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História do Direito Brasileiro
Profª. Me. Ana Cláudia P. Spessotto
República Militar
Proclamação da República – crescimento da importância do Exército brasileiro e da importância política dos cafeicultores de São Paulo.
Aliança entre exército e cafeicultores.
Dois momentos: 
Golpe Militar – Marechal Deodoro da Fonseca ocupa o Ministério da Guerra e depõe o Imperador.
José do Patrocínio, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, declara extinta a Monarquia e inaugura a República.
República Militar
Três governos
Período inicial da história republicana – República da Espada.
Governo Provisório – novembro de 1889 a fevereiro de 1891
Marechal Deodoro da Fonseca – Presidente eleito que governa até novembro de 1891 e renuncia.
Marechal Floriano Peixoto – assume após novembro de 1891
Governo Provisório
Características gerais principais:
Ações voltadas para a transição do regime monárquico para o republicano;
Instalação e consolidação das instituições da República como, por exemplo, o sistema eleitoral;
Adesão aos ideais do positivismo;
Estabelecimento do Estado Laico (separação entre o Estado e a Igreja);
Manutenção das oligarquias agrárias no poder, principalmente dos cafeicultores da região sudeste.
Governo Provisório
Principais medidas:
Abolição das instituições da Monarquia;
Anulação da Constituição de 1824;
Convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte.
Governo Provisório
Encilhamento
O encilhamento foi o nome que ganhou a política econômica do Ministro Rui Barbosa que visava o desenvolvimento do Brasil, principalmente na área industrial. Esta política baseava-se na adoção de medidas protecionistas, liberdade para a emissão de moeda por parte de bancos privados e facilidades para abertura de empresas de capital aberto.
As medidas não deram certo e geraram uma grave crise econômica no país. O que se viu foi o aumento da inflação, falências de empresas e o crescimento da especulação financeira.
Governo Provisório
A Constituição de 1891
A primeira constituição da República foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891, ela apresentou as seguintes características:
Estabelecimento da República Federativa, composto por vinte estados (unidades da federação), possuidores de certa autonomia;
Divisão da República em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
Manutenção da propriedade particular;
Liberdade de pensamento e de associação;
Criação de sistema eleitoral com as seguintes características: era aberto (não secreto) e não tinham direito ao voto as mulheres, menores de 21 anos, mendigos, analfabetos, soldados e padres.
Governo Constitucional de Deodoro da Fonseca (1891)
 
Após o fim do período provisório, Deodoro da Fonseca se manteve no poder com apoio dos militares, cafeicultores e políticos que representavam as oligarquias agrárias do país. 
Porém, foi um período muito conturbado e de grande pressão política. A crise econômica era grande e os militares deixaram de dar apoio ao governo após este fechar o Congresso, desrespeitando a Constituição, e convocar novas eleições. Com pouco apoio político, Deodoro renunciou em 23 de novembro de 1891.
Governo Floriano Peixoto (1891 a 1894)
De acordo com a Constituição, se um presidente não completasse dois anos de mandado, ao renunciar, deveriam ser convocadas eleições presidenciais. Porém, o marechal Floriano Peixoto assumiu o poder e não convocou eleições.
Governo Floriano Peixoto (1891 a 1894)
Seu governo foi marcado por:
Enfrentamento de revoltas como, por exemplo, A revolta da Armada (1893) e a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul (1893);
Adoção de medidas populares: redução dos valores dos aluguéis, redução de imposto sobre a carne, construção de casas populares;
Forma de governar marcada pelo nacionalismo;
Medidas econômicas protecionistas, visando proteger a nascente indústria brasileira.
Principais características da Constituição de 1891
Implantação da república federativa, com governo central de vinte estados membros.
Estabelecimento de uma relativa e limitada autonomia para os estados.
Grande parte do poder concentrado no governo federal (poder executivo).
Divisão dos poderes em três: executivo (presidente da república, governadores, prefeitos), legislativo (deputados federais e estaduais, senadores e vereadores) e judiciário (juízes, promotores, etc).
Estabelecimento do voto universal masculino. Ou seja, somente os homens poderiam votar. Além das mulheres, não podiam votar: menores de 21 anos, mendigos, padres, soldados e analfabetos.
Principais características da Constituição de 1891
Direitos dos cidadãos e educação
Todos eram iguais perante a lei.
Ninguém poderia ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude da lei.
Liberdade de culto religioso.
Estabelecimento do ensino leigo em estabelecimentos públicos.
Extinção de privilégios relacionados ao nascimento ou títulos de nobreza adquiridos na época da monarquia.
Principais características da Constituição de 1891
Liberdade de reunião e associação, porém sem uso de armas.
Garantia de liberdade de imprensa e expressão de opiniões. Não estabelece censura, porém cada pessoa fica responsável por abusos cometidos.
Liberdade de exercício de qualquer profissão industrial, moral e intelectual.
Liberdade para entrar e sair do país com seus bens, exceto em tempos de guerras.
República Oligárquica
Chamamos de República das Oligarquias o período da História do Brasil (entre 1894 e 1930), em que houve um forte domínio das oligarquias na política nacional.
Estas oligarquias eram compostas, principalmente, por ricos e poderosos proprietários rurais, principalmente da região sudeste do Brasil.
República Oligárquica
A República das Oligarquias teve início em 1894, com o governo de Prudente de Morais, representante da oligarquia cafeicultora da região sudeste do Brasil. Esta fase terminou em 1930, após a Revolução de 1930, golpe de estado que levou Getúlio Vargas ao poder.
Principais características políticas e econômicas do período
Coronelismo: era o poder político, econômico e social que os “coronéis” tinham sobre a população local. Estes coronéis nada mais eram do que grandes proprietários rurais com influência na política regional.
Política do café-com-leite: foi a alternância na presidência da República de políticos paulistas e mineiros. Ganhou este nome, pois o café era o principal produto de São Paulo e o leite (também os derivados) era o principal produto dos mineiros.
