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1 GRI Geopolítica, Regionalização e Integração. - Abordagem contemporânea da geopolítica, regionalização e integração, das macro políticas e das novas fronteiras internacionais. - Trata das novas interações e tendências econômicas dos países no cenário global. - Aborda a compreensão do advento da regionalização e integração de mercados. - Analisa a tendência do fim das fronteiras físicas para os produtos e os fatores de produção. - Trata também das perspectivas e cenários futuros e de como o Brasil se insere nesse momento. O que é Geopolítica???? - É uma área da Geografia que tem como objetivo fazer a interpretação dos fatos da atualidade e do desenvolvimento político dos países usando como parâmetros principais as informações geográficas. A geopolítica visa também compreender e explicar os conflitos internacionais da atualidade e as principais questões políticas da atualidade. - Geopolítica é uma disciplina das Ciências Humanas que mescla a Teoria Política à Geografia, considerando o papel político internacional que as nações desempenham em função de suas características geográficas — como localização, território, posse de recursos naturais, contingente populacional, etc.. - É o estudo da estratégia, da manipulação, da ação. Estuda o Estado enquanto organismo geográfico, ou seja, é o estudo da relação intrínseca entre a geografia e o poder. Método de análise que utiliza os conhecimentos da geografia física e humana para orientar a ação política do Estado. O que é Geografia Política??? - Geografia política é um ramo de geografia (e, mais especificamente, da geografia humana) que se dedica ao estudo da interação entre a política e o território, nomeadamente no que diz respeito à administração. - A geografia política moderna reflete as características políticas frente aos aspectos sócio-econômicos no âmbito local, regional, nacional e internacional. Os estudos desta área avaliam diversos fatores que determinaram uma situação já estabelecida como, por exemplo, as características demográficas frente ao desenvolvimento de um ramo da economia. 2 O FUNDADOR DA GEOPOLÍTICA O raciocínio geopolítico (o aproveitamento do espaço territorial e os limites que este impõe à ação do Poder) sempre influenciou os governantes desde a mais remota Antigüidade. Contudo, a normatização metodológica da geopolítica só ocorreu no século XIX. FRIEDRICH RATZEL (1844-1904), geógrafo alemão, “pai da geopolítica, autor do livro "ANTROPOGEOGRAFIA – FUNDAMENTOS DA APLICAÇÃO DA GEOGRAFIA À HISTÓRIA", que formulou conceitos fundamentais para a abordagem geopolítica da realidade internacional. Em primeiro lugar, a função do Estado, é expandir e defender o espaço territorial nacional e, além disso, Ratzel conceituava que as fronteiras nacionais são móveis, pois são determinadas pela capacidade político-militar de ampliá-las e de as manter. Importante é ressaltar que Ratzel reflete o momento histórico da unificação da Alemanha pela Prússia, processo marcado pela expansão militar. A Alemanha Imperial (o IIº Reich) surgiria em 1871 após três guerras: a “dos Ducados”, contra a Dinamarca (1864), a “Guerra Austro-Prussiana” (1866) e a “Franco-Prussiana” (1870). O raciocínio de Ratzel expressa esta íntima ligação entre “unidade política” (proposta de unificação nacional), necessidade de expansão territorial e poder militar. 3 Teoria Geral do Estado e a Geopolítica – Estado e Território A primeira função do Estado é a Política: o Estado como Poder e Vontade – vontade que sabe o que quer e poder para realizar esta vontade por intermédio de órgãos adequados. Essa Vontade e esse Poder, embora as pessoas não os vejam, estão sempre junto ao indivíduo, impondo, logo que se torne preciso, restrições aos desejos e propósitos dos cidadãos. O Estado atua, também, ativamente sobre o indivíduo, pelo imposto, pelo serviço militar obrigatório, pelas políticas, programas e marcos regulatórios voltados à reprodução econômica e de várias outras maneiras. Da mesma forma, o Estado é cada vez mais um realizador de obras públicas (estradas, portos, saneamento), de ensino, de cultura, bem como de outros serviços. Em alguns casos, o Estado os monopoliza; em outros, outorga-os a terceiros por meio de “concessões”. Todos os Estados modernos tomam a si iniciativas de cultura política, de previdência social e até de “lucro”, como empresários-exploradores de transportes, de energia, de mineração, de agricultura, de indústrias. Há uma verdadeira tutela patriarcal do Estado sobre toda a sociedade, em seus níveis e estendida a todas as partes do território. Presentemente e cada vez com maior intensidade, o Estado só atende aos desejos e interesses dos indivíduos quando coincidem com os interesses do próprio Estado. Ao lado das forças políticas que o Estado coordena e dirige há muito tempo, existem forças econômicas e sociais que não podem ser postas à margem. Disso se infere haver três níveis: - o político, o econômico e o social. Examinar o papel do Estado em cada um desses níveis passa a ser a direção da ciência que tem o Estado como objeto, articulando teoria e prática. Para isso, a Teoria Política passa a lidar com novas realidades e novos conceitos. “País” é o território perfeitamente delimitado em sua área e forma pela linha de fronteiras. É esse país que dá substrato ao Estado. Para Ratzel, ao pesquisar as relações entre o Estado e seu território, concluiu serem íntimos os elos entre os dois, definindo o Estado como “um pedaço de humanidade e um pedaço de terra organizada”. “País” e “Povo” são os elementos a serem considerados na concepção de Estado: - ao “país” corresponde o território; “povo” tem seu equivalente em nação. Do ponto de vista da Política, são termos de quase igual valor. Apesar disso, no estudo do Estado, há algo mais vasto e profundo do que território e povo, incluindo a organização política (república, monarquia, parlamentarismo) e o seu poder (militar e econômico). O território é visto como um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. O território seria o espaço vital que tinha por referência básica a relação entre a sociedade e os recursos disponíveis; era o suporte para a existência e sobrevivência do grupo humano. 