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Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 41 AULA 03: CULPABILIDADE: ELEMENTOS E CAUSAS DE EXCLUSÃO. IMPUTABILIDADE PENAL. PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I - Culpabilidade 02 II – Punibilidade e sua extinção 13 III - Questões para praticar 23 IV - Lista das questões comentadas 29 Gabarito 41 Salve, salve, meu povo! Devorando os papiros? Na última aula nós estudamos o Fato Típico e seus Elementos, a ilicitude, as causas de sua exclusão, bem como o excesso punível. Hoje, a matéria é “punk”. Vamos estudar a Culpabilidade, (Elementos e Causas de Exclusão), bem como a Imputabilidade Penal. Chega de papo. Vamos ao trabalho!! Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 41 I - Culpabilidade A culpabilidade nada mais é que o juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstâncias pessoais. Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato típico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de estudo não é o fato, mas o agente. Daí alguns doutrinadores entenderem que a culpabilidade não integra o crime (por não estar relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto, vamos trabalhá-la como elemento do crime. Quatro teorias existem acerca da culpabilidade: A) Teoria psicológica – Para essa teoria a culpabilidade era analisada sob o prisma da imputabilidade e da vontade (dolo e culpa). Esta teoria entende que o agente seria culpável se era imputável no momento do crime e se havia agido com dolo ou culpa. Vejam que essa teoria só pode ser utilizada por quem adota a teoria naturalística da conduta (pois o dolo e culpa estão na culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista (nosso Código penal), essa teoria acerca da culpabilidade é impossível, pois a teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e, portanto, no fato típico; B) Teoria normativa ou psicológico-normativa – Possui os mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a inexigibilidade de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir conforme o Direito”. Para essa teoria, mais evoluída, ainda que o agente fosse imputável e tivesse agido com dolo ou culpa, só seria culpável se no caso concreto lhe pudesse ser exigido um outro comportamento que não o comportamento criminoso; C) Teoria normativa pura – Essa já muda de ares. Já não mais considera o dolo e culpa como elementos da culpabilidade, mas do Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 41 fato típico (seguindo a teoria finalista da conduta). Para esta teoria, os elementos da culpabilidade são: a) imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; c) inexigibilidade de conduta diversa. A potencial consciência da ilicitude seria a análise concreta acerca das possibilidades que o agente tinha de conhecer o caráter ilícito de sua conduta. Vamos estudar cada um desses elementos mais à frente; D) Teoria limitada – É A ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL. Possui os mesmos elementos da teoria normativa pura, mas difere dela ao tratar as descriminantes putativas. Assim, vamos estudar cada um dos elementos da culpabilidade e, ao final, o tratamento conferido por esta teoria às descriminantes putativas. 1) IMPUTABILIDADE PENAL O Código Penal não define o que seria imputabilidade penal, apenas descreve as hipóteses em que ela não está presente. A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade mental de entender o caráter ilícito da conduta e de comportar-se conforme o Direito. Existem três sistemas acerca da imputabilidade: Biológico – Basta a existência de uma doença mental ou determinada idade para que o agente seja inimputável. É adotado no Brasil com relação aos menores de 18 anos. Trata- se de critério meramente biológico: Se agente tem menos de 18 anos, é inimputável; Psicológico – Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na análise do caso concreto; Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 41 Biopsicológico – Deve haver uma doença mental (critério biológico, legal, objetivo), mas o Juiz deve analisar no caso concreto se o agente era ou não capaz de entender o caráter ilícito da conduta e de se comportar conforme o Direito (critério psicológico). Essa foi a teoria adotada como REGRA pelo nosso Código Penal. Cuidado! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do fato. Assim, se A (menor com 17 anos e 11 meses de idade) seqüestra B e o seqüestro só termina quando A já era maior de 18 anos, este responde pelo crime, pois nos crimes permanentes, entende-se que o tempo do crime é o momento em que cessa a atividade criminosa. Entretanto, imaginemos que Alfredo (com 17 anos) efetua disparos de arma de fogo contra Poliana, que entra em coma e vem a falecer seis meses depois, quando Alfredo já era maior de 18 anos. Nesse caso, Alfredo não responde pelo crime de homicídio, mas por ato infracional, nos termos do ECA, pois o crime se considera praticado quando da conduta, ainda que outro seja o momento do resultado. As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts. 26, 27 e 28 do CP: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 41 perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 41 Percebam que os critérios biológicos (circunstâncias que presumidamente retiram a capacidade de discernimento) estão grifados em preto, e os critérios psicológicos (análise efetiva da ausência de discernimento quanto à ilicitude do fato e possibilidade de agir conforme o Direito) estão grifados em vermelho. Para facilitar, ainda, o estudo de vocês, grifei em azul as hipóteses de semi-imputabilidade. Vamos explicar as hipóteses de inimputabilidade: A) Menor de 18 anos Esse é um critério meramente biológico e taxativo: Se o agente é menor de 18 anos, responde perante o ECA não se aplicando a ele o CP< nos termos do art. 27 do CP. B) Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da conduta ou se era parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, será inimputável, ou seja, isento de pena. No segundo caso, será semi-imputável, e será aplicada pena, porém, reduzida de um a dois terços. Além dos doentes mentais, nesse grupo encontram-se ainda os silvícolas (índios), que são imputáveis (caso integrados à sociedade), semi-imputáveis (caso parcialmente integrados à sociedade), ou inimputáveis (caso não tenham se integrado de maneira nenhuma à sociedade, ou muito pouco). Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 41 Nos dois casos acima, se o agente for inimputável, exclui-se a culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-imputável, será considerado culpável (não se exclui a culpabilidade), mas sua pena será reduzida de um a dois terços. No caso de o agente ser inimputável, por ser menor de 18 anos, não há processo penal, respondendo perante o ECA. No caso de ser inimputável em razão de doença mental ou desenvolvimento incompleto, será isento de pena (absolvido), mas o Juiz aplicará uma medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial). Isso é o que se chama de sentença absolutória imprópria. No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será isento de pena! Será condenado a uma pena, que será reduzida. Entretanto, a lei permite que o Juiz, diante do caso, substitua a pena privativa de liberdade por uma medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial). CUIDADO! O semi-imputável não pode cumprir a pena e depois a medida de segurança (antigo sistema do “duplo binário”). Atualmente, a medida de segurança só poder substitutiva da pena privativa de liberdade (sistema vicariante). C) Embriaguez Segundo o CP, a embriaguez não é uma hipótese de inimputabilidade, salvo se decorrente de caso fortuito ou força maior. Assim, imaginem que Poliana é embriagada por Carlos (que coloca álcool em seus drinks). Sem saber, Poliana ingere as bebidas alcoólicas e comete crime. Nesse caso, Poliana poderá ser inimputável ou semi- imputável, a depender de seu nível de discernimento quando da prática da conduta. Assim: Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 41 Embriaguez: Voluntária Culposa Acidental (caso fortuito ou força maior) Em qualquer dos dois casos de embriaguez acidental, não será possível aplicação de medida de segurança, pois essa visa ao tratamento do agente considerado doente, e que oferece risco à sociedade. No caso da embriaguez acidental, o agente é são, tendo ingerido álcool por caso fortuito ou força maior. 2) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade de o agente, de acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito do fato. Não se trata do parâmetro do homem médio, mas de uma análise da pessoa GO agente. Assim, aquele que é formado em Direito, em tese, tem maior potencial consciência da ilicitude que aquele que nunca saiu de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrução. É claro que isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime para crime, pois alguns são do conhecimento geral (homicídio, roubo), e outros nem todos conhecem (bigamia, por exemplo). Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita, comete erro de proibição (art. 21 do CP). O erro de proibição pode ser: Não excluem a imputabilidade COMPLETA – agente é inimputável PARCIAL – agente é semi-imputável Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 41 Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente, naquele caso concreto, saber que sua conduta era contrária ao Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é isento de pena; Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à proibição da conduta não é tão perdoável, pois era possível, mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta ilícita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime, com pena diminuída de um sexto a um terço (conforme o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude). 3) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA Não basta que o agente seja imputável, que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. Desta maneira, imagine a situação de uma mãe que vê seu filho clamar por comida e, diante disso, rouba um cesto de pães. Nesse caso, a mãe era maior de idade, sabia que a conduta era ilícita, mas não se podia exigir que, naquelas circunstâncias, agisse de outro modo. Dessa forma, nesse caso, sua culpabilidade estaria excluída (isso sem comentar o princípio da bagatela, que excluiria a própria tipicidade, por ausência de lesão tutelável); Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de exclusão da culpabilidade: Coação moral irresistível – É o ato no qual uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de lhe fazer algum mal grave. Ex.: Alberto coloca uma arma na cabeça de Poliana e diz que se ela não atirar em Romeu, matará seu filho, que está seqüestrado por seus comparsas. Nesse caso, não se Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 41 pode exigir de Poliana que deixe de atirar em Romeu,pois está sob ameaça de um mal gravíssimo (morte do filho). Cuidado! O STF entende que se a coação é resistível (o mal não é tão grave assim), o coagido responde juntamente com o coator. Ex.: No mesmo caso