Principais características políticas e econômicas do período
Fraudes eleitorais: como o voto era aberto e o sistema eleitoral facilmente manipulado pelos políticos, era comum as fraudes eleitorais, feitas sempre para beneficiar os candidatos apoiados pelos grandes proprietários rurais. Compra de votos, uso de documentos falsos e alterações de cédulas eleitorais eram comuns neste período. O “voto de cabresto” era o sistema em que o coronel, com uso da violência ou pressão de todos os tipos, fazia com que seus funcionários votassem nos candidatos indicados por ele.
Principais características políticas e econômicas do período
Início do processo de industrialização do país: parte do lucro dos cafeicultores, com a venda do café para o mercado externo, foi usada como investimentos no setor industrial. A região sudeste do país, principalmente a cidade de São Paulo, foi a que mais recebeu estes investimentos e mais se desenvolveu no aspecto industrial.
Formação da burguesia industrial urbana e do operariado, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro: muitos imigrantes, principalmente italianos, foram morar nestas cidades para trabalhar nas nascentes e promissoras indústrias. Ocorreram também, neste período, muitas greves com a organização do movimento operário, que reivindicava melhores salários e condições de trabalho.
Principais características políticas e econômicas do período
Política dos Governadores: espécie de acordo feito entre os governadores de estados e o presidente da República. Opresidente dava apoio, principalmente nas eleições, aos governadores e, em troca, estes davam sustentação política ao presidente.
Tenentismo: movimento de caráter político-militar, com grande participação de militares do exército (média e baixa patente), que eram a favor da moralização política do Brasil. O movimento, do início da década de 1920, foi caracterizado por rebeliões e protestos. O mais importante levante tenentista foi a Revolução Paulista de 1924.
Principais movimentos e revoltas sociais do período 
Os movimentos sociais deste período foram reflexos da insatisfação de grande parte do povo brasileiro com o controle político das oligarquias e também com os problemas sociais advindos da concentração de renda, pobreza e miséria.
Cangaço (do final do século XIX até o final da década de 1930)
Guerra de Canudos (1896 a 1897)
Revolta da Chibata (1910)
Guerra do Contestado (1914)
Revolta da Vacina (1904)
Coluna Prestes (de 1925 a 1927)
Presidentes da República deste período
1894 a 1898 - Prudente de Morais
1898 a 1902 - Campos Sales
1902 a 1906 - Rodrigues Alves
1906 a 1909 - Afonso Penna
1909 a 1910 - Nilo Peçanha
1910 a 1914 - Marechal Hermes da Fonseca
1914 a 1918 - Wenceslau Brás
1918 a 1919 - Delfim Moreira
1919 a 1922 - Epitácio Pessoa
1922 a 1926 - Arthur Bernardes
1926 a 1930 - Washington Luís
Fim das Oligarquias
Antes da Revolução de 1930, o Brasil era governado pelas oligarquias de Minas Gerais e São Paulo. Através de eleições fraudulentas, estas oligarquias se mantinham no poder e conseguiam alternar, na presidência da República, políticos que representavam seus interesses.
Esta política, conhecida como “café-com-leite”, gerava descontentamento em setores militares (tenentes) que buscavam a moralização política do país.
Fim das Oligarquias
Nas eleições de 1930, as oligarquias de Minas Gerais e São Paulo entraram em um sério conflito político.
Era a vez de Minas Gerais indicar o candidato a presidência, porém os paulistas apresentaram a candidatura de Júlio Prestes (fluminense que fez carreira política em São Paulo). 
Descontentes, muitos políticos mineiros apoiaram o candidato de oposição da Aliança Liberal, o gaúcho Getúlio Vargas (governador do RS).
Era Vargas
Getúlio Dornelles Vargas (19/4/1882 - 24/8/1954) foi o do Brasil durante dois mandatos.: 1930 a 1945 e de 1951 a 1954.
Entre 1937 e 1945 instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo.
Vargas assumiu o poder em 1930, após liderar a Revolução de 1930.
Governo marcado pelo nacionalismo e populismo. 
Fechou o Congresso Nacional no ano de 1937 e instalou o Estado Novo, governando de forma controladora e centralizadora. 
Era Vargas
Criou o Departamento de Imprensa e Propaganda para censurar e controlar manifestações contra opostas ao seu governo.
Perseguiu opositores políticos, principalmente, partidários e simpatizantes do socialismo. 
Realizações importantes de seu governo
Criou a Justiça do Trabalho em 1939;
Criou e implantou vários direitos trabalhistas, entre eles, o salário mínimo, Consolidação das Leis do Trabalho, semana de trabalho de 48 horas, Carteira profissional e férias remuneradas. 
Vargas fez fortes investimentos nas áreas de infraestrutura: criação da Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Vale do Rio Doce e Hidrelétrica do Vale do São Francisco .
Em 1938, criou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
Após um golpe militar, Vargas deixou o governo em 1945. 
CAMPANHA DO QUEREMISMO
Em maio de 1945, as forças políticas do Brasil se mobilizaram em favor da dissolução do Estado Novo e a consequente saída de Getúlio Vargas do poder. 
Isso porque, naquele ano, a ditadura varguista se via pressionada pela contradição de ter enviado tropas para defender a democracia na Europa e alimentar um governo centralizado em terras brasileiras.
Mediante o impasse, o próprio Getúlio Vargas concordava que a saída do poder era a melhor estratégia para sua sobrevivência política.
CAMPANHA DO QUEREMISMO
Entre suas primeiras ações que apontava para o fim do Estado Novo, Getúlio Vargas marcou eleições presidenciais para o dia 2 de dezembro de 1945.
Dessa forma, o ditador tentou sair de cena como um inédito defensor da democracia.