4 Observa-se o território como expressão legal e moral de um Estado, sendo a união entre o solo e o povo que ali habita a constituição de uma sociedade. A partir de Ratzel, o estudo do território tornou-se indispensável para a compreensão das questões relacionadas ao desenvolvimento do Estado e do domínio territorial, já que este último, naquela época, representava de forma explícita a expressão concreta de poder. Assim, segue-se ainda a premissa de que um Estado, para ser reconhecido como tal, deve cumprir quatro condições básicas: - ter uma base territorial - ter fronteiras definidas geograficamente - ter uma população - ter um governo reconhecido por essa população e pelos demais Estados independentes. A diferença crucial entre o conceito de Estado e Nação, portanto, recai sob o fato de que nação é representada por um grupo de indivíduos que compartilham do mesmo conjunto de características, ou seja, costumes, linguagens e história. Em um mundo globalizado, a balança de poder funciona como um eixo que norteia as decisões. Esse eixo é composto por diversos países com pesos diferentesna política internacional. Em conjunto, esses países conseguem fazer frente ou ao menos se destacar perante os chamados hegemons. O poder na geopolítica é designado por meio de diversas interfaces, sejam elas econômicas, políticas ou bélicas. Conjugadas, elas representam uma liderança, como a que há décadas é sustentada pelos Estados Unidos. Contudo, para John Mearsheimer, o poder ou a falta dele determina tanto a habilidade de influenciar quanto de ser influenciado. Essas demonstrações de poder podem ser diferenciadas entre duas vertentes. - poder potencial, que leva em conta os tamanhos da população e da riqueza do Estado em questão, que vêm a ser os fatores que sustentarão as forças. - poder concreto, ilustra o panorama contemporâneo repleto de intervenções militares e guerras regionais, no qual se destaca o poderio bélico. Aqui, a ênfase é dada às forças armadas e às forças terrestres, navais e aeronáuticas, sendo a principal delas a terrestre, visto que, no caso de uma conquista territorial, é ela que controlará e ocupará a região. 5 TEORIAS GEOPOLÍTICAS Teorias Geopolíticas Clássicas (início Sec. XX até Final da Guerra Fria) TEORIA DO PODER MARÍTIMO (1890) Autor: almirante Alfred Thayer Mahan (americano). Foi o primeiro geopolítico a reconhecer a importância dos mares na consecução da política nacional em seu livro “Influência do Poder Naval na História”. A idéia básica de sua teoria é que: A terra é quase sempre um obstáculo, o mar quase todo uma planície aberta; uma nação capaz de controlar essa planície, por meio: do poderio naval, e que ao mesmo tempo consiga manter uma grande marinha mercante, pode explorar as riquezas do mundo. Para Mahan, o poder marítimo é elemento vital para o crescimento, a prosperidade e a segurança nacionais. Afirma, ainda, que: O poder marítimo não é o sinônimo de poder naval, pois não compreende apenas o potencial militar que, navegando, domina o oceano ou parte dele pela força das armas, mas também o comércio e a navegação pacífica que, de um modo vigoroso e natural, deram nascimento à esquadra e, graças a ela, repousam em segurança”. Para Mahan, o poder marítimo é elemento vital para o crescimento, a prosperidade e a segurança nacionais. 6 TEORIA DO PODER TERRESTRE (1904) Autor: professor e geógrafo Sir Halford J. Mackinder (inglês). Analisando o mapa mundi, ele observou que 75% das terras do Globo eram constituídas de Europa, Ásia e África; com cerca de 90% da população mundial, denominando esse conjunto de “Ilha do Mundo” e destacando-o como eixo central no hemisfério norte. Constatou, ainda, que as conquistas dos bárbaros para oeste e dos cossacos para leste partiram do centro-oriental, concebendo que no interior desse eixo, numa área central, se instalaria o poder terrestre. Denominou-se essa área de “Terra Central” ou “Terra Coração” (Heartland), autêntica área pivô da História. A seguir, deduziu que quem a controlasse dominaria a “Ilha do Mundo” e, como conseqüência, controlaria o mundo. Isolado dos oceanos e com grande mobilidade, teria o poder terrestre, instalado no “heartland”, a facilidade de se expandir na direção dos países posicionados nas extremidades costeiras, região que chamou de “crescente interno marginal”, tendo nas extremidades do ocidente a Inglaterra e do oriente o Japão. Se associasse o poder terrestre a essas duas extremidades com potencial de poder marítimo, estaria assegurado o domínio do mundo e se poderia partir para o “arco exterior insular”, a que chamou de “crescente externo insular”, abrangendo a América e a Austrália. 