anterior, imagine que ao invés de ameaçar matar o filho de Poliana, Alberto ameaçasse dar um tapa em Poliana caso ela não atirasse. Ora, nesse caso, o mal não é tão grave, e Poliana deveria tê-lo suportado ao invés de atirar. Se atirar e matar Romeu, responderá juntamente com Alberto por homicídio. Esse é o entendimento do STF! Obediência hierárquica – É o ato cometido por alguém em cumprimento a uma ordem ilegal proferida por um superior hierárquico. Cuidado! A ordem não pode ser MANIFESTAMENTE ILEGAL. Se aquele que cumpre a ordem sabe que está cometendo uma ordem ilegal, responde pelo crime juntamente com aquele que deu a ordem. Se a ordem não é manifestamente ilegal aquele que apenas a cumpriu estará acobertado pela excludente de culpabilidade da inexigibilidade de conduta diversa. Ex.: Um Delegado experiente determina a dois policiais novatos que entre na casa de Marcelo e realizem sua prisão. Entretanto, o Delegado não possuía um mandado judicial para isso. Nesse caso, os policias não tinha como contrariar a ordem do Delegado, nem saber que ela era ilegal. Cuidado! Nesse caso, só se aplica aos funcionários públicos, não aos particulares! 4) DESCRIMINANTES PUTATIVAS Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 41 Como disse a vocês antes, a teoria limitada, que é a adotada pelo CP, difere da teoria normativa pura com relação ao tratamento dado às descriminantes putativas. As descriminantes putativas são tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do CP: § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo (...) Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Para a teoria normativa pura, as descriminantes putativas serão sempre erro de proibição. Ou seja, sempre que um agente supor que existe uma situação fática que legitima sua ação, e esta não existir, estará errando com relação à licitude do fato, logo, comete erro de proibição, o que pode afastar a culpabilidade. Já a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as descriminantes em dois blocos: De fato – O agente supõe que existe um fato que legitima sua ação. Por exemplo: Agente pega um relógio que está sobre a mesa, acreditando que é seu. Na verdade, o relógio era de outra pessoa. Nesse caso, o agente cometeu um erro de fato, não de Direito, pois sabe que furtar é errado, apenas acreditou se tratar de bem a ele pertencente. Nesse caso, há erro de Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 41 tipo, logo, não se chega nem a ter fato típico, desde que se trate de erro escusável. Se o erro for inescusável, o agente responde pelo crime na modalidade culposa, se houver. No exemplo, não responderia, pois não há o crime de furto culposo; De Direito – São tratadas como ERRO DE PROIBIÇÃO. Aqui, o agente representa fielmente a realidade (não se engana quanto aos fatos), mas acredita que mesmo assim sua ação é legítima. No exemplo acima, imaginem que o agente pega o relógio sabendo que não é seu, mas acredita que furtar não é crime. Assim, nesse caso, o erro não é de fato, mas de direito. Se o erro for escusável (O agente não tinha condições de saber que era ilícito), está excluída a culpabilidade. Se for erro inescusável (o agente tinha como saber que era ilícito), responderá pelo crime, com pena diminuída de um sexto a um terço. Vejam que há implicações práticas, principalmente se o erro for inescusável, pois no erro de tipo inescusável o agente responde por crime culposo, se houver (se não houver, o fato é atípico). Já no erro de proibição inescusável o agente responde pelo crime doloso, só que com pena diminuída (no caso acima, responderia por furto, com pena diminuída). Assim, o fato de ter-se adotado a teoria limitada tem reflexos práticos na configuração da conduta criminosa, não apenas doutrinários. II – PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO Quando alguém comete um fato definido como crime, surge para o Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius puniendi. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 41 Em regra, todo fato típico, ilícito e praticado por agente culpável, é punível. No entanto, o exercício do ius puniendi encontra limitações de diversas ordens, sendo a principal delas a limitação temporal (prescrição). Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira prevista na lei (através do manejo da Ação Penal no processo penal), bem como deve fazê-lo no prazo legal. Para o nosso estudo interessam mais as hipóteses de extinção da punibilidade. Vamos analisá-las então! O art. 107 do CP prevê que: Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. O primeiro caso é bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o princípio da intranscendência da pena, ou seja, a pena não pode passar da pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa o direito de punir do Estado. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 41 A anistia, a graça e o indulto são modalidades muito parecidas de extinção da punibilidade. Entretanto, não se confundem. A anistia exclui o próprio crime, ou seja, o Estado determina que as condutas praticadas pelos agentes não sejam consideradas crimes. A anistia pode ser concedida pelo Poder Legislativo, e pode ser conferida a qualquer momento (inclusive após a sentença penal condenatória transitada em julgado). Já a Graça e o indulto são bem mais semelhantes, pois não excluem o crime em si, mas apenas extinguem a punibilidade em relação àqueles casos específicos, e só podem ser concedidos pelo Presidente da República. A Graça é conferida de maneira individual, e o indulto é conferido coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situação). A anistia só pode ser causa de extinção total da punibilidade (pois, como disse, exclui o próprio crime). Já a Graçae o indulto podem ser parciais. Pode ser extinta a punibilidade, também, pelo fenômeno da abolitio criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o fato como crime. Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de ação penal privada, renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o perdão ao acusado. Nesses casos, também estará extinta a punibilidade. A renúncia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de seis meses de que dispõe o ofendido para oferecê-la, este renuncia a este direito, de maneira expressa ou tácita. A renúncia tácita ocorre quando o ofendido pratica algum ato incompatível com a intenção de processar o agente (quando, por exemplo, se casa com ele). Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 41 O perdão, por sua vez, é muito semelhante à renúncia, com a ressalva que o perdão só pode ser concedido quando já ajuizada a ação penal privada, e que o simples oferecimento do perdão, por si só, não gera a extinção da punibilidade, devendo o agente aceitar o perdão. Ocorrendo a renúncia ao direito de queixa, ou o perdão do ofendido, e sendo este último aceito pelo querelado (autor do fato), estará extinta a punibilidade. Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator, por entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado “perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP: § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará extinta a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se houver o perdão judicial, esta sentença que concede o perdão judicial não é considerada para fins de reincidência. Nos termos do inciso VI do art. 107, a retratação do agente também é hipótese de extinção da punibilidade, nos casos em que a lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de calúnia ou difamação, nos quais a lei admite a retratação como causa de extinção da punibilidade, se realizada antes da sentença. Nos termos do art. 143 do CP: Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 41 Por fim, temos a clássica e mais comum hipótese de extinção da punibilidade: a prescrição. A prescrição é a perda do poder de exercer um direito em razão da inércia do seu titular. Ou seja, é o famoso “camarão que dorme a onda leva”. A prescrição pode ser dividida basicamente em duas espécies: Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória. A primeira pode ocorrer quando ainda não há sentença penal condenatória transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer somente depois de já haver sentença penal condenatória transitada em julgado. Vamos estudá-las em tópicos separados. A) Prescrição da pretensão punitiva Aqui o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção penal ao agente que praticou a conduta criminosa. Mas qual é o prazo de prescrição? O prazo prescricional varia de crime para crime, e é definido tendo por base a pena máxima estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art. 109 do CP: Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula- se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 41 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, no crime de homicídio simples, por exemplo, para o qual a lei estabelece pena máxima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo prescricional é de 20 anos, pois a pena máxima é superior a 12 anos. O crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve em oito anos, pois a pena máxima prevista é quatro anos. Portanto, não confundam: O prazo de prescrição do crime não é igual à pena máxima a ele estabelecida, mas é calculado através de uma tabela que leva em consideração a pena máxima! Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 41 Mas Renan, quando começa a correr o prazo prescricional? Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta está no art. 111 do CP: Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Apenas um comentário em relação a este artigo: A regra, aqui, é que o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se consuma. Cuidado! Lembrem-se que o crime se considera praticado (tempo do crime) quando ocorre a conduta, e não a consumação. Assim: Tempo do crime – Momento da conduta Início do prazo prescricional – Momento da consumação Prestem atenção para não errarem isso, pois esta é uma pegadinha que pode derrubar vocês no concurso. Como nos crimes tentados não há propriamente consumação (pois não há resultado naturalístico esperado), o prazo prescricional começa a Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujowww.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 41 fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critério utilizado para os crimes permanentes. Vejam que no que se refere aos crimes permanentes, o início do prazo prescricional coincide com o tempo do crime. Lembram-se do verbete n° 711 da súmula de jurisprudência do STF? Então, esse verbete diz que se considera praticado o crime quando da cessação da atividade criminosa. Assim, nesses crimes, o tempo do crime e o início do prazo prescricional ocorrem simultaneamente! Na hipótese de pena de multa, como calcular o prazo prescricional? Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o prazo será de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista cumuladamente com a pena de prisão (privativa de liberdade), o prazo de prescrição será o mesmo estabelecido para a pena privativa de liberdade. Isto é que se extrai do art. 114 do CP: Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) B) Prescrição da pretensão executória Como disse a vocês, a prescrição pode ocorrer antes do trânsito em julgado (pretensão da pretensão punitiva) ou depois do trânsito em julgado (quando teremos a prescrição da pretensão executória). Esta Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 41 última ocorre quando o Estado condena o indivíduo, de maneira irrecorrível, mas não consegue fazer cumprir a decisão. Nos termos do art. 110 do CP: Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, na hipótese do crime de homicídio, conforme o exemplo dado acima, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, o prazo prescricional é regulado pela pena máxima cominada ao crime em abstrato, de acordo com a tabelinha do art. 109 do CP. Após o trânsito em julgado, o parâmetro utilizado pela lei para o cálculo do prazo prescricional deixa de ser a pena máxima prevista e passa a ser a pena efetivamente aplicada. Assim, se no crime de homicídio simples, que tem pena prevista de 06 a 20 anos, se o agente for condenado a apenas 06 (seis) anos de reclusão, o prazo prescricional passa a ser de apenas 12 (doze) anos, nos termos do art. 109, III do CP. O art. 112 do CP estabelece o marco inicial (termo a quo) do prazo prescricional da pretensão executória: Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 41 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) C) Disposições gerais sobre a prescrição O CP prevê, ainda, hipóteses nas quais a prescrição não corre, tanto no que se refere à prescrição da pretensão punitiva quanto à prescrição da pretensão executória, embora as circunstâncias sejam diferentes para cada uma delas. Nos termos do art. 116 e seu § único, do CP: Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 41 condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, nestes casos, o prazo prescricional não se inicia. Pode ocorrer, ainda, de o prazo prescricional se iniciar, mas ser interrompido, em razão da ocorrência de alguns fatos. É o que prevê o art. 117 do CP: Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 41 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A interrupção é uma causa de paralisação do prazo prescricional, assim como a suspensão. Entretanto, na interrupção o prazo prescricional, cessado o motivo que levou à interrupção, volta a correr desde o início, e não de onde havia parado. Exemplo: Imagine que Poliana esteja sendo acusada pelo crime de homicídio simples (prescrição em 20 anos). O prazo prescricional vem fluindo normalmente até que o Juiz “pronuncia” Poliana (decisão na qual o Juiz diz que o caso deve ser levado à Júri popular). Nesse caso, se o prazo prescricional estava já com 04 anos, por exemplo, ele será interrompido e voltará a ser contado do zero (mais 20 anos), e não apenas os 16 (dezesseis) anos que faltavam. Meus caros, por hoje é só! Estudem bastante! Até a próxima! Prof. Renan Araujo III – Questões para praticarAcesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 41 Agora chegou a hora de revisarmos e fixarmos a matéria estudada através da resolução de questões que foram cobradas em concursos recentes. Começaremos com uma espécie de simulado com as questões sem comentários! Ao final do curso, prestem bem atenção nos comentários das questões! Vamos ao trabalho, galera! Abraço! 01 - (CESPE – 2009 – PC/RN – AGENTE DE POLÍCIA) Exclui-se a culpabilidade do agente A) que falece após a ocorrência do fato. B) inteiramente incapaz ao tempo do fato. C) que age em estrito cumprimento do dever legal. D) portador de perturbação mental após o fato. E) maior de 70 anos de idade na data da sentença. 02 - (CESPE – 2010 – DETRAN/ES – ADVOGADO) Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a teoria limitada são derivações da teoria normativa pura e divergem apenas a respeito do tratamento das descriminantes putativas. 03 - (CESPE – 2011 – PC/ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a culpabilidade. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 41 04 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa incluem a estrita obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente cumpra ordem ilegal ou extrapole os limites que lhe foram determinados, a conduta é culpável. 05 - (CESPE – 2009 – DPE/AL – DEFENSOR PÚBLICO) Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, toda espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da norma, seja incidente sobre situação fática pressuposto de uma causa de justificação, é sempre considerada erro de proibição. 06 - (CESPE – 2004 – AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. 07 - (CESPE – 2011 – TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Nessa situação, embora tenha praticado fato penalmente típico e ilícito, Abel ficará isento de pena. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 41 08 - (CESPE – 2008 – STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de exclusão de culpabilidade, é necessário que exista dependência funcional do executor da ordem dentro do serviço público, de forma que não há que se falar, para fins de exclusão da culpabilidade, em relação hierárquica entre particulares. 09 - (CESPE – 2011 – TJ/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) O perdão judicial, uma das possíveis causas extintivas da punibilidade, consiste na manifestação de vontade, expressa ou tácita, do ofendido ou de seu representante legal, acerca de sua desistência da ação penal privada já iniciada. 