No entanto, setores que defendiam incondicionalmente sua gestão logo se mobilizaram para reivindicar a permanência do político gaúcho no poder. Aos brados de “Queremos Getúlio!”, nascia o chamado “Queremismo” ou “Movimento Queremista”
CAMPANHA DO QUEREMISMO
Apoiado maciçamente por trabalhadores urbanos, o queremismo defendia a remarcação das eleições presidenciais e a organização de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Dessa forma, esperava-se que a nova carta magna do país incorporasse o privilégio de Getúlio Vargas disputar as eleições como candidato à presidência.
Se isso não fosse possível, defendiam que algum outro artifício autorizasse Vargas a concorrer ao posto presidencial.
CAMPANHA DO QUEREMISMO
Seguindo as orientações soviéticas, o recém legalizado Partido Comunista Brasileiro apoiou a manutenção de Vargas no governo, já que o mesmo havia combatido o fascismo italiano.
Nesse mesmo tempo, outras capitais brasileiras engrossaram as fileiras do queremismo através de manifestações públicas.
No mês de julho, uma grande manifestação queremista agitou a capital quando os pracinhas da Segunda Guerra Mundial retornaram para o país.
CAMPANHA DO QUEREMISMO
Nos meses seguintes, talvez animado com essas e outras manifestações, Getúlio Vargas saía na sacada do palácio presidencial para saudar os seus aliados.
No mês de outubro, tentou colocar seu irmão Benjamin Vargas no posto de chefe de Polícia do Distrito Federal.
O ato foi prontamente interpretado como uma ação que possivelmente arquitetava sua permanência no poder.
Dessa forma, no dia 29 de outubro, Góes Monteiro, ministro da Guerra, realizou a deposição de Vargas da presidência.
CAMPANHA DO QUEREMISMO
Apesar de interrompido, o movimento queremista não acarretou o desprestígio da figura política de Getúlio Vargas.
Nas eleições de 1945, ele concorreu e conquistou uma das vagas do Senado pelo Rio Grande do Sul.
Recluso em suas estâncias, não teve grande atuação como senador.
A Constituição Democrática de 1946
A mesa da Assembleia Constituinte, elaborada por Eurico Gaspar Dutra, então presidente (1946-1951), promulgou Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias no dia 18 de setembro de 1946, consagrando as liberdades expressas na Constituição de 1934, que haviam sido retiradas em 1937. 
A Constituição Democrática de 1946
Foram dispositivos básicos regulados pela carta:
A igualdade de todos perante a lei;
A liberdade de manifestação de pensamento, sem censura, a não ser em espetáculos e diversões públicas;
A inviolabilidade do sigilo de correspondência;
A liberdade de consciência, de crença e de exercício de cultos religiosos;
A liberdade de associação para fins lícitos;
A Constituição Democrática de 1946
A inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo;
A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia ampla de defesa do acusado;
Extinção da pena de morte; 
Separação dos três poderes. 
A Constituição Democrática de 1946
A Constituição Brasileira de 1946, bastante avançada para a época, foi notadamente um avanço da democracia e das liberdades individuais do cidadão. A Carta seguinte significou um retrocesso nos direitos civis e políticos.
Foi a primeira constituição a possuir uma bancada comunista no seu processo constituinte. Depois de seis meses da promulgação da constituição a bancada comunista cai. 
A Constituição Democrática de 1946
Conforme as disposições transitórias da Constituição Federal de 1946, foram extintos os territórios do Iguaçu e de Ponta Porã em 18 de setembro, tendo sido reintegrados aos estados que outrora abrangiam suas áreas, em decorrência de articulações engendradas pelos políticos paranaenses no âmbito da Assembleia NacionalConstituinte.
A Constituição Democrática de 1946
Durante a vigência da Constituição de 1946, ocorreu o Golpe militar de 1964, quando governava o presidente João Goulart.
A partir de então, a carta-magna passou a receber uma série de emendas, que a descaracterizaram.
Foi suspensa por seis meses pelo Ato Institucional Número Um e finalmente substituída pela Constituição de 1967, proposta oficialmente pelo Ato Institucional Número Quatro.
O Segundo Mandato de Vargas
Vargas foi eleito presidente da República em 1950, através das vias democráticas, ou seja, pelo voto popular. 
Neste segundo mandato continuou com uma política nacionalista. 
Criou a campanha do "Petróleo é Nosso", para impedir que empresas estrangeiras pudessem explorar o petróleo em terras brasileiras. Esta campanha resultou, posteriormente, na criação da Petrobrás. 
A crise do governo Vargas e o suicídio
Em 1954, o clima político no Brasil era tenso e conflituoso. Havia fortes críticas por parte da imprensa ao governo de Vargas. Os militares também estavam descontentes com medidas consideradas “de esquerda” tomadas por Vargas. A população também estava muito descontente, pois a situação econômica do país era ruim. 
Existia, portanto, grande pressão para que ele renunciasse. Porém, em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Na eleição presidencial de 1955, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se aliaram, lançando como candidato Juscelino Kubitschek para presidente e João Goulart para vice-presidente.
A União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC) disputaram o pleito com Juarez Távora.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Também concorreram os candidatos Adhemar de Barros e Plínio Salgado.
Juscelino Kubitschek venceu as eleições. O vice-presidente Café Filho havia substituído Getúlio Vargas na presidência da República.
Porém, antes de terminar o mandato, problemas de saúde provocaram o afastamento de Café Filho. Quem assumiu o cargo foi o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
A ameaça de golpe
Rumores de um suposto golpe, tramado pelo presidente em exercício Carlos Luz, por políticos e militares pertencentes a UDN contra a posse de Juscelino Kubitschek fizeram com que o ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, mobilizasse tropas militares que ocuparam importantes prédios públicos, estações de rádio e jornais.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O presidente em exercício Carlos Luz foi deposto. Foi empossado provisoriamente no governo o presidente do Senado, Nereu Ramos, que se encarregou de transmitir os cargos a Juscelino Kubitschek e João Goulart, a 31 de janeiro de 1956. A intervenção militar assegurou, portanto, as condições para posse dos eleitos.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O Plano de Metas
O governo de Juscelino Kubitschek entrou para história do país como a gestão presidencial na qual se registrou o mais expressivo crescimento da economia brasileira.