7 TEORIA DAS PAN-REGIÕES (1930) Autor: general, professor e geógrafo Karl E. N. Haushofer (alemão) Tendo como cerne de sua teoria as idéias difundidas por Kjëllén (a Europa liderada pela Alemanha, num espaço vital que se estendia da Escandinávia à Turquia), dentro dos princípios da “fronteira orgânica” de Haushofer, chegou à conclusão de que a posição da Alemanha no centro da Europa era geoestrategicamente vulnerável, por se encontrar cercada de Estados dinâmicos tanto a leste quanto a oeste. Difundiu, em seus trabalhos, alguns pontos que considerava básicos para os Estados no contexto mundial: - como um dos pontos básicos para as nações estaria a “autarquia”, que seria a auto- suficiência nacional no sentido econômico, assim considerada pelos geopolíticos alemães da época; 8 - a idéia do “espaço vital” (lebensraum), como sendo o direito de um Estado ampliar o seu espaço geográfico visando ao desenvolvimento da sua população, nos campos econômico e cultural; - outra idéia básica é a visão da situação de poder marítimo x poder terrestre, concluindo que: as bases marítimas diminuem sua segurança em relação ao Estado com controle de grande massa terrestre à sua retaguarda, pois poderia mediante forte ação terrestre, conquistá-la; e, ainda, que o poder marítimo não é eterno, pelo seu natural desgaste e pela dependência de território; - finalmente, as fronteiras quando, explica: “as fronteiras são simplesmente a expressão das condições de poder político em um momento considerado”. Na sua opinião, elas normalmente são grandes causadoras de conflitos, em decorrência de discordâncias entre os interesses políticos dos confrontantes. Criou, então, a “Tese das Pan-Regiões” - conjugação dos espaços vitais na direção dos meridianos, em eixos norte-sul - envolvendo variada gama de recursos e mais apropriada à Alemanha pelo seu posicionamento vulnerável. Seguindo a tese das “áreas geograficamente compensadas”, os denominados “espaços vitais ativos”, possuidores de indústria e tecnologia, instalados no norte, seriam liderados por um Estado. Em contrapartida, os “espaços vitais passivos”, ao sul, seriam mantidos como simples fornecedores de matérias-primas, sem tecnologia, conformados a se manterem na mais estreita interdependência do norte. Assim, idealizou quatro pan-regiões: - Euráfrica, composta por Europa Ocidental, África e Península Arábica, sob a liderança da Alemanha, podendo ser auxiliada pela Inglaterra; - Pan-América, formada pelo Continente Americano mais a Groelândia, sob a liderança dos Estados Unidos; - Pan-Rússia, formada pela URSS, subtraindo a Sibéria, mas compensando com a anexação da Índia, com uma saída para o “mar quente”, o Índico, sonho desde os tempos de Pedro, o Grande; - Pan-Ásia, abrangendo a parte oriental da Ásia, a Austrália e os demais arquipélagos e ilhas da área. Os japoneses optaram por chamála de “Zona de Co-Prosperidade Asiática”. Estava, portanto, o mundo repartido pelas grandes potências e estabelecido o princípio diferencial do eixo norte-sul. Tomando conhecimento desta concepção, Hitler tentaria implantála, fazendo aliança com a União Soviética na tentativa de evitar a entrada da Inglaterra e dos Estados Unidos na 2ª Grande Guerra. Fracassan-do em seu intento, voltou-se para a implantação da “Teoria do Poder Terrestre”, de Mackinder, com a qual também fracassou. Diante das forças de influência da Europa e da Rússia, Haushofer vislumbrou a criação de uma barreira de Estados que classificou como “Cinturão do Diabo”, definindo-a como um espaço vital ocupado por países com mera aparência de soberania e independência, que serviria de área amortecedora entre esses dois pólos de poder. A partir de 1945, a Europa se dividia geopoliticamente perante essas forças dando origem à “Cortina de Ferro”. 9 TEORIA DO DESAFIO E RESPOSTA (1934) Autor:sociólogo e historiador Arnold Toynbee (inglês) Toynbee afirma que o destino dos povos está nas mãos de suas elites dirigentes e aceita a Geopolítica como conselheira e indicadora de soluções para essas elites. Depois de analisar a trajetória de 21 civilizações, dos sumérios aos tempos modernos, conclui que as civilizações que aceitaram e venceram os desafios, traduzidos por obstáculos ou inferioridades, se afirmaram e se desenvolveram nos contextos em que estavam inseridas. E as civilizações que não aceitaram, ou não mais tiveram desafios a enfrentar, estagnaram, regrediram e até se desagregaram. Daí, estabelece sua teoria na obra “Um Estudo de História”: As inferioridades geográficas, os obstáculos, são desafios que se antepõem ao processo de afirmação das nações. Ou estas superam esses desafios e se afirmam, ou não os superam, e são condenadas à estagnação ou à desagregação”. TEORIA DO PODER AÉREO (1921-1942) Autores: general Giulio Douhet (italiano) aviador Alexsander Seversky (russo naturalizado americano) No momento em que a teoria do poder terrestre procurava se sobrepor à do poder marítimo, estourava a 1ª Grande Guerra, levando os estudiosos a procurarem aspectos geopolíticos mais globais no âmbito das relações internacionais. Em 1921, o general italiano Douhet passou a difundir o emprego do avião como arma estratégica.Nessa ocasião, afirmava que, mesmo diante da importância das forças de terra e do mar, em pouco tempo tão importante seria o domínio do ar. 10 Preconizava o emprego do avião no interior dos países adversários, destruindo objetivos econômicos, sociais, políticos e militares, pois, além dos prejuízos materiais, abalaria a vontade de lutar do inimigo, facilitando a condução da guerra, com a seguinte afirmativa: “A arma aérea, a arma suprema, podia ela só irromper sobre os inimigo e obter a decisão, atacando em massa os centros vitais do adversário”. Era o surgimento do conceito de “bombardeio estratégico”, que viria reforçar a “guerra total”, preconizada pelo general alemão Ludendorf, durante a 1ª Grande Guerra. Defendia a idéia da conquista do domínio do ar, e só através dele poder-se-ia gozar da grande vantagem de toda a articulação do inimigo no terreno e no mar. Concluindo que “o Exército e a Marinha não devem por isso ver na Aeronáutica apenas um meio auxiliar e sim como um terceiro poder mais jovem, mas nem por isso menos importante na família guerreira”. Com a produção dos poderosos aviões B-36 pelos Estados Unidos, com alcance de 5.000 milhas, Serversky observa que: “a guerra aérea transoceânica, inter-hemisférica é não somente