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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
DOCENTE: CLAUDIO PEDROSA NUNES
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
DIREITO E MORAL
SOUSA/PB
2014
Regiane Hintze Deus Lima Cravid
DIREITO E MORAL
Trabalho apresentado a Universidade Federal de Campina Grande – UFCG – Campus-Sousa, como requisito parcial para avaliação da disciplina de Introduçao ao Estudo do Direito, sob a orientação da professor Claudio Pedrosa Nunes.
SOUSA/PB
2014
SUMÁRIO
1- Introdução
2- A Moral
3- O Direito
4- As Teorias dos Círculos
5- Semelhanças e Distinções entre Direito e a Moral
6-Referências Bibliográficas
RESUMO
O presente trabalho tem como foco, a relação entre o direito e a moral. Abordando as semelhanças e diferenças, analisando as suas origens, teorias e campos em que as mesmas exercem as suas competências. O trabalho foi feito com base em pesquisa bibliográfica, de doutrinadores de renome como: Hans Kelsen, Paulo Nader, Eduardo Bittar e Miguel Reale, tendo como criterio para a escolha desses doutrinadores, a qualidade das suas pesquisas exaustivas, pelo esclarecimento prático dos conceitos e principlamente, pela busca de uma melhor compreensão do tema a ser abordado.
Palavras chaves: Direito , Moral, Liberdade, Obrigatoriedade e Teorias.
INTRODUCÃO
Um dos problemas mais difÍceis e complexos de esclarecer é a diferença entre a Moral e o Direito, sendo que esses dois conceitos não devem ser confundidos, nem tão pouco separados, e sim compreendidos como complementos. Desde a mais remota antiguidade, que o direito sempre esteve envolvido na moral e na religião. O preceito honeste vivere ( vivere honestamente), que nas Institutas de Justiano, como verdadeiro preceito jurídico, não pode deixar de ser considerado, do mesmo modo, princípio moral, tendo por outro lado a definição de direito de Celso, jus est ars boni et aequi ( o direito é a arte do bem e do justo) confundindo o campo da moral e do direito. Foi em Roma, que pela primeira vez na história, se apresenta o direito livre e independente da moral.Apesar de em muitos conceitos jurídicos, parecerem imprecisos e confundidos na esfera jurídica e na esfera moral, é inegável a separação mesmo que confusa do Direito e da Moral
Com o desaparecimento do Império Romano, a Europa vivenciou uma época de declínio cultural, e alguns aspecto podendo ser comparado aos povos primitivos. Com a Reforma Luteranaou Calvinista, travaram-se lutas violentissímas no mundo europeu.Os protestantes dividiram se em diversas correntes, de maneira que não havia conflito apenas entre a igreja católica e os protestantes, mas também entre os protestantes entre si. Os chefes de Estado, passaram a interferir nas convicções religiosas dos seus súditos, sendo que uns queriam que os súditos fossem protestantes e outros católicos. Essa interferência do poder público na vida privada dos seus súditos, criou a necessidade de distinção entre as competência jurídicas, as morais e as religiosas. Thomassius, jurista e filósofo alemão dizia que: “o direito se ocuparia apenas dos aspectos exteriorizados e a Moral aquilo que se processa no plano interno” ( Nader, 2013, p 38). Pode ser dizer qque essa teoria é um pouco radical , pois Thomasssius ao elaborá-la, fê-lo com motivação política, pois quis ele extrair da competência Estatal, as questões referentes ao pensamento, a liberdade de consciência , a ideologia, e a crença religioza. A moral e o direito passaram a ser diferenciadas.
A MORAL
Moral é a conduta, ação, que se é praticada de acordo com princípios éticos. Moral se entende como um conjunto de regras adquiridas por meio da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, que orientam o comportamento humano, dentro e fora da sociedade.
Está associada aos valores e costumes estabelecidos por cada cultura ou por cada sociedade a partir da consciência individual, que distingue o bem do mal, o certo do errado. A noção do bem, fazer o bem, é a base fundamental da moral, bem esse que pode ser considerado tudo aquilo que promove a pessoa de uma forma integral, ou seja a plena realização da pessoa, tendo como fonte, a ordem natural das coisas, aquilo que a natureza ensina e revela, a união da experiência e da razão.