Na área econômica, o lema do governo foi "Cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo".
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Para cumprir com esse objetivo, o governo federal elaborou o Plano de Metas, que previa um acelerado crescimento econômico a partir da expansão do setor industrial, com investimentos na produção de aço, alumínio, metais não-ferrosos, cimento, álcalis, papel e celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O Plano de Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da gestão governamental a economia brasileira registrou taxas de crescimento da produção industrial (principalmente na área de bens de capital) em torno de 80%.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Desenvolvimento e dependência externa
A prioridade dada pelo governo ao crescimento e desenvolvimento econômico do país recebeu apoio de importantes setores da sociedade, incluindo os militares, os empresários e sindicatos trabalhistas.
O acelerado processo de industrialização registrado no período, porém, não deixou de acarretar uma série de problemas de longo prazo para a econômica brasileira.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O governo realizava investimentos no setor industrial a partir da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estrangeiro.
A emissão monetária (ou emissão de papel moeda) ocasionou um agravamento do processo inflacionário, enquanto que a abertura da economia ao capital estrangeiro gerou uma progressiva desnacionalização econômica, porque as empresas estrangeiras (as chamadas multinacionais) passaram a controlar setores industriais estratégicos da economia nacional.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O controle estrangeiro sobre a economia brasileira era preponderante nas indústrias automobilísticas, de cigarros, farmacêutica e mecânica.
Em pouco tempo, as multinacionais começaram a remeter grandes remessas de lucros (muitas vezes superiores aos investimentos por elas realizados) para seus países de origem.
Esse tipo de procedimento era ilegal, mas as multinacionais burlavam as próprias leis locais.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os resultados esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um capitalismo extremamente dependente que sofreu muitas críticas e acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O programa de obras públicas e a construção de Brasília
A gestão de Juscelino Kubitschek também foi marcada pela implementação de um ambicioso programa de obras públicas com destaque para construção da nova capital federal, Brasília.
Em 1956, já estava à disposição do governo a lei nº 2874 que autorizava o Executivo Federal a começar as obras de construção da futura capital federal.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Em razão de seu arrojado projeto arquitetônico, a construção da cidade de Brasília tornou-se o mais importante ícone do processo de modernização e industrialização do Brasil daquele período histórico.
A nova cidade e capital federal foi o símbolo máximo do progresso nacional e foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O responsável pelo projeto arquitetônico de Brasília foi Oscar Niemeyer, que criou as mais importantes edificações da cidade, enquanto que o projeto urbanístico ficou a cargo de Lúcio Costa.
Por conta disso, destacam-se essas duas personalidades, mas é preciso ressaltar que administradores ligados ao presidente Juscelino Kubitschek, como Israel Pinheiro, Bernardo Saião e Ernesto Silva também foram figuras importantes no projeto.
As obras de construção de Brasília duraram três anos e dez meses. A cidade foi inaugurada pelo presidente, a 21 de abril de 1960.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Denúncias da oposição
A gestão de Juscelino Kubitschek, popularmente chamado de JK, em particular a construção da cidade de Brasília, não esteve a salvo de críticas dos setores oposicionistas.
No Congresso Nacional, a oposição política ao governo de JK vinha da União Democrática Nacional (UDN).
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
A oposição ganhou maior força no momento em que as crescentes dificuldades financeiras e inflacionárias (decorrentes principalmente dos gastos com a construção de Brasília) fragilizaram o governo federal.
A UDN fazia um tipo de oposição ao governo baseada na denúncia de escândalos de corrupção e uso indevido do dinheiro público.
A construção de Brasília foi o principal alvo das críticas da oposição. No entanto, a ação de setores oposicionistas não prejudicou seriamente a estabilidade governamental na gestão de JK.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Governabilidade e sucessão presidencialEm comparação com os governos democráticos que antecederam e sucederam a gestão de JK na presidência da República, o mandato presidencial de Juscelino apresenta o melhor desempenho no que se refere à estabilidade política.
A aliança entre o PSD e o PTB garantiu ao Executivo Federal uma base parlamentar de sustentação e apoio político que explica os êxitos da aprovação de programas e projetos governamentais.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O PSD era a força dominante no Congresso Nacional, pois possuía o maior número de parlamentares e o maior número de ministros no governo. 
O PSD era considerado um partido conservador, porque representava interesses de setores agrários (latifundiários), da burocracia estatal e da burguesia comercial e industrial.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
O PTB, ao contrário, reunia lideranças sindicais representantes dos trabalhadores urbanos mais organizados e setores da burguesia industrial.
O êxito da aliança entre os dois partidos deveu-se ao fato de que ambos evitaram radicalizar suas respectivas posições políticas, ou seja, conservadorismo e reformismo radicais foram abandonados.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Na sucessão presidencial de 1960, o quadro eleitoral apresentou a seguinte configuração: a UDN lançou Jânio Quadros como candidato; o PTB com o apoio do PSB apresentou como candidato o marechal Henrique Teixeira Lott; e o PSP concorreu com Adhemar de Barros.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
A vitória coube a Jânio Quadros, que obteve expressiva votação.
Naquela época, as eleições para presidente e vice-presidente ocorriam separadamente, ou seja, as candidaturas eram independentes. Assim, o candidato da UDN a vice-presidente era Milton Campos, mas quem venceu foi o candidato do PTB, João Goulart.
Desse modo, João Goulart iniciou seu segundo mandato como vice-presidente.
Governo Jânio Quadros
Jânio Quadros pode ser visto como um dos maiores expoentes do período populista no Brasil.