possível, mas inevitável”. Destaca, ainda: O B-36 é um exemplo de poder aéreo estratégico de longo alcance que revolucionará nossas idéias sobre estratégia militar. Tais aviões podem levantar vôo do nosso próprio continente e, sem necessidade de bases em ultramar, golpear quase em qualquer ponto do território de um inimigo europeu ou asiático, regressando em seguida”. Estabelece, ainda, uma “área de suprimento” para cada uma das grandes potências tratadas, que seriam as áreas fora da área de domínio aéreo do opositor. A de apoio em alimentos e materiais estratégicos dos EUA seria a América do Sul; e a da URSS seria a África do Sul, conhecida como “área indecisa” e que, segundo a doutrina do general russo Gorshkov, poderia servir de trampolim para alcançar o Brasil e a Argentina. Esta teoria esteve presente ativamente durante todo o período da Guerra Fria, com os EUA mantendo o predomínio aéreo na “área de decisão”, culminando com o “Projeto Guerra nas Estrelas”. TEORIA DAS FÍMBRIAS (1942) Autor: professor Nicholas John Spykman (holandês naturalizado americano). Doutor em filosofia e diretor do “Instituto de Relações Internacionais” de Yale, nos EUA, baseado na teoria do poder terrestre de Mackinder, que preconizava a idéia de que quem dominasse o “Coração da Terra” dominaria o mundo, imaginou que a única defesa possível contra essa possibilidade seria ocupando as bordas da “Ilha do Mundo”, ou seja, as “fímbrias”, que ele chamou de “Rimland”. 11 Uma vez ocupado o “Rimland” (fímbrias), não seria possível a expansão para a “Ilha do Mundo”, por parte de quem ocupasse o “Coração da Terra” (Heartland). Conseqüentemente, não teria acesso ao resto do mundo, ou seja, o “Crescente Exterior ou Insular”. Baseado nessa teoria, após a ocupação do “Coração da Terra” pela URSS, o mundo ocidental passou a ocupar as “Fímbrias”, com o objetivo de impedir a expansão do comunismo para o restante do globo. Estabelecendo acordos e tratados, materializou a conhecida “Geoestratégia da Contenção”, durante todo o período da Guerra Fria, da seguinte forma: - com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ocupou as “fímbrias” do oeste europeu; - com a Organização do Tratado do Centro (OTCEN), ocupou as “fímbrias” do centro- sul da Eurásia, com base no Irã; - com a Organização do Tratado do Sudeste da Ásia (OTASE), ocupou o oeste da Ásia, com base no Japão. TEORIA DO PODER PERCEPTÍVEL (1975) Autor: coronel e professor Ray Cline (americano) Estabelecida a bipolaridade no mundo, tendo como pólos as superpotências EUA e URSS, surge a preocupação dos cientistas políticos e dos governantes no sentido de visualizar, com antecedência, as possíveis tendências do surgimento de outros Estados dispostos a participar da disputa pelo poder mundial. 12 Cria o “conceito politectônico”, que define como “estruturação política”, através de uma fórmula matemática que propõe determinar o potencial de poder dos Estados, em seu trabalho “Avaliação do Poder Mundial”. Justifica o termo “conceito politectônico” afirmando que sua intenção: Formula, assim, a Teoria do Poder Perceptível, que define como: a capacidade de um Estado de fazer a guerra e/ou de impor sua vontade no contexto político e econômico mundial. Esse poder seria calculado para cada Estado pela fórmula: PP = (C+E+M) x (S+W) onde: PP - Poder Perceptível C - Massa crítica (população e território) E - Capacidade econômica (economia, principalmente a capacidade industrial) M - Capacidade militar (conjunto da expressão militar) S - Objetivo estratégico (concepção estratégica) W - Vontade de executar a estratégia militar (vontade política nacional) Cada fator é submetido à análise de um grupo de pesquisadores, considerando: C - Massa crítica: para território - sua posição, extensão, e recursos naturais; para população - efetivo, cultura e qualidade. E - Capacidade econômica: produção industrial (quantidade e qualidade); nível de avanço tecnológico. M - Capacidade militar: efetivo; adestramento das forças; indústria bélica; desdobramento estratégico. S e W - história do desempenho do país nos últimos 30 anos. É interessante observar que há somatório e multiplicação de fatores mensuráveis e não mensuráveis. Os resultados demonstrados são excessivamente otimistas com relação ao Brasil, ou seja, capaz de impor sua vontade no contexto mundial. Apesar de reconhecida, esta teoria não detém bom grau de credibilidade por parte dos geopolíticos, em virtude de alguns critérios adotados pelo pesquisador e da complexidade de sua aplicação. Tab. 1 Tabela com os resultados das pesquisas de Cline em 1978 e em 1980 13 Novas Teorias Geopolíticas Houve grandes mudanças na organização mundial na última década do século XX, principalmente após a desagregação da URSS, com o fim da bipolarização e do conflito leste-oeste. (O chamado Mundo Bipolar foi caracterizado por uma períodoem que os estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) despntaram como as maiores potencias mundiais, apresentando grande influência política, econômca e militar, interferindo nas relações políticas de todo o planeta) Com o fim da era da bipolaridade, desfeita em 1990, somente os EUA seriam uma efetiva potência mundial e, sendo candidatos em potencial: China, Brasil, Canadá, Austrália e Índia, estes dois últimos em 9º e 10º lugares. Esses países preeenchem as sete condições básicas que caracterizam as “nações emergentes” no âmbito das relações internacionais, segundo Terezinha de Castro, que são: 1 - superfície territorial maior que 5 milhões de km2; 2 - continentalidade territorial (particularidades geográficas) 3 - acesso direto e amplo ao oceano; 4 - recursos naturais estratégicos essenciais; 5 - população maior que 100 milhões de habitantes; 6 - densidade demográfica maior que 10 