helicoidal, por meio da raspagem do local é possível evidenciar, laboratorialmente, a presença de metais fundidos.
Quando a eletricidade é de alta tensão, dá margem às lesões mistas, ou seja, à marcar e à queimadura.
Eletrocussão: eletricidade utilizada como pena judicial, provocada por uma intensa carga de energia elétrica que passa por todo o corpo, principalmente pelo cérebro e pelo coração.
Marca elétrica: refere-se apenas pelo local de entrada da corrente elétrica, é pouco significativa e pode passar até despercebida. Sua ausência não quer dizer que não houve passagem da corrente elétrica.
Queimadura elétrica: refere-se à lesão proveniente do calor produzido pela corrente elétrica nos tecidos, tornando a pele escura, apergaminhada, bordas nítidas, sem área de congestão ou presença de flictenas. São classificadas em:
Tipo poroso: com aspecto das imagens histológicas do pulmão
Tipo anfractuoso: parecido com esponja rota e gasta
Tipo cavitário: em forma de crateras com tecidos carbonizados
Etiologia das mortes causada por eletricidades:
Morte pulmonar: devido à tetanização dos músculos pulmonares, causando asfixia do indivíduo.
Morte cardíaca: a descarga elétrica causa contração fibrilar do ventrículo
Morte cerebral: ocasionada pela hemorragia nas meninges, hiperemia dos centros nervosos e edema da substância branca e cinzenta do cérebro
Radioatividade:
As principais lesões locais são as radiodermites enquanto que as de ação geral incidem sobre órgãos profundos, principalmente as gônadas.
As radiodermites podem ser agudas ou crônicas:
Agudas: 
1° grau: são temporárias, podendo apresentar a forma eritematosa e depilatória, pode durar cerca de 60 dias e deixa uma mancha escura que desaparece lentamente.
2° grau: são na forma papuloeritematosa, são representadas geralmente por ulceração muito dolorosa e recoberta por uma crosta seropurulenta. São de difícil cicatrização, deixando em seu lugar uma placa esbranquiçada de pele rugosa, frágil e de característica atípicas.
3° grau: há presença de zonas de necrose, de aspecto grosseiro e grave. São conhecidas como úlceras de Roentgen.
Crônicas:
Essas lesões podem ser locais e apresentar forma úlcero-atrófica, teleangiectásica ou neoplásica.
Além da forma indiscriminada utilizado pelo rádio perante ao paciente, pode ser encontrada como forma de arma nuclear. 
Alguns de seus danos são semelhantes aos encontrados por lesões pela radioterapia, outras são em consequência da explosão causando assim lesões de ordem mecânica. Em Hiroshima foram evidenciados lesões por queimaduras de 2° grau, enquanto que mais tarde os efeitos radioativos apresentaram em graves repercussões genéticas, neoplásicas e cutâneas daquela população.
Luz e Som:
A ação intensiva da luz sobre a visão pode acarretar a consequências graves, com a cegueira total. 
Radiações não ionizantes, como o infravermelho, o ultravioleta, podem acarretar lesões sobree o cristalino e as conjuntivas, respectivamente. O raio laser consegue concentrar uma grande intensidade de energia em um único lugar, causando assim uma maior lesão nas córneas e no cristalino.
Já o som, comumente pode causar dano principalmente em acidentes de trabalho, onde há uma grande poluição sonora, ou acidentalmente como em tiros ou explosões. 
Epilepsia acustogênica: comum em radiotelegrafistas e telefonistas, causando lesões auditivas e lesões psíquicas.
A exposição crônica ao ruído pode acarretar à perda audível irreparável.
Além da perda auditiva permanente, o ruído intenso pode produzir outros efeitos como zumbidos, o recrutamento, a perda da discriminação da fala e otalgia. 
Referência:
De França, G.V.; Medicina Legal. 10ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

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