10 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória. 11 - (CESPE – 200P – SEJUS /ES – AGENTE PENITENCIÁRIO) A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a punibilidade, tendo, de regra, ao contrário da graça, o caráter da generalidade, ao abranger fatos e não pessoas. 12 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 41 Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os mesmos prazos previstos para as respectivas penas privativas de liberdade. 13 - (FGV-2010-DELEGADO-DELEGADO DE POLÍCIA-AMAPÁ) Relativamente à extinção da punibilidade, analise as afirmativas a seguir: I. Extingue-se a punibilidade, dentre outros motivos, pela morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela prescrição, decadência ou perempção; e pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos capítulos I, II e III, do Título IV do Código Penal. II. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. III. A renúncia do direito de queixa, ou o oferecimento de perdão pelo querelante, nos crimes de ação privada, acarreta a extinção da punibilidade. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se nenhuma afirmativa estiver correta. 14 - (FGV-2005-TJ/PA- JUIZ SUBSTITUTO)A00 A mulher que ingere substância abortiva, com o intuito de provocar um aborto, supondo, erroneamente, estar grávida, realiza o que a doutrina penal denomina de: (A) delito putativo por obra do agente provocador. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 41 (B) delito putativo por erro de proibição. (C) erro de tipo. (D) delito putativo por erro de tipo. (E) erro de proibição. 15 - (FGV-2005-TJ/PA- JUIZ SUBSTITUTO)A00 Segundo o Código Penal, o curso da prescrição se interrompe: (A) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. (B) durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. (C) pela continuação do cumprimento da pena. (D) pela decisão confirmatória da sentença condenatória recorrível. (E) enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime. 16 - (FGV-2008-TCM-AUDITOR) Assinale a afirmativa correta. (A) São causas de extinção da punibilidade a anistia, graça, indulto e perdão da vítima nos crimes de ação pública incondicionada. (B) A retroatividade da lei que não considera mais o fato como criminoso extingue a punibilidade do agente, salvo quando se tratar de crime hediondo. (C) A reparação do dano extingue a punibilidade do peculato culposo, se ocorre antes da sentença condenatória irrecorrível. (D) Nos crimes contra a fé pública, extingue-se a punibilidade do agente quando este espontaneamente confessa o crime no interrogatório judicial. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.brPágina 29 de 41 (E) A morte do agente só extingue a punibilidade se houver expressa concordância do Ministério Público ou do querelante. 01 - (CESPE – 2009 – PC/RN – AGENTE DE POLÍCIA) Exclui-se a culpabilidade do agente A) que falece após a ocorrência do fato. B) inteiramente incapaz ao tempo do fato. C) que age em estrito cumprimento do dever legal. D) portador de perturbação mental após o fato. E) maior de 70 anos de idade na data da sentença. COMENTÁRIOS: O falecimento após a ocorrência do fato gera, apenas, a extinção da punibilidade, mas o crime considera-se praticado, nos termos do art. 107, I do CP. A superveniência de doença mental também não é causa de exclusão da culpabilidade, que é aferida no momento da conduta. A circunstância de ser o agente maior de 70 anos na data da sentença é mera causa de diminuição de pena. Aquele que age em estrito cumprimento do dever legal não chega, sequer, a praticar fato ilícito, pois essa circunstância é uma causa de exclusão da ilicitude. Por fim, se o agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato à época da conduta, ou será considerado inimputável (se se enquadrar nas hipóteses de inimputabilidade), ou não terá culpabilidade em razão da ausência de potencial consciência da ilicitude. Assim, a alternativa correta é a letra B. IV – Questões Comentadas Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 41 02 - (CESPE – 2010 – DETRAN/ES – ADVOGADO) Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a teoria limitada são derivações da teoria normativa pura e divergem apenas a respeito do tratamento das descriminantes putativas. CORRETA: Como disse a vocês antes, a teoria limitada, que é a adotada pelo CP, difere da teoria normativa pura com relação ao tratamento dado às descriminantes putativas. As descriminantes putativas são tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do CP:§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (...) Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Para a teoria normativa pura, as descriminantes putativas serão sempre erro de proibição. Ou seja, sempre que um agente supor que existe uma situação fática que legitima sua ação, e esta não existir, estará errando com relação à licitude do fato, logo, comete erro de proibição, o que pode afastar a culpabilidade. Já a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as descriminantes em de fato e de direito. Na primeira hipótese, o agente age supondo haver uma situação fática que legitime sua função. No segundo caso, o agente visualiza corretamente a situação fática, mas acredita que a conduta, no entanto, não é proibida. Assim, a afirmativa está correta. 03 - (CESPE – 2011 – PC/ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 41 A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a culpabilidade. CORRETA: A potencial consciência da ilicitude é um dos elementos da culpabilidade. Assim, se o agente pratica a conduta mas não possuía, ao tempo da ação ou omissão, capacidade de entender que a conduta praticada era ilícita, não é considerado culpável, pois ausente um dos elementos da culpabilidade. Desta maneira, a afirmativa está correta. 