hab./km2; 7 - homogeneidade racial. A partir do fim da bipolaridade e do início de uma possível multipolaridade, surgem os mais variados “cenários prospectivos” possíveis no mundo, fundamentados por uma gama enorme de estudiosos. TEORIA DOS BLOCOS (1991) Autor: conselheiro econômico Jacques Perruchan de Brochard (francês). Em 1991, especialista em estratégia econômica e empresarial, Brochard apresenta sua “Teoria dos Blocos”, também conhecida como “Teoria das Casas Comuns” ou das “Zonas Monetárias”, em seu livro “A Miragem do Futuro”, ocasião em que divide o mundo em quatro blocos, englobando Estados dos hemisférios norte e sul, cada um deles liderado preferencialmente por um ou mais Estados que compõem o grupo dos sete grandes (G7). Em cada bloco, vigoraria a moeda dos Estados líderes, com o valor por eles controlado, os quais seriam também responsáveis pelo intercâmbio com os demais blocos. Os Estados do sul, por serem mais pobres, forneceriam produtos primários como alimento e as matérias-primas para a produção industrial dos Estados mais desenvolvidos do “Bloco” e absorveriam seus produtos industrializados. A composição dos blocos seria: A) “Federação das Américas” (“Casa Comum do Dólar”), constituída pelos Estados do continente americano, sob a liderança dos EUA, instituindo como moeda comum o dólar azul e o dólar verde seria utilizado nas operações com os demais blocos; 14 B) “Confederação Euroafricana” (“Casa Comum do Euro”) abrangeria os Estados da Europa e da África, adotando como moeda comum o ECU (moeda da União Européia, atual Euro), sob a liderança dos quatro Estados componentes do G7, a saber, Grã- Bretanha, França, Alemanha e Itália; C) “União das Repúblicas Soberanas” (“Casa Comum do Rublo”), que englobaria os Estados da nova CEI (Rússia), Irã, Turquia, Iraque, Arábia Saudita e outros da região, sob a liderança da Rússia, tendo como moeda comum o rublo; D) “Liga Asiática” (“Casa Comum do Iene”), constituída pelos Estados do extremo oriente (Japão, Tigres Asiáticos, Austrália, outros da região,na expectativa de contar futuramente com a China), adotando como moeda comum o iene TEORIA DOS LIMES (1991) Autor: adido cultural Jean Christophe Rufin (francês) Especialista em relações norte-sul, apresentou sua teoria no livro “O Império e os Novos Bárbaros”, (Bárbaro é um termo utilizado para se referir a uma pessoa tida como não-civilizada. A palavra é frequentemente utilizada para se referir a um membro de uma determinada nação ou grupo étnico, vista por integrantes de uma civilização urbana como inferiores), editado em 1991, momento em que, conforme o autor, “o enfrentamento Leste-Oeste morreu e o enfrentamento Norte-Sul o substitui”. Apresenta-se como opositora à adoção da “Teoria das Pan-Regiões”, com grandes perspectivas de seu desenvolvimento a partir do fim da bipolaridade, ressuscitando a ideologia da desigualdade e da assimetria. Com o fim da bipolaridade, os Estados ricos não mais necessitam ajudar os Estados pobres do sul, como parceiros no contexto mundial, priorizando tratar dos seus próprios problemas e de seu desenvolvimento. Em função da “nova ordem mundial”, fundamentada na “multipolaridade”, se caracteriza pelo fechamento do norte numa espécie de fortaleza que vem concorrendo para a instalação crescente de zonas de instabilidade. 15 Essas zonas cruciais estão localizadas ao longo da chamada periferia da região norte mais desenvolvida, formando uma linha imaginária de confinamento dos “novos bárbaros”. Estas zonas de contato, também conhecidas como “dobradiças”, são utilizadas para a criação de Estados tampões ou de ações por parte dos “Estados diretores”, objetivando barrar o acesso dos “novos bárbaros à “fortaleza” e a seus satélites imediatos. - sob o enfoque demopolítico, conter as hordas do sul para que não invadam o espaço privilegiado do Estado diretor e de seus satélites imediatos; - sob o enfoque ecopolítico, projeta assistência aos “Estados tampões” que, apesar de serem do sul, encontram-se na linha limítrofe do norte. Portanto, usufruindo alguma assistência econômica e tendo assegurada a sua estabilidade, servem como um bloqueio à invasão do espaço privilegiado; - sob o enfoque geoestratégico, aceitam-se nessa faixa limítrofe Estados totalitários desde que contribuam com a estabilidade da região, ou ainda, atacar um Estado, por motivos nem sempre confessáveis, para proteger o espaço privilegiado de possível infiltração bárbara. 16 TEORIA DA INCERTEZA (1992) Autor: estrategista Pierre Lellouche (francês) Esta teoria, também conhecida por “Teoria da Turbulência”, é apresentada no livro “O Novo Mundo: da Ordem de Yalta à Desordem das Nações”, em 1992, por Lellouche, construindo um cenário para o século XXI, após a desagregação da URSS, afirmando que não será implantada uma “nova ordem mundial”, no sentido norte-sul, então preconizada pelos geopolíticos da época, e sim uma “desordem mundial” que pode durar até o ano de 2025. Defende que essa “desordem mundial” será gerada por: - instabilidades e possíveis revoluções a eclodirem nas antigas repúblicas soviéticas, ocasionadas pela pobreza e pela diversidade de grupos culturais na busca do poder regional; - explosão demográfica nos Estados da África; - distúrbios raciais e étnicos nos EUA (controlados); - ameaça nuclear de países islâmicos do norte da África contra a Europa; - rearmamento do Japão; - abertura da China à tecnologia e comercialização com o Japão e o ocidente. Nesse contexto, não vê os EUA em condições de dominar e conduzir a “nova ordem mundial”, proposta pelo desgaste provocado após a 2ª Grande Guerra e o período da Guerra Fria. No cenário mundial que estabelece, não considera a América do Sul como “zona de turbulência”(incerteza), apesar das desigualdades internas, por ser