 Sua carreira política meteórica foi sustentada por aparições públicas apelativas onde sempre fazia questão de se mostrar como um líder carismático das massas.
Em menos de uma década, conseguiu eleger-se vereador, prefeito, governador e deputado federal pelo Estado de São Paulo.
Em 1960, lançou sua candidatura à presidente prometendo superar as mazelas deixadas pelo governo JK.
Governo Jânio Quadros
Utilizando a vassoura como símbolo de sua campanha presidencial, insistia em moralizar o cenário político nacional e “varrer” a corrupção do país.
Contando com essas premissas, Jânio conseguiu uma expressiva votação, indicando a consolidação do regime democrático no país.
No entanto, as contradições e a falta de um claro posicionamento político fizeram com que o mandato de Jânio Quadros fosse tomado por situações nebulosas.
Governo Jânio Quadros
Para superar o problema da inflação e o visível déficit público, Jânio procurou reduzir a concessão de crédito e congelou o valor do salário mínimo.
Além disso, aprovou uma reforma da política cambial que atendia as demandas dos credores internacionais.
Tais medidas pareciam sinalizar um conservadorismo político que aproximou o governo de Jânio Quadros aos interesses do bloco capitalista. No entanto, sua política internacional provou o contrário.
Governo Jânio Quadros
Em tempo de Guerra Fria, o presidente ignorou os rígidos ditames da ordem bipolar defendendo um posicionamento político autônomo.
A partir de então, decidiu retomar as relações com a União Soviética e negou-se a comparecer a um encontro marcado com John Kennedy, então presidente dos Estados Unidos.
Além disso, o vice-presidente João Goulart foi enviado em missão diplomática para a China com o propósito de estabelecer acordos de cooperação comercial.
Governo Jânio Quadros
Em meio essa polêmica, Jânio Quadros perdia sua popularidade com a adoção de medidas de pouca importância.
Entre outras ações tomadas pelo seu governo, Jânio proibiu a realização de desfiles de biquíni, a realização de rinhas de galo, limitou as corridas de cavalo para os fins de semana e proibiu o uso de lança-perfume.
Tais medidas o colocaram como uma liderança desprovida de um projeto político capaz de superar os problemas que assolavam o país.
Governo Jânio Quadros
Em agosto de 1961, um grande alvoroço tomou conta do governo de Jânio quando o mesmo decidiu condecorar o líder revolucionário cubano Ernesto Che Guevara.
O gesto político, considerado um claro alinhamento com o bloco socialista, causou uma série de críticas ao seu governo.
Alguns dias depois, repentinamente, Jânio Quadros anunciou a sua renúncia alegando que “forças terríveis” tramavam contra seu mandato.
João Goulart e o golpe de 1964
No começo da década de 1960, o país atravessava uma profunda agitação política. Depois da renúncia do presidente Jânio Quadros (PTN), em 1961, assumiu seu vice, João Goulart (PTB), conhecido como Jango, um homem que defendeu medidas consideradas de esquerda para a então política brasileira.
João Goulart e o golpe de 1964
Faziam parte de seus planos as reformas de base, que pretendiam reduzir as desigualdades sociais brasileiras. Entre estas, estavam as reformas bancária (para ampliar crédito aos produtores), eleitoral (ampliar o voto aos analfabetos e militares de baixas patentes), educacional (valorizar os professores, oferecer ensino para os analfabetos e acabar com as cátedras vitalícias nas universidades) e agrária (democratizar o uso das terras).
João Goulart e o golpe de 1964
O perfil de Jango logo preocupou as elites, que temiam uma alteração social que ameaçasse seu poder econômico. Entre as medidas adotadas para enfraquecer o então presidente está a adoção do parlamentarismo, que, em 1961 e 1962, atribuiu funções do Executivo ao Congresso, dominado na época por representantes das elites. O regime presidencialista foi restabelecido em 1963 após um plebiscito.
João Goulart e o golpe de 1964
A crise econômica e a instabilidade política se propagavam no país. Jango propôs, então, reformas constitucionais que aceleraram a reação das elites, criando as condições para o golpe de 64. Com as reformas, ele pretendia controlar a remessa de dinheiro para o exterior, dar canais de comunicação aos estudantes e permitir que os analfabetos, maioria da população, votassem.
João Goulart e o golpe de 1964
O estopim para o golpe militar aconteceu em março de 1964, quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
João Goulart e o golpe de 1964
Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram, em São Paulo, a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio às tentativas de reforma à Constituição Brasileira e a defesa dos princípios, garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens.
João Goulart e o golpe de 1964
Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a tomada do poder e a deposição de Jango. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli (PSD) assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai.
João Goulart e o golpe de 1964
Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), decreto militar que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Castello Branco (Arena) foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967.
Ditadura militar (1964-1985)
O governo comandado pelas Forças Armadas durou 21 anos e implantou um regime ditatorial. A ditadura restringiu o direito do voto, a participação popular e reprimiu com violência todos os movimentos de oposição. 
Na economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvimentista que produziu resultados bastante contraditórios, jáque o país ingressou numa fase de industrialização e crescimento econômico acelerados, sem beneficiar a maioria da população, em particular a classe trabalhadora.
Ditadura militar (1964-1985)
O marechal Humberto de Alencar Castello Branco (Arena) esteve à frente do primeiro governo militar (1964 a 1967) e deu início à promulgação dos Atos Institucionais.
Ditadura militar (1964-1985)
Entre as medidas mais importantes, destacam-se: suspensão dos direitos políticos dos cidadãos; cassação de mandatos parlamentares; eleições indiretas para governadores; dissolução de todos os partidos políticos e criação de duas novas agremiações políticas: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que reuniu os governistas, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que reuniu as oposições consentidas.