04 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa incluem a estrita obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente cumpra ordem ilegal ou extrapole os limites que lhe foram determinados, a conduta é culpável. CORRETA: De fato, o art. 22 do CP diz: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Assim, se a ordem emanada não é manifestamente ilegal, e o agente a cumpre, não comete crime, pois não é culpável. No entanto, se a ordem for manifestamente ilegal, ou se o agente extrapolar os limites da ordem recebida, responderá pelo crime. A questão deveria, apenas, ter colocado o termo “manifestamente” no enunciado, pois a sua ausência pode gerar no concursando a dúvida acerca de ser ou não uma pegadinha. Entretanto, a banca considerou a questão como correta. 05 - (CESPE – 2009 – DPE/AL – DEFENSOR PÚBLICO) Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, toda espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da norma, seja incidente sobre situação fática Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 41 pressuposto de uma causa de justificação, é sempre considerada erro de proibição. ERRADA: A teoria limitada da culpabilidade, embora adota pelo nosso CP, ao contrário da teoria normativa pura, diferencia as hipóteses de descriminantes putativas, dividindo-as em de fato e de direito. Assim, a afirmativa está errada. 06 - (CESPE – 2004 – AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. ERRADA: Apenas a coação física irresistível (vis absoluta) exclui a própria conduta, pois, nesse caso, o agente é mero objeto na mão de um terceiro, que é quem, de fato, comete o crime. Na coação moral irresistível, há conduta, embora seja uma conduta viciada (pois o agente não é inteiramente livre para realizar a escolha de praticar ou não o crime, pois se encontra sob coação). Assim, a afirmativa está errada. 07 - (CESPE – 2011 – TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Nessa situação, embora tenha praticado fato penalmente típico e ilícito, Abel ficará isento de pena. CORRETA: A embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior, exclui a imputabilidade do agente, se ele era, ao tempo do fato, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, nos termos do art. 28, § 1° do CP. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 41 08 - (CESPE – 2008 – STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de exclusão de culpabilidade, é necessário que exista dependência funcional do executor da ordem dentro do serviço público,de forma que não há que se falar, para fins de exclusão da culpabilidade, em relação hierárquica entre particulares. CORRETA: A Doutrina é pacífica em afirmar que para que seja caracterizada a excludente de culpabilidade em questão, é necessário que haja uma relação de hierarquia funcional entre o autor do fato e o mandante. Assim, a afirmativa está correta. 09 - (CESPE – 2011 – TJ/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) O perdão judicial, uma das possíveis causas extintivas da punibilidade, consiste na manifestação de vontade, expressa ou tácita, do ofendido ou de seu representante legal, acerca de sua desistência da ação penal privada já iniciada. ERRADA: O enunciado da questão descreve a figura do perdão do ofendido, não do perdão judicial. Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator, por entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado “perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP: § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977). Este sim é o chamado perdão judicial. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 41 Portanto, a afirmativa está errada. 10 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória. ERRADA: A abolitio criminis, de fato, conduz à extinção da punibilidade (art. 107, III do CP). Entretanto, apenas faz desaparecer os efeitos penais de eventual condenação, não possuindo reflexos na seara cível, nos termos do art. 2° do CP. Assim, a alternativa está errada. 11 - (CESPE – 200P – SEJUS /ES – AGENTE PENITENCIÁRIO) A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a punibilidade, tendo, de regra, ao contrário da graça, o caráter da generalidade, ao abranger fatos e não pessoas. CORRETA: A anistia é uma forma de extinção da punibilidade mais abrangente que a graça e o indulto, pois a anistia é um instituto mediante o qual o Estado passa a considerar que as condutas praticadas pelos agentes não são mais crimes. Não se trata de abolitio criminis, pois as condutas já foram realizadas. Já a graça e o indulto são de caráter pessoal, ou seja, o Estado concede àquela(s) pessoas a extinção da punibilidade, por razões de política criminal, embora permaneça a consideração de que o fato praticado foi um crime. Assim, a afirmativa está correta. 12 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 41 mesmos prazos previstos para as respectivas penas privativas de liberdade. CORRETA: Esta é a previsão legal, contida no art. 114, II do CP: Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (...) II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Portanto, a alternativa está correta. 13 - (FGV-2010-DELEGADO-DELEGADO DE POLÍCIA-AMAPÁ) Relativamente à extinção da punibilidade, analise as afirmativas a seguir: I. Extingue-se a punibilidade, dentre outros motivos, pela morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela prescrição, decadência ou perempção; e pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos capítulos I, II e III, do Título IV do Código Penal. ERRADA: O casamento da vítima com o infrator não mais é causa de extinção da punibilidade, em razão da reforma realizada pela Lei 11.106/05. II. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. ERRADA: A redação da parte final do art. 108 do CP é expressamente contrária a isto: Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 41 de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III. A renúncia do direito de queixa, ou o oferecimento de perdão pelo querelante, nos crimes de ação privada, acarreta a extinção da punibilidade. ERRADA: Cuidado! A questão parece estar correta, mas guarda um grave erro. O “oferecimento do perdão pelo querelante” não é causa de extinção da punibilidade, pois é necessário que ele seja aceito pelo infrator, nos termos do art. 107, V do CP: Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se nenhuma afirmativa estiver correta. 14 - (FGV-2005-TJ/PA- JUIZ SUBSTITUTO)A00 Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 41 A mulher que ingere substância abortiva, com o intuito de provocar um aborto, supondo, erroneamente, estar grávida, realiza o que a doutrina penal denomina de: (A) delito putativo por obra do agente provocador. (B) delito putativo por erro de proibição. (C) erro de tipo. (D) delito putativo por erro de tipo. (E) erro de proibição. COMENTÁRIOS: O erro de tipo ocorre quando o agente pratica um delito, mas o pratica sem saber que o faz, pois incide em erro sobre elemento constitutivo do tipo penal. Já no erro de proibição, o agente comete o crime não por representar erroneamente a realidade, mas por acreditar que sua conduta não é ilícita. No delito putativo por erro de tipo, o agente comete um erro de tipo “ao contrário”, pois acredita que está praticando um delito, mas em razão de representar erradamente um elemento constitutivo do tipo penal, não comete crime algum (ex.: Furto de coisa própria, achando que é coisa alheia). Já no delito putativo por erro de proibição, o agente crê estar praticando um delito, mas na verdade, sua conduta é lícita penalmente. Por fim, o delito putativo por obra do agente provocador, é o crime no qual o agente crê estar cometendo crime,mas não comete crime algum, pois o agente que provoca essa conduta impedirá sua consumação (ex.: Policial que provoca a atuação do criminoso para prendê-lo com “a boca no botija”). Trata-se de crime impossível. Assim, no caso concreto, a mulher acreditou estar praticando um delito (crime putativo), mas não comete crime algum, pois supõe erradamente uma situação fática (erro de tipo). Logo, temos um delito putativo por erro de tipo. Portanto, a alternativa correta é a letra D. Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 41 15 - (FGV-2005-TJ/PA- JUIZ SUBSTITUTO)A00 Segundo o Código Penal, o curso da prescrição se interrompe: (A) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. (B) durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. (C) pela continuação do cumprimento da pena. (D) pela decisão confirmatória da sentença condenatória recorrível. (E) enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime. COMENTÁRIOS: As causas interruptivas da prescrição estão previstas no art. 117 do CP. Vejamos: Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 41 VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Assim, a única das alternativas que contempla uma hipótese de causa interruptiva da prescrição é a letra C. 16 - (FGV-2008-TCM-AUDITOR) Assinale a afirmativa correta. (A) São causas de extinção da punibilidade a anistia, graça, indulto e perdão da vítima nos crimes de ação pública incondicionada. (B) A retroatividade da lei que não considera mais o fato como criminoso extingue a punibilidade do agente, salvo quando se tratar de crime hediondo. (C) A reparação do dano extingue a punibilidade do peculato culposo, se ocorre antes da sentença condenatória irrecorrível. (D) Nos crimes contra a fé pública, extingue-se a punibilidade do agente quando este espontaneamente confessa o crime no interrogatório judicial. (E) A morte do agente só extingue a punibilidade se houver expressa concordância do Ministério Público ou do querelante. COMENTÁRIOS: A extinção da punibilidade pode se dar pela anistia, graça e indulto (art. 107, II do CP), bem como pelo perdão do ofendido, nos crimes de ação penal PRIVADA (art. 107, V do CP). A retroatividade da lei penal que não considera mais o fato como crime (abolitio criminis), extingue a punibilidade em qualquer caso, sem ressalvas (art. 107, III do CP). A reparação do dano, no peculato culposo, é causa de extinção da punibilidade se ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 312, §§ 2° e 3° do CP). Nos crimes contra a fé pública, a confissão do infrator no interrogatório judicial não é causa de extinção Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 41 da punibilidade. Por fim, a morte do agente é causa de extinção da punibilidade SEMPRE, independentemente de concordância do MP ou querelante, nos termos do art. 107, I do CP. Portanto, a alternativa correta é a letra C. GABARITO 1) ALTERNATIVA B 2) CORRETA 3) CORRETA 4) CORRETA 5) ERRADA 6) ERRADA Acesse www.baixarveloz.net Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (AGENTE DA PF) Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 41 7) CORRETA 8) CORRETA 9) ERRADA 10) ERRADA 11) CORRETA 12) CORRETA 13) ALTERNATIVA E 14) ALTERNATIVA D 15) ALTERNATIVA C 16) ALTERNATIVA C
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