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ESTUDO DE COMUNIDADE DA RESERVA FLORESTAL DA UESB – CAMPUS DE VITÓRIA DA CONQUISTA 1. INTRODUÇÃO Segundo Michael Bergon, Colin R. Townsend e John L. Harper (2007), o conjunto de populações de espécies que ocorrem no mesmo tempo e espaço é denominado comunidade. Ainda segundo esses autores o estudo do ecossistema das comunidades se baseia no entendimento da forma de distribuição das espécies na natureza, influências dos ambientes abióticos e interações entre populações de espécies. De acordo com Eugene P. Odum (1983), em uma comunidade, uma porcentagem relativamente pequena do numero total de espécies encontradas, é dominante (representada pelo grande numero de indivíduos ou grande biomassa) e uma porcentagem grande é rara. Um estudo fitossociológico não é somente conhecer as espécies que compõem a flora, mas também como elas estão arranjadas, sua interdependência, como funcionam,como crescem e como se comportam no fenômeno de sucessão(RODRIGUES & PIRES,1988). Segundo Braun Blanquet(1979),o estudo estrutural se ocupa do agrupamento e da valorização sociológica das espécies dentro de uma comunidade e da distribuição das mesmas,segundo formas vitais, e que apresentam vantagens pois,apartir desses estudos,pode-se deduzir o nível de desenvolvimento,as relações de competição,a área de distribuição.dentre outras propriedades da comunidade. O objetivo desse trabalho foi analisar a estrutura da comunidade vegetal abordando elementos quantitativos e qualitativos como densidade total, área basal total, altura média, estratificação, distribuição espacial e a abundância da espécie utilizando como área de estudo a reserva florestal da UESB, que trata-se de uma floresta estacional decidual, que se caracteriza por possuir uma grande diversidade de espécies. Segundo o manual de vegetação brasileira (1992), esse tipo de vegetação caracteriza-se por apresentar duas estações climáticas, uma chuvosa seguida por uma estação seca e longa. O padrão florestal é predominantemente caducifólio, que no período desfavorável a maioria das espécies fica despidas de folhagens. A formação decidual reveste o planalto da Conquista (BA). 2. METODOLOGIA Os estudos foram realizados na reserva florestal da UESB campus de Vitória da Conquista sob orientação do professor Avaldo Filho. Os levantamentos dos dados foram feitos em um fragmento da reserva de 30 x 10 m². Para a formação da parcela quadrada, os lados foram medidos diretamente com uma trena, delimitando a área do retângulo com barbante. Nesse lote, os estudos da comunidade foram divididos em dois aspectos: 1)O levantamento de dados ecológicos fitossociológicos que indicará os índices de importância vegetal. Os levantamentos fitossociológicos são estudos que compreende em identificação e altura das árvores, através da técnica de amostras. 2) Coleta de espécimes para herborização,ou seja,preservação e classificação. Colocou-se em cada planta uma tarjeta de alumínio para a identificação de espécime e posteriormente mensurou-se o perímetro da planta tomado Altura do Peito (PAP) ou DAP (diâmetro), sendo analisadas apenas aquelas árvores que apresentarem perímetro superior a 20 cm. As alturas das plantas foram tomadas com auxílio de uma vara e o podão auxiliando na coleta de espécimes de árvores mais altas. A medida das árvores permite traçar o perfil vertical da mata. As amostras foram acondicionadas em jornais para evitar perda de estruturas, e etiquetadas conforme a numeração das árvores. Depois de coletadas foram prensadas e levadas ao herbário, para que as identificações fossem feitas através das características das folhas, caule e galhos 3. RESULTADOS E