Ditadura militar (1964-1985)
Em fins de 1966, o Congresso Nacional foi fechado e foi imposta uma nova Constituição, que entrou em vigor em janeiro de 1967.
Na economia, o governo revogou a Lei de Remessa de Lucros e a Lei de Estabilidade no Emprego, proibiu as greves e impôs severo controle dos salários.
Castello Branco planejava transferir o governo aos civis no fim de seu mandato, mas setores radicais do Exército impuseram a candidatura do marechal Artur da Costa e Silva (Arena), que assumiu o poder de 1967 a 1969.
Ditadura militar (1964-1985)
O marechal enfrentou a reorganização política dos setores oposicionistas, greves e a eclosão de movimentos sociais de protesto, entre eles o movimento estudantil universitário. 
Também neste período os grupos e organizações políticas de esquerda organizaram guerrilhas urbanas e passaram a enfrentar a ditadura, empunhando armas, realizando sequestros e atos terroristas.
O governo, então, radicalizou as medidas repressivas, com a justificativa de enfrentar os movimentos de oposição.
Ato Institucional nº 5
A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, representou o fechamento completo do sistema político e a implantação da ditadura. O AI-5 restringiu drasticamente a cidadania e permitiu a ampliação da repressão policial-militar. Um ato institucional era um decreto utilizado pelos militares para legitimarem suas decisões.
Ato Institucional nº 5
Na área econômica o novo presidente, Costa e Silva, flexibilizou a maioria das medidas impopulares adotadas por seu antecessor. Costa e Silva não conseguiu terminar seu mandato devido a problemas de saúde. Com seu afastamento da presidência em 1969, os militares das três armas formaram uma junta governativa de emergência, composta pelos três ministros militares: almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald, da Marinha; general Aurélio de Lira Tavares, do Exército; e major-brigadeiro Márcio de Souza Mello, da Aeronáutica.
Médici e o "milagre econômico"
Ao término do governo emergencial, que durou de agosto a outubro de 1969, o general Emílio Garrastazu Médici (Arena) foi escolhido pela Junta Militar para assumir a presidência da República.
O general dispôs de um amplo aparato de repressão policial-militar e de inúmeras leis de exceção, sendo que a mais rigorosa era o AI-5. Por esse motivo, seu mandato presidencial ficou marcado como o mais repressivo do período da ditadura. Exílios, prisões, torturas e desaparecimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de violência repressiva imposta à sociedade.
Médici e o "milagre econômico"
Siglas como Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e Doi-Codi (Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações de Defesa Interna) ficaram conhecidas pela brutal repressão policial-militar.
Com a censura, todas as formas de manifestações artísticas e culturais sofreram restrições. No fim do governo Médici, em 1974, as organizações de luta armada foram dizimadas.
Médici e o "milagre econômico"
Na área econômica, o governo colheu os frutos do chamado "milagre econômico", que representou a fase áurea de desenvolvimento do país, obtido por meio da captação de enormes recursos e de financiamentos externos.
Todos esses recursos foram investidos em infraestrutura: estradas, portos, hidrelétricas, rodovias e ferrovias expandiram-se e serviram como base de sustentação do vigoroso crescimento econômico.
O PIB (Produto Interno Bruto) chegou a crescer 12% ao ano, e milhões de empregos foram gerados.
Médici e o "milagre econômico"
Em curto e médio prazos, esse modelo de desenvolvimento beneficiou a economia, mas, no longo prazo, o país acumulou uma dívida externa cujo pagamento (somente dos juros) bloqueou a capacidade de investimento do Estado.
A estabilidade política e econômica obtida no governo Médici permitiu que o próprio presidente escolhesse seu sucessor: o general Ernesto Geisel (Arena) foi designado para ocupar a Presidência da República, que o fez de 1974 a 1979.
Geisel: o processo de redemocratização do Brasil
O término do governo Médici coincidiu com o fim do milagre econômico.
O aumento vertiginoso dos preços do petróleo, principal fonte energética do país, a recessão da economia mundial e a escassez de investimentos estrangeiros interferiram negativamente na economia interna.
Geisel: o processo de redemocratização do Brasil
Na área política, Geisel previu dificuldades crescentes e custos políticos altíssimos para a corporação militar e para o país, caso os militares permanecessem no poder indefinidamente.
Ademais, o MDB conseguiu expressiva vitória nas eleições gerais de novembro de 1974, conquistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e as prefeituras da maioria das grandes cidades.
Por essa razão, o presidente iniciou o processo de distensão "lenta e gradual" em direção à abertura e à redemocratização.
Geisel: o processo de redemocratização do Brasil
Na época, militares radicais (denominados pelos historiadores como a "linha-dura"), que controlavam o sistema repressivo, ofereceram resistência à política de liberalização, com tentativas de golpe para a deposição do presidente.
É preciso lembrar que o conflito interno nas Forças Armadas, decorrente de divergências com relação à condução do Estado brasileiro, esteve presente desde a tomada do poder pelos militares até o fim da ditadura.
Geisel: o processo de redemocratização do Brasil
Entre o fim de 1975 e início de 1976, ocorreram os assassinatos do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, em São Paulo, evidências para a sociedade das ações da máquina de repressão.
Pelos homicídios, os militares linha-dura foram desmoralizados, acelerando a necessidade de abertura política e redemocratização.
Figueiredo e a redemocratização
Ao término do mandato de Geisel, em 1979, a sociedade brasileira tinha sofrido muitas transformações. A repressão havia diminuído; as oposições políticas, o movimento estudantil e os movimentos sociais começaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente revogou o AI-5 e restaurou o habeas corpus e, no ano seguinte, conseguiu fazer seu sucessor na figura do general João Baptista de Oliveira Figueiredo (PDS).
Figueiredo e a redemocratização
Figueiredo foi o último general presidente (1979-1985), encerrando o período da ditadura militar, que durou mais de duas décadas.