A moral tem como outros princípios a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, princípios esses que se encontram gravados na consciência, que determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores que variam de acordo com a sociedade e de acordo com o indivíduo, que regem a conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas. A moral pode ser natural e positiva, sendo que a moral natural consiste na ideia do bem captada diretamente da fonte da natureza, bem esse que não varia no tempo, e no espaço e que deve servir de critério a moral positiva. Já a moral positiva está dividida em três esferas: a Moral autônoma, Ética superior dos sistemas religiosos, e a Moral social. 
A Moral autônoma corresponde a noção de bem, que cada indivíduo possui, consiste na escolha livre e isenta de qualquer condicionamento, com que cada um elege o seu dever-ser. 
A Ética superior dos sistemas religiosos, consiste nas noções fundamentais sobre o bem, que as religiões transmitem aos seus seguidores. Sendo que muitas vezes as normas transmitidas por determinada religião, que o indivíduo aderiu vão contra os seus próprios principios de moral, dando origem assim a um conflito entre as normas e a sua consciência. Nesse momento, a ética superior passa a ser heterônoma, ou seja as normas serão acatadas contra a vontade do indivíduo, mas em obediência a uma crença superior.
A Moral social por sua vez é constituida por principios e critérios temporais, que orientam a conduta dos indivíduos em cada época e sociedade. “ Princípios puramente morais como os dos bons costumes, da boa-fé, da lealdade comercial, da equidade etc., foram consagradoss pelo direito de quase todos os povos, sem discrepâncias”( Pauperio, 1981, p.56)
Em sociedade cada um pode viver consuante as exigências morais do grupo em que está incluido, sabendo que será julgado consuante os principios morais estabelecidos.
O DIREITO
Direito é um conceito complexo e multifacetado, mas nesse contexto, pode ser definido como; normas imperativas vigentes de conduta social, que têm como objetivo manter a estabilidade e paz social, que caso violadas ou ameaçadas podem ser aplicadas coercitivamente. O direito estabelece restrições, para que se torne possível a coexistência pacífica, pois a sua finalidade é dirigir a conduta humana em sociedade. Ontologicamente o direito pode ser: direito como norma, como faculdade, como justo, como ciência, e como fato social.O direito norma pode ser positivo ou natural, sendo o direito positivo a norma imperativa vigente e o natural que é o fundamento do direito positivo.Como principal característica,o direito tem a coercibilidade, pelo fato dele ser obrigatório, e que caso ameaçado ou violado pode ser aplicado por meio de força psicológica ou material.
“O direito é uma espécie de moral social, porque regula o comportamento interno da sociedade, de modo a discilpinar a vida das pessoas e dos grupos, em suas relações recíprocas”( Pauperio, 1981, p.55)
AS TEORIAS DOS CÍRCULOS
 Com a problematica da distinção entre o direito e a moral, algumas teorias surgiram com a intenção de tentar explicar as relações e distinçoes existentes, entre a norma jurídica e a norma moral.
A teoria dos círculos concêntricos concebida por Jeremy Bentham, jurisconsulto e filósofo inglês, analisa a relação entre o direito e a moral, através da figura geométrica dos círculos. Nessa comparação os dois círculos seriam concêntricos, sendo que o maior é pertence a moral e o menor ao direito, ou seja que o direito subordina-se as regras morais. A ordem jurídica estaria completamente incluída no campo da Moral.
A teoria dos círculos secantes, para Du Pasquierhá dois círculos que se cruzam até um determinado ponto, ou seja que o direito e a moral, possuem pontos em comum, sobre os quais ambos possuem competência para atuar, mas que há áreas específicas em que cada um não interfere na outra.
A visão Kelseniana, elaborada por Hans Kelsen consiste na disvinculação do direito da moral, concebendo-os como esferas independentes. Para ele, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais.
	A teoria do Mínimo ético, desenvolvida por Jellinek, consiste na ideia de que o Direito representa apenas o mínimo de preceitos morais, necessários ao bem estar coletivo. Essa teoria defende que as normais morais mais importantes, são transformadas em normas jurídicas, ou seja de que tudo é que é direito é moral, mas nem tudo que é moral é direito. Para Jellinek, o objetivo do direito é a segurança social, e não o aperfeiçoamento do homem, por esse motivo não deve, nem precisa ser uma cópia da Moral, necessitando apenas do mínimo de conteúdo ético, indispensável a segurança social. 