DISCURSÕES Através da observação do padrão das folhas na lupa pode-se identificar características exclusivas, como a presença de glândulas encontradas na espécie Myrtaceae sp. Além da observação das folhas analisou-se também a presença de glândulas nos pedúnculos, por exemplo, na espécie Piptadenia sp. Foram encontradas glândulas alongadas. As espécies arbóreas com PAP (Perímetro na Altura do Peito) maior ou igual a 20 cm, que foram presentes na área, objeto deste estudo, encontram-se relacionadas nas tabelas 1 e 2. A biomassa arbórea da floresta corresponde ao somatório de Y (Y=Biomassa aérea em peso seco) Y=0,0899*(DAP²*H*S)0,9522 Onde, DAP = Diâmetro na Altura do Peito/ H= Altura da árvore e S=Densidade da madeira. Como não foi possível verificar a altura de todas as árvores, a biomassa foi calculada de acordo com os dados disponíveis, como se observa na tabela 1. Tabela 1. Nº ESPÉCIES PAP (cm) PAP (m) AB (m²) DAP (cm) ALT (m) OBSERVAÇÕES : Y 1 Erythroxylum 34 0,34 0,009 10,83 5,05 Folha simples/alternada 31,72 2 Myrtaceae sp1 32 0,32 0,008 10,19 2,5 Folha simples/oposta 14,47 3 Trichilia emarginata 23 0,23 0,004 7,32 5 Folha composta 14,93 4 Machaerium sp 52,5 0,525 0,022 16,72 10 Folha composta 139,06 5 Morfoespécie 1 26 0,26 0,005 8,28 8 NÃO DEFINIDA 29,49 6 Morfoespécie 2 73 0,73 0,042 23,25 NÃO DEFINIDA 0,00 7 Morfoespécie 3 46 0,46 0,017 14,65 NÃO DEFINIDA 0,00 8 Morfoespécie 4 22 0,22 0,004 7,01 NÃO DEFINIDA 0,00 9 Trichilia lepidota 28 0,28 0,006 8,92 5 Folha composta 21,71 10 Myrtaceae sp1 26 0,26 0,005 8,28 Folha simples/ oposta 0,00 11 Morfoespécie 5 80,5 0,805 0,052 25,64 12 NÃO DEFINIDA 373,36 12 Myrtaceae sp2 40,5 0,405 0,013 12,90 7 Folha simples/oposta 60,40 13 Morfoespécie 6 43 0,43 0,015 13,69 NÃO DEFINIDA 0,00 14 Morfoespécie 7 54 0,54 0,023 17,20 10 NÃO DEFINIDA 146,72 15 Myrtaceae sp1 30 0,3 0,007 9,55 Folha simples/oposta 0,00 16 Morfoespécie 8 59 0,59 0,028 18,79 NÃO DEFINIDA 0,00 17 Myrtaceae sp1 38 0,38 0,011 12,10 7 Folha simples/oposta 53,50 18 Trichilia emarginata 35 0,35 0,010 11,15 6 Folha composta 39,50 19 Myrtaceae sp1 32 0,32 0,008 10,19 8 Folha simples/ oposta 43,80 20 Metrodoria mollis 27,5 0,275 0,006 8,76 7 Folha composta 28,90 21 Morfoespécie 9 25 0,25 0,005 7,96 7 NÃO DEFINIDA 24,10 22 Metrodoria mollis 26,5 0,265 0,006 8,44 8 Folha composta 30,58 23 Morfoespécie 10 37,5 0,375 0,011 11,94 NÃO DEFINIDA 0,00 24 Morfoespécie 11 38 0,38 0,011 12,10 9 NÃO DEFINIDA 67,97 25 Morfoespécie 12 36 0,36 0,010 11,46 9 NÃO DEFINIDA 61,32 26 Morfoespécie 13 20 0,2 0,003 6,37 NÃO DEFINIDA 0,00 27 Machaerium 44,5 0,445 0,016 14,17 7,5 Folha composta 77,18 28 Morfoespécie 14 34 0,34 0,009 10,83 9 NÃO DEFINIDA 54,99 29 Morfoespécie 15 28,5 0,285 0,006 9,08 NÃO DEFINIDA 0,00 30 Morfoespécie 16 36 0,36 0,010 11,46 NÃO DEFINIDA 0,00 31 Morfoespécie 17 28 0,28 0,006 8,92 11 NÃO DEFINIDA 46,00 32 Morfoespécie 18 34,5 0,345 0,009 10,99 NÃO DEFINIDA 0,00 33 Morfoespécie 19 24 0,24 0,005 7,64 NÃO DEFINIDA 0,00 34 Morfoespécie 20 26 0,26 0,005 8,28 NÃO DEFINIDA 0,00 35 Morfoespécie 21 36,5 0,365 0,011 11,62 NÃO DEFINIDA 0,00 36 Anaderantera sp. 36 0,36 0,010 11,46 11 Folha composta 74,23 37 Piptadenia sp. 20,5 0,205 0,003 6,53 11 Folha bi composta 25,40 38 Anaderantera sp. 26 0,26 0,005 8,28 12 Folha composta 43,39 BIOMASSSA= 1502,72 Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies de um fragmento da reserva florestal da UESB. Espécie NDA DR AB DO ABr VC Erythrocylum sp. 1 33,3 87,7 0,09 3,07 0,18 43,95 Myrtaceae sp1 5 166,7 438,6 0,04 1,35 0,08 219,34 Myrtaceae sp2 1 33,3 87,7 0,01 0,44 0,03 43,87 Trichilia emarginata 2 66,7 175,4 0,01 0,47 0,03 87,73 Trichilia lepidota 1 33,3 87,7 0,01 0,21 0,01 