O general acelerou o processo de liberalização política e, em seu governo houve a aprovação da Lei da Anistia, que permitiu o retorno ao país de milhares de exilados políticos.
A Lei também concedeu perdão para aqueles que cometeram crimes políticos.
Figueiredo e a redemocratização
A anistia foi mútua, ou seja, se por um lado voltaram os exilados, por outro, os militares envolvidos em ações repressivas que provocaram torturas, mortes e o desaparecimento de cidadãos ficaram impunes.
A volta dos partidos
Neste governo, o pluripartidarismo foi restabelecido.
A Arena mudou a sua denominação e passou a ser PDS (Partido Democrático Social); o MDB passou a ser PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).
Surgiram novas siglas, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido DemocráticoTrabalhista (PDT).
A volta dos partidos
O governo Figueiredo também enfrentou a resistência de militares radicais, que não aceitavam o fim da ditadura.
Essa resistência tomou a forma de atos terroristas. Cartas-bombas eram deixadas em bancas de jornal, editoras e entidades da sociedade civil (Igreja Católica, Ordem dos Advogados do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa, entre outras).
A volta dos partidos
O caso mais grave e de maior repercussão ocorreu em abril de 1981, quando uma bomba explodiu durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O governo, porém, não investigou devidamente o episódio.
Na área econômica, a atuação do governo foi medíocre, os índices de inflação e a recessão aumentaram drasticamente.
Diretas Já
No último ano do governo Figueiredo surgiu o movimento das Diretas Já, que mobilizou a população em defesa de eleições diretas para a escolha do presidente da República. O governo, porém, resistiu e conseguiu barrar a Lei Dante de Oliveira. Desse modo, o sucessor de Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio Eleitoral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Diretas Já
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheu o deputado Tancredo Neves (PMDB) como novo presidente da República.
Tancredo derrotou o então deputado Paulo Maluf. Tancredo Neves, no entanto, adoeceu e morreu. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, José Sarney (PMDB).
Governo Sarney
Tentando superar esta imagem negativa, Sarney assumiu o governo prometendo cumprir as propostas firmadas anteriormente por Tancredo. Ele inclusive permitiu que as eleições para prefeito naquele ano fossem realizadas pelo voto popular.
Sarney pegou um Brasil arruinado. Os índices de inflação eram altíssimos, a população sofria com desemprego, miséria e a dívidas externa e interna herdadas do período militar assolavam ainda mais o país.
Governo Sarney
Plano econômico
No início de 1986, o governo lançou um plano econômico que visava, principalmente, o controle da inflação. Liderado pelo ministro da Fazenda, Dílson Funaro, O Plano Cruzado, como ficou conhecido, previa as seguintes medidas:
Criação de uma nova moeda – Cruzado – em substituição ao Cruzeiro que estava muito desvalorizado;
Congelamento do preço das mercadorias;
Congelamento de salários, adotando o “gatilho salarial” (reajuste de salários quando a inflação atingisse valor igual ou maior que 20%);
Fim da correção monetária.
Governo Sarney
Este Plano foi muito criticado. 
Empresários, prejudicados pelo congelamento de preços, indicavam os gastos abusivos do governo como causa da superinflação.
Governo Sarney
A população, porém, aprovou a iniciativa do novo presidente. Os consumidores passaram a fiscalizar os preços e a denunciar se houvesse remarcação. Mas a euforia durou pouco. Os produtos começaram a sumir das prateleiras, o preço dos aluguéis disparou e a inflação voltou a subir.
Governo Sarney
Foram lançados outros planos para combater a inflação: Cruzado II, Bresser, Verão. 
Mas todos fracassaram. Sarney deixou a presidência em 1990, sem conseguir equilibrar as contas do país e a inflação.
Governo Sarney
Constituição
A fim de mostrar seu interesse na redemocratização do país, Sarney convocou no início de 1987 uma Assembleia Constituinte, para elaborar uma nova Constituição.
A Assembleia Constituinte foi composta por Deputados e membros do Senado.
Representantes da sociedade acompanharam de perto os trabalhos dos constituintes. 
Governo Sarney
O fim da ditadura militar ainda era recente, por isso um dos principais objetivos da Constituição era estabelecer a democracia no Brasil.
As reservas indígenas no Brasil foram criadas pelo Estatuto do Índio em 1973 e confirmadas pela Constituição de 1988, justamente para estabelecer a igualdade entre brancos e índios.
Governo Sarney
Depois de 20 meses de trabalhos, discussões, no dia 05 de outubro de 1988 foi promulgada a Constituição do Brasil, a mesma que está em vigor atualmente. Ficou conhecida como Constituição Cidadã, tendo como garantias e deveres:
Eleições diretas para os cargos executivos e legislativos e sistema de presidencialismo;
Possibilidade de criação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs);
Igualdade e direitos para cidadãos: liberdade para trabalhar, para expressar o pensamento, liberdade de religião, acesso à saúde, educação, etc;
Direitos trabalhistas foram reafirmados: jornada de trabalho de 44 horas semanais, FGTS, entre outros.
Governo Sarney
Fim do governo Sarney
O mandato de José Sarney terminaria em 1990. Em 1989 foram realizadas as eleições. Após 20 anos, o povo pode ir às urnas para eleger seu candidato à Presidência.
Sarney não se opôs à campanha eleitoral, em nenhum momento. Mesmo porque este direito estava garantido na Constituição, promulgada em 1988. Seu sucessor, eleito pelo voto popular, foi Fernando Collor de Mello.
Governo Collor
Após quase trinta anos sem eleições diretas para Presidente da República, os brasileiros puderam votar e escolher um, entre os 22 candidatos que faziam oposição ao atual presidente José Sarney. Era novembro de 1989. Após uma campanha agitada, com trocas de acusações e muitas promessas, Fernando Collor de Mello venceu seu principal adversário, Luís Inácio Lula da Silva.