relativamente protegida de grandes revoluções possíveis, como a África, o mundo islâmico e a região do Cáucaso (Armênia, Georgia, Azerbaijão). Acredita ainda que os Estados dessa região são perfeitamente administráveis. Em seu livro, ainda faz menção ao Brasil, sugerindo que deve aproveitar esse período de turbulência para sair da estagnação sozinho (se necessário), com um grupo de Estados vizinhos (melhor) ou com todos os Estados da América do Sul. Cita, ainda, três fatos que considera importantes para esta região: a criação do Mercosul,( O Mercosul, como é conhecido o Mercado Comum do Sul é a união aduaneira (livre comércio intrazona e política comercial comum) de cinco países da América do Sul. Em sua formação original, o bloco era composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.Em virtude da remoção de Fernando Lugo da presidência do Paraguai, o país foi temporariamente suspenso do bloco; esse fato tornou possível a adesão da Venezuela como membro pleno do Mercosul a partir do dia 31 de julho de 2012, inclusão até então impossível em razão do veto paraguaio) principalmente se atrair outros Estados; tentativa de anulação do Mercosul pelos EUA com a criação da ALCA (A ALCA (Área de livre comércio das Américas) foi uma proposta feita pelo presidente dos Estados Unidos Bill Clinton durante a Cúpula das Américas, em Miami, no dia 9 de Dezembro de 1994, com o objetivo de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba, formando assim uma área de livre de comércio, cuja data limite seria o final de 2005. Na reunião de Miami foram assinados a Declaração de Princípios e o Plano de Ação); e a busca de ligação da UE (União Europeia é uma união económica e política de 27 Estados-membros independentes que estão localizados principalmente na Europa.) com o Mercosul, favorável a ambos os parceiros. 17 TEORIA DA TRÍADE (1961- 1992) Autor: Clube de Roma A elaboração deste cenário em 1961 surge das discussões e dos debates entre os componentes do então denominados “Clube de Roma” sobre a divisão do mundo em centros de poder, no exercício do domínio do mundo sem maiores riscos de conflitos, portanto, sobre o poder mundial mais “harmônico”. Considerada inoportuna sua implantação, tendo em vista o desenrolar da Guerra Fria, decidiu-se esperar um momento mais propício para sua implementação. Esse grupo de Estados, na continuidade e com algumas modificações, transformou-se no atual “Grupo dos 7” (G- 7).(EUA/Japão/Alemanha/Inglaterra/França/Itália/Canadá e “Grupo dos 8” (Rússia) Com pequenas modificações e adaptações à nova conjuntura, esta teoria divide o mundo em três grandes blocos: A) “Bloco Americano” - compreende o continente americano, sob a liderança dos EUA. A economia dos Estados integrantes do bloco seria “dolarizada”, suas forças armadas seriam reduzidas e suas missões constitucionais alteradas, de acordo com a política adotada pelo Estado líder do bloco; 18 B) “Bloco Europeu” - abrangendo a Europa, a Rússia (nova CEI), e os Estados do norte da África, sob liderança da Alemanha. A moeda forte seria o “marco alemão” (ainda não existia o Euro) e a defesa do bloco ficaria a cargo das forças conjuntas da União Européia. C) “Bloco Asiático” - composto por Japão, China, Austrália, Índia, os Tigres Asiáticos e demais Estados da região; a moeda corrente seria o iene. Todos os blocos ficariam sob a influência dos EUA, “líder do bloco ocidental e, agora, líder do mundo”, segundo o Presidente Bush (pai) em seu discurso de abertura dos trabalhos do Congresso Americano, em 1992. Nota-se que a configuração desses blocos se inspira na teoria das pan-regiões de Haushofer, no que diz respeito à divisão dos espaços geográficos e do poder político militar regional; de Brochard, na divisão do espaço econômico mundial e na adoção de moedas únicas para cada um dos blocos; e na de Rufin, o controle de áreas dobradiças como o norte da África para impedir a invasão dos “bárbaros” do sul. Não há a menor dúvida, analisando a situação mundial, que a partir do final do século XX se procura implementar esta teoria, por intermédio da diplomacia, da economia, e por vezes da, força. 19 TEORIA DO CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES (1993/96) Autor: professor Samuel P. Huntington (americano) O autor deste cenário, grande estudioso da história das civilizações, parte de um conceito sociológico de cultura, quando entende como “civilização, o mais alto e mais amplo nível de identificação de um indivíduo com os outros, em relação aos demais seres humanos”. Em função desses estudos, faz as seguintes considerações sobre conflitos e guerras no mundo: - até a Revolução Francesa, os conflitos ocorreram entre os reis; - com a criação dos Estados-nação até a 1ª Grande Guerra, os conflitos e guerras ocorreram entre nações; - da 1ª Guerra Mundial até a 2ª Grande Guerra, eles ocorreram entre ideologias (comunistas x fascistas, na Guerra Civil Espanhola; democratas e comunistas x nazi- fascistas, na 2ª Guerra Mundial; democratas x comunistas, na Guerra Fria); - após a Guerra Fria, prevê que as guerras dar-se-ão entre as civilizações. Comunismo: é uma ideologia política e socioeconômica, que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum e no controle dos meios de produção e da propriedade em geral. Fascismo: qualquer sistema de governo que, de maneira semelhante ao de Benito Mussolini, exalta os homens e usa modernas técnicas de propaganda e censura, fazendo uma severa arregimentação econômica, social e cultural, sustentando-se no nacionalismo e em alguns casos até na xenofobia, privilegiando os nascidos no próprio país, apresentando uma certa apatia ou indiferença para com os imigrantes. É uma doutrina totalitária orbitando a extrema-direita. Democratas: Democracia