43,87 Machaerium sp. 2 66,7 175,4 0,04 1,26 0,07 87,76 Metrodoria mollis 2 66,7 175,4 0,01 0,39 0,02 87,73 Anaderantera sp. 2 66,7 175,4 0,02 0,52 0,03 87,73 Piptadenia sp. 1 33,3 87,7 0,00 0,11 0,01 43,86 Morfoespécie 1 1 33,3 87,7 0,01 0,18 0,01 43,86 Morfoespécie 2 1 33,3 87,7 0,04 1,41 0,08 43,90 Morfoespécie 3 1 33,3 87,7 0,02 0,56 0,03 43,88 Morfoespécie 4 1 33,3 87,7 0,00 0,13 0,01 43,86 Morfoespécie 5 1 33,3 87,7 0,05 1,72 0,10 43,91 Morfoespécie 6 1 33,3 87,7 0,01 0,49 0,03 43,87 Morfoespécie 7 1 33,3 87,7 0,02 0,77 0,04 43,88 Morfoespécie 8 1 33,3 87,7 0,03 0,92 0,05 43,89 Morfoespécie 9 1 33,3 87,7 0,00 0,17 0,01 43,86 Morfoespécie 10 1 33,3 87,7 0,01 0,37 0,02 43,87 Morfoespécie 11 1 33,3 87,7 0,01 0,38 0,02 43,87 Morfoespécie 12 1 33,3 87,7 0,01 0,34 0,02 43,87 Morfoespécie 13 1 33,3 87,7 0,00 0,11 0,01 43,86 Morfoespécie 14 1 33,3 87,7 0,01 0,31 0,02 43,87 Morfoespécie 15 1 33,3 87,7 0,01 0,22 0,01 43,87 Morfoespécie 16 1 33,3 87,7 0,01 0,34 0,02 43,87 Morfoespécie 17 1 33,3 87,7 0,01 0,21 0,01 43,87 Morfoespécie 18 1 33,3 87,7 0,01 0,32 0,02 43,87 Morfoespécie 19 1 33,3 87,7 0,00 0,15 0,01 43,86 Morfoespécie 20 1 33,3 87,7 0,01 0,18 0,01 43,86 Morfoespécie 21 1 33,3 87,7 0,01 0,35 0,02 43,87 TOTAL 38 1266,7 3333,3 0,52 17,45 1,00 1667,17 Nota: N = número de indivíduos/ DA = Densidade Absoluta/ AB = Área Basal/ DO=Dominância/ ABr = Área Basal Retaltiva/ VC = Valor de Cobertura Gráfico 1- (PAP cm ): Gráfico 2 - (AB (m²) ): Gráfico 3 - (DAP (cm) ) : Gráfico 4 - ALT (m) : 4. CONCLUSÃO A reserva florestal da UESB apresenta uma composição típica da Floresta Estacional Decidual, por possuir várias espécies e por algumas espécies perderem suas folhagens no período seco. Na estrutura horizontal dentre as espécies identificadas a espécie Myrtaceae é a mais abundante, mais freqüente. A de maior área basal (dominância) é a espécie Erythrocylum. Também se destacam as espécies que possuem uma freqüência um pouco menor que são as Machaerium, Metrodoria mollis, e Anaderantera. A presença dessas espécies caracteriza esta floresta, determinando assim, a sua fisionomia típica. A estrutura vertical apresenta a distribuição das espécies Anaderantera sp,Piptadenia sp, morfoespécie 5 e morfoespécie 17 apresentam maiores alturas e que delimita o máximo que a floresta alcança, está entre 11 a 12m. A maior densidade dentre as espécies foi da Myrtaceae sp1 DA: 166,7 e DR: 438,6. 5. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS BERGON, M.; TOWNSEND, C.R.; HARPER, J.L. Ecologia: de indivíduos e ecossistemas. Porto Alegre: Editora Artmed, 2007. P.469. ODUM, E.P. Ecologia. Rio de janeiro:Editora Guanabara koogan S.A,1983. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. São Pulo: 5ed,2008. RODRIGUES, W.A., PIRES, J. M. Inventário fitossociológico. In: ENCONTRO SOBRE INVENTÁRIOS FLORÍSTICOS NA AMAZONIA. Manaus,1988.5p. BRAUN BLANQUET, J. Fitosociologia: bases para el estúdio de las comunidades vegetales.3ed. Madrid: H.Blume,1979. 820p. HACK, C., LONGHI, S.J. Análise fitossociológica de um fragmento florestal estacional decidual (artigo científico). Universidade federal de Santa Maria. Jaguari(RS),2005. ROLIM,S.G.,IVANAUSKAS, N.M. et al.Composição florística do estrato arbóreo da floresta Estacional semidecidual na Planície Aluvial do Rio Doce (artigo científico). Universidade Estadual do Norte Fluminense. Linhares (ES), 2006. Manual técnico da vegetação Brasileira. IBGE, 1992. 24p. Alunas(os) do curso Bacharelado em Engenharia Florestal,1°semestre na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Vitória da Conquista sob Orientação do professor Avaldo da matéria Ecologia.
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