Governo Collor
Collor conquistou a simpatia da população, que o elegeu com mais de 42% dos votos válidos. Seu discurso era de modernização e sua própria imagem validou a ideia de renovação.
Collor era jovem, bonito e prometia acabar com os chamados “marajás”, funcionários públicos com altos salários, que só oneravam a administração pública
Governo Collor
Sua primeira medida, ao tomar posse no dia 15 de março de 1990, foi anunciar seu pacote de modernização administrativa e revitalização da economia, através do plano Collor I, que previa, entre outras coisas:
Volta do Cruzeiro como moeda;
Congelamento de preços e salários;
Bloqueio de contas correntes e poupanças no prazo de 18 meses;
Demissão de funcionários e diminuição de órgãos públicos;
Governo Collor
O objetivo deste plano, segundo Collor, era conter a inflação e cortar gastos desnecessários do governo. Porém, estas medidas não tiveram sucesso, causando profunda recessão, desemprego e insatisfação popular.
Trabalhadores, empresários, foram surpreendidos com o confisco em suas contas bancárias. O governo chegou a bloquear em moeda nacional o equivalente a oitenta bilhões de dólares.
Governo Collor
O governo Collor também deu início às privatizações das estatais e à redução das tarifas alfandegárias. Com produtos importados a preços menores, a indústria nacional percebeu a necessidade de se modernizar e correr atrás do prejuízo.
Seis meses após o primeiro pacote econômico, Collor lançou um segundo plano, o Collor II, que também previa a diminuição da inflação e outros cortes orçamentários. Mas, novamente, não obteve êxito e só fez aumentar o descontentamento da população.
Governo Collor
A ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, não suportou a pressão e em maio de 1991 pediu demissão do cargo. Em seu lugar, assumiu Marcílio Marques Moreira, até então embaixador do Brasil, em Washington. Marcílio não lançou nenhuma medida de impacto. Sua proposta era liberar os preços e salários gradualmente, porém não teve bons resultados.
Governo Collor
A esta altura, surgiram várias denúncias de corrupção na administração Collor, envolvendo ministros, amigos pessoais e até mesmo a primeira dama, Rosane Collor. Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha e amigo do presidente, foi acusado de tráfico de influência, lavagem e desvio de dinheiro.
Em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão do presidente, foi quem revelou os esquemas, que envolviam também Fernando Collor. A notícia caiu como uma bomba. A população, já insatisfeita com a crise econômica e social, revoltou-se contra o governo.
Governo Collor
Foi instalada uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a fim de investigar a participaçãode Collor no esquema chefiado por PC Farias.
Num ato desesperado para salvar seu mandato, Collor fez um discurso em rede nacional e pediu para que os brasileiros fossem às ruas, vestidos de verde e amarelo, em gesto de apoio ao presidente.
Realmente, o povo foi às ruas, mas vestido de preto e exigindo o impeachment de Collor.
Governo Collor
No dia 29 de setembro de 1992 a Câmara dos Deputados se reuniu para votar o impeachment do presidente, ou seja, sua destituição do cargo. Foram 441 votos a favor do impeachment e somente 38 contra.
Era o fim do “caçador de marajás”. No lugar de Collor, assumiu o vice-presidente, Itamar Franco.
Governo Itamar Franco (1992-1994)
Contando com o apoio de todos os partidos políticos, o vice-presidente, Itamar Franco foi empossado na presidência da República após a renúncia de Fernando Collor de Melo. 
O governo Itamar Franco foi marcado por dois acontecimentos importantes na área política e econômica.
Governo Itamar Franco (1992-1994)
Na área política, o governo aplicou o dispositivo constitucional que previa a realização de um plebiscito em que os eleitores brasileiros deveriam decidir qual o regime político (monarquia ou república) e qual a forma de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) o Brasil deveria adotar.
A consulta popular ocorreu em abril de 1993, e o resultado das urnas confirmou a preferência da população pela permanência da república presidencialista.
Governo Itamar Franco (1992-1994)
Ainda na área política, sob incentivo do Governo Federal, foi criada uma CPI para investigar denúncias de corrupção envolvendo irregularidades no orçamento da União. A CPI revelou esquema de corrupção que ficou conhecido como o caso dos "anões do orçamento", uma referência a parlamentares, ministros e ex-ministros e governadores estaduais.
Durante os trabalhos da CPI, o país ficou ameaçado de paralisia do processo legislativo. Houve até mesmo rumores de conspirações militares diante da crise parlamentar.
Governo Itamar Franco (1992-1994)
Plano Real
Na área econômica o governo implementou o Plano Real.
O Ministério da Fazenda havia sido ocupado por três ministros, porém, em maio de 1993, foi empossado no cargo o senador Fernando Henrique Cardoso.
Implementado sob a coordenação de Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real previa o controle inflacionário e a estabilização econômica.
Governo Itamar Franco (1992-1994)
Para sua concretização e eficiência, o governo adotou medidas visando conter os gastos públicos, privatizar uma série de empresas estatais, reduzir o consumo com o aumento das taxas de juros e baixar os preços dos produtos por meio da abertura da economia a competição internacional.
Governo Itamar Franco (1992-1994)
Em curto prazo, o Plano Real ocasionou a queda da inflação e o aumento do poder aquisitivo da população.
A longo-prazo, os economistas já previam um processo recessivo bastante acentuado que geraria enorme desemprego.
Mas, enquanto isso não ocorria, o governo obteve expressiva popularidade.
 Foi nesta conjuntura política que foi articulada a candidatura oficial do senador e ministro Fernando Henrique Cardoso, para concorrer à sucessão presidencial de 1994.
ESTUDEM!!!
Até aqui já está bom...
Se conseguirem fazer uma boa leitura desses slides, acredito que se sairão muito bem na AVII.
Bons estudos e “força na peruca” que já está acabando só o primeiro semestre!!!
Mil beijos!

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