é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico. Nazismo: considerado por estudiosos como uma derivação do Fascismo. Mesmo incorporando elementos tanto da direita política quanto da esquerda política, o nazismo é considerado de extrema direita. Os nazistas foram um dos vários grupos históricos que utilizaram o termo nacional-socialismo para descrever a si mesmos, e na década de 1920, tornaram-se o maior grupo da Alemanha. Entre os elementos-chave do nazismo, há o anti-parlamentarismo, o racismo, o coletivismo, a eugenia (bem-nascido), o antissemitismo (preconceito contra judeus), o anticomunismo, o totalitarismo e a oposição ao liberalismo econômico e político. TEORIA DO QUATERNO (1996) Autor: coronel Roberto Machado de Oliveira Mafra (brasileiro) O autor desta teoria, um dos mais competentes estudiosos da ciência geopolítica na atualidade brasileira, fundamenta sua elaboração na inferiorização atribuída ao Brasil e aos demais Estados da América Latina, em que essa região vem sendo tratada por lideranças mundiais e estudiosos como secundária. Com este espírito, constrói um cenário para o século XXI, dividindo o mundo em quatro blocos e apresenta fatores que o justificam: - Bloco Norte-Americano - composto pelos Estados da América do Norte; - Bloco Sul-Americano – constituído, inicialmente, pelos Estados da América do sul e, posteriormente, pelos Estados da América Central, do Caribe e do México; 20 - Bloco Europeu - abrangendo os Estados das Europas Ocidental e Oriental, da Rússia e do norte da África; - Bloco Asiático - composto pelos Estados do sudoeste da Ásia. Justificativas: - criação do Mercosul; - possibilidade de ingresso no Mercosul pelos demais Estados da América do Sul, já com demonstração de certo interesse por parte de alguns, formando um bloco econômico único; - segregação da América Latina da “Civilização Ocidental”, classificada como uma “civilização própria”, contida na teoria de Huntington; - manifestações da União Européia no sentido de estabelecer relações comerciais com o Mercosul, antes da implantação da ALCA; - possibilidade de atração da África Atlântica para a área de atuação do Mercosul; - necessidade de tratamento do bloco sul-americano comoparceiro e não como eterna colônia econômica por parte dos demais blocos; - possibilidade da concretização da “Teoria da Incerteza”, de Lellouche, em trinta anos a partir de 1995. Nota-se na estrutura desta teoria, com algumas modificações, uma forte influência da Teoria da Tríade, do Clube de Roma; da Teoria das Pan-Regiões de Haushofer, no que diz respeito à divisão dos espaços geográficos; da Teoria dos Limes, de Rufin; e da Teoria do Choque das Civilizações”, de Huntington. Em relação a esta última, como contestatória. As Fronteiras Nacionais e Internacionais A geopolítica como determinada pelos teóricos esta intimamente ligada ao espaço territorial, e às estratégias de ação dos Estados. Neste contexto, a questão da expansão territorial passa exclusivamente pela gestão das fronteiras, com o objetivo de: (1) proteção do espaço, (2) regulamentação de ações comerciais, (3) ações conservacionistas com relação ao meio ambiente e, (4) como uma correlação entre os acontecimentos políticos e o solo. A geopolítica está vinculada ao poder e seu uso deste na utilização de seus territórios/espaço. É sabido que o espaço físico é um dos principais componentes para o desenvolvimento econômico, pois é o recurso principal no desenvolvimento do Estado, por isso, o “limite” do espaço de atuação dos Estados sempre despertou a cobiça e o interesse de “vizinhos” e demais colonizadores. Creditada ao fim do Império Romano, as fronteiras foram consideradas uma das principais causas de sua queda dada sua enorme extensão, aliada a decadência econômica e a invasão dos bárbaros. O termo “fronteira” cresceu e ganhou notoriedade com a consolidação dos Estados Europeus no Tratado de Westphalia, e sua definição faz referencia a uma faixa; um limite de um território, uma porção de “espaço” com domínio especifica; e serve para regular a atuação econômica, política e de poder dos Estados, ou seja, soberania para 21 exercer a autoridade da forma que considerar conveniente, sendo este espaço terrestre, marítimo e aéreo. O Tratado de Paz de Westphalia deu início ao moderno Sistema Internacional, ao acatar consensualmente noções e princípios como o de soberania estatal e o de Estado nação. Embora o imperativo da paz tenha surgido em decorrência de uma longa série de conflitos generalizados, surgiu com eles a noção embrionária de que uma paz duradoura derivava de um equilíbrio de poder. Por essa razão, a Paz de Westphalia costuma ser o marco inicial nos currículos dos estudos de Relações Internacionais. A Evolução da definição de fronteiras com o passar dos anos No século XIX: os limites entre os países não era uma proposta de grande vigia e/ou extrema importância, a menos que se tratasse da exploração de recursos naturais. Isso por que não existia uma grande expansão dos negócios internacionais realizados em grande escala a tal ponto que necessitasse de uma estrutura alfandegária complexa. O que existia, porém, eram áreas em que se dava a fiscalização, principalmente para efeitos tarifários. No século XX: a discussão a cerca das fronteiras ganhou notoriedade e gerou grandes controvérsias. Alguns autores defendiam que as fronteiras deveriam ser áreas de integração, enquanto outros reforçavam a questão histórica considerando que a ocupação do espaço deveria se dar segundo a origem, língua e demais aspectos culturais do povo em questão. TIPOS DE FRONTEIRAS 1) Naturais: estabelecidas utilizando-se de acidentes geográficos como rio, montanha, oceano, porém essas nunca satisfazem por completo, e sempre são pontos de ivergências e contestações. 