DISTINÇÕES E SEMELHANÇAS ENTRE O DIREITO E A MORAL
A moral pode ser definida como conjunto de regras que regulam a esfera intíma dos indivíduos, regras essas que guiam as suas consciências. O direito, por sua vez, pode ser entendido como conjunto de regras que apenas regulam a esfera externa dos comportamenntos humanos em sociedade. Tanto a Moral como o Direito têm em comum o fato de ambos serem normas de conduta social que visam a estabilidade e segurança social.
Quanto as diferenças pode-se salientar as quatro distinções mais visíveis entre o direito e a moral, que são:
Bilateralidade do Direito – Unilateralidade da Moral
Exterioridade do Direito –Interioridade da Moral
Heteronomia do Direito –Autonomia da Moral
Coercibilidade do Direito- Incoercibilidade da Moral
	A bilateralidadedo direito pode ser encontrada nas suas normas pelo seu carácter imperativo-atributivo, por darem direitos e atribuirem obrigações. Tendo como exemplo: o trabalhador possui direitos, o empregador possui deveres. Já a Moral é unilateral porque, apenas impõe deveres, pois ninguém pode exigir de outrem uma conduta, segundo a moral.
	A exterioridade do direito, refere-se ao fato do direito cuidar das ações humanas em sociedade, ou seja somente aquilo que é projetado no mundo exterior fica sujeito à possível intervenção do Poder Público. A moral cuida da interioridade, no sentido que a moral se preocupa com o que o indivíduo processa no plano da consciência. Enquanto uma ação se desenrola no foro intímo, ninguem pode interferir e obrigar um indivíduo a fazer ou a deixar de fazer algo. O Direito rege as ações exteriores do homem, ao passo que as ações íntimas pertencem ao domínio especial da Moral.
A heteronomia do direito se baseia no fato de que suas normas subjugam a vontade do destinatário, impõe-se como vontade estranha, superior, que exige obediência incondicional, não leva em conta a convicção e assentimento do destinatário. A autonomia da moral, caracteriza se pelo fato da norma moral não se sobrepor a vontade, exige liberdade, pois o ato moral só tem valor se praticado de livre e espontânea vontade, pois caso contrário seria um ato imoral.
A coercibilidade é uma das notas fundamentais do direito, pois entre todos as normas que regem a conduta social, apenas o direito é coercitivel, ou seja capaz de aplicar a força organizada do Estado, para garantir o cumprimento e o respeito pelos seus preceitos, caso violados ou ameaçados. A moral é incoercitivel pelo fato dela querer ser cumprida de livre vontade e convicção, sendo que a moral recusa qualquer recurso coativo.
CONCLUSÃO
Pode se concluir que tanto o direito como a moral, são normas de conduta social, que visam o bem estar e estabilidade social. São conceitos que por muito tempo foram confundidos, e que por meio de estudiosos foram distinguidos, um do outro. O direito e a moral são normas que não se excluem, pelo contrário se completam, e têm em muitos assuntos interferência conjunta. Muitas teorias foram elaboradas tentando explicar a relação existente entre esses conceitos , mas o que mais perto ficou da realidade foi a teoria dos círculos secantes, que afirma há uma intersecção entre diversos pontos entre direito e moral. Entre as diferenças existentes entre esses conceitos, pode-se realçar a obrigatoriedade, e coercibiliadade do direito e a liberdade de vontade e convicção, assim como a incoercibilidade da moral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bittar, Eduardo C.B. Curso de Ética Jurídica: ÉTICA Geral e Profissional. 7ª ed. São Paulo. 1981
Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2003
Nader,Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 35ªed. Rio de Janeiro: Editora Forense. 2013
Nóbrega, J. Flóscolo. Introdução ao Direito. 6ª ed. São Paulo: Sugestões Literárias. 1981
Reale, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25ªed. São Paulo: Saraiva. 2000
Pauperio, Artur Machado. Introdução ao Estudo do Direito. 5ªed. Rio de Janeiro. 1981.

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