2) Artificiais: Não possuem marcos geográficos relevantes, porém formada por linhas imaginárias resultado de acordos bilaterais, convenções, ou imposições geradas por meio de cálculos matemáticos, rastreamento por satélites, ou propostas astronômicas. 3) Antropogeografia: estabelecidas e baseadas nos aspectos culturais homogêneos da região habitada levando-se em consideração as características da como: língua, etnia, religião etc. 4) Ocupadas: estabelecida quando a proposta de demarcação divisória é habitada. Neste contexto observação que quando habitada no lado de um só Estado, é desfavorável ao que nãopossui habitante, pois possibilita a invasão afetando a soberania; se for habitada nos dois lados, favorece as relações políticas, econômicas e culturais locais entre eles, porém, será potencialmente uma zona de fricção (atrito). 22 5) Vazias: quando a linha de fronteira não é habitada; haverá sempre nessa área um grau de vulnerabilidade com relação à defesa do território para ambos os Estados. 6) Jurídica: Pode-se identificar 3 tipos: o de jure - quando foram estabelecidas por um acordo entre as partes; o em litígio - quando a linha de fronteira é contestada por uma ou ambas as partes e encontra-se em processo de negociação; o em conflito - quando a linha de fronteira é contestada por uma ou ambas as partes, o processo de negociação está interrompido e existe um Estado de tensão entre elas. 7) Estável: quanto a estabilidade podemos identificar 2 tipos: o permanentes ou de qualidade - como são consideradas as fronteiras naturais. o flexíveis ou de movimento - consideradas todas as outras que surgiram ao longo da história. ZONA DESMILITARIZADA Em termos militares, uma zona desmilitarizada (DMZ) é uma área, habitualmente a fronteira entre duas ou mais potências ou alianças militares, onde a atividade militar não é permitida, em geral devido a um tratado de paz, um armistício ou outro acordo bilateral ou multilateral. Muitas vezes as zonas desmilitarizadas tornam-se fronteiras internacionais. Algumas zonas desmilitarizadas também se tornam acidentalmente em reservas da vida selvagem, porque a terra se torna demasiado perigosa para as pessoas viverem, e são menos propícias à atividade humana ou à caça. Esse é o caso da Zona desmilitarizada coreana. Acordo Schengen O Acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e de livre circulação de pessoas entre os países signatários. Um total de 30 países, incluindo todos os integrantes da União Europeia (exceto Irlanda e Reino Unido) e três países que não são membros da UE (Islândia, Noruega e Suíça), assinaram o acordo de Shengen. Liechenstein, Bulgária, Romênia e Chipre estão em fase implementação do acordo. 23 Estados- Membros Pertencentes à União Europeia Estados- Membros Não-pertencentes à União Europeia Estados- Membros que aguardam implementação Estados- Membros que apenas cooperam policial e judicialmente A área criada em decorrência do acordo é conhecida como espaço Schengen e não deve ser confundida com a União Europeia. Trata-se de dois acordos diferentes, embora ambos envolvendo países da Europa. De todo modo, em 1999 o acordo e a convenção de Schengen passaram a fazer parte do quadro institucional e jurídico da União Europeia. É condição para todos os estados que adiram à UE aceitarem as condições estipuladas no Acordo e na Convenção de Schengen. O acordo de Schengen foi assim denominado em alusão a Schengen, localidade luxemburguesa situada às margens do rio Mosel2 e próxima à tríplice fronteira entre Alemanha, França e Luxemburgo (este último representando o Benelux3, onde já havia a livre circulação). Ali, em junho de 1985, foi firmado o acordo de livre circulação envolvendo cinco países, abolindo-se controles de fronteiras, de modo que os deslocamentos entre esses países passaram a ser tratados comoviagens domésticas. O espaço Schengen foi institutionalizado em escala europeia pelo tratado de Amsterdam, firmado em 2 de outubro de 1997. 24 Posteriormente, o tratado de Lisboa, assinado em 13 de dezembro de 2007, modificou as regras jurídicas do espaço Schengen, reforçando a noção de um "espaço de liberdade, segurança e justiça", que vai além da cooperação policial e judiciária e visa a implementação de políticas comuns no tocante a concessão de vistos, asilo e imigração, mediante substituição do método intergovernamental pelo método comunitário. Embora teoricamente não haja mais controles nas fronteiras internas ao espaço Schengen, esses controles podem ser reativados temporariamente caso sejam considerados necessários para a manutenção da ordem pública ou da segurança nacional. Os países signatários reforçaram os controles das fronteiras externas ao espaço Schengen, mas, por outro lado, cidadãos estrangeiros que ingressem como turistas ou que obtenham um visto de longo prazo para qualquer um dos países membros podem circular livremente no interior do espaço. O Espaço Schengen permite a livre circulação de pessoas dentro dos países signatários, sem a necessidade de apresentação de passaporte nas fronteiras. Mesmo que não haja controle nas fronteiras, os cidadãos residentes nos países signatários devem, por norma, portar um documento legal de identificação, como o bilhete de identidade. Para os turistas de países não signatários, a Para os turistas de países não signatários, a prova de identidade é sempre o passaporte ou, no caso de longa permanência, o documento legal substitutivo, emitido pelas autoridades de imigração de um dos países signatários. O espaço Schengen não se relaciona com a livre circulação de mercadorias (embargos, etc.). Nesse caso, a entidade mediadora é a União Europeia, bem como os governos dos países membros que não participam do bloco econômico.
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